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IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR E APRENDER

Prof. Luiz Gonzaga de Carvalho Neto


https://www.youtube.com/watch?v=dCO1cPCD3sw

Um professor (líder, pastor) ao ensinar outros professores (líderes, pastores)


encontra um tremendo obstáculo porque estes não têm um interesse pelo assunto por si
mesmo, mas estão na aula apenas para cumprir um dever profissional e não para refletir
sobre um assunto. No processo de ensinar, a força ativa é o aluno e não o professor,
o qual existe apenas para dar os meios/ferramentas para responder uma pergunta
que o aluno tenha; e se o aluno não tem nenhuma pergunta e está na aula apenas para
não ser prejudicado profissionalmente, já se perde então maior parte da força de ensino.
Por que estudamos alguma coisa? Para aprender algo. Em algum momento,
você encontrou alguma situação na vida em que você tinha de fazer algo e não sabia
fazer. Isso possivelmente aconteceu na primeira infância – algumas coisas a gente tem de
aprender desde muito cedo; parece que todo mundo sabe e só a gente que não sabe e
que a vida é muito mais fácil quando se sabe.
No ensino de Filosofia, o que importa é o aluno estar acompanhando
ativamente o assunto, i.e., o funcionamento do ensino filosófico se dá no próprio
processo de reflexão filosófica; mas alguns ramos da atividade humana exige uma
aula meramente expositiva (o aluno anota para depois um dia refletir sobre o assunto).
.
TIPOS DE ESTUDO (CONHECIMENTO):
1. Estudo que te prepara para um cenário social, e tão logo aprendido, ele não é
mais pensado [Estudos que te preparam para as funções sociais gerais e que
uma vez completado é completamente abandonado]: são estudos aos quais nos
dedicamos (coisas que a gente aprende) e que existem simplesmente para
preparar o cenário para uma outra coisa – aprendizagem para prepara-lo para um
cenário social. Tão logo aprendido, a gente não pensa mais no assunto. Por
exemplo: andar, ir ao banheiro, alfabeto [ao aprender graficamente as letras e o
som do alfabeto não será preciso mais pensar no assunto – porque não despertará
necessariamente o interesse por saber a origem e evolução das línguas, o motivo
de tal letra ter determinado som etc.].
2. Estudo que te prepara para um cenário social (profissão), e mesmo aprendido
as competências mínimas, o estudo ainda é revisado (desenvolvido) durante
toda a sua carreira profissional [Estudos que te preparam para algumas funções
sociais, mas que não é abandonado enquanto você começa a exercer essas
funções]: são estudos que estão ligados à nossa profissão, ou aqueles que se faz
em um curso profissionalizante, curso técnico, superior que nos permite exercer
determinada profissão; mas tão logo terminado, você terá de tempos em tempos
que voltar a estudar para exercer sua profissão com competência e aprender uma
coisa a mais sobre tal profissão. Ao terminar o curso e ter a profissão, o ensino não
acaba, ou seja, o ensino do curso é como uma introdução geral que te dá as
mínimas competências para começar a trabalhar.
3. É a pesquisa científica ou filosófica: é o estudo intelectual: são estudos que
existem puramente por razões intelectuais. Encontrar resposta às perguntas que o
indivíduo tem do ponto de vista intelectual; pode ser que ele não tenha nenhum
outro interesse àquela pergunta fora a curiosidade. Você estuda uma coisa só
porque se tem uma pergunta na cabeça e quer a resposta para ela. Inúmeros
cientistas, filósofos e pensadores deram grande contribuição para a história da
humanidade só porque tinham perguntas na cabeça deles e decidiram se dedicar a
encontrar uma resposta. Todo projeto científico e filosófico começa com perguntas
que os indivíduos têm.
Em algum momento da vida, cada um de nós levantou algumas perguntas sobre a
realidade e por alguma razão (seja pressões do momento, da semana seguinte ou da
vida), em geral, esqueceu aquelas perguntas; mas são dessas perguntas que surgem as
grandes carreiras científicas e filosóficas; são elas que mudam o rumo da história pouco a
