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Instituto Superior de Ciência da Educação

ISCED – Huíla
Departamento de Ciências de Educação
Secção de Pedagogia
Ano Académico 2020
Pedagogia Geral

Principio da mantrua.

Disciplina: Pedagogia Geral Regime: Semestral


Curso: Frequência semanal: 3

Ano: I Unidade de credito: 3

Autor: Carla Simões Gomes da Silva.

ISCED-Huíla, Abril 2020


Nome da cadeira: Pedagogia Geral

Ano Có Regime Horas Lect. Total de H U.C


d Seman.

I PG A 1ºS 2ºS T TP P T.H S A


X
3 3 60 3

Legenda:
Ano: Ano curricular em que é lecionada
Cód.: Sigla da cadeira
1ºS: Iº Semestre
2ºS: IIº Semestre
T: Aula teórica
TP: Aula teórica prática
P: Aula Prática
T.H: Total de hora
S: Semestral
A: Anual
U.C: Unidade de Credito

Introdução
A disciplina de Pedagogia Geral é uma cadeira que é considerada como sendo a
arte da Educação. A educação é a alavanca do desenvolvimento das sociedades.
É através dela que se torna visível um país no contexto das nações por meio das
suas realizações técnicas e tecnológicas suportando diferentes sectores: politico,
económico, social, religioso, familiar e outros.

Investir na educação é ter visão do futuro, é alicerçar o país, é ter direito a uma
ideia no contexto mundial das nações, é existir para os outros, é ter sentido de
vida, é tomar a dianteira no mosaico mundial, é ter e ganhar espaço.

É por isso uma das disciplinas de formação de professores, preocupada com os


métodos de educação, refletindo sobre os valores e os aspectos relacionados com
o melhor caminho para a aquisição do conhecimento em particular e da própria
educação no geral.

A Pedagogia Geral é uma disciplina de regime semestral, com presença


obrigatória em sala de aula em virtude da sua própria especificidade e do seu
caráter teórico prático mas com dispensa do exame final (no caso em que a
média alcançada é igual ou superior a 14 valor). É ainda, obrigatória duas
avaliações.

1. Objectivos da cadeira.
Geral: Com o exposto acima, o objectivo da disciplina é proporcionar ao
estudante a necessidade da formação e da educação do homem como a única
via para a sua inserção favorável na sociedade e desenvolvimento das nações.

Especifico:
1. Reconhecer a importância da história do surgimento da educação e o seu
desenvolvimento nas diferentes formações socioeconómicas.
2. Compreender o objecto de estudo da Pedagogia e descrever a importância
da mesma no contexto das ciências.
3. Analisar os princípios e os métodos que orientam a educação e o processo
pedagógico
4. Investigar o desenvolvimento do processo e suas políticas no contexto
angolano

2. Ementa: Inicio, desenvolvimento e características da educação. A Pedagogia


como Ciência. Os princípios da educação. Métodos de educação. O processo
pedagógico.

3. Conteúdo programático:
A. Introdução
Considerações Gerais.
Tema 1: Inicio, desenvolvimento e características da educação
1.1 A educação e o trabalho
1.2 A educação como fenómeno social
1.2.1 A educação na comunidade primitiva
1.2.2 A educação na sociedade esclavagista
1.2.3 A educação na sociedade feudal
1.2.4 A educação na sociedade moderna
1.3 O desenvolvimento da educação em Angola

Tema 2: A Pedagogia como Ciência


2.1 Conceito, evolução e objecto da Pedagogia
2.2 Categorias fundamentais da Pedagogia
2.3 Tarefas da Pedagogia
2.4 Relação com outras ciências

Tema 3: Princípios da educação


3.1 Conceito e importância dos princípios da educação
3.2 Sistema de princípios
3.3 Lei de base do sistema educativo e ensino de Angola

Tema 4: Métodos de educação


4.1 Conceito
4.2 Classificação dos métodos

Tema 5: O processo pedagógico


5.1 Conceito
5.2 Etapas de formação da personalidade

Sistema de habilidades
Descrição do percurso histórico da educação nas diferentes formações
socioeconómicas, de um modo geral.
Análise dos princípios e métodos que norteiam o processo educativo.
Interpretação do fenómeno educativo e sua dependência da política educativa .
Sistema de avaliação
1. Prova escrita
2. Prova Oral
3. Trabalho de grupo
4. Trabalho independente
5. Trabalho de iniciativa própria
6. Participação activa na sala de aula (com ideia e presença)
Em respeito ao que foi apresentado acima a avaliação deve ser dinâmica, actual,
contextual e inovadora. Cingir-se-a às normas da instituição (assiduidade e
pontualidade, participação em debates e discussões, produção e apresentação
dos trabalhos, exercícios e apresentação de analises de fenómenos educativos e
formativos).
G. Sugestões metodológicas
a) A exercitação, a demonstração, exposição, a observação, e outors métodos
visuais e orais.

