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Carreira Diplomatica: respondendo a questoes de candidatos

(+comentarios)

Paulo Roberto de Almeida


Texto principal de 2009
Questões e comentários subsequentes

QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2009


1112) Carreira Diplomatica: respondendo a um questionario

1112) Carreira Diplomática: respondendo a um questionário


Carreira Diplomática: respondendo a um questionário
Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)
Respostas a questões colocadas por graduanda em administração na UFSC.

1. Como você se sente por ter escolhido essa profissão (área de atuação)?
PRA: Bastante bem: de certa forma, a profissão me escolheu, posto que desde muito
cedo comecei a viajar, primeiro pelo Brasil, depois pela América do Sul e, finalmente,
ao completar 21 anos, decidi estudar na Europa, por meus próprios meios e obtendo
meus próprios recursos. Foi uma escolha que me preparou para uma vida nômade e
aventureira e nunca me arrependi de ter-me lançado ao mundo em fase ainda precoce e
sem sequer ter terminado o segundo ano da graduação. Como minha intenção era
estudar fora do Brasil, pode-se dizer que realizei meu intento. Quando regressei ao
Brasil, depois de quase sete anos na Europa, eu já estava preparado, digamos assim,
para tornar-me diplomata. Mas, antes, não tinha pensado: “tropecei” com a carreira, se
ouso dizer. Até então, eu só queria derrubar o governo militar.

2. Como você descreveria a sua profissão?


PRA: Uma burocracia de alto nível de qualificação técnica com ampla abertura para as
humanidades e o conhecimento especializado. Trata-se, simplesmente, da mais
intelectualizada carreira na burocracia federal, combinando aspectos da carreira
acadêmica, da pesquisa aplicada e da elaboração de decisões em ambiente altamente
competitivo, tanto interna, quanto externamente. Uma elite, como se costuma dizer.

3. Qual sua formação acadêmica? Você considera que ela foi fundamental para o
sucesso profissional?
PRA: Ciências Sociais, ou humanidades, no sentido lato, e acredito que ela foi
fundamental no ingresso e sucesso na carreira escolhida. Desde muito cedo inclinei-me
para os estudos sociais, com forte ênfase na história, na política e na economia,
complementados por uma dedicação similar a geografia, antropologia, línguas e cultura
refinada, de uma maneira geral. Sou basicamente um autodidata e creio que isso
facilitou-me enormemente o ingresso na carreira, pois quase não necessitei de muito
estudo para os exames de ingresso. Aliás, entre a decisão de fazer o concurso (direto, no
meu caso) e o ingresso efetivo, decorreram pouquíssimos meses (três).

4. Quais as principais dificuldades enfrentadas para conseguir passar no concurso?


PRA: Direito e Inglês, posto que eu havia estudado amplamente todas as demais
matérias, mas não Direito, e todos os meus estudos foram feitos em Francês, que eu
dominava amplamente. Mas, meu Inglês era muito elementar, servindo tão somente
para leituras. Acho que passei raspando nessas duas matérias, nas outras fui bem.

5. Quando você iniciou sua carreira você tinha definido alguns objetivos e metas de
onde queria chegar?
PRA: Não especialmente: nunca fui carreirista, no sentido tradicional do termo, e não
me preocupava em ser embaixador ou ocupar qualquer posto de distinção. O que me
seduzia era a profissão em si, a mobilidade geográfica, o conhecimento de novos países,
a possibilidade de estar sempre aprendendo, estudando, viajando. Sou basicamente um
estudioso, um observador da realidade, um “compilador” de informações e análises e
um escritor improvisado. Todo o resto me é secundário.

6. Como você integra as diversas esferas de sua vida (trabalho, família, lazer, esporte,
cursos, etc.)? Está satisfeito?
PRA: Imenso sacrifício para consegui fazer tudo aquilo que tenho vontade, pela simples
razão que eu tenho vontade de ler tudo, o tempo todo, em qualquer circunstância, assim
como tenho vontade de viajar, de participar de atividades acadêmicas e intelectuais,
tendo ao mesmo tempo de me desempenhar em funções atribuídas pela burocracia no
meio de tudo isso. Ora, é praticamente impossível conciliar tantas vontades, e ainda ser
um marido perfeito, um pai de família perfeito e outras coisas da vida social e
relacional. Em síntese, esses outros aspectos foram de certa forma sacrificados no
empenho pessoal em ler, estudar e escrever. Reconheço essas imperfeições, mas não se
pode ter tudo na vida: escolhas são inevitáveis, e as minhas estão do lado da leitura, do
saber e da escrita. São atividades nas quais eu me realizo plenamente. Em outros
termos, ninguém consegue integrar todos os seus interesses perfeitamente, e algum
aspecto (ou vários) acaba sempre sendo sacrificado; no meu caso, são horas de sono, de
lazer, de simples far niente, e também certa negligência familiar, reconheço. Não
pratico esportes, a não ser caminhadas moderadas, já em idade madura. Pratico leituras,
com alguma intensidade, eu diria intensíssima, e sobretudo o gosto da escrita. No mais,
sou um pouco eremita...

7. Quais os períodos de sua carreira que você mais gostou?


PRA: Todos, pois em todos e em cada um eu fiz aquilo que mais gosto: viajar, muito,
intensamente, ler, também intensamente, escrever, observar, aprender, em toda e
qualquer circunstância, mesmo em situações difíceis de abastecimento, conforto,
restrições monetárias ou outras. Toda a minha carreira me trouxe algo de bom, mesmo
em situações temporariamente de sacrifício. Nunca deixei de fazer aquilo que mais
gosto, e que já foi descrito anteriormente.

8. Quais os períodos de sua carreira que você menos gostou?


PRA: Numa ou noutra situação, alguns postos apresentam dificuldades materiais,
desconfortos psicológicos, desafios razoáveis: por pequenos momentos, chega-se a
desejar voltar ao Brasil e retornar à rotina burocrática do cerrado central, onde os
atrativos são menores, mas também as surpresas. De toda forma, sempre aproveitei os
momentos de dificuldade para refletir e escrever, como sempre, aliás.

9. Dentro da perspectiva de sua carreira tem alguma coisa que você gostaria
especialmente de evitar?
PRA: Sim, talvez eu devesse ter dedicado menos atenção aos livros e mais às pessoas,
mas essas são escolhas que fazemos deliberadamente, por opções próprias, pensadas ou
não. Quem tem a compulsão pela leitura e pela escrita, não consegue acalmar-se a
menos de satisfazer o seu “vicio”, daí o sacrifício de outros aspectos da vida social que
muita gente valoriza em primeiro lugar. Por outro lado, nunca, na carreira, fui obrigado
a assumir obrigações que eu mesmo não desejasse assumir, como por exemplo trabalhar
em áreas para as quais eu não me sinto talhado nem tenho a mínima vontade de
experimentar: administração, por exemplo, ou cerimonial, ou talvez ainda consular. São
áreas nas quais eu provavelmente me sentiria infeliz, pois o meu terreno natural são os
estudos, de qualquer tipo: geográfico, político, econômico, cultura, antropológico, no
sentido amplo. Todas as áreas funcionais de caráter geográfico, político ou sobretudo
econômico me servem perfeitamente. Aliás, nunca me pediram para trabalhar em áreas
nas quais eu não gosto, e se me pedissem eu não teria nenhuma hesitação em recusar,
mesmo podendo incorrer em alguma falta funcional ou ser sancionado por isto. Sou um
pouco anarquista, e não gosto de fazer o que me mandam e sim o que eu decido e gosto
de fazer.
Por outro lado, jamais me pediram para escrever ou dizer algo que violentasse minha
consciência, e eu não hesitaria um segundo em recusar-me terminantemente, como
algumas vezes me recusei a defender determinados pontos de vista, que não eram os
meus. Por outro lado, jamais enfrentei a obrigação de escrever naquele estilo clássico,
ou chatérrimo, que é o diplomatês habitual, cheio de adjetivos hipócritas e de pura
formalidade vazia: não tenho espírito, paciência nem disposição para esse tipo de
enrolação. Costumo escrever o que penso, sem qualquer concessão a formalismos.
Sobretudo, não costumo produzir bullshits, muito freqüentes nesta profissão...

10. Você tem objetivo em longo prazo na sua carreira? Você tem uma visão de futuro
profissional?
PRA: Acredito que o diplomata deve servir antes à Nação do que a governos, deve
defender valores, e não se subordinar a teses momentaneamente vitoriosas que por
alguma eventualidade confrontem esses valores. Já escrevi algo a esse respeito, e
remeto a meu trabalho: “Dez Regras Modernas de Diplomacia” (Chicago, 22 jul. 2001;
São Paulo-Miami-Washington 12 ago. 2001, 6 p., n. 800; ensaio breve sobre novas
regras da diplomacia; revista eletrônica Espaço Acadêmico, a. 1, n. 4, setembro de
2001; link: http://www.espacoacademico.com.br/004/04almeida.htm).

11. Você se considera realmente bom em quê? Quais são seus pontos fortes? E como
você aproveita seus pontos fortes no seu trabalho?
PRA: Creio que sou capaz de fazer análises contextuais que envolvam conhecimento
histórico, embasamento econômico e situação política, ou seja, tenho instrumentos
analíticos e amplos conhecimentos que me permitem situar qualquer problema (ou
quase) em um contexto mais amplo, e daí extrair alguns elementos de informação para a
instrução de um processo decisório que tenha em conta o interesse nacional. Toda a
minha vida eu estudei o Brasil e o mundo, visando tornar o primeiro melhor, num
mundo que nem sempre é cooperativo. Registre-se que eu não pretendo tornar o Brasil
melhor para si mesmo, ou seja, uma grande potência ou qualquer pretensão desse
gênero, que encontro simplesmente ridícula. Eu pretendo tornar o Brasil melhor para os
brasileiros, ponto. Contento-me apenas com isso. Minha perspectiva, a despeito de ser
um funcionário de Estado, não é a do Estado. Não pretendo trabalhar no Estado, para o
Estado, com o Estado: minha perspectiva é a dos indivíduos concretos, e meus objetivos
são promover os indivíduos, se preciso for contra o Estado. Não tenho nenhum culto ao
Estado e nem pretendo torná-lo maior ou mais poderoso, apenas mais eficiente para
servir aos indivíduos, não a si mesmo. Desespera-me essas pretensões nacionalistas
estatizantes, pois elas se fazem, em geral, em detrimento do bem-estar individual da
maior parte dos cidadãos.
Por outro lado, não me considero patriota, no sentido corriqueiro do termo. Sou
brasileiro por puro acidente geográfico, pois poderia ter nascido em qualquer outro país
ou em qualquer outra época, por puro acaso. Gostaria de reiterar esse ponto, com toda a
ênfase que me é permitida. Não sou dado a patriotismos, nem a chauvinismos
ultrapassados e ridículos. A nacionalidade, repito, é um acidente geográfico, ou talvez
seja a naturalidade, da qual decorre a primeira. Parto do pressuposto da unidade
fundamental e universal da espécie humana. Sou brasileiro, como poderia ter sido
esquimó, hotentote ou pigmeu, e ninguém seria responsável por esses acasos
demográficos, nem mesmo meus pais, posto que ninguém “fabrica” uma pessoa com
base em especificações pré-determinadas. Somos em parte o resultado da herança
genética (em grande medida, talvez mais do que o indicado ou desejável, mas talvez não
a parte mais decisiva de nossas personalidades); em parte o resultado do meio social e
cultural no qual crescemos, e das influências que experimentamos involuntariamente em
diversas etapas formativas de nosso caráter; e em parte ainda (o que espero mais
substancial ou importante), somos o produto de nossa própria formação ativa, dos
estudos empreendidos e dos esforços que fazemos nós mesmos para moldar nossas
vidas, nosso estilo de comportamento e nossa maneira de pensar, com base em escolhas
e preferências que adotamos ao longo da vida. Devemos sempre assumir
responsabilidade pelo que somos, e jamais atribuir ao meio ou a qualquer herança
genética determinados traços que podem eventualmente revelar-se menos funcionais
para nosso desempenho profissional ou intelectual.
Meus pontos fortes, portanto, são minha capacidade analítica, meus conhecimentos
acumulados e meu devotamento à causa dos indivíduos, não dos Estados, e sempre tento
passar esses pontos à frente de qualquer outra consideração. Não hesito em defender
meus pontos de vista, mesmo contra meus interesses imediatos, que poderiam
recomendar uma acomodação com a situação presente – a lei da inércia é uma das mais
disseminadas na humanidade – ou com autoridades de qualquer tipo. Não costumo fazer
concessões a autoridades apenas para obter vantagens pessoais, e acho essa atitude
basicamente correta (ainda que a um custo por vezes enorme no plano pessoal). Talvez
seja teimosia de minha parte, mas considero isso antes uma virtude, do que um defeito.
Enfim, tendo concepções fortes sobre determinados temas, me é muito mais fácil
preparar e expor posições do interesse do Brasil, com base em conhecimentos
previamente acumulados, o que me dispensa de longas pesquisas ou buscas em
arquivos.

12. Quais são seus pontos fracos?


PRA: Devo ter (e tenho) vários, sendo os mais evidentes essa introversão habitual, essa
preferência ao convívio com os livros, mais do que a convivência com pessoas, uma
certa arrogância intelectual (que reconheço plenamente), derivada de leituras intensas e
de uma imensa acumulação de conhecimentos e informações – que em excesso podem
ser prejudiciais, dizem alguns – essa pretensão a saber mais do que os outros (o que em
parte é verdade, pela simples intensidade de leituras, mas os outros não gostam que se
lhes confronte os argumentos, obviamente). Por outro lado, não tenho nenhum respeito
pela hierarquia ou pela autoridade, o que muitos consideram um defeito (mas não eu,
dado meu anarquismo particular). Não sou de respeitar o argumento da autoridade, mas
apenas a autoridade do argumento, a lógica impecável, e a decisão bem formulada,
posto que empiricamente embasada, tecnicamente sólida, com menor custo-
oportunidade ou a melhor relação custo-benefício. Enfim, sou um racionalista, e detesto
impressionismos e subjetivismos, o que é muito fácil de encontrar em quaisquer meios.
Daí choques inevitáveis com determinadas pessoas que pretendem mandar a partir de
sua vontade exclusiva, não de um estudo aprofundado de situação. Enfim, ser rebelde
assim deve ser um defeito...

13. O que você mais deseja na sua carreira?


PRA: Todos somos egocêntricos ou narcisistas em certa medida. Todos queremos
reconhecimento e prestígio, por mais que se diga o contrário. Todos queremos ser
elogiados e premiados (no meu caso não monetariamente ou em qualquer aspecto
material). Assim, desejo ser reconhecido não necessariamente como um bom diplomata,
mas simplesmente como um bom cidadão, alguém que cumpre seus deveres e atua
conscienciosamente em benefício da maioria (que calha de ser o povo brasileiro, mas
poderia ser qualquer outro, pois como disse, eu me coloco do ponto de vista dos
indivíduos, não do Estado). Gostaria de ser reconhecido como estudioso, como
esforçado e, sobretudo, como alguém comprometido com o bem comum. Pode ser
vaidade, mas é assim que vejo minha carreira, que para mim não é uma simples carreira
de Estado, mas sim uma atividade que me coloca no centro (ou pelo menos numa das
agências) do Estado, ali colocado para servir a pessoas, não a instituições abstratas.
Gostaria que se dissesse de mim, em algum momento futuro: foi um funcionário
dedicado, foi um homem bom, esforçado, devotado ao bem comum, sobretudo foi
correto consigo mesmo e com todas as instâncias de interação social ou profissional.
Praticou a honestidade intelectual e se esforçou para fazer do Brasil e do mundo lugares
melhores do que aqueles que encontrou em sua etapa inicial de vida.

14. O que você pensa que acontecerá à sua carreira nos próximos dez anos?
PRA: Nada de muito relevante, posto que não sou carreirista e não faço da carreira o
centro de minhas preocupações intelectuais ou sequer materiais. Estou na carreira
diplomática, como poderia estar na academia ou em alguma outra atividade que tenha a
ver com o estudo, o esforço intelectual, a análise e a elaboração de propostas. Sou
basicamente um intelectual e a carreira para mim é secundária. Provavelmente vou me
aposentar nos próximos dez anos, e aí dispor de todo o meu tempo livre para me dedicar
àquilo de que mais gosto: leitura, redação, um pouco de aulas e palestras, viagens,
alguns prazeres materiais (como a gastronomia, ou a gourmandise, por exemplo) e
espero ter condições físicas de continuar escrevendo, ensinando e colaborando com a
elevação intelectual da sociedade pelo maior tempo possível. Se me sobrar tempo
gostaria de consertar algumas coisas que encontro muito erradas no Brasil, como por
exemplo: a corrupção (generalizada em todas as esferas), a desonestidade intelectual nas
academias, a miséria material de grande parte da população (que decorre, em minha
opinião, de políticas erradas e do excesso de poderes conferidos ao Estado), enfim, tudo
aquilo que sabemos errado em nosso País.

15. O que você aconselharia para alguém que estivesse iniciando na mesma área?
PRA: Seja estudioso, dedicado, honesto intelectualmente, esforçado no trabalho, um
pouco (mas apenas um pouco) obediente, inovador, curioso, questionador – mas
ostentando um ceticismo sadio, não uma desconfiança doentia –, tente aprender com as
adversidades, trate todo mundo bem (e, para mim, da mesma forma, um porteiro e um
presidente), não seja preguiçoso (embora dormir seja sumamente agradável), cultive as
pessoas, mais do que os livros (o que eu mesmo não faço), seja amado e ame alguém,
ou mais de um... Enfim, seja um pouco rebelde, também, pois a humanidade só avança
com aqueles que contestam as situações estabelecidas, desafiam o status quo, tomam
novos caminhos, propõem novas soluções a velhos problemas (alguns novos também).
No meio de tudo isso, não se leve muito a sério, pois a vida é uma só – sim, sou
absolutamente irreligioso – e vale a pena se divertir um pouco. Tudo o que eu falei ou
escrevi acima, parece sério demais. Não se leve muito a sério, tenha tempo de se
divertir, de contentar a si mesmo e os que o cercam.

