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Centro Biomédico
PAE - 2020-2
Apostila:
Proteínas, Carboidratos e Lipídeos - estrutura e funções
Esta apostila foi formulada para auxiliar o ensino remoto de biologia celular para o curso
de nutrição, durante o período acadêmico emergencial (PAE), em função da pandemia do
novo Coronavírus. Trata-se de um material de apoio ao estudante e, como tal, não substitui
a bibliografia recomendada. Cabe ressaltar que essa apostila não tem fins lucrativos e,
portanto, não deve ser comercializada, sob nenhuma hipótese.
2020
Proteínas: Estrutura e Funções
I. Introdução:
Figura 1: Classificação dos aminoácidos de acordo com a sua polaridade. A cadeia lateral (rosa) está
ligada a um carbono central, que por sua vez está ligado a um grupamento amino, a um hidrogênio
e a um grupamento carboxil (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. &
COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).
Outra característica importante dos aminoácidos é que eles são considerados moléculas
anfóteras, ou seja, podem se comportar tanto como ácidos, quanto como bases em meio
aquoso. É importante salientar que o pH do meio aquoso interfere no comportamento de
doar ou receber elétrons. Assim sendo:
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Em meio ácido, comportam-se como uma base, aceitando prótons e adquirindo carga
positiva, sendo ionizados em seu radical amina. Já em meio básico, comportam-se como
ácidos, doando prótons e adquirindo carga negativa, sendo portanto ionizados em seu
radical carboxil. Essa característica confere as proteínas, peptídeos e aminoácidos o caráter
de bons tampões, pois impedem variações da concentração de H+, mantendo o pH do
meio.
II. Estrutura:
Como dito anteriormente, as proteínas são formadas por cadeias de aminoácidos que são
ligados através de ligações peptídicas (Figura 2A). A formação de uma ligação peptídica é
um exemplo de reação de condensação, onde dois hidrogênios (do grupo amino) e um
oxigênio (do grupo carboxila) são perdidos, formando uma molécula de água (Figura 2B).
À partir da perda de água, os dois aminoácidos podem se conjugar, formando uma ligação
peptídica, resultando em uma AMIDA, um grupamento funcional que apresenta um átomo
de nitrogênio próximo a um carbonil. Este grupamento funcional conecta cada aminoácido
durante a formação da cadeia peptídica.
A
Figura 2: Ligação peptídica entre dois aminoácidos (A). A perda de dois hidrogênios e um oxigênio
(em azul), configuram uma reação de desidratação (perda de água) e a formação de uma amida (em
vermelho). (modificado: khanacademy.org)
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A B
Figura 4: Representação das porções N-terminal (lado esquerdo) e C-terminal (lado direito) de um
peptídeo. (modificado: khanacademy.org)
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Figura 5: Representação da estrutura primária da proteína (A) e nomenclatura dos aminoácidos(B).
(modificado: khanacademy.org)
A estrutura secundária refere-se a arranjos mais estáveis, dando origem a certos padrões
estruturais (p. explo: α-hélice e folhas-β), nos quais os aminoácidos são ligados,
principalmente, por pontes de hidrogênio.
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• As cadeias hidrofóbicas (grupamento alquil) encontram-se voltadas para a parte
interior (dentro), onde não entram em contato com solventes aquosos. Por outro
lado, resíduos hidrofílicos são encontrados na superfície, onde interagem om
moléculas de água.
• Outra interação que estabiliza a estrutura terciária de uma proteína é a ponte
dissulfeto. Sabemos que a cisteína tem um grupamento SH, chamado tiol, na sua
cadeia lateral, o qual é um análogo sulfúrico de um grupamento hidroxil. Quando
duas cisteínas estão próximas, seus grupamentos tióis podem reagir entre si, criando
uma ponte dissulfeto, uma ligação covalente entre os átomos de enxofre que pode
ocorrer em qualquer região da cadeia polipeptídica (Figura 7A). Esta ligação
colabora para a manutenção da integridade estrutural terciária de uma proteína.
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O que são chaperonas?
Clara Albumina
Calor
Caseína desnaturada
Albumina desnaturada
Coalho
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Em alguns casos, a desnaturação de proteínas pode ser um processo reversível. Nestes
casos, a renaturação ocorrerá quando o agente desnaturante for removido. No caso de
desnaturação pelo calor, por exemplo, o processo de desnaturação é irreversível.
