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Bioquímica I
1º Ano – 2º Semestre
Madalena Levezinho
2019/20
FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Índice
Introdução ..................................................................................................................................................... 3
Aminoácidos, Ligação Peptídica e Proteínas ................................................................................................... 4
Enzimas ....................................................................................................................................................... 23
Bioenergética .............................................................................................................................................. 32
Hidratos de Carbono .................................................................................................................................... 34
Metabolismo dos Hidratos de Carbono ........................................................................................................ 39
Glicólise ................................................................................................................................................... 39
Gluconeogénese ...................................................................................................................................... 48
Ciclo de Krebs .......................................................................................................................................... 52
Metabolismo do Glicogénio ..................................................................................................................... 55
Via das Pentoses de Fosfato ..................................................................................................................... 59
Fosforilação Oxidativa.................................................................................................................................. 61
Lípidos ......................................................................................................................................................... 69
Metabolismo Lipídico .................................................................................................................................. 75
Metabolismo das Purinas e das Pirimidinas................................................................................................ 101
Metabolismo dos Aminoácidos .................................................................................................................. 113
Alterações do Metabolismo Celular ........................................................................................................... 138
Integração das Vias Metabólicas ................................................................................................................ 148
Glossário ................................................................................................................................................... 157
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Introdução
A Bioquímica é o estudo dos processos químicos que ocorrem nos organismos vivos (que permitem que a
célula sobreviva, se reproduza e morra), processos esses que são o metabolismo celular (permite que ocorra
locomoção, contração, transporte intracelular, etc.) em que a célula necessita de nutrientes (na degradação
destas macromoléculas ocorre a dissipação de energia na forma de ATP ou de calor – moléculas mais pequenas
são chamadas de metabolitos).
Moléculas intermediárias (ex. ATP, NADH, FADH) são as responsáveis por intermediar os processos catabólicos
e anabólicos, transferindo energia dos primeiros para que possam ocorrer os segundos.
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São polímeros de aminoácidos, moléculas com um grupo amina e um grupo carboxílico. Se a molécula tiver o
grupo amina ligado à extremidade carbono-α, então é denominada de α-aminoácido. Os aminoácidos, quando
livres na célula podem desempenar outras funções:
Apenas 20 aminoácidos, do que constituem as proteínas, é que são realmente incluídos na cadeia
polipeptídica, os proteinogénicos. Todos estes aminoácidos são α-aminoácidos e estão todos na forma L, ou
seja, podem ser todos definidos como L- α-aminoácidos. O α-carbono é um centro quiral, os aminoácidos e o
seu espelho são enantiómeros (à exceção da glicina), ou seja, são opticamente ativos. Todos os
proteinogénicos estão na forma L, ou seja, o grupo amina estar à esquerda do α-carbono, pois o t-RNA apenas
reconhece aminoácidos nesta forma, e não na D.
Glicina:
Todos estes aminoácidos diferem apenas na composição do grupo R sendo, por isso, dado o nome a cada
aminoácido consoante a polaridade deste. Estando divididos em 5 classes:
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A glicina é o aminoácido mais simples, tem apenas um átomo de hidrogénio no grupo R. A prolina é um
aminoácido possui uma cadeira lateral muito distinta, uma vez que o α-carbono alfa não está livre, sendo, por
isso, rígido e classificado como iminoácido. A metionina possui um átomo de enxofre mas pertence a esta
classe devido ao grupo tio-éter na sua cadeia lateral, que a deixa apolar.
Nos aminoácidos apolares aromáticos, as duplas ligações entram em ressonância, dando-lhes a capacidade de
absorverem radiação na zona do ultravioleta, a 280nm (L-Fenilalanina, L-Tirosina e L-Triptofano), sendo
caracterizados pela fluorescência.
Os aminoácidos polares não carregados, ou eletricamente neutros, possuem grupos funcionais que
estabelecem pontes de hidrogénio com a água. Na L-Cisteína, o -SH é muito reativo, formando pontes
dissulfureto. A L-Selénio-Cisteína é exatamente igual à L-Cisteína, tendo um átomo de selénio em vez do
enxofre, o que lhe confere importância no potencial redox da célula (21ª aminoácido).
Por vezes, identificam-se nas proteínas alguns aminoácidos que sofreram modificações pós-tradução, como a
L-OH-Prolina e a L-N-Metil-Lisina, em que resíduos de aminoácidos são modificados, mesmo após a síntese
proteica.
Os aminoácidos apresentam propriedades anfotéricas sendo, por isso, denominados de anfólitos, podendo
funcionar como dador ou como aceitador de protões. Quando o ião dipolar se encontra eletricamente neutro
é dado o nome de Zwitter-ião. Estas espécies, isoladamente, são muito reativas dado que os grupos amina e
carboxílico, juntamente com os grupos R funcionam como ácidos e bases fracas. A composição do grupo R
condiciona também estrutura do aminoácido.
A carga deste grupo R condiciona a solubilidade dos aminoácidos, existindo portanto aminoácidos:
• Polares carregados e não carregados (solubilidade aumenta uma vez que apresentam grupos que
formam ligações de hidrogénio com a água)
• Apolares alifáticos (mais hidrofóbicos pois contêm uma cadeia hidrocarbonada)
Todos os aminoácidos possuem uma curva de titulação própria, possuem um ponto isoelétrico, ou seja, sem
carga. Mas, a um pH baixo, ou seja, com muitos protões H +, o aminoácido apresenta uma carga +1. À medida
que se sobe no pH, vão se perdendo protões, tendo carga 0, ou seja, está no ponto isoelétrico. Perdendo o
último protão, obtém-se um aminoácido com carga -1. A cada uma das transições, está associado um pK.
Todos os aminoácidos com um grupo amina, um grupo carboxílico e um grupo R (não ionizável) apresentam
curvas de titulação parecidas com a da Glicina. Estes aminoácidos têm valores de pKa muito semelhantes: o
valor de pKa do grupo -COOH varia entre 1,8 e 2,4 e o valor de pKa do grupo -NH3+ varia entre 8,8 e 11,0. As
diferenças nestes valores de pKa refletem o ambiente químico imposto pelos grupos R. Têm dois valores de
pKa.
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Os aminoácidos com grupos R ionizáveis têm curvas de titulação mais complexas, com três fases
correspondendo aos três possíveis passos da ionização, por isso, apresentam 3 valores de pKa.
Pelo facto do grupo R pode ser também ionizado, é preciso ter-se este caso
também em conta aquando do cálculo do ponto isoelétrico.
Os grupo amina apresentam reatividade. Os grupos α-amina, conseguem reagir com o composto Ninidrina,
originando uma coloração violeta. Como os aminoácidos são incolores, em atividades de separação dos
mesmos em placas de TLC, é utilizada a Ninidrina para os revelar com uma cor arroxeada (os iminoácidos
apresentam-se com uma coloração amarelada). Quando, em laboratório, é necessária uma maior
sensibilidade, são utilizados outros compostos para revelar (que também só reagem com os grupos α-amina)
que, em vez de corar a molécula, esta apresenta-se fluorescente (no escuro, placa emite luz amarela quando
se incide radiação UV); um dos exemplos destes compostos é o Cloreto de Dansilo.
Quando um grupo carboxílico de um aminoácido reage com o grupo amina doutro aminoácido, ocorre a perda
de uma molécula de água, ou seja, dá-se a condensação, formando assim uma ligação peptídica. Esta
capacidade dos aminoácidos reagirem uns com os outros é o que dá origem ao polímero, à proteína.
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No laboratório, para se fazer uma ligação é necessário bloquear-se todos os grupos reativos e deixar apenas
livres os que queremos fazer reagir. É difícil efetuar esta técnica, não só porque são obtidos pequenas
quantidades de aminoácidos (10/12), como também não se chega ao fim com uma substância totalmente
pura.
A ligação peptídica é uma ligação covalente, com caráter de dupla ligação, sendo que a ligação amida pode
entrar em ressonância, é por isso uma ligação extremamente estável e forte. (Só é possível quebrar-se esta
ligação deixando a cadeia polipeptídica durante a noite em Ácido Clorídrico 5N a 110ºC). Esta ligação é co-
planar e rígida, reduzindo os graus de liberdade de conformação do polipéptido. Por possuir este carácter de
dupla ligação, absorve ao nível dos 190 a 230 nm. Mais frequentemente apresentam-se na conformação trans.
Só se apresenta em cis quando um dos aminoácidos é a prolina pois é um iminoácido, pelo que tem o grupo
α-amina ligado ao resto da molécula e o grupo R não está solto.
Aos ângulos em que há liberdade rotacional dá-se o nome de ângulo de torsão (Φ se for N-Cα e ψ se for Cα-
C) e têm valores entre 180º e -180º. Podem existir impedimentos ao nível do aminoácido ou entre aminoácidos
da cadeia polipeptídica, dependendo do tamanho do grupo R, pelo que cada aminoácido vai ter um conjunto
de ângulos de torsão que lhe serão permitidos.
Os valores dos ângulos de torsão foram calculados teoricamente e registados num gráfico, os gráficos de
Ramachandran, sendo que os conjuntos de valores Φ e ψ para os quais não existe impedimento estéreo de
coexistirem aparecem como zonas escuras. Estes gráficos são então importantes para compreender a
estrutura proteica.
Pelo facto de numa proteína, ao contrário de num péptido (que tem entre 50
a 100 aminoácidos), ter mais de 100 aminoácidos e como a ligação entre
estes não é linear, cada proteína vai adquirir, para além de um tamanho, uma
estrutura particular, de acordo com os seus grupos R e ângulos de torsão
característicos. Será esta conformação própria que dará à proteína uma
função biológica, ou seja, deixá-la funcionalmente ativa na célula, bem como
fará com que esta proteína não tenha um efeito patogénico.
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soma-se massa molecular, divide-se por 20 e fica-se com a massa molecular média de um aminoácidos. Não
esquecendo que tem que se ter em conta perda de uma molécula de água, pelo que é necessário retirar-se a
massa de uma molécula de água, chegando aproximadamente ao valor de 110 kDa por aminoácido. Para
exercerem função, por vezes, as cadeias polipeptídicas associam-se a outras (iguais ou diferentes entre si); por
exemplo, a hemoglobina é constituída por 4 cadeias polipeptídicas, iguais duas a duas (duas α e duas β).
Para se efetuar a nomenclatura de uma cadeia polipeptídica, identificam-se todos os aminoácidos que a
constituem, começando-se pelo N-terminal, terminando-os com o sufixo -il, excetuando o C-terminal. Mas,
como na cadeia, já não temos os aminoácidos completos pois já foram retiradas moléculas de oxigénio e
hidrogénio para se poder formar a ligação peptídica, é dado o nome de resíduos de aminoácidos. Exemplo:
Tetrapéptido GCAI: glicil-cisteinil-alanil-isoleucina
• Primária: apenas interessa a sequência dos aminoácidos na proteína (e não a dua ordem), condiciona
os outros níveis de estrutura da proteína pois basta haver a alteração de uma base para o codão ser
lido de forma diferente e a proteína perder função (base patogénica das doenças genéticas)
• Secundária: arranjo espacial local da cadeia de estrutura primária, onde se destacam elementos
específicos
• Terciária: arranjo espacial organizado dos elementos da estrutura secundária
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• Quaternária: arranjo espacial de diferentes estruturas terciárias (caso a cadeia se associe a outras
cadeias para exercer função), logo proteínas que trabalhem sozinhas não apresentam estrutura
quaternária, a estas é dado o nome de proteínas monoméricas
As cadeias β são estruturas parecidas a uma seta, que apresentam ângulos de torsão mais distendidos (Φ =-
140º e ψ= 130º), possuem entre 5 a 10 resíduos de aminoácidos e os seus grupos R estão orientados para fora.
Estas cadeias não são muitos estáveis isoladamente pelo que, tendem a interagir com outras, estabelecendo
assim pontes de hidrogénio sendo, por isso, que estas cadeias se apresentam sempre juntas umas às outras
formando aquilo a que se dá o nome de folha β. Estas folhas podem ser paralelas ou antiparalelas, sendo que
nestas últimas, como as pontes de hidrogénio são mais curtas, são mais fortes e por isso, as estruturas são
mais estáveis.
Nas voltas ou loops ocorre uma alteração na direção da cadeia, dando-lhe um aspeto enovelado. Esta
mudança dá-se quando se encontra os aminoácidos preferenciais a este tipo de estruturas, a Glicina (tem um
hidrogénio pelo que é móvel e flexível) e a Prolina (aminoácido rígido com configuração cis). Estas estruturas
costumam localizar-se em locais de reconhecimento de anticorpos, devido a estarem em locais mais expostos
ou exteriores), de fosforilação (ativação enzimática), glicosilação, hidroxilação, etc.
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Nas estruturas terciárias também é possível destacar-se elementos denominados de motivos e domínios, por
vezes, importantes para o conhecimento da função da proteína já que aparecem associadas a zonas de
trabalhos específicos.
Todas estas estruturas são estabilizadas por forças muito fracas e instáveis, maioritariamente não covalentes
e intracelulares, que mantêm a estrutura terciária final. Entre estas ligações não-covalentes:
Estas ligações não-covalentes apenas se estabelecem quando os átomos estão suficientemente próximos ao
ponto de interagirem, pelo que podemos classificar estas ligações como dependentes da distância entre
átomos, sendo por esta razão que estas ligações são mais fáceis de quebrar que as covalente e necessitam de
menos energia para o mesmo.
Nas pontes salinas dá-se a ligação dos grupos R de um átomo negativo e de um átomo positivos relativamente
próximos (inferior a 4-7Å). Estas ligações são afetas pela alteração do pH, pelo que são bastante importantes
na desnaturação de proteínas pois, por exemplo, se se baixar o pH, menos pontes salinas se darão, menos
interação entre átomos ocorrerão, tornando mais fácil a separação dos mesmos.
Nas pontes de hidrogénio, dá-se a ligação entre átomos de hidrogénio e de oxigénio, a uma distância de 2,8-
3,1Å, ocorrendo quando estes apresentam cargas parcialmente opostas. São, por isso, importantes na
estabilização de elementos da estrutura secundária e classificadas como intracatenárias (dentro da mesma
hélice) ou intercatenárias (entre porções diferentes da cadeia, por exemplo, entre cadeias β para formar uma
folha ou nos loops para mudar a direção).
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As interações de Van der Waals dão se quando dois átomos não carregados Forças de Van der Waals:
se encontram na vizinhança um do outro, ou seja, a sua nuvem eletrónica
influencia a outra, levando à criação de um dipolo transitório, levando à
aproximação dos núcleos e à consequente estabilização dessa zona da
cadeia polipeptídica.
Interações
hidrófobas:
A maioria dos proteinogénicos incluem-se na categoria dos que estabelecem interações hidrófobas, dado ao
elevado número de grupos R que não fazem pontes de hidrogénio, nem salinas, nem interações de Van der
Waals, contribuindo para a formação das estruturas terciárias. A água tem tendência a associar-se a grupos
apolares, levando à diminuição da entropia do sistema. Como a cadeia ainda se apresenta aberta, a água irá
colocar-se à volta destes grupos apolares. Se estes grupos de resíduos de associarem todos no interior da
cadeia, a água já não se conseguirá colocar em volta deles, sendo excluída da sua periferia, pelo que se
apresentará desordenadamente à volta da cadeia, levando a um aumento da entropia. Esta segunda situação
é mais estável pois os sistemas tendem sempre a aumentar a sua entropia.
Para destabilizar este tipo de ligações, é necessário juntar um reagente hidrofóbico, que levará à desnaturação
da proteína, deixado esta de ter função. A esta juntam-se ainda, então, a alteração do pH, a adição de um
solvente orgânico ao meio ou ainda o aumento da temperatura (aumenta a energia de vibração dos átomos,
deixando as interações entre eles fragilizadas, levando a que se rompam).
Todas estas ligações não-covalentes são responsáveis pela ligação da proteína a um ligando, podendo levar à
alteração da estrutura terciária. Estas não podem ser covalente pois têm de permitir a acomodação da
estrutura ao ligando e, é por esta razão, que as proteínas são classificadas como macromoléculas
extremamente dinâmicas. Sendo isto, importante tanto para a funcionalidade da proteína como também para
a possibilidade da ocorrência de motivos ou domínios específicos, bem como da sua movimentação e resposta
a estímulos (ligar a ligandos).
Contudo, as ligações covalentes também estão presentes nas proteínas, através da ligação peptídica (na
estrutura primária entre um C-terminal de um aminoácido e um N-terminal do seguinte) e da Cisteína
(aminoácido que tem um grupo -SH como terminal) que forma pontes dissulfureto, podendo estas
estabelecer-se dentro da mesma cadeia ou entre duas cadeias (ex. Insulina). Estas pontes só são estabelecidas
quando os átomos se apresentam suficientemente próximos e num meio ambiente oxidante, características
de proteínas que são enviadas para trabalhar no exterior da célula. Por esta razão, proteínas intracelulares,
que estão em ambiente redutor, não são estabilizadas por pontes dissulfureto, apesar de poderem apresentar
resíduos de cisteína.
Insulina:
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• Globulares
• De Membrana
• Fibrosas
A α-queratina é então uma proteína fibrosa que se apresenta associada a coesão dos tecidos, pelo que, está
presente no cabelo, nas unhas e na parte externa da pele. É constituída por uma hélice-α rica em aminoácidos
hidrofóbicos (Ala, Val, Leu, Ile, Met e Phe), mas também por Cys o que faz com que, a sua estrutura quaternária
(hélices associam-se umas às outras) para além de ser estabilizada por interações hidrofóbicas também o é
por pontes dissulfureto. Estas estrutura são muito associadas
às permanentes feitas nos cabelos, isto acontece pois é
aplicado um agente redutor no cabelo que quebra as pontes
dissulfureto entre as cadeias e, posteriormente, é adicionado
um agente neutralizante que faz com que as pontes se tentem
encontrar novamente. Esta reformação vai ser aleatória pelo
que a estrutura quaternária vai ficar diferente dando ao cabelo
um aspeto enrolado.
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A acetilação e metilação da Lisina e Arginina dá-se em proteínas associadas ao DNA, as histonas, pois como
apresentam um teor básica, possuem um elevado número de aminoácidos básicos, neste caso, os grupos
Arginina e Lisina, que são facilmente metilados. Estas alterações são importantes para controlar a expressão
genética (gene on/off). A hidroxilação dá-se em proteínas com funções estruturais, pelo que apresenta um
maior número de Prolinas.
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A lipoilação, por outro lado, dado que os lípidos são altamente apolares, vai ocorrer quando ácidos gordos e
colesterol reagem com grupos R específicos da proteína e associam-se a partes destes resíduos. Como a
proteína tem um carácter hidrofílico, não conseguindo contactar com a membrana, ao associar-se a lípidos,
ganha apolaridade e consegue efetuar este contacto. Então, podemos definir lipoilação como a ancoragem de
proteínas globulares a membranas, pelo intermédio de lípidos.
Nos outros tipos de PTMS, pode incluir-se a adição de grupos prostéticos, por exemplo, na hemoglobina, se a
proteína não apresentar o grupo Heme, não vai conseguir fixar o ferro, não conseguindo assim transportar
oxigénio. A proteólise da sequência sinal dá-se em proteínas sintetizadas nos ribossomas, que vão trabalhar
na mitocôndria. Quando estas são translocadas para a
mitocôndria pela sequência sinal, esta última deixa de ser
precisa, pelo que a mitocôndria possui protéases para
cortar e remover, dando assim origem à proteína final
funcional. A proteólise por si só dá-se em proteínas
sintetizadas como pré-proteínas, ou seja, inativas, que
apenas ficam funcionais quando é removida uma parte.
Por exemplo, na insulina), uma cadeia A cliva para B, de
seguida associa-se a outra C clivada, dado aí origem à
proteína ativa final.
Proteólise da Insulina:
Dá-se o nome de folding proteico ao processo espontâneo no qual a cadeia linear de aminoácidos adquire
uma estrutura tridimensional correta, biologicamente ativa, que se denomina de estado nativo (ou folded).
Quando a proteína se encontra sem estrutura ou conformação tridimensional é dado o nome de estado
desnaturado (ou unfolded). O processo de folding é espontâneo, ao contrário da desnaturação. Em
laboratório, quando uma proteína é desnaturada, muito dificilmente se consegue renaturar, pelo que, se deve
trabalhar a baixas temperaturas.
O folding é um processo em que ocorre libertação de energia, pelo que o ΔG, Energia Livre de Gibbs, se
apresenta negativo, já que a variação de entalpia também é negativa. Como esta energia é fruto de um relação
entre a entalpia e a entropia, as variações destas vão afetar a estabilidade da molécula. Relativamente à
entropia, esta é abordada tanto a nível da água como da cadeia. O aumento da entropia da agua favorece o
folding, fazendo com que os resíduos hidrofóbicos se localizem no interior da proteína. Por outro lado, a
diminuição da entropia da cadeia desfavorece o folding. É por estas razões que a energia de Gibbs para uma
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proteína globular é negativa, no entanto, pouco (10 a 75 kJ mol-1). Nesta situação, a proteína apresenta um
folding marginalmente estável, ou seja, qualquer alteração energética do meio altera rapidamente a
conformação proteica.
Christian Anfinsen apresentou a Hipótese Termodinâmica onde defende que uma estrutura nativa
corresponde à estrutura termodinamicamente mais estável e que a informação para determinar a estrutura
terciaria está na sequência da estrutura primária.
Cyrus Levinthal, por outro lado, defendia a Hipótese Cinética, em que o folding não era apenas um processo
termodinâmico, mas também cinético. Acrescentou também que não era aleatório, mas sim que seguia vias
específicas. Isto era justificado pelo facto de, para a proteína encontrar a conformação mais estável, teria que
experimentar muitas diferentes, o que levaria um tempo impensável. Então, a proteína segue um caminho
bem definido, composto por vários estados intermediários, no fim do qual, encontrar-se-á no estado nativo,
sendo este, não o estado termodinamicamente mais estável mas sim o estado de energia mínima (do ponto
de vista cinético, é mais acessível).
Para algumas proteínas efetuarem o folding são necessários os chaperones moleculares. Estas proteínas
associam-se às cadeias polipeptídicas nascentes, protegendo os seus resíduos hidrofóbicos, deixando assim a
cadeia crescer, acompanhando-a até sistemas mais complexos, neste ambiente, assim que a cadeia consegue
adquirir o seu folding, o chaperone liberta-se.
Como as proteínas desnaturam com o aumento da temperatura, vão produzir umas proteínas, as Heat Shock
Proteins (ou Hsp), que vão proteger e permitir que se efetue o refolding.
Existem sistemas de controlo de qualidade para o folding proteico e, por isso, caso as proteínas não adquiram
o correto folding, irão ser marcadas e enviadas para degradação nos proteossomas 26s e lisossomas.
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As doenças conformacionais são caracterizadas pela redução do nível de proteína nativa e pela acumulação
da respetiva proteína unfolded, resultando na sua aglomeração e deposição em tecidos específicos. Quando
se dá a mutação num único gene, provocando a troca de um codão, a proteína não adquire uma estrutura
tridimensional funcional, pelo que os chaperones
tentarão efetuar o refolding e quando não o
conseguem, esta é enviada para degradação,
levando a que os níveis desta proteína se
apresentem mais baixos, a esta dá-se o nome de
doença conformacional por perda de função (são
exemplos a Fibrose Cística e alguns tipos da
Diabetes). Caso esta alteração provoca uma
conformação alterada pela formação de estruturas
secundárias em fibrila, que facilmente agregam e
depositam na célula, formando propriedade
tóxicas; a esta doença é dado o nome de
conformacional por ganho de função (são exemplos
a doença de Alzheimer e de Parkinson).
Do ponto de vista terapêutico e farmacêutico, são criadas pequenas moléculas, chaperones farmacológicos,
que na célula ajudem a proteína a adquirir um folding próximo ao do estado nativo agregando-se a ela e
estabilizando-a, para não ser reconhecida pelos sistemas de qualidade, que resultaria no envio para
degradação. Existem ainda os reguladores da proteostase que são pequenas moléculas que controlam a
síntese de chaperones ou a sua interação com a molécula, mantendo a proteína o máximo na célula, tornando-
se funcional.
