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ISCED – Huíla
Departamento de Ciências de Educação
Secção de Pedagogia
Ano Académico 2020
Pedagogia Geral
Principio da mantrua.
Legenda:
Ano: Ano curricular em que é lecionada
Cód.: Sigla da cadeira
1ºS: Iº Semestre
2ºS: IIº Semestre
T: Aula teórica
TP: Aula teórica prática
P: Aula Prática
T.H: Total de hora
S: Semestral
A: Anual
U.C: Unidade de Credito
Introdução
A disciplina de Pedagogia Geral é uma cadeira que é considerada como sendo a
arte da Educação. A educação é a alavanca do desenvolvimento das sociedades.
É através dela que se torna visível um país no contexto das nações por meio das
suas realizações técnicas e tecnológicas suportando diferentes sectores: politico,
económico, social, religioso, familiar e outros.
Investir na educação é ter visão do futuro, é alicerçar o país, é ter direito a uma
ideia no contexto mundial das nações, é existir para os outros, é ter sentido de
vida, é tomar a dianteira no mosaico mundial, é ter e ganhar espaço.
1. Objectivos da cadeira.
Geral: Com o exposto acima, o objectivo da disciplina é proporcionar ao
estudante a necessidade da formação e da educação do homem como a única
via para a sua inserção favorável na sociedade e desenvolvimento das nações.
Especifico:
1. Reconhecer a importância da história do surgimento da educação e o seu
desenvolvimento nas diferentes formações socioeconómicas.
2. Compreender o objecto de estudo da Pedagogia e descrever a importância
da mesma no contexto das ciências.
3. Analisar os princípios e os métodos que orientam a educação e o processo
pedagógico
4. Investigar o desenvolvimento do processo e suas políticas no contexto
angolano
3. Conteúdo programático:
A. Introdução
Considerações Gerais.
Tema 1: Inicio, desenvolvimento e características da educação
1.1 A educação e o trabalho
1.2 A educação como fenómeno social
1.2.1 A educação na comunidade primitiva
1.2.2 A educação na sociedade esclavagista
1.2.3 A educação na sociedade feudal
1.2.4 A educação na sociedade moderna
1.3 O desenvolvimento da educação em Angola
Sistema de habilidades
Descrição do percurso histórico da educação nas diferentes formações
socioeconómicas, de um modo geral.
Análise dos princípios e métodos que norteiam o processo educativo.
Interpretação do fenómeno educativo e sua dependência da política educativa .
Sistema de avaliação
1. Prova escrita
2. Prova Oral
3. Trabalho de grupo
4. Trabalho independente
5. Trabalho de iniciativa própria
6. Participação activa na sala de aula (com ideia e presença)
Em respeito ao que foi apresentado acima a avaliação deve ser dinâmica, actual,
contextual e inovadora. Cingir-se-a às normas da instituição (assiduidade e
pontualidade, participação em debates e discussões, produção e apresentação
dos trabalhos, exercícios e apresentação de analises de fenómenos educativos e
formativos).
G. Sugestões metodológicas
a) A exercitação, a demonstração, exposição, a observação, e outors métodos
visuais e orais.
H. Actividades lectivas
a) Aulas (teóricas e práticas), seminários, apresentação de trabalho e sua defesa,
visitas.
Bibliografia de Base.
1. Assembleia Nacional (2016). Lei de bases do sistema de educação e
ensino. Luanda. Impresa Nacional
2. Durkhein, E. (2011) Educação e Sociologia. Rio de Janeiro, Editor Vozes
3. Gadotti, M (2010) História das Ideias Pedagogicas (8ª ed). série educação.
São Paulo
4. Piletti, C. (2004). Didáctica Geral (23ª ed). Editora Ática. São Paulo
Tema 1: Inicio, desenvolvimento e características da educação
1.1 A educação e o trabalho
A relação trabalho-educação traz imediatamente à mente a questão: quais são
as características do ser humano que lhe permitem realizar as ações de trabalhar
e de educar? Ou: o que é que está inscrito no ser do homem que lhe possibilita
trabalhar e educar? Perguntas desse tipo pressupõem que o homem esteja
previamente constituído como ser possuindo propriedades que lhe permitem
trabalhar e educar.