As proteínas podem ser classificadas ainda de acordo com a sua configuração em proteínas
globulares ou fibrosas. As proteínas globulares apresentam dobras na cadeia polipeptídica,
assumindo uma forma compacta como uma bola com superfície irregular. Algumas dessas
proteínas porém, podem se reunir para formar filamentos que abrangem todo o
comprimento de uma célula. Um exemplo são os filamentos de actina (Figura 8A e B), uma
estrutura helicoidal longa produzida a partir da actina, uma proteína globular, (Figura 8B)
muito abundante em células eucarióticas, formando um dos principais sistemas de
filamentos do citoesqueleto.
A B
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O colágeno tem sido amplamente utilizado na indústria alimentícia, farmacêutica e
cosmética devido a sua excelente biocompatibilidade e baixa antigenicidade. Além do
seu valor nutricional que o estabelece como uma fonte protéica, o colágeno e os
produtos derivados da sua biodegradação podem exercer várias atividades
biológicas, em potencial nas células da matriz extracelular, o que pode justificar suas
aplicações em suplementos alimentares e preparações farmacêuticas. Do ponto de
vista nutricional, a suplementação com colágeno e seus derivados pode estimular o
metabolismo da matriz extracelular, levando a um aumento da biossíntese de
colágeno. Embora experimentos em animais e ensaios pré-clínicos em humanos
tenham sugerido os efeitos biológicos benéficos do colágeno e de seus derivados,
ainda é muito cedo para fazer recomendações clínicas gerais sobre a ingestão
apropriada de suplementos nutricionais de colágeno e alimentos funcionais que
podem afetar a saúde humana.
Ver mais em: Liu et al. 2015. Collagen and Gelatin. Annu. Rev. Food Sci. Technol. 6:527–57.
II. Funções:
As proteínas exibem uma enorme variedade de funções biológicas, atuando como enzimas,
receptores celulares, hormônios, anticorpos, entre outras. De acordo com as suas funções,
elas podem ser classificadas em:
• proteínas de transporte;
• proteínas de reseva;
• proteínas contráteis;
• proteínas estruturais;
• proteínas de defesa;
• proteínas regulatórias;
• enzimas.
O local onde o ligante se liga na proteína é chamado de local ou sítio de ligação. O sítio de
ligação de uma proteína é complementar em tamanho, forma, carga e caráter hidrofóbico
ou hidrofílico (polaridade) ao ligante. A interação entre eles é específica, permitindo que a
proteína consiga discriminar entre as milhares de moléculas diferentes em seu ambiente, se
ligando especificamente apenas a uma ou algumas. Essas interações específicas são
essenciais para a manutenção da ordem de um sistema vivo.
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apresenta baixa solubilidade em soluções aquosas e não pode ser transportado para os
tecidos em quantidade suficiente. Além disso, sua difusão através dos tecidos também é
ineficaz em distâncias superiores a alguns milímetros. Assim, em animais, o oxigênio é
transportado pelo sangue ligado a hemoglobina nos eritrócitos (glóbulos vermelhos).
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Figura 9: O mecanismo de contração muscular. O aumento do cálcio intracelular permite que o
cálcio se ligue a troponina expondo na actina os sítios de ligação a miosina. A partir daí, ocorre a
ligação (pontes cruzadas) da miosina e actina e a fibra se contrai. (modificado: khanacademy.org)
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Vacinas: breve histórico
Exercício dirigido:
3. O que é o processo de desnaturação de proteínas? Cite dois fatores que podem ocasionar
a desnaturação de proteínas.
4. Na figura abaixo, explique a reação de perda de elétrons dos dois aminoácidos. Qual o
nome dado ao dímero desses aminoácidos?
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5. Cite e explique três funções das proteínas, dando exemplos diferentes daqueles dados
nessa apostila.
6. Defina ponto isoelétrico e explique a sua importância para a estrutura das proteínas.
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Carboidratos (Hidratos de carbono, glicídeos ou açucares): Estrutura e Funções
I. Introdução:
• Monossacarídeos,
• Oligossacarídeos e Dissacarídeos;
• Polissacarídeos.