Brasília, 21 de maio de 2009.

quarta-feira, 28 de março de 2012


Carreira Diplomatica: respondendo a questionamentos

Por puro acaso, recebendo hoje mais um "enésimo" comentário a este post meu:

QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2009


1112) Carreira Diplomatica: respondendo a um questionario

reparei que foram a ele acrescentados 128 novos pequenos posts, feitos de comentários
e perguntas de leitores, e respostas minhas, quando assim era requerido ou me era
possível fazê-lo.
Como continuo recebendo questões e demandas sobre a carreira, por vezes repetitivas,
algumas divertidas, a maior parte muito sérias e consistentes, algumas perfeitamente
malucas (também temos a nossa cota de malucos na carreira, assim que os que entrarem
vão se sentir à vontade).
Como as pessoas não lêem TUDO o que já escrevi sobre essas questões, neste blog, em
outros blogs, ou no site pessoal, várias fazem exatamente as mesmas perguntas ou
similares.
Por isso resolvi colar aqui, de forma totalmente transparente, todas as perguntas e todas
as respostas, apenas tendo o cuidado de retirar o nome dos que escreveram de forma
identificada.
Acho que pode ajudar alguns.
Ou pelo menos divertir outros...
Paulo Roberto de Almeida
128 comentários:

Xxxx disse...
Realmente muito instrutivas as dicas... e perigosas, sobretudo a quem deseja que sua
vontade seja obedecida somente em função da autoridade de que é ocasionalmente
revestida, e não em função do conhecimento objetivo de causa em que se baseia.
23/05/09 18:23

XXxxxx disse...
achei este blog por acaso, no meio de uma pesquisa se sirvo para o serviço diplomático,
sou meio autodidata e me peguei estudando história do Brasil em pleno sábado a tarde
quando a maioria das mulheres brasileiras estão no cabelereiro, e como você disse meu
maior defeito é - não tenho nenhum respeito pela hierarquia ou pela autoridade - não
gosto muito desta estória de chefe, sub-chefe e todos os chefes acima e abaixo, isto pode
ser um empecilho real, e como voce não tenho pretensões de carreira visto já estar na
casa dos 50 anos, mas estou interessada em prestar concurso para a diplomacia, voce
acha meu perfil por demais anarquista ?
01/06/09 13:00

Xxxxx XXXxx disse...


Muito bom seu blog.
Acho que minha real vocação é o serviço diplomático, apesar de cursar Medicina.
Se não for pedir muito. você poderia me informar em que pontos a carreira médica se
aproxima da diplomática?!
Pretendo terminar o curso que estou fazendo diecionar meus estudos mais para área da
Saúde Pública.
Parabéns pela seu percurso profissional. Há muito na sua história daquilo que almejo
alançar no futuro.
03/07/09 15:18

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxx,
Medicina e diplomacia possuem poucos pontos em comum. Nos exames de ingresso
possivelmente nenhum, a nao ser o conhecimento de Portugues e de Ingles. Na
profissao, apenas a analogia de se usar o bisturi para dissecar problemas complicados,
que necessitam uma abordagem anatomica, digamos assim, mas não deve ter muito
terreno comum.
Saude pública é importante eestá na agenda internacional, mas nem sempre se pode
trabalhar onde se deseja. Diplomata é um generalista, nao um especialista, mas acho
importante que tenhamos um perfil diversificado, incorporando engenheiros, médicos,
matematicos, etc.
03/07/09 16:38

Xxxxx disse...
Tenho 18 anos, faço direito e desde sempre sou encantada pela carreira diplomatica.
Lendo o post , então, me deu mais vontade ainda. Faltam alguns anos pra eu tomar uma
decisão efetiva de carreira, mas a diplomatica ganha pouco a pouco o meu coração. Vou
começar a visualiza-la mais como um objetivo a seguir. Já que tenho muito caminho a
trilhar.
01/08/09 16:59

Paulo R. de Almeida disse...


Acho que fiquei devendo algumas respostas ou comentários aos comentários, aqui
postados.
A Xxxxx eu diria que o problema não está em ser anarquista, pois isto não vai ser objeto
de questionamento no ingresso, nem depois. A questão está em que você teria de
estudar muito, agora, para poder aspirar algum sucesso nos exames de ingresso, e
depois não terá nenhuma possibilidade de carreira, por causa da idade. Se trata de um
fato, não de uma opinião.
Para a Xxxxx, eu diria que se você pretende entrar, o tempo de decisão é agora mesmo,
sem esperar mais nada. A preparação é muito exigente, e você tem de comecar agora
lendo todos os livros, do contrpário, se for começar a estudar apenas no final do curso
de graduação, poucas chances terá, a menos que estude exatamente as matérias exigidas
no concurso...
01/08/09 17:23

Xxxxxxx disse...
Oi. Eu tenho 36 anos e meu sonho é ser diplomata. Pergunto se há alguma possibilidade
promissora na carreira, estando eu com essa idade? Eu tenho possibilidade de chegar ao
ultimo posto? Muito obrigado.
10/08/09 22:23

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxx Xxxxxx,
Acredito que 36 anos seja um pouco tarde para uma carreira satisfatoria, pois voce
poderia ter problemas de promocao e acabar tendo se de aposentar como Primeiro
Secretario ou Conselheiro. Em todo caso, nao se trata de um impedimento absoluto,
voce pode sempre tentar entrar e comecar a carreira, sabendo que poderá sofrer algum
constrangimento por ter, provavelmente, chefes mais jovens do que voce.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
10/08/09 23:20

Xxxxxxx Xxxxx disse...


Este comentário foi removido por um administrador do blog.
18/08/09 16:25

Xxxxx Xxxxxx disse...


Excelente blog.

Paulo R. de Almeida,

Junto-me à turma das idades avançadas para a carreira – 29 anos. Tive o privilégio de
dedicar somente aos estudos. Graduei-me Matemática e Administração. Obtive o título
de mestre em Estatística e Economia. Neste momento, defendo tese de doutorado. A
carreira diplomática é um atalho...
19/09/09 16:36

Xxxxxxx disse...
Dr. Paulo,

Sou formado em Ciências Sociais e desde o início da faculdade venho sonhando na


carreira diplomática não só por causa da prática profissional mas também pelo formação
generalista e a proximidade com áreas acadêmicas. Acontece que eu nunca comecei a
estudar de fato para o concurso porque me angustia a idéia de não poder dar a mim e
aos meus furutos filhos a satisfação de serem criados próximos da família aqui no Rio.
Por isso te pergunto sobre algo que descobri há pouco tempo: qual a possibilidade e em
quanto tempo mais ou menos, o diplomata, depois do curso de formação, pode ir
trabalhar num escritório de representação regional? Existe um limite de tempo para
esses locais de trabalho? E qual a diferença de trabalho nesses locais para Brasília?
Muito obrigado.
01/10/09 21:47

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxx,
Acho melhor voce desistir de ser diplomata. A carreira significa passar praticamente
dois terços do periodo no exterior e apenas um terco no Brasil, em Brasilia. Se voce
pretende ficar com a familia no Rio, melhor nem começar, pois sua carreira seria
prejudicada, para nao dizer impossivel, pois precisamos ter tempo de exterior para ser
promovidos.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
02/10/09 05:43

Anônimo disse...
Dr, Paulo

Belo blog e grande pessoa você mostra ser,Parabéns


Não perguntarei se tenho o perfil ou não para ser um diplomata,pois serei um.Sei que a
preparação é muito exigente
tenho 23 anos.E vou começar a estudar agora, ler todos os livros que é preciso, para ter
uma boa preparação. Isso durante quatro anos, que também será o tempo para me
formar. Mas queria saber se nesse tempo as matérias mudam ou existe uma tradição nos
livros ,ou algo do tipo, tendo risco de estudar matéria já ultapassada devido o tempo que
vou me preparar.
O que esta no guia do estudante seria muito parecido nos próximos anos? ou muda
muita coisa. Estudarei todos os dias, mas o que gostaria de saber é como começar , ou
melhor com quais livros?
Depois de me prepara entrarei em uma escola preparatória aqui em São Paulo, para
reforçar todo o aprendizado. Eum planejamento que vai levar tempo e muito esforço,
Agora só preciso de uma direção rapida. O sr. poderia me aconselhar algo?
Cordialmente,
Rxxxxxx Nxxx de Mxxx Oxxxxx
12/10/09 04:27

Paulo R. de Almeida disse...


Rxxxx,
Os exames de ingresso seguem um mesmo padrao basico, com mudancas pontuais a
cada ano, com enfases diversas, dependendo dos professores e diplomatas que preparam
as questoes. Mas se requer sempre o mesmo tratamento amplo das materias
fundamentais que estao na base da selecao? Portugues (que precisa ser perfeito), Ingles
excelente, e muito bom conhecimento de Historia Mundial e do Brasil, Economia,
Geografia, Direito e bastante coisa sobre a diplomacia brasileira e suas posicoes dentro
da materia relacoes internacionais.
Comece lendo os grandes classicos das ciencias sociais no Brasil e a boa literatura.
Depois faca um cursinho preparatorio, pois parece que eles se tornaram obrigatorios.
Paulo Roberto de Almeida
12/10/09 11:17

Xxxxxxxx disse...
O QUE FAÇO COM A MINHA CABEÇA?

Caro Paulo, já que você fez o blog então vamos conversar.


Sou XXXXXX, xxxxxxxx, 28 anos, portador de deficiência física, técnico do XXXXX
e interessado na diplomacia.
Não sou bom de português, estudei o básico de inglês e espanhol, tenho facilidade nas
demais diciplinas, menos na economia, mas posso estudar.
Sou esforçado, mesmo tendo estudado na escola pública e tendo lido o primeiro ( de
capa a capa) livro as 18 anos.
Uma dúvida cruél me incomoda, seria velho demais? O fato de ter estudado pouco e na
escola pública não me da base para postular uma vaga? Vou perder tempo e dinheiro?
Tenho medo de fazer uso das cotas para PNE e ser discriminado.
Tenho medo de investir, medo.... a diplomacia me parece grande, enorme para um filho
de pais analfabetos.
Diga me caro Paulo, fale de suas impressões sobre mim. Diga me o que faço com a
minha cabeça quando penso na diplomacia. Ajude-me a aceitar a impossibilidade dessa
realização ou investir nela com toda a inteligência que tenho.
Você é um homem importante, muita gente o ler e o ouve, tem boa formação e logo tem
boa carreira, diga se posso ser um aluno seu, um colega seu....
Aguardo suas decisivas considerações.
Xxxxxx
14/10/09 14:28

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxxx,
Vou ser muito sincero e franco -- o que é uma redundância -- com você. Pelo que você
me descreve, você não está preparado para passar no concurso. Não digo para ser
diplomata, e sequer pela deficiência física, que pode representar uma dificuldade
adicional, mas não representa um impedimento absoluto às vontades muito fortes.
Se você realmente sente que tem vocação para a diplomacia, se voce quer, pretende,
deseja, aspira a ser diplomata, eu diria que você deveria se preparar. Sua idade -- 28,
mas supondo que você só consiga entrar em dois ou três anos -- não constitui tampouco
um impedimento fundamental.
Ninguém, nunca, perdeu tempo, ou se prejudicou por estudar e por perseguir os seus
sonhos, desde que os procedimentos adotados sejam razoáveis em termos de dedicação
aos estudos, em tempo e dinheiro.
Mas devo também registrar, pela descrição que você me faz do seu estado de
despreparo, que suas chances são mínimas num concurso notoriamente muito exigente
(mesmo levando-se em conta a cota para deficientes físicos, que se traduz, ao que
parece, em facilidades relativas).
Pessoalmente, eu diria que você deveria estudar e se preparar, ainda que eu reconheça
que você tem enormes lacunas de formação, e que pelo background familiar você se
atrasou em seus estudos.
Eu também venho de uma família muito modesta, com avós analfabetos, mas tive a
chance de residir ao lado de uma biblioteca infantil, onde passei toda a minha infância e
primeira adolescencia lendo e estudando. Eu estava preparado, portanto, o que sinto não
é o seu caso.
Mas, estude, tente uma vez, e talvez outra, para você não dizer que não tentou.
Meus melhores votos.
Paulo Roberto de Almeida
14/10/09 21:42

Txxxxx Hxxxx disse...


Dr Paulo,

Tudo bem com o sr.?


Estou acompanhando seu blog e gostaria de parabeniza-lo pela iniciativa.
Gostaria da opinião do senhor sobre a possibilidade do meu ingresso na diplomacia.
Tenho 20 anos, estudo Direito e História na Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Morei alguns meses nos Estados Unidos, e de certa maneira, domino o inglês.
Estudo firme, e pelo que li no Guia de Estudos do Instituto Rio Branco, já li uma boa
parte da bibliografia sugerida para História.
Entretanto, não tenho leituras profundas em economia (mais especificamente em
microeconomia).

Penso em fazer mestrado na área de Direitos Humanos na USP, e somente após o


término deste, ou quiçá de um doutorado, prestar a prova da Diplomacia.

O sr. considera besteira fazer pós-graduação antes do ingresso na carreira ou uma


atitude correta?

Obrigado desde então,

Txxxxxx Hxxxxxx
28/10/09 11:41

Paulo R. de Almeida disse...


Thiago,
Minha opiniao é a de que voce deve tentar o exame de ingresso no Itamaraty ainda antes
de concluir o curso de graduacao, para conhecer, treinar, saber onde estao seus pontos
fortes e fracos. Depois, nao espere a pos para tentar novamente. Continue estudando e
tentando, e faca o mestrado paralelamente.
Paulo Roberto de Almeida
28/10/09 13:46

Dxxxxx disse...
Exmº. Dr.Paulo Roberto de Almeida,
Primeiramente gostaria de prestar congratulações e respeito por vossa biografia, de fato
inspiradora, acredito que para todos nós aspirantes à carreira diplomática.
Tenho 31 anos, sou odontólogo, professor auxiliar de uma Universidade pública no Rio
de Janeiro e dou início, no atual momento, ao doutorado em minha área.
Entretanto, a carreira diplomática sempre me foi no mínimo instigante e exatamente
pela curiosidade e pela compulsão literária, sinto-me impelido a enveredar-me por este
caminho de evolução intelectual, profissional e humano. Acerca deste
último campo, me chamou muito à atenção o lado humanista da profissão, o de servir
aos brasileiros, não somente ao Estado.
Tendo-se em vista as desigualdades sociais de nosso país, como a carreira diplomática
pode ajudar a aliviar as claras deficiências de desenvolvimento humano em nosso país?
Pelo que devemos primar em nossas carreiras para transformar crescimento do Estado,
muitas vezes fomentado pela atividade diplomática, em consequente desenvolvimento
humano?

Cordialmente,
Dxxxxx Mxxxxxxx
03/11/09 02:48

Paulo R. de Almeida disse...


Excelentes perguntas, Daniel, que eu mesmo gostaria de responder agora, se tivesse
tempo e capacidade (acho que tenho alguma).
Respondendo rapidamente de forma sintética, eu diria que o papel do diplomata no
desenvolvimento brasileiro é claramente acessório, pois nenhum, REPITO NENHUM,
dos grandes problemas brasileiros tem a ver com o cenário internacional, ou muito
superficialmente.
Todos os nossos problemas -- falta de educação de qualidade, corrupção, políticas
públicas inadequadas, baixo investimento em C&T, instituições governamentais
deficientes, déficit previdenciário, baixo investimento, baixa poupança, pequena
abertura a comércio internacional e investimentos diretos estrangeiros -- todas essas
deficiências são "made in Brazil", nossos próprios pecados, e tem de ser resolvidos aqui
mesmo. Mas acredito que isso vai demorar um pouco.
O diplomata, como cidadão, pode ajudar um pouco, expondo o que fizeram de certo (e
de errado) outros países, e porque alguns deram certo e outros deram errado.
Nós fizemos meio certo em muitas coisas, e muito errado em outras, como em
educação, por exemplo.
Mas, isso não é algo que o diplomata possa resolver, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Vou me dedicar a responder a esse seu questionamento em algum trabalho futuro.
Obrigado por formular a questão.
03/11/09 02:54

Xxxxx disse...
Olá Sr. Paulo.
Tenho 23 anos, sou formado em Administração Hoteleira e pretendo iniciar meus
estudos para ingressar na carreira diplomática no início de 2010. Neste princípio, sinto-
me um tanto confuso no que diz respeito ao que fazer, por onde começar. Como
pretendo dedicar, no mínimo, os próximos dois anos de minha vida apenas aos estudos,
estou a procura de um curso preparatório que responda a todas as questões as quais hoje
desconheço. O Sr. poderia indicar-me algum?
Buscando informações encontrei seu blog e gostaria muito de ter a sua opinião. Dois
anos, "integrais", são o suficiente? Como já disse, pretendo dedicar-me apenas a isso.
Acho que o sonho e a força de vontade são o princípio, mas infelizmente não bastam.
Aguardo suas colocações com ansiedade.

Grato.

Atenciosamente.

Jxxx Dxxxxxxx
09/11/09 16:22

Anônimo disse...
Boa tarde, Sr. Paulo Almeida

Bem, tenho 17 anos. Sempre tive muita facilidade com as matérias de humanas como
História,Geografia e Português. Aprendo línguas estrangeiras com extrema facilidade,
sou fluente em Inglês e Francês.
Por causa dessa paixão pelo estudo das línguas e culturas, decidi prestar Letras na USP.
Porém, a carreira diplomática muito tem me cativado - assim como a muitos outros.
Gostaria de saber qual curso de graduação seria o mais apropriado para obter êxito
nessa carreira. Relações Internacionais, Ciências Sociais, ou até mesmo a combinação
de uma dessas com Letras?
Muito obrigada pela atenção,
Cxxxxxx Gxxxxxxxx
12/11/09 14:22

Xxxxxxxxx disse...
Boa tarde, Sr. Paulo Almeida.

Bem, tenho 17 anos. Sempre tive muita facilidade e gosto pelas matérias de humanas,
tais como Português, História e Geografia. Línguas estrangeiras são meu grande hobby,
falo francês e inglês fluentemente.
Exatamente por esse apreço pelas línguas e culturas estrangeiras, optei pelo curso de
Letras na Usp no vestibular desse ano. Porém, a carreira diplomática muito tem me
atraído - assim como a muitos outros.
Gostaria de saber qual o curso de graduação é o mais adequado para seguir a carreira
diplomática. Seria interessante, além de ter tal graduação, ser letrada?
Muito obrigada!
12/11/09 14:27

Paulo R. de Almeida disse...


