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SP3: “FITNESS”

Objetivo 1: Conceituar aminoácido e proteína, seus tipos e funções.


As proteínas são as moléculas mais abundantes e com mais diversidade de funções nos sistemas
vivos. As funções que desempenham são estruturais e dinâmicas. Praticamente todos os processos
vitais dependem de proteínas. Proteínas fazem parte do citoesqueleto de células. Enzimas e
hormônios polipeptídicos, como a insulina, controlam e regulam o metabolismo corporal, proteínas
contráteis no músculo, como a actina e a miosina, permitem a realização de movimentos. Nos ossos,
o colágeno forma uma estrutura para deposição de cristais de fosfato de cálcio, proteínas como a
hemoglobina e a albumina plasmática transportam moléculas essenciais para a vida, enquanto as
imunoglobulinas combatem vírus e bactérias, além de outras proteínas de defesa, como o interferon.
Até mesmo a atividade dos genes é controlada por proteínas: proteínas reguladoras ligam-se ao DNA
em sítios específicos, localizados próximo aos genes, alterando sua expressão. Portanto, as
proteínas apresentam uma diversidade incrível de funções, e elas têm em comum a característica
estrutural de serem polímeros lineares de aminoácidos.
AMINOÁCIDOS: Mais de 300 tipos de aminoácidos já foram descritos na natureza, porém, somente
20 deles são encontrados como constituintes das proteínas em mamíferos, sendo estes os únicos
aminoácidos codificados pelo DNA. Apesar do número de aminoácidos parecer pequeno, as
possibilidades de existirem proteínas distintas são muito grandes. Considerando-se 20 aminoácidos,
um de cada tipo, poderiam ser obtidas 2,4x10 elevado a 18 moléculas diferentes! Cada aminoácido
(exceto a prolina, que possui um grupo amino secundário, o grupo imino (-NH-)) apresenta um grupo
carboxila, um grupo amino primário e uma cadeia lateral que o distingue dos demais (o grupo “R”)
ligados a um átomo de carbono alfa.

Em pH fisiológico, o grupo carboxila encontra-se dissociado, formando o íon carboxilato, carregado


negativamente (COO-), e o grupo amino encontra-se protonado (NH3+).
Nas proteínas, quase todos esses grupos carboxila e amino estão combinados em ligações
peptídicas e, em geral, não estão disponíveis para reações químicas, exceto pela possibilidade de
formação de ligações de hidrogênio.

As propriedades das cadeias laterais de aminoácidos - principalmente o fato de algumas terem


afinidade com a água e outras não - são importantes para a conformação das proteínas e, portanto,
para sua função. Os aminoácidos são classificados de acordo com a polaridade do grupo R em duas
categorias: aminoácidos apolares (grupo R hidrofóbico) e aminoácidos polares (grupo R hidrofílico).

Os aminoácidos apolares têm grupos R constituídos por cadeias com caráter de hidrocarboneto, que
não interagem com água, sendo incapazes de receber ou doar prótons, participar de ligações iônicas
ou de hidrogênio. Portanto, suas cadeias laterais são “oleosas”. Têm geralmente localização interna
na molécula de proteína que está em ambiente polar. Desse modo, os grupos R apolares preenchem
o interior da proteína à medida que ela se dobra e ajudam a estabelecer uma forma tridimensional. Já
em proteínas localizadas em ambiente hidrofóbico, como no interior de uma membrana, os grupos R
apolares são encontrados na superfície da proteína.

Os aminoácidos polares são os que têm, nas cadeias laterais, grupos com carga elétrica líquida ou
grupos com cargas residuais, que os capacitam a interagir com água. São geralmente encontrados
na superfície da molécula proteica. Estes aminoácidos são subdivididos em três categorias, segundo
a carga que apresentada pelo grupo R em pH 7: aminoácidos básicos, se a carga for positiva, que
são receptores de prótons; aminoácidos ácidos, se a carga for negativa, que são doadores de
prótons; e aminoácidos polares sem carga, se a cadeia lateral não apresentar carga líquida.
O carbono alfa de todos os aminoácidos, com exceção da glicina, é assimétrico, já que está ligado a
quatro grupos diferentes: NH3+, COO, H e R. Na glicina, o carbono não é assimétrico porque o grupo
R é constituído por -H. Os aminoácidos com carbono alfa assimétrico apresentam dois isômeros
opticamente ativos, os isômeros D e L, que são imagens especulares um do outro. Todas as
proteínas são formadas por L-aminoácidos. Os D-aminoácidos aparecem somente em certos
antibióticos e em peptídeos componentes da parede de algumas bactérias. Os aminoácidos com
configuração D, assim como outros aminoácidos exóticos encontrados nas células, são formados por
modificações dos 20 aminoácidos proteicos ou são produtos intermediários das vias de síntese
destes compostos.

Os aminoácidos têm pelo menos dois grupos ionizáveis, que podem existir na forma protonada (-
COOH, -NH3+) ou desprotonada (-COO-, -NH2), dependendo do pH do meio em que se encontram.

Em soluções muito ácidas, os dois grupos apresentam-se protonados (a); em pH muito alcalino,
apresentam-se desprotonados (c) e, em soluções neutras ou na forma cristalina, o aminoácido
apresenta-se como um íon dipolar (b).
Os aminoácidos podem formar polímeros pela ligação do grupo carboxila de um aminoácido com o
grupo amino de outro aminoácido. Esta ligação carbono-nitrogênio, chamada ligação peptídica, é
obtida, teoricamente, pela exclusão de uma molécula de água.
Porém, essa reação jamais ocorre assim no corpo humano. A união de aminoácidos por ligações
peptídicas não é feita pela reação direta entre eles, mas através de um complexo aparato de síntese
proteica, que inclui ribossomos, ácidos ribonucleicos, várias proteínas e enzimas. As propriedades da
ligação peptídica impõe restrições ao dobramento do polímero formado. A ligação peptídica, apesar
de ser representada por um único traço de ligação, tem características intermediárias entre uma
ligação simples e uma dupla ligação, devido às interações entre duas formas de ressonância:

A consequência desse caráter parcial é que não há possibilidade de rotação em torno da ligação
peptídica. Assim, os quatro átomos dos grupamentos que participam da ligação -C,O,N,H- ficam
dispostos em um plano rígido, constituindo um grupo peptídico ou unidade peptídica (retângulo figura
a). Mas existem pontos de dobramento entre as unidades peptídicas rígidas, graças à possibilidade
de rotação em torno das ligações com o carbono alfa (Calfa-C, N-Calfa), que são ligações mais
simples. O polímero formado pode ser visualizado como uma cadeia constituída por unidades
planares, unidas entre si por uma articulação flexível - o carbono alfa. Esta cadeia chama-se cadeia
polipeptídica.