Pressupõe-se, portanto, uma definição de homem que indique em que ele
consiste, isto é, sua característica essencial a partir da qual se possa explicar o
trabalho e a educação como atributos do homem. E, nesse caso, fica aberta a
possibilidade de que trabalho e educação sejam considerados atributos
essenciais do homem, ou acidentais.
Na definição de homem mais difundida (animal racional), o atributo essencial é
dado pela racionalidade, consoante o significado clássico de definição
estabelecido por Aristóteles: uma definição dá-se pelo gênero próximo e pela
diferença específica. Pelo gênero próximo indica-se aquilo que o objeto definido
tem em comum com outros seres de espécies diferentes (no caso em tela, o
gênero animal); pela diferença específica indica-se a espécie, isto é, o que
distingue determinado ser dos demais que pertencem ao mesmo gênero (no
caso do homem, a racionalidade). Consequentemente, sendo o homem definido
pela racionalidade, é esta que assume o caráter de atributo essencial do ser
humano. Ora, assim entendido o homem, vê-se que, embora trabalhar e educar
possam ser reconhecidos como atributos humanos, eles o são em caráter
acidental, e não substancial. Com efeito, o mesmo Aristóteles, considerando
como próprio do homem o pensar, o contemplar, reputa o ato produtivo, o
trabalho, como uma atividade não digna de homens livres.
Diversamente, Bergson, ao analisar o desenvolvimento do impulso vital na obra
Evolução criadora, observa que “torpor vegetativo, instinto e inteligência” são os
elementos comuns às plantas e aos animais.
E, definindo a inteligência pela fabricação de objetos, fenômeno identificado
como comum aos animais, encontra no homem a particularidade da fabricação
de objetos artificiais, o que lhe permite avançar a seguinte conclusão:
Se pudéssemos nos despir de todo orgulho, se, paradefinir nossa espécie, nos
ativéssemos estritamente ao que a história e a pré-história nos apresentam como
a característica constante do homem e da inteligência, talvez não disséssemos
Homo sapiens, mas Homo faber. Em conclusão, a inteligência, encarada no que
parece ser o seu empenho original, é a faculdade de fabricar objetos artificiais,
sobretudo ferramentas para fazer ferramentas e de diversificar ao infinito a
fabricação delas. (Bergson, 1979, p. 178-179, grifos do original).
No entanto, embora essa citação esteja sugerindo que o trabalho seja a
característica essencial que define o homem em sua totalidade, Bergson não
leva essa conclusão às últimas consequências. Ao contrário, considerará que
sendo o instinto, em contraponto à inteligência, uma das duas extremidades das
duas principais linhas divergentes da evolução, ele é irredutível à inteligência.
Esta é adequada para lidar com a matéria inerte; o instinto dá-nos a chave das
operações vitais. É a intuição, isto é, “o instinto que se tornou desprendido,
consciente de si mesmo, capaz de refletir seu objeto e de o ampliar
infinitamente”, que nos conduz “ao próprio interior da vida” (idem, p. 201).
Portanto, embora o ato de fabricar em que se expressa a racionalidade seja
específico do homem, Bergson não o considera suficiente para definir a essência
humana.