O material biológico usado para purificar proteínas apresenta uma origem muito variada, podendo ser obtido
a partir de plantas, animais, células cultivadas em laboratório, leveduras e bactérias. É condição fundamental
para purificar que se preserve as condições de preservação do estado nativo, tanto durante a extração, como
na purificação e armazenamento e, como tal, é necessário escolher-se um método de lise adequado ao tipo
de proteína em estudo e ao tipo de tecido ou organismo.
Os métodos de lise variam entre métodos físicos, métodos enzimáticos, detergentes e inibidores de proteases.
• Choque osmótico, por exemplo, no sangue, adicionando-se água fazendo as hemácias lisarem
• Choque térmico, alterando entre o congelamento e descongelamento, levando à criação de cristais
que rebentam assim as células
• Descompressão explosiva, em que se provoca um aumento de pressão num cilindro, abrindo-se
depois uma pequena válvula, fazendo com que as células embatam num local e que a sua
descompressão provoque a sua lise (este choque mecânico provoca libertação de calor pelo que o
cilindro deve estar arrefecido)
• Sonicação, em que a energia sonora leva à extrema agitação das partículas fazendo-as lisarem (a
libertação de calor é elevada pelo que as células costumam estar num tubo de ensaio colocado em
gelo)
• Choque mecânico
Nos métodos enzimáticos estão incluídos os fungos, as lisozimas e as leveduras, por exemplo.
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Define-se então uma grandeza, a concentração micelar crítica que define que um detergente só é eficaz
quando cria micelas, onde se observam as cabeças polares na parte de fora revestindo as partículas no seu
interior.
Os inibidores de protéases são utilizados pois, na lise, os compartimentos das protéases confinadas deixam
de estar inativos e começam a degradar proteínas, pelo que, em laboratório é necessário evitar isso.
Os métodos mistos de lise são os mais utilizados, sendo uma combinação dos métodos anteriores,
dependendo da origem, do tipo de proteína a purificar e no equipamento existente.
Após a lise já é possível o início da purificação. Esta pode desenvolver-se por quatro métodos, no entanto,
antes de qualquer purificação é normal efetuar-se uma pré-purificação, por centrifugação e filtração, a fim de
eliminar grandes fragmentos celulares ou restos de tecidos que estejam ainda presentes e que possam baixar
a eficácia da posterior purificação.
São também utilizados concentradores com membranas possuindo poros conhecidos, mas embora muito
eficientes e rápidos, apresentam várias limitações de volume e de preço. Em contraste, a diálise é um método
bem mais barato, no entanto muito mais lento, em que se coloca a solução numa membrana de acetato de
celulose, onde um poro controla a entrada e a saída de alguns sais, obtendo-se a proteína livre por difusão
passiva (não é um método muito escolhido também porque a proteína final apresenta-se muito diluída).
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A cromatografia é outra técnica de separação de moléculas, onde o objetivo é então separar ou resolver dois
ou mais componentes de uma mistura, baseada na distribuição diferencial entre um fluído (fase móvel ou
eluente) e um adsorvente (fase estacionária, sólido ou líquido). Esta última fase é depois empacotada em vidro
ou aço, podendo o seu suporte ser em coluna (CC) ou planar (TLC).
A purificação de proteínas por cromatografia em coluna tem três fases: a captura, a purificação intermédia e
o polimento e pode fazer-se por cinco tipos: troca iónica, afinidade, hidrofóbica, fase reversa e exclusão
molecular.
Na troca iónica (IEX), existe um baixo conhecimento sobre a proteína a trabalhar. Existe uma troca de iões que
estão agarrados à fase fixa, de seguida, retira-se a proteína lentamente agarrada à fase estacionária, através
de um gradiente isocrático com um contra-ião. Por fim,
restitui-se a fase fixa, ou seja, regenera-se para se poder
usar novamente. Nesta fase fixa, pode ter-se um catião ou
um anião pelo que existe uma maior probabilidade e
flexibilidade para conseguir apanhar a proteína. Tudo isto
se baseia no ponto isoelétrico das proteínas, pelo que
existem zonas de estabilidade ácida e básica perto do valor
de pH 7 (ou seja, este método não pode ser usado quando
a proteína se encontra no seu ponto isoelétrico pois lá não
existe carga).
Por afinidade, é conhecida a proteína a utilizar bem como ao que esta se agarra pelo que se constrói logo uma
matriz física e quimicamente inerte com um ligando anexado. De seguida, faz-se passar a molécula pela matriz
e esta vai agarrar-se ao ligando, com a ajuda de um space arm que vai impedir a ocorrência do efeito estérico.
Posteriormente, é só retirar e a proteína apresentar-se-á extremamente pura. Para voltar a usar a mesma fase
estacionária é necessário apenas reequilibrar tudo.
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Pelo método hidrofóbico (HIC), as moléculas são separadas de acordo com as diferenças no seu
comportamento hidrofóbico à superfície. Na fase reversa (RPC), esta separação é semelhante, apenas não o
são à superfície.
Para o doseamento de proteínas, existem métodos diretos, como a espetrofotometria no UV, e métodos
indiretos, como os métodos de Lowry, do Ácido Bicinconínico e de Bradford.
O mais utilizado é a absorção de luz na gama do UV, ou seja, a 280 nm por anéis aromáticos de alguns resíduos
de aminoácidos (triptofano e tisosina). Baseia-se na Lei de Lambert-Beer e obtêm-se o valor de absorvência
das amostras através de um espetrofotómetro. É, por isso, um método simples mas bastante exigente pois o
número de contaminantes que podem interferir é muito vasto. Se as proteínas possuírem muitos resíduos de
triptofano, vai ser possível absorver muito, no entanto, se possuírem poucos, não vai ser possível sequer medir
a concentração da proteína, dado que não vai conseguir absorver luz.
O método de Lowry baseia-se em reações de oxi-redução de iões cuproso (Cu+) que são instáveis a pH neutro,
sendo por isso usados para reagir com algumas substâncias a fim de se obter um complexo mais estável, o
reagente de Folin-Ciocalteau, de cor azul. A redução deste reagente dá-se posteriormente à redução em
condições alcalinas do ião cúprico (Cu2+), diretamente por cadeias laterais de alguns resíduos de aminoácidos
como a tirosina, triptofano, cisteína, asparagina e histidina. Este é um método lento, mas de alta sensibilidade,
apresentado uma incompatibilidade com agentes redutores. Também não é possível efetuar este método em
detergentes pois estes tendem a revestir as proteínas, impossibilitando os resíduos de estarem acessíveis a
reagir com o cobre. Esta reação produz um cromóforo com absorção máxima de 750 nm.
O método do Ácido Bicinconínico baseia-se na redução dos iões Cu+ e Cu2+ em condições básicas, sendo mais
rápido e menos sujeito a interferências. Ocorre a reação de duas moléculas de Ácido Bicinconínico com Cu+,
formando um cromóforo de cor púrpura com um máximo de absorção a 562nm. Entre as vantagens deste
método está o facto de ser tolerante a agentes desnaturantes como a ureia e o cloreto de guanidina.
No método de Bradford, não existem reações de oxi-redução, apenas a ligação do corante Azul Brilhante de
Coomassie G-250 com aminoácidos com bases aromáticas. Em condições ácidas, este corante apresenta-se
estável e com uma cor vermelha. Quando ligado a proteínas, apresenta um máximo de absorção de 595 nm e
uma coloração azul.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
No processo de purificação, é importante ter uma metodologia que me informe se a proteína está realmente
presente ou não. A mais comum é a eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE). Nesta é aplicado um campo
elétrico a uma matriz inerte, fazendo com que as moléculas com carga migrem, separando-as.
Este método apresenta limitações pois, caso a carga seja neutra, não
ocorre uma separação. Para tal, são criados uns géis desnaturantes
que, juntamente com um detergente com carga conhecida (ex. SDS),
conseguem fazer com que as moléculas apresentem sempre carga,
podendo ser separadas. As proteínas possuem ainda pontes
dissulfureto que fazem com que estrutura terciária seja especial; se
essas pontes não forem quebradas, é impercetível se se possuem
todas as subunidades. Para tal, é criado um gel redutor, β-ME ou
DTT, que vão reduzir o enxofre, permitindo assim a total quebra e
desnaturação das proteínas.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Não tão usual, mas possível, é o recurso à imunotransferência ou western blot, onde as proteínas são
transferidas do gel para uma membrana, onde anticorpos são usados como sondas para identificar a proteína-
alvo. Este método é utilizado para resolver o problema da reatividade cruzada dos anticorpos.
A função proteica está relacionada com a capacidade de interação da proteína com outras moléculas,
nomeadamente polissacáridos, lípidos, iões, ácidos nucleicos ou ainda outras proteínas.
No entanto, para que uma proteína exerça uma função é necessário que esta seja capaz de estabelecer
ligações reversíveis com outras moléculas (ligandos), que apresente um local de ligação ao ligando (sítio de
ligação) e que a sua estrutura seja capaz de se alterar conformacionalmente de modo a melhor interagir com
o ligando (induced fit).
A interação da proteína com o seu ligando pode ser definida pela constante de afinidade ou associação (Ka),
que é tanto maior quanto maior for a concentração do ligando associado à mesma proteína no equilíbrio. Se
o Ka apresentar um valor alto, isto indica que o ligando se liga fortemente à proteína e que, com uma
concentração baixa, é possível ocupar metade dos sítios de ligação na proteína.
A constante de dissociação, Kd, corresponde ao inverso da constante de associação e, então, quando maior
for esta constante, menor será o Ka.
A mioglobina é uma proteína apenas constituída por uma subunidade, não apresenta, por isso, estrutura
quaternária, apresenta uma massa molecular de 16,7 kDa e tem como grupo prostético o grupo Heme,
responsável pela ligação da proteína a um átomo de ferro. A hemoglobina também apresenta o grupo
prostético Heme, mas é constituída por quatro subunidades e é um heterotetrâmero (apresenta duas
subunidades α e duas β). Estas duas proteínas têm como ligando o oxigénio, sendo a primeira responsável
pelo seu armazenamento e a segunda pelo seu transporte. A ligação do oxigénio a estas duas proteínas pode
ser determinada laboratorialmente medindo a saturação das mesmas, à medida que se aumenta a pressão
parcial de oxigénio no meio.
Assim, tanto a constante de associação como a de dissociação estão diretamente relacionadas com a função
das proteínas. Por exemplo, uma relação Ag-Ac terá que ter uma ligação forte e, por isso, as imunoglobulinas
apresentarão um Ka elevado e um Kd baixo.
Em ambas as proteínas, o ligando liga-se às mesmas através da interação com o átomo de ferro associado ao
grupo Heme. Este é mantido no sítio de ligação através do estabelecimento de ligações não covalentes com
resíduos de aminoácidos específicos presentes neste local (no caso da
mioglobina, são a valina, duas histidinas e uma fenilalanina). A
hemoglobina, sendo um heterotetrâmero, apresenta um grupo Heme
por cada subunidade (que se mantém fixo no sítio de ligação por
interação com duas leucinas, uma valina e uma fenilalanina). Na
presença do ligando, a posição destes resíduos relativamente ao grupo
Heme modifica-se, levando ao afastamento das cadeias α e β (estado R
ou relaxed). Assim, na ausência do ligando, estas duas subunidades
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
encontram-se mais perto, estabelecendo interações mais fortes e, a proteína na sua estrutura quaternária
apresenta-se mais compacta (estado T ou tense) – este estado possui menor afinidade para o ligando do que
estado R.
Os anticorpos são proteínas com uma estrutura característica em forma de Y e são constituídos por quatro
cadeias polipeptídicas (duas leves e duas pesadas). Os domínios constantes encontram-se na região C-terminal
das cadeias pesadas e os domínios variáveis encontram-se na região N-terminal de ambas as cadeias, sendo
estas últimas os locais de ligação aos antigénios. Esta estrutura quaternária é estabilizada por pontes
dissulfureto e ligações não-covalentes.
A ligação específica Ag-Ac é determinada pelos resíduos de aminoácidos nos domínios variáveis e leva a uma
alteração conformacional de modo a que as interações estabelecidas sejam fortes.
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Enzimas
As enzimas são moléculas que apresentam a capacidade de catalisar reações biológicas, atuando num
substrato e formando um produto. Na sua maioria são proteínas, estão presentes em todas as células vivas e
aumentam a velocidade das reações químicas, permanecendo inalteradas durante este processo.
Para que as moléculas possam reagir, estas necessitam de atingir o estado de transição, caracterizado por ser
um estado de elevada energia. A energia necessária fornecer ao sistema para que este atinja este estado é
denominada de energia de ativação. Esta, quanto maior, mais lenta será a reação química. Por isso, como as
enzimas aumentam a velocidade da reação, diminuem a energia livre do estado de transição, uma vez que
forçam os substratos a seguirem estados de transição diferentes menos energéticos. No entanto, as enzimas
não alteram a variação da energia livre, ΔG.
Para que uma reação mediada por enzimas ocorra, é necessário um substrato (ligando), um centro ativo
localizado na enzima (sítio de ligação ou catalítico) e, por vezes, cofatores.
O substrato é mantido no centro ativo através de interações com os grupos R dos aminoácidos do último. Este
ligando pode apresentar massas moleculares muito diversas e é seletivamente escolhido pela enzima (existe
especificidade para o substrato). Esta é controlada pelas características físicas e químicas do substrato e do
centro ativo e pode ser classificada como absoluta (enzima reconhece apenas uma molécula) ou relativa
(enzima reconhece uma classe de compostos).
Este reconhecimento do substrato pela enzima pode ocorrer pelo modelo chave-fechadura, no qual a
estrutura terciária apresenta uma configuração estativa, ou seja, apenas o substrato com uma estrutura que
encaixe no centro ativo formará o complexo ES (enzima-substrato). No modelo induced fit e, devido à
estrutura dinâmica das proteínas, a enzima interage com o substrato alterando a sua conformação adaptando-
se à sua estrutura, o que explica a ambiguidade enzimática (dado que uma mesma enzima pode reconhecer
diferentes substratos).
Os cofatores são moléculas de natureza não proteica adicionais necessárias ao funcionamento das enzimas e,
por isso, quando estão presentes na enzima é dado o nome de holoenzima (enzima ativa), e quando não estão
de apoenzima (enzima inativa). Estes cofatores podem ser iões metálicos ou coenzimas, apresentando-se
ligados à enzima por ligações fortes ou fracas.
A capacidade dos iões metálicos atuarem como cofatores resulta diretamente da possibilidade de se
apresentarem na forma de catiões, de possuírem diferentes estados de ionização e de poderem estabelecer
ligações com diversos ligandos (normalmente pertencem à 1ª série de transição, possuindo dois estados de
oxidação). Podem apresentar-se isolados (em coordenação com um grupo R), em clusters metálicos (por
norma, Fe e S, com diferentes geometrias e coordenação com os grupos R da Cys) ou associados a moléculas
não proteicas (ex. associação do Fe ao grupo Heme na catalase).
As coenzimas, por norma, apresentam-se associadas as reações redox e a reações envolvendo transferência
de grupos.
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A ubiquinona, ou coenzima Q, tem uma importância fundamental na cadeia respiratória. Apresenta uma longa
cadeia hidrocarbonada (10 unidades de isopreno) e, por isso, é uma molécula de carácter hidrofóbico.
O nosso organismo sintetiza algumas das coenzimas necessárias, utilizando moléculas precursoras fornecidas
pela alimentação (vitaminas). Estas dividem-se em hidrossolúveis e lipossolúveis.
De acordo com o sistema de nomenclatura desenvolvido pelo IUBMB, a cada enzima é atribuído um código.
Na nomenclatura enzimática, pode dar-se à enzima um nome
sistemático ou um nome trivial. O primeiro segue 32 regras,
entre elas:
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As enzimas de classe 1, oxido-redutases, catalisam então reações redox e implicam a presença de um agente
oxidante (molécula que se reduz) e de um redutor (que oxida). Esta classe divide-se em 23 subclasses, de
acordo com as características do grupo dador e cada subclasse divide-se em várias sub-subclasses de acordo
com as características da molécula aceitadora. Por exemplo, a desidrogenase alcoólica classifica-se como EC
1.1.1.1 pois catalisa reações redox (classe 1), tem como grupo dador -OH (subclasse 1) e como molécula
aceitadora o NAD+ (sub-subclasse 1).
As transferases, classe 2, catalisam reações onde ocorrem transferências de átomos o grupos funcionais entre
moléculas. Apresenta 9 subclasses, de acordo com o tipo de molécula transferida e cada uma destas divide-se
em diversas sub-subclasses de acordo com o tipo de grupo químico transferido.
As hidrólases, classe 3, intervêm em reações de hidrólise, dividindo-se em 12 subclasses de acordo com o tipo
de ligação onde atuam e em sub-subclasses de acordo com o tipo de molécula.
As liases, classe 4, intervêm em reações onde se dá a formação ou remoção de duplas ligações e de grupos
funcionais. Divide-se em 7 subclasses, dependendo dos átomos envolvidos e em sub-subclasses dependendo
do tipo de função química envolvida.
As ligases ou sintetases, classe 6, catalisam reações onde ocorre a formação de ligação entre duas moléculas,
muito semelhantes às enzimas da classe das liases, no entanto, estas encontram-se associadas à hidrólise de
um composto de elevada energia, como por exemplo, o ATP.
Os fatores que diminuem a energia livre do estado de transição estão diretamente relacionados com as
características do centro ativo.
No efeito de aproximação e orientação, devido à formação apropriada do centro ativo, o substrato posiciona-
se no sítio de ligação com orientação adequada (contrariamente a uma reação química na ausência de uma
enzima onde os substratos se irão posicionar aleatoriamente no tubo de ensaio). O segundo fator, o efeito de
tensão, relaciona-se com o induced fit pois, após a ligação dos substratos, ocorre um aumento da tensão
nestes, forçando-os a atingir o estado de transição. O terceiro ou efeito de desidratação e diminuição do
potencial eletrostático, que ocorre quando o substrato se associa ao sítio catalítico; esta associação exclui
quaisquer moléculas de água que existam no centro ativo, diminuído a constante dielétrica do meio, o que
resulta no fortalecimento das interações electroestáticas no complexo SE (o único caso em que esta exclusão
não acontece é nas reações promovidas pelas hidrólases, uma vez que estas necessitam de uma molécula de
água para que a reação ocorra).
Por fim, e uma vez os substratos posicionados corretamente no centro ativo, os grupos R dos aminoácidos
deste, que se encontram envolvidos na reação química, podem promover esta.
- Catálise ácido-base
- Catálise covalente
- Catálise mediada por iões metálicos
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Na catálise ácido-base, os resíduos de aminoácidos do centro catalítico atuam como dadores ou aceitadores
de protões H+. Os grupos R envolvidos nestes processos pertencem aos aminoácidos básicos (Arg, Lys e His),
ácidos (Asp e Glu) e com grupos -OH (Tyr e Ser) ou -SH (Cys). Na catálise covalente, os resíduos nucleofílicos
de aminoácidos do centro catalítico formam ligações covalentes transitórias com o substrato ou com o cofator.
Os iões metálicos são importantes na catálise, não só porque intervêm na orientação do substrato para o
centro ativo, mas também porque estabilizam a carga do estado de transição e contribuem para a adição ou
remoção de eletrões no decurso da reação.
A cinética enzimática estuda as taxas/velocidades das reações químicas catalisadas por enzimas e o efeito das
variações das condições da reação na sua velocidade. Este estudo permite identificar o mecanismo catalítico
de uma enzima, o seu papel no metabolismo celular e os mecanismos de controlo da sua atividade.
Nas reações enzimáticas, a catálise ocorre através da formação rápida e reversível do complexo ES que, uma
vez formado, originará a libertação irreversível do produto, com regeneração da enzima. Podemos destacar
neste processo três constantes: K1 e K-1 (reversível) e K2 (irreversível).
Para deduzir a Equação de Michaelis-Menten, é necessário assumir a hipótese do estado estacionário, onde
a concentração do complexo ES mantém-se inalterado quando comparado com as concentrações de substrato
e de produto. Se se mantém inalterada, isso significa que a velocidade da formação do complexo é igual à
velocidade de desaparecimento deste mesmo complexo.
É, também, necessário assumir que a concentração total da enzima se mantém inalterada ao logo de toda a
reação. Assim, para este valor total, contribui a concentração de enzima livre [E] e a concentração da enzima
na forma de complexo [ES]. Então,
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A equação de Michaelis-Menten permite aferir dois parâmetros importantes para a caracterização das
enzimas, o Vmáx e o Km.
O Km é a concentração de substrato com a qual é atingida metade da velocidade máxima da reação. Apresenta
um valor constante específico para cada enzima e traduz a constante de equilíbrio da ligação do substrato à
enzima. Portanto, um valor baixo de Km indica que é necessária uma baixa concentração de substrato, e
significa que existe uma grande afinidade pelo que a ligação é muito forte.
O Vmáx é o valor máximo teórico da taxa de reação enzimática, no entanto, nunca é atingido graficamente.
Para ser atingido, era necessário que todas as moléculas enzimáticas se apresentassem fortemente ligadas ao
substrato. Apresenta também um valor constante específico para cada enzima.
Devido à relevância destes dois parâmetros, é importante a sua determinação, no entanto, esta não pode ser
efetuada pela leitura gráfica da hipérbole retangular descrita pela Equação de Michaelis-Menten, uma vez que
para descobrir o valor de Km é necessário conhecer-se o valor de Vmáx e este não pode ser determinado
graficamente, uma vez que representa a assíntota da hipérbole. Assim, recorre-se a manipulações
matemáticas desta equação, onde, nestas, a hipérbole retangular é transformada numa reta – linearizações.
As enzimas alostéricas não seguem a Equação de Michaelis-Menten e, por isso, a velocidade da reação em
função da concentração de substrato é representada por uma curva sigmoidal, então o mecanismo adjacente
é semelhante ao descrito para a hemoglobina. Também as enzimas
alostérias existem no estado conformacional de baixa afinidade e,
à medida que as moléculas de substrato se ligam à enzima, esta
altera-se conformacionalmente, para um estado de maior
afinidade. Estas enzimas, para além do sítio de ligação, apresentam
também outro local de ligação a moléculas mais distante do
primeiro, o sítio alostérico. De acordo com o tipo de molécula que
se liga a este sítio, as enzimas podem ser homotrópicas (se é o
próprio substrato que se liga) ou heterotrópicas (outra molécula
que não o substrato se liga). São caracterizadas pela sua
cooperatividade, o que se traduz em curvas mais ou menos
sigmoides.
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- pH
- Temperatura
- Concentração da enzima
- Concentração do substrato
- Inibidores ou ativadores
Em função do pH do meio, a curva obtida é do tipo de sino, refletindo o diferente estado de protonação dos
resíduos de aminoácidos do centro catalítico envolvidos
na reação química. Através dessas curvas, é possível
determinar o pH ótimo, ou seja, o pH para o qual se
obtém a velocidade de reação mais elevada.
Normalmente, o valor do pH ótimo de uma enzima reflete
o seu local de atuação (Ex. a pepsina, presente no
estômago apresenta o pH ótimo ácido e a tripsina, um pH
ótimo básico uma vez que deverá atuar ao nível do
intestino).
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Inibidores são moléculas específicas e que atuam em concentrações baixas para reduzir a taxa da reação
enzimática, através do bloqueio da enzima (mas não a destruindo). Podem ter uma ação :
A velocidade de uma reação enzimática pode ser monitorizada através da determinação da velocidade de
desaparecimento do substrato ou de aparecimento do produto, ou seja, laboratorialmente, é possível
quantificar a concentração de substrato ou de produto ao longo do tempo.
- Turnover number (s-1) → nº moles de substrato convertido por segundo, por mole de enzima
- SI (U) → quantidade de enzima que catalisa a formação de 1μmol de produto, por minuto
- Katal (kat) → quantidade de enzima que produz 1 mol de produto, por segundo
- Atividade especifica → unidades de enzima por mg de proteína (U/mg)
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• Transcrição pela alteração do nível de expressão dos genes que codificam para uma dada enzima
• Interconversão de formas de enzimas inativas em ativas (por proteólise ou fosforilação depende de
ATP)
• Modulação da enzima pela presença e associação a ligandos, resultando numa ativação ou inativação
a atividade da mesma (Ex. feedback)
• Disponibilidade de cofatores ou coenzimas necessárias à reação
- regulação alostérica
- modificações covalentes reversíveis da enzima (pós-tradução)
- clivagem proteolítica
- inibição por feedback
- regulação por isoenzimas
O sítio alostérico permite aumentar a atividade enzimática após ligação da molécula efetora, esta podendo
ser o próprio substrato (no caso das homotrópicas) ou uma molécula diferente (no caso das heterotrópicas).