A cadeia polipeptídica pode conter de dois a milhares de aminoácidos Quando o número de


aminoácidos é 2, é chamado de dipeptídeo, quando é 3, tripeptídeo, e assim por diante. Polímeros
contendo até 30 aminoácidos são chamados de oligopeptídeos; quando o número é maior, são
polipeptídeos. Os peptídeos apresentam um grupo amino livre em uma das extremidades - amino
terminal - e um grupo carboxila livre na outra - carboxila terminal. Muitos peptídeos encontrados na
natureza desempenham funções importantes, atuando como hormônios (oxitocina, vasopressina),
antibióticos, agentes redutores, etc. Muitos com aplicação terapêutica são sintetizados em
laboratório.
PROTEÍNAS: são formadas por uma ou mais cadeias polipeptídicas; contém, geralmente, mais de 50
aminoácidos e desempenham uma função específica. Todas as proteínas, com poucas exceções
(colágeno) contém todos os 20 aminoácidos, em proporções que variam de proteína para proteína.
Cada proteína apresenta uma estrutura tridimensional definida e característica. Apesar de existirem
inúmeras conformações possíveis, todas as moléculas de uma dada proteína, ao serem sintetizadas,
assumem a mesma conformação espacial. Esta configuração não é permanentemente fixa, e muitas
vezes, alterações estruturais transitórias estão relacionadas com o controle da função
desempenhada pela proteína. A sequência linear de aminoácidos contém a informação necessária
para formar uma molécula proteica com estrutura tridimensional única. A complexidade da estrutura
proteica pode ser considerada organizando-se em quatro níveis de organização: primário,
secundário, terciário e quaternário.

A estrutura primária consiste na sequência de aminoácidos ao longo da cadeia peptídica, que é


determinada geneticamente, sendo específica para cada proteína. A estrutura primária é escrita na
direção amino terminal para carboxila terminal.
A estrutura secundária descreve as estruturas regulares tridimensionais formadas por segmentos
da cadeia polipeptídica. Duas organizações são estáveis: o enrolamento da cadeia ao redor de um
eixo e a interação lateral de segmentos de uma cadeia polipeptídica ou de cadeias diferentes. Essas
conformações são denominadas alfa-hélice e folha beta pregueada. A alfa-hélice e a folha beta
pregueada estabilizam-se por pontes de hidrogênio entre o nitrogênio e o oxigênio dos grupos -NH e
-C = O, constituintes das unidades peptídicas. A alfa-hélice é mantida por pontes de hidrogênio entre
uma unidade peptídica e a quarta unidade peptídica subsequente; estas pontes de hidrogênio
dispõem-se paralelamente ao eixo da hélice. As cadeias laterais dos aminoácidos estão projetadas
para fora da hélice e não participam das pontes de hidrogênio. Por isso, a estabilidade da alfa-hélice
independe do tipo de cadeia lateral. Certas sequências de aminoácidos não podem organizar-se em
alfa-hélice e isso pode ocorrer quando a cadeia polipeptídica contém vários aminoácidos adjacentes
de mesma carga, que se repelem fortemente.

A folha beta pregueada também é mantida por pontes de hidrogênio entre as unidades peptídicas.
Mas neste caso, as ligações são estabelecidas entre cadeias polipeptídicas diferentes ou entre
segmentos distantes de uma mesma cadeia. Essas cadeias apresentam uma conformação mais
distendida que a alfa-hélice e dispõem-se lado a lado, o que dá um aspecto de folha de papel
pregueada. As pontes de hidrogênio são perpendiculares aos eixos das cadeias, e os grupos R dos
aminoácidos projetam-se para cima e para baixo do plano da folha pregueada.

Os dois tipos de estruturas secundárias regulares ocorrem nas proteínas em proporções muito
diversas. Um exemplo é a mioglobina, que apresenta cerca de 80% da cadeia polipeptídica
organizada em alfa-hélice e o restante por trechos sem estrutura regular, que permitem o
dobramento da cadeia. A maioria das proteínas exibem os dois tipos de estrutura secundária.