H. Actividades lectivas
a) Aulas (teóricas e práticas), seminários, apresentação de trabalho e sua defesa,
visitas.

Bibliografia de Base.
1. Assembleia Nacional (2016). Lei de bases do sistema de educação e
ensino. Luanda. Impresa Nacional
2. Durkhein, E. (2011) Educação e Sociologia. Rio de Janeiro, Editor Vozes
3. Gadotti, M (2010) História das Ideias Pedagogicas (8ª ed). série educação.
São Paulo
4. Piletti, C. (2004). Didáctica Geral (23ª ed). Editora Ática. São Paulo
Tema 1: Inicio, desenvolvimento e características da educação
1.1 A educação e o trabalho
A relação trabalho-educação traz imediatamente à mente a questão: quais são
as características do ser humano que lhe permitem realizar as ações de trabalhar
e de educar? Ou: o que é que está inscrito no ser do homem que lhe possibilita
trabalhar e educar? Perguntas desse tipo pressupõem que o homem esteja
previamente constituído como ser possuindo propriedades que lhe permitem
trabalhar e educar.
Pressupõe-se, portanto, uma definição de homem que indique em que ele
consiste, isto é, sua característica essencial a partir da qual se possa explicar o
trabalho e a educação como atributos do homem. E, nesse caso, fica aberta a
possibilidade de que trabalho e educação sejam considerados atributos
essenciais do homem, ou acidentais.
Na definição de homem mais difundida (animal racional), o atributo essencial é
dado pela racionalidade, consoante o significado clássico de definição
estabelecido por Aristóteles: uma definição dá-se pelo gênero próximo e pela
diferença específica. Pelo gênero próximo indica-se aquilo que o objeto definido
tem em comum com outros seres de espécies diferentes (no caso em tela, o
gênero animal); pela diferença específica indica-se a espécie, isto é, o que
distingue determinado ser dos demais que pertencem ao mesmo gênero (no
caso do homem, a racionalidade). Consequentemente, sendo o homem definido
pela racionalidade, é esta que assume o caráter de atributo essencial do ser
humano. Ora, assim entendido o homem, vê-se que, embora trabalhar e educar
possam ser reconhecidos como atributos humanos, eles o são em caráter
acidental, e não substancial. Com efeito, o mesmo Aristóteles, considerando
como próprio do homem o pensar, o contemplar, reputa o ato produtivo, o
trabalho, como uma atividade não digna de homens livres.
Diversamente, Bergson, ao analisar o desenvolvimento do impulso vital na obra
Evolução criadora, observa que “torpor vegetativo, instinto e inteligência” são os
elementos comuns às plantas e aos animais.
E, definindo a inteligência pela fabricação de objetos, fenômeno identificado
como comum aos animais, encontra no homem a particularidade da fabricação
de objetos artificiais, o que lhe permite avançar a seguinte conclusão:
Se pudéssemos nos despir de todo orgulho, se, paradefinir nossa espécie, nos
ativéssemos estritamente ao que a história e a pré-história nos apresentam como
a característica constante do homem e da inteligência, talvez não disséssemos
Homo sapiens, mas Homo faber. Em conclusão, a inteligência, encarada no que
parece ser o seu empenho original, é a faculdade de fabricar objetos artificiais,
sobretudo ferramentas para fazer ferramentas e de diversificar ao infinito a
fabricação delas. (Bergson, 1979, p. 178-179, grifos do original).
No entanto, embora essa citação esteja sugerindo que o trabalho seja a
característica essencial que define o homem em sua totalidade, Bergson não
leva essa conclusão às últimas consequências. Ao contrário, considerará que
sendo o instinto, em contraponto à inteligência, uma das duas extremidades das
duas principais linhas divergentes da evolução, ele é irredutível à inteligência.
Esta é adequada para lidar com a matéria inerte; o instinto dá-nos a chave das
operações vitais. É a intuição, isto é, “o instinto que se tornou desprendido,
consciente de si mesmo, capaz de refletir seu objeto e de o ampliar
infinitamente”, que nos conduz “ao próprio interior da vida” (idem, p. 201).
Portanto, embora o ato de fabricar em que se expressa a racionalidade seja
específico do homem, Bergson não o considera suficiente para definir a essência
humana.
Essas considerações feitas a propósito da filosofia bergsoniana ilustram o que
há de comum à grande maioria das tentativas de definir o homem que povoam
a história da filosofia. Expressões como o “homem é um animal político”; “é um
animal simbólico”, isto é, “um animal que fala”; “o homem não é senão sua alma”;
“o homem é apenas corpo”; “é uma substância composta de dois elementos
incompletos e complementares, o corpo e a alma”; “é um espírito encarnado”,
padecem do mesmo problema detectado na fórmula “o homem é um animal
racional”, assim como na concepção bergsoniana. Compõem a visão que
predominou no desenvolvimento do pensamento filosófico e que se cristalizou
no senso comum, marcada por um caráter especulativo e metafísico contraposto
à existência histórica dos homens. Partem de uma idéia abstrata e universal de
essência humana na qual estaria inscrito o conjunto dos traços característicos
de cada um dos indivíduos que compõem a espécie humana. Certamente
trabalho e educação fariam parte desse conjunto de traços.
Diferentemente dessa maneira de entender o homem, cumpre partir das
condições efetivas, reais.
Voltando-nos para o processo de surgimento do homem vamos constatar seu
início no momento em que determinado ser natural se destaca da natureza e é
obrigado, para existir, a produzir sua própria vida. Assim, diferentemente dos
animais, que se adaptam à natureza, os homens têm de adaptar a natureza a si.
Agindo sobre ela e transformando-a, os homens ajustam a natureza às suas
necessidades:
Podemos distinguir o homem dos animais pela consciência, pela religião ou por
qualquer coisa que se queira. Porém, o homem se diferencia propriamente dos
animais a partir do momento em que começa a produzir seus meios de vida,
passo este que se encontra condicionado por sua organização corporal. Ao
produzir seus meios de vida, o homem produz indiretamente sua própria vida
material. (Marx & Engels, 1974, p. 19, grifos do original)
Ora, o ato de agir sobre a natureza transformando-a em função das
necessidades humanas é o que conhecemos com o nome de trabalho. Podemos,
pois, dizer que a essência do homem é o trabalho. A essência humana não é,
então, dada ao homem; não é uma dádiva divina ou natural; não é algo que
precede a existência do homem. Ao contrário, a essência humana é produzida
pelos próprios homens. O que o homem é, é-o pelo trabalho. A essência do
homem é um feito humano. É um trabalho que se desenvolve, se aprofunda e se
complexifica ao longo do tempo: é um processo histórico. É, portanto, na
existência efetiva dos homens, nas contradições de seu movimento real, e não
numa essência externa a essa existência, que se descobre o que o homem é:
“tal e como os indivíduos manifestam sua vida, assim são. O que são coincide,
por conseguinte, com sua produção, tanto com o que produzem como com o
modo como produzem” (idem, ibidem).
Se a existência humana não é garantida pela natureza, não é uma dádiva
natural, mas tem de ser produzida pelos próprios homens, sendo, pois, um
produto do trabalho, isso significa que o homem não nasce homem. Ele forma
se homem. Ele não nasce sabendo produzir-se como homem. Ele necessita
aprender a ser homem, precisa aprender a produzir sua própria existência.
Portanto, a produção do homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem,
isto é, um processo educativo. A origem da educação coincide, então, com a
origem do homem mesmo. Diríamos, pois, que no ponto de partida a
relaçãoentre trabalho e educação é uma relação de identidade.
Os homens aprendiam a produzir sua existência no próprio ato de produzi-la.
Eles aprendiam a trabalhar trabalhando. Lidando com a natureza, relacionando-
se uns com os outros, os homens educavam-se e educavam as novas gerações.
A produção da existência implica o desenvolvimento de formas e conteúdos cuja
validade é estabelecida pela experiência, o que configura um verdadeiro
processo de aprendizagem. Assim, enquanto os elementos não validados pela
experiência são afastados, aquela cuja eficácia a experiência corrobora
necessitam ser preservados e transmitidos às novas gerações no interesse da
continuidade da espécie.