Como já anteriormente mencionado, a ligação desta ao sítio alostérico promove uma alteração
conformacional da enzima para um estado de maior afinidade e, por consequência, obtém-se uma maior
atividade enzimática. Então, uma pequena alteração na concentração do substrato pode levar a um aumento
da velocidade da reação enzimática, muito importante para enzimas presentes nas vias metabólicas uma vez
que permite que mantenham a sua atividade a níveis residuais, não esgotando o substrato. Por isso, podem
também diminuir a sua atividade quando os níveis desta molécula sofrem um aumento drástico.
As propriedades catalíticas podem também ser controladas pela ocorrência de ligações covalentes de
pequenas moléculas. Existem vários tipos de moléculas que, ao ligarem-se covalentemente às enzimas,
modificam a sua atividade. São exemplos a fosforilação (adição de um grupo fosfato), a adenilação (adição de
um grupo adenilo), a uridilação (adição de uridina), a ADP-ribosilação (adição de ADP-ribose) e metilação
(adição de um grupo metil). Estas moléculas ligam-se a resíduos específicos de aminoácidos, geralmente, aos
mais reativos, como os resíduos básicos de Arg, Lys e His, resíduos ácidos de Glu e Asp, resíduos com -OH de
Ser, Tre e Tir ou resíduos com -SH de Cys. Existem enzimas especializadas para adição e remoção destas
moléculas e, por isso, existe um carácter reversível nestas modificações.
A fosforilação é a modificação covalente reversível mais frequentemente utilizada a nível celular para alterar
a atividade enzimática. Envolve a adição de um grupo fosfato e ocorre geralmente nos grupos -OH da Ser e
Tir. As enzimas que catalisam estas reações designam-se por cinases e as que catalisam a desfosforilação são
designadas de fosfatases. As primeiras englobam mais de 550 enzimas diferentes e promovem a transferência
do grupo fosfato terminal do ATP para um resíduo de Ser (no caso das serina cinases) ou de Tir (no caso das
tirosina cinases). Pode ocorrer num só resíduo
ou pode ser múltipla.
Na maioria dos casos, a fosforilação ativa as enzimas. No entanto, existem exceções como o complexo de
piruvato desidrogenase, uma enzima mitocondrial muito importante no metabolismo energético. Este é
inativado por fosforilação de três resíduos de Ser, portanto quando desfosforilado, apresenta uma atividade
superior do que quando se encontra fosforilado.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Aquando da regulação por clivagem proteolítica, a enzima é ativada após clivagem e remoção de uma parte
da sua cadeia polipeptídica. Neste caso, estas enzimas são sintetizadas numa forma inativa designada de
zimogénio ou pró-enzima, onde parte da sua cadeia cobre o centro ativo impedindo o acesso do substrato.
Após a remoção desta porção, o substrato já
consegue aceder, no entanto, ao contrário da
fosforilação, este processo é irreversível. Esta
regulação é muito frequente em enzimas
presentes no trato gastrointestinal.
As isoenzimas ou isozimas são enzimas que catalisam a mesma reação química mas que diferem na sua
sequência de aminoácidos, sendo por isso, codificadas por genes diferentes (não são aloenzimas, pois estas
resultam da variação alélica de um mesmo gene). Geralmente, apresentam parâmetros cinéticos diferentes
(como a mobilidade eletroforética) e mesmo diferentes propriedade reguladoras.
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Bioenergética
A bioenergética estuda os processos através dos quais os organismos obtêm e controlam as suas fontes de
energia. Nos sistemas biológicos, as responsáveis pelo fluxo energético são as vias metabólicas.
A energia cinética está relacionada com a que é libertada, geralmente, associada ao movimento. A energia
potencia, normalmente armazenada, incluir a energia química contida na estrutura molecular. A
interconversão entre estes dois tipos de energia é muito comum, seguindo a 1ª Lei da Termodinâmica.
A energia potencial contida nas ligações químicas de uma molécula é medida pela Energia Livre de Gibbs, e
associa-se à quantidade energética necessária para formar ou quebrar uma ligação. A variação da Energia Livre
de Gibbs determina se a reação é exergónica (ΔG<0 – reação espontânea) ou endergónica (ΔG>0 – reação não
espontânea). Numa reação em equilíbrio, ΔG=0. Se uma
segunda reação endergónica for acoplada a uma primeira
exergónica, esta última poderá ocorrer através de um
intermediário comum (o que é produto na primeira, é reagente
na segunda), uma vez que a Energia Livre de reações acopladas
é aditiva, de modo a que no final, a variação da Energia Livre da
via metabólica seja negativa.
Na célula, existem um conjunto de processos metabólicos exergónicos, onde ocorre a produção de energia,
normalmente associadas à degradação de macromoléculas e comummente designadas de vias catabólicas.
Contrariamente, as vias anabólicas referem-se ao conjunto de processos metabólicos pela formação destas
macromoléculas, pelo consumo de energia, ou seja, reações endergónicas. Caso ocorram simultaneamente
processos catabólicos e anabólicos, dá-se o nome de via anfibólica, como é o exemplo do Ciclo de Krebs.
As moléculas intermediárias, necessárias para que ocorra o acoplamento de reações, são capazes de transferir
a energia necessária. Esta transferência pode ocorrer por dois processos:
Este potencial padrão de redução encontra-se associado à variação da Energia Livre de Gibbs através da
equação: ∆𝐺 = −𝑛𝐹𝐸
Assim, para todas as reações onde exista uma espécie que se oxide e uma que se reduz, é possível determinar-
se uma variação de Energia Livre associada ao valor do potencial de redução associado a cada uma das semi-
reações intervenientes. Esta variação será tanto mais negativa, quanto mais afastado forem estes potenciais
de redução.
O fosfoenolpiruvato é a molécula que liberta mais energia quando liberta este grupo fosfato (∆𝐺 𝑜 = -62,2 kJ
mol-1). Existem ainda duas moléculas que não apresentam, como normal, o grupo fosfato num terminal: o
AcetilCoA (∆𝐺 𝑜 = -31,5 kJ mol-1) e S-adenosilmetionina (∆𝐺 𝑜 = -25,6 kJ mol-1).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A molécula de ATP pode sofrer várias reações de hidrólise, podendo fosforilar a ADP e este,
consequentemente, fosforilar a AMP. Alternativamente, o ATP pode originar AMP e pirofosfato e este último
ainda pode ser fosforilado a pirofosfato inorgânico, Pi.
A elevada energia das ligações entre os fosfatos deve-se ao facto destas apresentarem uma grande
instabilidade, devido à repulsão entre os átomos de oxigénio e fósforo.
O ATP é, então, uma molécula intermediária do acoplamento, contribuindo para que reações endergónicas
possam ocorrer, por exemplo, na reação de síntese da glutamina.
Nesta reação, o grupo fosfato proveniente do ATP é adicionado ao glutamato, formando um intermediário
fosfatado altamente energético. A reação é transformada em duas reações exergónicas: a hidrólise do fosfato
γ e a libertação do intermediário fosfatado (posteriormente substituído pelo grupo amina).
O ATP é sintetizado a partir do ADP, no entanto, sendo a primeira uma molécula energética, esta sua síntese
é um processo endergónico. Esta energia necessária à síntese de ATP, tem duas origens distintas:
▪ Fosforilação oxidativa
É um processo mais lento mas mais eficiente. Utiliza a energia proveniente da transferência
de eletrões gerada na cadeia respiratória.
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Hidratos de Carbono
Os hidratos de carbono, vulgarmente conhecidos por açúcares ou glícidos, são as moléculas mais abundantes
na natureza. São constituídos maioritariamente por carbono, hidrogénio e oxigénio, mas alguns podem ainda
presentar moléculas de enxofre, azoto ou fósforo.
Estas moléculas, para além de estarem envolvidas no fornecimento e armazenamento de energia, também
apresentam uma função estrutural (Ex. suporte na membrana das bactérias e da parede celular de plantas),
são moléculas importantes na constituição do DNA e RNA e no estabelecimento de interações entre as células
e o meio extracelular.
- Monossacáridos (1 unidade)
- Dissacáridos (2 unidades)
- Oligossacáridos (3 a 10 unidades)
- Polissacáridos (mais de 10 unidades)
-OH “Polihidroxi-“
-C=O
“-aldeído” “-cetona”
São classificados quanto ao tipo de grupo carbonilo, número de átomos de carbono e a sua
estereoquímica.
A numeração dos átomos de carbono é feita a partir do carbono mais perto da função acima
mencionada. As aldoses e as cetoses são assim classificadas adicionando um sufixo numérico (Ex.
AldoTriose, CetoTetrose, etc.). A nomenclatura das cetoses é normalmente feita a partir das aldoses,
mas adicionando “-ul” (Ex. para a aldose “ribose”, a cetose correspondente é a “ribulose”).
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É sabido que moléculas que apresentem um grupo aldeído podem reagir com moléculas que
apresentem um grupo hidroxilo, para formar um hemiacetal. De modo semelhante, moléculas que
apresentem um grupo cetona, e que reajam também com um álcool, formam um hemicetal. Em
ambos os casos, ocorre a formação de um novo grupo -OH.
Quando se dá esta ciclização dos açúcares, o grupo -OH formado pode apresentar-se em duas
posições, originando anómeros, α e β. Em solução, sabe-se que existe uma mistura destas duas e de
estruturas abertas, embora uma das formas cíclicas apresente predominância perante a outra.
A ciclização intramolecular leva à formação de piranoses (com 6 lados) e furanoses (com 5 lados).
Devido à complexidade de toda a nomenclatura dos monossacáridos, estes podem ser designados por
abreviaturas, sendo selecionadas as três primeiras letras (exceto quando semelhante com
aminoácidos).
Entre os dissacáridos mais frequentes na natureza, salienta-se a maltose (duas glucoses), a lactose
(glucose e galactose) e a sacarose (glucose e frutose).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Dependendo se as suas unidades são iguais ou diferentes entre si, são classificados em homo e
heteropolissacáridos.
Estas moléculas podem ainda ser classificadas quanto à existência ou não de ramificações na cadeia.
Destaca-se, como exemplo, a celulose presente nas plantas e responsável pela estrutura da sua parede
celular (homopolissacárido de β-glucose sem ramificações). A amilose e a amilopectina são ambos
homopolissacáridos de α-glucose presentes no amido, sendo que a segunda se apresenta ramificada.
O glicogénio, encontra-se em células animais e apresenta-se como um homopolissacárido de α-
glucose ramificado.
Celulose Amilose Amilopectina Glicogénio
Nas glicoproteínas, os açúcares associar-se a grupos -OH de resíduos de Ser (ligação O-linked) ou associados a
grupos amina de resíduos de Asn (ligação N-linked).
Os hidratos de carbono, por apresentarem uma função carbonilo, são agentes redutores. No entanto, o seu
poder redutor depende da forma estrutural do monossacárido (mais forte na forma linear e mais fraco na
forma cíclica). A ciclização é promovida em meio ácido fraco, pelo que, neste caso, os açúcares são agentes
redutores fracos cíclicos.
Em meio alcalino, os açúcares passam à forma linear e, como possuem vários grupos -OH (poliós), formam
derivados enólicos (agentes redutores muito fortes). Nestas condições, ocorre também a transformação
isomérica de cetoses para aldoses, o que faz com que a maioria sejam agentes redutores.
A Prova de Benedict permite demonstrar o poder redutor dos açúcares, utilizando o reagente de Benedict,
sendo este constituído por iões Cu2+ em meio alcalino. Nestas condições, dá-se a linearização do açúcar (forma
enólica) aumentado o seu poder redutor, podendo assim reduzir os iões, levando à sua precipitação na forma
de óxido cuproso (Cu2O).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Apesar de todos os monossacáridos serem agentes redutores, nem todos os dissacáridos o são.
O glicogénio, é constituído por moléculas de glucose, ligadas entre si por ligações do tipo α 1→4 e, nas suas
ramificações por ligações α 1→6. Apresenta uma extremidade com -OH livre (sem poder redutor) mas outra
com função aldeído livre (com poder redutor). Relativamente às suas ramificações, apresenta apenas uma
extremidade livre com grupo -OH, pelo que esta estrutura não tem poder redutor.
A Prova de Barfoed serve também para testar o poder redutor dos açúcares. O
reagente de Barfoed é semelhante ao de Benedict, no entanto, é constituído por
iões Cu2+ em meio ácido fraco. Com esta prova é possível distinguir monossacáridos
de dissacáridos, uma vez que, apesar de darem ambos positivo (formação de
precipitado óxido cuproso), a redução dos primeiros é mais rápida, já que estes
apresentam um maior número de grupos carbonilo disponíveis para reduzirem o
ião.
A Prova de Seliwanoff baseia-se na desidratação das hexoses e é utilizada para identificação destas. O
reagente de Seliwanoff é constituído por ácido clorídrico (HCl) e resorcinol. Por ação do HCl e da temperatura,
as hexoses em solução, ao desidratarem, perdem moléculas de água e formam o composto 5-
Hidroximetilfurfural. Este tem a capacidade de reagir com o resorcinol, originando um produto de
condensação corado de vermelho. Assim, se ao adicionarmos reagente à solução, obtivermos uma coloração
vermelha, estamos na presença de uma hexose.
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A Prova do Ácido Múcico baseia-se na oxidação dos açúcares, em meio ácido, mais especificamente o ácido
azótico (HNO3). Ocorre, primeiramente, a oxidação do carbonilo C-terminal, formando um ácido
monocarboxílico e, de seguida, o outro C-terminal oxida formando o ácido dicarboxílico. Este produto da
oxidação de açúcares é designado de ácido sacárico (sempre solúveis no meio reacional, à exceção do ácido
galactosacárico ou múcico – formado a partir da galactose). Ao aquecer uma solução de açúcar, na presença
de ácido azótico, a ocorrência de um precipitado branco no final da reação, indica que se continha na solução
inicial a galactose ou a lactose.
Todas as provas abordadas anteriormente pertencem à Marcha Geral de Identificação dos Açúcares, onde é
possível identificar os açúcares desde que estes se encontrem isolados em solução.
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Esta via metabólica ocorre no citoplasma celular e é a única que funciona tanto em condições de aerobiose
como de anaerobiose, dependo da disponibilidade de oxigénio da cadeia respiratória.
O facto de ser possível a formação de ATP em condições anaerobióticas é importante nos músculos
esqueléticos pois permite na mesma o seu alto funcionamento e, de um modo geral, permite que todos os
tecidos sobrevivam a situações de anóxia (ausência completa de oxigénio).
Contudo, existe tecido muscular, o cardíaco, que não está adaptado para estas situações, pelo que tem uma
atividade glicolítica muito baixa, originando, em situações de isquémia, situações patológicas como o enfarte
do miocárdio.
Contrariamente, existem casos como o dos eritrócitos, células que não possuem mitocôndrias, que necessitam
totalmente da anaerobiose, por exemplo, para que não ocorram situações de anemias hemolíticas (baixa do
teor de hemoglobina por destruição das hemácias) provocadas por um défice enzimático.
Conclui-se, portanto, que a glicólise é bastante importante em vias de metabolização de moléculas como a
glucose, a frutose e a galactose. Como pela nossa dieta, consumimos maiores quantidades de amido do que
glicogénio, é necessário converter os açúcares mais complexos em mais simples para que, posteriormente,
possam ser absorvidos e transportados na corrente sanguínea para o fígado.
Simultaneamente, a amilase salivar e pancreática contribuem para a hidrólise dos açúcares acima
mencionados, transformando-os em maltose.
A maltose, ao chegar ao intestino, vai sofrer hidrólise por ação de uma dissacaridase específica, a maltase,
formando as moléculas de glucose. A sacarose, por ação da sacarase, hidrolisa originando uma molécula de
glucose e outra de frutose. A lactose, por ação da lactase, origina assim glucose e galactose.
Há, portanto, a formação de glucose pela hidrólise destes três dissacáridos, sendo que os restantes
monossacáridos, a frutose e a galactose, vão ser transformados também em glucose, no fígado. Isto acontece
porque a glucose é a molécula energética mais importante na maioria dos organismos, contribuindo no seu
metabolismo.
A célula apresenta, por isso, capacidade de armazenar glicose na forma de polímeros de elevada massa
molecular (amido e glicogénio) mas também porque a consegue obter a partir da hidrólise destes mesmos
compostos, caso seja necessário, obtendo, por consequência, ATP.
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É de notar que a glicose é a única fonte energética do cérebro, em situações de jejum e pós-prandial (aumento
do nível de glicose no sangue logo após uma refeição), pelo que, é necessária a constante manutenção dos
seus níveis sanguíneos.
Fase Preparatória
Fase de Recuperação
Energética
Na primeira reação, a glucose entra na célula por um transportador específico, sofre fosforilação por ação da
hexocinase, juntamente com ATP e ião Mg2+, originando a glucose-6-fosfato.
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A glucose-6-fosfato fica retida no interior da célula, não conseguindo atravessar a membrana celular a fim de
passar para a corrente sanguínea (não é reconhecida como substrato pelo transportador da glucose). Então,
vai ser o metabolito iniciador da glicólise, pois a adição de um grupo fosfato provoca a destabilização da
glucose.
Simultaneamente, ocorre a diminuição dos níveis intracelulares de glucose, favorecendo por gradiente de
concentração a sua entrada continuamente na célula (diminuição na corrente sanguínea).
Para além de contribuir para o início da glicolise, a glucose-6-P também contribui como ponto de iniciação e
de junção de outras vias metabólicas, como a neoglucogénese (obtenção de glucose a partir de substratos não
glucosídicos), a via das pentoses de fosfato, a glicogénese (síntese de glicogénio a partir de moléculas de
glucose) e a glicogenólise (hidrólise de glicogénio).
A segunda reação engloba a isomerização da glucose-6-P em frutose-6-P, pela conversão de uma aldose em
cetose, catalisada pela fosfoglucose isomerase.
A enzima atua sobre o anel de 6 átomos de carbono, promovendo a formação, após isomerização, do anel de
5 átomos de carbono seguinte.
Na terceira reação, a frutose-6-P sofre fosforilação sob a ação da fosfofructocinase, formando frutose 1,6-
bifosfato.
Esta dupla fosforilação tem uma grande importância na clivagem da molécula, na quarta reação, em duas
moléculas de 3 carbonos, pois se esta fosse efetuada na frutose-6-P em vez de na frutose-6-biP, apenas uma
das moléculas resultantes apresentaria grupo fosfato.
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Nesta reação de clivagem, obtêm-se uma aldose (gliceraldeído-3-P) e uma cetose (di-hidroxiacetona-P), sendo
que a primeira entra diretamente na via glicolítica e a segunda não. Esta reação, catalisada pela aldolase, é
reversível.
Assim sendo, esta cetose terá que ser convertida também a gliceraldeído-3-P, para que seja possível a
obtenção de ATP. Isto acontece na quinta reação, onde a isomerização destes compostos é feita por ação da
fosfotriose isomerase (ou triose fosfato isomerase).
Estruturalmente, esta enzima contém 4 grupos tiol (-SH), sendo que um deles se localiza
no centro ativo, ao qual o substrato se liga inicialmente, formando um tiohemiacetal
(posteriormente oxidado a tioéster). Nesta reação redox, os hidrogénios removidos são
transferidos para o NAD+ (formando NADH) e o tioéster irá sofrer fosforilação (por adição
de uma molécula de P inorgânico).
Todas as reações catalisadas por desidrogenases necessitam da ação de cofatores, neste caso o NAD+, que
atuam como transportador de eletrões. A sua oxidação, provocará uma remoção de eletrões e a sua redução,
vice-versa, ou seja, captação dos mesmos.
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Na sétima reação, o fosfoglicerato cinase irá catalisar a transferência de um grupo fosforil (Pi) do 1,3-
bifosfoglicerato para o ADP, originando a formação de 3-fosfoglicerato e ATP.
É de salientar que, como tinham sido formadas, anteriormente, duas moléculas de gliceraldeído-3-P, então
agora, obtêm-se duas moléculas de ATP.
Na oitava reação, o 3-fosfoglicerato sofre isomerização por ação da fosfoglicerato mutase, formando 2-
fosfoglicerato, existindo transferência do grupo fosforil do C3 para o C2.
Na nona reação, o 2-fosfoglicerato sofre desidratação por ação da enolase, formando o fosfoenolpiruvato (um
enolfosfato altamente energético). Nesta reação, estabelece-se uma dupla ligação, originando um enol,
aumento assim o potencial de transferência do grupo fosforilo.
A enzima interveniente nesta reação é inibida pelo ião fluoreto e depende da presença dos iões Mg 2+ e Mn2+.
Na décima e ultima reação, a transferência de um grupo fosforilo do fosfoenolpiruvato para o ADP ocorre
pela ação da piruvato cinase, e dá origem a piruvato e a ATP.
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O estado redox presente nas células vai determinar qual das vias
metabólicas é seguida:
Os seres vivos, apesar de usarem a glucose como a sua maior fonte energética, também conseguem
metabolizar outras oses, como a frutose a galactose. Como a frutose se associa à glucose na forma de sacarose
e a galactose na de lactose, não existe uma via metabólica específica para estas duas oses, dado que o percurso
adotado é a conversão destas a glucose, para depois serem encaminhados para a via glicolítica.
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São várias as situações patológicas originadas pela difícil ou diminuição da metabolização de alguns açúcares,
nomeadamente, da lactose.
A intolerância à lactose é o nome dado à incapacidade de metabolizar o açúcar contido no leite, provocando,
posteriormente à ingestão deste, distúrbios a nível intestinal.
São sintomas recorrentes a distensão abdominal (formação de metano e hidrogénio pela fermentação
do ácido láctico), a flatulência, a diarreia e o atraso estato-ponderal (défice no desenvolvimento da
criança).
Menos comum é a intolerância à galactose ou galactosémia que se caracteriza por um défice hereditário na
enzima GALT (galactose 1-P uridiltransferase).
A galactose, quando se apresenta em níveis altos no sangue, vai aparecer também na urina.
Como forma mais comum de tratamento, é apresentada a remoção da mesma na dieta resultando na
reversão dos sintomas mas, em casos graves, as sequelas ao nível do SNC e hormonal podem não
desaparecer.
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Como da glicólise, podem-se retirar como objetivos, a degradação da glucose com formação de ATP e a
formação de metabolitos essenciais a reações de síntese, então a regulação da mesma é feita com vista a
suprimir estas duas necessidades celulares.
Como existem enzimas que catalisam reações irreversíveis, estas apresentam um papel fundamental neste
controlo, sendo alguns exemplos a hexocinase, a fosfofrutocinase e a piruvato cinase.
A enzima que catalisa o passo limitante (reação irreversível) de uma via metabólica é considerado o elemento
de controlo mais importasse desta. Como na glicólise, o passo limitante corresponde à fosforilação da frutose-
6-P em frutose 1,6-biP e como esta é catalisada pela fosfofructocinase, então esta é considerada o elemento
mais importante do controlo da via glicolítica.
Ao nível do tecido muscular esquelético, cabe à glicólise fornecer a energia necessária à contração muscular.
ADP + ADP ATP + AMP
A razão ATP/AMP, ou seja, a carga energética da célula é onde se situa o controlo primário da glicólise
muscular. Uma maior concentração de ATP, irá inibir a enzima por diminuição da afinidade da mesma
com o substrato (frutose-6-P). Por outro lado, uma elevada concentração de AMP, irá provocar a
situação reversa.
Por outras palavras, a atividade enzimática aumenta quando a razão ATP/AMP diminui.
A diminuição do pH, por outro lado, promove a inibição enzimática dado que aumenta o efeito
inibitório do ATP. Isto pode acontecer após uma atividade muscular anaeróbica em excesso, pois ao
produzir grandes concentrações de ácido láctico, podem ser provocadas lesões a nível do mesmo
tecido muscular.
A hexocinase também é importante aquando do controlo desta via metabólica, inibindo o seu produto
de reação (glucose-6-P).