Cxxxxxxx,
Nao sei bem o qeu voce quis dizer com letrada. A unica coisa de que voce precisa para
se tornar diplomata é um diploma de QUALQUER curso superior reconhecido pelo
MEC. O resto é com voce, ou seja, o estudo de todas as materias que constam do edital
de concurso, o que já é um imenso esforço de leitura.
Mas, voce tem tempo. Comece agora a ler e quando voce terminar a Faculdade voce ja
estará pronta para ingressar na carreira.
Agora eu hesito em lhe indicar um curso. Pode ser que o de RI seja o mais adaptado
para os exames de entrada, mas nao tenho certeza, pois voce precisa pensar em ter uma
profissao normal, antes de se tornar diplomata, pois pode demorar o seu ingresso, tendo
em vista que o concurso é muito concorrido.
Voce pode fazer direito, economia, administracao, letras, enfim, aquilo que lhe der mais
prazer e oportunidades no mercado, ao mesmo tempo em que estuda as materias do
concurso. Pode ser que na sua cidade exista um bom curso de RI, numa boa Faculdade,
mas nao sei.
Bons estudos.
PRA
12/11/09 18:48

Xxxxxxx disse...
Boa Tarde, Sr. Paulo Almeida.
Bom, Tenho 17 anos. Sempre gostei de matérias como, História, Geografia
(Geopolítica) e Português.
Línguas estrangeiras, conhecimento sobre outras culturas, assuntos políticos e
econômicos é de grande atração para mim.
Eu gostaria de saber o que um profissional formado em Comércio Exterior faria como
diplomata?
Não se tem tempo para cursos (fora os de aperfeiçoamento da carreira),
Esportes ou Dança?

Obrigada!
20/11/09 13:41

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxx,
O profissional formado em Comércio Exterior, como qualquer outro profissional
formado em qualquer outro curso de graducao reconhecido pelo MEC, faria como
diplomata o que qualquer outro diplomata faz: trabalhar no MRE e nos postos no
exterior, segundo funções e atribuições típicas da carreira. Ou seja, trata-se de um
servidor do Estado, do serviço público federal, como vários outros, um burocrata
federal, mas que tem essa particularidade de trabalhar no exterior por periodos
determinados, geralmente 3 + 3 anos (em dois postos no exterior) e um periodo
variável, de 2 a 3 anos, em Brasília.
Dentro da carreira existem dois cursos de aperfeiçoamento, para promoção, mas você
pode fazer qualquer curso extra, fora da carreira, desde que não atrapalhe as funções
profissionais: dança, pintura, linguas, mestrado e doutorado, não fazer nada...
PRA
20/11/09 14:00

Xxxxxxxxx disse...
Caro Professor Paulo,

Escrevo-lhe porque pressinto que, com sua ajuda, eu possa obter resposta a uma
pergunta sobre a carreira diplomática que me deixa, já há algum tempo, apreensivo.
Vamos lá.
Para que o senhor possa compreender melhor o motivo de minha preocupação,
apresento minha situação. Tenho 25 anos, nível superior completo e um forte desejo -
para muitos injustificável - de ingressar no Itamaraty. Minha lucidez me indica, no
entanto, que, iniciando minha preparação para o concurso neste momento, serei
aprovado dentro de dois ou três anos. E tenho receio de que o ingresso na carreira com
cerca de 28 anos me comprometa no que diz respeito ao meu futuro profissional.

Isto porque percebo que há, de certo modo, um limite de idade implícito para aprovação
no concurso de admissão, tendo em conta que o candidato aprovado pretenda ascender
de maneira satisfatória e plena na carreira. Suponho, por exemplo, que um sujeito de 35
anos que seja aprovado no concurso dificilmente alcance o ápice da carreira, em termos
hierárquicos.

A questão que me atormenta é, então e por fim, a seguinte: qual idade - ou faixa etária -
poderia ser apontada como tal limite?

Ademais, bajulações à parte, comento que seu espaço na rede muito me impressionou,
tanto por conta da qualidade dos textos e das opinões quanto por conta da nobreza da
iniciativa de divulgar aos interessados dados sobre a carreira.

Muito agradeço pela ajuda e pela atenção.

Até.
20/11/09 22:24

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxxx,
Acredito que se possa entrar no Itamaraty ate 32 ou 33 anos, embora a progressao possa
tornar-se mais lenta a partir de agora, com tantos novos entrantes.
Eu mesmo ingresse cim 28 anos completos e tive uma trajetoria normal ate ministro de
segunda classe, e poderia ter sido embaixador 5 ou 6 anos atras, embora por razoes
basicamente politicas eu nao tenha sido promovido, pelas mesmas razoes que voce vê
em meus escritos.
Você se comportando bem, conserva intactas as suas chances...
20/11/09 23:09

Vxxxxxxx disse...
Dr Paulo,
Tenho 17 anos e estou cursando o ensino médio. Ainda não me decidi completamente
pela carreira diplomática, mas já tenho certeza de que quero fazer um curso de Relações
Internacionais, por isso, tenho feito o PAS (Programa de Avaliação Seriada) da UnB,
para, no futuro, poder cursar essa universidade. Tenho, porém, uma imensa vontade de
estudar nos Estados Unidos e já até entrei em contato com agências que possam
intermediar e me auxiliar durante o processo, inclusive já até vi uma universidade do
meu agrado (University of Washington). Porém, tenho duas dúvidas: a primeira é se,
por acaso, eu me decidir pela carreira diplomática, será vantajoso ter estudado fora? A
segunda é a mesma dúvida, só que numa situação mais genérica: o Sr. acha que é
realmente vantajoso estudar nos EUA em relação às universidades brasileiras (no curso
de Relações Internacionais)?
Desde já agradeço a resposta.
04/12/09 22:02

Paulo R. de Almeida disse...


Vxxxxxx,
Sempre é bom estudar fora do Brasil, sobretudo em ingles, para voce ficar com a lingua
totalmente dominada, mas eu nao recomendaria fazer todo o curso superior fora, pois
voce vai precisar estudar muito mais coisas do Brasil, se pretende ingressar na carreira
diplomatica. Assim, recomendo que voce estude um periodo fora, seis meses ou um
ano, mas faça o essencial de seus estudos de graduação aqui no Brasil, para poder se
preparar de maneira adequada, inclusive fazendo algum cursinho preparatorio.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
06/12/09 17:37

Anônimo disse...
Olá. Eu estudei na Escola Americana de Brasília e tenho o diploma técnico de tradutora
intérprete. Sempre foi uma profissão que eu admirei. Sou formada em pedagogia, sou
funcionária pública e tenho interesse em ser diplomata. Gostaria de saber como é o
horário de trabalho dos diplomatas. Vocês trabalham no horário comercial de 8:00 às
18:00? E o horário é maleável? Vocês podem entrar às 10:00 e sair às 20:00 se
quiserem? Os jantares e reuniões informais nos finais de semana para tratar de negócios
são computados como horas trabalhadas ou não? Fico feliz que o senhor responda as
perguntas de pessoas interessadas na carreira diplomática. Obrigada pela ajuda e
consideração. Um abraço da Xxxxxxx.
11/12/09 09:02

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxx,
Suas perguntas s'ao fora do comum, mas vamos lá.
1) Horario oficial de trabalho na Secretaria de Estado: de 9hs a 13hs, e de 15hs a 19hs,
mas dependendo da área de trabalho, pode se sair mais tarde (e entrar mais tarde
também): geralmente nos Gabinetes isso ocorre.
Temos muito trabalho (e viagens) em fins de semana, assim que a carga total de
trabalho pode ser bem mais pesada do que o de um funcionário de outros setores (acabo
de voltar da China, para onde viajei num sábado, 28.11.2009, demorei para me
recompor com a diferença de 11hs; e voltei ontem, cansadíssimo).
Não existe NENHUMA hora extra computada por jantares, recepções ou viagens em
fins de semana: só ganhamos o salário, ponto, todo o resto não é pago.
Ou seja, trabalhamos muito mais que funcionários "normais" e ganhamos
proporcionalmente menos, posto que simplesmente não existe esse conceito de horas
extras ou compensações por viagens e tempo gasto em atividades diplomáticas extra-
horário de trabalho. Existe certa tolerância, por isso mesmo, quando se chega as 10hs ou
11hs na manha seguinte a uma dada atividade extra na noite anterior.
Espero ter satisfeito sua curiosidade.
Paulo Roberto de Almeida
11/12/09 09:20

Xxxxxxxxx disse...
Dr.Paulo, sua informações me são muito oportunas. Tenho interesse na carreira
diplomática e gostaria de saber quais seriam exatamente as atribuições de um 3°
secretário (primeiro nível de carreira). Se puder esclarecer, agradeço.
14/12/09 21:22

Anônimo disse...
Olá. Primeiramente eu gostaria de agradecer por você ter respondido a minha pergunta.
Eu tenho mais algumas dúvidas.

Você havia me dito que os diplomatas têm muito trabalho (e viagens) nos finais da
semana. E quantos finais de semana por mês você têm que trabalhar? Quantas vezes por
mês você viaja para fora do Brasil?

As remoções são direcionadas para postos separados entre as categorias A, B e C e D. O


diplomata pode escolher o local para onde deseja ir morar? Se o diplomata quiser
trabalhar em Sydney, na Australia, ele pode fazer essa escolha?

Imagino que você esteja na Conferência de Copenhague em inúmeras reuniões com


autoridades estrangeiras. Sei que seu tempo é precioso, mas quando tiver um tempinho
agradeço se responder minhas perguntas. Admiro a sua carreira diplomática e tenho
curiosidade sobre o dia a dia dos diplomatas. Atenciosamente Dxxxxxx.
15/12/09 16:17

Paulo R. de Almeida disse...


Dxxxxx,
Sinto muito. Estou com minha central de respostas temporariamente desativada, por
excesso de trabalho, e excesso de perguntas.
Tente de novo em janeiro. Pode ser que eu tenha conseguido terminar minhas
obrigacoes...
Paulo Roberto de Almeida
15/12/09 22:33

Dxxxxxxxx disse...
Prazer!!!
Moro em Santa Cruz do Sul uma cidades de porte médio do interior do Rio Grande do
Sul, tenho 15 anos.
Estou interessado em fazer a graduação em Relações Internacionais em uma
universidade federal possilvelmente a UFRGS ou UFSM, contudo, sou proveniente de
escola pública e de certo modo noto que grande parte das admissões nesses concursos
os alunos são provenintes de escolas particulares como por exemplo o Itamaraty...
O fato de eu provir de escola pública é algum tipo de impencilho?
Há também tenho outra dúvida, o serviço militar(não me refiro ao alistamento) é
obrigatório para passar no concurso? Quanto tempo?
E apenas mais uma dúvida que condições físicas de saúde são essas que o Itamaraty
exige?
Certo de vosa compreensão aguardo as respotas...
Obrigado
Obs.: Adorei seeu blog
03/01/10 13:16

Xxxxxxx disse...
Prazer!!!
Sou de Santa Cruz do Sul uma cidade de médio porte do interior do Rio Grande do Sul,
vou fazer 16 anos em abril.
Tenho interesse na área diplomática e pretendo cursar Relações Internacionais numa
universidade federal...
Tenho algumas dúvidas que se não pedir demais gostaria que o senhor respondesse:
* O fato de eu provir de escola pública me prejudica de alguma forma?
* Tenho ter serviço militar obrigatoriamente (não me refiro ao alistamento ao serviço
propriamente dito)?
* Que condições de saúde são essas que o Itamaraty se refere?

Certo de vossa compreensão aguardo as respostas.


Obigado

Obs.: Adorei seu blog


03/01/10 13:25

Paulo R. de Almeida disse...


xxxxxx,
Nenhuma escola publica representa um impedimento absoluto ao que você pretende ser
mais tarde na vida, em termos de carreira acadêmica ou trajetória profissional nos
mercados.
Mas, claro, você precisa ter perfeita consciência de que o ensino numa escola pública
apresenta deficiências enormes, que você terá de suprir por seus próprios meios
estudando de forma autodidata.
Aliás, você pode ter certeza também que o ensino numa escola privada não é de muito
melhor qualidade. Os professores, com muito poucas exceções (que são as escolas
privadas de altíssimo nivel, e portanto muito caras, e situadas apenas nas grandes
capitais) não são muito melhores do que aqueles que ensinam nas escolas públicas, pois
a mediocrização do ensino no Brasil é geral, atingindo inclusive as universidades.
Você pode escolher um curso de RI para se preparar depois para o concurso da carreira
diplomática, mas sinceramente eu não recomendo. Acho esses cursos muito fracos e não
preparam para uma profissão "normal", o que quer dizer tradicionais no mercado
(direito, administração, economia, etc).
Recomendaria a você, em qualquer hipótese, fazendo ou não curso de RI ou outro, se
preparar por conta própria, lendo e estudando todas as matérias do concurso do Rio
Branco de maneira autônoma e individual.
Estude muito, pois você vai precisar ter um excelente nível de conhecimentos se
pretende se tornar um diplomata.
Boa sorte nos estudos, felicidades em sua vida pessoal.
Paulo Roberto de Almeida
03/01/10 14:55

Xxxxxx disse...
Chegamos ao ano de 2010 e acredito que o futuro da diplomacia e das relações
internacionais no Brasil se modificou desde o texto ''As relações internacionais como
oportunidade profissional'' onde o senhor responde a todas as duvidas dos jovens que
pretendem cursar RI.

Pois bem, tenho 17 anos e esse ano pretendo prestar para uma faculdade pública (USP
ou UNB) em busca da formação em RI, mas focada para a diplomacia. É o que tomo
como ambição para o meu futuro desde os 15 anos. Sempre fui auto ditada e não tenho
dificuldades em relação a estudo e leitura, muito pelo contrário, tomo isso como um
hobbie. Minha principal preocupação é na verdade o tempo médio que levaria para a
minha formação intelectual a nivel de concorrer a uma vaga no Itamaraty ( e o tempo
que eventualmente não haveria ''mercado'' para mim ) e se esse ramo, o da diplomacia,
tras ainda algum tipo de preconceito em relação a mulher em papeis de poder.

Se puder tirar minhas duvidas, agradeço desde já.


Lxxxxx.
02/02/10 21:48

Paulo R. de Almeida disse...


Lxxxxx,
Você já tem um nome, por assim dizer, internacional, e talvez isso facilite o seu
ingresso na diplomacia. Meus cumprimentos por manter esse objetivo desde os 15 anos,
ou seja, há dois anos, e se percebo bem, você vai continuar se preparando de forma
intensa durante todo o seu curso de graduação em RI. Meus parabéns e eu diria que
você deve fazer isso mesmo. Não confie em seus professores, que muitas vezes são
preguiçosos, e continue autodidata. Faça um programa de leitura e de estudos dirigidos,
calcado no Guia de Estudos e leia três vezes mais do que a lista ali recomendada, pois
você vai precisar de toda leitura para ingressar logo na primeira vez.
Pelo que eu vejo de seu Português ainda falho, você vai precisar se aperfeiçoar
seriamente em várias matérias. O tempo médio não existe, pois algumas pessoas passam
o tempo vendo bobagens na TV e outras aproveitam para estudar: você escolhe o tempo
de formação, mas se quiser ter sucesso comece a ler desde já, e treine muita redação
também, pois é necessário.
Quando você entrar, já estará em tempo de uma mulher ser chanceler, ou seja, ser
ministra das relações exteriores. Aliás, já estaria em tempo, mas a política brasileira
ainda é muito machista... Creio que o Itamaraty já não tem muito preconceito nesse
terreno, embora possa haver alguma condescendência e talvez mesmo um pouco de
demagogia a esse respeito.
Boa sorte nos estudos.
Paulo Roberto de Almeida
03/02/10 03:17

Anônimo disse...
Olá!
Sou Mxxxxxx, tenho 22 anos, terminarei a faculdade de Ciências Contábeis em 2011.
Por enquanto não falo outro idioma além do português, mas pretendo iniciar curso de
inglês e francês depois de concluir a faculdade e, mais adiante, aprender espanhol(por
motivos pessoais não posso fazê-los ao mesmo tempo). Gostaria de parabenizá-lo pela
sua trajetória e pelo seu blog. Minha dúvida: é necessário falar, compreender, escrever e
ler os três idiomas em nível avançado para ingressar na carreira diplomática?
Cordialmente,
Xxxxxxxx
18/02/10 23:27

Paulo R. de Almeida disse...,


Xxxxxxxx
É preciso saber Ingles muito bem, mas muuuuiiito bem, e uma outra lingua, Frnces,
Espanhol (ou outras, veja os editais) razoavelmente bem...
Paulo Roberto de Almeida
18/02/10 23:30

Anônimo disse...
Boa tarde,
Primeiramente gostaria de dar parabéns pelo seu ótimo e esclarecedor blog.
Gostaria de lhe perguntar se eu teria condições de concorrer a uma vaga no IRB com
estas qualificações: tenho 30 anos, sou bacharel em ciência política, morei 4 anos no
exterior mas não possuo qualquer certificado de proeficiência apesar de falar e escrever
em inglês e alemâo. Tenho alguma chance?
Desde já lhe sou grato pela atenção.
Xxxxxxx
23/03/10 17:27

Xxxxxx disse...
Prezado Paulo Roberto de Almeida

Meu nome é Xxxxx ,sou servidor público(RFB) e professor de História da rede pública
de ensino.Cursei Ciências Sociais na UFAM,mas não concluí a graduação.Atualmente,
sou estudante de Filosofia(UNISUL),francês e inglês,e,desde os 14 anos(isso já faz
algum tempo), aspirava seguir a carreira diplomática.Por diversas razões tive que adiar
tal objetivo.
Porém,de uns tempos para cá,o desejo voltou,e de forma intensa,quase que
vocacional;um sentimento forte,ardente,uma convicção de que "é isso!".Logo deparei-
me com uma concreta realidade:o desafio.O problema é que o tempo passou.Hoje tenho
35 anos,considerado velho para os padrões de admissão.Confesso que o fator TEMPO é
o que menos importa para mim,pois o que me move não é um desejo de
promoção,reconhecimento ou escalada dentro da estrutura da carreira,mas a experiência
e a satisfação da realização de uma meta,um objetivo e algo que realmente me dá
prazer:o diálogo,o debate,a reflexão crítica e aprofundada dos temas de relevância para
o país,respirar o mesmo ar e beber na mesma fonte de tantos intelectuais e que ,pela
simples razão de estarmos juntos,seria tremendamente satisfatório para mim.Reconheço
a longa estrada e peço algumas orientações acerca da melhor estratégia para atravessá-
la.Estou me programando para o concurso de 2015,estudando como autodidata,fazendo
cursos das matérias específicas e guardando recursos para um período de estudos no
exterior.Confesso que ao ler alguns comentários sobre a questão da idade fiquei um
pouco apreensivo.Gostaria de saber sua opinião sobre esta questão (Idade-vou estar com
40 anos em 2015) e sugestões sobre estratégias para admissão no concurso.
Reitero minha admiração pelo homem e pensador Paulo Roberto de Almeida.
26/03/10 16:39

Paulo R. de Almeida disse...