1.2 A educação como fenómeno social


1.2.1 A educação na comunidade primitiva

A educação na comunidade primitiva


Para entender a educação na comunidade primitiva, é preciso entender como
era a "sociedade" nesse período, não é mesmo?
Em primeiro lugar, é importante dizer que a comunidade primitiva tinha uma
colectividade pequena, era assentada sobre a propriedade comum da terra, na
qual os indivíduos eram livres e com direitos iguais.
Tudo o que era produzido (em comum) era dividido entre todos e imediatamente
consumido. A pequena produção, ou seja, a produção apenas do que era
necessário, se deu devido ao pequeno desenvolvimento dos instrumentos de
trabalho e impediu a acumulação de bens.
A divisão do trabalho, por sua vez, se dava com as diferenças entre os sexos,
porém não existia a "inferioridade" por parte das mulheres.
Na comunidade primitiva, a igualdade entre homens e mulheres estava presente.
O mesmo acontecia com as crianças. Até os sete anos de idade, elas
acompanhavam os adultos em todos os seus trabalhos e recebiam como
recompensa a sua porção de alimentos como qualquer outro membro da
comunidade. A partir dos sete anos já deviam começar a viver as suas próprias
expensas.
A sua educação não estava ligada a ninguém em especial, e sim à vigilância
difusa do ambiente. A criança adquiria a sua PRIMEIRA educação sem que
ninguém a dirigisse expressamente. Quando necessários, os adultos explicavam
às crianças como elas deveriam comportar-se diante algumas circunstâncias.
É importante dizer que, nessas comunidades, o ensino era PARA A VIDA e POR
MEIO DA VIDA, ou seja, para poder aprender, era preciso praticar (exemplo:
para aprender a manejar o arco, era preciso caçar). "(...) a educação na
comunidade primitiva era uma função espontânea da sociedade em conjunto, da
mesma forma que a linguagem e a moral". (PONCE, A. Educação e luta de
classes, pp. 19).
Para concluir o período de uma sociedade SEM CLASSES, podemos afirmar
que os fins educativos se identificam com os interesses DO GRUPO e se
realizam IGUALITARIAMENTE em todos os seus membros, de forma
espontânea (não existia nenhuma instituição responsável pelo ensino) e integral
(cada membro da comunidade incorporava - mais ou menos- bem tudo o que era
possível receber e elaborar na tribo).
Porém, a sociedade muda, surgindo então as classes. E com elas, uma série de
coisas sofrem mudanças. E com a educação não é diferente.
Surgem nas tribos as relações de dominância e submissão.
"A educação sistemática, organizada e violenta, surge no momento em que a
educação perde o seu primitivo caráter homogêneo e integral" (PONCE, A.
Educação e luta de classes, pp. 28).
A educação que era imposta pelos nobres (uma das classes -altas- que
surgiram) reforçava esse privilégio. Quanto mais educação, mais conservado
esta o status quo.
De acordo com Tupaque Lupanqui, não era lícito ensinar às crianças plebéias
as ciências que pertencem aos nobres, a fim de evitar que essa classe se eleve.
Com a mudança da sociedade, surge também o Estado, instituição que
legitimava a nascente divisão de classes e a exploração dos que nada possuíam.
Portanto, vemos que a educação sofreu transformações devido ao surgimento
de classes e que ainda haverá muitas mudanças nos próximos períodos.
Ao se voltar no tempo, observa-se que o homem primitivo tinha a impulsão
imediata pela descoberta de formas primárias de sobrevivência. A actividade de
cada um era a matéria-prima do fazer-se aprendiz. Desta forma, mudar o
ambiente era apenas superar o momento/desafio, o que se dava pela busca de
uma certa forma de transmissão das experiências vividas numa tentativa
embrionária de socializar o conhecimento. O mais experiente era quem
ensinava. A educação, portanto, era sobretudo, a prática do quotidiano. Nos seus
primórdios, era livre enquanto não vinculada a um certo domínio espacial. Os
indivíduos buscavam transformar a natureza adversa em parceira para sua
sobrevivência. Assim, ela era parte do próprio trabalho de complementação da
natureza, sem qualquer preocupação de categorização dos educandos
(Carneiro, 1988). Como no período antigo não havia espaço específico para
aprender, a educação era acompanhada pela imitação e assim, hoje, esta
educação informal ainda está presente nos contactos familiares e sociais,
possibilitando, no decorrer dos anos, a transmissão cultural, de geração a
geração. Trilla (1993) argumenta que a educação é uma realidade complexa,
heterogénea e versátil. A multiplicidade de processos, fenómenos, agentes ou
instituições que se tem considerado como “educativo” apresenta tanta
diversidade, que pouco se pode dizer da educação “em geral”. Quando se fala
em educação, faz-se necessário uma distinção, estabelecer classes, diferenciá-
las, ordená-las, e até parcelar o seu universo.