• Se o grupamento carbonil estiver por último na cadeia, determinando que este seja
um aldeído, o açúcar é chamado de aldose (Figura 2).
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• Se o grupamento carbonil encontra-se na parte interna da cadeia, de modo que
existam outros carbonos ao seu redor, este forma um grupamento cetona e o
açúcar é chamado de cetose (Figura 2).
Aqui, falaremos um pouco mais sobre a glicose e seus isômeros. A glicose é um importante
monossacarídeo que apresenta seis átomos de carbono (C6H12O6), outros monossacarídeos
importantes neste tópico são a galactose e a frutose. Em comum, esses três
monossacarídeos apresentam a mesma fórmula química (C6H12O6) porém, eles diferem na
organização dos seus átomos, tornando-os isômeros entre si, portanto, a frutose é um
isômero estrutural da glicose e da galactose, o que significa que ela apresenta a mesma
fórmula estrutural das outras duas, mas que seus átomos estão ligados de uma forma
diferente (Figura 3).
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Já a glicose e a galactose são estereoisômeros, pois seus átomos estão ligados na mesma
ordem, porém apresentam um configuração tridimensional diferente em torno do seu
carbono assimétrico. Esta pequena diferença é suficiente para determinar a ação enzimática
capaz de quebrar (separar) essas duas moléculas, quando elas formam o dissacarídeo
lactose.
Figura 3: A glicose, a galactose e a frutose são isômeros. A glicose e a frutose são estereoisômeros,
seus átomos estão ligados na mesma ordem, porém apresentam configuração em torno do seu
carbono assimétrico diferente (modificado: khanacademy.org)
Relembrando...
Os açúcares que vimos até agora são representados como uma cadeia linear, no entanto,
alguns destes podem ser também representados em forma de anel. Isso se deve ao fato de
muitos açúcares de 5 ou 6 carbonos poderem existir tanto numa forma, quanto na outra.
Essas formas existem em equilíbrio umas com as outras, porém em soluções aquosas elas
se apresentam na forma de anéis, mais estáveis do ponto de vista energético. A formação
do anel se dá quando o grupamento carbonil se liga covalentemente com o oxigênio de um
grupamento hidroxila ao longo da cadeia. A formação dessas estruturas em anel é o
resultado de uma reação geral entre alcoóis e aldeídos ou entre alcoóis e acetonas para
formar derivados chamados hemiacetais ou hemicetais, respectivamente (Figura 4).
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Figura 4: Formação de anéis pela glicose, frutose e ribose. Na formação de anéis, os
monossacarídeos com mais de cinco átomos de carbono não apresentam o grupamento carbonil
livre, ele está ligado covalentemente com uma das hidroxilas presentes ao longo da cadeia. O
aldeído em C1 reage com a hidroxila em C5, produzindo um anel com seis átomos (5 carbonos e 1
oxigênio), denominado de piranose, devido a sua analogia ao pirano. Já as aldopentoses (ribose) e
cetohexoses (frutose) formam anéis pentagonais (4 átomos de carbono e 1 átomo de oxigênio),
chamados de furanose, devido a sua analogia com o furano (modificado de: LEHNINGER, T. M.,
NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014).
Os carbonos anoméricos dos monossacarídeos cíclicos podem sofrer oxidação por agentes
oxidantes que contem íons de Cobre (Cu+2), assim os monossacarídeos com átomos de
carbono anoméricos livres são chamados de açúcares redutores; enquanto os envolvidos
por ligações glicosídicas são chamados de não redutores.
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• Maltose: é um dissacarídeo obtido à partir da hidrólise do amido. Consiste de dois
resíduos de glicose em uma ligação glicosídica α (1→4), onde o C1 de uma glicose
se liga ao C4 de outra (Figura 5).
Figura 6: A lactose é um dissacarídeo formado pela união da galactose com a glicose e é encontrada,
naturalmente, no leite. A sacarose é um dissacarídeo formado pela glicose e a frutose, conhecido
popularmente como açúcar de mesa. Ao contrário da maltose e da lactose, a sacarose não contém
carbono anomérico livre, sendo assim um açúcar não redutor (modificado de: LEHNINGER, T.
M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014)
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• Homopolissacarídeo: contém apenas um tipo de monossacarídeo na sua cadeia.
