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da Formação Profissional e
Emprego de Pessoas
com Deficiência e Incapacidades
Organização
Ana Brás
Ana Cruz
António Ribeiro
Mário Pereira
Virgínia Fernandes
Edição
Francisca Silva
Raul Rocha
Edição e Distribuição:
FORMEM – Federação Portuguesa de Centros de
Formação Profissional e Emprego de Pessoas com Deficiência
Edifício CTCV, 3º piso
Rua Coronel Júlio Veiga Simão
3025-307 Coimbra, Portugal
+351 92 51 42 209
formem.federacao@gmail.com
www.formem.org.pt
Execução Gráfica:
Tipografia Lousanense, Lda. – Lousã
Índice ....................................................................................................................... 3
Introdução ................................................................................................................ 5
1 – Enquadramento.................................................................................................... 8
1.1 – Enquadramento histórico ................................................................................... 8
1.2 – O enquadramento legislativo e normativo ....................................................... 13
1.3 – Dados sobre a atividade desenvolvida ............................................................. 16
1.4 – Glossário de termos da Formação Profissional e Emprego de PCDI .................. 19
2 – A Formação....................................................................................................... 32
2.1 – Os percursos formativos .................................................................................. 34
2.2 – As metodologias de formação mais utilizadas .................................................. 37
2.3 – A Certificação dos Formandos ......................................................................... 41
2.4 – As estruturas dos percursos e as dificuldades de individualização da formação . 44
3 – Os Formandos ................................................................................................... 46
3.1 – O público-alvo tradicional e os novos públicos ................................................ 46
3.2 – As pessoas com DID ligeira .............................................................................. 49
3.3 – As pessoas com DID ligeira em Portugal .......................................................... 53
3.4 – Quem são, hoje, os formandos ....................................................................... 55
4 – As estruturas especializadas em reabilitação profissional na sua relação com a
comunidade ............................................................................................................ 58
4.1 – As escolas e rede de estruturas formadoras para o público em geral ................. 58
4.2 – Com as empresas e o mercado de trabalho ..................................................... 60
4.3 – Os Centros de Recursos para a Qualificação e o Emprego ............................... 62
5 – Os resultados conseguidos .................................................................................. 65
5.1 – Formação realizada e colocação ...................................................................... 65
5.2 – Os custos da formação .................................................................................... 69
5.3 – A relação custo-benefício ................................................................................ 71
5.4 – O que dizem os formandos ............................................................................. 74
5.4.1 – Sobre a Formação Profissional................................................................... 74
5.4.2 – Sobre a sua qualidade de vida .................................................................. 79
6 – O modelo desejável ........................................................................................... 83
6.1 – Os princípios orientadores ............................................................................... 83
6.2 – A formação como instrumento para acesso ao mercado de trabalho ............... 84
6.3 – O contributo da formação para a integração social numa perspetiva global .... 86
As discussões tidas sobre estes temas tendem a ficar presas em questões gerais ou
de princípio e, geralmente, não envolvem a análise de dados e de evidências.
No âmbito deste trabalho, não faria sentido refletir e analisar sem, no final,
arriscar a apresentação de propostas para a reorganização do sistema de formação
profissional, bem como dos apoios ao emprego das PCDI que potenciam as suas
oportunidades de inclusão socioprofissional.
É importante referir que só foi possível apresentar esta visão do Estado da Arte
devido aos contributos das incansáveis associadas da FORMEM, da ativa participação
dos técnicos e dirigentes das mais variadas entidades promotoras de formação
profissional para PCDI, e da especial contribuição dos formandos e ex-formandos. A
todos estes intervenientes uma merecida nota de agradecimento, bem como ao Instituto
Nacional para a Reabilitação, que cofinanciou este projeto através do Programa
Nacional de Financiamento a Projetos pelo INR, I.P. 2016.