Quando a enzima acima mencionada está inativa, a concentração de frutose-6-P aumenta, pelo que,
em situação de equilíbrio, faz aumentar a concentração da glucose-6-P. Então, por consequência, a
inibição de uma provoca a inibição da outra.
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A ação desta enzima leva à formação de ATP e de piruvato, sendo este último o intermediário central
do metabolismo, podendo sofrer reações catabólicas ou anabólicas.
O aumento da concentração de ATP inibe esta enzima, alostericamente, tornando toda a reação
glicosídica mais lenta, quando não há a necessidade de mais energia.
Ao nível do fígado, embora semelhante ao músculo, é mais complexa, devido à sua maior capacidade
metabólica de manutenção dos níveis de glucose sanguínea.
Este órgão armazena glucose, quando esta está concentrações excessivas, na forma de glicogénio. É
também responsável pela libertação da glucose para a circulação quando existe uma diminuição dos
níveis plasmáticos e também a usa para a formação de compostos reduzidos importantes na síntese
biológica de outras moléculas (como os ácidos nucleicos).
Esta enzima será inibida pelo citrato, que informa sobre a presença ou não de precursores em
abundância (não sendo necessária a metabolização adicional da glucose pela glicólise).
Então, a fosforilação da glucose por esta enzima só se efetua em situações onde a sua concentração
se apresenta em níveis muito elevados. Esta enzima apresenta como funções, então, o fornecimento
de glucose-6-P para a síntese de glicogénio e de ácidos gordos.
Como esta enzima apresenta uma afinidade para o substrato muito diminuta, órgãos como o cérebro
e o coração, são os preferenciais quando o aporte glucídico se apresenta em baixo.
A piruvato cinase apresenta-se na sua isoforma L (no fígado). Esta enzima é ativada pelo produto da
reação (frutose 1,6-BiP), mantendo assim o fluxo metabólico ( e a obtenção de ATP). Por outro lado, é
inibida por uma elevada concentração de ATP, alostericamente, levando ao abrandamento da reação
glicosídica.
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Gluconeogénese
A gluconeogénese é o conjunto de processos no qual se convertem
percursores não glucosídicos em glucose ou glicogénio.
A piruvato carboxilase é a única enzima mitocondrial (já que todas as outras são
citoplasmáticas). Isto implica que o oxaloacetato tenha que ser transportado
para o exterior da mitocôndria. Para que isso aconteça, este é reduzido a malato,
pela ação da malato desidrogenase dependente de NADH, que após o transporte
desta para fora da membrana mitocondrial, será novamente reoxidado a
oxaloacetato (com formação de NADH+ e H+).
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Uma vez formado o fosfoenolpiruvato, este é metabolizado pelas enzimas glicolíticas (no sentido inverso pois
as reações catalisadas por si são reversíveis).
Na nona reação, a frutose 1,6-BiP é hidrolisada a frutose-6-P e P-inorgânico, pela ação da frutose 1,6-
bifosfatase (enzima alostérica importante na regulação da via metabólica, tal como a sua homóloga na
glicólise).
A frutose-6-P é convertida, na décima primeira reação, a glucose-6-P. Por vezes, este é o passo final da
gluconeogénese, não ocorrendo a formação de glucose, sendo a molécula de glucose-6-P usada para a síntese
de glicogénio.
Por haver a possibilidade desta conversão não acontecer, a enzima que a catalisa (glucose-6-fosfatase) é
altamente regulada. Esta enzima apenas está presente em tecidos importantes para a manutenção da
homeostase da glicemia (níveis de glicose no sangue), como o fígado, rins e intestino, pois têm a capacidade
de libertarem glucose para a circulação (não acontece, por isso, no músculo e cérebro).
A regulação desta via metabólica está associada à da glicólise, pelo que quando uma está inativa a outra
permanece muito ativa. Assim, a intensidade da via glicolítica é determinada pela concentração disponível de
glucose no meio e a via gluconeolítica pelas concentrações de lactato e de outros percursores da glucose.
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O lactato produzido no tecido muscular esquelético e nos eritrócitos pode ser utilizado como fonte de energia
noutros tecidos.
As hemácias, como não apresentam mitocôndrias, não apresentam capacidade de metabolizar a glucose por
completo. Por outro lado, o Ciclo de Krebs também não é uma opção viável, uma vez que a sua capacidade
não é suficiente para a velocidade a que o piruvato é produzido em situações de exercício.
É, nesta situação, que se inclui o Ciclo de Cori. A LDH irá reduzir o piruvato em excesso, produzindo ácido
láctico, a fim de restaurar o potencial redox da célula. No entanto, este ácido láctico precisa de ser novamente
convertido a piruvato para prosseguir na via metabólica.
- Entrada nas células de determinados tecidos (ex. esquelético cardíaco) e, uma vez no seu interior, dar
inicio a uma metabolização completa com formação de piruvato (posterior oxidação pelo Ciclo de
Krebs e cadeia respiratória – obtenção de energia na forma de ATP)
- Entrada nas células hepáticas e sofrer conversão a piruvato (posterior formação de glucose por
gluconeogénese)
Em suma, o Ciclo de Cori consiste na passagem de ácido láctico para o fígado, consequente síntese e libertação
de glucose e, pela glicólise, posteriormente o próprio fígado repõe os níveis de glucose necessários, para a
atividade muscular.
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Ciclo de Krebs
O Ciclo de Krebs, do Ácido Cítrico ou dos Ácidos Tricarboxílicos é um sistema reacional anfibólico que dá
continuidade à glicólise, no qual o citrato sofre diversas descarboxilações, e é considerado a parte principal do
metabolismo celular.
Neste ciclo, ocorre a produção de CO2 e a remoção de eletrões, dando origem a compostos reduzidos como o
FADH2 e o NADH. Estes podem ser novamente oxidados, fornecendo eletrões que irão ser transferidos para
diferentes complexos, promovendo a fosforilação oxidativa que tem como produtos da reação ATP e
moléculas de água.
Assim, este ciclo é uma fonte de metabolitos iniciadores da biossíntese de muitas biomoléculas.
Uma reação que tenha a capacidade de formar intermediários do ciclo é designada de anaplerótica. Um
exemplo é a reação catalisada pela piruvato carboxilase, PC, em que o piruvato é convertido em oxaloacetato
(manutenção dos seus níveis importante para permitir a condensação de AcetilCoA necessária ao inicio do
ciclo).
Se ocorrer a condensação excessiva de AcetilCoA, vai ocorrer a ativação alostérica da PC e a inibição do cPDH,
permitindo um equilíbrio nos níveis de glucose.
Na primeira reação, o AcetilCoA vai condensar (formação de uma nova ligação C-C sem consumo de ATP) com
o oxaloacetato, sob o efeito da citrato sintase, formando citrato e CoA-SH. Ocorre a hidrólise de um tioéster,
pelo que esta reação é exergónica.
NOTA:
Sintetase é um enzima que necessita de ATP
para catalisar a formação de uma nova ligação
Sintase não necessita de ATP
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Na segunda reação, ocorre a isomerização do citrato a isocitrato, pela ação da aconitase (dependente de Fe2+).
Esta reação é composta por duas semi-reações, onde ocorre a remoção de uma molécula de água
(desidratação) do citrato formando cis-aconitato e, de seguida, a molécula de água é novamente
adicionada (hidratação), formando o isocitrato.
Na terceira reação, o isocitrato irá sofrer descarboxilação oxidativa, formando α-cetoglutarato e CO2.
Primeiramente, o isocitrato é oxidado a oxalosuccinato, pela redução do NAD+ ou NADP+, sob o efeito
da isozima isocitrato desidrogenase (mantém-se ligada ao substrato). Cada NADH formado leva à
síntese de 2,5 moléculas de ATP nos estádios posteriores do metabolismo aeróbico.
Na quinta reação, a ligação tioéster do succinil-CoA é hidrolisada. Esta é catalisada pela succinil-CoA sintetase
(necessita de ATP), e tem como produtos da reação o succinato e CoA-SH. Simultaneamente, ocorre a
fosforilação endergónica do GDP a GTP.
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Na sexta reação, o succinato vai oxidar a fumarato pela ação da succinato desidrogenase. Simultaneamente,
ocorre a redução do FAD a FADH2 (leva à síntese de 1,5 moléculas de ATP nos estádios posteriores do
metabolismo aeróbico).
Caso o oxaloacetato, formado nesta ultima reação, se ligue novamente ao Acetil-CoA, é formado
citrato e dá-se início a um novo Ciclo de Krebs (1ª reação).
NOTA:
Reações catalisadas por desidrogenases são
sempre redox, o que implica a existência de
cofatores transportadores de eletrões.
Como balanço total do Ciclo de Krebs:
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Metabolismo do Glicogénio
Dado que a glucose não pode ser armazenada porque, em concentrações elevadas, provoca a rutura do
balanço osmótico podendo levar à morte celular, é necessário que esta seja contida sob a forma de um
polímero não osmoticamente ativo, o glicogénio.
- A sua libertação mantém os níveis de glicémia nos níveis adequados, entre os períodos das refeições
- Muito importante a nível do tecido cerebral, pois a glucose é a única capaz de energizar este
- Fonte de energia ótima para suprir necessidades após um exercício rápido mas intenso
- Glucose permite o metabolismo anaeróbico (ao contrário, por exemplo, dos ácidos gordos)
A síntese de glicogénio ou glicogénese ocorre quando os níveis de glucose são muito elevados. Esta reação
requer a UDP-glucose, formada pela reação da uridina trifosfato com a glucose-1-P.
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A glicogénio fosforilase, na primeira reação, vai catalisar a cisão de uma molécula de glicogénio, através da
adição de ortofosfato, Pi, ou seja, uma fosforólise.
Esta enzima catalisa a remoção sequencial de resíduos glicosídicos da extremidade não redutora da
molécula de glicogénio. O Pi vai quebrar a ligação glucosídica entre o C1 do resíduos terminal e o C4
do resíduo adjacente.
Este é um processo energeticamente vantajoso dado que o seu produto de reação se apresenta já na
forma fosforilada, favorecendo a sua continuação na via metabólica (na hidrólise, seria necessário o
consumo de uma molécula de ATP para fazer prosseguir a glucose livre).
Mais ainda se destaca que, como nas células musculares não existe um transportador da glucose-1-P
e, como esta se apresenta com carga negativa, não consegue de sair da célula. Através da
fosfoglucomutase, vai transformar-se em glucose-6-P, molécula essa que é iniciadora de várias vias
metabólicas.
NOTA:
O músculo, ao contrário do fígado, não liberta glucose para a
circulação utilizando a glucose-6-P como substrato. Por isso,
contribui indiretamente para os níveis de glucose pelo Ciclo de
Cori, anteriormente abordado.
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A regulação deste metabolismo do glicogénio é feita pela ação de enzimas e de hormonas (epinefrina,
glucagina e insulina).
Na glicogénese, à semelhança de na glicólise e gluconeogénese, não correm as mesmas reações nas diferentes
etapas, o que permite uma maior flexibilidade tanto a nível energético, como na sua própria regulação.
Nesta síntese de glicogénio, é usada a forma ativa da glucose, a UDP-glucose, como dadora de resíduos
de glucose.
Esta reação inclui a adição de novas unidades glicosil à extremidade não redutora do glicogénio, sob a
ação da glicogénio sintase, pela transferência da UDP-glucose para o grupo hidroxilo em C4 (formação
de uma ligação α1-4) e a deslocação do radical da UDP pelo grupo hidroxilo do colagénio em formação.
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Cada subunidade de glicogenina catalisa a adição de oito resíduos glicosídicos, dando origem a pequenos
polímeros de unidades α1-4-glucose. Assim, já é possível a ação da glicogénio sintase para aumentar a
molécula.
Apesar disto, a glicogénio sintase não consegue catalisar ligações α1-6 e, para isso, é necessária a enzima
ramificante, que permite a ramificação da estrutura do glicogénio, após a adição de um certo número de
radicais glicosil.
É necessária a quebra de uma ligação α1-4 para que a formação da ligação α1-6 possa ocorrer.
Aproximadamente sete resíduos são transferidos para um local mais interior da cadeia e é necessário que,
tanto este conjunto possua uma extremidade não redutora como, o novo ramo ou ramificação tenha, pelo
menos, quatro resíduos do ramo pré-existente.
Esta estrutura ramificada do glicogénio é importante porque aumenta a solubilidade do mesmo e porque cria
um número elevado de resíduos terminais (locais de ação das enzimas fosforilase e sintase), aumentado a
capacidade de síntese e de degradação do glicogénio, permitindo uma resposta rápida e eficaz às variações
bruscas dos níveis de glicémia do organismo.
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É uma via com bastante importância dado que atua como protetor contra o stress oxidativo e como fonte de
compostos ribosídicos.
É constituída por duas fases, a oxidativa (irreversível) de formação de NADPH 2 e a não oxidativa (reversível)
de interconversão de açúcares.
O NADPH é utilizado como agente redutor em muitas vias metabólicas de síntese (ácidos gordos, colesterol,
neurotransmissores e nucleótidos) e, por isso, apresenta um potencial energético muito importante.
Esta molécula contrai o efeito lesivo das espécies reativas ao oxigénio (ROS) e, por essa razão, é vital no sistema
de defesa da célula, de uma forma direta ou indireta, pela regeneração da glutationa reduzida a partir da sua
forma oxidada.
Então, células com níveis diminutos de glucose-6-P desidrogenase são muito sensíveis ao stress oxidativo (por
exemplo, os eritrócitos). Um défice na molécula de NADPH provoca uma situação patológica de anemia
hemolítica ou favismo (destruição dos eritrócitos) e pode ser desencadeado por alguns medicamentos mas
também pela ingestão de certos alimentos (favas).
A fase não oxidativa envolve a isomerização da ribulose-5-P a ribose-5-P (de uma cetose a uma aldose), sob a
ação da fosfopentose isomerase.
A ribose-5-P é percursora de várias biomoléculas (DNA, RNA, ATP, NADH, FAD e coA).
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Em tecidos com função de regeneração, como a medula óssea, a pele e a mucosa intestinal, este Ciclo
das Pentoses de Fosfato está muito ativo, dado o elevado nível de síntese dos ácidos nucleicos.
Assim, em tecidos ou células que necessitem de uma maior concentração de NADPH como gerador de poder
redutor, esta fase terá uma maior importância, uma vez que, é responsável pela interconversão dos açúcares,
ou seja, pela reconversão das pentoses de fosfato a glucose-6-P, dando fim ao ciclo (e permitindo a sua
contínua oxidação com produção de NADPH).
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Fosforilação Oxidativa
Como já referido na página 33:
O ATP é sintetizado a partir do ADP, no entanto, sendo a primeira uma molécula energética, esta sua síntese
é um processo endergónico. Esta energia necessária à síntese de ATP, tem duas origens distintas:
▪ Fosforilação oxidativa
É um processo mais lento mas mais eficiente. Utiliza a energia proveniente da transferência
de eletrões gerada na cadeia respiratória.
O terceiro substrato fosfatado, o succinilfosfato, é utilizado no Ciclo de Krebs para formar GTP, na mitocôndria.
No entanto, o processo que maioritariamente contribui para a síntese de ATP é a fosforilação oxidativa
(OxPhos).
Para além da produção de ATP a partir de ADP e ortofosfato, esta reação também envolve a redução
de oxigénio, com produção de água.
A energia necessária para esta reação é proveniente de uma cadeia de reações redox, que envolve a
transferência de eletrões do NADH e FADH2 até ao oxigénio. Esta é efetuada por um conjunto de
elementos proteicos e não proteicos constituintes da designada Cadeia Transportadora de Eletrões
(ETC).
- 5 complexos multiproteicos (I a V)
- 1 proteína monomérica (Citocromo c)
- CoQ ou Ubiquinona (único componente da ETC encontrado no espaço intermembranar)
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É na membrana interna que estão localizados os componentes intervenientes na OxPhos e ETC e também os
transportadores necessários para o transporte de metabolitos e translocação do ATP e ADP.
A matriz mitocondrial contém os elementos necessários à manutenção das vias metabólicas deste organelo,
como por exemplo, as enzimas do Ciclo de Krebs, da β-oxidação dos ácidos gordos, do ciclo da ureia.
Possui DNA próprio e tudo o necessário para a síntese proteica (tRNA e ribossomas). O primeiro é
pequeno, circular e existe em várias cópias em cada mitocôndria. Contém apenas 37 genes e, destes,
apenas 13 codificam proteicas constituintes da OxPhos e ETC (os restantes codificam para tRNA e
rRNA).
Apesar de alguns dos intervenientes serem codificados por genes mitocondriais, a sua maioria é codificada
por genes nucleares. nuDNA mtDNA
Complexo I 38 7
Complexo II 4 0
Complexo III 10 1
Complexo IV 10 3
Complexo V 14 2
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Então, como balanço final, por cada molécula de NADH oxidada, são transportados para o espaço
intermembranar 10 protões, criando assim um gradiente protónico. Este é tanto um gradiente químico como
elétrico, uma vez que este espaço intermembranar apresenta uma maior concentração de iões e uma carga
mais positiva, quando comparada com o espaço da matriz mitocondrial.
Como já referido, a membrana interna apresenta um carácter impermeável a protões H +. Assim, para
restabelecer a concentração e carga criada por este gradiente, os protões só podem retornar à matriz através
do complexo V ou ATP sintase.
Contém um canal específico para estes iões, permitindo que o fluxo dos mesmos.
Ao regressarem à matriz, alteram conformacionalmente este complexo, que sofre
um movimento rotacional, catalisando a ligação de uma molécula de Pi ao ADP,
formando ATP.
Este gradiente cria uma força motriz protónica, que catalisa esta síntese e é
definida pela equação: ∆𝜇H = ∆ψ − 2,3RT ∆pH /F
Esta é a base da Teoria quimo-osmótica postulada em 1961, por Peter Mitchell, onde é defendido que
as reações enzimáticas envolvem, simultaneamente, química e um processo de transporte.
Caso seja no complexo Ienola ou succinato-Q desidrogenase que se dá a entrada na ETC, a reação é um pouco
diferente, intervindo também no Ciclo de Krebs.
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A NADH desidrogenase (complexo I) é um componente proteico de 850 kDa, constituído por 44 subunidades
(uma delas tem como cofator o FMN e as outras apresentam clusters de Fe-S).
Este grupo Heme é bastante importante pois é capaz de complexar um átomo de ferro (e por isso, pertence
à constituição da hemoglobina e mioglobina).
Os citocromos são proteínas de pequena massa molecular que estabelecem ligações fortes com o grupo Heme
(grupo prostético dos Cyt).
Por apresentarem variados espetros de absorção na forma oxidada Fe3+ ou na forma reduzida Fe2+,
os citocromos mudam de cor.
O CytC é uma proteína monomérica redox solúvel com cerca de 13kDa que
desempenha também função ao nível da apoptose. Encontra-se associado à
membrana interna mitocondrial, mas como é solúvel pode mover-se neste
espaço intermembranar. O seu grupo prostético é o Heme c.
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A Cytc oxidase (complexo IV) é uma molécula com mais do que 10 subunidades proteicas e apresenta uma
massa molecular de 200 kDa. Estas suas subunidades contêm vários grupos Heme (a, a 3) e clusters de CuA e
CuB.
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A ATP sintase (complexo V) apresenta uma massa molecular de 600 kDa e mais que 15 subunidades proteicas.
O mecanismo de catálise rotacional (turbina) permite a conversão de energia mecânica para energia
química e, por isso, este complexo V é considerado um nano motor.
O fluxo de protões passa entre a subunidade a e o anel das subunidades c, ao passo que, cada
protão associado a uma destas últimas subunidades induz a rotação do eixo central do anel.
As subunidades β utilizam este trabalho mecânico para catalisar a síntese de ATP. ~
A energia para bombear os protões para o meio intermembranar é proveniente da transferência de eletrões
entre os diversos componentes da ETC e está diretamente relacionada com o potencial padrão de redução,
Eo, das várias moléculas que vão sendo oxidadas e reduzidas ao longo desta cadeia.
Uma espécie com Eo < 0 tem maior capacidade para ser oxidada (Ex. NADH), enquanto que uma com
Eo > 0, tem maior capacidade para ser reduzida (Ex. O2).
Anteriormente, foi referido que a energia libertada por duas reações acopladas redox pode ser
calculada pela equação: ∆𝐺 = −𝑛𝐹𝐸
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O ião ferro presente nas proteínas apresenta um papel muito importante na ETC, participando na
transferência de eletrões por reações redox, quer na forma de clusters Fe-S, quer na forma de Fe-hémico
(complexado com o grupo Heme dos citocromos).
É de adicionar que, para a produção de ATP na mitocôndria, é ainda necessária a presença de ADP e de Pi
nessa mesma matriz.
O ADP entra na matriz por troca direta com ATP, através de um transportador, a adenina nucleótido
translocase.
Para calcular o rendimento da OxPhos é necessário calcular primeiro a razão P:O (quantas moléculas de ATP
são produzidas por cada dois eletrões transportados ao longo da ETC).
Se a cadeia tiver início no complexo I, ou seja, por via do NADH, por cada dois eletrões retirados,
metade uma molécula de oxigénio é reduzida a uma molécula de água. Ao longo desta cadeia são
bombeados 10 protões. No entanto, para a formação de ATP, foram gastos 4 protões. Assim, por cada
10 protões produzidos, vão ser consumidos 4, ou seja, a razão P:O é de 10/4= 2,5.
Se a cadeia tiver início no complexo II, ou seja, por via do FADH 2, por cada dois eletrões retirados,
metade uma molécula de oxigénio é também reduzida a uma molécula de água. No entanto, ao longo
desta cadeia apenas são bombeados 6 protões, pelo que, como continuam a ser gastos 4 protões na
formação de uma molécula de ATP, a razão P:O passa agora a ser de 6/4=1,5.
Para que haja síntese de ATP é necessário que a fosforilação do ADP e a cadeia respiratória se encontrem
acopladas, ou seja, a OxPhos que ocorre na ATP sintase tem que conseguir controlar a cadeia respiratória.
Por exemplo, se na mitocôndria, a concentração de ADP for baixa, como este é o substrato desta enzima, a
ATP sintase não consegue efetuar a síntese, não havendo mecanismo rotacional nem retorno dos protões do
espaço intermembranar para a matriz mitocondrial, resultando numa acumulação excessiva dos mesmos e na
impossibilidade de bombear mais pelos complexos responsáveis pelo mesmo, I, III e IV. Então, podemos
concluir que a reação que acontece na ATP sintase consegue controlar o resto da cadeia respiratória e existe
acoplamento entre a respiração celular e a fosforilação oxidativa.
Isto pode ocorrer em repouso, uma vez que não havendo consumo de ATP, não há necessidade de produção
de mais ADP. Nesta situação de paragem da ETC e consequentemente do bombeamento de protões, os
substratos NADH e FADH2 não são consumidos, resultando também numa paragem do Ciclo de Krebs
(acumulação de Acetil-CoA e paragem da β-oxidação mitocondrial e da síntese de ácidos gordos).
Numa situação de exercício, há consumo de ATP, provocando uma maior necessidade de produção de ADP,
estimulando mais a cadeia respiratória. No entanto, pode levar ao consumo de oxigénio (hipoxia) uma vez que
esta molécula é necessária para a que a cadeia se complete, podendo levar à paragem da cadeia caso a
concentração deste acabe. Isto resulta numa acumulação novamente dos substratos NADH e FADH 2,
impossibilitando a continuação da glicólise (não é produzido NAD+ essencial para esta reação). Nestas
situações, ocorre a síntese de lactato para regenerar o NAD+.
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No entanto, o organismo utiliza desacopladores endógenos quando necessita (Ex. Termogenina ou UCP1). Esta
proteína encontra-se presente no tecido adiposo castanho (frequente nos animais que hibernam ou nos
recém-nascidos), por ser exclusivamente utilizada para geração de calor. Está associada à estimulação da
lipase hormona-sensível pela norepinefrina em períodos de frio, onde ocorre a libertação de mais ácidos
gordos.
Existem também diversos inibidores dos complexos da cadeia respiratória e da ATP sintase.
A célula pode utilizar várias formas de equivalentes redutores como lípidos, hidratos de carbono e proteínas.
Qualquer molécula que sofra uma reação redox e que possa interagir com a membrana interna, consegue
doar os eletrões provenientes dessa reação à ubiquinona e reduzindo-a a ubiquinol e dando, posteriormente,
início à ETC.