Com perdao da expressao, dois coelhos de uma vez so (estou viajando no exterior e sem
tempo ou conexoes para responder adequadamente),
Primeiro o Xxxxxxx,
Nao é preciso ter certificado nenhum de nenhuma língua, apenas o diploma
universitario. As linguas se precisa apenas saber, ingles muito bem, uma outra
razoavelmente bem. Voce tem chance, desde que saiba muito bem o resto do programa,
o que não é facil.
Boa sorte nos estudos.

Agora o Xxxxx.
Nao entendo porque apenas em 2015: isso é falta de confiança em si mesmo. Acho que
você deveria estudar intensamente para tentar entrar antes, se possivel no ano que vem,
fazendo cursinho e se preparando adequadamente, a menos que voce nao tenha diploma
de graduacao.
Acho que 40 anos inviabiliza uma carreira "normal", mas se seu objetivo é apenas
entrar, então vá em frente, entre e seja feliz.
Paulo Roberto de Almeida
26/03/10 18:27

Xxxxxxxxxxx disse...
Prezado Xxxxxx,
eu peço desculpas pela minha intervenção em sua conversa com o mestre Paulo
Roberto, contudo, foi impossível não me comover com seus comentários. Eu gostaria de
lhe dar algumas sugestões:
1) - pegue o edital do concurso no site do MRE o link é este
http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/IRBr/pt-
br/file/Edital_abertura_CACD_2010_publicado_no_DOU(1).pdf

2 ) - faça um cronograma com metas de leitura diária, semanal, mensal e semestral.

2 ) - Faça o fichamento dos livros (pode ser em fichas cartonadas ou no computador


mesmo, não importa)

3 ) - Tire uma hora diariamente para reler os fichamentos.

4 ) - Não sei o tempo que dispõe, mas seja obssessivo, leia compulsivamente.

5 ) - Não veja mais televisão.

6 ) - Largue a família e amigos (durante um tempo apenas)


7) - E não tenha medo daqueles que tem doutoramento ou pós-doutoramento. Por um
único motivo: eles tem doutoramento em um assunto específico e não em todos que
caem na prova, portanto, as chances são quase isonômicas.
Por exemplo, você pode concorrer com pessoas com doutoramento em linguística; que
estudou na Sorbonne; que estudou inglês nos EUA e assim por diante. Se esta mesma
pessoa não dominar Direito e Economia, ela não passa.
Isto significa, que as chances são iguais para todos, pois ninguém tem domínio absoluto
de todas as disciplinas que caem nesta prova.

8) - Valorize o seu conhecimento e não se importe com a idade, até por que a atual
gestão do Itamaraty nos mostra que muita coisa pode mudar no futuro em relação à
carreira. [Só não sei se digo felizmente ou infelizmente]
Comece a estudar "ontem", pois se sente que tem vocação verá que valerá a pena.
9 ) - Só faça um preparatório como o curso Clio e outros quando tiver lido bastante, pois
do contrário, apenas jogará dinheiro fora.

Um conselho: Só não se iluda achando que na carreira todos são intelectuais como o
mestre Paulo Roberto.
Quem derá que fosse assim !
27/03/10 12:14

Xxxxxxxxx disse...
Sr. Paulo R. de Almeida,

Muito oportuno este blog. Admiro sua dedicação e destreza em responder a cada uma
das dúvidas aqui apresentadas.

Divido duas paixões: a pesquisa e a diplomacia. É possível conciliar os dois?

Eis a minha atual situação: ingressei no curso de RI, mas me transferi para História. Não
me arrependo de ter "nadado contra a corrente" de expectativas a meu respeito, a
História me permite uma visão abrangente não apenas da formação da nossa Nação,
como também do mundo. Além do mais, foi ali que descobri a paixão pela pesquisa:
tenho dois projetos, um a ser submetido esse ano ao Probic, que já possui aprovação da
coordenação do curso (aprovação em expectativas, devo dizer) e outro que pretendo
desenvolver após o retorno às RI. Além das pesquisas, me propus a escrever e publicar
artigos acadêmicos; um já foi submetido, inclusive, ao Congresso Acadêmico da Defesa
Nacional. Admito: sou aprendiz ainda, mas com capacidade de progredir sem maiores
dificuldades. Tais planos de desenvolvimento de pesquisas e publicações de artigos são
o resultado daquilo que sinto prazer em fazer: estudar, ler, pesquisar e escrever. E não
tenho o intuito de dedicar minha vida à algo que não me traria tal satisfação. Como o Sr.
é o primeiro diplomata com quem tenho contato, é possível, pois, desenvolver pesquisas
e estudos na área diplomática e da política externa em geral, paralelamente ao ingresso à
carreira em si?

E, como tantos, também me preocupei com o fator 'idade'. Finalizarei a graduação em


História com 24 anos e RI com 25, no mais tardar, 26 anos. Porém devo dizer que no
momento me dedico a acentuar meus pontos fortes na área de humanas, enquanto que,
noções de Economia e Direito, deixarei para que o curso de RI me complemente.
Obrigada.
Atenciosamente,
Xxxxxxxx
09/04/10 08:19

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxxxx,
É possível, sim, conciliar, diplomacia e pesquisa e o exemplo mais evidente disso é o
historiado Evaldo Cabral de Mello, possivelmente o maior historiador ativo do Brasil,
que, aliás, nunca foi acadêmico, mas sempre fez pesquisa, enquanto diplomata. Eu
mesmo faço a mesma coisa e não me arrependo, mas sempre há certo stress pessoal e
funcional, talvez familiar, pois a carreira é muito exigente em termos de trabalhos,
recepções, etc.
Por outro lado, você está na idade perfeita para se preparar e entrar...
Vá em frente.
Paulo Roberto de Almeida
09/04/10 16:25

Xxxxxxxx disse...
Muito obrigado por fazer um blog excelente como esse, que me fez refletir sobre a
carreira diplomática (a qual pretendo seguir).
Meu nome é Wilson, tenho 15 anos e, há pouco mais de um ano, tenho interesse em
cursar direito e, ao fim deste, diplomacia. Tenho procurado dicas em inúmeros sites
sobre como tornar-se um diplomata, porém nenhum foi tão satisfatório como este.
Gostaria, se não for muito abuso, que o senhor pudesse me passar algumas dicas sobre o
curso, como estudar etc.

Agradeço desde já.


17/04/10 02:51

Xxxxxxx disse...
Sr. Paulo R. de Almeida,

Me identifiquei muito com o Sr. Sempre disponível para responder todas as perguntas.

Estou me preparando para prestar o concurso. Já fiz muitas pesquisas sobre a carreira,
entretanto, ainda não encontrei ninguém que me esclarecesse sobre a frequencia das
mudanças de residência. Quais os critérios utilizados para decidir quem irá para qual
posto? O diplomata tem algum controle sobre isso? É possível ele não ir? Qual o nível
de estabilidade que ele pode obter em cada cidade? Pergunto isso pois possuo
dependentes e não seria interessante pra eles viver cada ano em uma parte do mundo,
mas manter uma certa "permanência" em cada local.

Desde já agradeço, um forte abraço.


19/04/10 14:12
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Não vou responder a suas questões, por duas razões muito simples.
1) Se você deseja ser diplomata, deveria saber que não é para ficar parado no mesmo
lugar muito tempo. Ou você aceita o fato de ser nômade, ou nunca será um bom
diplomata.
2) Concentre-se primeiro na tarefa de entrar na carreira, depois você se preocupa com o
que vem depois.
Paulo R. de Almeida
21/04/10 09:21

Xxxxxx disse...
Há tempos leio tanto o seu blog como a página oficial,para mim é referência
obrigatória,já fiz em 2006 uma prova do CACD,da bibliografia básica muitos livros
principalmente na área de história já tinha lido, a verdade que só eu fiz para analisar o
meu desempenho,não tinha muito tempo nem dinheiro para pagar um curso
preparatório,enfim depois do resultado,começei a me convencer que necessitava de um
mestrado,mas como eu queria estudar na Inglaterra só havia um jeito, bolsas de
estudos,acabei sendo convencida de ir na França e visitar as universidades,ganhei a
passagem fui nas férias, confesso que queria Inglaterra,pesquisei sobre universidades
francesas na área de mestrado em turismo Sorbonne, Poitiers e Avignon, chegando na
França fui convencida pelo departamento internacional da universidade de Avignon de
fazer mestrado em desenvolvimento cultural por se adequar mais ao meu perfil (embora
eu seja formada em turismo),eu realmente gostei da grade curricular do curso e tive uma
péssima impressão da Université Paris I (Sorbonne)...Depois dessa viagem fiquei mais
seis meses no Brasil e arquitetando um plano: ou conseguir bolsa ou trabalhar em um
navio de cruzeiros para então pagar o curso de francês e depois o mestrado,a verdade é
que passei dois anos viajando pelo mundo,voltei para o Brasil julho passado, a
experiência que mais influenciou para almejar uma carreira diplomática (e ainda
influencia) foi em 2004 ter sido escolhida como líder juvenil pela Unesco Chair Institute
da Universidade de Connecticut em um programa para líderes juvenis na área de
direitos humanos, com direito a conferência na universidade e visita a ONU.O que me
passa na cabeça é que creio que tenho capacidade de passar no exame do CACD ( mas
por comodismo não dei o melhor de mim),mas agora estou com 27 anos me mudando
para a europa,com planos de realmente fazer meu mestrado e voltar e tentar o
Itamaraty,creio que possa desenvolver uma técnica de estudo que me possibilite este
efeito estudando lá e só vindo para o Brasil para fazer o exame (espero que ...bom que
no atual governo os números de vagas não diminua), sinceramente a minha dúvida é
mais pela idade ,digamos que se houver exames ano que vem vou ingressar com 28,29
anos...neste caso não deveria olhar também com bons olhos as agências da Onu como
possibilidade? (Sim eu estou confusa não quero mais trabalhar em nada direcionado ao
turismo estou saturada).
Agradeço todas as informações passadas!
23/04/10 23:02
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Vá para a Europa, faça seu mestrado e ao mesmo tempo estude para o concurso e
prepare-se adequadamente para o ingresso na carreira. Eu ingressei na carreira com 28
anos completos, e acho que ate os 32 ou 33 ainda é aceitável em termos de carreira.
Não pense que você vai conseguir uma excelente posição em agências da ONU logo de
início: aquilo é um dinossauro burocrático, com todas as deformações do
apadrinhamento e da proteção.
Você pode, inclusive, tentar fazer o concurso no meio do mestrado, e se passar,
abandona o mestrado e continua no Brasil.
Estude e divirta-se na Europa...
Paulo Roberto de Almeida
24/04/10 09:29

Anônimo disse...
Ola Dr. Paulo,

Tenho 27 anos, inglês fluente - morei 3 anos no Canadá, espanhol avançado, estou
estudando francês e sou bacharel em Geografia. Começei a minha preparação para o
CACD e gostaria de saber até que idade eu poderia tentar ingressar tendo plenas
condições de sucesso carreira. Obrigada,
Xxxxxxx
02/05/10 18:09

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxxx,
Creio que voce pode ter uma carreira normal entrando até os 35 anos, mas isso vai
depender muito do fluxo da carreira nos proximos anos, ou duas decadas, pois as regras
podem sempre variar um pouco, como expulsorias, etc.
Paulo R Almeida
02/05/10 21:39

Mxxxxx disse...
Dr. Paulo,
há alguns anos venho acompanhando o seu blog(ou melhor, os seus blogs), pois o
desejo de seguir a carreira diplomática volta e meia aparece.
Tenho 22 anos e estou terminando meus estudos na Faculdade de Direito, mas acredito
que minha paixão por "ajudar as pessoas e o mundo" só será suprimida se eu me tornar
diplomata.
No entanto, minha única e maior angústia é apenas uma: como conciliar a carreira
diplomática com a vida familiar? É possível manter um casamento sem que o outro
cônjuge tenha que abdicar da carreira dele para seguir comigo nas missões
internacionais?No meu caso, meu namorado é advogado e almeja fazer um concurso
público futuramente.Acredito que isso facilite, estou correta?
E a criação dos filhos?
Por fim, pela experiência do senhor, como é a vida de uma mulher nessa profissão
Obrigado, desde já, pela paciência e gentileza em responder meus questionamentos.
Marcela
14/05/10 18:54

Mxxxx disse...
Dr. Paulo,

há alguns anos venho acompanhando o seu blog(ou melhor, os seus blogs), pois o
desejo de seguir a carreira diplomática volta e meia aparece.
Tenho 22 anos e estou terminando meus estudos na Faculdade de Direito, mas acredito
que minha paixão por "ajudar as pessoas e o mundo" só será suprimida se eu me tornar
diplomata.
No entanto, minha única e maior angústia é apenas uma: como conciliar a carreira
diplomática com a vida familiar? É possível manter um casamento sem que o outro
cônjuge tenha que abdicar da carreira dele para seguir comigo nas missões
internacionais?No meu caso, meu namorado é advogado e almeja fazer um concurso
público futuramente.Acredito que isso facilite, estou correta?
E a criação dos filhos?
Por fim, pela experiência do senhor, como é a vida de uma mulher nessa profissão?
Obrigado, desde já, pela paciência e gentileza em responder meus questionamentos.
Mxxxxxx
14/05/10 18:56

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxxxxx,
Grato pelo contato. Eu sempre recebo os comentarios nos blogs ou no site, mas nem
sempre tenho tempo de responder. Agora, por exemplo, estou em viagem pela China.
Mas vejamos se posso ajuda-la.
Comeco dizendo que voce nao deve "suprimir" a sua paixao, pelo menos esse tipo de
paixao, e sim promove-la em quaisquer circunstancias, sendo diplomata ou nao...
No plano da familia, a carreira impoe, sim, alguns constrangimentos, a menos que
ambos sejam diplomatas e possam conciliar obrigacoes de carreira com os deveres
familiares.
Veja o meu caso: minha mulher, antes de ser minha mulher, era economista,
trabalhando no Itamaraty, em projeto temporario. Nos casamos e logo fui removido para
o exterior, ela ainda gravida. É evidente que ela teve de abandonar sua carreira de
economista, pois que acabamos ficando seis anos no exterior, filho pequeno etc. Torno-
se historiadora, mas tambem teve a carreira interrompida todas as vezes em que fui
removido e partimos ao exterior. Dependendo do conjuge, pode ser stressante ou
mesmo frustrante, mas tem alguns que aproveitam para fazer aquilo que realmente
desejam fazer: hobbies artisticos, literarios, simples turismo cultural, etc.
Quanto aos filhos, nao se preocupe, eles sao muito mais fortes e flexiveis do que se
imagina. Meu filho fala sete linguas, com as constantes mudancas de escola que teve de
fazer. Creio que os filhos se beneficiam enormemente desse nomadismo.
Em qualquer coisa, alias, tudo depende do espirito das pessoas, como elas organizam
sua vida, como recebem as mudancas, como se adaptam aos lugares, as pessoas, as
linguas.
No nosso caso, sempre foi tudo muito bem, a despeito de postos de sacrificio e de
problemas eventuais.
Acredito que seus temores nao sao justificados, mas se voce se tornar diplomata, seu
marido seria obrigado a pedir licenca para acompanha-la. Estando no servico publico
federal, isso nao é problema: é concedido automaticamente, ainda que sem
vencimentos. Mas o salario no exterior dá amplamente para viver bem, desde que não se
cometam loucuras residenciais ou de mordomias...
Cordialmente.
----------------
Paulo Roberto Almeida
15/05/10 00:36

Anônimo disse...
Paulo, tirando a parte do incentivo,no sentido puro da palavra, o que você teria a dizer
para alguém que,pelo que se ouve, se acha ligeiramente incapaz de passar num concurso
como esse.
Amo geografia,história línguas mas eu ainda acho que me falta algo.
19/05/10 20:49

Paulo R. de Almeida disse...


Ultimo Anônimo,
Se a pessoa se sente incapaz, mas tem vontade, tempo e condicoes (digamos, menos de
30 anos) para tentar, entao eu diria que, se a vontade é efetiva, ela deveria tentar se
tornar capaz, o que se consegue simplesmente estudando.
O concurso é reconhecidamente difícil, mas não se trata de algo impossível ou
sobrehumano. Nada que muito estudo não consiga resolver.
Portanto, eu recomendaria estudo, pois isso serve para qualquer coisa na vida.
Pode até não resultar em um diplomata, mas certamente vai resultar em uma pessoa
melhor preparada para muita coisa na vida.
Paulo Roberto de Almeida
19/05/10 20:54

Anônimo disse...
Paulo Roberto, venho já há algum tempo seguindo seu site e blog, com respectivas
publicações e comentários dos leitores.

Confesso que fico admirado com suas dicas acerca da carreira diplomática, tirando
quase todas as dúvidas de quem tem algum interesse em seguir a carreira.

Vamos ao meu caso em específico: Fiquei muitos anos sem estudar, pois acabei
dedicando minha vida ao serviço público, deixando de lado meu crescimento pessoal.

Embora tardiamente, dei início a um curso de inglês (já estou no nível avançado).
Tenho 33 anos, e darei início ao curso de Administração na UFRGS agora em agosto.
Ao longo destes cinco anos, pretendo concluir o inglês, reforçar meu espanhol, e dar
início a um curso de francês.

Meus planos são de prestar o concurso para diplomacia, tão logo termine a faculdade.
Sei que serei um pouco velho aos 38 anos, mas estou pronto para enfrentar esse desafio.

Tenho algumas dúvidas:

1) Gostaria de saber até que nível de ascenção funcional tenho condições de chegar,
começando com a idade de 38 anos.

2) Outra dúvida é em relação ao subsídio inicial, de aproximadamente R$12.400,00, se


há mais algum valor a ser adicionado como auxílio moradia, etc...

3) Durante o Mestrado no Instituto Rio Branco, o servidor tem direito a todas as


vantagens do cargo, ou é tratado como um estudante?

Minha dúvida, é pelo fato de que sou casado e tenho uma filha, mas minha esposa apoia
meus planos de dedicar grande parte do meu tempo no aprendizado de idiomas, na
graduação, na leitura prévia de todas as obras indicadas e do que for preciso para isso.