Cada proteína tem um conteúdo próprio de alfa-hélice e folha beta, determinado pela sua estrutura
primária. Além destas, há também a estrutura secundária formada por curvaturas beta. As curvaturas
beta revertem a direção de uma cadeia polipeptídica, auxiliando na formação de uma estrutura
compacta e globular. As curvaturas beta geralmente contém quatro aminoácidos, em que um deles
pode ser a prolina - o iminoácido que causa a torção na cadeia polipeptídica. A glicina, o aminoácido
com menor grupo R, também pode ser encontrada nas curvaturas beta. Essas curvaturas são
estabilizadas pela formação de ligações de hidrogênio e ligações iônicas. Aproximadamente metade
de uma proteína globular média está organizada em alfa-hélice e folhas beta. O restante da cadeia é
descrito como tendo uma estrutura em laço ou em espiral. Essas estruturas secundárias não
repetitivas não são aleatórias, mas simplesmente possuem uma estrutura menos regular do que as
anteriores. Há também as estruturas super secundárias.
A estrutura terciária descreve o dobramento final da cadeia polipeptídica por interação de regiões
com estrutura regular (alfa-hélice a folha beta) ou de regiões sem estrutura definida. Neste nível de
organização, segmentos distantes da estrutura primária podem aproximar-se e interagir, por
intermédio de ligações não-covalentes entre as cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos. Essas
ligações podem ser de diferentes tipos:
1- Pontes de hidrogênio: estabelecidas entre grupos R de aminoácidos polares ou sem carga. Essas
pontes de hidrogênio não apresentam padrão regular de disposição, ao contrário do que ocorre com
as pontes de hidrogênio da estrutura secundária.
2- Interações hidrofóbicas: formadas entre as cadeias laterais hidrofóbicas dos aminoácidos
apolares. Não interagem com a água e aproximam-se, reduzindo a área apolar exposta ao solvente.
Elas são consequência da presença da molécula proteica no ambiente aquoso celular. As interações
hidrofóbicas são as mais importantes para a manutenção da conformação espacial das proteínas.
3- Ligações iônicas ou salinas: interações de grupos com cargas opostas, como os presentes nos
aminoácidos básicos e nos ácidos.
Além dessas ligações não-covalentes, a estrutura proteica também pode ser estabilizada por uma
ligação covalente, a ponte dissulfeto.
A estrutura quaternária descreve a associação de duas ou mais cadeias polipeptídicas para compor
uma proteína funcional. Ela é mantida por ligações não-covalentes entre as subunidades, dos
mesmos tipos que mantém a estrutura terciária. As subunidades podem ser iguais ou diferentes.
As proteínas podem ser classificadas de acordo com sua forma em globulares e fibrosas. As
proteínas globulares apresentam uma ou mais cadeias polipeptídicas organizadas em uma forma
final aproximadamente esférica. São geralmente solúveis e desempenham várias funções dinâmicas.
Exemplos de proteínas globulares são a mioglobina (transporte de oxigênio no músculo) e a
hemoglobina (transporte de oxigênio no sangue). As proteínas fibrosas têm forma alongada, são
geralmente insolúveis e desempenham basicamente um papel estrutural. Elas são formadas pela
associação de módulos diferentes, possibilitando a construção de grandes estruturas. O componente
fundamental são cadeias polipeptídicas muito longas com estrutura secundária regular: alfa-hélice
nas alfa-queratinas, folha beta nas beta-queratinas e uma hélice característica no colágeno. Nas alfa-
queratinas, duas ou três cadeias em alfa-hélice associam-se lateralmente, formando longos cabos
helicoidais, que, reunidos, formam fibrilas e fibras. Elas são o componente principal da epiderme dos
vertebrados e estruturas relacionadas, como cabelo, unhas, bicos, etc. É frequente a formação de
pontes de dissulfeto, conferindo grande resistência às fibras. É o padrão de distribuição dessas
pontes que determina o grua de ondulação do cabelo e da lã. Nas beta-queratinas, as fibras são
formadas por empilhamento de folhas beta pregueadas, como na fibroína da seda e na teia de
aranha. No colágeno, as cadeias polipeptídicas apresentam uma conformação helicoidal típica,
derivada de sua composição peculiar - alto conteúdo de glicina, prolina e hidroxiprolina - e da grande
regularidade na estrutura primária. Essas características possibilitam a associação íntima de três
cadeias, que formam uma hélice tripla, o tropocolágeno, o módulo estrutural básico do colágeno. As
moléculas de tropocolágeno associam-se, formando as fibras de colágeno, estabilizadas por ligações
covalentes entre moléculas de tropocolágeno.
As proteínas ainda podem ser simples ou conjugadas. As proteínas simples são formadas apenas
por aminoácidos. As proteínas conjugadas apresentam moléculas orgânicas não-proteicas ligadas à
cadeia polipeptídica. Estes componentes são chamados de grupos prostéticos. O grupo prostético é
de natureza variável, podendo ligar-se à cadeia polipeptídica covalente ou não-covalentemente. Na
mioglobina, a cadeia polipeptídica liga-se não-covalentemente a um grupo prostético chamado
HEME, o mesmo acontecendo com cada uma das quatro cadeias da hemoglobina. O grupo
prostético pode ser um carboidrato ou um lipídio. As glicoproteínas são encontradas em todos os
compartimentos celulares, e constituem, principalmente, as proteínas secretadas pelas células e
aquelas localizadas em sua superfície. Exemplos de glicoproteínas são as mucinas das secreções
mucosas e proteínas do sangue, como as de coagulação sanguínea e as imunoglobulinas. As
glicoproteínas na membrana plasmática são marcadores biológicos, que permitem a comunicação
entre células. As lipoproteínas se distinguem em proteínas que possuem algumas moléculas de
lipídios e as lipoproteínas plasmáticas. As primeiras são proteínas conjugadas no sentido estrito,
como lipoproteínas que contêm moléculas de ácidos graxos unidas por ligações covalentes. Já as
lipoproteínas plasmáticas são formadas pela união de inúmeras moléculas de lipídios e poucas
moléculas de proteína, associadas por ligações não-covalentes.
As proteínas são sintetizadas e assumem configurações estruturais espontaneamente. A proteína
assume conformação denominada nativa. Porém, podem ocorrer alterações físicas e químicas no
ambiente que afetam a estrutura espacial a ponto de ocasionar perda de sua função biológica. A
proteína, neste caso, sofreu desnaturação, ou seja, sua conformação nativa foi destruída devido à
quebra de ligações não-covalentes e o resultado é uma cadeia polipeptídica distendida. A
desnaturação pode ser provocada por diversos fatores, como temperatura, ácidos e álcalis fortes,
com valores de pH muito altos ou muito baixos (pH), solventes orgânicos, detergentes e sabões. A
desnaturação pode ser irreversível: algumas proteínas, quando desnaturadas, tornam-se insolúveis.
É o caso da albumina do ovo quando é aquecida e da caseína, quando o leite é acidificado. Porém,
muitas proteínas, quando retirados os agentes desnaturantes, podem reassumir sua conformação
nativa, processo de renaturação. As células dispõem de um aparato muito eficiente para assessorar
a proteína durante a montagem de sua estrutura nativa. Este aparato é constituído de vários tipos de
proteínas denominadas conjuntamente chaperonas, que se ligam à proteínas nascentes, impedindo
ou revertendo interações inadequadas entre regiões potencialmente complementares. As proteínas
assessoras possibilitam também a estabilização das proteínas em condições desfavoráveis - que
ocasionam desnaturação - como altas temperaturas, hipóxia, exposição a radicais livres, etc. Elas
recuperam a estrutura das proteínas parcialmente desnaturadas por meio de etapas cíclicas,
sustentadas por hidrólise de ATP.
As enzimas são proteínas catalisadoras que aumentam a velocidade das reações, sem sofrerem
alterações no processo global. As enzimas canalizam reagentes (os substratos) para rotas úteis. As
enzimas comandam, assim, todos os eventos metabólicos. Os nomes das enzimas têm o sufixo “-
ase” adicionado ao nome do substrato da reação (ex: glicosidase) ou à descrição da ação realizada
(ex: lactato-desidrogenase).
As moléculas enzimáticas contêm uma região específica, em forma de fenda ou bolso, chamada de
sítio ativo. Este sítio contém cadeias laterais de aminoácidos que participam da ligação com o
substrato e da catálise. O substrato liga-se à enzima, formando um complexo enzima-substrato. As
enzimas são altamente específicas, interagindo com um ou alguns poucos substratos e catalisando
apenas um tipo de reação química. Algumas enzimas precisam de outras moléculas além da proteína
para sua atividade enzimática, as coenzimas. Uma enzima permite que uma reação ocorra
rapidamente nas condições normais da célula, oferecendo uma rota de reação alternativa, com uma
menor energia livre de ativação. A enzima não altera a energia livre dos reagentes ou dos produtos e,
assim, não altera o equilíbrio da reação. Entretanto, ela acelera a velocidade na qual o equilíbrio é
atingido. As diferentes enzimas mostram diferentes respostas às alterações de concentração de
substrato, temperatura e pH. A velocidade de uma reação catalisada por enzima aumenta com a
concentração de substrato, até uma velocidade máxima ser atingida, com a saturação, pelo
substrato, de todos os sítios de ligação disponíveis. A velocidade da reação aumenta com a
temperatura, até um pico de velocidade ser atingido. Uma elevação maior da temperatura resulta em
redução na velocidade da reação, pela desnaturação da enzima. A concentração de H+ afeta a
velocidade da reação de várias maneiras. Valores extremos de pH podem levar à desnaturação da
enzima.

Objetivo 2: Descrever o processo de digestão e absorção das proteínas.


DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS: a maior parte das proteínas ingeridas são polipeptídeos ou maiores.
Nem todas as proteínas são igualmente digeridas pelo ser humano. As proteínas vegetais são as
menos digeríveis. Entre as mais digeríveis, está a proteína do ovo, 85 a 90% encontra-se em forma
que pode ser digerida e absorvida. De 30 a 60% das proteínas encontradas no lúmen intestinal não
são provenientes dos alimentos, mas de células mortas que se desprendem e de proteínas secretas,
como as enzimas e o muco. As enzimas para a digestão das proteínas são classificadas em dois
grupos amplos: endopeptidases e exopeptidases. As endopeptidases, mais comumente chamadas
de proteases, atacam as ligações peptídicas no interior da cadeia de aminoácidos e quebram uma
cadeia peptídica longa em fragmentos menores. As proteases são secretadas como proenzimas
inativas (zimogênios) pelas células epiteliais do estômago, do intestino e do pâncreas. Elas são
ativadas quando alcançam o lúmen do trato GI. Exemplos de proteases incluem a pepsina secretada
no estômago, e a tripsina e a quimotripsina, secretadas pelo pâncreas. A pepsina é mais ativa em um
pH de 2 a 3 e é inativa em um pH acima de 5. Uma das características importantes da digestão da
pepsina é sua capacidade de digerir a proteína colágeno, que é pouco afetada por outras enzimas
digestivas. O colágeno é o principal constituinte do tecido conjuntivo intercelular das carnes; assim,
para que as enzimas digestivas possam penetrar nas carnes e digerirem as outras proteínas, as
fibras de colágenos devem ser digeridas. A pepsina apenas inicia a digestão da proteína, geralmente
apenas 10 a 20% da digestão total das proteínas, para convertê-la em proteoses, peptonas e em
alguns peptídeos. Essa divisão ocorre pela hidrólise nas ligações peptídicas entre os aminoácidos. O
ácido do estômago contribui para a desnaturação das proteínas, tornando-as mais suscetíveis à ação
da pepsina. As exopeptidases liberam aminoácidos livres de dipeptídeos por cortá-los das
extremidades, um por vez. As aminopeptidases agem na extremidade animoterminal da proteína; as
carboxipeptidases agem na extremidade carboxiterminal. As exopeptidases digestivas mais
importantes são duas isoenzimas da carboxipeptidase secretadas pelo pâncreas. As
aminopeptidases desempenham um papel menor na digestão. A maior parte da digestão das
proteínas ocorre no intestino delgado superior, no duodeno e jejuno, sob a influência das enzimas
proteolíticas da secreção pancreática. Após entrar no intestino delgado, os produtos da degradação
parcial dos alimentos proteicos são atacados pelas principais enzimas pancreáticas proteolíticas
tripsina, quimotripsina, carboxipolipeptidase e elastase (digere as fibras elásticas). A liberação e a
ativação dos zimogênios pancreáticos é mediada pela secreção de colecistocinina e de secretina.
Após a ação do suco pancreático, a maioria das proteínas permanece como dipeptídeos e
tripeptídeos. O último estágio digestivo é alcançado pelos enterócitos nas vilosidades do intestino
delgado, principalmente no duodeno e jejuno. Essas células têm uma borda em escova, com
centenas de microvilosidades. Na membrana dessas células, encontram-se múltiplas peptidases, que
se projetam das membranas para o exterior, onde caem no líquido intestinal. As peptidases mais
importantes são a aminopolipeptidase e várias dipeptidases. Elas dividem os polipeptídeos maiores
restantes em dipeptídeos e os tripeptídeos são facilmente transportados através da membrana
microvilosa para o interior do enterócito. Dentro do citosol do enterócito, estão várias outras
peptidases que são específicas para os tipos restantes de ligações entre os aminoácidos.
ABSORÇÃO DAS PROTEÍNAS: os produtos principais da digestão das proteínas são aminoácidos
livres, dipeptídeos e tripeptídeos, todos os quais podem ser absorvidos. Múltiplos sistemas de
transporte de aminoácidos ocorrem no intestino. A maioria dos aminoácidos livres são carregados
por proteínas cotransportadoras dependentes de Na+ similares às encontradas nos túbulos proximais
renais. Poucos transportadores de aminoácidos são dependentes de H+. Os dipeptídeos e os
tripeptídeos são carregados para os enterócitos pelo transportador de oligopeptídeos PepT1, que usa
o cotransporte dependente de H+. Uma vez dentro das células epiteliais, os oligopeptídeos têm dois
possíveis destinos. A maioria é digerida pelas peptidases citoplasmáticas em aminoácidos, os quais
são, então, transportados através da membrana basolateral e para a circulação. Aqueles que não
são digeridos são transportados intactos através da membrana basolateral por um trocador
dependente de H+. O sistema de transporte que move esses oligopeptídeos também é responsável
pela captação intestinal de certos fármacos. Alguns peptídeos que possuem mais de três
aminoácidos são absorvidos por transcitose após se ligarem a receptores de membrana na superfície
luminal do intestino. Eles podem agir como antígenos, contribuindo para produção de anticorpos e
reações alérgicas a alimentos e intolerância alimentar.
A maioria das moléculas de peptídeos ou aminoácidos se liga na membrana das microvilosidades da
célula com uma proteína de transporte específica que requer ligação de sódio antes que o transporte
ocorra. Após a ligação, o íon sódio então desce seu gradiente eletroquímico para o interior da célula
e puxa o aminoácido ou peptídeo junto com ele, num processo de cotransporte. Outros aminoácidos
são transportados por proteínas de transporte de membrana por difusão facilitada.
Os aminoácidos que vão para o sangue são metabolizados pelo fígado ou liberados na circulação
geral. As concentrações de aminoácidos livres nos fluidos extracelulares são mais baixas que
aquelas dentro das células. Esse gradiente é mantido por sistemas de transporte ativo,
impulsionados pela hidrólise de ATP, necessários para o movimento dos aminoácidos do espaço
extracelular para dentro das células. Pelo menos sete diferentes sistemas de transporte são
conhecidos, com especificidades que se sobrepõe em relação aos diferentes aminoácidos.
Objetivo 3: Descrever o processo de síntese das proteínas (relacionar com o não
armazenamento no organismo).
A síntese de proteínas utilizando 20 aminoácidos pode ser comparada à criação de uma linguagem
com um alfabeto de 20 letras. As “palavras” variam em comprimento de três letras para centenas de
letras, definindo a estrutura de milhares de diferentes proteínas com funções distintas. O DNA possui
quatro bases nitrogenadas: adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T). O conjunto de três
bases (trincas ou tripletes) codificam diferentes moléculas, então o DNA pode criar 64 aminoácidos
diferentes. Essas trincas, os códons, são o modo como a informação é codificada no DNA e no RNA.
O RNA possui a base uracila (U) no lugar da timina.
Das 64 possíveis combinações de trincas, um códon de DNA (TAC) age como iniciador ou códon de
início que marca o ínicio de uma sequência codificadora. Três códons servem como terminadores ou
códons de término que indicam onde a tradução termina. Todas as 60 trincas restantes codificam
aminoácidos. A informação que uma célula precisa para criar uma proteína está contida em um
segmento de DNA, conhecido como gene. O gene é uma região do DNA que contém informações
necessárias para fazer uma peça funcional de RNA, que, por sua vez, pode criar uma proteína. Para
a formação de uma proteína, um gene deve ser ativado, de modo que seu código possa ser lido. Os
genes que estão continuamente sendo lidos e convertidos a RNAm são genes constitutivos ativos.
Outros genes são regulados, ou seja, sua transcrição pode ser induzida ou reprimida por proteínas
reguladoras. Depois que o gene é ativado, a sequência de bases do gene é utilizada para criar um
pedaço de RNA no processo de transcrição. As células possuem três tipos principais de RNA:
RNAm, RNAt e RNAr. O RNA mensageiro é processado no núcleo após a sua síntese. Ele pode
sofrer junção alternativa antes de deixar o núcleo, ou pode ser silenciado e destruído por enzimas por
meio de interferência por RNA. O RNAm sai do núcleo e entra no citosol. Lá, ele funciona como RNAt
e RNAr para efetuar a tradução, a junção de aminoácidos formando uma cadeia de proteína.
TRANSCRIÇÃO: os primeiros passos na síntese proteica são compartimentalizados dentro do núcleo
da célula, pois o DNA é uma molécula que não pode atravessar o envelope nuclear. A transcrição
usa DNA como molde para criar uma pequena fita única de RNA que pode, então, sair do núcleo. A
síntese de RNA a partir de uma dupla-fita de DNA-molde requer uma enzima chamada RNA-
polimerase mais íons de magnésio ou manganês e energia na forma de ligações fosfato de alta
energia. Uma região promotora que antecede o gene deve estar ativada para que a transcrição
comece. As proteínas reguladoras, chamadas de fatores de transcrição, ligam-se ao DNA e ativam o
promotor. O promotor ativo informa para a RNA-polimerase onde ela deve se ligar ao DNA. A
polimerase move-se ao longo da molécula de DNA e desenrola a dupla-fita, clivando as ligações de
hidrogênio entre os pares de bases. Uma fita do DNA, chamada de fita-molde, serve como guia para
sintetizar RNA. A região promotora não é transcrita em RNA. Durante a transcrição, cada base no
molde de DNA pareia com a base complementar do RNA. Este pareamento de bases
complementares é similar ao processo pelo qual uma dupla-fita de DNA se forma. À medida que as
bases do RNA se ligam à fita codificadora do DNA, elas também se ligam umas às outras para criar
uma única fita de RNA. Quando a RNA-polimerase encontra o códon de término, ela para de
adicionar bases à fita de RNA crescente e libera a fita.
Na interferência por RNA, o RNAm recém-sintetizado é inativado antes de ser traduzido em proteína.
Na junção alternativa, as enzimas cortam segmentos do meio ou das extremidades da fita do RNAm.
Outras enzimas, então, emendam novamente os segmentos restantes da fita. Essa junção é
necessária porque um gene contém ambos os segmentos que codificam proteínas (éxons) e
segmentos não codificadores (íntrons), Isso significa que o RNAm inicialmente feito a partir do DNA
do gene codificante contém segmentos que devem ser removidos antes de o RNAm sair do núcleo.
O resultado do processamento alternativo é uma fita menor de RNAm que, agora, contém apenas a
sequência codificadora para uma proteína específica. A junção alternativa permite que uma única
sequência de DNA codifique mais de uma proteína. A designação de um segmento como codificador
ou não codificador não é fixa para determinado gene. Os segmentos de RNAm que são removidos
em um momento podem ser deixados em outro, produzindo um RNAm final com uma sequência
diferente Após o RNm ter sido processado, ele sai do núcleo através do poro nuclear e vai para os
ribossomos no citosol. O RNAm guia a produção da proteína.