Essas moléculas são, por exemplo, proteínas envolvidas na glicólise (shuttle glicerol-fosfato e malato-
aspartato), na biossíntese das pirimidinas e também associadas à β-oxidação mitocondrial de ácidos
gordos.
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Lípidos
Os lípidos são um grupo heterogéneo de compostos e incluem gorduras, óleos, esteróis, ceras e compostos
relacionados, sendo apenas semelhantes nas suas propriedades físicas. São todos insolúveis em água e
solúveis em compostos não polares (como éteres e clorofórmio).
São importantes constituintes da dieta, não só pelo seu elevado valor energético mas também porque algumas
destas moléculas são percursoras de vitaminas lipossolúveis de ácidos gordos essenciais.
Os lípidos podem ser agrupados consoante as suas características químicas ou as suas funções.
Caract. Químicas
Funções
Neutros Polares
Os ácidos gordos são ácidos carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas de 4 a 36 átomos de carbono, sendo
que os mais comuns apresentam número par (12 a 24) e são lineares.
A sua cadeia polipeptídica pode se encontrar totalmente saturada ou pode apresentar duplas ligações, estas
podendo existir em diversas quantidades (monoenoicos/monoinsaturados/MUFA ou polienóicos/poli-
insaturados/PUFA). Pode ser linear ou ramificada e pode apresentar anéis de carbono ou grupos hidroxilo.
À semelhança dos aminoácidos, alguns ácidos gordos são considerados essenciais, uma vez que a célula
humana não os consegue sintetizar (Ex. ácido linoleico e ácido linolénico).
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Ex. para o octano (8 carbonos), o ácido gordo saturado apresenta o sufixo “-óico” e o insaturado “-
enóico”
Os átomos de carbono são numerados a partir do carbono do C-terminal, sendo que os adjacentes
podem seguir uma nomenclatura numérica ou grega. O carbono do N-terminal é também conhecido
por carbono-ω.
Ácido Linolénico:
Os ácidos gordos ω3 (ómega 3), como o ácido linolénico, são C18:3;9,12,15 ou C18:3 (Δ9,12,15) ou série ω3
percursores de moléculas que contribuem para a prevenção de
doenças cardiovasculares e nas com efeito anti-inflamatório. Possui 18 carbonos, 3 duplas ligações (nos
carbonos 9,12 e 15), a dupla ligação a partir
Para um bom equilíbrio nutricional, é recomendado um consumo de do N-terminal encontra-se no C3
ω6 e ω3, numa proporção de 2:1 a 4:1.
Os ácidos gordos apresentam cadeias com um número de hidrocarbonetos pares, uma vez que a síntese
intracelular resulta da adição de moléculas de Acetil-CoA e estas são constituídas por dois átomos de carbono.
Na maior parte destas moléculas monoinsaturadas, as duplas ligações encontram-se entre o C9 e o C10 (MUFA
Δ9). Nos poli-insaturados, as duplas ligações são normalmente no C9, C12 e C15 (PUFA Δ9,12,15).
Relativamente à solubilidade:
- a cadeia apolar é a responsável pela baixa solubilidade dos ácidos gordo em água
- quanto maior for a cadeia, menor a solubilidade (ácido carboxílico é polar e ionizado a pH
neutro)
- quanto maior o número de ligações duplas, maior a solubilidade
Esta insolubilidade de ácidos gordos em soluções aquosas levanta um problema quanto à sua
circulação no sangue. Na realidade, os ácidos gordos livres circulam neste de uma forma não
covalente ligados a uma proteína transportadora, a albumina sérica.
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- saturados têm consistência de cera e os insaturados de líquidos oleosos (ponto de fusão amis
baixo)
- diferente grau de empacotamento das moléculas
nos saturados, a rotação livre da ligação C-C oferece uma grande flexibilidade à cadeia,
sendo mais estável na forma mais distendida na qual o impedimento estérico com
átomos vizinhos é minimizado. Assim, estas podem unir-se fortemente, empacotando
de forma cristalina por ligações de Van der Walls, sendo mais difíceis de quebrar
(maior ponto de fusão)
Os ácidos gordos trans, cuja ingestão deve ser evitada, são ácidos
gordos que modificaram as suas ligações de cis para trans, durante
o processo industrial de tratamento das gorduras e solidificação, a
fim de melhorar as condições de armazenamento dos mesmos (Ex.
margarina).
Ácidos gordos com ligações duplas em trans também existem naturalmente, mas em pouca quantidades. A
ingestão de alimentos ricos nestas moléculas artificiais leva ao aumento do colesterol LDL (“mau colesterol”)
e diminuição do HDL (“bom colesterol”) e, por isso, é reconhecido como um fator de risco para doenças
cardiovasculares.
As gorduras e óleos são lípidos de armazenamento e apresentam-se como ésteres de ácidos gordos e do
álcool glicerol.
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Os triacilgliceróis (TAG) são os ésteres de glicerol mais frequentes, sendo conhecidos por triglicéridos,
gorduras ou gorduras neutras.
Os TAG que contêm apenas um tipo de ácido gordo são designados de simples e, geralmente,
adquirem o nome desse. Caso possuam ácidos gordos com tamanhos e graus de insaturação
diferentes são designados de mistos (são as mais comuns).
Uma vez que os grupos hidroxilo polares do glicerol estão envolvidos na ligação éster com o grupo
carboxílico do ácido gordo, os TAG são moléculas apolares, hidrofóbicas e hidro-insolúveis.
Para os organismos vivos, destaca-se uma grande vantagem em acumular TAG como reserva de
energia, em vez de polissacáridos como o glicogénio ou o amido. Primeiramente, devido à maior
hidrogenação dos átomos de carbono, pelo que a sua oxidação irá render mais energia. E, em segundo
lugar, devido ao seu caracter hidrofóbico pois ao não terem tendência para se associarem à água são
desidratados e, consequentemente, mais leves.
Os TAG são armazenados na forma de óleo nas sementes de um grande número de plantas,
fornecendo a energia necessária e percursores biossintéticos para a germinação das mesmas.
Tanto os adipócitos como as sementes contêm enzimas denominadas de lipases que catalisam a
hidrólise dos TAG para libertação dos ácidos gordos. Estes serão, posteriormente, exportados para os
locais onde são necessários como energia.
As ceras biológicas são também ésteres de ácidos gordos de cadeia longa e muito longa (C14 a C36), saturados
ou insaturados, esterificando com álcoois com uma maior massa molecular (C16 a C30).
Servem como reservas de energia mas também como repelentes de água (na cobertura das penas de
aves e na superfície de folhas de plantas).
São exemplos, de origem animal, a cera de abelha e a lanolina, de origem vegetal, a cera de carnaúba
e derivado do petróleo, a parafina.
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Os fosfolípidos são lípidos que apresentam um grupo fosfato, podendo dividir-se em glicerofosfolípidos e em
esfingolípidos. Nos primeiros, o álcool presente é o glicerol enquanto que no segundo é a esfingosina.
Glicerol Esfingosina
As fosfatildilcolinas são os mais abundantes nas membranas celulares e são responsáveis pela
reserva de colina no organismo (necessária para a síntese de acetilcolina, um importante
neurotransmissor nervoso).
Nos esfingolípidos, um dos grupos hidroxilo encontra-se esterificado com um grupo fosfato, que por
sua vez se associa a álcoois polares (frequentemente à colina). O grupo amina encontra-se associado
a um ácido gordo.
A ceramida é a estrutura percursora de todos os
esfingolípidos. Estes são constituídos por uma cabeça polar
(grupo fosfato) e duas caudas apolares (cadeia
hidrocarbonada do ácido gordo e outra da esfingosina), pelo
que é considerada anfipática.
A esfingosina é um aminoálcool, sendo constituída por um grupo amina, dois grupos hidroxilo
e uma cadeia longa hidrocarbonada. A esta está ligada uma molécula de ácido gordo, por uma
ligação amida ao grupo amina e um grupo fosfato por uma ligação fosfodiéster.
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Quando, a esta esfingosina, é associado um grupo fosfato juntamente com um álcool polar
(colina ou etanolamina) é dado o nome de esfingomielinas. Estão presentes na membrana
plasmática das células animais e, mais especificamente, na mielina, uma membrana que
envolve e protege os axónios de alguns neurónios.
Os glicolípidos ou glicoesfingolípidos não apresentam grupos fosfato e o álcool presente é a esfingosina. Esta
associa-se a um ácido gordo e um dos grupos hidroxilo associa-se a monossacáridos ou oligossacáridos.
Estes lípidos são abundantes na superfície externa da membrana plasmática e podem dividir-se em
cerebrosídeos, gangliosídeos e sulfatidos.
Os esteróis são também lípidos polares estruturais, presentes nas membranas biológicas da maior parte dos
seres eucariotas.
Para além de constituinte membranar, os esteróis são ainda percursores de moléculas com funções
biológicas muito diversas:
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Metabolismo Lipídico
Os organismos vivos podem obter lípidos a partir de três fontes:
- Dieta
o Ésteres de colesterol (não livre mas sim conjugado com moléculas adicionais)
o TAG (ésteres de glicerol com diferentes ácidos gordos)
o Vitaminas
o Fosfolípidos
- Gorduras armazenadas nos adipócitos
- Síntese Endógena (no fígado, pela conversão de hidratos de carbono ingeridos em excesso na dieta
em lípidos)
Nos processos de absorção de lípidos são muito importantes as enzimas esterases, pois estas hidrolisam
ligações éster e podem dividir-se em lipases, colesterol esterases e fosfolipases.
As lipases atuam nas ligações éster presentes entre o C1, C2 e C3 do glicerol e os ácidos gordos.
Podem, por isso, atuar nos TAG, DAG ou MAG. Nesta reação libertam-se ácidos gordos livres (FFA).
A digestão lipídica tem início com a ação das lipases lingual e gástrica. No entanto, estas têm pouca expressão
na hidrólise dos TAG devido ao pH desfavorável para a sua atuação, pelo que, a maioria dos lípidos que chega
ao intestino ainda na forma esterificada.
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As lipoproteínas são agregados responsáveis pelo transporte de TAG, fosfolípidos, colesterol e ésteres deste
na circulação. São constituídos por lípidos e por proteínas (apolipoproteínas).
Apresentam os seus lípidos hidrofóbicos no centro e as cadeias laterais hidrofílicas das proteínas e os
grupos polares dos lípidos à superfície.
Podem dividir-se em quatro tipos: as quilomicras, as VLDL, as LDL e as HDL, distinguindo-se entre si
pelo tamanho, densidade e constituição.
As quilomicras são as maiores e com menor densidade, apresentando uma maior concentração de
TAG.
Contrariamente, as HDL são as mais pequenas e com maior densidade, possuindo uma menor
concentração de TAG.
Assim, à medida que se observa um aumento no tamanho e uma diminuição na densidade, é também
percetível a diminuição da concentração de TAG, o aumento da dos fosfolípidos e das proteínas.
Relativamente ao colesterol, a evolução não é regular, uma vez que são as LDL com uma maior
percentagem, ao contrário das esperadas HDL.
As quilomicras são sintetizadas na mucosa intestinal, as VLDL e LDL no fígado e as HDL também no
fígado e intestino delgado.
Existem, pelo menos, seis classes diferentes de apolipoproteínas, proteínas constituintes das lipoproteínas
(A,C,B,D,E e M) e distinguem pelo seu tamanho, composição em aminoácidos, conformação, por reações com
Ac específicos e pela sua distribuição característica nas diferentes lipoproteínas.
Estes componentes proteicos auxiliam o transporte (por conferirem polaridade às lipoproteínas) e são
reconhecidas por recetores da superfície celular (direcionam lipoproteínas para tecidos específicos ou
ativar enzimas).
As quilomicras incluem as proteínas ApoB48, ApoE e ApoC2 e movem-se pela circulação sanguínea e
linfática até ao tecido muscular e adiposo. Nos capilares, a enzima extracelular lipoproteína lipase
(LPL) é ativada pela ApoC2 e hidrolisa os TAG a FFA e glicerol, que poderão ser usados pelos adipócitos
(síntese e armazenamento de TAG a partir dos FFA) e miócitos (oxidação dos FFA para obtenção de
energia).
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Quando o aporte de ácidos gordos pela dieta é muito superior às necessidades do organismo, o fígado
converte os FFA em TAG, que são empacotados com apolipoproteínas específicas, para formar VLDL. Para
além dos TAG, as VLDL contêm colesterol, ésteres deste, ApoC 1, ApoC2, ApoE e ApoB100.
Devido ao empacotamento das VLDL, a ApoB100 não se encontra à superfície e, por isso, não é
reconhecida. Estas são transportadas do fígado até ao tecido muscular e adiposo, onde, novamente,
a ApoC2 ativa a LPL libertando os FFA e o glicerol.
Ao perderem os TAG, as VLDL passam a remanescentes (IDL) que viaja até ao fígado onde o seu uptake
é mediado pelos recetores para ApoE.
Ainda em circulação, as IDL podem continuar a perder TAG formando LDL, sendo estas, por isso, muito
ricas em colesterol e ésteres deste. A ApoB100 já se encontra exposta à superfície pelo que já pode ser
reconhecida pelos recetores que existem nas células dos tecidos periféricos (medeiam o aporte de
colesterol).
A ligação ao recetor inicia a endocitose do LDL, formando um endossoma. Este, eventualmente, funde
com um lisossoma, libertando o colesterol e os FFA. O recetor escapa à degradação, pelo que volta à
superfície da célula para funcionar novamente no aporte de LDL.
O colesterol que entra nas células por esta via pode ser incorporado nas membranas ou re-esterificado
pela ACAT para armazenamento em gotículas lipídicas citosólicas.
Uma vez que as LDL ainda retêm alguma ApoE também podem ser transportadas até ao fígado, onde
recebem uptake através dos recetores apropriados.
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As HDL contêm ApoA1, ApoC1 e ApoC2 e a enzima leucitina-colesterol aciltransferase (LCAT) que
catalisa a formação de ésteres de colesterol. São responsáveis pelo transporte do colesterol dos
tecidos periféricos até ao fígado.
A síntese de HDL é iniciada pela produção da ApoA1, que recebe colesterol e fosfolípidos dos eritrócitos
e hepatócitos formando umas estruturas em disco que contêm LCAT. É esta enzima que, na superfície
destes discos, converte o colesterol e fosfatidilcolina a ésteres de colesterol e lisofosfatidilcolina.
𝑐𝑜𝑙𝑒𝑠𝑡𝑒𝑟𝑜𝑙 + 𝑓𝑜𝑠𝑓𝑎𝑡𝑖𝑑𝑖𝑙𝑐𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎 é𝑠𝑡𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑠𝑡𝑒𝑟𝑜𝑙 + 𝑙𝑖𝑠𝑜𝑓𝑜𝑠𝑓𝑎𝑡𝑖𝑑𝑖𝑙𝑐𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
Estes produtos começam a formam um núcleo, passando de HDL nascente (disco) a HDL madura
(esfera). Estas últimas entram em circulação, recebendo o colesterol livre e fosfolípidos das
quilomicras, VLDL ou de tecidos periféricos.
As HDL são reconhecidas por recetores da superfície dos hepatócitos, SR-B (Scanveger Receptor Class
B1) e entram no fígado, onde vai descarregar os ésteres de colesterol para parte deste ser convertido
a ácidos biliares. Este transporte é feito na via de transporte de colesterol reverso.
Estas lipoproteínas, ao estarem associadas ao transporte do colesterol até ao fígado para degradação,
estão também associadas ao bom colesterol.
A energia contida nos TAG provém, na sua maioria, dos ácidos gordos presentes nessa estrutura e cerca de
5% é fornecida pela molécula de glicerol constituinte.
Este último processo de obtenção de energia é iniciado pela fosforilação do glicerol pela glicerol cinase, com
consumo de ATP, a glicerol-3-P.
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Os ácidos gordos são libertados por lipases e os FFA podem depois ser utilizados pela célula para obtenção
direta de ATP ou pelo adipócito para a formação de TAG que funcionarão como reservas energéticas.
Existem hormonas que sinalizam situações de hipoglicémia, a epinefrina e o glucagon. Estas ativam a
enzima adenilil ciclase presente na membrana externa dos adipócitos, responsável pela produção
cAMP (segundo mensageiro intracelular). A cAMP ativa, por sua vez, uma proteína cinase dependente,
a PKA, que ativa a lipase hormona-sensiva, fosforilando-a.
Isto provoca uma mobilização dos TAG presentes nas gotículas lipídicas dos adipócitos e hidrolisa a
ligação éster, libertando glicerol e FFA. Estes, devido à sua insolubilidade são transportados na
corrente sanguínea, associados à albumina sérica até as células do músculo esquelético, coração e
córtex suprarrenal.
Aí, os ácidos gordos dissociam-se da albumina e entram nas células através de dois processos:
Uma vez dentro as células, os ácidos gordos serão direcionados para a mitocôndria, onde serão
oxidados (β-oxidação mitocondrial) para produção de energia. De modo a manter um elevado nível
desta produção, os ácidos gordos nestes três locais são transportados até à mitocôndria por FABPs.
A β-oxidação mitocondrial utiliza como moléculas iniciadoras os ácidos gordos esterificados com a coA, ou
seja, os AcilCoA.
Para serem oxidados, os ácidos gordos precisam de ser ativados a ésteres de AcilCoA, reação esta
catalisada pelas AcilCoA sintetases, com gasto de duas moléculas de ATP. Estas enzimas localizam-se
na membrana externa da mitocôndria.
Esta reação ocorre em dois passos, havendo a formação de um intermediário, a Acil-adenilado que
permanece ligado à enzima.
A ativação dos ácidos gordos é um único passo da degradação destas macromoléculas que necessita
de ATP, uma vez que ambas as ligações deste são utilizadas, resultando AMP e duas moléculas de Pi.
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Ao permitir a metabolização dos ácidos gordos, a carnitina é um bom complemento das dietas, uma
vez que é considerado um “queimador de gorduras”, pois faz gastar mais ácidos gordos.
Estes produtos são transferidas para o espaço intermembranar por um processo desconhecido, mas
que se pensa que envolva um poro ou purina.
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Uma vez no interior da mitocôndria, a acilcarnitina vai ser reconvertida ao correspondente éster acil-
coA, pela ação de uma segunda enzima, a carnitina-palmitoiltransferase 2 ou carnitina aciltransferase
2 (CPT2), que se encontra embebida na membrana interna da mitocondria.
Ao retornar na forma de éster Acil-coA, os ácidos gordos podem então entrar na via da β-oxidação.
Enquanto os ácidos gordos de cadeia longa ou muito longa (mais do que 14C) atravessam a membrana na
forma de acilcarnitina e necessitam do Ciclo da Carnitina, os acil-coA de cadeia inferior a 14C atravessam
diretamente a membrana sem necessidade de formar outro éster.
A β-oxidação mitocondrial é composta por quatro reações, cada uma das quais é catalisada por uma família
de enzimas diferente (que, por sua vez, se dividem consoante o tamanho da cadeia): duas desidrogenações,
uma hidratação e uma tiólise.
As enzimas associadas às cadeias longas das 2ª, 3ª e 4ª reações encontram-se na forma
de um complexo multiproteico associado à membrana interna da mito, a Proteína
Trifuncional da Mitocôndria (TFP). Este é um hétero-octâmero constituído por quatro
subunidades α e quatro β. As primeiras apresentam atividade de hidratação e
desidrogenação e as segundas de tiólise. Esta estreita associação permite uma
transferência mais eficaz de um sitio ativo para outro sem haver difusão dos substratos
na matriz.
Na reação de hidratação, na segunda reação, a molécula de água é adicionada à dupla ligação entre o
Cα e o Cβ, formando-se o estereoisómero L do β-hidroxi-acil-coA, sob ação da enoil-coA-hidratases.
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Por cada volta deste ciclo, é produzido uma molécula de FADH 2, uma molécula de NADH2 e uma molécula de
acetil-coA, sendo sempre retirados dois carbonos do ácido gordo inicial.
Existem outras duas vias metabólicas que também ocorrem na mitocôndria, o Ciclo de Krebs e fosforilação
oxidativa. Assim, cada molécula de acetil-coA produzida pode alimentar o Ciclo de Krebs, sendo totalmente
oxidada a CO2, formando-se três moléculas de NADH, uma de GTP (que posteriormente pode ser transformado
em ATP) e uma de FADH2. Os NADH aqui formados, uma vez que coexistem com os elementos que participam
na OxPhos e na ETC, podem alimentar esta última e, por cada par de eletrões doados, são formados 2,5 ATP.
No caso da via do FADH2, são apenas formados 1,5 ATP.
Então, no final, por cada molécula de acil-coA totalmente oxidada, são formados 10 ATP.
O rendimento da β-oxidação mitocondrial é de apenas 106 ATP, uma vez que, são gastos 2 ATP para ativar o
ácido gordo no citoplasma a acil-coA, para poder ser transformado em acilcarnitina e, posteriormente, entrar
na mitocôndria.
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Esta β-oxidação mitocondrial tem como substrato um ácido gordo saturado. No entanto, a maior parte dos
ácidos gordos encontrados nos TAG e fosfolípidos dos animais e plantas são insaturados, cujas ligações duplas
estão na sua maioria na configuração cis. Então, não podem estas ser substrato da segunda reação, a
hidratação, pois a enzima utiliza como substrato um ácido gordo que apresenta uma dupla ligação do C2 mas
esta encontra-se em configuração trans. A célula desenvolveu um sistema adicional de enzimas para
ultrapassar este problema, utilizando completamente a energia contida nestas cadeias hidrocarbonadas, uma
isomerase e uma redutase.
Monoinsaturado Poli-insaturados
Apesar da maioria dos lípidos na natureza apresentarem ácidos gordos com número par de átomos de
carbono, em muitas plantas e animais, é comum encontrar-se ácidos gordos com cadeias ímpares.
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Apesar da maior parte dos processos de oxidação dos ácidos gordos nas células animais ocorrer na matriz
mitocondrial, existem outros compartimentos que também contêm enzimas capaz de oxidar os ácidos gordos
a acetil-coA.
O peroxissoma é um organito celular que existe tanto nas células animais como nas vegetais, que não contém
enzimas do Ciclo de Krebs nem da ETC e que é constituído apenas por uma membrana.
O processo de β-oxidação peroxissomal apresenta como substratos ésteres de acetil-coA e o processo consiste
também em 4 reações sequenciais semelhantes à β-oxidação mitocondrial.
Uma das diferenças reside nos substratos que podem ser oxidados por cada uma destas vias metabólicas, uma
vez que, as enzimas do peroxissoma utilizam ácidos gordos de cadeia muito longa (acima de C20).
Devido à ausência de ETF e dos elementos da ETC, os eletrões do substrato são transferidos
diretamente para o oxigénio formando peróxido de hidrogénio (H2O2). Este, por ser um agente
oxidante muito forte, pode provocar danos celulares logo necessita de ser imediatamente clivado, por
ação de uma catalase, a oxigénio e água.
A energia libertada na primeira reação não vai ser conservada na forma de ATP mas sim libertada na
forma de calor.
À semelhante do FADH2, o NADH formado não é utilizado e, por isso, é exportado para reoxidação.
Concentrações elevadas de ácidos gordos na dieta ou a toma de fármacos hipolipidémicos resulta na
indução de síntese de enzimas responsáveis pela β-oxidação peroxissomal no fígado ou numa
proliferação do número de peroxissomas de modo a apoiar a célula na degradação dos ácidos gordos
em excesso, não sobrecarregando a mitocôndria.
Apesar da β-oxidação mitocondrial, na qual as enzimas atuam e degradam os ácidos gordos a partir da
extremidade carboxílica, ser de longe a via catabólica mais frequente, existem outras duas vias de degradação
em alguns organismos, nomeadamente nos vertebrados.
Estas vias podem ser ativadas em determinadas situações fisiológicas e patológicas e envolvem a
oxidação do carbono-ω (carbono mais distal do grupo carboxílico); existe também uma via que oxida
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o carbono-ω-1. Formam-se ácidos dicarboxílicos que podem, posteriormente, ser ativados pela coA e
entrar na β-oxidação mitocondrial, podendo formar succinato e o adipato.