1.2.2 A educação na sociedade esclavagista


Formações Sociais Escravistas
O Mundo Antigo – mais especificamente Grécia e Roma – pode ser caracterizado
por sociedades estratificadas entre uma classe que detinha os meios de
produção e outra que não os detinha. A principal forma de produção era o
Escravismo, onde a apropriação da produção é restrita a uma classe que não
produz. Contanto, serão preservadas e apontadas as especificidades de cada
civilização no que diz respeito às formas de transmissão dos valores familiares,
da moral e virtude religiosas, como também da educação sistematizada de forma
geral. Iniciaremos as análises estabelecendo relações entre ambas sociedades
– no que diz respeito à organização social, e o vínculo desta com as formas de
educação dos períodos, apontando posteriormente as peculiaridades de cada
sociedade.
Manacorda (1989) demonstra que a documentação histórica existente sobre os
tipos de educação historicamente situados, se restringe aos tipos que eram
destinados às classes dominantes. Existe um número baixo de arquivos sobre a
educação voltada ao trabalho intelectual, e quase nada sobre as formas da
educação do trabalhador manual.
Isto já possibilita uma primeira inferência: historicamente, a educação
sistematizada foi transmitida para a camada dominante, ou seja, os senhores de
escravos. A formação para o trabalho, por sua vez, era dividida entre: educação
intelectual e técnica para os trabalhadores intelectuais e administradores do
Estado – mais especificamente a partirdo Império Romano, e uma educação
técnica, baseada na prática e no "espontaneísmo", destinada aos produtores
manuais. A segmentação das formas de educação servia de elemento
equalizador dos conflitos sociais e de "naturalização" das desigualdades. Este
movimento pode ser evidenciado no trecho a seguir da obra de Ponce:
A partir deste período o trabalho intelectual, bem como da administração do
Estado passam a ser exercidos, no geral, por escravos, libertos e homens livres.
No momento da história humana em que se efetua a transformação da sociedade
comunista primitiva em sociedade dividida em classes, a educação tem como
fins específicos a luta contra as tradições do comunismo tribal, a inculcação da
idéia de que as classes dominantes só pretendem assegurar a vida das
dominadas, e a vigilância atenta para extirpar e corrigir qualquer movimento de
protesto da parte dos oprimidos (PONCE, 2005, p. 36).
No entanto, é preciso esclarecer que a educação intelectual não era restrita aos
trabalhadores intelectuais, isto é, a classe dominante apropriava-se desta forma
de educação. Porém, o que diferenciava as duas classes era, por um lado, a
razão com que ambas frequentavam as escolas e recebiam a educação
intelectual, e por outro, a forma de educação que estava restrita à elite
dominante. A classe dominante se apropriava dos conhecimentos intelectuais
sistematizados, porém não com o objetivo de exercer alguma função técnica e
administrativa dentro do Estado, pelo fato de não produzir.
Esta apropriação se caracterizava enquanto complemento intelectual de uma
formação política e militar – próprias desta classe – que era transmitida de
geração para geração através da família.
Os trabalhadores intelectuais dependiam dos conteúdos técnicos para
desenvolverem as funções no Estado e na direção das propriedades, ou seja, a
lógica de assimilação dessa educação era voltada para o trabalho.
No processo de transição das comunidades primitivas para as sociedades
escravistas, a elite intelectual vai, gradativamente se constituindo enquanto
classe dominante, e, conforme o desenvolvimento das forças produtivas,
marcadas, entre outros fatores, pelo crescimento das propriedades e do número
de escravos, aumentando a exploração do trabalho. Com isto, as camadas
dominantes vão se distanciando da produção bem como da vivência com os
trabalhadores, profissionalizando cada vez mais o processo produtivo, incluindo
o trabalho intelectual. Dessa forma o trabalho passa a ser desenvolvido pelos
outros segmentos da sociedade.
A transmissão do conhecimento, dentro das classes dominantes, se dava no
início das formações antigas, de pai para filho através da repetição e da
oralidade.
Em Roma havia os Intendentes, que eram escravos ou libertos aos quais era
delegado o trabalho de vigiar as terras do senhor, bem como os outros escravos
que nela trabalhavam (PONCE, 2005, p. 64).
Com o desenvolvimento e ampliação da produção do conhecimento, essa
transmissão já não era possível apenas pela via oral, aparecendo então a
necessidade da leitura e da escrita, o que resultou no surgimento dos
profissionais responsáveis pela formação sistematizada dos dominantes. Essas
profissões eram exercidas – assim como o restante da produção – por escravos,
libertos e trabalhadores livres, e podiam ser divididas em: mestres de primeiras
letras, gramáticos, e retores7
. Os gramáticos, e retores eram categorias de mestres que ensinavam,
respectivamente, as artes liberais – música e poesia – e a retórica. Nesses
períodos, qualquer forma de trabalho era vista pelas camadas mais abastadas
como indigna – principalmente as de caráter manual, visto que a elite escravista
não trabalhava.
As escolas eram divididas em Escolas Elementares que ensinavam as primeiras
letras e contas e que eram entregues a profissionais particulares. Os mestres de
primeiras letras lecionavam nessas escolas. Já o Ensino Superior era mantido e
coordenado pelo Estado e tinha como foco o ensino das artes militares e cívicas.
Este ensino era delegado aos gramáticos, retores e à família. As relações dessas
sociedades evidenciam que, até mesmo entre os profissionais da educação, bem
como dos outros setores da sociedade, havia uma diferenciação e segregação
sócio-econômicas. Os mestres de primeiras letras eram menos valorizados pelas
camadas dominantes do que os gramáticos e retores, visto que, a educação
sistematizada acompanhava a lógica de hierarquia da sociedade. As primeiras
letras eram, de certo modo apropriadas por trabalhadores livres, libertos – que
podiam pagar – e alguns escravos. No entanto, quanto mais alto os níveis de
ensino, mais se evidenciava a elitização. Por exemplo:
O filho de um artesão, quando não continuava sendo um analfabeto (apesar da
lei), apenas conseguia adquirir os mais elementares conhecimentos de leitura,
escrita e cálculo. O filho do nobre, por outro lado, podia completar integralmente
todo o programa de uma educação que compreendia todos os graus de ensino
(PONCE, 2005, p.51).