TRADUÇÃO: chegando no citosol, o RNAm processado liga-se aos ribossomos, que são pequenas
partículas de proteína, e a vários tipos de RNAr. Cada ribossomo possui duas subunidades, uma
maior e outra menor, que se juntam quando a síntese inicia. A subunidade ribossomal pequena liga-
se ao RNAm e, então, adiciona a subunidade grande, de forma que o RNAm fica intercalado no meio.
Agora, o complexo ribossomo-RNAm está pronto para iniciar a tradução. Durante a tradução, os
códons de RNAm são pareados aos aminoácidos apropriados. Esse pareamento é feito com o auxílio
de uma molécula de RNAt. Uma região de cada RNAt contém uma sequência de três bases,
denominada anticódon, que é complementar a um códon do RNAm. Uma região distinta da molécula
de RNAt se liga a um aminoácido específico. Conforme a tradução inicia, os anticódons dos RNAt
carregando aminoácidos se ligam aos códons complementares do RNAm ribossomal. O pareamento
entre RNAm e RNAt coloca os aminoácidos recém-chegados em uma orientação correta para se
ligarem à cadeia de peptídeo em crescimento. A síntese por desidratação liga os aminoácidos,
criando uma ligação peptídica entre o grupamento amino do aminoácido adicionado ao final carboxila
da cadeia. Quando isso acontece, o RNAm libera o RNAt vazio. Esse RNAt pode, então, ser ligado à
outra molécula de aminoácido com a ajuda de uma enzima citosólica e ATP. Quando o último
aminoácido for adicionado à cadeia peptídica recém-sintetizada, o estágio de terminação foi
alcançado. O RNAm, o peptídeo e as subunidades ribossomais separam-se. Os ribossomos estão
prontos para uma nova rodada de síntese proteica, mas o RNAm é degradado por enzimas
conhecidas como ribonucleases. Algumas formas de RNAm são degradadas bem rapidamente, ao
passo que outras podem permanecer por algum tempo no citosol e ser traduzidas várias vezes.