As enzimas que catalisam estas vias encontram-se no retículo endoplasmático do fígado e do rim dos
vertebrados.
Os ácidos gordos utilizados como substratos nestas vias são os que apresentam cadeias de
comprimento médico (C10 a C12).
O acetil-coA, para além de ter como destino o Ciclo de Krebs, pode também ser utilizado na síntese de corpos
cetónicos, de ácidos gordos ou de colesterol.
A acetona formada é dificilmente oxidada in vivo e é volatizada nos pulmões. Os outros dois produtos
podem ser transferidos para a corrente sanguínea, sendo que o β-hidroxibutirato apresenta um
transportador próprio.
Estes dois corpos cetónicos podem ser captados por células do tecido
extra-hepático e, uma vez no citoplasma, usando a reação reversível
mencionada em cima, o β-hidroxibutirato pode reverter a
acetoacetato. Este último, a fim de originar aceto-acetil-coA precisará
de uma enzima, a β-ceto-acil-coA transferase, que transfere um grupo
coA.
A produção e exportação de corpos cetónicos no fígado permite uma oxidação continuada dos ácidos gordos,
a partir de uma oxidação mínima de acetil-coA, esta última permitindo a manutenção dos níveis de coA.
Isto pois, quando intermediários do Ciclo de Krebs estão a ser utilizados para a síntese de glucose, situações
diabéticas não tratadas, dietas restritas ou jejum prolongado, a oxidação dos primeiros diminui e, como tal,
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também a oxidação do acetil-coA. Para além disso, o fígado contém uma quantidade limitada de coA livre e
quando esta está quase toda na forma de acetil-coA, a β-oxidação irá diminuir.
Este aumento da cetogénese excessivo fará com que ocorra um aumento das concentrações de acetoacetato
e β-hidroxibutirato no sangue, duas moléculas ácidas (-COOH). Na realidade, são formados os ácidos
acetoacético e 3-hidroxi-butirico, dois ácidos moderadamente fortes que em situações normais, como
existem em concentrações baixas, são facilmente tamponadas no sangue e tecidos. Contudo, a sua síntese
excessiva e a dificuldade em serem utilizados pelos tecidos extra-hepáticos, esgotam progressivamente a
reserva alcalina do organismo baixando o pH e originando a patologia denominada de cetoacidose, sendo
precisa a sua excreção na urina na forma de cetonúria.
Na síntese de ácidos gordos pelo acetil-coA ou lipogénese ocorre a adição sucessiva de 2C, no citoplasma. A
molécula central desta síntese é o malonil-coA, molécula com 3C e ativada com a coA, no entanto, destacam-
se também a acetil-coA carboxilase e a sintase de ácidos gordos.
A acetil-coA carboxilase promove a formação de malonil-coA a partir do acetil-coA, enquanto que a sintase,
a partir do malonil-coA, produz o ácido gordo.
A membrana interna mitocondrial é impermeável ao acetil-coA então, para que esta seja usada no citoplasma,
tem que ser transportada indireta uma vez que não existem transportadores específicos de membrana para o
acetil-coA. Então, são usados shuttles que transferem os grupos acetil na forma de citrato, depois destes terem
reagido com a oxaloacetato.
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Quando uma célula ou organismo apresenta muito substrato energético disponível que ultrapassa as suas
necessidades, esse é convertido em ácidos gordos e armazenado como TAG.
A acetil-coA carboxilase converte o acetil-coA em malonil-coA e este passo constitui o passo limitante da
lipogénese pois esta enzima é um importante ponto de regulação.
Pode ser inibida por feedback pela ação do palmitoil-coA, produto final da síntese de ácidos gordos
pela FAS (Fatty Acid Synthase).
- transporte de biotina (região que pode associar a uma proteína que se encontra já associada à
biotina/VitB7)
- região de carboxilação
- região de transferência
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Pensa-se que esta enzima FAS, nos mamíferos, seja um dímero de cerca de 540 kDa, em que cada monómero
é constituído por 2500 aminoácidos, apresentando domínios com 7 funções diferentes (6 desses com atividade
enzimática).
O domínio ACP da FAS tem um papel fundamental durante a lipogénese, uma vez que, devido ao grupo
prostético com uma estrutura alongada, funciona como um “braço” flexível, ajudando no crescimento da
cadeia do ácido gordo, transportando os intermediários de um sitio catalítico para outro (aumenta a eficiência
do processo global).
O ácido gordo vai ser alongado através da repetição de 4 reações sequenciais: uma
condensação, duas reduções e uma desidratação.
condensação
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É necessário que os dois grupos tiol do complexo da FAZ estejam carregados com os grupos acil
corretos.
Primeiro, o grupo acetil do acetil-coA é transferido para o grupo -SH da Cys do domínio ACP numa
reação catalisada pela MAT, sendo libertado o primeiro coA livre.
A ACP transfere o grupo -SH do domínio KS, ficando livre para ser carregado novamente. Mas, desta
vez, com um grupo malonil do manolil-coA, catalisada novamente pela MAT.
No complexo FAZ, agora já carregado com os grupos acetil e malonil, estes encontram-se muito
próximos e, a KS promove uma reação de condensação entre estes grupos ativados, para formar o
aceto-acetil-ACP.
Neste produto, o grupo aceto-acetil fica ligado à ACP através do grupo -SH do fosfopantenato presente
neste domínio. Simultaneamente, é formada uma molécula de CO2. Esta condensação é
termodinamicamente favorecida pelo envolvimento do grupo malonil ativado.
Seguidamente, dá-se uma reação de redução, onde o aceto-acetil-ACP formado é reduzido no grupo
carbonilo do C3 para formar o D-β-hidroxibutiril-ACP. Esta reação é catalisada pela KR e o dador de
eletrões é o NADPH.
A terceira reação, a desidratação, consiste na perda de uma molécula de água que envolve os
hidrogénio do C2 e C3 e forma-se uma dupla ligação no produto trans-Δ2-butenoil-ACP, catalisada
pela DH.
Na segunda redução, a dupla ligação formada anteriormente, como a molécula fica saturada, torna-
se simples, formando o butidil-ACP, pela ação da ER.
O domínio ACP passa a estrutura formada para o domínio KS, ficando livre para ser carregado
novamente, com uma molécula de malonil-coA (pela MAT), reiniciando o processo.
Tanto o cofator transportador de eletrões como os grupos ativadores na sequência anabólica redutora da β-
oxidação mitocondrial são diferentes daqueles que atuam neste processo catabólico oxidativo.
Na primeira, o NAD+ e FAD+ servem de aceitadores de eletrões e o grupo ativador é um tiól -SH da coA
livre. Contrariamente, na segunda, o agente redutor é o NADPH e os grupos ativadores são dois -SH
ligados à enzima FAS.
São assim necessários sete ciclos para produzir uma cadeia hidrocarbonada com 16C, ainda ligado ao grupo
-SH do domínio ACP da FAS. Por razões ainda desconhecidas, a elongação da cadeia para geralmente,
libertando um ácido gordo com 16C, o palmitato, pela atividade hidrolítica da TE.
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Para determinar a reação global de síntese de palmitato a partir de acetil-coA, é necessário as duas etapas: a
formação de 7 moléculas de malonil-coA e os 7 ciclos acima descritos.
O acetil-coA é o principal bloco construtor dos ácidos gordos, tendo como fonte de potencial redutor
moléculas de NADPH. Nos hepatócitos, a razão [NADPH]/[NADP+] é muito elevada no citosol, fornecendo um
ambiente apropriado, fortemente redutor, para esta lipogénese.
Nos hepatócitos e adipócitos, o NADPH citosólico é, maioritariamente, proveniente da via das pentoses
fosfato (ao formar a ribulose-5-P) e pela ação da enzima málica ou malato desidrogenase (ao formar piruvato).
Nos eucariotas superiores , o complexo FAS encontra-se exclusivamente no citoplasma, tal como acontece
com enzimas envolvidas da biossíntese de nucleótidos, aminoácidos e glucose. Esta localização separa os
processos sintéticos das reações degradativas, as quais acontecem na sua maioria na matriz mitocondrial,
havendo uma separação de cofatores transportadores de eletrões das vias anabólicas (redução) e das
catabólicas (oxidação).
O NADPH é o dador de eletrões nas reações anabólicas e o NAD+ o aceitador de eletrões nas catabólicas.
O palmitato pode ser alongado a ácidos gordos saturados ou insaturados com mais do que 16C. Estas reações
de elongação ocorrem, geralmente, no RE.
Estas reações podem dar-se pela adição de 2C, formando o estearoil-coA. Apesar de estarem envolvidos
sistemas enzimáticos diferentes e de ser a coA em vez do domínio ACP da FAS o transportador do grupo acetil,
a reação de elongação é semelhante à síntese de palmitato, ou seja, ocorre a doação de 2C pelo malonil-coA.
2 NADPH + 2H+ + Malonil-coA + Palmitato -----------> Palmitato (+2C) + 2 NADP+ + CO2 + H2O + coA-sH
O palmitato e o estearato servem de percursores aos dois ácidos gordos monoinsaturados mais abundantes
nos tecidos animais, o palmitoliato (16C e dupla ligação no C9) e o oliato (18C e dupla ligação no C9).
A ligação dupla destes ácidos é cis e é introduzida na cadeia por uma reação oxidativa, catalisa pela
acil-coA dessaturase (oxidase de função mista).
O ácido gordo e o NADPH sofrem, simultaneamente, oxidações com dois eletrões e esse fluxo de
eletrões inclui um CytB5 e uma flavoproteína (contida na CytB5 redutase). Ambas as proteínas, tal como
a acil-coA dessaturase, existem no REL.
Os hepatócitos podem introduzir duplas ligações no C9 mas não conseguem adicionar ligações duplas
adicionais entre o C10 e o terminal metilo, ou seja, não conseguem formar inferiores à série ω7.
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Os eicosanóides apresentam uma função sinalizadora, atuando como mensageiros de curto alcance, afetando
as células dos tecidos que as produzem.
A primeira está envolvida na síntese de PG com efeito ao nível do rim e estômago (aumenta a
produção de muco, diminuir a produção de HCl e promove a vasodilatação da mucosa) - ou seja, regula
a secreção da mucina gástrica, protegendo a mucosa da ação do ácido e das enzimas. A segunda está
envolvida na síntese de PG responsáveis pela indução da inflamação, dor e febre.
O ácido acetilsalicílico presente na aspirina inativa quer a COX1 quer a COX2, por
acetilação de um resíduo de serina, inibindo a síntese de PG e tromboxanos, daí este
ser utilizado como antidiurético anti-inflamatório ter também efeitos adversos ao
nível da mucosa gástrica.
Ibuprofeno e Naproxeno são também inibidoras das duas isoenzimas COX, tendo os
mesmos efeitos secundários.
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A síntese e degradação de ácidos gordos são processos interligados e altamente regulados, de modo a que
ocorra apenas síntese quando não há necessidade da sua degradação para obtenção de energia e vice-versa.
A β-oxidação mitocondrial é estritamente regulado de modo a que ocorra apenas quando as necessidades
energéticas da célula assim o exijam, caso contrário, os ácidos gordos serão armazenados na forma de TAG.
Página 87: A acetil-coA carboxilase converte o acetil-coA em malonil-coA e este passo constitui o passo
limitante da lipogénese pois esta enzima é um importante ponto de regulação.
Um ponto de contacto na regulação, tanto na síntese como na degradação, é o malonil-coA, que existe
na célula quando esta tem a necessidade de sintetizar ácidos gordos, pois envia um sinal à β-oxidação
mitocondrial para parar paragem desta (esta articulação é feita pois o malonil-coA é um inibidor da
CPT1).
Por outro lado, a própria β-oxidação mitocondrial tem dois pontos adicionais de controlo:
- inibição da LCHAD (enzima envolvida na segunda desidrogenação que usa o NAD + como
cofator) → valores elevados de NADH inibem a enzima, parando a β-oxidação
- inibição da 3-cetoacil-coA tiolase (enzima envolvida na tiólise) → valores elevados de acetil-
coA inibem a enzima, parando a β-oxidação
• controlo da mobilização de FFA no tecido adiposo (por lipolise ou pouca utilização dos mesmos)
• regulação da atividade da CPT1 no fígado (controlando a posterior esterificação a TAG)
• partição do acetil-coA entre a cetogénese e o Ciclo de Krebs → decréscimo na concentração de
oxaloacetato dificulta a capacidade de metabolizar acetil-coA
Inicialmente, três unidades de acetil-coA, cada uma destas com 2C, formam uma molécula de
mevalonato, este com 6C.
De seguida, o mevalonato vai originar isopentenil di-P ou isopreno ativado, com perda de um átomo
de carbono.
É a partir deste que vai ocorrer a polimerização, formando-se o esqualeno, com 30C.
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Mais pormenorizadamente, a síntese de colesterol inicia-se com uma reação semelhante à síntese de corpos
cetónicos na mitocôndria, apesar de, neste caso, ser iniciada no citoplasma.
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Nas células animais, esta ciclização ocorre por ação de ciclases e resulta na
formação de lanosterol, que contém já os 4 anéis característicos do núcleo
esterol.
O colesterol é o esterol mais característico das células animais. As plantas, fungos e organismos procariotas
produzem outros esteróis, utilizando a mesma via sintética, até à formação do epóxido. Neste ponto, a via
diverge ligeiramente, originando outros esteróis como o ergoesterol, os chumbos ou o estigmasterol.
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Todas as hormonas esteroides nos humanos são derivadas do colesterol. A síntese destas ocorre na
mitocôndria, por remoção de alguns ou todos os átomos de carbono da cadeia lateral que se projeta a partir
do C17 do anel do colesterol.
Estas hormonas movem-se na corrente sanguínea ligadas a proteínas transportadoras e, na ausência da cadeia
carbonada em C17, estes derivados tornam-se mais polares do que o colesterol.
A aldosterona é considerada um
mineralocorticoide, uma vez que regula a
reabsorção de Na+, Cl- e HCO3- no rim.
Foram desenvolvidos análogos do cortisol que atuam como potentes anti-inflamatórios, a prednisona e a
prednisolona.
Esta efeito anti-inflamatório é mediado, em parte, pela inibição de araquidonato pela fosfolipase A2
e, consequentemente, da síntese de leucotrienos, PG e tromboxanos.
Estes esteroides apresentam várias aplicações médicas incluindo o tratamento da asma e da artrite
reumatoide.
A Vit D por si só não é biologicamente ativa, mas ao ser convertida por enzimas
no fígado e no rim em Vit D3 já se torna ativa e responsável pela regulação do
metabolismo do cálcio e fosfato no intestino, rim e ossos. Esta vitamina evita
então o raquitismo, doença relativamente comum em climas frios, onde em
fraca exposição à luz solar, a percentagem desta vitamina é baixa.
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Os ésteres de colesterol são formados no RE do hepatócito pela ação da enzima membranar ACAT, que
catalisa a transferência de um FFA do acetil-coA para o grupo hidroxilo do colesterol, convertendo este último
a um éster.
A síntese do colesterol é um processo complexo que despende muita energia, mas é responsável pela síntese
uma molécula fundamental e, por isso, é extremamente regulada.
Página 93: O HMG-coA é reduzido a mevalonato (6C) por ação de uma enzima do REL, a HMG-coA redutase, à
custa de duas moléculas de NADPH. Esta enzima é a proteína que contribui decisivamente para a regulação
da síntese de colesterol sendo, por isso, o passo limitante.
Os derivados das estatinas são, por isso, utilizados para tratar doentes com
elevados níveis de colesterol.
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A produção desregulada de colesterol pode originar doenças graves quando o somatório do mesmo
sintetizado e obtido da deita excede a necessidade do organismo, ocorrendo a acumulação patológica de
colesterol nos vasos sanguíneos (aterosclerose). O enfarte do miocárdio devido à obstrução das Artérias
Coronárias é a maior causa de morte nos países industrializados
A hipercolesterolemia também pode ser causa por uma doença genética associada a mutações no gene que
codifica para o recetor das LDL, levando a um aumento de LDL em circulação e consequente produção de
placas ateroscleróticas. Nesta situação, a síntese endógena de colesterol continua, apesar do excesso de
colesterol no sangue, uma vez que a concentração do mesmo é baixo dado que a célula não o consegue captar.
No organismo em desenvolvimento, a maioria dos ácidos gordos irá ser incorporada nos fosfolípidos para
formação de novas membranas, mas parte será também utilizada para formação de TAG.
Na realidade, o ser humano apenas consegue armazenar algumas centenas de gramas de glicogénio no
músculo e fígado, o que daria apenas para suprir as necessidades energéticas durante 12h. Em contrapartida,
a quantidade de TAG armazenados no tecido adiposo de um indivíduo de 70Kg será de certa de 15Kg, o
suficiente para suportar as necessidades energéticas durante 12 semanas.
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A síntese inicia-se com a acilação do glicerol-3-P a um ácido fosfatídico, por ação sequencial de aciltransferases
(GPAT e AGPAT). De seguida, a fosfatase do ácido fosfatídico (PAP) vai libertar o grupo fosfato, formando um
diacilglicerol. Este vai ser, novamente, esterificado com um novo acetil-coA, por ação da DGAT, formando o
triacilglicerol (TAG).
No intestino, dá-se, inicialmente, a transferência de um acetil-coA ativado para o monoacilglicerol, por ação
da MGAT, formando-se um diacilglicerol. Este, por incorporação de mais um acetil-coA e por ação de uma
DGAT, forma TAG (incorporados nas quilomicras).
Relativamente aos glicerofosfolípidos, esta síntese ocorre na superfície do REL e na membrana interna
mitocondrial.
Estas moléculas podem-se formar a partir do ácido fosfatídico ou do diacilglicerol, no entanto, envolve
obrigatoriamente a ativação de um grupo fosfato, por ação da citidina difosfato (CDP).
O acido fosfatídico é ativado pela CDP e, posteriormente, a forma ativada sofre o ataque do grupo álcool
constituinte de um fosfolípido.
Se a célula utilizar um diacilglicerol, este não contem grupos fosfatos e, por isso, recebe um álcool polar
constituinte do fosfolípido, podendo agora ser ativado pela CDP.
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O tecido adiposo não expressa a glicerolcinase pelo que terá que utilizar a dihidroxiacetona para obtenção de
glicerol-3-P, a fim de iniciar a síntese de TAG.
Assim sendo, este tecido utiliza uma via semelhante à gluconeogénese para obtenção desta molécula,
exclusivamente no adipócito, a gliceroneogénese.
A maioria das enzimas responsáveis por esta transferência de açúcares , as glicosiltransferases, estão
presentes também no Golgi.
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Os lípidos polares das membranas estão em constante turnover metabólico, no entanto, a sua taxa de síntese
é sempre superior compensando sempre a taxa de degradação. Esta última ocorre nos lisossomas, uma vez
que estes organitos são ricos em enzimas hidrolíticas e apresenta um pH favorável para atuação destas.
As fosfolipases do tipo A removem os ácidos gordos no C1 e C2 do glicerol (A1 e A2). As fosfolipases do tipo C
e D hidrolisam as ligações que envolvem o grupo fosfato.
Os esfingolípidos que possuem na sua estrutura açúcares ou gangliosídeos também são degradados nos
lisossomas por um conjunto de enzimas que catalisam a remoção gradual destes açúcares (uma específica
para cada passo da reação).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Quando uma base azotada se liga a uma pentose, pela ligação β-N-glicosídica, o composto resultante é um
nucleósido. Este, ao reagir com um grupo fosfato, passa a constituir um nucleótido.
Para além destas bases mais comuns, outras existem nos ácidos nucleicos, as bases raras que resultam de
modificações das anteriores.
O grupo fosfato, normalmente ligado ao C5’ da pentose, pode assumir outras posições, nomeadamente ligado
aos C2’ e C3’ ou mesmo a estes dois em simultâneo (originando os nucleótidos cíclicos).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
O ATP é a principal forma de energia química disponível nas células, sendo gerado por OxPhos ou ao nível do
substrato. Está envolvido na contração muscular, no transporte ativo e na manutenção do gradiente iónico.
Esta molécula é a dadora de grupos fosfato, para formação de outros nucleótidos 5’trifosfatados.
Tanto os nucleósidos como os nucleótidos funcionam como mediadores em processos metabólicos chave.
O cAMP e o cGMP atuam como segundos mensageiros nos mecanismos de transdução de sinal.
No entanto, os nucleótido também podem ser precursores importantes na biossíntese de outros compostos.
Por outro lado, algumas coenzimas como o NAD+, o NADP+ e o FAD+, bem como as suas formas reduzidas,
assim como a coA, possuem na sua estrutura uma unidade 5’-AMP.
É de referir também o papel dos nucleótidos como efetores alostéricos, ou seja, moléculas que podem regular
a atividade enzimática, quer positivamente quer negativamente.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
À exceção do ATP, a pool celular dos nucleótidos é muito reduzida (< 1% do requerido para síntese de DNA),
por isso, a sua síntese tem que ser constante, podendo até mesmo constituir um fator limitante para a
replicação e transcrição de DNA.
No entanto, esta distribuição varia conforme o tipo de célula, ou seja, em células funcionais são
predominantes os 5’-NTP e em células em situação de hipoxia, os níveis de 5’-NMP e 5’-NDP
aumentam.
Este metabolismo nucleotídico é caracterizado por existência de duas vias biossintéticas (“de novo” e
“salvage”), de precursores comuns à via da síntese de purinas e de pirimidinas e de enzimas presentes na
célula na forma de complexos multienzimáticos.
Esta síntese inicia-se com o passo limitante (irreversível), a formação da ligação β-N-glicosídica, onde
o PRPP (5-fosforibosil-1-pirofosfato) reage com a glutamina, a qual lhe cede um grupo amida,
formando o 5-fosfo-β-D-ribosilamina, com libertação de glutamato e PPi.
No decurso desta reação, o grupo hidroxilo encontra-se na forma α, ou seja, abaixo do plano do anel
da pentose e que, depois desta reação, passa a estar na forma β, ou seja, acima do plano do anel.
Nas reações seguintes, dá-se o fecho do primeiro anel imidazólico e, se seguida, o fecho do segundo,
originando o IMP, percursor da AMP e a GMP.
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As enzimas presentes nestas reações apresentam-se na forma de complexos, uma vez que, os compostos
formados são extremamente instáveis e facilmente degradados.
Deste modo, o composto é imediatamente catalisado, dentro do complexo enzimático, para a enzima
seguinte, não tendo tempo de se degradar.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Tanto o composto AMP como o GMP utilizam o mesmo precursor, o IMP e são, respetivamente, convertidos
a ATP e GTP, por ação de cinases.
Existe uma relação entre a biossíntese dos dois compostos ou regulação recíproca, uma vez que níveis
elevados de ATP induzem a síntese de GMP e vice-versa.
A regulação desta biossíntese faz-se essencialmente retro-inibição, ou seja, os produtos finais inibem vários
passos metabólicos.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Ao contrário da via das purinas, na qual os anéis são sintetizados sobre o anel de pentose, na via das
pirimidinas, o anel pirimídico é sintetizado primeiro e só posteriormente é que se estabelece a ligação
da ribose-5-P (via PRPP).
O primeiro passo desta via consiste na condensação do aspartato com o carbamoil-P, formando o N-
carbamoil-aspartato. Este provém da enzima citosólica carbamoil-P sintetase II (CPS II) que condensa
a glutamina com o bicarbonato.
O UMP é fosforilado sequencialmente por cinases até UTP. Este, por ação da CTP sintetase, condensa-
se com o glutamato e origina o segundo nucleótido pirimídico, o CTP.
Nesta via metabólica, é possível observar-se o ponto onde ocorre a ligação β-N-glicosídica assim como
a existência de várias enzimas sobre a forma de complexos multi-enzimáticos.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Uma vez que esta não pode ser metabolizada dentro da mitocôndria,
onde tem lugar o ciclo da ureia, a amónia passa para o citosol, onde vai
ser utilizada na síntese de pirimidinas. Assim, nestas situações de doença,
verifica-se um aumento na concentração de metabolitos pirimídicos
(ácido orótico e orotidina), que servem de controlo de eficácia da
terapêutica dessas patologias.
Na recuperação ou salvage de purinas, as bases livres resultantes da degradação dos respetivos nucleótidos
são conjugadas com PRPP para sintetizar novos nucleótidos.