Grande parte dos dados estatísticos que são utilizados resultam do questionário
suprarreferido, lançado junto das associadas da FORMEM, ao qual responderam 23
entidades (FORMEM, 2016a), aproximadamente 19% do universo total de entidades
que promovem formação profissional para PCDI e que representam cerca de 2.500
formandos, aproximadamente 15% das pessoas abrangidas pela reabilitação profissional
em Portugal (IEFP, 2016b).
Esta chegada de mais jovens (e menos crianças) levou à procura de soluções que
permitissem preparar estes jovens para uma atividade profissional de modo a
que pudessem ter uma vida socialmente integrada.
A integração de Portugal na União Europeia fez com que o Fundo Social Europeu
começasse a disponibilizar verbas também para a Formação Profissional de Pessoas com
Deficiência.
Estas parcerias e as interdependências que delas decorrem, nem sempre têm sido
bem compreendidas por todos os parceiros. Em muitos momentos as regras têm sido
estabelecidas sem o envolvimento dos executores no terreno e, nos momentos de
transição de quadro comunitários, têm acontecido sucessivas situações de confusão e de
estrangulamentos financeiros.
Convém, neste contexto, ainda referir que as PCDI, além destes apoios, podem
aceder a outras medidas de âmbito geral que apoiem a sua formação e inclusão
profissional.
Ano de 2015
(dados cumulativos até Dezembro de 2015)
Nº de pessoas
Medida/Apoio
abrangidas
CEI 101
CEI + 2.423
Fonte: IEFP (2016a), Relatório Mensal de Dezembro de 2015 da Execução Física e Financeira,
Direção de Serviços de Estudos, Planeamento e Controlo de Gestão do IEFP.
Ano de 2016
(dados cumulativos até Outubro de 2016)
Nº de pessoas
Medida/Apoio
abrangidas
CEI 61
CEI + 2.275
Fonte: IEFP (2016b) - Relatório Mensal de Outubro de 2016 da Execução Física e Financeira,
Direção de Serviços de Estudos, Planeamento e Controlo de Gestão do IEFP.
23 2.545 2.224.419,1
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nº Nº
Área Formativa
cursos formandos
215 Artesanato 9 23
341 Comércio 8 21
Outras 30 224
AC – Apoio à colocação.
Balcão 2020 − Portal que reúne a informação sobre todos os projetos financiados em
território nacional, sob gestão de autoridades nacionais ou sob gestão da União
Europeia, a fim de reforçar a articulação entre as diferentes fontes de financiamento
europeu, e que serve ainda de porta de entrada a todos os interessados e disponibiliza
informação, por via do sistema de informação específico, entre os fundos da coesão e o
FEADER (Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural) e FEAMP (Fundo
Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas), permitindo assegurar a visão do conjunto
dos FEEI (Fundos Europeus Estruturais e de Investimento) e o exercício da governação
no plano do Portugal 2020, bem como o acesso à informação existente na
Administração Pública.
Cliente – Pessoa que recebe apoio de uma entidade na formação profissional ou noutro
serviço.
Curso – É constituído pelo conjunto de formandos que inicia uma ação de formação em
conjunto.
Formação Especializada para PCDI – Formação para a qual a frequência exige prova de
uma situação de deficiência ou incapacidade.
Formador Externo – Aquele que, não tendo vínculo laboral a uma entidade formadora,
desempenha as atividades próprias do formador.
Formador Interno Permanente ou Eventual – Aquele que, tendo vínculo laboral a uma
entidade formadora, bem como aquele que nela exerça funções de gestão, direção ou
equiparadas ou seja titular de cargos nos órgãos sociais, desempenhe as funções de
formador respetivamente como atividade principal ou com carácter secundário ou
ocasional.
FSE – Fundo Social Europeu, responsável pelas políticas sociais da União Europeia.
Instituído em 1957 pelo Tratado de Roma, é o fundo estrutural mais antigo, que
contribui para o reforço da política económica e social da UE.
IAS − O Indexante dos Apoios Sociais veio substituir a Retribuição Mínima Mensal
Garantida (RMMG) enquanto referencial determinante da fixação, cálculo e atualização
das contribuições, das pensões e outras prestações atribuídas pelo sistema de segurança
social. Este indexante é, também, aplicado no contexto dos apoios a formandos
cofinanciáveis através do FSE.