Essas considerações feitas a propósito da filosofia bergsoniana ilustram o que
há de comum à grande maioria das tentativas de definir o homem que povoam
a história da filosofia. Expressões como o “homem é um animal político”; “é um
animal simbólico”, isto é, “um animal que fala”; “o homem não é senão sua alma”;
“o homem é apenas corpo”; “é uma substância composta de dois elementos
incompletos e complementares, o corpo e a alma”; “é um espírito encarnado”,
padecem do mesmo problema detectado na fórmula “o homem é um animal
racional”, assim como na concepção bergsoniana. Compõem a visão que
predominou no desenvolvimento do pensamento filosófico e que se cristalizou
no senso comum, marcada por um caráter especulativo e metafísico contraposto
à existência histórica dos homens. Partem de uma idéia abstrata e universal de
essência humana na qual estaria inscrito o conjunto dos traços característicos
de cada um dos indivíduos que compõem a espécie humana. Certamente
trabalho e educação fariam parte desse conjunto de traços.
Diferentemente dessa maneira de entender o homem, cumpre partir das
condições efetivas, reais.
Voltando-nos para o processo de surgimento do homem vamos constatar seu
início no momento em que determinado ser natural se destaca da natureza e é
obrigado, para existir, a produzir sua própria vida. Assim, diferentemente dos
animais, que se adaptam à natureza, os homens têm de adaptar a natureza a si.
Agindo sobre ela e transformando-a, os homens ajustam a natureza às suas
necessidades:
Podemos distinguir o homem dos animais pela consciência, pela religião ou por
qualquer coisa que se queira. Porém, o homem se diferencia propriamente dos
animais a partir do momento em que começa a produzir seus meios de vida,
passo este que se encontra condicionado por sua organização corporal. Ao
produzir seus meios de vida, o homem produz indiretamente sua própria vida
material. (Marx & Engels, 1974, p. 19, grifos do original)
Ora, o ato de agir sobre a natureza transformando-a em função das
necessidades humanas é o que conhecemos com o nome de trabalho. Podemos,
pois, dizer que a essência do homem é o trabalho. A essência humana não é,
então, dada ao homem; não é uma dádiva divina ou natural; não é algo que
precede a existência do homem. Ao contrário, a essência humana é produzida
pelos próprios homens. O que o homem é, é-o pelo trabalho. A essência do
homem é um feito humano. É um trabalho que se desenvolve, se aprofunda e se
complexifica ao longo do tempo: é um processo histórico. É, portanto, na
existência efetiva dos homens, nas contradições de seu movimento real, e não
numa essência externa a essa existência, que se descobre o que o homem é:
“tal e como os indivíduos manifestam sua vida, assim são. O que são coincide,
por conseguinte, com sua produção, tanto com o que produzem como com o
modo como produzem” (idem, ibidem).
Se a existência humana não é garantida pela natureza, não é uma dádiva
natural, mas tem de ser produzida pelos próprios homens, sendo, pois, um
produto do trabalho, isso significa que o homem não nasce homem. Ele forma
se homem. Ele não nasce sabendo produzir-se como homem. Ele necessita
aprender a ser homem, precisa aprender a produzir sua própria existência.
Portanto, a produção do homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem,
isto é, um processo educativo. A origem da educação coincide, então, com a
origem do homem mesmo. Diríamos, pois, que no ponto de partida a
relaçãoentre trabalho e educação é uma relação de identidade.
Os homens aprendiam a produzir sua existência no próprio ato de produzi-la.
Eles aprendiam a trabalhar trabalhando. Lidando com a natureza, relacionando-
se uns com os outros, os homens educavam-se e educavam as novas gerações.
A produção da existência implica o desenvolvimento de formas e conteúdos cuja
validade é estabelecida pela experiência, o que configura um verdadeiro
processo de aprendizagem. Assim, enquanto os elementos não validados pela
experiência são afastados, aquela cuja eficácia a experiência corrobora
necessitam ser preservados e transmitidos às novas gerações no interesse da
continuidade da espécie.
Evolução
Na Antiga Grécia, era o escravo que levava as crianças para a escola, que em
grego era schole = ócio, para que o LudusMagister= Mestre de jogos ou
brincadeiras permitisse que as crianças conduzissem para fora o seu potencial.
Como escravo condutor de crianças, o pedagogo tinha que fazer valer a sua
autoridade quando necessária.