Nos encontramos daqui a cinco anos no Itamaraty. Pode ter certeza disso.
Grande abraço!
Xxxxxxxxx
13/06/10 19:49

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxxxx,

1) Gostaria de saber até que nível de ascenção funcional tenho condições de chegar,
começando com a idade de 38 anos.
Ascensao é com s, não com ç. Acho que voce entrando com 38 nao passaria de Primeiro
Secretario antes de entrar no Quadro Especial, e provavelmente se aposentaria nessa
condição. Acho muito tarde para fazer uma carreira satisfatoria.

2) Outra dúvida é em relação ao subsídio inicial, de aproximadamente R$12.400,00, se


há mais algum valor a ser adicionado como auxílio moradia, etc...
Nao tem outro subsido a nao ser o familiar e transporte, talvez alimentacao, pequenos.
Moradia nao creio que se consiga, pois existem muitos diplomatas para os imoveis
disponiveis agora. Voce teria de alugar no mercado, o que em Brasilia significa precos
mais altos. Se sua esposa trabalhar sria mais facil, do contrario vai viver apertado,
porque escolas privadas tambem sao caras em Brasilia.

3) Durante o Mestrado no Instituto Rio Branco, o servidor tem direito a todas as


vantagens do cargo, ou é tratado como um estudante?
Ja entra como Terceiro Secretario, mas hierarquia existe e a disciplina tambem. Vai ser
tratado como Terceiro Secretario, com algum paternalismo associado.
14/06/10 00:03

Anônimo disse...
Bom dia Paulo Roberto.

Continuando, talvez seria tarde para uma carreira satisfatória, mas melhor do que uma
carreira medíocre em uma estatal que não valoriza seus funcionários, que é minha
situação atual.

Desculpe, mas tenho mais duas dúvidas:

Então o funcionário pode trabalhar até que idade sem pensar em aposentadoria, para que
possa usufruir de toda a ascensão na carreira?

O que significa "entrar no Quadro Especial? Depois de entrar, não há mais crescimento
na carreira?

Atenciosamente
Xxxxxxxx
14/06/10 08:45

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxxx,
O Quadro Especial, vulgarmente chamado canil, é o "encosto" para onde vão os
diplomatas que ultrapassaram certa idade em sua categoria. Nao me interessei nunca por
questoes administrativas, mas creio que deve ser 45 para Terceiro, 48 para Segundo e
50 para Primeiro Secretario, depois 55 para Conselheiro, 60 para Ministro de Segunda e
65 para Ministro de Primeira (Embaixador), ainda que a aposentadoria compulsoria seja
aos 70 anos, conforme a Constituição.
Depois de entrar no QE pode haver progressao, mas muito lenta e depende de vagas.
Enfim, acho que voce nao deve se preocupar com essas coisas e sim em estudar para
entrar.
Mas nao pense que o Itamaraty seja muito diferente de uma estatal. Se trata de uma
espécie de Vaticano, uma Santa Casa, se voce quiser...com todos os atributos do
genero...
Paulo Roberto de Almeida
14/06/10 10:23

Anônimo disse...
Paulo Roberto,

Realmente, o que me incomoda de verdade nas estatais é a progressão não por


merecimento, mas sim exclusivamente por questões políticas. Pessoas completamente
despreparadas e sem formação alguma acabam sendo chefes de administradores.

Isso acontece nos Correios, na Petrobrás, no Banco do Brasil, entre inúmeras fundações,
autarquias, Sociedades Anônimas, etc.

Ao menos, parece que na carreira diplomática há menos política envolvida.

Agradeço pelo esclarecimento às minhas dúvidas.

Darei continuidade aos meus estudos...

Grande abraço!
Xxxxxxxx
14/06/10 10:48
Paulo R. de Almeida disse...
Ilusao achar que na carreira diplomatica decisoes quanto a promocao, remocao,
designação para funções são isentas de vieses politicos e até pessoais.
Pessoas são humanas, ao que parece, em qualquer lugar, época e circunstância...
Paulo Roberto de Almeida
14/06/10 11:36

Anônimo disse...
Boa noite Paulo.
Sempre me interessei pela carreira diplomática.
No entanto, após formar-me em direito, talvez por uma necessidade imediata, estudei
para as carreiras jurídicas. Desde 2004 sou procurador federal.
Embora estável no serviço público e com uma boa remuneração, sinto que falta algo
para minha realização profissional , talvez porque gosto muito de línguas, política,
história e economia.
Vendo o seu blog, pensei em tentar novamente realizar esse sonho. Porém, embora com
inglês avançado e já tendo lido alguns livros da bibliografia básica do concurso por
prazer (como história e os livros obrigatórios de português) estou com 34 anos.
Acha que ainda há tempo de tentar e ter uma carreira completa?

Obrigado pela atenção.


Xxxxxx.
29/06/10 20:38

Anônimo disse...
Prezado Paulo,

Sou analista judiciário há cinco anos, tempo esse suficiente para que eu percebesse que
não me realizaria profissionalmente na área jurídica.
Diante disso, passei a buscar informações sobre outras carreiras e me deparei com o seu
blog.
Desde então, cresce em mim o interesse pela carreira diplomática.
Meu inglês é básico e acabei de completar 31 anos de idade; entretanto, tenho um bom
conhecimento da língua portuguesa, facilidade na redação e interpretação de textos,
aproximadamente quatro horas de tempo livre para estudo por dia, possibilidade de
arcar com os custos de um bom cursinho e viagens ao exterior para aprimoramento de
línguas estrangeiras.
Ainda há tempo de perseguir essa carreira? Se sim, qual deveria ser o primeiro passo
nos meus estudos?
Desde já muito agradecida.
Vxxxxxx
29/06/10 20:58

Paulo R. de Almeida disse...


Vxxxx, Axxxxx,
31 anos ainda está bem, mas 34 já está quase no limite para uma carreira bem sucedida,
pois a progressão é lenta e não se pode esperar cumprir todas as etapas intermediarias
ate o pico da carreira, ministro de primeira ou embaixador.
Deve-se comecar pelo habitual: ver o Guia de Estudos, mapear as fortalezas e fraquezas
e comecar a estudar seriamente, eventualmente investindo em cursinho, mas os colegas
sempre serao bem mais jovens...
Paulo Roberto de Almeida
29/06/10 22:54

Mxxx disse...
Então, quem já passou dos 50, melhor não aspirar à diplomacia? Um 3º secretário faz
exatamente o quê? Obrigada.
03/07/10 21:18

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxx,
Quem ja passou dos cinquenta não tem nenhuma chance de progredir na carreira
diplomatica por imposicao de limites de idade em cada classe. Nem vale a pena tentar.
Quanto ao que faz um terceiro, um segundo ou qualquer outro diplomata, voce leia o
que ja escrevi em meu site: www.pralmeida.org
Paulo Roberto de Almeida
03/07/10 23:20

Xxxxxxxx disse...
Primeiramente, tenho 19 anos e irei agora para o 4º semestre de Relações Internacionais
numa universidade particular com bolsa integral do Prouni – estudei Fundamental em
escola pública e o Médio em particular com bolsa integral. Considero muito fraco o
ensino, e é gritante a necessidade de uma graduação clássica para ingressar em RI, de
qualquer forma devo concluir o curso. Meu inglês está razoável e já planejei viajar nas
férias de julho do ano que vem para Liverpool pela universidade para aperfeiçoa-lo.

Aos 16 anos ganhei uma viagem à Brasilia no Concurso de pesquisa cientifica


promovido pelo IBECC/UNESCO/CNPq na área de História, sou apaixonada por
pesquisa, mas infelizmente não posso me dedicar totalmente, já que não posso deixar de
trabalhar (trabalho desde os 15, tempo integral).

O fato é que estou em dúvida se após a graduação me dedico no Concurso ou inicio um


mestrado, ou até mesmo viajo para fora. Sei das minhas limitações quanto ao tempo de
dedicação de estudo posto que trabalho em período integral, mas sou extremamente
dedica, autodidata, leio muito (não só por necessidade acadêmica, mas por prazer,
literatura me consome), professores já me indicaram tentar uma graduação tradicional
numa universidade pública (CS, Economia, etc.), outros me incentivam terminar RI e
decidir depois.

Se puder, gostaria de dicas para o meu caso.

*seu currículo é de provocar suspiros em nós, aspirantes.


05/07/10 11:14

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxx,
Meu curriculo, com 19 anos, nao devia ser muito diferente do seu, talvez até pior, pois
nunca tive bolsa, e trabalhei desde muito cedo na vida, desde muuuiiiito cedo.
Pelo menos, em minha epoca, a escola publica ainda era risonha e franca, ou seja, de
boa qualidade. Infelizmente, sei que NINGUEM, que estude apenas em escola publica,
hoje, tem qualquer chance, provavelmente nenhuma, de ter alguma chance na vida,
justamente, a não ser que a pessoa seja como eu sempre fui: um rato de biblioteca.
Aprendi a ler na tardia idade de 7 anos, mas nunca parei de ler, em toda a minha vida,
assim que pude ingressar na carreira de modo relativamente tranquilo, mas isso um
pouco mais tarde, apenas com 27 anos. So comecei a construir curriculo depois disso.
Entendo que voce vai ter muitas dificuldades, mas se voce acredita e tem vontade, vá
em frente: durma pouco, leia no onibus (se der), leia o tempo todo e tenha uma
formação autodidata, como eu tive. Hoje em dia se pode formar na internet, uma chance
que eu nao tive, por simplesmente nao existir.
Nao tenho dicas especiais para voce, a nao ser ler o tempo tido, e anotar, se possivel, o
que ler, mas se nao der, apenas leia.
Você conseguirá, pois ainda tem dois ou tres anos pela frente...
Boa sorte nos estudos.
Paulo Roberto de Almeida
05/07/10 11:58

Xxxxxx disse...
Olá, meu nome é Xxxxxxx e moro em Natal/RN. Tenho umas dúvidas acerca do
concurso para MRE / terceiro - secretario. Tomo remédios controlados( antipsicóticos)
mas mesmo assim gostaria de fazer o concurso para Diplomacia. Há algum
impedimento? Ou posso participar do concurso sem nehuma preocupação? Tenho que
me inscrever como deficiente na hora da inscrição do concurso?
18/07/10 15:26

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxx,
Nao existe nenhum impedimento a que voce faça o concurso tomando remédios,
inclusive porque ninguém sabe disso no momento da inscrição.
Nao sei se o que você tem pode ser classificado como deficiência, caso no qual você
teria essa inscrição especial e talvez alguma facilidade que eu tampouco sei dizer qual
seria.
Acredito que voce deva consultar o proprio Instituto Rio Branco sobre isso. Creio que
deficiência é mais de tipo motora, ou física, do que algum disfunção de comportamento
que não afete o raciocínio e a intelegibilidade.
Paulo Roberto de Almeida
18/07/10 23:21

Xxxxx disse...
Olá doutor Paulo Roberto, como vai?
Sou advogada, tenho 27 anos, pós graduada em direito civil. Apesar de atuar na área em
que me especializei, há algum tempo venho acalentando a idéia de tentar o concurso da
diplomacia. Venho de uma família pobre do interior, mas sempre tive interesse em
estudar. Cresci frequentando a biblioteca municipal, lendo os clássicos, amando a
história mundial e do Brasil, a geografia, a gramática, a literatura. Interesso-me
profundamente pelos assuntos ligados à política internacional, e sempre me atualizo
com jornais e revistas. Meu tema de monografia na graduação, inclusive, foi uma
análise sobre o protocolo de Quioto e o aquecimento global, pois sempre gostei de
direito internacional, especialmente os debates ligados ao ramo ambiental.
Penso ter alguma condição de, ao menos, pensar em fazer a prova da diplomacia.
Contudo, possuo um inglês elementar, consigo ler alguns textos mas escrevo pouco. O
mesmo com o italiano. Mas confesso não saber espanhol e francês.
Com toda a sua experiência, especialmente como professor, o senhor acha que tenho
condições de fazer essa prova futuramente?
Desculpe tomar seu tempo, sei que é precioso. Mas é que seu comentário tem para mim
grande valia. Será através dele que decidirei o caminho a traçar. Obrigada.
26/07/10 10:24

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxxx,
Não tenho certeza de ter respondido a esta sua mensagem pessoal, pois estava viajando
e terminando trabalhos. Se não fiz, faço-o agora.
Se você tem muitas e boas leituras, a despeito de não ter tido um ambiente familiar dos
mais favoráveis a uma boa formação, como a maior parte dos candidatos (que são,
presumivelmente, de classe média e alta), você já tem um bom começo, pois a carga de
leituras, as referências culturais acumuladas ao longo da vida são importantes numa
prova de redação.
Mas, você antes precisa passar no teste inicial, que é uma coleção enfadonha de
interpretações subjetivas e outros tantos dados objetivos, que só se adquire lendo os
textos "certos", aqueles selecionados na bibliografia oficial (antigamente era diferente, a
criatividade pessoal, a capacidade de raciocínio eram mais valorizados, agora virou uma
coisa mecânica). Você precisaria aperfeiçoar tremendamente o seu inglês, o que não é
difícil, basta dedicação, algumas horas por semana, se possível 1h por dia. Teria de ter
outra língua, de preferência espanhol, o que tampouco é dificil.
Fazendo isso, voce tem e deve fazer a prova ja no ano que vem, para testar seus
conhecimentos. Talvez não entre imediatamente, mas saberá o que tem de aperfeiçoar.
Paulo R Almeida
30/07/10 13:01

Xxxxx disse...
Olá, estudo Direito em uma universidade estadual. Apesar de sempre gostar do curso de
Relações Internacionais, por ter passado imediatamente no curso de Direito resolvi
cursá-lo.
Porém, tendo em vista não desistir de um 'sonho' antigo, agora, no meio do ano, prestei
Relações Internacionais e passei, em uma faculdade federal(de outro estado)que está
iniciando o curso agora(eles estão no segundo ano de curso, quarta turma).
Gostaria de saber qual seria uma melhor opção pra mim no momento, para que no
futuro eu tenha mais chances de iniciar a carreira diplomática.
Agradeço desde já a ajuda.
03/08/10 16:44

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxx,
Os cursos de relações internacionais costumam ser fraquinhos e não levar a grandes
perspectivas no mercado de trabalho, pela indefinição geral de curriculos e
especializações. Você não pode partir do pressuposto de que se tornará diplomata em
seguida. Muitos diplomatas tem as formações as mais diversas.
Eu recomendaria que você fique em Direito, como profissão, e se dedique
paralelamente e seriamente aos estudos para ingressar na diplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
03/08/10 21:58

Xxxxxx disse...
Olá. Como vai? Tenho 22 anos e estou no último semestre do curso de Direito. Tenho
muito interesse na área diplomática. Adoro Direito Internacional. Sempre fui
apaixonada por inglês e sempre tive muita facilidade com o português. Porém, quanto a
história e geografia, só tenho o background do que estudei no Ensino Médio, que foi
muito bem feito. Estudei numa escola exigente e dei o meu melhor. Quanto a Economia
e Ciências Políticas, tenho uma base muito superficial. Quanto a francês e espanhol,
nunca estudei essas matérias. Pretendo passar em outro concurso antes de estudar para o
Instituto Rio Branco,pois devido especialmente à minha falta de conhecimento nessas
últimas matérias, penso que levará algum tempo até a minha aprovação no concurso
para admissão à carreira diplomática.
O que o senhor acha ?
14/08/10 11:45

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxx,
Eu acho que se voce tem intencao de passar no concurso do Itamaraty,
independentemente de se sentir ou nao preparada para ingressar agora, você deveria se
inscrever e fazer as provas, as que passar, e até onde der. Será uma maneira de já ir se
familiarizando com o estilo de questoes demandadas em provas desse tipo, experiencia
para saber administrar o tempo, constatar quais suas fortalezas e fraquezas, alem dessas
agora percebidas ou intuidas, ou seja, eu acho que voce nao perde nada em ir tentando
sempre quando puder. Estude muito agora para o proximo concurso, que abre no
comeco de 2011, e tente sua chance.
Boa sorte nos estudos.
Paulo R. Almeida
14/08/10 12:55

Gxxxxxx disse...
Olá, estou no 2º ano do Ensino Médio e já me decidi por seguir a carreira diplomática.
Faço cursos de inglês, espanhol e francês e sempre tive maior facilidade para a área de
humanas. Porém estou em dúvida entre os cursos de RI ou Direito, ambos na USP. Qual
seria o mais recomendado para o CACD?
Obrigada, e parabéns pelo seu trabalho!
05/10/10 00:24

Paulo R. de Almeida disse...


Gxxxxxx,
O mais indicado, com certeza, é o curso de RI, o que não quer dizer que seja o melhor,
seja intrinsecamente, em termos de qualidades e méritos próprios, seja em termos de
mercados e oportunidades de trabalho.
Um curso mais tradicional como o de Direito talvez ofereça maiores oportunidades de
trabalho, até que você consiga entrar no MRE. O concurso do Itamaraty é muito
exigente.
Claro, se voce comecar a estudar desde já, e estudar por sua própria conta, sem esperar
nada de faculdades e cursinhos, você já estará bem mais preparada para esse concurso.
Boa sorte nos estudos.
Paulo R Almeida
05/10/10 04:53

Xxxxxx disse...
Dr. Paulo Roberto,

Tenho algumas dúvidas sobre a carreira da diplomacia, entretanto gostaria antes de


descrever um pouco o meu perfil para o senhor.

Tenho 21 anos e estou entrando no 4º ano de Direito da Universidade Federal da


Paraíba. Não obstante faltarem apenas 4 semestres para eu me formar, a cada dia que
passa acho o Direito mais e mais entediante. Por mais que à época de prestar o
vestibular a idéia de ser advogado parecesse muito empolgante, hoje em dia não consigo
me imaginar passando o resto da vida meramente decorando artigos de códigos e
repetindo mecanicamente conceitos doutrinários arbitrários e puramente retóricos.
Exceto por Filosofia do Direito (a única disciplina jurídica que realmente desperta
algum interesse em mim), desde que entrei na universidade meu grande prazer
acadêmico tem sido unicamente estudar Economia por conta própria – tenho uma
grande base de micro e teoria dos jogos, sendo o meu maior foco atualmente em
institutional economics.

Acredito que tenho uma forte vocação acadêmica: além de teoria econômica, leio muito
lógica, fenomenologia, filosofia da ciência em geral e epistemologia das ciências
sociais; e sempre gostei de estudar novas línguas estrangeiras, sobretudo para ter acesso
a bibliografias mais diversificadas (leio em inglês, alemão e holandês). Contudo, o
ambiente universitário da minha cidade e adjacências não é nada propício para se fazer
pesquisa nas áreas que me atraem (aqui só tem desconstrucionistas, adeptos da
hermenêutica filosófica e sociólogos no estilo frankfurtiano, pessoas perto das quais
considero exercer a advocacia um mal menor).