Majoração das Políticas Gerais – Consiste na aplicação das medidas gerais às PCDI, com
uma majoração dos apoios económicos ou outros.
N
NEE – Necessidades Educativas Especiais.
P
PCDI – Pessoas com Deficiência e Incapacidades, aquelas que apresentam limitações
significativas ao nível da atividade e da participação, num ou vários domínios de vida,
decorrentes de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente, e de cuja
interação com o meio envolvente resultem dificuldades continuadas, designadamente ao
nível da comunicação, aprendizagem, mobilidade e autonomia, com impacto na
formação profissional, trabalho e emprego, dando lugar à necessidade de mobilização
de serviços para promover o seu potencial de qualificação e inclusão social e
profissional, incluindo a obtenção, manutenção e progressão no emprego.
PIT – Plano Individual para a Transição, destinado a promover a transição para a vida
pós-escolar.
Plano de Desenvolvimento Individual – Pode ser mais lato que o Programa Individual
de Formação e incluir objetivos de desenvolvimento pessoal que não constam do
referencial do curso.
Plano de Sessão – Instrumento de planificação usado pelo formador para uma dada
sessão.
R
Registo de Acompanhamento – Registo das atividades desenvolvidas pelos técnicos de
acompanhamento no apoio aos formandos que fazem formação em posto de trabalho
ou estágio.
Taxa de Imputação – Percentagem aplicada a uma despesa que reflete a parcela da sua
contribuição para a realização da operação.
U
UFCD – Unidade de Formação de Curta Duração em que se organizam os referenciais
de formação.
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nas reflexões tidas sobre os percursos formativos, uma das críticas passíveis de
serem expostas ao CNQ relaciona-se com o facto das profissões, cujos percursos
formativos se encontram tipificados, corresponderem cada vez menos às necessidades
do mercado de trabalho. De certo modo, o conceito de profissão está hoje
relativamente esvaziado, podendo não haver uma correspondência entre a formação e
o posto de trabalho ou haver pessoas a fazer o mesmo trabalho com formações
diferentes.
Esta última estratégia é muito eficaz com as pessoas com DID que podem, assim,
ir alargando o conteúdo das suas funções e criando o seu próprio posto de trabalho, o
que acentua também a importância da formação em contexto de trabalho, uma vez que
este processo é um muitas vezes moroso.
Nº de Nº de
Formação tecnológica
Cursos Formandos
(Percentagens não-
cumulativas)
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre
Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
100% 100%
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nº de Nº de
Organização da formação
Cursos Formandos
100% 100%
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre
Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Criação de percursos tipo C – Dão mais liberdade mas têm o problema de não
assegurarem uma certificação reconhecida.
Numa análise mais abrangente, a certificação não pode ser encarada como um
fim em si mesmo, mas como um instrumento para facilitar o acesso a um emprego
justamente remunerado e com direitos, sendo este o resultado que verdadeiramente
interessa. Neste sentido, as grelhas de análise das candidaturas, que utilizam como
indicador relevante o facto de os cursos permitirem ou não o acesso à dupla
certificação, bem como as regras de avaliação dos projetos usadas pelo POISE que
colocam as metas ao nível da certificação e da frequência das ações, estão desajustadas.
O perverso das atuais regras é que conseguem fazer com que um formando que
abandone a formação porque conseguiu um emprego seja considerado um caso falhado
e não um caso de sucesso. Da mesma forma, nos percursos Tipo C, o certificado, em si
Assim, embora ainda existam no sistema de formação para PCDI cursos para
pessoas com deficiências auditivas e visuais, o seu número é muito reduzido,
acontecendo com frequência, sobretudo fora de Lisboa e Porto, situações em que estas
pessoas integram cursos em que a maioria dos formandos são pessoas com deficiência
intelectual.