Deste modo, a célula aproveita metabolitos intermediários de via de degradação para sintetizar nucleótidos
por um mecanismo muito menos dispendioso energeticamente. Além disso, esta via assume um papel
determinante em algumas células que carecem de algumas enzimas da via biossintética “de novo” (Ex.
eritrócitos, que não possuem PRPP amidotransferase).
Nesta via, existem duas enzimas de recuperação: a hipoxantina-guanina fosforribosil transferase e a adenina
fosforribosil transferase.
Adenina Fosforribosil
Transferase
Hipoxantina-guanina
Fosforribosil Transferase
Pirimidina Fosforribosil
Transferase
A enzima presente nos eritrócitos pode utilizar orotato, uracilo e timina, mas não a citosina.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A terceira via metabólica, a interconversão de nucleótidos, também assume um papel fundamental ao nível
da economia celular, uma vez que evita a biossíntese “de novo”.
Interconversão de Pirimidinas
Interconversão de Purinas
Os nucleótidos mono-, di- e trifosfatados podem interconverter-se e este tipo de reação é importante nas
células que não possuem capacidade de efetuar a biossíntese “de novo”.
Neste processo, assumem especial relevo as enzimas que promovem a fosforilação, as cinases.
A adenilato cinase converte, sequencialmente, o AMP em ADP e este, posteriormente em ATP, usando
sempre como dador do grupo fosfato outro ATP.
Ribonucleótido
Redutase
NADP+ NADPH + H+
Esta enzima é um heterodímero e os seus equivalentes de redução são fornecidos pelo NADPH (pela
via da glutorredoxina ou da tiorredoxina). Este foi o primeiro metabolismo humano onde foi
identificada a presença de radicais livres.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Os produtos dATP, dGTP e dTTP apresentam um efeito inibidor sobre a ribonucleótido redutase, o que
explica a toxicidade da d-adenosina, d-guanosina e timidina sobre as células dos mamíferos.
A UDP é convertida a dUDP que, posteriormente, é convertida em dUMP, seguindo depois o percurso
anterior.
O passo final é degradação dos nucleótidos quando estes deixam de ser necessários.
A degradação das purinas segue duas vias independentes, a do AMP e a do GMP, levando ambas a um
composto comum, a hipoxantina que é, posteriormente, convertida em ácido úrico (produto final no
Homem).
No entanto, em alguns organismos o ácido úrico ainda pode ser metabolizado, originando outros
produtos (Ex. Alantoína, Alantoato, Ureia e Amónia).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A degradação das pirimidinas podem seguir várias vias, que levam à formação de uracil e timina. Estes
produtos sofrem ainda uma degradação posterior a fim de formarem, respetivamente, a β-alanina e
o β-aminoisobutirato.
Enquanto que a β-alanina pode ter origem em muitas outras vias metabólicas, o β-aminoisobutirato
provém exclusivamente desta degradação, por isso, este composto é utilizado na avaliação do
turnover de DNA ou de nucleótidos de timidina.
Sendo que cada enzima apenas codifica para um gene específico e, dado que este pode sofrer mutações,
muitas vezes as proteínas são erradamente sintetizadas.
Assim, se estas mutações ocorrerem nos genes que codificam para as enzimas envolvidas nos múltiplos passos
das vias do metabolismo nucleotídico, são originadas patologias.
O ácido úrico apresenta-se, no organismo, em equilíbrio com a forma de urato, o qual tem tendência a ligar-
se a metais monovalentes (sobretudo o sódio) formando os respetivos sais, que podem cristalizar.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Esta patologia heterogénea pode ter diversas origens e não só no metabolismo das purinas, então,
associadas com este são apresentados três défices:
- Aumento da atividade da PRPP sintetase (PRPP estimula a biossíntese “de novo” e degradação)
- Défice parcial da HGPRT (envolvida na salvage das bases livres, o seu défice estimula a degradação)
- Défice na glucose-6-fosfatase (faz direcionar a glucose-6-P acumulada para o Ciclo das Hexoses
Monofosfatadas, originando ribose-5-P, a qual estimula a síntese de PRPP)
A acidúria orótica é provocada pelo défice do complexo UMP sintase, levando à acumulação de ácido orótico
e orotidina, com consequente carência de UMP e, posteriormente, de todos os nucleótidos pirimídicos.
Esta patologia caracteriza-se por uma grave anemia hemolítica, atraso de desenvolvimento e elevada
excreção de ácido orótico.
O tratamento passa pela administração exógena de uridina que, através de outras vias metabólicas,
pode ser convertida em UMP e UTP, o qual é um inibidor negativo da CSP II, conduzindo a uma
diminuição da biossíntese “de novo” das pirimidinas e a uma menor acumulação de ácido orótico e
orotidina.
Página 102:
Os nucleótidos da adenina fazem parte da composição de muitos cofatores enzimáticos, pelo que a única
relação estrutural entre estes é a presença de adenosina. Esta, no entanto, não participa diretamente na
função primária dos cofatores, influenciando apenas a sua atividade, quando a sua concentração baixa
drasticamente.
É a adenosina por uma questão de economia energética, dado que as células desenvolveram sistemas de
síntese de ATP em maior abundância, daí resultando na sua incorporação numa grande variedade de
estruturas.
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Os agentes quimioterápicos são agentes que interferem com o metabolismo nucleotídico, nomeadamente na
sua biossíntese e interconversão.
• Antagonistas da glutamina (inibem as enzimas que utilizam a glutamina como dadora de azoto)
• Antimetabolitos (análogos estruturais de bases e nucleósidos, logo interferem nas reações metabólicas)
• Antifolatos (inibem a síntese de tetrahidrofolato por inibição da dihidrofolato redutase)
• Outros compostos
O metotrexato é um antifolato, análogo estrutural do ácido fólico e, portanto, funciona como inibidor
competitivo em relação à enzima.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Como os aminoácidos não são armazenados, é necessário um aporte contínuo por síntese
endógena e pela dieta.
Situações em que o consumo é muito superior à sua excreção, é encontrados nos períodos de
crescimento e gravidez, bem como aquando de uma recuperação de doença.
Para digestão das proteínas e absorção dos aminoácidos, é importante a ação de um grupo de enzimas, as
proteases.
Estas enzimas hidrolisam as ligações peptídicas e podem ser agrupadas em endopeptidases, quando
clivam internamente a cadeia hidrocarbonada, ou exopeptidases, quando removem os aminoácidos
sequencialmente a partir do N-terminal (aminopeptidases) ou do C-terminal (carboxipeptidases).
Podem ainda remover grupos de dois aminoácidos a partir de qualquer dos terminais.
Existem ainda enzimas específicas para dipéptidos (dipeptidases) ou para tripéptidos (tripeptidases).
As protéases são classificadas consoante o aminoácido presente no centro ativo ou, caso tenham, ião metálico
(metaloproteases).
Nos seres humanos, a degradação das proteínas ingeridas tem inicio no trato gastrointestinal.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
O ambiente ácido do estômago promove a desnaturação das proteínas, tornando as suas ligações peptídicas
mais acessíveis à ação das proteases.
A entrada de alimentos no estômago estimula a mucosa gástrica, para secretar a hormona gastrina que, por
sua vez, estimula a secreção de HCl pelas células parietais e pepsinogénio pelas células gástricas.
Uma vez chegados ao duodeno, os alimentos levam à libertação da hormona cistocinina, que estimula a
secreção de várias enzimas pancreáticas inativas, como o tripsinogénio, o quimotripsinogénio e as
procarboxipeptidases.
Estas enzimas passam à sua forma ativa, respetivamente, tripsina, quimotripsina e carboxipeptidases.
A síntese destas proteases, como precursoras inativas, protege as células exócrinas (pâncreas) de
autoataque proteolítico que destruiria todas as proteínas dessas células
A proteínas vão sendo degradadas, chegando ao intestino, apenas na forma de pequenas cadeias
polipeptídicas e, aí, ocorre a destruição de aminopeptidases e de outras peptidases em tripéptidos, dipéptidos
e em aminoácidos livres.
Proteínas
HCl Pepsina
Pepsinogénio
Polipeptídeos
Tripsinogénio Tripsina
Quimotripsinogénio Quimotripsina
Procarboxipeptidases Carboxipeptidase
Pequenas cadeias peptídicas
Aminopeptidase
Peptidase
Tripéptidos
Dipéptidos
Aminoácidos livres
Esta mistura resultante da degradação é transportada para as células epiteliais que revestem o intestino
delgado, por co-transporte com o Na+.
Toda a pool de aminoácidos livres vai passar para o capilares sanguíneos por transporte ativo.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Os isómeros D dos aminoácidos, quando existem no epitélio celular, são transportados por difusão
simples.
Uma vez em circulação, como os aminoácidos não podem ser armazenados, a sua maioria é utilizada para a
síntese de novas proteínas e de metabolitos importantes.
Grupo ceto
Grupo amina
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
As transaminases são constituídas por várias famílias de enzimas, cada uma delas com especificidade para um
aminoácido ou cetoácido diferente.
Todos os aminoácidos podem sofrer reações de transaminação exceto o a Pro, OH-Pro, Lys e Thr.
O cofator PLP é essencial numa reação de transaminação, uma vez que se vai ligar covalentemente à enzima,
através de um resíduo de Lys, presente no seu centro ativo, formando uma base de Schiff, servindo de
transportador do grupo amina entre o α-aminoácido e o α-cetoácido.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Por exemplo, a Aspartato Transaminase (AST) também pode ser designada de Glutamato Oxaloacetato
Transaminase (GOT), uma vez que remove o grupo amina do ácido aspártico, formando o
oxaloacetato.
Existem duas isoenzimas:
GOT1 - citosólica (eritrócitos no coração)
GOT2 - mitocondrial (hepatócitos)
Outro exemplo, a Alanina Transaminase (ALT), ou Glutamato Piruvato Transaminase (GTP), promove
a desaminação da alanina, formando piruvato. Esta enzima é expressa, maioritariamente no fígado.
Ambas as transaminases anteriores são muito utilizadas em bioquímica clínica para diagnóstico de
patologias associadas ao dano hepático ou problemas cardíacos. São enzimas intracelulares e a sua
presença no citoplasma em níveis elevados indica um dano nas células respetivas.
Na desaminação oxidativa, o α-aminoácido é convertido ao seu α-cetoácido, por remoção do grupo amina
(na forma de ião amónio, NH4+). É um processo que ocorre em condições aeróbicas, em todos os tecidos, mas
especialmente no fígado. É mais frequente no glutamato, uma vez que este é o produto final da maior parte
das reações de transaminação.
É uma reação reversível e pode usar tanto o par NAD+/NADH como o NADP+/NADPH.
NH4+
NAD+ NADH
NH4+
NADH NAD+
Em suma, no catabolismo dos aminoácidos, o glutamato assume um papel fundamental, uma vez que
promove a associação das reações de transaminação e desaminação oxidativa.
Ao ser produto final das reações de transaminação, o glutamato vai servir como molécula coletora dos vários
grupos amina dos vários aminoácidos. Posteriormente, ao ser substrato da glutamato desidrogenase, vai
permitir regenerar o α-cetoglutarato (para novas reações de transaminação) e canalizar todos os grupos amina
para formação do ião amónio.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
As amónia liases ou desidratases são enzimas que também utilizam o PLP na sua estrutura e libertam,
em dois passos consecutivos, o ião amónio dos aminoácidos (por perda de uma molécula de água).
Serina desidratase
As amido hidrolases removem o grupo amina que se encontra próxima de ligações -C=O (amida), do
aminoácido asparagina ou glutamina (por consumo de uma molécula de água).
Nos processos de transaminação e desaminação oxidativa são formados os respetivos α-cetoácidos, perdendo
o ião amónio mas mantendo a sua estrutura carbonada. Este vai ser transformado em intermediários
metabólicos, que poderão ser utilizado para produção de energia.
Esses intermediários são α-cetoácidos que diretamente, ou após sofrerem algumas modificações,
podem alimentar o Ciclo de Krebs. Alguns dos α-cetoácidos, podem no entanto, originar acetil-coA e
acetoacetil-coA, que contribuem na produção de energia nos tecidos extra-hepáticos.
• Acetil-coA AA Cetogénicos:
• Acetoacetil-coA Podem produzir corpos cetónicos
• Piruvato
• Oxaloacetato AA Glucogénicos:
Por alimentarem o Ciclo de Krebs,
• Fumarato Podem ser oxidados, no Ciclo de Krebs,
ou podem ser convertidos em glucose, têm um efeito anaplerótico.
• Succinil-coA pela Gluconeogénese
• α-cetoglutarato
A maioria dos aminoácidos são classificados como glucogénicos, apenas dois são exclusivamente
cetogénicos (Leu e Lys), podendo ainda alguns serem classificados como ambos (Ile, Phe, Thr, Trp e
Tyr).
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
No caso da Gly, Pro, Arg e His, é formado o glutamato que, posteriormente, origina α-cetoglutarato.
Os aminoácidos Ala, Cys, Gly, Ser, Thr e Tyr vão originar piruvato.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A Met partilha a sua via de degradação com a Thr, uma vez que esta pode, por uma via alternativa da
anterior, originar α-cetobutirato.
A Phe e a Tyr possuem uma via de degradação onde ocorre a formação, tanto de fumarato como de
acetoacetil-coA.
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Os aminoácidos Val, Ilo e Leu são ramificados e apresentam vias de degradação muito semelhantes.
O Trp, para além de partilhar a via de degradação com a Ala, também partilha com a Lys, originando
piruvato e acetoacetil-coA.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Resumindo:
Em todas as vias de degradação, o grupo amina é removido, quer na forma de ião amónio, quer inserido na
molécula de glutamato que, posteriormente, ao sofrer desaminação oxidativa, liberta também este ião.
O ião amónio tem um efeito extremamente tóxico ao nível do SNC, podendo causar tremores, alterações na
visão e na fala, edemas cerebrais, progredindo para coma e culminando na morte.
Pensa-se que este efeito tóxico se pode relacionar diretamente com a glutamato desidrogenase.
Com o aumento do ião amónio, esta enzima, numa tentativa de diminuir estas concentrações, irá
reagir com o α-cetoglutarato, formando glutamato. Como os níveis deste último vão aumentar ao nível
do SNC, irá formar glutamina, através da glutamina sintetase.
Assim, as concentrações de α-cetoglutarato serão diminutos, podendo muito bem ser utilizados para
a produção de energia, bem como de glutamato, um neurotransmissor importante.
Por outro lado, sendo a glutamina um osmólito, é necessário o aumento do uptake de água, a fim de
controlar o balanço osmótico, resultando num inchaço dos neurónios.
Para evitar ao máximo este efeito tóxico, uma pequena parte deste ião é utilizado na síntese de moléculas
azotadas, mas a sua maioria é convertida em ureia, sendo depois excretado nesta forma, na urina.
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Este ciclo inicia-se na mitocôndria, onde se dá a conjugação do ião amónio com o ião bicarbonato, à custa do
gasto de 2 moléculas de ATP. Esta reação é promovida pela carbamoil-P-sintetase I e origina carbamoil-P.
A CPS I é a enzima reguladora do Ciclo da Ureia, uma vez que é ativada alostericamete pelo NAG, que vai
aumentar a atividade da enzima para o ATP. Por sua vez, o NAG é sintetizado a partir do glutamato e do acetil-
coA, por ação da N-acetilglutamato sintase.
Ainda na mitocôndria, o carbamoil-P reage com a ornitina e, pela ação da ornitina transcarboxilase, forma
citrulina. Este aminoácido tem um transportador apropriado, regressando ao citoplasma, para onde
transporta o ião amónio coletado anteriormente.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A citrulina reage com o aspartato e, à custa do gasto de uma molécula de ATP e por ação da argininosuccinato
sintetase, forma argininosuccinato.
A arginina contém na sua estrutura, quer o grupo amina proveniente do ião amónio da mitocôndria, quer o
grupo amina proveniente do aspartato do citoplasma.
Por ação da arginase, a arginina origina ornitina (ficando disponível para regressar à mitocôndria através de
um transportador adequado) e liberta a molécula de ureia.
A ureia é uma molécula não tóxica, com carácter neutro e elevada solubilidade, que atravessa membranas
celulares e é facilmente transportada no sangue e excretada na urina.
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Uma vez que o Ciclo da Ureia é exclusivo do fígado, sempre que haja catabolismo de aminoácidos com
libertação de amónio em tecidos extra-hepáticos, este terá que chegar ao hepatócito para lá ser metabolizado.
O glutamato recolhe o ião amónio e, pela ação da glutamina sintetase e à custa de uma molécula de
ATP, é formada a molécula de glutamina.
Outro transportador do ião amónio, sobretudo o produzido no tecido muscular esquelético, é a alanina
através do Ciclo da Glu/Ala.
Por haver libertação de fumarato, durante o Ciclo da Ureia, este encontra-se relacionado com o Ciclo de Krebs,
que ocorre na mitocôndria. No entanto, embora haja esta relação, o fumarato não consegue retornar à
mitocôndria porque não existe nenhum transportador adequado.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
O malato, usando o shunt malato/aspartato, pode entrar na mitocôndria por troca com o aspartato.
3 - Transportador de malato-α-cetoglutarato
6 - Transportador de glutamato-aspartato
Uma vez na mitocôndria, o malato pode integrar o Ciclo de Krebs e originar oxaloacetato. Este pode,
eventualmente, ser substrato da AST, receber o grupo amina do glutamato, formando α-cetoglutarato
e o aspartato.
Este último, utilizando o shunt, sairá da mitocôndria e irá conjugar-se com uma molécula de citrulina,
proveniente do Ciclo da Ureia, formando ácido argininosuccínico, o qual irá ser dividido em arginina e
fumarato, completando assim o Biciclo.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Os aminoácidos, como anteriormente referido, podem ser utilizados na síntese de biomoléculas, por exemplo,
de purinas, pirimidinas, Heme, neurotransmissores, hormonas, etc.
Por ser uma monoamina, a serotonina é catabolizada por uma via independente que é iniciada pela
ação de uma monoamina oxidase (MAO), originando primeiramente um grupo aldeído e,
posteriormente, o ácido 5-hidroxi-indoleacético.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A via metabólica que, através do triptofano, origina serotonina e melatonina, é designada de Via dos Indóis,
uma vez que todos estes compostos produzidos apresentam o grupo indol (heterociclo aromático constituido
por um anel benzénico acoplado a um anel pirrol).
Por outro lado, numa via alternativa ou Via da Quinurenina, iniciada pela indolamina 2,3-dioxigenase, origina
a niacina, a partir do triptofano. Nesta via são característicos os compostos designados de quenureninas.
Quenurenina
Grupo Indol
Grupo Catecol
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
As catecolaminas são formadas no A nor-epinefrina e epinefrina são conhecidas como as moléculas do “run and
cérebro e nas glândulas adrenais. Os fight” pois preparam o organismo para uma situação de perigo, aumentando a
níveis destas moléculas encontram-se frequência cardíaca, o aporte de oxigénio ao músculo, rentendo sódio, diminuído
associados com a porção sanguínea e na a motilidade do intestino, promovendo a vasoconstrição, aumentando a glucose
resposta ao stress. em circulação, etc.
De acordo com a monoamina inicial é possível sintetizar o ácido vanilmandélico (VMA) e o ácido
homovanílico (HVA).
Á semelhança da serotonina, inibidor da MAO podem ser utilizados quando se pretende aumentar os
níveis de nor-epinefrina, epinefrina e dopamina, pelo que são utilizados no tratamento da depressão.
As MAO, devido ao seu papel no catabolismo das aminas neurotransmissoras, são então usadas para o
tratamento de patologias em que é necessário um aumento destas.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
A partir da tirosina e, também numa via alternativa à síntese das catecolaminas, pela ação da L-DOPA, é
possível sintetizar melanina.
O albinismo é uma doença genética causada no gene que codifica para a tirosinase, não
sintetizando tão corretamente a melanina e, por isso, apresentam pele, olhos e cabelo
claros.
É a partir do glutamato que é sintetizado o ácido aminobutírico (ou GABA), um inibidor de neurotransmissores
por alteração do potencial transmembranar.
O GABA é formado por descarboxilação do L-glutamato, numa reação catalisada pela glutamato
descarboxilase.
É possível aumentar os níveis de GABA se se diminuir os níveis de degradação do mesmo, que corre
naturalmente. Se forem utilizadas enzimas responsáveis pelo catabolismo do GABA, é possível utilizar
essas moléculas como potenciais fármacos.
A metionina recebe um grupo adenosil do ATP pela ação da metionina adenosil transferase. O SAM é,
então, uma metionina que se encontra ativada com o grupo adenosil.
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
O SAM, ao doar o seu grupo metilo a vários tipos de aceitadores, vai-se transformar em S-adenosil-
homocisteína (ou SAH).
O SAH, por ação da SAH hidrólase, liberta adenosina e forma homocisteína. Esta molécula é
importante na regulação deste ciclo, uma vez que pode seguir dois caminhos: a Via da Transsulfuração
ou a Via da Remetilação.
A enzima que promove a passagem de homocisteína a cistationina, a CBS, é uma enzima que é
regulada pelo próprio SAM, pelo que é ativada na sua presença. A célula quando possui SAM em
elevadas concentrações, não necessita de voltar a formar metionina, pelo que, o SAM ativa a CBS e a
homocisteína, pela via alternativa de transsulfuração, evitando assim a acumulação de metionina e de
SAM.
Por outro lado, o SAM é também inibidor de enzimas de remetilação do tetrahidrofolato, pelo que,
quando está elevado, para além de ativar a Via de Transsulfuração, também inibe a Via de
Remetilação.
Via da Remetilação
Via da Transsulfuração
A Via da Metionina é importante, não só na produção do dador universal de grupos metilo, o SAM, mas
também pela produção de glutatião.
O glutatião é o tripéptido γ-glutamil cisteínil glicina (GSH) e é formado a partir da cisteína, pela incorporação
de uma molécula de glutamato e outra de glicina, sob o gasto de duas moléculas de ATP.
Esta molécula é considerada o tamponante do estado de oxi-redução intracelular, isto porque este
tripéptido pode existir numa forma reduzida (grupo -SH da Cys) ou na forma oxidada (formação de
ponte dissulfureto entre os dois resíduos -SH).
Forma oxidada
Forma reduzida
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
Inicia-se pela conjugação de uma molécula de arginina com outra de glicina, na presença da AGAT, na
mitocôndria.
Já no citoplasma, o guanidinoacetato formado recebe um grupo metilo do SAM e, por ação de uma
metil transferase, forma-se a creatina.
A creatina entra em circulação, sofre upkate pela célula muscular e, nesta forma fosfocreatina, pela
ação da creatina cinase. A fosfocreatina apresenta uma ligação fosfato mais energética que o ATP e,
portanto, é uma molécula que consegue doar o seu grupo fosfato se necessário à molécula de ADP,
para reverter a formação de ATP. A creatina cinase (ou SCK) é útil para diagnóstico de enfarte do
miocárdio, uma vez que é primeira enzima a aparecer em circulação.
A arginina é também a molécula percursora da síntese de óxido de azoto (NO), uma molécula de sinalização
intercelular que, no organismo, exerce várias funções como de neurotransmissor, relaxante muscular suave e
vasodilatador.
A NOS é uma enzima dimérica dependente do
Esta síntese é catalisada pela NO sintase ou NOS. Na cálcio e apresenta três cofatores: FAD, FMN,
BH4 e Heme
presença de oxigénio e de NADPH, a NOS catalisa a
formação de citrulina e NO, a partir da arginina, havendo a Existem várias isoformas de NOS em tecidos
formação de uma espécie intermediária, a Nω-hidroxi-L- diferentes:
- eNOS (tecido endotelial)
arginina.
- nNOS (tecido nervoso)
- iNOS (indutível)
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FFUL – 1º Ano Bioquímica I 2019/20
As porfirinas são moléculas cíclicas formadas pela ligação de 4 anéis pirrólicos (ligados entre si por
uma ligação -CH=C). Por terem várias duplas ligações, as porfirinas
podem entrar em ressonância e por isso, estas moléculas são pigmentos.
Exemplos de porfirinas:
Cerca de 85% do grupo Heme é sintetizado na medula óssea, embora uma pequena percentagem seja
sintetizada no fígado.