1.2.3 A educação na sociedade feudal


A Sociedade Feudal (Por Matheus Mortene)
A Sociedade Feudal era dividida em 2 partes: Senhores Feudais e os Servos
(Geralmente camponeses e artesãos)
SENHORES FEUDAIS
Os Senhores tinham a posse legal da terra, poder político, militar, jurídico e
religioso (quando era um padre, bispo ou abade).
- Alta Nobreza (Rei, Duques, Condes, Clero).
- Pequena Nobreza (Barões e Simples Cavaleiros).
Como essa era uma classe privilegiada, eles exploravam ao máximo os servos,
classe inferior.
SERVOS
Os servos estavam presos a uma série de obrigações aos senhores feudais, e,
sendo praticamente escravos, só adquiriam a liberdade mediante a um
pagamento, mas isso era muito difícil. Eram a grande massa da população,
viviam na injustiça e miséria, então entravam em constantes revoltas com os
senhores feudais. Por não terem a propriedade da terra e não poderem
abandona-la também era uma outra injustiça.
Havia também outros dois tipos de trabalhadores:
Vilões – Viviam nas vilas e aldeias e não estavam presos a terra. Trabalhavam
para os Senhores Feudais com liberdade, em troca de protecção e recebiam um
tratamentomenos duro que os servos.
Ministeriais – Funcionários dos Senhores Feudais encarregados de cobrar
impostos.
Os camponeses cultivavam em suas terras produtos dos Senhores Feudais e
seus produtos próprios também, mas no mercado, o produto dos Senhores
Feudais tinha mais valor e mais preferência.
Na sociedade feudal, os poucos escravos que tinham, viviam na casa dos
Senhores Feudais, se dedicando aos afazeres domésticos.
JUSTIFICATIVA DO CLERO
Essa organização social, de desigualdades e injustiças, era justificada pelo Clero
da seguinte forma:
“O próprio Deus quis que entre os homens, alguns fossem senhores e outros
servos, de modo que os senhores venerem e amem a Deus, e que os servos
amem e venerem a seu senhor, seguindo a palavra do apóstolo: Servos,
obedecei a vossos senhores temporais com temor e apreensão; senhores, tratai
vossos servos de acordo com a justiça e a equidade”.
A Sociedade medieval
A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no
século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o
século XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média
caracteriza-se pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial,
supremacia da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade
hierarquizada.
Estrutura Política
Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano
era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar
fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano,
fidelidade e trabalho, em troca de protecção e um lugar no sistema de produção.
As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano
mais poderoso.
Todos os poderes jurídico, económico e político concentravam-se nas mãos dos
senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).
A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A
nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era
detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros
da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela protecção
espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira
camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos
artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais,
tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha
(metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e
forno do senhor feudal).
Servos trabalhando no feudo
Economia Medieval
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas
na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e
mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base económica
deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. O artesanato também
era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho
agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito
utilizado na agricultura.
Religião na Idade Média
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do
poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas
de comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande poder
económico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos
trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela
protecção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e
copiando livros e a Bíblia.
Educação, cultura e arte medieval
A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Esta era
marcada pela influência da Igreja, ensinando o latim, doutrinas religiosas e
tácticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não
tinha acesso aos livros.
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época.
As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As
pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população
um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, no geral, a cultura medieval foi fortemente influenciada pela
religião. Na arquitectura destacou-se a construção de castelos, igrejas e
catedrais.
No campo da Filosofia, podemos destacar a escolástica (linha filosófica de base
cristã), representada pelo padre dominicano, teólogo e filósofo italiano São
Tomás de Aquino.
As Cruzadas
No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os muçulmanos
conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém. Diante dessa situação, o papa
Urbano II convocou a Primeira Cruzada (1096), com o objectivo de expulsar os
"infiéis" (árabes) da Terra Santa. Essas batalhas, entre católicos e muçulmanos,
duraram cerca de dois séculos, deixando milhares de mortos e um grande rastro
de destruição. Ao mesmo tempo em que eram guerras marcadas por diferenças
religiosas, também possuíam um forte carácter económico. Muitos cavaleiros
cruzados, ao retornarem para a Europa, saqueavam cidades árabes e vendiam
produtos nas estradas, nas chamadas feiras e rotas de comércio. De certa forma,
as Cruzadas contribuíram para o renascimento urbano e comercial a partir do
século XIII. Após as Cruzadas, o Mar Mediterrâneo foi aberto para os contatos
comerciais.
As Guerras Medievais
A guerra na Idade Média era uma das principais formas de obter poder. Os
senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e o poder.
Os cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e
equipados com escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais
nobre no período medieval.
Peste Negra ou Peste Bubônica
Em meados do século XIV, uma doença devastou a população européia.
Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes morreu
desta doença. A Peste Negra era transmitida através da picada de pulgas de
ratos doentes. Estes ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do
Oriente. Como as cidades medievais não tinham condições higiênicas
adequadas, os ratos se espalharamfacilmente. Após o contato com a doença, a
pessoa tinha poucos dias de vida. Febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue
e pus espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e virilhas.
Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era certa.
Para complicar ainda mais a situação, muitos atribuíam a doença a fatores
comportamentais, ambientais ou religiosos.
Revoltas Camponesas: as Jacqueries
Após a Peste Negra, a população europeia diminuiu muito. Muitos senhores
feudais resolveram aumentar os impostos, taxas e obrigações de trabalho dos
servos sobreviventes. Muitos tiveram que trabalhar dobrado para compensar o
trabalhodaqueles que tinham morrido na epidemia. Em muitas regiões da
Inglaterra e daFrança estouraram revoltas camponesas contra o aumento da
exploração dos senhores feudais. Combatidas com violência por partes dos
nobres, muitas foramsufocadas e outras conseguiram conquistar seus
objectivos, diminuindo a exploração e trazendo conquistas para os camponeses.
Surgem muitas escolas e da união de algumas como (Academia e Liceu), é
formada a universidade de Atenas, lugar de importante desenvolvimento
intelectual. A Grécia clássica pode ser considerada o berço da pedagogia,
porque é lá, onde surge à primeira reflexão acerca da ação pedagógica é essas
reflexões irão influenciar por séculos a educação e a cultura do mundo ocidental.
Os povos do Oriente acreditavam que a origem da educação era divina, o
conhecimento deles se resumia a seus próprios costumes e crenças, é isso
impedia uma reflexão mais profunda sobre a educação, pois ela era fruto da sua
organização social e teocrática. Na Grécia clássica, a razão se opõe ao
conhecimento meramente religioso e místico, a concepção de educação se
resume a inteligência crítica e à liberdade de pensamento.
A educação formal propriamente dita teve início na Grécia Antiga, o
descobrimento do valor do ser humano independente de toda autoridade
religiosa, o reconhecimento da razão, da inteligência crítica libertada dos
dogmas, a criação da cidadania, a organização política, a criação da liberdade
individual e política dentro da lei e do estado; a invenção da poesia épica, da
história, literatura dramática, filosofia e ciências físicas. O reconhecimento do
valor da educação na vida social e individual, a educação pública e humana em
sua integridade física, intelectual, ética e estética, são valores que nos foram
legados pelos gregos, e todas essas características acima citadas continuam tão
presentes, pois são metas a serem atingidas pela educação atual. Em matéria
de educação os gregos não só definiram o modelo, como também indicaram a
pedagogia a ser usada, a ser seguida, por isso creio, acredito de fato que, a
educação atual começa na Grécia
Antiga.
1.2.4 A educação na sociedade moderna
1.3 O desenvolvimento da educação em Angola
TEMA 2: A PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO.