1571
DID
Auditivas 33
Visuais 25
Funções motoras 96
Multideficiência 135
Outras 122
Além das pessoas com deficiências físicas e sensoriais, existe um grupo muito
significativo de pessoas com situações de doença mental com particulares dificuldades e
que precisam de apoio para acederem ao mercado de trabalho. Assim, para estes grupos
de pessoas valerá a pena considerar uma modalidade de formação focada no
desenvolvimento de um processo de transição para o emprego como complemento dos
seus percursos regulares.
A larga maioria das pessoas que frequenta a formação profissional para PCDI são
pessoas afetadas por limitações no domínio intelectual, sendo que, segundo a AAIDD
(American Association on Intellectual and Developmental Disabilities), cerca de 80% das
pessoas com deficiência intelectual têm deficiência intelectual ligeira (AAIDD, 2011).
Educação;
Estatuto socioeconómico;
Emprego;
Residência;
Saúde;
Direitos;
Por outro lado, nos organismos que gerem as políticas públicas em Portugal há
um grande receio de que as pessoas possam aproveitar indevidamente de algum apoio.
Esta conjugação de fatores faz com que a FORMEM acredite que existe uma sub-
identificação destas situações e, também, escassos apoios que atendam as necessidades
específicas destas pessoas.
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre
Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
% sobre o total da
Caraterização dos formandos quanto à sua Nº de
amostra de
saúde Formandos
formandos
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre Formação
Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
(Percentagens não-cumulativas)
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Estes números também mostram que as pessoas com deficiência que procuram
maioritariamente a formação profissional fazem-no quando, já adultas, são confrontadas
com situações de desemprego ou desocupação. Para além disso, há um número
significativo de formandos que frequentemente têm necessidade de recorrer a serviços
como o RSI e que são encaminhados para a formação como uma forma de potenciar a
sua integração profissional e social.
A perspetiva da FORMEM é que, regra geral, há uma boa relação das entidades
especializadas na formação profissional de PCDI e o tecido empresarial local, até porque
são relacionamentos construídos durante diversos anos e com interações regulares, com
diferentes objetivos mas com uma constante preocupação no âmbito da formação das
PCDI: ter como indicador de sucesso a integração profissional dos formandos.
Tendo optado pelo critério de ter para cada Serviço de Emprego um Centro de
Recursos Local, o IEFP criou situações complexas e disfuncionais, nomeadamente:
Há situações ainda mais disfuncionais em que entidades formadoras que não são
Centro de Recursos Locais na área geográfica em que fazem formação, são-no
noutras áreas geográficas, criando atrasos e confusões nos serviços e nos clientes;
Alguns Centros de Recursos Locais têm uma área excessivamente vasta, devido
ao processo de concentração ocorrido ao nível dos Serviços de Emprego,
tornando muito complicado o necessário acompanhamento das PCDI;
O modelo criado faz com que o interlocutor com o Serviço de Emprego seja o
Centro de Recurso e não as unidades de formação profissional, o que, no
modelo idealizado, poderia tornar o processo mais eficiente, mas que, na
realidade, tem demonstrado que potencia um acumular de tempo de resposta às
solicitações e a criação de canais e soluções informais.
A atual organização dos Centros de Recursos Locais pode ter um bom princípio
por detrás, mas a dinâmica da sua implementação não parece ter conseguido resultados
significativos, nomeadamente no mais importante: potenciar a promoção do emprego
das PCDI.
0 9
1 1
3 2
4 1
5 1
13 1
14 2
19 1
35 1
94 19
Fonte: FORMEM (2016d) – Relatório da Sessão sobre Contratos de Emprego
Apoiado, 5 de Dezembro, Tomar.
Estes dados mostram duas coisas distintas. A primeira, positiva, é que, tendo em
conta os dados do IEFP para 2015 sobre os EAMA (IEFP, 2016a), esta amostra de 19
entidades já propôs mais de 50% de EAMA do que a totalidade nacional de anos
anteriores, ficando a FORMEM muito ansiosa para saber se os números finais de 2016
cristalizam esta subida significativa. A segunda, negativa, é que estes dados revelam uma
atividade muito desigual entre as entidades, para a qual contribuem fatores como o
menor empenho dos Centros de Recursos e dos Serviços de Emprego. Porém, a principal
razão referida na sessão de trabalho foi a dificuldade em articular a atividade dos
Centros de Recursos com a Formação Profissional.