Os aminoácidos não são armazenados pelo organismo, isto é, não há proteínas cuja única função
seja manter um suprimento de aminoácidos para utilização posterior. Assim, os aminoácidos devem
ser obtidos da dieta, sinterizados pela síntese de novo ou produzidos pela degradação proteica
normal. Os aminoácidos excedentes não podem ser armazenados, eles são oxidados e seu
nitrogênio, excretado. A manutenção da concentração de uma proteína é obtida pela síntese desta
proteína em quantidade equivalente à de sua degradação. Quando há muito excesso de proteínas,
ele é utilizado para gerar energia ou armazenado na forma de gordura.
Cada tipo de célula tem um limite superior com relação à quantidade de proteínas que pode
armazenar. Depois que todas as células atingem seus limites, os aminoácidos em excesso ainda na
circulação são degradados em outros produtos e usados para energia, ou são convertidos em
gordura ou glicogênio e armazenados nessas formas. Como as proteínas são compostos
extremamente essenciais para as atividades do metabolismo, o nível de aminoácidos plasmáticos
deve ser constante, para que o corpo possa utilizá-los para formar proteínas para as diversas
atividades do organismo. Assim, sempre que as concentrações plasmáticas de aminoácidos no
plasma caem abaixo de níveis normais, os aminoácidos necessários são transportados para fora da
célula para repor seu suprimento no plasma. Se um tecido requer proteínas, ele pode sintetizar novas
proteínas a partir de aminoácidos do sangue; por sua vez, os aminoácidos do sangue são
reabastecidos pela degradação de proteínas de outras células do corpo.
Objetivo 4: Caracterizar a obtenção de energia através das proteínas (aminoácidos
glicogênicos e cetogênicos).
Certos aminoácidos desaminados são semelhantes aos substratos utilizados pelas células,
principalmente as células do fígado, para sintetizar glicose ou ácidos graxos. Por exemplo, a alanina
desaminada é o ácido pirúvico, que pode ser convertido em glicose ou glicogênio. Alternativamente,
pode ser convertido em acetil-CoA, que pode ser polimerizado em ácidos graxos. Além disso, duas
moléculas de acetil-CoA podem condensar-se para formar ácido acetoacético, que é um dos corpos
cetônicos. A conversão de aminoácidos em glicose ou glicogênio é chamada de gliconeogênese, e a
conversão de aminoácidos em cetoácidos ou ácidos graxos é chamada de cetogênese. Dos 20
aminoácidos desaminados, 18 apresentam estruturas químicas que permitem sua conversão em
glicose, e 19 deles podem ser convertidos em ácidos graxos.
O catabolismo dos aminoácidos envolve a remoção dos grupos alfa-amino e a posterior quebra dos
esqueletos carbonados resultantes. Essas vias convergem para formar sete produtos intermediários:
oxalacetato, alfa-cetoglutarato, piruvato, fumarato, succinil-CoA, acetil-CoA e acetoacetato. Esses
produtos entram diretamente nas vias do metabolismo intermediário, resultando na síntese de glicose
ou de lipídios, ou ainda na produção de energia por sua oxidação a CO2 no ciclo do ácido cítrico. Os
aminoácidos podem ser classificados em glicogênicos, cetogênicos ou glicocetogênicos, conforme os
ste possíveis produtos intermediários produzidos durante seu catabolismo.
AMINOÁCIDOS GLICOGÊNICOS: são os aminoácidos cujo catabolismo produz piruvato ou algum
intermediário do ciclo do ácido cítrico. Esses intermediários são substratos para a gliconeogênese.
AMINOÁCIDOS CETOGÊNICOS: cujo catabolismo produz acetoacetato ou um de seus precursores
(acetil-CoA ou acetoacetil-CoA). Leucina e lisina são os únicos aminoácidos exclusivamente
cetogênicos. Seus esqueletos carbonados não servem de substrato para a gliconeogênese e,
portanto, não podem originar a produção efetiva de glicose.

Aminoácidos que são convertidos em piruvato:


1- ALANINA: forma diretamente piruvato por transaminação com alfa-cetoglutarato.
2- CISTEÍNA: há duas vias que convertem pa piruvato, gerando enxofre, que é excretado
principalmente sob a forma de sulfato (SO4²-). O sulfato resulta da oxidação do sulfito, a etapa final
da degradação dos aminoácidos que contêm enxofre, cisteína e metionina.
3- GLICINA: além de formar serina, pode ser oxidada a CO2, NH4+ e um radical monocarbônico
(C1), que é transferido ao tetraidrofolato (FH4), uma coenzima transportadora de unidades
monocarbônicas. A glicina pode, ainda, ser desaminada oxidativamente a glioxilato.
4- SERINA: origina piruvato por desaminação, precedida por desidratação, ou se converte em glicina,
graças à transferência do radical metileno (C1) ao FH4. Nas duas reações, há participação de
piridoxal-fosfato.
5-TREONINA: o carbono alfa é oxidado e a cadeia carbônica é cindida, produzindo glicina e
acetaldeído, que gera acetil-CoA. A outra via de degradação inicia-se com a remoção do grupo
amino, que também utiliza piridoxal-fosfato e origina succinil-CoA.
6- TRIPTOFANO: três carbonos são transformados em alanina, um carbono em formato e quatro em
acetoacetil-CoA.
Aminoácidos que são convertidos em oxalacetato:

1- ASPARAGINA: por hidrólise, forma asparato e NH4+.


2- ASPARTATO: convertido em oxalacetato por ação da aspartato transaminase.
Aminoácidos que são convertido a fumarato:

1- ASPARTATO: é um dos intermediários do ciclo da ureia, onde é convertido a fumarato.


2- FENILALANINA: produz tirosina por uma oxidação irreversível, onde são incorporados átomos de
oxigênio no substrato, promovendo a cisão de anéis aromáticos.
3- TIROSINA: os nove carbonos da tirosina aparecem como fumarato, acetoacetato e CO2.
Aminoácidos que são convertidos a succinil-CoA: os aminoácidos que produzem succinil-CoA
são inicialmente transformados em propionil-CoA. Fazem parte desse grupo os aminoácidos
ramificados.
1- ISOLEUCINA E VALINA: as acil-CoA derivadas da valina e da isoleucina são oxidadas por
reações semelhantes a da beta-oxidação, que convertem valina a propionil-CoA e isoleucina a
propionil-CoA e acetil-CoA.
2- METIONINA: forma alfa-cetobutirato, que é convertido em propionil-CoA.
3- TREONINA: por desanimação, produz alfa-cetobutirato como a metionina.
Aminoácidos que são convertidos a alfa-cetoglutarato: originam alfa-cetoglutarato por prévia
conversão a glutarato.

1- GLUTAMATO: converte-se em alfa-cetoglutarato por transaminação ou desaminação oxidativa.


2- GLUTAMINA: o grupo amino é liberado, formando glutarato.
3- PROLINA: todos os átomos de carbono aparecem como glutarato.
4- ARGININA: é hidrolisada no ciclo da ureia, um dos carbonos aparece na ureia e outros passam a
constituir ornitina, que origina glutarato.
5- HISTIDINA: cinco carbonos produzem glutarato e um é transferido ao tetraidrofolato.
Aminoácidos que são convertidos a acetil-CoA: a formação de acetil-CoA pode ser direta ou
indireta. Alguns também podem produzir compostos precursores da glicose, sendo glicocetogênicos.
1- TRIPTOFANO: produz acetoacetil-CoA.
2- LISINA: forma acetoacetil-CoA como o triptofano.
3- LEUCINA: os produtos finais são exclusivamente acetoacetato e acetil-CoA. A leucina é o único
aminoácido exclusivamente cetogênico. A acil-CoA é transformada em composto que participa da
síntese de corpos cetônicos e colesterol.
Aminoácidos glicogênicos e cetogênicos, quando usados como suprimento de energia, entram em
algum ponto do ciclo do ácido cítrico e são eventualmente oxidados a CO2 e H2O. O oxaloacetato
(um composto C4 ) produzido dessa maneira entra no ciclo do ácido cítrico e junta-se ao
oxaloacetato produzido a partir de PEP do próprio ciclo.