2.1 Conceito, evolução e objecto da Pedagogia

A Pedagogia é uma ciência que estuda a educação enquanto fenómeno social e


os processos formativos dos seres humanos a ela inerentes.

A Pedagogia é a ciência que teoriza a educação e o ensino; estuda as diferentes


concepções, doutrinas, princípios e métodos da educação e ensino que tendem
a uma finalidade e a um objectivo prático.

Evolução

A palavra Pedagogia tem origem na Grécia Antiga; do grego paidos (criança) e


agoge (condução). Desta associação derivou o termo pedagogo, ou seja, paidos
= criança e gogo= amigo.

Na Antiga Grécia, era o escravo que levava as crianças para a escola, que em
grego era schole = ócio, para que o LudusMagister= Mestre de jogos ou
brincadeiras permitisse que as crianças conduzissem para fora o seu potencial.
Como escravo condutor de crianças, o pedagogo tinha que fazer valer a sua
autoridade quando necessária.

Por esse motivo, os pedagogos desenvolveram diversas habilidades no trato com


as crianças. No entanto, o termo pedagogia generalizou-se na acepção de
elaboração racional do processo educativo somente a partir do seculo XVIII no
ocidente. No decurso da história do ocidente, a Pedagogia firmou-se como
correlato da educação, ou seja, uma área de conhecimento sobre educação.
Entretanto, a educação é um fenómeno social, cuja origem está ligada a da
própria humanidade.

Para maior compreensão da origem e evolução histórica, interessa entender a


análise prática que se fez do processo histórico da construção da Pedagogia como
ciência e para tal segue-se alguns dos grandes percursores que muito
contribuíram com suas ideias para o engrandecimento.

Sócrates defendeu que a finalidade da educação é ministrar o saber sobre o


indivíduo.

Platão: (428 – 348 a.C.) dizia que a educação não é a imposição de


conhecimentos do mestre ao discípulo mas sim, a descoberta de si mesmo.

 O conhecimento não vem de fora para o homem. O conhecimento é o


esforço de cada um.
 O papel do educador consiste em promover no educando o processo de
interiorização.
 O despertar para o mundo das ideias é um processo gradual.
 Na educação deve-se ter em conta os aspectos espirituais quer corporais.
Para Aristóteles: (384 – 322 a. C.):

 A vida está na conquista da felicidade e do bem e não a simples posse do


conhecimento.
 O bem ser refere-se ao bem do intelecto e, o bem fazer a acção e (este é
adquirido).
 A felicidade é o bem supremo; consiste em realizar o que é específico no
homem, isto é, a razão.
 A educação se processa através da imitação.

Mas para que tal aconteça três importantes factores devem se ter em conta:

1- Disposição Natural (natura)

2- Os meios para aprender (ars)

3- A prática ou hábito para afirmar a assimilação (exercilatio).

Que devem estar intimamente relacionados com essas três dimensões:

Os mestres devem expor a matéria do conhecimento;


Cuidar que se imprima na mente do aluno a matéria imposta.
Tem de buscar que o educando se relacione com o conteúdo imposto.

ARISTÓTELES: (384 – 322 a. C.)

Foi realmente um grande cientista da educação. Os gregos realizaram a síntese


entre a educação e a cultura. A educação integral do homem, consiste na
formação do corpo pela ginástica, na formação da mente pela filosofia e pela
ciência e na formação da moral e dos sentimentos pela música e pela arte.

Nos poemas de Homero – a Bíblia do mundo Helénico, tudo se estudava: a


literatura, história, geografia, ciências etc.

Os gregos eram educados através dos textos de Homero, que ensinavam as


virtudes guerreiras, o cavalheirismo, o amor, a glória, a honra, a força, a destreza
e a valentia. O ideal Homero, era ser sempre o melhor e foi exaltado sobretudo
pelo nazismo e pelo fascismo.

Pensamento pedagógico na idade média

Com a queda do império romano do ocidente, a educação passou para o domínio


da igreja cristã. Durante todo esse período predominou uma percepção de
educação que se opunha ao conceito liberal e individualista dos gregos e, ao
conceito de educação prática e social dos romanos.
O ideal educativo do cristianismo, é um renascer para um mundo novo de
espírito. O ideal educativo cristão, concentra-se no aspecto normal da pessoa
humana. Neste contexto, alguns padres se notabilizaram na produção do
pensamento pedagógico.

SANTO AGOSTINHO (354 – 430)

Escreveu uma importante obra pedagógica intitulada De Magistro, na qual fala


do processo de ensino baseando-se na visão platónica. Dizia ele que o órgão de
todo aprendizado é o logo ou mestre interior, que actua por iluminação divina,
servindo-se das palavras e sinais como meios de comunicação.

De Magistro circunscreve-se na filosofia da linguagem; na ogra, Santo Agostinho,


brilhante e prodígio para ambos investigarem a origem e fundamento da
linguagem, assim como determinar a possibilidade do aprendizado humano.

Agostinho procura uma coerência que fundamente suas ideias, isto é, procura
responder as grandes perguntas tais como:

 Como as palavras podem nos dar conhecimento?


 Como chegar a realidade das coisas mesmo se com as palavras só se
aprende as próprias palavras?
 Como ideias de um homem podem reproduzir-se na alma de outro
homem?
 É possível de facto o ensinamento?

A problemática sobre realidade, conhecimento e linguagem, é analisada na obra


através do diálogo com o filho. Agostinho parte da tese de que as palavras são
sinais, mas ao longo do diálogo com o filho, ele nega essa tese argumentando
que os sinais representam a vontade de quem diz e não as coisas mesmas.

Para que essa vontade, as coisas mesmas através dos sinais, represente as coisas
mesmas através dos sinais, é preciso que o dono dessa vontade escute seu
mestre interior, o Cristo.