1500
1000
500
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Embora nas conversas informais algumas entidades refiram que têm vindo a
“perder” formandos, os presentes dados mostram que nos últimos cinco anos tem
havido uma tendência de crescimento na procura de formação para as PCDI, pelo que
continua a ser indispensável este tipo de programas. Mais adiante irão ser referidas
algumas sugestões de mudanças que se afiguram necessárias.
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os valores máximos e mínimos referem-se à entidade com menor e com maior número
de formandos no referido ano.
Horas realizadas
160000 162.114
151.125
140000
120000 118.900
113.081
100000
Média
80000 Mínimo
60000 Máximo
40000
20000
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os dados de 2014 e 2015 encontram-se agregados devido à unicidade da candidatura
desses anos.
Se os três primeiros quadros dão uma ideia dos valores da execução física,
podendo conter indicadores de resultados e da capacidade formadora das entidades
bastante úteis, o mais relevante, como anteriormente referido, são os resultados
2011 89 0 37 4,24
2012 67 0 20 3,19
2013 59 0 11 2,68
2014 59 0 9 2,57
2015 44 0 9 1,91
2016 27 0 4 1,35
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os dados de 2016 refletem os valores apenas até ao momento de recolha dos
questionários.
2011 80 0 15 3,81
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os dados de 2016 refletem os valores apenas até ao momento de recolha dos
questionários.
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os dados de 2016 refletem os valores apenas até ao momento de recolha dos
questionários.
Outro aspeto a ressalvar, e que o último gráfico ilustra, é que será possível
estabelecer um objetivo ambicioso para a colocação de formandos. A média de
colocações pós-formação recolhida situa-se, no decorrer dos anos de 2011 a 2016, entre
os 40% e os 53%, o que permite construir um ponto de referência para futuras
propostas mais ambiciosas de objetivos concretos a atingir.
Custo total
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados
sobre Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os dados de 2014 e 2015 encontram-se agregados devido à unicidade da candidatura
desses anos.
Ano Média Mínimo Máximo Média Mínimo Máximo Média Mínimo Máximo
2011 8,10 € 4,31 € 16,60 € 6,12 € 2,84 € 11,75 € 3,85 € 1,37 € 8,34 €
2012 7,94 € 3,79 € 17,41 € 5,87 € 2,63 € 12,26 € 3,51 € 1,45 € 7,66 €
2013 7,22 € 4,01 € 14,00 € 5,36 € 2,61 € 10,20 € 3,24 € 1,60 € 4,95 €
2014/2015 7,38€ 2,81€ 20,50€ 5,33€ 1,93€ 13,70€ 3,35€ 1,07€ 9,35€
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre
Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Os dados de 2014 e 2015 encontram-se agregados devido à unicidade da candidatura
desses anos.
Como referido anteriormente, a leitura destes dados deve ser feita de forma
cautelosa, porém, parece-nos claro que existem leituras muito interessantes a retirar
destes quadros.
Por último, uma nota metodológica para futura análise: dado que as bolsas e
outros apoios têm variado em função de medidas políticas, considera-se como mais
relevante o custo hora sem formandos como base para uma discussão sustentada sobre a
fixação dos valores dos custos unitários.
Atualmente não é possível pensar nas políticas públicas sem ponderar o retorno
para a comunidade dos valores investidos. A Formação Profissional para as Pessoas com
Deficiência e Incapacidades, independentemente dos seus méritos objetivos e subjetivos,
não pode deixar de ser avaliada sobre essa perspetiva. Nesse sentido, e embora seja
conhecido que é tarefa quase impossível contabilizar o retorno direto e indireto gerado
pelo investimento realizado na formação profissional de PCDI, existem alguns pontos
que não podem deixar de ser refletidos e criticamente analisados.