Alguns homopolissacarídeos servem como formas de armazenamento de
monossacarídeos. O amido (vegetal) e o glicogênio (animal) são
homopolissacarídeos desse tipo e são utilizados como fontes de energia. Outros
homopolissacarídeos servem como elementos estruturais na parede celular de
plantas e no exoesqueleto de animais. A celulose e a quitina são exemplos desses
heteropolissacarídeos.
Amido: Grande parte das células vegetais é capaz de sintetizar amido (homopolissacarídeo
de reserva das plantas), porém esse polissacarídeo é especialmente abundante em
tubérculos e sementes. O amido consiste em dois tipos de cadeia de glicose: a amilose e a
amilopectina. A amilose consiste em uma cadeia não ramificada de resíduos de D-glicose
ligadas por ligações α1→4. Essas cadeia variam em peso de alguns milhares a mais de um
milhão. A amilopectina também tem alto peso molecular (até 100 milhões). Ao contrário da
amilose, a amilopectina é altamente ramificada. As ligações glicosídicas que unem as
moléculas de glicose na cadeia da amilopectina são do tipo α1→4 e, nos pontos de
ramificação, são do tipo α1→6 (Figura 7).
α1→4
α1→6
α1→4
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que unem as moléculas de glicose são do tipo α1→4 e, nos pontos de ramificação, são do
tipo α1→6 porém, o glicogênio é mais ramificado e mais compacto que o amido. É
encontrado abundantemente no fígado, onde pode constituir até 7% do peso úmido e, no
músculo esquelético.
Fibras de celulose
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heteropolissacarídeos, que formam uma matriz, responsável pelo suporte, forma e
proteção de células, tecidos e orgãos. Os principais exemplos de hetroplissacarídeos
são os peptideoglicanos e os glicosaminoglicanos.
Algumas algas marinhas apresentam paredes celulares que contém ágar, uma mistura de
heteropolissacarídeos sulfatados feitos de D-galactose e um derivado de L-galactose ligado
a éter entre C-3 e C-6. Os dois principais componentes do ágar são o polímero não
ramificado de agarose (e um componente ramificado, agaropectina. O ágar pode ser
utilizado comercialmente em cápsulas para vitaminas e medicamentos, pois trata-se de um
material inerte que, ao chegar ao estômago, será prontamente dissolvido.
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Glicoconjugados:
São compostos formados à partir da ligação covalente de moléculas de açúcares a proteínas ou aos
lipídeos. Atuam nas funções celulares e como mediadores para interações específicas célula-
célula.de organismos multicelulares. Existem duas classes de glicoconjugados formados pela ligação
de açúcares a proteínas: as glicoproteínas e as proteoglicanas.
Exercício dirigido:
1. Vários açúcares, como a lactose, existem em duas formas anoméricas. Explique porque a
sacarose não apresenta anômeros.
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3. Os carboidratos apresentam importante função de reserva energética. Em situações de
escassez de nutriente ou intenso gasto energético, plantas e animais são capazes de obter
energia a partir desta reserva energética:
b. Por que a glicose só pode ser estocada na célula sob a forma de polímeros?
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Lipídeos: Estrutura e Funções
I. Introdução:
Lipídeos de armazenamento:
Em relação aos ácidos graxos insaturados, eles podem ainda ser classificados em
monoinsaturado (apenas uma dupla ligação) e polinsaturados (duas ou mais duplas
ligações). É importante ressaltar que as duplas ligações dos ácidos graxos polinsaturados
nunca estão conjugadas (uma ao lado da outra), sendo separadas por pelo menos, um
grupo metileno. A localização da dupla ligação define o tipo de ácido graxo polinsaturado.
Quando a dupla ligação se localiza no terceiro carbono, iniciando-se a contagem pelo lado
ômega, ou seja, a partir da extremidade oposta à carboxila, este é denominado um ácido
graxo polinsaturado ômega-3, já quando a dupla ligação se localiza no sexto carbono, este é
denominado um ácido graxo polinsaturado ômega-6.
Já foi observado que os seres humanos não são capazes de biossintetizar os ácidos graxos
polinsaturados ácido linoleico (18:2, 9,12 ω-6) e ácido α-linolênico (18:3, 9,12,15 ω-3), sendo
portanto considerados ácidos graxos essenciais, devendo ser consumidos na dieta. Após a
ingestão de ácido linoleico e ácido α-linolênico, a enzima -6 dessaturase converte ácido
linoleico em ácido araquidônico (AA) e o ácido α-linolênico em ácido docosaexaenoico
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(DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA), responsáveis pela produção dos intermediários
lipídicos da inflamação.