SÃO TOMÁS DE AQUINO (1225 – 1274)

Foi antes de tudo um professor; entre muitos tratados filosóficos e teológicos que
escreveu, todos marcadamente escolares, sobressai a Suma Teológica. Na
Suma Teológica, Aquino reúne a filosofia, a teologia e a mística, isto é, o
saber humano, a tradição cristã, a ética pessoal e social, a contemplação e união
com Deus, tendo sempre como objectivo alcançar a realização plena do ser
humano.

Tomás de Aquino utilizou o seu raciocínio na base de uma questão central que
ele próprio formula: ensinar é acto de vida activa ou acto de vida
contemplada? A vida activa termina com o corpo, mas tal não se dá com o
ensino, pois os anjos, que não têm corpo ensinam. Aquino foi o maior expoente
da escolástica.

Pensamento pedagógico renascentista

O renascimento foi uma etapa que se seguiu depois da idade média na história
do ocidente. Terminada a idade média, surgiu na arena da produção internacional
um movimento cultural e artístico que se desenvolveu nos séculos. XVI e XVII.
Esse movimento propunha o restauro das ideias da antiguidade clássica greco-
romana; teve início na Itália e daí estendeu-se por toda a Europa. O movimento
renascentista teve repercussão na educação e influenciou profundamente a
produção do pensamento pedagógico daquela época.

De entre educadores renascentistas destacam-se:

VÍCTOR DA FELTA (1378 – 1446)

Foi cidadão italiano, humanista e cristão. Foi preceptor do princípio da Mantua


e autor do livro (Casa-giocosa), isto é, casa escola de alegria, no qual propunha
uma educação individualizada, o autogoverno dos alunos, e emulação etc.

JOAN LUIS VIVES (1492 – 1540)

Foi professor da princesa Maria Tudor, filha de Henrique VIII da Inglaterra e


conselheiro pedagógico da própria mãe, a rainha Catarina de Aragão. Publicou
varias obras pedagógicas dentre a quais, Introdução a Sabedoria, Exercício da
Língua Italiana, Tratado da alma e Tratado do Ensino.

No tratado sobre o ensino, Vives fundamenta as suas propostas educacionais, a


necessidade de educar a mulher e a necessidade de uma educação popular com
finalidades simultaneamente clássicas, humanistas e cívicas.

Vives, considerava a educação como assunto de suma importância para o


florescimento e progresso da sociedade, para qual seria necessário um corpo de
professores pagos pelo estado e de uma rede de escolas que alberga-se não
apenas os filhos dos nobres e da aristocracia, mas também os filhos dos artesãos,
comerciantes e camponeses.

FRANCOIS REBELAIS (1483 – 1553)

Escreveu uma novela pedagógica que intitulou Gargantura e Pantagurel.


Rebelais constrói o seu pensamento pedagógico com base no seguinte princípio:
ciência sem consciência não é se não ruina da alma. Para Rebelais, o
importante não era os livros, mas a natureza.

A educação precisa primeiro cuidar do corpo, da higiene, da limpeza, da vida ao


ar livre, dos exercícios físicos etc. deve ser alegre e integral.
MICHEL DE MONTAIGNE (1533 – 1592)

Escreveu vários ensaios entre os quais: O que é que eu sou; Sobre o pedantismo;
Sobre a instrução das crianças. Opunha-se a educação livresca de seu tempo,
desligada da vida real. Dizia ele: os eruditos exclamam com frequência:
Cícero falava assim: estas foram as palavras de Platão; estas foram as próprias
palavras de Aristóteles. Um pedagogo podia dizer o mesmo! Mas o que é que
dizemos e seja nosso? O que é que podemos fazer? Que juízo temos?

O ideal educativo de Montaigne era para um homem para o mundo; a educação


deve formar um homem completo de corpo e alma; é preciso educar o juízo do
aluno, em vez de encher-lhe a cabeça com palavras. O professor ao invés de
dizer tudo ao aluno, deve mostrar-lhe as coisas, torna-los agradáveis para que
ele aprenda a discernir e a escolher por si mesmo.

O pensamento pedagógico moderno

– De Comênio a Friedrich Froebel

A era moderna começa no início do século XVI e consolida-se no século XVII


estendendo-se até o século XX.

A era moderna começa com a revolução do movimento cristão com a reforma de


Martinho Lutero. Com isso surge a guerra entre os reformistas protestantes e os
cristãos católicos. Com a reforma luterana, alguns estados desvinculam-se da
igreja cristã romana. Nesta altura, surgem os estados autoritários que por sua
vez afectam os estados que aderiam a igreja romana.

COMÊNIO (1592 – 1670)

Nascido de pais Suecos;

Os seus pais pertenciam a igreja reformista. Em função da guerra fria entre os


católicos e os protestantes, seus pais morrem e fica órfão. Dali, emigra para
Polónia onde escreve o seu livro Didáctica Magna. Foi o primeiro a publicar um
livro com o pensamento pedagógico bem estruturado.

Naquela altura, não havia sistema de educação pública as únicas escolas


existentes pertenciam a igreja. Comenius na sua obra sugere que a educação
fosse uma tarefa do estado e não da igreja.

De Comenius seguiram-se Rosseau, Pestalozzi, Ebras etc. a Alemanha foi o


primeiro país a desvincular-se da igreja romana e o primeiro a institucionalizar a
educação como instituição pública do estado. Com isso e com o triunfo da
revolução francesa, no século XVIII, a educação passa a ser pública e beneficiar
o público em geral.
Nesta altura, isto é, nos finais do século XIX e no início do século XX, com a
expansão da indústria, com o objectivo de se ter uma mão-de-obra qualificada,
a Pedagogia se torna independente da Filosofia. Na proposta da escola nova, o
aluno é encarado como detentor de algum conhecimento. JEAN AMONS
COMENIUNS partindo da sua experiência como professor, formula novo
princípio (aos quais também chamou de fundamentos) em que explica como
aprender e ensinar, o seu método.

1- Aquilo que deve ser ensinado, isto é, a matéria (objecto de estudo) deve
ser apresentado directamente aos alunos e não por meio da sua forma ou
símbolos.

2- A matéria ou objecto de estudo, deve ser ensinado tendo em conta a sua


aplicação prática.

3- A matéria deve ser ensinada abertamente e não de modo obscuro e


complicado.

4- O objecto de estudo, deve ser ensinado com referência a sua natureza e


origem, isto é, através das suas causas.