A informação recolhida ao longo dos últimos anos, corroborada pelos dados dos
questionários usados para este trabalho, mostram que não há uma relação linear entre
um custo hora mais elevado e melhores resultados ao nível da empregabilidade dos
formandos. Este aspeto obriga à interrogação e à procura de informação acerca das
metodologias de formação mais económicas e, em simultâneo, mais eficazes.
€15
€10
€5
€-
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Percentagem de colocações obtidas
Fonte: FORMEM (2016a) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre
Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
10,00 €
8,00 €
6,00 €
4,00 €
2,00 €
0,00 €
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Percentagem de colocações obtidas
Fonte: FORMEM (2016) – Estado da Arte em 2016, Questionário para recolha de dados sobre
Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Nota: Cada ponto é uma entidade e representa o custo/hora que a mesma teve, assim como a
percentagem de colocações. Ao invés da apresentação dos valores de todos os anos, fez-se uma
média, quer para o custo/hora, quer para a percentagem de colocações.
A título de exemplo, uma pessoa a quem seja atribuída uma pensão social ou o
RSI poderá custar, a preços constantes, cerca de 155.000 euros ao longo dos anos da sua
vida ativa. No mesmo período, se ela fosse trabalhadora e ganhasse o salário mínimo
nacional, a preços constantes, teria auferido cerca de 300.000 euros de rendimentos e
gerado uma receita para a Segurança Social de cerca de 100.000 euros. Este simples
exercício permite incorporar um argumento financeiro no racional de ganhos para a
comunidade e para as pessoas, havendo ainda a considerar os ganhos transversais
relacionados com a inclusão social da pessoa e da família.
Posto isto, abre-se um espaço para discussão sobre o impacto das diferentes
metodologias de formação e do seu custo, cabendo às entidades formadoras um esforço
de melhoria contínua e de adaptação das metodologias mais eficazes para conseguir
transformar os financiamentos recebidos na melhoria e valorização da comunidade.
1 – Até que ponto a Formação Profissional ajuda ou ajudou a melhorar a vossa vida?
Ter desporto;
Melhorias na saúde;
Vida estável;
5 – Quanto dinheiro precisam de ganhar por mês para ter uma vida boa?
As respostas a esta pergunta são menos diretas, havendo diversas referências que
a bolsa de formação deveria ser igual ao salário mínimo nacional;
Quanto à expetativa de salário são várias as referências ao salário mínimo, mas a
maioria aponta para uma grande dispersão entre os entre os 500 e os 1000
euros.
Apenas uma pessoa acredita que vai ganhar esse dinheiro com uma
“Raspadinha”.
Ser feliz;
Ter saúde;
Ter amigos;
Ter trabalho;
Ter carro.
8 – Acham que daqui a 5 anos os jovens ainda vão precisar da Formação Profissional?
Mais formação.
Consideram o trabalho essencial para ter uma vida de qualidade, a par com ter
amigos, uma família e saúde;
Condição de
Género Idade
Participação
Ex-
Masculino 147 Máximo 76 48
formando
Sem Sem
10 Mínimo 15 14
Resposta Resposta
Inclusão Social
Bem-estar Laboral
Bem-estar Material
1 2 3 4
Bem-estar Familiar
1 2 3 4
Faço as tarefas necessárias para manter a minha casa (ou quarto) organizada e
limpa;
Tenho boas relações com pessoas de diferentes idades;
Estou contente com o local onde trabalho;
As coisas que me ensinam são importantes;
Impõe-se, então, analisar até que ponto, durante a Formação Profissional, deve
haver um esforço de promoção da participação dos formandos em grupos na
comunidade e não tanto a realização de atividades pelos formandos enquanto um
grupo, que pela sua natureza é temporário e se desfaz no final da formação ‒ não sendo
regra que os colegas de formação desempenhem um papel muito relevante na vida
social uns dos outros no pós-formação.