pouco. Então, respondam às perguntas, elas não são meramente retóricas; não as
deixe desaparecerem em você. Antes de as coisas se tornarem um produto na
sociedade humana era uma pergunta na cabeça de alguém.
Os dois primeiros tipos de estudo são muito comuns no Brasil. Se perguntar aos
brasileiros: O que é o estudar? Por que você estuda? Eles responderam tendo em vista
um dos dois tipos acima. Eles enxergam a ESCOLA como uma introdução ao
mercado de trabalho; como um estágio intermediário entre a proteção do lar na
primeira infância e a luta pela sobrevivência na idade adulta; a escola é então apenas
um instrumento para você passar de uma coisa a outra. A ideia de que alguém estuda
simplesmente para responder algumas perguntas que elas mesmas colocaram na cabeça
é estranha aos brasileiros. Ou seja, a ideia de que a vida intelectual é uma vocação
humana é estranha no Brasil. Ou também é estranho acreditar que há pessoas que
além de ter sua profissão, ele também estuda para responder as questões levantadas por
ele próprio com a finalidade de sentir mais completo, levando uma vida profissional,
familiar e intelectual.
Metade do que nós somos é definido pelas perguntas que temos. As
perguntas que colocamos para nós mesmos definem 50% da nossa biografia. Em todas
as sociedades sempre existiu essa vocação do estudo; além dessa vocação, sempre
existiram pessoas que estudaram não para se tornar um intelectual profissional, filósofo e
cientista (ou seja, para tornar uma profissão), mas apenas pelo simples interesse de
responder a si próprio e não aos outros porque o cientista e filósofo estudarão para
responder aos outros também.
A democracia é feita por indivíduos intelectuais; esses são o esteio da democracia.
O governador impede o crescimento de uma nação porque o número dos intelectuais é
ínfimo. Veja o Brasil, uma país provido de recursos e até de pessoas capacitadas
profissionalmente, mas falta intelectuais. Os não-intelectuais só sabem reclamar, não
sabem debater de igual para igual com o seu presidente. Daí o presidente vence a luta
pondo os fatos contra as reclamações; e o intelectual vence mostrando os seus projetos
contra os fatos apresentados. O que define a DEMOCRACIA é a possibilidade do
governado vencer o governante num debate acerca do que deve ser feito. No Brasil,
a parcela da população que pode vencer o debate é aquela que optou por uma profissão
intelectual, mas ela está desligada das necessidades/problemas que a outra parcela tem.
O problema então é que no Brasil há muitas pessoas com cultura vulgar. O que é
CULTURA VULGAR? é uma cultura que não responde às questões cruciais sobre a vida
delas mesmas. Quais os INSTRUMENTOS DE CULTURA de que a maior parte da
população brasileira faz uso? Televisão, rádio, revista, jornais – são os meios de
acesso à cultura de que o brasileiro faz uso. Só que tais instrumentos não têm o menor
interesse de responder quais são as questões cruciais para a sua própria vida. Uma
democracia só existe se há a possibilidade de fazer frente ao governo. Uma
DEMOCRACIA CONSOLIDADA só existe se uma parcela grande da população for
intelectual; uma DEMOCRACIA TOTAL só seria possível se todas as pessoas tivessem
uma índole aristocrática enorme, ou seja, se as pessoas tivessem uma excelente
formação de caráter dada por ela mesma (tal formação não é dada pela escola,
sociedade). A palavra ARISTOCRATA significa o império/poder do melhor. A gente se
tornar relativamente aristocrata significa a gente permitir que na nossa vida impere o
melhor que há em nós mesmo, i.e., resista às pressões do cotidiano e dedique algo que
há de melhor em nós mesmo. Trabalhar e descansar (e dormir) é uma vida vulgar, e todos
nós a temos – uma vida determinada puramente pelas nossas necessidades corpóreas ou
afetivas; porém você pode fazer com que a vida vulgar não ocupe toda a sua vida.
Os governantes fizeram pelos menos uma pergunta: o que é o poder e como obtê-
lo?

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