As propriedades físicas dos ácidos graxos e dos compostos os quais eles fazem parte são
determinadas pelo tamanho e o grau de insaturação da cadeia de hidrocarbonetos. Quanto
maior o tamanho da cadeia e menor a quantidade de duplas ligações, menor é a
solubilidade em água. O ponto de fusão dos ácidos graxos também é influenciado pelo
comprimento e o grau de insaturação da cadeia. À temperatura ambiente, os ácidos graxos
saturados (16 a 24 átomos de carbono) apresentam uma consistência cerosa, enquanto os
ácidos graxos insaturados de mesmo tamanho são líquidos a temperatura ambiente. Essa
diferença nos pontos de fusão se deve aos diferentes graus de empacotamento das
moléculas de ácido graxo (Figura 1).
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Tabela 1: Ácidos graxos de ocorrência natural: estrutura, propriedades e nomenclatura
Em animais vertebrados, os ácidos graxos livres (gorduras não esterificadas que apresentam
o grupamento carboxil livre) circulam no sangue ligados de forma não covalente a uma
proteína, a albumina sérica. Contudo, no sangue, os ácidos graxos se apresentam como
derivados dos ácidos carboxílicos, ésteres ou amidas. Na ausência desse grupamento
carboxil carregado, esses ácidos graxos são ainda menos solúveis em água do que os ácidos
graxos livres.
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Triacilgliceróis: Também chamados de triglicerídeos, são compostos de três ácidos graxos,
cada um deles ligados em uma ligação éster com um único glicerol (Figura 2).
Quando os triacilgliceróis são formados pelo mesmo tipo de ácido graxo, são chamados de
triacilgliceróis simples. A maioria dos triacilgliceróis de ocorrência natural são misturados,
contém dois ou mais ácidos graxos diferentes. Os triacilgliceróis são moléculas apolares,
hidrofóbicas e insolúveis em água. Tais características se devem ao fato das hidroxilas
polares do glicerol estarem ligadas ao grupamento carboxil dos ácidos graxos através de
ligações do tipo éster.
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Os triacilgliceróis também são armazenados na forma de óleos nas sementes de vários tipos
de plantas, onde fornecem energia e são precursores biossintéticos no processo de
germinação. Os adipócitos e as sementes em germinação possuem enzimas capazes de
hidrolisar os triacilgliceróis, liberando ácidos graxos que serão transportados para locais
onde serão utilizados como combustível. Do ponto de vista energético, existem duas
vantagens em se estocar triacilgliceróis, quando comparados a polissacarídeos como o
glicogênio e o amido. Primeiro, a oxidação dos ácidos graxos rende mais de duas vezes
energia (1 g = 9 Kcal), quando comparado a oxidação de carboidratos (1 g = 4 Kcal).
Segundo, os triacilgliceróis são hidrofóbicos, portanto não hidratados, sendo assim, o
organismo que estoca gordura não precisa carregar o peso extra da água de hidratação
associada aos polissacarídeos (2 g por grama de polissacarídeo). Em humanos, o tecido
adiposo (composto por adipócitos) é o órgão/tecido armazenador de triacilgliceróis e é
distribuído sob a pele (tecido adiposo subcutâneo), cavidade abdominal (tecido adiposo
visceral) e na mama.
Em alguns animais, o triacilglicerol estocado sob a pele serve também de isolante térmico,
além de servir como estoque de energia. Focas, pinguins e outros animais polares de sangue
quente tem uma reserva importante de tecido adiposo sob a pele. Em animais hibernantes
como o urso, esses depósitos de tecido adiposo servem para os dois propósitos, isolamento
térmico e fonte de energia.