5- Para ensinar e aprender qualquer coisa deve-se primeiro explicar os seus


princípios gerais. Os detalhes serão conhecidos depois.

6- Todas as partes de um objecto ou matéria, devem ser aprendidos na sua


respectiva ordem, posição e relação com as demais.

7- Todas as coisas devem ser ensinadas na sua devida ordem e nunca mais
de uma coisa de uma só vez.

8- Não se deve deixar assunto antes de vê-lo completamente compreendida.

9- Deve-se acentuar as diferenças entre coisas, a fim de que qualquer


conhecimento delas passa a ser clara e distinto.

A construção da Pedagogia tradicional, Contextualização.

A pedagogia tradicional surge numa altura em que o ocidente vivia grandes


transformações iniciadas com o desenvolvimento do comércio a distância, factos
que vieram a estimular as grandes navegações e descobertas de outras regiões
antes desconhecidas pelo ocidente.

A reforma protestante, a invenção da imprensa, o nascimento do capitalismo e


seu sustentáculo (a burguesia); esta classe fortaleceu-se e sobre a política,
economia, a ciência e a educação, assim se fez a separação entre a igreja e o
estado.
No campo das ciências Francis Bacon advoga o método indutivo, pelo qual a
análise de factos particulares poderia levar ao conhecimento da verdade mais
gerais.

No campo educativo, o ideal da opção era a formação do carácter que poderia


ser moldado através da vontade, da virtude e do rigor da disciplina.

 O pedagogo que mais contribuiu na (construção) estruturação da


pedagogia tradicional

GERG WILHELM F HEGEL (1770 – 1831)

Hegel tem sido o mais referenciado como grande filósofo ignorando-se a sua
faceta pedagógica. Durante o período em que foi Rector de Nuremberga (1808
– 1816), produziu seis (6) discursos destinados a uma audiência composta por
professores, autoridades educativas, alunos e pais, nos quais ele exprime o seu
pensamento pedagógico seguro e sólido, baseado no realismo, bom senso e
respeito pela cultura clássica humanista.

Nestes discursos, Hegel propõe o seu método para o ensino: a cada tema ditava
um parágrafo, em seguida procedia a explicação oral, acompanhadas de
questões levantadas pelos alunos.

O ditado tinha de ser passado a limpo e a explicação oral devia ser resumida por
escrito. No início de cada aula pelo menos um aluno apresentava uma síntese da
aula anterior. Durante as aulas os alunos podiam interromper para colocar suas
dúvidas.

Hegel entendia o currículo como um conjunto de aprendizagem nuclear,


referentes a saberes constituídos, dignos de serem transmitidos às novas
gerações, não com o objectivo de conservar a herança, mas sim, com a finalidade
de amplia-la e reformular novas ideias.

Em relação a figura do professor, Hegel ressaltava o entusiasmo intelectual que


deve a sua alma interior, e vocação; considerava que um professor com vocação
para ensinar, com entusiasmo intelectual, que saiba servir de exemplo, que tenha
conhecimentos profundos sobre aquilo que ensina; assim pode ser bom
profissional como guardião de touros, o professor é merecedor de respeito.

Finalidade de hegel na educação

Hegel defende a função transformadora na educação mas rejeita a falsa ideia tao
comum na actualidade de que é possível criar e inovar a partir do nada; ou seja
é possível superar a tradição e a herança cultural sem as conhecer bem e nem
respeita-los.

A respeito da ordem e da disciplina na escola e na sala de aulas, Hegel


considera que aqueles alunos que não são capazes de respeitar as relações de
cortesia e as regras de boa convivência, devem ser devolvidos aos respectivos
familiares para que eles façam aquilo que lhes apetece ou compete, isto é, incutir
regras de boa (conduta).

Sobre a formação ética dos alunos, Hegel considerava tal importante como
a sua formação intelectual. A metodologia proposta para a transmissão de valores
e a formação de carácter do aluno inclui o clima da escola, o hábito de fazer bem
as coisas, o exemplo do professor, a exortação, a reflexão e a leitura das grandes
narrativas clássicas.

Neste contexto, e depois de uma abordagem critica entende-se que pelo seu
carácter teórico prático, que a Pedagogia compreende:

Disciplinas filosóficas – teoria da educação, história da educação, filosofia da


educação, antropologia, educação comparada e política educacional;

Disciplinas científicas – Psicologia educacional, sociologia da educação,


biologia educacional e metodologias de pesquisa educacional;

Disciplinas técnicas – didácticas, teoria e desenvolvimento curricular,


tecnologia educacional, administração e gestão escolar, entre outras.

Educadores contemporâneos de entre os quais (Libano, 2007:513) consideram


a Pedagogia como um campo que se ocupa do estudo sistemático das práticas
educativas que se realizam em sociedade como processos fundamentais da
condição humana. No âmbito desses estudos, a Pedagogia investiga a natureza
e as finalidades da educação, para compreender o carácter e o significado das
práticas educativas a ela inerentes, os contextos em que elas ocorrem, discernir
sobre a relevância social das mesmas e propor solução nova.

Obecto de Estudo da Pedagogia

A Pedagogia fundamenta-se num conceito mais abrangente de educação,


porquanto as práticas educativas não se restringem a escola e a família; elas
ocorrem em todos os contextos e âmbitos da vida social, de forma
institucionalizada e não-institucionalizada, com elevado grau de intencionalidade
e sistematicidade ou ainda sem intencionalidade explícita. São todos esses
processos educativos que constituem objecto de estudo da Pedagogia,
demarcando-lhe um campo próprio de investigação, com vista a explicitar
finalidades, objectivos sociopolíticos e formas de intervenção pedagógica para a
educação. Esta função orientadora confere a pedagogia uma relevância peculiar,
pelo facto de que, as práticas educativas não ocorrem de forma isolada; elas
reflectem a lógica das relações. Cabe a pedagogia reorientar o rumo das práticas
educativas e esclarecer que tipo de homem se pretende formar com a realização
de tais práticas: Sociais, culturais, económicas e políticas vigentes na sociedade.

Portanto, a Pedagogia se configura como área de conhecimento, cuja


especificidade é realizar uma reflexão global da realidade educativa e se constitui
em um domínio que possui objecto, problemáticas e métodos próprios de
investigação enquanto ciência da educação.

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