Esta ideia está fora dos atuais modelos de formação, porém, sabe-se que muitas
entidades e respetivos técnicos, por sua própria iniciativa e muitas vezes custo, têm
procurado implementar rotinas sociais às pessoas apoiadas e incutir a sua pertença em
atividades sociais fora do âmbito do grupo e da entidade que o apoia. No entender da
FORMEM, esta mais-valia deveria ser massificada e estar enquadrada nos percursos
formativos das PCDI, bem como nos processos mais amplos de acompanhamento e
apoio para uma qualidade de vida.
Num sistema com reduzido financiamento do Fundo Social Europeu e que possa
ser sustentável com os recursos endógenos, a formação das PCDI deve estar interligada
com o sistema de ensino e com o sistema de formação regular, podendo, em muitos
casos, funcionar como uma etapa complementar da primeira ou como período
complementar e facilitador da presença das pessoas nas empresas. Faz sentido, na
continuidade das políticas de inclusão escolar, que os alunos com NEE façam a sua
aprendizagem profissional integrados no sistema regular.
Nos dias que correm existe uma grande variedade de modalidades de formação,
embora exista, também, uma grande rigidez organizativa que dificulta a flexibilidade
que aparentemente o sistema já comporta. Deste modo, a FORMEM deixa algumas
reflexões sobre as melhorias que poderão ser introduzidas em algumas das modalidades
existentes e a sugestão de novas modalidades de formação que equilibrem o sistema e
alarguem o leque de escolhas à disposição das pessoas (tendo sempre em atenção as
caraterísticas dos formandos que efetivamente frequentam a formação profissional para
PCDI).
Formação Inicial
Formação de Ativos
Estes apoios são, pela sua natureza, individuais e não é possível tipificá-los pela
diversidade de situações, tanto do lado dos formandos, como do lado da
estrutura que os acolhe.
Este apoio implicará um contacto mínimo de uma ou duas horas por semana
com o formando, tendo a entidade formadora de garantir um formador ou um
técnico com experiência cuja presença seja considerada prioritária.
Para efeitos de cálculo do custo dos apoios, poderia ser estabelecida uma relação
do custo/hora de um formando em formação inicial.
Atendendo às caraterísticas dominantes nos CRI, a FORMEM propõe que as
estruturas formativas assumam o apoio aos alunos em PIT (Plano Individual de
Transição – transição para a vida pós-escolar).
Numa ação similar, deveria ser aplicada uma medida de apoio a jovens com
deficiência no Ensino Superior.
Ouvir a pessoa;
Atender aos detalhes que ela comunica;
Estar aberto e atento às situações que podem ser confusas para a pessoa;
Encorajar os sonhos e desejos da pessoa;
Identificar o que realmente faz falta ou incomoda a pessoa.
Obter uma boa resposta a esta questão deverá passar a ser o objetivo dos
processos de avaliação, que ainda estão muito centrados na procura de respostas à
questão: De onde vem esta pessoa e que caminho fez até chegar aqui?
A arte destes técnicos estará em encontrar caminhos para encorajar a retirada das
barreiras que dificultam a participação das PCDI na comunidade, de modo a que, por
um lado, as pessoas na comunidade abram espaço para a participação e contributo das
pessoas com deficiência e, por outro, que as pessoas com deficiência criem espaço nas
suas vidas para a participação e relacionamentos na comunidade.
Apoio na Transição para a Vida Ativa (TVA) pós-escolar aos alunos do ensino
secundário e do ensino superior – Os programas de TVA poderiam ser assumidos
por estas unidades e alargados ao ensino superior.
De acordo com o exposto, o sistema de custos unitários poderia ser uma boa
alternativa a curto-prazo, permitindo alguma flexibilidade na gestão de custos, se as suas
regras forem justas e adequadas. Neste sentido, o modelo desejável proposto
funcionaria melhor com um pagamento com base em custos unitários, pois só assim as
entidades formadoras poderiam fazer face à diversidade de situações e reagir atempada,
e apropriadamente, aos pedidos que poderiam chegar.