Na mitocôndria, o succinil-coA condensa-se com uma molécula de glicina, sofrendo uma posterior
descarboxilação, originando o ácido Δ-amino-levulínico (ALA), por ação da ALA sintase, inibida pelo
produto final, o Heme - inibição por feedback.
O ALA sai da mitocôndria por um transportador adequado e, no citoplasma, duas moléculas de ALA
condensam, pela ação da porfobilinogénio sintase, formando porfobilinogénio.
A porfobilinogénio sintase é uma enzima inibida pelos iões
chumbo. Por isso, o envenenamento por chumbo leva a
valores elevados de ALA, quer no sangue, quer na urina.
A estrutura característica das porfirinas, já com os 4 anéis pirrólicos é obtida de seguida, pela ação de
duas enzimas. A uroporfirinogénio sintase e a uroporfirinogénio III cosintase, atuam sobre a molécula
de porfilinogénio, libertando-se 4 iões amónio e uma molécula de água, originando a
uroporfirinogénio III.
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Esta molécula é, posteriormente, descarboxilada e, é nesta forma que, reentra na mitocôndria por
ação de um transportador, onde é novamente descarboxilada e oxidada, formando a protorporfirina
IX.
Por ação de uma ferroquelatase, o ião ferro é incorporado na protorporfirina IX, formando o
protoHeme. Este já está preparado para ser incorporado nas proteínas que dele necessitam, por
exemplo, a hemoglobina e a mioglobina.
São várias as doenças genéticas associadas a alterações na síntese do grupo Heme, designadas de porfírias.
Nestas patologias ocorre, geralmente, a acumulação de percursores do Heme que são excretados na urina ou
fezes, onde são responsáveis pelo aparecimento de uma cor escura.
Página 5: Destes 20 aminoácidos, existem alguns que são essenciais, ou seja, que o organismo não os consegue
sintetizar, sendo por isso preciso serem fornecidos na alimentação para, futuramente, constituírem as
proteínas.
De entre estes aminoácidos essenciais, a arginina é um caso específico, uma vez que só é considerada essencial
no organismo em crescimento dado que, neste período, a sua biossíntese não é suficiente para suprir as
necessidades do organismo
Existem alguns aminoácidos não essenciais que, por serem sintetizados a partir de essenciais, dependem do
aporte destes e, portanto, estão numa situação intermediária.
Então, o valor nutricional das proteínas do alimentos depende da presença dos aminoácidos essenciais
nestes. As proteínas vegetais (Ex. cereais) são pobres em Try e Lys, enquanto que as leguminosas são
pobres em Met. As proteínas de origem animais contêm todos os aminoácidos em proporções
equilibradas.
No entanto, algumas plantas (Ex. soja) apresentam proteínas de alto valor alimentar, uma vez que, à
semelhança de algumas bactérias, conseguem fixar diretamente o azoto presente na atmosfera e
incorporar nas suas moléculas, sintetizando assim todos os aminoácidos.
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Os aminácidos não essenciais apresentam vias de biossíntese onde ocorre incorporação do grupo α-amina
num esqueleto hidrocarbonado, geralmente por reações de transaminação.
Na síntese de aminoácidos não essenciais, são enzimas centrais: a glutamato desidrogenase e a glutamina
sintetase (pela sua capacidade de fixação do ião amónio) e as aminotransferases (pela sua capacidade de
transferência do grupo α-amina).
A forma humana da glutamina sintetase é uma enzima extremamente complexa, constituída por 8
subunidades iguais. É uma enzima ubiquitária, uma vez que se encontra presente em todas as células, sendo
regulada em vários níveis, nomeadamente por inibição de acordo com o níveis das moléculas azotadas
disponíveis na célula.
Existe uma forma desta enzima específica no cérebro onde o glutamato é utilizado como neurotransmissor
(libertado após estimulação e convertido a glutamina). Esta enzima difere das outras pela ausência de
regulação, pelo que se mantém sempre ativa, uma vez que existe uma necessidade permanente de gasto do
glutamato libertado.
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A partir da glutamina sintetase, forma-se a glutamina. O glutamato, por outro lado, é sintetizado por
ação da glutamato desidrogenase.
L-Glutamate-
γ-semialdehyde
L-Glutamate-
γ-semialdehyde
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A serina, pela Via da Metionina, pode conjugar-se com a homocisteína, originando cistationina, a qual,
posteriormente, origina cisteína.
Por outro lado, a serina pode ainda perder um grupo metilo para o fulato, originando glicina.
A Try é o único aminoácido dos não essenciais que é produzido a partir de outro aminoácido, a fenilalanina.
A fenilalanina sofre uma hidroxilação e forma a tirosina. Esta reação ocorre na presença de oxigénio e
do cofator BH4.
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Também na mitocôndria, a formação de equivalentes redutores na forma de NADH e FADH2 no Ciclo de Krebs,
vai ser utilizado para alimentar a ETC e assim, na presença de oxigénio, irá ser produzido ATP na OxPhos.
A conversão de piruvato a lactato, no citoplasma, é promovida LDH com produção associada de NAD+. Esta
reação é essencial na regeneração de NAD+ para dar continuidade à glicólise, uma vez que esta necessita deste
ião para as suas reações.
O lactato produzido em excesso, na célula tumoral, é transportado para o exterior da célula pelo transportador
MCT4, criando um microambiente acídico envolvendo o tecido tumoral (sabe-se hoje em dia que este
ambiente é vantajoso para o tumor, favorecendo a invasão e suprimindo a ação dos linfócitos T citotóxicos).
Sabe-se, presentemente, que o elevado uptake de glucose pela célula tumoral promove um fluxo elevado de
glicólise, para que seja possível à célula tumoral produzir elevados níveis de intermediários deste ciclo, que
vão alimentar a síntese de macromoléculas (estas vias anabólicas não dependem da mitocôndria e incluem a
síntese de nucleótidos, de aminoácidos não essenciais e de ácidos gordos).
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Sabe-se que o metabolismo mitocondrial e respiração celular desempenham um papel fundamental na célula
tumoral, uma vez que permitem a proliferação celular ao induzir a produção de moléculas envolvidas no Ciclo
de Krebs.
Para manter a função mitocondrial, numa situação de limitação de piruvato, as células tumorais precisam de
alimentar o Ciclo de Krebs por anaplerose (Página 52).
A glutamina apresenta um papel fundamental nesta anaplerose, uma vez que é o aminoácido em
maior quantidade.
O consumo de glutamina nas células tumorais é cerca de 10
a 100 vezes superior do dos outros aminoácidos.
Pelo processo de glutaminólise, a glutamina suporta vários processos fundamentais na célula tumoral.
Nesta reação, por ação da glutaminase, é produzido o glutamato, o qual poderá originar α-
cetoglutarato.
O malato pode ser transportado para o citoplasma, onde pode reverter a piruvato, por ação da enzima
málica, produzido NADPH, necessário para os processos anabólicos (Ex. síntese de ácidos gordos e
colesterol).
O α-cetoglutarato pode ainda ser convertido a isocitrato, pela ação da IDH2 (subexpressa nas células
tumorais).
O citrato é transportado para o exterior da mitocôndria, onde origina acetil-coA, o qual é utilizado
para a síntese de lípidos.
Sabe-se, presentemente, que esta reprogramação mitocondrial resulta de
um aumento do fator de transcrição oncogénico (Myc), responsável, por
exemplo, pelo aumento da expressão da glutaminase e dos transportadores
da glutamina.
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Resumo:
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O elevado uptake de glucose pelas células tumorais é um fenómeno que tem sido estudado no diagnóstico do
cancro.
Existem outras formas de ocorrer alterações no metabolismo como, por exemplo, nas Erros Hereditários do
Metabolismo (EHM).
Estes erros são denominadas de doenças raras ou órfãs, uma vez que põem em risco a vida dos
doentes e afetam um número diminuto de indivíduos. Dado a baixa taxa de afetados com estas
doenças, a indústria farmacêutica não tem propriamente interesse nelas, pelo que não existem
terapêuticas farmacológicas disponíveis para a maioria dos casos, embora a sua gravidade.
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Nos EHM, a mutação no gene pode levar à diminuição da enzima codificada, ou mesmo à sua ausência,
originando um bloqueio nos passos enzimáticos e respetiva via metabólica.
Como resultado deste bloqueio, ocorre uma diminuição do produto da reação enzimática e uma
acumulação do substrato, pelo que o efeito patogénico pode resultar de qualquer um destes dois
fatores, ou ainda da presença de produtos de vias alternativas (que em situações normais têm uma
utilização residual).
Os EHM são doenças pleiotrópicas e podem envolver qualquer órgão ou sistema de órgãos do organismo.
A sua apresentação clínica ocorre a qualquer altura, desde o desenvolvimento pré-natal até à idade
adulta.
A sua intervenção terapêutica, como já dito anteriormente, é feita principalmente por via dietética
(quer por restrição quer por suplementação), no entanto, podem ainda ser utilizadas algumas
intervenções farmacológicas (ERT, SRT e a estimulação de vias alternativas).
O seu estudo contribui de forma decisiva para o conhecimento de genes ou de vias envolvidas, bem
como auxilia no combate às doenças comuns (Ex. associadas ao Aparelho Cardiovascular).
A deficiência em fenilalanina hidroxilase ou Fenilcetonúria (PKU) é uma doença caracterizada pela diminuta
ou ausente atividade da enzima PAH (enzima que catalisa a hidroxilação da fenilalanina a tirosina).
PAH
A PAH, como anteriormente referido, pertence à família das hidroxilases dos aminoácidos aromáticos,
pelo que o seu cofator é o BH4. Esta enzima necessita também, à semelhança das outras desta família,
de oxigénio molecular para incorporação no grupo -OH.
Quando existe uma deficiência da PAH, a tirosina encontra-se em baixas concentrações e a fenilalanina
em elevadas.
A PKU é o erro hereditário do metabolismo dos aminoácidos mais comum, afetando 1 em cada 10 mil
recém-nascidos.
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Na ausência de tratamento adequado, esta doença pode causar um grave atraso psicomotor.
Até há 10 anos atrás, o único tratamento disponível para a PKU era a restrição alimentar, de modo a evitar o
consumo de proteínas ricas em fenilalanina (peixe, carne, queijo e ovos). Atualmente, é proibido o consumo
de Aspartame (adoçante), uma vez que este péptido é constituído por fenilalanina.
Durante os primeiros meses de vida, os doentes PKU possuem à sua disposição leites adaptados (sem
fenilalanina), pelo que neste período é fácil de regular a evolução da doença. Esta, no entanto, piora quando
começam a ser adicionados à dieta os alimentos acima mencionados.
Devido à necessidade de um diagnóstico o mais rapidamente possível após o nascimento (de preferência ainda
no período neonatal), foram implementados, nos países desenvolvidos, programas nacionais de diagnóstico
precoce.
Em Portugal, este teste é conhecido como o “teste do pezinho” e é feito através da determinação da
concentração de fenilalanina no sangue.
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Esta patologia foi identificada após a observação de doentes PKU que não melhoravam com a
instauração da dieta pobre em fenilalanina, não sendo possível evitar a evolução de atrasos
psicomotores.
BH4
Sendo o Ciclo da Ureia uma via importante nos processos de eliminação do ião amónio, alterações nesta via
encontram-se associadas a patologias bastante graves, devido à toxicidade deste ião.
Os indivíduos portadores destas doenças genéticas apresentam vómitos, letargia, convulsões, danos
cerebrais, podendo levar ao coma e, eventualmente, à morte, dependendo da gravidade do bloqueio
enzimático.
A apresentação neonatal destas doenças é mais comum e ocorre, geralmente, após o primeiro aporte
proteico pela dieta, ou em casos de catabolismo acelerado devido a episódios de infeção.
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O tratamento destas doenças genéticas envolve a aplicação de dietas com restrição de aporte proteico
e com o suplemento de hidratos de carbono. É, também, comum a administração de carbamoil
glutamato - comercialmente, CarbaGlu (na deficiência de NAGS) , arginina (na deficiência de ASS, ASL
e OTC) e benzoato de sódio (molécula removedora do ião amónio).
O benzoato de sódio em circulação é ativado a benzoil-coA. Este
último conjuga-se com a glicina formando ácido hipúrico (muito
solúvel e excretado na urina). Esta síntese diminui a concentração
de glicina e a célula repõe estes níveis promovendo a sua síntese
pela glicina sintetase, à custa de uma molécula de ião amónio.
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A MCAD é uma enzima que integra a β-oxidação mitocondrial pertencendo à família de enzimas que
catalisa a primeira reação, a desidrogenação.
Esta enzima tem como alvo ácidos gordos de cadeia média (6C a 12C) e é uma flavoenzima da matriz
mitocondrial, codificada pelo gene ACADM.
Esta deficiência é o EHM dos ácidos gordos mais comum nos EUA e no norte da Europa, sendo que a
maioria dos doentes apresenta a mutação c.A985G → p.K304E.
No cDNA do gene ACADM, no nucleótido 965 a Adenina foi
substituída por uma Guanina.
Em Portugal, a maioria dos doentes é de etnia cigana e esta deficiência apresenta uma frequência
superior (1:8385) em relação à da PKU (1:12507).
Os doentes com este bloqueio na MCAD, apresentam também um bloqueio na via de ácidos gordos e,
portanto, estes não serão oxidados, não havendo formação de FADH2, NADH ou acetil-coA. Assim, a
diminuição destes três produtos, dificulta a obtenção de energia a partir do catabolismo lipídico, uma
vez que o FADH2 e o NADH não irão alimentar a ETC e o acetil-coA não irá integrar o Ciclo de Krebs.
A célula, para colmatar este défice energético, vai degradar a glucose, originando um estado de
hipoglicémia que pode chegar a casos extremos, podendo ser fatal.
A ausência de produção de acetil-coA impede a síntese de corpos cetónicos, pelo que, ao contrário
dos diabéticos, estes doentes apresentam uma hipoglicémia hipocetótica.
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Por outro lado, estes doentes apresentam “fígado gordo”, uma situação que se deve ao aumento de
reservas de lípidos no fígado por alteração na metabolização dos ácidos gordos, havendo acumulação
das gorduras.
Para esta deficiência em MCAD, o único tratamento disponível é a restrição da dieta, mantendo baixo
o consumo de gorduras e elevado o de hidratos de carbono, evitando também períodos de jejum
prolongado.
É também de se assinalar a presença de doenças causadas pela deficiência na desidrogenase dos ésteres de
acil-coA de cadeia muito longa (VLCAD) e de cadeia curta (SCAD).
Ao contrário da MCAD, a VLCAD tem como substratos ácidos gordos de 14C a 18C e a SCAD de 4C.
Como a maioria dos ácidos gordos presentes, quer na alimentação, quer endogenamente, possuem
cadeias hidrocarbonadas com mais de 12C, uma deficiência em VLCAD será muito mais grave que uma
em MCAD ou SCAD, sendo bastante rara (1:40000 a 120000).
- Cardiomiopatia hipertrófica (para compensar a dificuldade de obtenção de energia por parte das células do coração)
- Arritmias
- Fraqueza muscular
- Intolerância ao exercício
- Rabdomiólise (rutura do tecido muscular)
- Hipoglicémia hipocetótica
- Alterações hepáticas (devido a alterações no metabolismo dos ácidos gordos)
Quando os sintomas começam na adolescência ou na idade adulta, são comuns apenas dores
musculares e rabdomiólise.
Para o tratamento deste défice é aconselhada uma dieta pobre em ácidos gordos e rica em hidratos
de carbono.
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Anteriormente, o estudo de todas estas vias metabólicas foi feito de forma individual, no entanto, na célula,
estas vias encontram-se interligadas e a funcionar simultaneamente.
Cada via metabólica possui mecanismos para identificar o estado das outras vias, para funcionar de
uma forma consertada, de modo a satisfazer as necessidades do organismo.
A rede complexa de interações que permite este trabalho metabólico assenta em três aspetos:
• Regulação enzimática
• Compartimentalização celular das vias metabólicas
• Interação entre órgãos metabolicamente distintos
A nível da regulação enzimática, como já abordado anteriormente, é usual um controlo nos passos iniciais da
reação.
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A compartimentalização celular das vias metabólicas é extremamente importante para o controlo das
mesmas.
Os padrões metabólicos dos diferentes órgãos (cérebro, músculo esquelético, músculo cardíaco, tecido
adiposo e fígado) são muito diferentes, o que permite controlar estas vias metabólicas.
Na realidade, cada órgão apresenta uma função especializada que se reflexe na sua anatomia e atividade
metabólica.
O músculo esquelético necessita de obter energia de forma rápida, para efetuar um movimento
brusco, pelo que tem como vias metabólicas principais a glicólise (em contração) e Ciclo de Krebs e β-
oxidação (em repouso), possuindo como substratos principais a glucose, corpos cetónicos e ácidos
gordos.
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O tecido adiposo armazena e liberta energia na forma de gorduras, que servem de “combustível” para
os restantes órgãos, pelo que as suas vias metabólicas principais são a esterificação de ácidos gordos
para formação de TAG e lipólise, para libertação dos ácidos gordos armazenados. Tem como
substratos então, a glucose, as lipoproteínas e os TAG.
O cérebro bombeia iões através das membranas celulares, de modo a produzir sinais elétricos, pelo
que tem como vias metabólicas principais a glicólise e o metabolismo de aminoácidos, e como
substratos, a glucose, aminoácidos e corpos cetónicos.
O músculo cardíaco, uma vez que é extremamente oxigenado, possui como vias metabólicas principais
vias aeróbicas (Ciclo de Krebs e β-oxidação), sendo os seus substratos, FFA, lactato, corpos cetónicos,
TAG e glucose.
O fígado tem uma função central, processando e distribuindo metabolitos para os restantes órgãos.
Esta centralidade é bem visível, uma vez que é comum referir todos os outros tecidos como extra-
hepáticos ou como órgãos periféricos.
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O fígado pode representar 2 a 4% do peso corporal, pelo que é considerado o núcleo metabólico do ser
humano.
A maioria dos compostos absorvidos pelo intestino passa primeiro no fígado, sendo este então capaz
de regular os níveis de muitos metabolitos no sangue.
Isto permite ao fígado manter valores de glucose sempre disponíveis, porque uma vez formada a
glucose-6-P, esta poderá ser utilizada para a glicólise. Por outro lado, a ausência de inibição pela
produto vai permitir que esta enzima esteja em permanente atuação e que haja sempre uma formação
residual de glucose-6-P.
Pela ação de várias enzimas reguladas alostéricamente, através da regulação hormonal, o fígado pode
direcionar o fluxo da glucose-6-P para vários percursos:
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O fígado, para além de ser um centro de distribuição, é também um órgão de armazenamento de ferro
e VitA e de destoxificação de xenobióticos.
O tecido adiposo armazena e liberta energia na forma de gorduras, as quais servem de fonte energética para
outras células.
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Tal como as outras células, os adipócitos têm um metabolismo glicolítico muito ativo e, por isso, levam
à produção de piruvato, e este é maioritariamente utilizado na formação de dihidroxiacetona fosfato
que origina glicerol-3-P, na gliceroneogénese.
Os adipócitos são ricos em mitocôndrias, uma vez que realizam o Ciclo de Krebs para oxidar o piruvato
a acetil-coA, β-oxidação e OxPhos.
(Lipogénese) (Lipólise)
As células do músculo esquelético, ou miócitos, são especializadas em gerar ATP como fonte de energia para
a contração muscular.
Este tecido está adaptado para efetuar o seu trabalho mecânico de uma forma intermitente, por vezes
em capacidade máxima num período de tempo curto, mas por outras é necessário durante um longo
período de tempo.
Existem duas classes de tecido esquelético que diferem no seu papel fisiológico e na utilização do
“combustível”:
- Vermelho estriado (baixa tensão mas alta Cor vermelha devido aos citocromos e
resistência à fadiga) - rico em mitocôndrias e muito grupos Heme presentes neste tecido
vascularizado, produz ATP por OxPhos, processo mais lento
mas mais eficaz
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- Branco (alta tensão mas baixa resistência à fadiga) - pobre em mitocôndrias e menos vascularizado,
utiliza o ATP mais rápido do que este é produzido
Os principais nutrientes deste músculo são glucose, ácidos gordos e corpos cetónicos.
Este músculo, à semelhança do cérebro, não possui glucose-6-fosfatase e, por isso, não pode exportar
glucose, contrariamente retém-na (fonte energética preferencial para episódios de intensa atividade).
No músculo em exercício, a taxa de glicólise excede largamente a taxa do Ciclo de Krebs e muito do
piruvato formado origina lactato, o qual viaja até ao fígado, onde é convertido em glucose.
Outra parte do piruvato pode ser convertida em alanina, que também pode ser convertida em glucose,
no fígado. Como o músculo não pode produzir ureia, é a alanina o transportador do ião amónio até ao
fígado para destoxificação.
Em repouso, o metabolismo é bastante diferente, uma vez que o miócito utiliza preferencialmente,
como fontes energéticas, ácidos gordos (provenientes do tecido adiposo) ou corpos cetónicos
(provenientes do fígado).
Uma vez que o glicogénio é limitado, este tecido vai recorrer à fosfocreatina para produção de ATP
(fosforilação ao nível do substrato), em situações de alta atividade. Quando em períodos de repouso,
a fosfocreatina é regenerada.
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Este tecido não tem reservas de glicogénio significativas, pelo que os ácidos gordos
são a maior fonte de energia (embora os corpos cetónicos e o lactato sejam uma
fonte de energia adicional), já que prefere o consumo de acetoacetato, em
detrimento da glucose.
O cérebro não possui reservas energéticas, pelo que necessita de um constante aporte da sua única fonte de
energia, a glucose.
Os ácidos gordos não podem ser utilizados como fonte de energia, uma vez
que circulam associados à albumina e, por isso, não conseguem atravessar
a barreia hemato-encefálica.
Todos estes processos são regulados por hormonas, salientando o papel da insulina, glucagina e epinefrina.
A insulina sinaliza um estado de alimentação, enquanto que a glucagina, um estado de jejum, pelo que
vão atuar em situações diferentes de ativação e inibição de enzimas.
Após uma refeição, o aumento do nível de glucose no sangue leva ao aumento da secreção de insulina,
a qual leva ao aumento da expressão do transportador de glucose para o interior dos adipócitos e
miócitos, bem como da glucocinase no fígado, da glicogénio cinase no fígado e músculo, etc.
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A epinefrina, uma catecolamina sintetizada nas glândulas adrenais, prepara o organismo para uma
ação.
Nestes processos é muito importante o papel do cAMP na ativação das cinases das proteínas.
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Glossário
A E
o
Ac - Antigénio E - Potencial Padrão de Redução
ACAT - Acil-CoA: colesterol aciltransferase EHM - Erros Hereditários do Metabolismo
ACP - Proteína Transportadora do grupo Acil ERT - Terapia Enzimática de Reposição
ADP - Adenosina Difosfato ETC - Cadeia Transportadora de Eletrões
Ag - Anticorpo ETF - Eletron Transfer Flavoprotein
AGPAT - Acilglicerol-3-P Acil Transferase
ALA - Ácido Δ-amino Levulínico F
ALDH - Aldeído Desidrogenase FABP - Proteína de Ligação aos Ácidos Gordos
ALR - Aldeído Redutase FABPpm - Proteína de Ligação aos Ácidos Gordos da
ALT - Alanina Transaminase Membrana Plasmática
B
BiP - Bifosfato FFA - Ácido Gordo Livre
C G
coA - Coenzima A
coQ - Coenzima Q (Ubiquinona) H
DGAT - Diacilglicerol
DNA - Ácido Desoxirribonucleico
dTMP - Desoxitimidilato
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U
P
UDP - Uridina Difosfato
PAGE - Eletroforese em Gel de Poliacrilamida
UMP - Monofosfato de Uridina
PAH - Fenilalanina Hidroxilase
UQ - Coenzima Q (ou Ubiquinona)
PAP - Fosfatase do Ácido Fosfatídico
PG - Prostaglandina
V
Pi - Ortofosfato ou Fosfato Inorgânico
VMA - Ácido Vanilmandélico
PKU - Fenilcetonúria
VLCAD - Desidrogenase dos Ésteres Acil-coA de Cadeia
PLP - Fosfato Piridoxal Muito Longa
POC - Perturbação Obsessiva Compulsiva
VLDL - Very Low Density Lipoproteins
PRPP - 5-fosforibosil-1-pirofosfato
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