Levando em consideração os posts que pude ler do senhor neste blog acerca de sua
carreira, sinto-me tentado a acreditar que a diplomacia seria uma boa alternativa para
mim na medida em que não apenas me permitiria seguir meu lado acadêmico sem
instabilidades econômicas como também me estimularia ao máximo a desenvolvê-lo e
ainda aplicá-lo cotidianamente no exercício da profissão.

Tendo explicado esse meu background, pergunto ao senhor:

- O CACD é realmente tão inacessível quanto parece e todos dizem que ele é?
- É utópico acreditar que, se eu me concentrar na matéria do concurso pelos próximos 2
anos, passarei no exame tão logo eu termine a faculdade?

Embora eu acredite que seja possível passar em qualquer concurso com a quantidade
certa de tempo e dedicação, não gostaria de ser um estorvo para meus pais por anos a
fio para conseguir realizar esse objetivo, somente vivendo de mesadas e produzindo
apenas sonhos.

É quase um dilema do prisioneiro: se eu priorizar os estudos diplomáticos e não for


aprovado no concurso, dificilmente terei condições técnicas de advogar em área alguma
após a graduação; se eu priorizar os estudos jurídicos, aí é que dificilmente serei
aprovado mesmo. Por conta disso, acabo ficando nesse “chove, não molha” e não me
motivo para investir a sério em nenhuma das duas coisas.

Por último, tenho ainda mais uma dúvida, a qual não tenho certeza se o senhor poderá
me esclarecer. Em um eventual Mestrado em Diplomacia, alguma coisa do meu
conhecimento em teoria dos jogos (que é basicamente matemática pura combinada com
axiomas de Economia para modelar escolhas e comportamento estratégico) poderia ser
aproveitada? Ou a carreira no Itamaraty só permitiria abordagens mais "clássicas"?

Muito obrigado desde já.


05/11/10 03:04

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxx,
O CACD é difícil, mas não inacessível, tanto que TODAS as vagas abertas tem sido
preenchidas nos últimos anos, o que nem sempre era o caso nos concursos passados,
com vagas sobrando (pois os exames de entrada eram mais rigorosos e a seleção pessoal
de uma banca impiedosa cortava muita gente boa, por achar que não tinham vocação
para a diplomacia).
Hoje ficou muito mecanico, com aquelas perguntas previsiveis que as pessoas que
fizeram os cursinhos preparatorios acertam quase todas. Sobra o conhecimento perfeito
de Português, literatura inclusive, o domínio do Ingles, e uma boa redação em algumas
areas setoriais, como fatores decisivos.
Se voce se concentrar na MECANICA do concurso nos proximos dois anos e tiver uma
boa cultura geral, como voce tem, voce passa, mas tem de ter os macetes do concurso,
que geralmente um cursinho dá.
Acho que você deveria estudar para a advocacia, que é o que lhe vai dar dinheiro
enquanto voce nao passar, e se preparar ao mesmo tempo para o concurso do IRBr.
Esqueça por enquanto o curso do Rio branco, esqueça a carreira e o que vai fazer nos
dois, e se concentre unicamente no concurso. Depois você se preocupa com o que é
secundário por enquanto.
Nem no Rio Branco, nem na carreira você vai precisar, infelizmente, de teoria dos
jogos: eles estão muito aquém disso.
Repito: forme-se advogado, estude para o concurso. Você ainda é muito jovem, e pode
entrar tranquilamente com 24 ou 28 anos.
Paulo Roberto de Almeida
05/11/10 03:44
Mxxxxxx Oxxxxxx disse...
Dr. Paulo Roberto,

Bom Dia! Acabo de ler sobre o questionário feito ao senhor por uma aluna do curso de
administração e me identifiquei demais com suas respostas, muito parecido comigo,
pois sou um cara que não respeito hierarquias também, sou meio anarquico e gosto de
tomar minhas decisões por mim próprio. Também fico meio que indignado com todos
os acontecimentos recentes no Brasil, sobretudo no que diz respeito a impunidade e a
corrupção.
Além disso, eu agora tenho mais certeza ainda que essa é a carreira que quero seguir,
tenho determinação, vontade e além de tudo gosto de estudar, sobretudo temas de
economia, relações internacionais e línguas estrangeiras.
Falando sobre línguas estrangeiras, eu tenho vontade após eu passar no concurso estudar
sete línguas estrangeiras, que são além do inglês, espanhol e francês, o alemão, italiano,
russo e chinês, tenho um sonho de falar como nativo todas essas línguas, acredito que
me servirá na carreira e sobretudo é algo como realização pessoal como o senhor
mesmo disse que estuda por isso também. Eu tenho a curiosidade de saber quantas
línguas o senhor fala e se acredita ser possível alguém falar como nativo sete línguas
estrangeiras como pretendo e se o senhor conhecer alguém como tal.
Preciso lhe agradecer pois todo dia que leio seu bog eu ganho mais força ainda para
seguir em direção a essa tão sonhada caminhada que ainda "efetivamente" nem
comecei, considerando que estou no 7º semestre em administração com ênfase em
comércio exterior, onde começarei "efetivamente" no ano que vem.
Ficaria muito grato pela honra de uma resposta do senhor.
Grato,
Mxxxxx Oxxxxxx.
12/11/10 11:15

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxxxx,
Nao se preocupe agora com tantas linguas e sim com as materias, em seu conjunto, que
voce precisa saber muito bem para poder entrar. Vc precisa ser otimo em Português, em
Inglês e saber razoavelmente bem uma uma outra lingua, para fins de classificação. Mas
precisa saber muito bem historia, geografia, economia, etc.
Primeiro entre, e depois voce estuda sete linguas. Alias, o numero de linguas que meu
filho fala, por ter morado ou estudado em sete linguas.
Eu so falo quatro ou cinco...
12/11/10 21:01

Xxxxxxx disse...
Xxxxxxxx
Sr. Paulo, o senhor já deve estar exausto de auxiliar jovens que tem como meta principal
a carreira diplomática, e percebo que já tirou dúvidas em varias áreas, embora prefira
focar no concurso.Eu poderia ser mais um desses jovens??
Tenho 16 anos, e me dedico á carreira diplomática desde os 11 anos, tendo como uma
meta principal, embora tenha mantido uma relação de ''amor e ódio'' com ela durante
esses últimos anos, devido aos comentários gerais sobre a impossibilidade de passar no
concurso, mas prefiro não pensar dessa forma.
Já falo inglês e francês fluentemente, e gostaria de aprender espanhol durante a
faculdade, mas estou um pouco em duvida com relação á faculdade.
Sempre pensei em R.I., mas vejo que você, por exemplo, não gosta muito do curso de
R.I., afirmando que são ''fraquinhos'' em geral, e que não fornecem possibilidades de
empregos..
Penso em R.I. devido a semelhança da grade curricular com as materias que caem no
CACD...
Qual você acha que seria a melhor preparação para alguem que está na minha situação,
ainda se rpeparando para ingressar em alguma universidade, e totalmente focalizado no
CACD, disposto a passar anos estudando ininterruptamente para o concurso?
Grato desde já!
07/12/10 23:51

Paulo R. de Almeida disse...


Caro Xxxxxxxx,
Voce tem razao: a interface é essa mesma, de curso de RI. Faça o curso, pois você já
sabe o que tem de aprender e o fará sozinho, sem depender de professores e apostilas.
Você já é um diplomata, apenas só falta entrar, mas isso é um detalhe para voce.
Paulo Roberto de Almeida
08/12/10 01:09

Xxxxxxx disse...
Sr. Paulo, sou eu mais uma vez! Mas desta para agradecer sua gentileza e suas palavras
animadoras, que foram muito importantes para mim.
Muito obrigado!
08/12/10 23:21

Anônimo disse...
Saudações Dr. Almeida,
Primeiramente, me sinto obrigado a expressar a euforia em degustar cada palavra que o
Sr. emprega em seus artigos. Tardiamente, encontrei seus blogs, no entanto, tenho muito
tempo livre para compensar o perdido. Bem, tenho 16 anos e sonho com a carreira
diplomática desde o início de 2009. Desde então, comecei a me esforçar neste objetivo;
hoje, possuo inglês avançado e espanhol intermediário. Minha paixão abrupta por
línguas, culturas, enfim, pela "novidade" em si não me deixa outra opção.
Definitivamente, não consigo me imaginar em outra profissão. Sou estudante do 3º ano
em escola pública federal. Tenho acumulado certas conquistas nesta área: já viajei ao
Uruguai (onde me encontrei com o Ex-ministro Celso Amorim), a Colômbia, e a vários
estados do país participando de eventos importantes. Ademais apresentações, contato-
lhe pois pretendo cursar UnB, e estou entre os cursos de Direito, RI e Ciência POlítica.
As minhas inquietações referentes: Direito, acredito ser um curso muito específico,
apesar das posteriores pós-graduações que poderiam ser feitas na área de RI, Direito
Internacional ou outras; RI, acredito ser um curso fantástico, que proporciona muitas
expectativas em relação a fazer intercâmbios durante a graduação e na área de estudo;
Ciência Política, também é um curso fantástico e, pelo que vi na grade curricular, é o
curso, dentre esses três, que mais é flexível, podendo cursar várias matérias opcionas e
adicionais de interessa diplomático.
Contudo, peço desculpas pelo meu português, caso haja algum erro. Espero que tenha
sido claro. E reafirmo minha admiração pelo diplomata que o Sr. é.
Cordialmente, Cxxxxxx Sxxxxxxx.
13/02/11 18:28

Paulo R. de Almeida disse...


Cxxxxxx,
Você me parece nem orientado e sobretudo bem decidido, desde já. Creio, assim, que
você já É diplomata, só faltando os detalhes de terminar a graduação e passar no
concurso.
Mas, refreie esse seu entusiasmo pelos cursos universitários, pois por melhor que eles
sejam, nunca vão lhe dar tudo o que você precisa em termos de preparação adequada.
Faça um desses cursos, embora eu não recomendo muito RI que acho fraquinhos em
geral (mas não na UnB, que tem bons cursos, certamente), mas dependa sobretudo de
você mesmo.
Estude sozinho e se prepare de forma autodidata, pois não já nada melhor do que tratar
de sua própria formação, lendo os livros.
Existe pouca coisa fora dos livros que os professores podem lhe ensinar e
provavelmente nada que eles possam lhe ensinar que você não encontra na internet.
Assim que faça você mesmo o seu curso de formação, em qualquer área, lendo livros e
buscando na internet o que você quer saber.
O diploma é só um canudo, um certificado, e certamente você precisa dessa coisa para
se candidatar em concursos, mas ele não vale absolutamente nada em termos de
conhecimento se você não estudar por sua própria conta.
Confie em você mesmo, e bons estudos.
Paulo Roberto de Almeida
13/02/11 18:44

Dxxxx disse...
Dr. Paulo,
Muito válido foi ler suas postagens tanto pelo conhecimento como pela sabedoria.
Cursei Direito, advogo no momento e trabalhei 18 anos na Secretaria da Segurança em
SP. Depois cursei pós em Relações Internacionais e encontrei o que procurava, unir o
Direito às relações internacionais.
Tenho 39 anos, marido e filho e a vida estabilizada no que diz respeito à constituição de
família e apoio familiar.
Pelos comentários, fiquei receosa da idade para prestar o exame, contudo, internamente
é algo que me cala muito fundo.
Estou construindo um blog. O Sr. poderia dar sua opinião?
Grata,
Axxxxx
03/03/11 16:44

Anônimo disse...
dr paulo
primeiramente eu quero lhe parabenizar pelo blog, que me foi muito útil e esclarecedor.
A dúvida que tenho é de quanto tempo o senhor acha que eu precisaria de estudo para
ter um nível avançado, ou pelo menos necessário para passar no concurso, nos idiomas
francês e espanhol, sendo que estudaria os dois ao mesmo tempo. O sr acha que três
anos de estudo nos dois, seria o suficiente?
grato,
Xxxxxx
04/03/11 02:24

Lxxx Rxxxxx disse...


Dr. Almeida,
Há algum tempo venho acompanhando seu blog, lendo os posts, comentários, dicas e
etc. Somente agora tomei coragem de fazer uma pergunta bem específica publicamente.
Para preservar um pouco minha intimidade, tomei a liberdade de usar um codinome.
Sou servidor municipal há 5 anos e sempre muito curioso em diversos assuntos
relacionados a área da diplomacia, mas não necessariamente específicos do concurso.
Tenho conhecimento em idiomas: inglês, francês e italiano. Inclusive já lecionei o
primeiro em uma escola de idiomas. Já estive dois meses na Itália também. Porém,
minha situação é, acredito, delicada. Sou soropositivo há 3 anos e ano passado iniciei o
tratamento com os remédios pouco antes de minha viagem à Itália. Apesar de hoje em
dia essa doença ser crônica e controlável, ainda há muito preconceito e pergunto: ela
seria um empecilho na carreira de um diplomata (visto que há a necessidade de ser
nômade, como o Sr. mencionou)? Acha que meu tratamento pode ser prejudicado por
essa constante mudança de países/regiões? Tenho interesse na profissão, mas sou um
realista e também completo 30 anos este ano, quase na idade limite para uma carreira
satisfatória. Qual a sua opinião?
Parabéns pelo trabalho e principalmente a atenção em que responde às questões, o que
me deixou mais a vontade para exprimir esta dúvida.
24/03/11 01:59

Paulo R. de Almeida disse...


Lxxxx Rxxxxx,
Não tenho certeza sobre se ainda são conduzidos exames médicos na fase final do
concurso e para a admissão oficial. No meu tempo havia inclusive testes psicológicos,
daqueles bem idiotas, e muitos eram bombardeados nessa fase, por revelarem sabe-se lá
qual traço esquizóide. Em outros tempos havia também uma banca terrível, onde
pontificava um famoso "deer hunter", zeloso guardião da pureza heterossexual do MRE.
Deve ter falhado várias vezes, pois a nossa fauna é variada.
Não creio que existam problemas e imagino que uma discriminação desse tipo seja
inconstitucional.
Existem na carreira, abertamente ou veladamente, vários soropositivos. Alguns
morreram, mas isso foi bem no início, quando a informação era deficiente. Eu conheço
pelo menos dois que sobrevivem há quase duas décadas na base do coquetel de
remédios habituais. O conhecimento médico assegura uma vida quase normal, como
você deve saber.
Não creio que o nomadismo da carreira afete o tratamento, pois os procedimentos hoje
são bem conhecidos.
Preconceito sempre haverá, pois seres humanos são assim, mas acredito que você pode
realizar uma carreira quase normal se ingressar com base em seus resultados
intelectuais.
Eu lhe desejo dedicação nos estudos e boa sorte nos exames.
Paulo Roberto de Almeida
24/03/11 02:29

Anônimo disse...
Olá Dr. Paulo
Tenho 14 anos e a pouco tempo li seu blog, estou interessada em ser diplomata mas
tenho algumas duvidas, gostaria de saber se a Matemática é uma matéria de muito peso
para quem quer ser diplomata, pois tenho dificuldade nesta matéria,mas em
contrapartida gosto muito de inglês inclusive faço curso além de gostar de viajar e não
ter problema em ficar longe da família por um longo tempo. E só mais uma curiosidade
gostaria de saber se diplomata tem férias?
01/05/11 17:15

Anônimo disse...
Olá Dr. Paulo
Tenho 14 anos e a pouco tempo li seu blog, estou interessada em ser diplomata mas
tenho algumas duvidas, gostaria de saber se a Matemática é uma matéria de muito peso
para quem quer ser diplomata, pois tenho dificuldade nesta matéria,mas em
contrapartida gosto muito de inglês inclusive faço curso além de gostar de viajar e não
ter problema em ficar longe da família por um longo tempo.
Grata desde já.
Gxxxxxxx
01/05/11 17:41

Paulo R. de Almeida disse...


Gxxxxxxx,
Voce fez bem em escrever e em manifestar a intenção de se tornar diplomata desde os
14 anos. Acho que você tomou a decisão correta, no tempo certo. Se você começar a se
preparar desde já, poderá ser uma diplomata desde sua formação universitária, à
condição que leia os livros da bibliografia e que estude de maneira adequada de aqui até
lá, digamos pelos próximos seis ou sete anos.
Matemática não é uma disciplina exigida nos concursos de entrada, mas economia sim.
Para você ter um conhecimento e compreensão adequados de economia, você precisa
saber um pouco de matemática, e eu recomendaria que você fizesse um esforço nessa
matéria, pois se trata de uma importante área de conhecimento, aliás bastante
instrumental para a sua vida, e não apenas para uma boa compreensão da economia.
Tenha uma boa cultura clássica, ou seja, humanidades, mas também não despreze a
matemática e a economia, inclusive estatística.
Bons estudos, futura diplomata.
Paulo Roberto de Almeida
01/05/11 18:51

Anônimo disse...
Boa Noite Dr. Paulo
Muito obrigada por responder minha pergunta, pois eu realmente estava preocupada, sei
que a Matemática é muito importante para a vida, não desprezo a matéria, mas procuro
focar nos meus pontos fortes, e a Matemática não é um deles.
Gxxxxxxxx
02/05/11 21:50
Paulo R. de Almeida disse...
Gxxxxxxx,
Tudo bem que a Matemática não seja o seu ponto forte, mas acredite, tente gostar, ou
fazer, mesmo não gostando. Eu também não gostava, e deixei de lado, antes mesmo da
sua idade, e me arrependi muito depois. Queria ser economista, mas não consegui, pois
justamente não dominava o instrumental matemático, e isso faz uma ENORME
diferença quando precisamos projetar taxas de crescimento, ou elaborar alguma
correlação econômica mais complexa.
Na vida diplomática, também, saber matemática pode nos ajudar em alguma negociação
econômica ou comercial.
Portanto, estude as matérias que você gosta com gosto, e a Matemática mesmo sem
gosto.
Você estará melhor preparada e será uma melhor diplomata.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
03/05/11 00:49

Cxxxxxxx disse...
oi Sr. Paulo.
Primeiro quero vir parabenizar o senhor pelo seu blog.
Tenho 19 anos e estou cursando Ciências Sociais, diga-se de passagem ADORO ciência
politica, por este motivo escolhi o curso.
Bom sem mais delongas, tenho duas dúvidas: Primeiro, devo trocar o curso para
Relações Internacionais, pois lá terei aulas de economia e direito?
Segunda: Interfere na banca avaliadora do concurso, se eu tiver dupla nacionalidade?
Obrigada pela atenção.
07/06/11 14:53

Paulo R. de Almeida disse...