Os triacilgliceróis encontrados nos óleos vegetais, nos laticínios e nas carnes são fontes
alimentares de lipídeos. Esses alimentos contém uma variedade de ácidos graxos que
diferem no tamanho da cadeia e no grau de insaturação (Figura 4). Os óleos vegetais (óleo
de milho e o óleo de oliva, por exemplo) são compostos de ácidos graxos de cadeia
insaturada e são líquidos a temperatura ambiente. Industrialmente, esses óleos podem ser
convertidos a forma sólida, através da hidrogenação catalítica, a qual transforma algumas
das duplas ligações em ligações simples e converte outras a duplas ligações trans. Os
triacilgliceróis que contém apenas ácidos graxos saturados são os principais componentes
da gordura da carne e se apresentam como sólidos brancos à temperatura ambiente.
Quando alimentos ricos em lipídeos ficam por muito tempo expostos ao oxigênio
atmosférico, eles podem estragar e ficar rançosos, apresentando gosto e cheiro
desagradáveis. O ranço é resultado da clivagem oxidativa das duplas ligações dos ácidos
graxos insaturados, produzindo aldeídos e ácidos carboxílicos de menor comprimento e,
portanto, mais voláteis.
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Figura 4: Composição de ácidos graxos no óleo de oliva, na manteiga e na carne
(modificado de LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de
Bioquímica. 6ª Edição, 2014).
• Necessidades de lipídeos:
As células podem obter combustíveis de ácidos graxos de três fontes: os lipídeos consumidos
na dieta, os lipídeos armazenados nas células como gotículas de gordura e pela síntese de
lipídeos em um órgão para exportação para outro. Algumas espécies usam todas as três fontes
sob várias circunstâncias, outros usam um ou dois. Os vertebrados, por exemplo, obtém
gorduras na dieta, mobilizam as gorduras armazenadas no tecido adiposo (em células chamadas
adipócitos) e, no fígado, convertem o excesso carboidratos dietéticos em gorduras para
exportação para outros tecidos. Em média, 40% ou mais da necessidade diária de energia de
humanos, em países altamente industrializados, é fornecido por triacilgliceróis dietéticos
(embora a maioria das diretrizes nutricionais não recomendam mais do que 30% da ingestão
calórica diária proveniente de gorduras). Os triacilgliceróis fornecem mais da metade das
necessidades de energia de alguns órgãos, particularmente o fígado, coração e músculo
esquelético em repouso. As principais fontes de lipídeos da dieta são:
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Absorção de lipídeos da dieta:
Lipídeos estruturais:
As membranas biológicas são formadas por uma bicamada lipídica, que atua como uma
barreira à passagem de moléculas polares e íons. Os lipídeos que compõem essas
membranas tem caráter anfipático, apresentam uma extremidade da molécula hidrofóbica,
e a outra extremidade hidrofílica. Aqui, descreveremos 3 tipos gerais de lipídeos de
membrana: glicerofosfolipídeos, esfingolipídeos e esteróis.
Em relação a sua estrutura, as porções hidrofílicas desses lipídeos anfipáticos podem ser
desde um grupamento OH até outros mais complexos. Em glicerofosfolipídeos, por
exemplo, a cabeça polar (hidrofílica) é unida a porção hidrofóbica por uma ligação
fosfodiéster, formando os fosfolipídeos. Outros esfingolipídeos não apresentam fosfato,
mas tem açúcar simples ou oligossacarídeos em suas extremidades polares, formando
glicolipídeos. No grupo dos lipídeos de membrana existe uma enorme variedade de
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combinações de caudas apolares e cabeças polares. O arranjo desses lipídeos nas
membranas e suas funções estruturais e funcionais será visto na aula de membranas.
Esfingolipídeos: são uma classe de lipídeos de membrana que apresentam uma cabeça polar
e duas caudas apolares. Diferente dos glicerofosfolipídeos, os esfingolipídeos não contem
glicerol. São compostos de uma molécula do aminoálcool de cadeia longa esfingosina ou de
um de seus derivados, uma molécula de ácido graxo de cadeia longa e um grupamento
polar (cabeça) que está ligado por meio de uma ligação glicosídica em alguns casos ou por
uma ligação fosfodiéster, em outros (Figura 6).
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esfingolipídeos. Existem três subclasses de esfingolipídios derivados de ceramida, porém
apresentam diferenças em seus grupos polares (cabeça), são eles: esfingomielinas,
glicolipídeos neutros (sem carga) e gangliosídeos.