Mas para que tal aconteça três importantes factores devem se ter em conta:
Agostinho procura uma coerência que fundamente suas ideias, isto é, procura
responder as grandes perguntas tais como:
Para que essa vontade, as coisas mesmas através dos sinais, represente as coisas
mesmas através dos sinais, é preciso que o dono dessa vontade escute seu
mestre interior, o Cristo.
Foi antes de tudo um professor; entre muitos tratados filosóficos e teológicos que
escreveu, todos marcadamente escolares, sobressai a Suma Teológica. Na
Suma Teológica, Aquino reúne a filosofia, a teologia e a mística, isto é, o
saber humano, a tradição cristã, a ética pessoal e social, a contemplação e união
com Deus, tendo sempre como objectivo alcançar a realização plena do ser
humano.
Tomás de Aquino utilizou o seu raciocínio na base de uma questão central que
ele próprio formula: ensinar é acto de vida activa ou acto de vida
contemplada? A vida activa termina com o corpo, mas tal não se dá com o
ensino, pois os anjos, que não têm corpo ensinam. Aquino foi o maior expoente
da escolástica.
O renascimento foi uma etapa que se seguiu depois da idade média na história
do ocidente. Terminada a idade média, surgiu na arena da produção internacional
um movimento cultural e artístico que se desenvolveu nos séculos. XVI e XVII.
Esse movimento propunha o restauro das ideias da antiguidade clássica greco-
romana; teve início na Itália e daí estendeu-se por toda a Europa. O movimento
renascentista teve repercussão na educação e influenciou profundamente a
produção do pensamento pedagógico daquela época.
Escreveu vários ensaios entre os quais: O que é que eu sou; Sobre o pedantismo;
Sobre a instrução das crianças. Opunha-se a educação livresca de seu tempo,
desligada da vida real. Dizia ele: os eruditos exclamam com frequência:
Cícero falava assim: estas foram as palavras de Platão; estas foram as próprias
palavras de Aristóteles. Um pedagogo podia dizer o mesmo! Mas o que é que
dizemos e seja nosso? O que é que podemos fazer? Que juízo temos?
1- Aquilo que deve ser ensinado, isto é, a matéria (objecto de estudo) deve
ser apresentado directamente aos alunos e não por meio da sua forma ou
símbolos.
7- Todas as coisas devem ser ensinadas na sua devida ordem e nunca mais
de uma coisa de uma só vez.
Hegel tem sido o mais referenciado como grande filósofo ignorando-se a sua
faceta pedagógica. Durante o período em que foi Rector de Nuremberga (1808
– 1816), produziu seis (6) discursos destinados a uma audiência composta por
professores, autoridades educativas, alunos e pais, nos quais ele exprime o seu
pensamento pedagógico seguro e sólido, baseado no realismo, bom senso e
respeito pela cultura clássica humanista.
Nestes discursos, Hegel propõe o seu método para o ensino: a cada tema ditava
um parágrafo, em seguida procedia a explicação oral, acompanhadas de
questões levantadas pelos alunos.
O ditado tinha de ser passado a limpo e a explicação oral devia ser resumida por
escrito. No início de cada aula pelo menos um aluno apresentava uma síntese da
aula anterior. Durante as aulas os alunos podiam interromper para colocar suas
dúvidas.
Hegel defende a função transformadora na educação mas rejeita a falsa ideia tao
comum na actualidade de que é possível criar e inovar a partir do nada; ou seja
é possível superar a tradição e a herança cultural sem as conhecer bem e nem
respeita-los.
Sobre a formação ética dos alunos, Hegel considerava tal importante como
a sua formação intelectual. A metodologia proposta para a transmissão de valores
e a formação de carácter do aluno inclui o clima da escola, o hábito de fazer bem
as coisas, o exemplo do professor, a exortação, a reflexão e a leitura das grandes
narrativas clássicas.
Neste contexto, e depois de uma abordagem critica entende-se que pelo seu
carácter teórico prático, que a Pedagogia compreende: