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GAVA, A.A.; ZANONI, J.N. B Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, 9(1), jan./abr.

p.41-46, 2005.

Introdução

Zanini e Gava (2005), iniciam o artigo Envelhecimento celular trazendo uma


discussão inicial sobre os níveis de envelhecimento do tecido, como pode ser definido
tal processo e a ciência que estuda o envelhecimento celular. Dessa forma, as autoras
esclarecem que tratarão de teorias relacionadas ao envelhecimento celular, seus
aspectos evolutivos e as formas de morte celular.

O estudo do envelhecimento sob o ponto de vista histórico

Do ponto de vista histórico o envelhecimento é visto como a etapa final da vida,


e desde muito cedo a humanidade tenta retardar esse processo. Durante a Idade
Média, ao tentar prolongar a vida, os Alquimistas foram os pioneiros na diferenciação
das doenças e da idade avançada, abrindo caminhos para estudos posteriores
(MICHALANY, 1995).

Já no século XIX, surge uma nova teoria que considerava a senescência como
uma propriedade herdada e preservada através do método da seleção natural de
acordo com a sobrevivência do melhor indivíduo. Essa teoria enfatizava a distinção
entre a soma e germe a partir da inutilidade da soma. E assim essa teoria ficou
conhecida como a “teoria de Weissmann” (SHIMITT, 1988).

No século XX , com o avanço cientifico o calculo da longevidade humana fica


prejudicado devido a contabilização e o aumento de mortes prematuras, afetando a
expectativa de vida das pessoas com as faixas etárias mais avançadas (SHIMITT,
1988).

Atualmente, existem dois campos científicos que estuda o envelhecimento a


Geriatria e Gerontologia ambos os campos se objetivam ao estudo da medicina da
velhice. Porém, esse campo enfrenta uma grande dificuldade ao definir uma teoria
concreta visto que o processo de envelhecimento se apresenta como um todo, ou
seja, todas as células, tecidos e órgão não apresentam o processo de envelhecimento
uniforme – os órgãos mais frágeis são os primeiros a sofrerem a deterioração e os
mais estáveis demoram um pouco mais para que ocorra o processo de
envelhecimento (SMITH, 1988; MICHALANY, 1995; ALVARENGA, 2002).

O envelhecimento sob o ponto de vista cronológico e biológico e os fatores que


o influenciam

Tendo em vista que o desenvolvimento do corpo parte de apenas uma célula e


tem como produto final um organismo composto por milhares de células entendemos
que durante o processo de desenvolvimento há varias momentos de reparação e
regeneração celular, e isso ocorre a todo instante alterando-se até o momento do
envelhecimento (ALVARENGA, 2002).

Há diversos fatores que podem influenciar o processo biológico de


envelhecimento, porém não é uma tarefa fácil contabilizá-los. De acordo com
ALVARENGA (2002), devemos levar em consideração a herança genética,
alimentação, raça, sexo e estilo de vida.

Teorias do envelhecimento celular

Teoria genética de envelhecimento

Existem muitos pesquisadores que acreditam que o envelhecimento celular está


diretamente relacionados a genética. Desse modo, as autoras apontam para três
pontos que podem nortear a discussão:

• A) As moléculas de DNA e RNA alteram-se ao longo do tempo e, ao falharem


nos processos de transcrição e tradução das mensagens, produzem
conseqüentemente erros na montagem das moléculas protéicas (HIRAI, 1982);
• B) A segunda hipótese apóia-se no fato de que segundo Medvedev apud
SMITH (1988) há uma relação direta entre a redundância gênica e a taxa de
senescência;
• C) A terceira hipótese genética do envelhecimento considera que as mudanças
produzidas com a idade, como perda da pigmentação do cabelo, menopausa,
osteoporose e a diminuição das faculdades atléticas, são continuações do
desenvolvimento natural, por meio de uma seqüência de eventos genéticos
programados (HIRAI, 1982; SMITH, 1988).
Teoria telomérica do envelhecimento

A teoria telomérica apresenta que os cromossomos normais são constituídos


por estruturas denominadas telômeros, que desempenham um importante papel
no seu comportamento, como impedir a união entre os cromossomos. Tendo como
resultado dessa duplicação o encurtamento dos telômeros, e depois de um número
de divisões celulares, os cromossomos se tornam instáveis e ocorre a morte da
célula (ANTONIALLI JUNIOR, 2002). Assim, leva-se em consideração a hipótese
que o comprimento dos telômeros podem ser responsáveis pelo aumento de
divisões que uma célula possa sofrer.

Teoria do entrelaçamento cruzado

Essa teoria tem como fundamento as alterações moleculares que ocorrem


dentro e fora das células. E que as mudanças ocorrem a partir da união de uma
ou mais células. As autoras destacam que “esse entrelaçamento é o primeiro
acontecimento molecular que conduz a maioria das mudanças para o processo de
envelhecimento celular (CALDEIRA et al., 1989).”

Teoria imunológica do envelhecimento

Essa teoria se baseia em dois pontos básicos. O primeiro acredita-se que o


sistema imunológico é a base celular e humoral que está relacionada de forma
quantitativa e qualitativa. Ou seja, “ à medida que as respostas imunológicas vão
diminuem, as manifestações auto-imunes têm um aumento gradativo com o
avançar da idade, sendo tal sistema cada vez menos eficiente [...], resultando um
aumento significativo das doenças autoimunes” (CALDEIRA et al., 1989).

Teoria dos radicais livres

Essa teoria, traz como estudo a observação da exposição das células e de suas
organelas a radiações ionizantes e como ocorrem suas reações não-enzimáticas
e reações enzimáticas. Zanini e Gava (2005), apresentam que os radicais livres
atuam no processo de envelhecimento, pois atingem direta e constantemente
células e tecidos, os quais possuem ação acumulativa (Harman apud CALDEIRA
et al., 1989). Desse modo, os diversos processos orgânicos físicos, como a
alimentação desbalanceada, o excesso de álcool, o tabagismo e até mesmo a
poluição do ar, contribuem, oxidação celular, que é considerada o estágio inicial
do envelhecimento celular. ou até mesmo provocar a morte celular (CALDEIRA et
al., 1989).

Tipos de morte celular

Zanini e Gava (2005), definem a morte celular como o estado em que as células
se encontram totalmente incapazes de realizar qualquer função, sendo divididas
em dois grandes grupos necrose e apoptose. Na apoptose a morte das células
podem contribuir para o desenvolvimento do câncer, doenças auto-imunes ou
degenerativas. Já com o processo de necreose os mecanismos não fisiológicos ou
em alguns tipos de doenças, levando a uma falha geral na regulação celular ou
tecidual (YOUNG et al., 1996).

Considerações finais

Zanini e Gava (2005), abordam de maneira breve o processo de


envelhecimento celular e resumem que esse processo é o meio que tem como
resultado a morte de um organismo. E que diante das teorias apresentadas a teoria
dos radicais livre é a que tem maior peso no estudo levantado, visto que, os
radicais livres atuam destruindo as celulas por meio da oxidação e seu efeito
possui ação cumulativa. Dessa forma, as autoras reafirmam que o desequilíbrio
ocasionados pelos radicais livres podem levar ao envelhecimento e morte das
células.

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