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Esteróis: são lipídios estruturais presentes nas membranas da maioria das células
eucarióticas. A característica estrutural deste grupo de lipídios da membrana é o núcleo
esteróide, que consiste em quatro anéis unidos, três com seis carbonos e um com cinco
(Figura 8). O núcleo esteróide é quase plano e relativamente rígido; os anéis não permitem
rotação sobre ligações C-C. O Colesterol é o principal esterol nos tecidos animais, trata-se
de uma molécula anfipática, com um grupo (cabeça) polar (o grupo hidroxila em C-3) e um
corpo de hidrocarboneto não polar (o núcleo esteróide e a cadeia lateral de hidrocarboneto
em C-17), seu tamanho é quase tão longo quanto um ácido graxo de 16-carbonos.Outros
esteróis semelhantes ao colesterol são encontrados em eucariontes, como: estigmasterol em
plantas e ergosterol em fungos, por exemplo. As bactérias não podem sintetizar esteróis, no
entanto, algumas espécies podem incorporar esteróis exógenos em suas membranas. Além
de suas funções como constituintes da membrana, os esteróis servem como precursores
para uma variedade de produtos com atividades biológicas específicas, tais como:
hormônios esteróides e ácidos biliares.
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• Sinais intracelulares derivados de fosfatidilinositol e esfingosina:
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• Síntese de mediadores lipídicos: metabólitos do ácido araquidônico -
eicosanóides.
Os leucotrienos foram descritos pela primeira vez em leucócitos. Sua ação está
associada a migração dessas células para o foco inflamatório e a contração do músculo
liso, principalmente nos pulmões, podendo causar asma.
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• As vitaminas A e D são precursores de hormônios
As vitaminas são compostos essenciais para a saúde de humanos e outros vertebrados. Não
podem ser sintetizadas por esses animais e devem, portanto, ser obtidas na dieta. Os primeiros
estudos nutricionais identificaram duas classes gerais de vitaminas: aquelas solúveis em
solventes orgânicos não polares (lipossolúveis) e aquelas que podem ser extraídas de alimentos
com solventes aquosos (hidrossolúveis). As vitaminas lipossolúveis, foram distribuídas em
quatro grupos: A, D, E e K, todas isoprenóides, ou seja, compostos sintetizados pela
condensação de unidades múltiplas de isopreno. Duas delas, as vitaminas A e D são
precursoras de hormônio. A vitamina D3, também chamada de colecalciferol, é normalmente
formada na pele a partir do 7-desidrocolesterol em uma reação fotoquímica conduzida pelo
componente UV da luz do sol. A vitamina D3 não é biologicamente ativa, mas é convertido
por enzimas no fígado e rim para 1,25-dihidroxicolecalciferol, um hormônio que regula a
absorção de cálcio no intestino e os níveis de cálcio nos rins e nos ossos. A deficiência de
vitamina D leva a defeitos na formação óssea e ao raquitismo. A vitamina D2 (ergocalciferol)
é um produto comercial formado pela irradiação UV do ergosterol do fermento. A vitamina
D2 é estruturalmente semelhante à D3, com uma ligeira modificação na cadeia lateral anexada
ao anel D de esterol. Ambos têm os mesmos efeitos biológicos e D2 é comumente adicionado
ao leite e manteiga como um suplemento alimentar. Assim como os hormônios esteróides, o
produto do metabolismo da vitamina D, 1,25-dihidroxicolecalciferol, regula a expressão do
gênica, ativando, por exemplo, a síntese de uma proteína intestinal de ligação ao Ca+2.
• Hormônios esteroidais
Exercício dirigido:
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ácido linolênico: -11°C.
(a) Qual aspecto estrutural desses ácidos graxos de 18 carbonos pode ser correlacionado
com o ponto de fusão?
2. Quanto ao tamanho da cadeia dos ácidos graxos, pesquise o que são ácidos graxos de
cadeia longa, ácidos graxos de cadeia média e ácidos graxos de cadeia curta e explique as
particularidades de cada um.
4. O que são ácidos graxos essenciais? Exemplifique uma função biologicamente ativa para
esses lipídeos.
5. Explique o papel dos triacilgliceróis, como eles são formados e o principal local de
estocagem deles em vertebrados.
6. Você sabe o que são lipoproteínas? Descreva os tipos e as funções das lipoproteínas no
processo de absorção e transporte de lipídeos.
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