Cxxxxxxx,
Voce pode ter dupla nacionalidade sem problema.
QUanto ao curso, so vale a pena trocar se ele for bom, do contrario fique onde está e
estude em paralelo.
07/06/11 14:56

Anônimo disse...
Sr. Paulo,

Gostaria de saber a sua opinião: penso em começar a estudar para a carreira


diplomática, contudo, tenho 31 anos. Seria tarde demais ingressar na carreira com 34,
35 anos? Há algum tipo de constrangimento, em decorrência da idade?
Muito obrigada,
Lxxxxx.
09/06/11 16:27

Paulo R. de Almeida disse...


Lxxxxx,
Nao, não é muito tarde, mas não deveria tardar muito além de 33 ou 35 anos...
O único constrangimento seria ter um chefe mais jovem que você, mas isso é o de
menos.
Paulo Roberto de Almeida
09/06/11 16:55

Pxxxxx Hxxxxxx Nxxxxx disse...


Dr. Paulo,
Gostaria de saber se no período no qual o diplomata trabalha no exterior existe a
possibilidade de vir ao Brasil, além do período de férias. Pergunto isso pois apesar de
sempre viajar muito não tenho condições de ficar sem manter contato pessoal com meus
familiares. Não vejo problema em trabalhar fora do país, porém gostaria de saber se há
alguma brexa para que o diplomata passe alguns dias no Brasil e, caso possível, quantas
vezes esses períodos são concedidos por ano.
Muito obrigado,
Pxxxxx Hxxxxxxxx
10/11/11 22:52

Paulo R. de Almeida disse...


Pxxxxx Hxxxxx,
Se voce não tem condicções de ficar sem manter contato pessoal com familiares, entao
talvez fosse o caso de nem pensar em carreira diplomatica, que é essencialmente
nômade, e por vezes em condicoes adversas.
Diplomata tem um mes de ferias por ano, como muitos outros, (menos juizes, claro).
que deve ser suficiente para visitar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo;
Paulo Roberto de Almeida
11/11/11 00:45

Pxxxxx Hxxxxx Nxxxxx disse...


Dr. Paulo,
Lhe fiz essa pergunta porque ouvi de alguns amigos que o diplomata conseguiria uma
semana a cada dois meses para vir ao Brasil. Isso não procede, certo? Além disso, vi em
alguma legislação que quanto trabalhar em um país de categoria C ou D, o diplomata
disporia de 2 meses de férias, além dessas semanas a cada dois meses.
Me desculpe o incômodo, mas essa é minha única dúvida para ingressar na carreia
diplomática.
Muitíssimo obrigado,Pxxxxx Hxxxxx Nxxxxx
11/11/11 11:07

Paulo R. de Almeida disse...


Pxxxxx Hxxxxx,
Brecha se escreve com ch.
Postos de sacrificio dão direito a saídas periódicas, que você pode usar como quiser.
Não tenho certeza quanto a prazos, mas pode ser.
Então você sabe melhor do que eu, e poderá aproveitar essas brechas para vir visitar sua
família no Brasil a cada vez.
Mas antes você precisa entrar na carreira, e depois pedir posto de sacrifício, para poder
ter brechas...
Boa sorte.
11/11/11 18:17

Dxxxx disse...
Gostaria de saber se é permitido ao diplomata investir na bolsa de valores.
15/12/11 18:02

Paulo R. de Almeida disse...


Dxxxxx,
Voce pode tudo o que voce quiser com o seu dinheiro, até doar para o Itamaraty, só não
pode roubar o Itamaraty...
Paulo Roberto de Almeida
15/12/11 21:44

Cxxxx Axxxx Sxxxxx disse...


Serei franco com você, Paulo. A tempos eu procuro um blog assim. Cheguei a agendar
um horário com o diretor do meu curso para ver se, juntos, não achávamos algum tipo
de instrução voltada a carreira diplomática (ele é um amor de pessoa. Me ajudou,
deliberadamente, com muitas das minha indagações quanto a formação profissional) e,
desde o site do Curso Clio até o formulário oficial do Itamaraty, eu não encontrei
orientação melhor do que a que você nos disponibilizou (me perdoe pelo período longo,
as vezes penso que isso já é uma mania).

Desde criança, meu sonho é a carreira diplomática. Primeiramente, pela facilidade e


conforto que a carreira oferece, apesar de que apenas uma pessoa muito vivida, sábia,
que já tenho obtido um controle notável sobre o próprio ego não sinta-se atraída por
moradia, custos e transporte pagos pelo governo. Porém, Paulo, desde os últimos anos,
eu não consigo mais olhar para os lados sem ver algumas coisas que me dão arrepios na
espinha. Nosso mundo, hoje em dia, é construído de tal maneira que a hipocrisia e a
ignorância não são apenas mascaradas, como também aceitas e, até, incentivadas. Eu
vou aos shoppings daqui de Curitiba, praia, baladas, bares e shows como a maioria do
resto dos brasileiros de 18 anos, me divirto muitas vezes, pelo menos ao meu ver, muito
mais do que os meus amigos (talvez porque eu não beba, dou graças a Deus pela
centelha de bom senso que me resta nessas noites) mas eu não consigo imaginar uma
vida na qual os alicerces sejam apenas esses. O mundo vive para fingir que se diverte,
enquanto o próprio cai por terra a cada dia, de todas as maneiras (ecologicamente,
politicamente, socialmente, economicamente e por aí vai).

Mas Paulo, por favor não me entenda como pessimista, minha maior paixão nesse
mundo é a felicidade, até a curtição, mas além dela, a paz de espírito, o conhecimento e,
acima de tudo, o amor. O que eu quero, no futuro, é poder passar isso ao máximo de
gente possível, especialmente para quem precisa (grupo que cada dia me parece mais
aumentar em PG de razão elevada ao cubo). E é aí que entra a diplomacia. Eu vejo essa
carreira, da minha humilde e limitada perspectiva, como a ligação entre uma carreira
política de extrema satisfação profissional; a possibilidade de viajar o mundo e aprender
ao máximo sobre tudo e de todos; e, por fim, a chance de me envolver em ações sociais,
o máximo que eu conseguir. Eu gostaria de saber se estou certo no meu ponto de vista,
além de outra pergunta que me tem me incomodado muito nos últimos meses: Eu tenho
verdadeira paixão pela faculdade de Medicina, não pela profissão em si, mas pelo
conhecimento que o curso proporciona. Você acredita que seja possível cursar Medicina
(como já foi apontado lá em cima, porém meio que fora desse contexto) e, desde já e até
a realização do CACD, estudar as matérias que a prova de ingresso exige? Eu não tenho
problemas com esforço, já sou fluente em inglês e espanhol, amo de paixão todas as
áreas do conhecimento, em especial exatas e humanas. Caso seja algo que beire o
impossível, ou simplesmente não recomendável, eu não teria problemas em seguir
educação em Relações Internacionais ou até Direito. Me perdoe pelo texto longo, mas
você pode me dar uma ideia?

Abraços e obrigado pela atenção, como já dito acima, parabéns pela incrível pessoa que
você mostra ser.
21/12/11 21:56

Paulo R. de Almeida disse...


Cxxxx Axxxx
Temos poucos medicos na carreira, e isso é muito ruim. Creio que você faria muito bem
se fosse médico e ao mesmo tempo diplomata. Estude Medicina, e ao mesmo tempo se
prepare para a diplomacia estudando paralelamente.
Siga seu coração e seus interesses. Faça as duas coisas...
Paulo Roberto de Almeida
22/12/11 00:42

Rxxxxx Mxxxxx disse...


Caro Paulo,
Pretendo fazer o curso de Ciências Sociais - Ciências Políticas. Gostaria de sua opinião
sincera quanto as chances de passar no concurso do Itamaraty com essa formação, pois
entendo que se fizer esse curso, terei posteriormente que me dedicar aos estudos de
Direito e outras matérias que não estão na grade curricular.
Desde já grato,
Rxxxxxx Mxxxxx
09/01/12 18:01

Mxxxx Pxxxxxxxx disse...


Sr. Paulo
Primeiramente quero parabenizar o senhor pelo blog, ele é muito interessante.
Ainda sou bem jovem, tenho apenas 12 anos, mas de uma coisa tenho certeza, vou ser
Diplomata. Me esforço bastante para ser uma boa aluna, sempre estudo e gosto bastante
de questionar sobre certos assuntos. E apesar de várias pessoas falarem que não tenho
chances, e que precisa ser uma pessoa superdotada para ser diplomata, eu não ligo,
sempre me esforço e tento alcançar os meus objetivos.
Tenho uma dúvida: Qual dos cursos é o melhor para prestar quando se quer fazer
diplomacia, Relações Internacionais ou Direito?
O Senhor poderia dar sua opinião?
Grata,
Mxxxxx
22/01/12 19:16

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxxxx Pxxxxxxx,
Meus cumprimentos por já saber, aos 12 anos, o que você quer ser quando "crescer", ou
quando se formar.
Isso lhe dá uma ENORME vantagem que essas pessoas, derrotistas, ou pessimistas, não
podem ter: certeza sobre seus próprios desejos, projetos, vocação.
Meus parabéns, inclusive porque você terá todo o tempo do mundo para se preparar
adequadamente, de maneira sistemática, metódica, independente, e poderá desmentir
aqueles que acham que para ser diplomata é preciso ser superdotado.
De forma nenhuma, qualquer pessoa pode ser diplomata, desde que passe no concurso.
E NENHUM concurso é impossível para quem está preparado, simples assim.
Eu até tenho encontrado diplomatas bem ruinzinhos, e me pergunto como é que eles
conseguiram entrar: deve ser uma mistura de decoreba e de sorte.
Você não precisa nem de uma, nem de outra: basta estudar, desde já, as matérias do
concurso. Assim, quando você terminar a graduação poderá entrar diretamente.
Faça um curso que lhe dê satisfação, mas tenha certeza de que são todos medíocres, e
que você precisará estudar sozinha, e se preparar sozinha para o concurso. RI possui a
maior interface com o concurso, mas os cursos costumam ser piores do que os demais,
tradicionais, como Direito ou Economia.
Em todo caso, confie apenas em você mesma, desde já.
Boa sorte.
Paulo Roberto de Almeida
22/01/12 19:52

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxxxxx Pxxxxxxx,
Meus cumprimentos por já saber, aos 12 anos, o que você quer ser quando "crescer", ou
quando se formar.
Isso lhe dá uma ENORME vantagem que essas pessoas, derrotistas, ou pessimistas, não
podem ter: certeza sobre seus próprios desejos, projetos, vocação.
Meus parabéns, inclusive porque você terá todo o tempo do mundo para se preparar
adequadamente, de maneira sistemática, metódica, independente, e poderá desmentir
aqueles que acham que para ser diplomata é preciso ser superdotado.
De forma nenhuma, qualquer pessoa pode ser diplomata, desde que passe no concurso.
E NENHUM concurso é impossível para quem está preparado, simples assim.
Eu até tenho encontrado diplomatas bem ruinzinhos, e me pergunto como é que eles
conseguiram entrar: deve ser uma mistura de decoreba e de sorte.
Você não precisa nem de uma, nem de outra: basta estudar, desde já, as matérias do
concurso. Assim, quando você terminar a graduação poderá entrar diretamente.
Faça um curso que lhe dê satisfação, mas tenha certeza de que são todos medíocres, e
que você precisará estudar sozinha, e se preparar sozinha para o concurso. RI possui a
maior interface com o concurso, mas os cursos costumam ser piores do que os demais,
tradicionais, como Direito ou Economia.
Em todo caso, confie apenas em você mesma, desde já.
Boa sorte.
Paulo Roberto de Almeida
22/01/12 19:52

Paulo R. de Almeida disse...


Rxxxxxx Mxxxxx,
Os cursos, como eu sempre digo, são muito ruins, todos eles. Estude por sua própria
conta.
Tudo é possível estudar sozinho.
Mas escolha uma graduação que o sustente enquanto você não entrar.
RI costuma ter um mercado muito restrito...
Paulo Roberto de Almeida
22/01/12 19:54

Anônimo disse...
Olá, Paulo. Tenho 30 anos, sou formada em Letras, e curso meu primeiro ano de
mestrado. Falo inglês e francês e sou apaixonada por história. Sou professora civil,
concursada de uma instituição militar de ensino superior. Antes de ler seu blog, pensava
mudar o rumo de minha carreira e tentar a diplomacia. No entanto, percebo agora que
minha idade já não é mais adequada. No entanto, gostaria de pedir informações sobre as
carreira de oficial e assistente de chancelaria. Quais os atributos necessários para essas
carreiras? Há problemas com a idade nessas posições também?
Grata pela atenção,
Mxxxxx
26/01/12 11:31

Paulo R. de Almeida disse...


Mxxxxx,
O fato de voce ter 30 não é absolutamente um impedimento a uma carreira bem
sucedida, desde que você entre, preferencialmente, nos próximos dois ou três anos.
O limite histórico de ingresso na carreira era 32 anos completos. Depois, a partir da
Constituição, não existem limites estritos, mas o ideal seria que fosse na faixa dos 25 a
30, mas até a primeira metade dos 30 é plenamente aceitável, e tem gente que entre bem
depois disso.
Creio que você deveria se preparar seriamente para ambos concursos, o da carreira
diplomática e o de OfChans. Em ambos você pode ter satisfação, embora a de diplomata
obviamente seja a mais distinguida e valorizada.
No site do MRE deve ter editais para ambos concursos.
Depois é só estudar e fazer...
Paulo Roberto de Almeida
26/01/12 16:52

Axxx Mxxxxx disse...


Caro Paulo R. de Almeida,
o primeiro contato que tive com o seu blog foi há mais ou menos um ano. Naquele
período eu tinha acabado o ensino médio e estava pesquisando sobre a carreira
diplomática, lendo editais, sites, blogs e afins.
Hoje tenho 17 anos e estou cursando o 3° período de Ciências Sociais, devo dizer que
me mantive mais firme ainda na escolha depois de saber que o sr. é formando em
Ciências Sociais e é diplomata (já que Direito e R.I. são os cursos mais comuns).
Nesse um ano que passou me apaixonei mais ainda pelo curso e já participo de
pesquisas na área da Ciência Política, sobre Desenvolvimento e Pobreza.
Meus planos são de terminar a graduação e tirar dois anos para estudar especificamente
para o concurso, pois hoje meu tempo é divido entre a universidade, o trabalho e
pesquisa, meus estudos para o concurso não são intensivos, leio os principais livros que
o sr. indicou naquela bibliografia resumida, comecei a fazer francês e continuei meus
estudos em inglês e espanhol.
Em conversa com meus pais surgiu a possibilidade de eu ir para Brasília, que tem os
melhores cursinhos preparatórios, quando terminar a graduação.
Sempre fui autodidata e aprendo melhor estudando sozinha, mas em conversas com
quem estuda para o concurso há mais tempo, recebi muitas orientações de procurar um
cursinho, que é intensivo.
Ir para Brasília para ter uma preparação melhor seria difícil, principalmente pelo esforço
econômico, mas não impossível, fiz o ensino médio em um internato no Rio de Janeiro
e sou do Piauí. Por isso, gostaria de saber a sua opinião sobre os cursinhos
preparatórios.
Quero parabenizá-lo novamente pelo blog e agradecer, o sr. é uma inspiração para
muitas pessoas.
Axxxxx Mxxxxx
26/01/12 18:08

Paulo R. de Almeida disse...


Axxxx Mxxxxx,
A melhor relação custo-benefício é estudar e se preparar sozinha para o concurso do
Itamaraty. Mas isso é para quem já tem uma excelente formação -- escolas particulares
de bom nível a vida toda, algumas viagens, línguas etc -- e para quem tem energia,
disciplina e método para ficar estudando sozinho o tempo todo.
Não reunindo essas condições, cabe os cursinhos preparatórios, que sim são
importantes, nas provas bitoladas que existem atualmente para ingressar na carreria. As
provas são debiloides (no sentido de viciadas em determinadas questões que os
cursinhos sabem quais são), mas exigentes no mais alto grau. Se você puder pagar um
cursinho em Brasilia, creio que seria o ideal, mas a cidade é cara, e os cursinhos idem.
Não se importe muito com o curso universitário, a menos que você pretenda e precise
trabalhar para ganhar sua vida. Todos eles são medíocres, especialmente os de Ciências
Sociais.
Foi-se o tempo em que eu podia falar bem do curso de CS na USP, onde iniciei minha
carreira acadêmica: hoje provavelmente virou um lixo igual ao de muitas universidades
Tabajara do setor privado.
Como você vê, eu sou especialmente crítico, e pessimista, em relação às universidades
brasileiras, todas elas, mas tenho razões para ser assim: eu as conheço e reconheço a
mediocridade galopante que se apossou de todas elas.
Por isso, continue fazendo o que deseja, mas dependendo única e exclusivamente de si
mesma e de alguma preparação dirigida, como essa que pode ser dada por um cursinho
preparatorio a diplomacia.
Estude, apenas isto, o resto vem de arrasto...
Paulo Roberto de Almeida
26/01/12 20:03

Xxxxx Xxxxx disse...


Olá! Boa tarde!

Gostei muito do seu Blog! Parabéns!


Sou advogada, tenho 25 anos, moro em Brasília e do final do ano passado para hoje,
tenho pensado muito em estudar para carreira diplomática. Inobstante, tenho muitos
receios de "abandonar" o direito e todas as possibilidades que ele permite. A grande
verdade é que acredito que não nasci para demandas, e sim para conciliação,
negociação, isso me fascina! Assim como muitas pessoas que já escreveram, o único
óbice que vejo é a necessidade de uma "vida nômade". Assim, minha dúvida é, os
diplomatas, obrigatoriamente, são enviados para residir fora do país, ou eu posso
exercer minhas atividades em Brasília? Pesquisando, vi que há algumas funções de
intermediação, em que há necessidade de posto fixo em Brasília, mas não sei se na
pratica efetivamente é assim. Obrigada desde já pela atenção despendida!!
07/02/12 14:28

Paulo R. de Almeida disse...


Minha cara Advogada,
IMPOSSIVEL progredir na carreira se voce não cumprir períodos no exterior. Período
de serviço externa é obrigatório para promoção. Você pode até entrar na carreira, mas se
não quiser ou não puder sair não vai ser promovida.
Diplomata, por definição, é nômade. Se você não gosta de mudanças, melhor nem
começar...
Mudamos em média a cada 3 anos...
Eu já morei em muitos países, e viajo constantemente.
Assim é a vida de diplomata.
Paulo Roberto de Almeida
07/02/12 19:24

Xxxxx Xxxxxxx disse...