Portanto, após a degradação dos aminoácidos pelo processo de desaminação, a cadeia carbônica
dos aminoácidos é degradada a piruvato, acetil-CoA e intermediários do ciclo de Krebs. O grupo
amino é removido do aminoácido, restando a cadeia carbônica, na forma de alfa-cetoácido, e são
oxidadas, gerando diferentes compostos utilizados para gerar energia, que de acordo com o tipo,
classificam os aminoácidos em glicogênicos e cetogênicos.

Objetivo 5: Descrever os processos de degradação e excreção das proteínas (ciclo da ureia,


desaminação e transaminação).
** A síntese dos aminoácidos não essenciais ocorre a partir de intermediários do metabolismo, ou a
partir de aminoácidos essenciais. A síntese pode ocorrer a partir de alfa-cetoácidos:
Alanina, aspartato e glutamato são sintetizados por transferência de um grupo amino para os alfa-
cetoácidos piruvato, oxalacetato e alfa-cetoglutarato, respectivamente. Essas reações de
transaminação são as vias biossintéticas mais diretas. As reações são reversíveis. A transaminação
é promovida por várias enzimas, entre as quais estão as aminotransferases, derivadas da vitamina
B6.
Quando as células armazenam proteínas até seu limite, quaisquer aminoácidos adicionados nos
fluidos corporais são degradados e usados como energia ou são armazenados como gordura ou
glicogênio. Essa degradação ocorre quase inteiramente no fígado e começa com a desaminação.
A desaminação ocorre principalmente por transaminação, que significa transferência do grupo amino
para alguma substância aceptora. Esse processo é inverso do processo de síntese de aminoácidos.

O grupo amino do aminoácido é transferido para o ácido alfa-cetoglutárico, que então se torna ácido
glutâmico. O ácido glutâmico pode então transferir o grupo amino para outras substâncias ou liberá-la
na forma de amônia (NH3). No processo de perda do grupo amino, o ácido glutâmico torna-se
novamente ácido alfa-cetoglutárico, de modo que o ciclo pode ser repetido várias vezes. Para iniciar
esse processo, o excesso de aminoácidos nas células, especialmente do fígado, induz a ativação de
grandes quantidades de aminotransferases, as enzimas responsáveis por iniciar a maior parte da
desaminação. A amônia liberada durante a desaminação é removida do sangue quase inteiramente
por conversão em ureia. Duas moléculas de amônia (NH3) e uma molécula de dióxido de carbono
(CO2) se combinam. Toda a ureia formada no corpo humano é sintetizada no fígado. Em pessoas
com doença hepática grave, a amônia é acumulada no sangue. Esse acúmulo é extremamente
tóxico, especialmente para o cérebro. A formação de ureia ocorre da seguinte forma:
Após sua formação, a ureia difunde-se nas células do fígado para os fluidos corporais e é excretada
pelos rins. Uma vez que os aminoácidos tenham sido desaminados, os cetoácidos resultantes podem
ser oxidados para liberar energia para fins metabólicos. Nesse processo, o cetoácido é transformado
em uma substância química apropriada que pode entrar no ciclo do ácido cítrico. Essa substância é
degradada pelo ciclo e usada para gerar energia da mesma maneira que a acetil-CoA derivada do
metabolismo dos carboidratos e lipídios. A quantidade de ATP formada para cada grama de proteína
que é oxidada é ligeiramente menor do que a formada para cada grama de glicose que é oxidada.
A degradação de proteínas endógenas e da dieta origina um conjunto de aminoácidos, precursores
das proteínas endógenas e de todos os outros compostos nitrogenados. Os aminoácidos excedentes
são degradados, restando as respectivas cadeias carbônicas e o grupo amino, que é convertido em
ureia.

DEGRADAÇÃO INTRACELULAR DE PROTEÍNAS: há dois processos principais para a degradação


proteica em células eucarióticas. O primeiro, mais restrito, é efetuado por proteases dos lisossomos,
as catepsinas, e é utilizado para a degradação de proteínas de membranas, proteínas extracelulares
e proteínas de meia-vida longa. O segundo processo, mais geral, ocorre no citosol e cumpre-se com
a mediação de uma proteína chamada ubiquitina. Esta proteína está presente em todas as células
eucarióticas e é altamente conservada. Para iniciar a degradação de uma proteína, o primeiro passo
é a sua ligação à ubiquitina, em uma sequência de reações que ocorrem com gasto de ATP. Quando
ocorre a ligação, diz-se que a proteína está ubiquitinada e destinada a degradação.
DEGRADAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS: a oxidação dos aminoácidos não é efetuada por uma via
única. Os aminoácidos são formados por cadeias laterais com estruturas variadas, por isso sua
oxidação ocorre por vias também variadas. Mas há um padrão na oxidação de todos os aminoácidos:
no início, há remoção do grupo amino e, a seguir, oxidação da cadeia carbônica remanescente.
DESAMINAÇÃO: O grupo amino da maioria dos aminoácidos é retirado por um processo comum,
que consiste na transferência deste grupo para o alfa-cetoglutarato, formando glutamato; a cadeia
carbônica do aminoácido é convertida ao alfa-cetoácido correspondente:

Este tipo de reação é catalisada por aminotransferases, chamadas de transaminases, enzima


presentes no citosol e na mitocôndria e que têm como coenzima piridoxal-fosfato. Esta coenzima
participa de diversas outras reações do metabolismo de aminoácidos.
As aminotransferases da maioria dos tecidos utilizam o alfa-cetoglutarato como aceptor do grupo
amino, formando glutamato; podem reagir, mas com afinidade menor, com oxaloacetato, que é
convertido a aspartato. O nome das aminotransferases deriva do aminoácido pelo qual a enzima tem
maior afinidade. O glutamato, é, portanto, um produto comum às reações de transaminação,
constituindo um reservatório temporário de grupos amino.
O glutamato formado segue dois caminhos importantes: uma nova transaminação ou uma nova
desaminação. A remoção do grupo amino do próprio glutamato é possível porque as reações
catalisadas pelas aminotransferases são facilmente reversíveis. Por ação da aspartato
aminotransferase, o grupo amino do glutamato é transferido para o oxaloacetato, formando aspartato,
o segundo depositário do grupo amino dos aminoácidos.