Olá Sr. Paulo Roberto!

Primeiramente seu blog é espetacular, e com certeza vc ouve isso constantemente, mas é
sempre bom reforçar.
Bem, eu tenho uma pergunta um tanto usual, que se fosse respondida me tiraria a dúvida
de prestar ou não o concurso para diplomacia. Portanto espero ansiosamente por sua
resposta!
Eu gostaria de saber se o diplomata tem que viajar muito aos sábados, ou mesmo se
existem algumas atribuições que lhe são cabidas durante esse dia? Me refiro tanto ao
período no Brasil, quanto ao período do exterior.

Isso é de extrema importância pra mim, porque sou adventista do sétimo dia, ou seja,
minha religião guarda o sábado. E depois de ler seu blog, vi que os diplomatas
trabalham muito de final de semana, por isso fiquei com o pé atrás em relação a esse
quesito!

Desde já, muito obrigada pela disposição!


12/02/12 21:10

Paulo R. de Almeida disse...


Xxxxx XXXXX,
Agradeco suas palavras gentis em relacao a meu blog, que foi justamente feito para
responder a duvidas e questoes de pessoas como vc.
Indo direto ao assunto, eu posso lhe responder em toda sinceridade e diretamente.
SIM! Temos de trabalhar em quaisquer dias que sejam requeridos pelo trabalho, e
frequentemente aos sabados, domingos, feriados, enfim, em diversas circunstancias da
vida moderna, e ainda mais para o diplomata.
Vc nao pode dizer ao seu chefe, que lhe manda para uma reuniao em Genebra, por
exemplo, que comeca na segunda-feira: "Sinto muito chefinho, nao posso viajar no
sabado e sou chegar na reuniao na terca-feira."
Ou exigir diarias extras para viajar antes, ou sair depois...
Isso nao existe.
Diplomatas comecam fazendo plantao nos fins de semana, em Brasilia ou nas
embaixadas do exterior e viajam, sim, frequentemente para o exterior ou dele voltam
nos fins de semana.
Sua escolha e', portanto, muito simples: ou vc desiste de ser diplomata, ou desiste de ser
Adventista.
Acho que as duas coisas nao combinam.
Ou entao, vc escolhe uma religiao mais simples, dessas que nao exigem coisas absurdas,
em completa contradicao com a vida moderna, e a globalizacao, ou simplesmente com
os deveres de um diplomata.
Religioes sao coisas atrasadas, que alimentam superstcoes ridiculas, algumas mais do
que outras, como essa coisas de interdicoes alimentares ou de trabalho.
Bem, acho que vc vai desistir de ser diplomata, depois destas minhas palavras
absolutamente sinceras.
Eu lhe desejo felicidades em sua vida adventista, bem mais tranquila que a minha, em
todo caso.
Paulo Roberto de Almeida
13/02/12 00:23
X disse...
Quanto alívio em encontrar um profissional da diplomacia com as mesmas aspirações e
o mesmo impulso irrefreável daquele desejo que tantas vezes é tipo como esnobismo: a
pulsão de saber, como diria Freud, o puro desejo da leitura, do entendimento, o
incômodo com a pura rotinização burocrática e o comodismo pavloviano. Almejo a
carreira diplomática e percebo que as minhas motivações são muitas vezes mal vistas
pelos mais idealistas e pragmáticos. Ora, que mal há em ter como maior impulso o puro
deleite intelectual, a vontade de ler, escrever, conhecer mais o mundo para além do
cotidiano, quando se tem uma mente inquieta e insaciável? O que mais me encanta na
carreira é justamente o lado acadêmico, o estímulo para continuar estudando pelo resto
da vida para muito além de uma mera tese de doutorado, a oportunidade de refletir
sobre questões de alto nível,estar para sempre aprendendo, a confrontação com tantas
culturas e modos de vida tão diferentes que alimentam a curiosidade e levam a um
desejo irresistível de ver tudo isso mais de perto. Quanta coragem em admitir que tudo
isso pode estar em primeiro plano, ainda que às custas de valores tão arraigados em
nossa cultura, como a priorização da família e do conforto que se sente quando se tem a
impressão de que 'já se chegou lá', quando a vida já está 'arrumadinha', ou mesmo do
sacrifício para subir na 'hierarquia'. Chegarei lá também. Um abraço.
28/03/12 13:26

Comentários posteriores:

46 comentários

Misael Angelim
3 anos atrás - Compartilhada publicamente
Olá Sr. Paulo Roberto. Bom, primeiro parabéns pela bela iniciativa que é este blog, sua
sinceridade e disponibilidade para responder a tantas perguntas é admirável. Tenho 17
anos. Estou cursando o 3º ano do ensino médio e do ensino técnico em edificações
(apesar de ser uma área interessante não é algo que quero seguir), ao longo da minha
vida escolar sempre notei que tenho uma facilidade em lidar com matérias como
história, geografia, sociologia, filosofia, idiomas e matemática. Dentro da geografia
sempre fui fascinado pela geopolítica, em história, a admiração é por fatos e
acontecimentos que culminaram no futuro das civilizações e nações existentes e/ou que
já existiram. Semanas atrás li um livro sobre a política externa brasileira e os meus
interesses pela carreira diplomática aumentaram, e por isso aumentei minhas pesquisas
sobre a carreira. Sempre gostei de estar em contato com as áreas que envolvem a
diplomacia, não ser especialista em algo apenas, mas, conseguir ter conhecimentos
sólidos em uma gama de temas que são necessários para a carreira, que por sinal exigem
que haja um constante ritmo de estudos durante a vida, o que é agradável. A sensação
de ser um cidadão brasileiro no e para o mundo me atraem tanto quanto representar meu
país nos diversos locais do nosso planeta. Após esse longo texto cabem minhas
perguntas:
1 - Pelo que descrevi sobre mim, tenho perfil adequado para a carreira? (pergunta
frequente por aqui, mas essa é uma angustia de muitos).
2 - Pode-se construir uma carreira na diplomacia em que não se preze pela promoção
dentro da hierarquia?
3 - No inicio da carreira, quais as funções quotidianas de um terceiro-secretário?

No aguardo de respostas, agradeço a disposição.

Misael Angelim,
Pelo que vejo voce tem todo o perfil para ser um diplomata, mas precisa estudar mais,
estudar muito, estudar sempre, para as matérias da prova, enquanto estiver concluindo
um curso de graduação qualquer, qualquer um serve, para precisa ser terceiro ciclo
reconhecido pelo MEC.
Você pode ir ao meu site (www.pralmeida.org), e lá tem uma seção de dicas da carreira
diplomática, e vai encontrar respostas para suas outras questões.
Mas isso não é importante, pois o mais relevante é voce começar a se preparar
seriamente desde já. Quando se formar, estará pronto para entrar.
Paulo Roberto de Almeida

Paires Luzitano
3 anos atrás - Compartilhada publicamente

Olá. Considero-me um conservador, sendo Gustavo Corção e Plínio Corrêa de


Oliveira minhas principais influências intelectuais. Indago ao senhor se há alguma
espécie de perseguição ideológica na carreira àqueles que não se enquadram na
cosmovisão política standard do Itamaraty e até que ponto eu poderia ser constrangido a
falar em favor de causas avessas às minhas convicções (bolivarianismo, feminismo etc).
Na verdade, tenho por fraudulentas até mesmo famosas teses do ambientalismo
contemporâneo (se o senhor tiver interesse no assunto, deixo a sugestão de assistir a
alguns vídeos no youtube do climatologista Luiz Carlos Molion).
Além disso, como pretendo ser um articulista e prezo sobremaneira pela minha
liberdade de expressão (evidentemente, dentro dos limites da civilidade), gostaria de
saber, também, se a carreira me impediria de tecer certas críticas a certas pessoas ou
instituições e qual seria a extensão dessa censura.
A resposta do senhor pesará sobremaneira nas decisões que tomarei quanto ao meu
futuro. Despeço-me in Jesu et Mariae.

Paires Luzitano, Você está pedindo para ser um militante de suas causas dentro do
serviço público. Acho melhor desistir de ser diplomata. Vc teria dificuldades em
seguir o perfil do diplomata típico, que parece ser um padrão laico, não religioso, e não
politicamente determinado. Quanto ao resto, cada um determina o que pretende fazer da
vida, mas no seu caso, eu não recomendaria o Itamaraty.

Paires Luzitano
3 anos atrás - Compartilhada publicamente

Peço perdão pela insistência, pois imagino que o senhor esteja quase sempre muito
ocupado, mas pq o senhor considera importante para a carreira de um diplomata (pelo o
que entendi, é quase indispensável) que ele siga "o perfil do diplomata típico" (padrão
laico, não religioso, e não politicamente determinado)? Qual seria, por exemplo, uma
eventual dificuldade pela qual um diplomata poderia passar caso não se enquadrasse no
perfil supracitado? Muito grato.

Piotr Nikolievich
3 anos atrás - Compartilhada publicamente

Bom dia Dr. Paulo, tenho 38 anos e meu objetivo é somente ser terceiro secretário, de
forma realista eu acredito que tenho chances de ser aprovado no concurso somente aos
45 anos de idade. A minha dúvida é se existe na banca de seleção alguma discriminação
para candidatos com idade um pouco mais avançada?

Lourenco Marinho
1 ano atrás - Compartilhada publicamente

Salve Mr. Paulo Roberto de Almeida!


Gostaria de uma informação se é possível prestar o concurso com a formação de um
curso tecnólogo (comércio exterior )?
Amo cultura, viajar, política, história e geografia crítica, além de ser um aviciado em
aprender idiomas e já morei em 3 países e visitei vários. .. me identifico muito com a
carreira.

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

Voce me coloca uma questão complicada. Entrar no Itamaraty aos 45 anos, supondo-se
que consiga (pois o concurso é disputadíssimo) pode representar uma enorme
frustração, pois vc teria colegas na faixa de 25 a 35 anos, e teria sua carreira truncada
em menos de 3 anos, sem possibilidades de promoção. Sendo amigo do conhecimento,
das leituras, do estudo, eu até poderia dizer que vc não perde nada em se preparar,
estudar e fazer o concurso, para ver que tipo de resultado obtem, e isso vc pode fazer
desde este ano. Talvez tentando uma vez, vc consiga avaliar melhor suas possíveis
chances, e depois, se entrar, pode ter uma experiência temporária dentro da diplomacia.
Acho que fui sincero. Paulo Roberto de Almeida

Ilca Matos
4 anos atrás

Olá Dr. Paulo Roberto. Serei objetiva em minha pergunta e peço-lhe que seja bastante
sincero em sua resposta sem receio que ela possa me causar constrangimento ou
provocar desestímulo. Tenho 43, sou formada em Secretariado Executivo e História e
desejo concorrer ao CACD. Evidente que a minha idade será um empecilho para
alcançar grande progressão na carreira, no entanto meu desejo maior é representar o
meu país. Isso é verdadeiramente o mais importante para mim. O que o senhor pensa
sobre o ingresso a carreira diplomática após os 45 anos?

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

Não precisa desistir, pois vc sempre pode aproveitar algo da carreira, mas é preciso
deixar claro que vc não teria uma carreira plenamente satisfatória, já que teria de
responder a quadros bem mais jovens. Eu diria que vc pode fazer o concurso, e depois
decidir entrar ou não, se passar. Nunca se arrependerá de não ter tentado... PRA

Bom dia, Tenho uma dúvida. Estou terminando meu Doutorado em Filosofia em
Sorbonne. Sou fluente em francês e inglês e fiz muitas pós-graduações. Já sou
funcionária pública federal, mas estou insatisfeita coma carreira. Minha pergunta é,
apesar de todo o meu preparo, há a questão da idade, tenho 40 anos. Você me diria
também para desistir? Obrigada pela atenção e pela disposição de manter esse blog,
Attenciosamente, Uma professora.

Hamilton
4 anos atrás

Não creio que seja assim Dr. PRA. Antes de ir à batalha é necessário estar ciente das
condições do campo de batalha. Perdão por ser impertinente. Sei que são questões
estúpidas (também a meu ver) além socialmente mesquinhas. Apenas curiosidade
amigo. Ninguém se candidata a uma carreira sem antes colocar na mesa tudo, de
maneira clara. Quero deixar claro que não estou interessado em levar meu piano, ou
carro, ou sem vontade de enfrentar o transporte público. Muito pelo contrário, enfrento-
o diariamente com orgulho. Meu objetivo, caso me candidate à diplomacia, é ajudar, e
não esnobar. Obrigado

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

Hamilton, Faça o seguinte: estude primeiro, passe no concurso, entre para a carreira, e
depois, quando você estiver no Itamaraty, vc se preocupa com carro, casa, etc. OK?
Paulo Roberto de Almeida
Hamilton
4 anos atrás

Obrigado por responder Apenas acrescentando: Caso o carro não seja levado, o
diplomata anda de transporte coletivo (se houver), correto? E caso não haja? Outra
dúvida que tenho é em relação à casa que deixam aqui no Brasil e se todos os
diplomatas que moram em solo brasileiro trabalham no Itamaraty (creio que não).
Obrigado

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

Diplomata não costuma ter casa propria quando é removido ao exterior, salvo os
bilionários (não conheço nenhum). Todos alugam casas ou apartamentos no mercado
local, aos preços correntes. O MRE tem um auxilio moradia, variavel em função do
custo de vida local e do número de dependentes. Carros geralmente não são levados,
pois as legislações são restritivas, mas havendo possibilidade, tanto o carro, quanto o
piano, e outras coisas tem de caber no limite de peso ou volume pago pelo MRE; o que
exceder é por conta do diplomata. Raríssimos levam carro, alguns piano, a maioria os
trastes normais de uma casa, inclusive moveis grandes. Paulo Roberto de Almeida

Hamilton
4 anos atrás

Caro Dr. PRA Uma questão que veio a mim ultimamente: Como um diplomata lida com
bens como carros, piano, obras de arte, entre outros bens, que são grandes o suficiente
para ser difícil de transportar, mas, ainda assim, móveis. E quanto a moradia? Em caso
de casa própria...

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

Meu caro Carlos Vesentini, Se você tem 16 anos apenas, deve começar a estudar agora,
sozinho, apenas sozinho, ler tudo o que voce encontrar pela frente que se relacione com
o concurso. Voce terá assim, pelo menos seis ou sete anos de leituras, o que me parece
suficiente para uma boa preparação, mas esta tem de ser constante, intensa, focada.
Você pode, sim, ser autodidata em inglês, adotando vários métodos: comece a ler com
dicionário do lado, leia jornais e revistas pela internet, assista programas e filmes em
inglês na TV e comece a fazer pequenas redações todos os dias ou todas as semanas
nessa língua. Em 3 ou 4 anos você dominará a língua. A carreira em RI abre muitas
portas e eu já escrevi muito sobre isso. Veja em meu site. Paulo Roberto de Almeida

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

Meu caro Aspirane a Oficial da PM, Não existe a menor possibilidade que você possa
conciliar as duas carreiras; elas são excludentes, não tematicamente, mas
funcionalmente, institucionalmente. A única cumulatividade possível com a carreira
diplomática é a atividade docente, o que eu faço. Você não pode ter nenhuma outra
atividade no setor público ou privado junto com a diplomacia, a não ser a docência. O
diplomata não pode atuar como militar ou vice-versa, isso não existe. Ou seja, continue
sua carreira como Aspirante, e ao mesmo tempo estude para o concurso à diplomacia: se
você entrar, terá de optar por uma das duas. Paulo Roberto de Almeida

Carlos Vesentini
4 anos atrás

Olá Dr. Paulo Tenho 16 anos e tive o interesse pela carreira diplomática esse ano, pois
até o ano passado meu objetivo era outro cargo burocrático (risos), a procuradoria geral.
Minha questão, repetitiva por sinal, é sobre <b>quais as áreas que posso atuar se me
formar em RI</b>. Acho o direito interessantíssimo, mas não tenho paixão pela
advocacia, promotoria e trabalho em varas. Em suma, o mesmo vale para economia,
mas não quero ser um quatro olhos maluco, atrás de uma mesa, desesperado com
finanças. Tenho paixão pela diplomacia, mesmo a burocrática, em especial a externa,
seja em consulados ou missões. Outra pergunta: <b>acha que o nível de inglês ao qual
devemos alcançar no concurso, se consegue com auto-didatismo?</b> Digo, lendo e
praticando, porém sem ajuda de um mestre... Por enquanto é isso. Obrigado

4 anos atrás

Sr. Paulo, em primeiro lugar parabéns pelo blog e muito obrigado pela oportunidade que
nos dá em não só sanar nossas dúvidas, mas como também em manter atualizados todos
os interessados na fascinante carreira diplomática. Tenho 28 anos, sou aspirante a
oficial da polícia militar, possuindo também outra graduação. A polícia militar, como
qualquer outra instituição militar, exige compromisso na carreira, sendo difícil concilia-
la com outras áreas de atuação. Dentro da corporação, porém, existem vários setores
especializados, a exemplo de oficiais médicos, dentistas, músicos e até capelães,
admitindo dessa forma profissionais das mais diversas áreas. A área diplomática, quanto
à exclusividade, mostra-se tão ou mais exigente do que a carreira militar, pois até sua
preparação para ingresso exige compromisso total. Considerando que o atendimento a
um dos quesitos para ingresso seja o de possuir qualquer graduação, pergunto ao senhor
se de alguma forma é possível conciliar as duas carreiras, se existe algum tipo de
atuação diplomática como militar, pois considero a carreira diplomática um dos campos
de atuação profissional mais valorosos da humanidade. Pesquiso diariamente
informações sobre essa possibilidade, de modo que estou altamente determinado a
ingressar na carreira diplomática. Qualquer direcionamento que o senhor puder fornecer
será de grande ajuda, desde já agradeço a sua paciência e atenção.

Paulo Roberto Almeida


4 anos atrás

28 anos é uma excelente idade, mas você vai ter de estudar muito se quiser entrar
rapidamente. Promoção é sempre por mérito e algumas pitadas por relacionamento,
embora ninguém possa impedir alguma chefia desonesta de só promover protegidos,
mas na média o mérito prevalece. O tempo médio depende das vagas acima. Se você
eliminar vários embaixadores de uma vez só, a coisa acelera, mas estou brincando,
claro... Paulo Roberto de Almeida
==============

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