A desaminação do glutamato libera seu grupo amino como NH3 (amônia), que se converte em NH4+
(íon amônio) no pH fisiológico. Esta reação e catalisada pela glutamato desidrogenase, uma enzima
mitocondrial, encontrada principalmente no fígado, que é um exemplo raro de enzima que utiliza
NAD+ ou NADP+ como coenzima:
A ação combinada das aminotransferases e da glutamato desidrogenase resulta na convergência do
grupo amino da maioria dos aminoácidos para dois compostos únicos: NH4+ e aspartato.

Há nove aminoácidos que não participam de reações de transaminação. As vias de degradação


destes aminoácidos, ao contrário dos outros onze, não se iniciam, portanto, com transaminação com
alfa-cetoglutarato, e seu grupo amino é removido por reações particulares a cada um deles.
Entretanto, um aspecto comum do metabolismo destes aminoácidos é a forma de remoção do grupo
amino: ao longo das vias de degradação, o grupo amino ou é liberado como NH4+, por reações de
desaminação, ou forma glutamato por transaminação de um intermediário aminado com alfa-
cetoglutarato. Desta forma, os átomos de nitrogênio deste conjunto de aminoácidos convergem para
os mesmos produtos originados pelo grupo amino de outros aminoácidos: NH4+ e glutamato, que
pode originar aspartato.
CICLO DA UREIA: os dois átomos de nitrogênio presentes na ureia são provenientes de NH4+ e
aspartato, e o átomo de carbono, de CO2 (HCO3-). A ureia é formada no fígado, sendo transportada
para o rim e excretada na urina. A síntese inicia-se na matriz mitocondrial, com a formação de
carbamoil-fosfato a partir de bicarbonato e amônia, que consome duas moléculas de ATP. As
reações subsequentes compõem o ciclo da ureia ou ciclo de Krebs-Henseleit. O carbamoil-fosfato,
ainda na mitocôndria, condensa-se com ornitina, originando citrulina; a citrulina é transportada para o
citosol, onde reage com aspartato, formando arginino-succinato; este se decompõe em arginina e
fumarato; a arginina é hidrolisada, produzindo ureia e regenerando ornitina, que retorna à
mitocôndria. A analogia do ciclo da ureia com o ciclo de Krebs é evidente: a ornitina tem papel
semelhante ao do oxaloacetato e o carbamoil-fosfato equivale à acetil-CoA. A soma da reação de
produção de carbamoil-fosfato com as reações do ciclo da ureia mostra a equação geral da síntese
de ureia a partir de NH4+, aspartato e HCO3–:
Ciclo da ureia. As enzimas envolvidas são: (1) carbamoil-fosfato sintetase I, (2) ornitina
transcarbamoilase, (3) argininossuccinato sintetase, (4) argininossuccinato liase e (5)
arginase. As duas primeiras enzimas são mitocondriais, e as restantes, citoplasmáticas. A
migração de ornitina e citrulina entre estes compartimentos é mediada por translocases
específicas (indicadas nas setas tracejadas). A enzima 1, a rigor, não faz parte do ciclo da
ureia.
A síntese de uma molécula de ureia consome, portanto, quatro ligações fosfato ricas em energia,
uma vez que o pirofosfato é prontamente hidrolisado. Todavia, o aspartato consumido no ciclo da
ureia pode ser regenerado pelo fumarato formado nesta via. O fumarato pode ser convertido a
oxaloacetato, por reações idênticas às do ciclo de Krebs, catalisadas, entretanto, por isoenzimas
citosólicas. O oxaloacetato, por transaminação, forma aspartato. Este acoplamento inclui a produção
de 1 NADH, na reação da malato desidrogenase, a partir do qual são sintetizados 3 ATP na
fosforilação oxidativa. Assim, no cômputo geral há gasto de apenas uma ligação rica em energia para
a síntese de ureia.

A quantidade de ureia excretada por um ser humano adulto com dieta equilibrada é cerca de 30g por
dia. Este valor aumenta proporcionalmente ao aumento da quantidade de proteína ingerida, já que
não há reserva de aminoácidos e todo nitrogênio excedente será transformado em ureia. Nos seres
humanos, 90% do nitrogênio excedente está sob a forma de ureia. O restante aparece sob a forma
de creatinina (resultante da degradação de creatina), urato (proveniente da degradação de purinas) e
íon amônio.

Apesar de NH4+ representar uma pequena porcentagem do nitrogênio urinário, sua excreção
equivale à eliminação de H+, contribuindo de maneira decisiva para a manutenção do pH plasmático.
A produção de amônia e sua excreção como NH4+ na urina possibilita a eliminação de ácidos fortes,
como o ácido sulfúrico gerado no catabolismo de cisteína e metionina ou de cetoácidos, cuja
concentração aumenta muito na acidose metabólica. Assim, o conteúdo de NH4+ da urina aumenta
na acidose e diminui na alcalose.
A conversão da maior parte do NH4+ em ureia é fundamental para manter baixas as concentrações
deste íon no sangue e nos tecidos. Quando há restrição na formação de ureia por insuficiência
hepática grave, causada por hepatite ou cirrose, por exemplo, a concentração plasmática de NH4+
se eleva ocasionando encefalopatia que pode resultar em coma, e morte. Postula-se que altos níveis
de NH4+ poderiam levar a grande consumo de alfa-cetoglutarato para a síntese de glutamato, na
reação catalisada pela glutamato desidrogenase; haveria uma depleção de intermediários do ciclo de
Krebs com redução da velocidade de oxidação da glicose, a principal fonte de ATP para o cérebro.
Devido a sua alta toxidez e por ser convertido em ureia no fígado, o NH4+ produzido nos tecidos
deve ser incorporado em compostos não-tóxicos e que atravessam membranas com facilidade,
sendo assim levado àquele órgão - estes compostos são os próprios aminoácidos. De fato, as
principais formas de transporte são glutamina e alanina. A glutamina é sintetizada a partir de NH4+,
glutamato e ATP, numa reação catalisada pela glutamina sintetase:
Uma vez no fígado, o grupo amida da glutamina é hidrolisado pela glutaminase, liberando NH4+, que
pode ser consumido pelo ciclo da ureia:

O rim também expressa glutaminase - a presença desta enzima permite a produção de amônia
urinária, desempenhando um papel fundamental no equilíbrio ácido-base.

Objetivo 6: Relacionar o excesso da ingestão de proteínas com a produção de gordura.

Quando a quantidade aminoácidos que chega ao fígado supera a quantidade que pode ser usada
para a síntese de proteínas ou de outras moléculas derivadas dos aminoácidos, estes aminoácidos
excedentes não são armazenados, mas sim liberados na corrente circulatória para uso por todos os
tecidos na síntese proteica, ou são desaminados, e os esqueletos de carbono resultantes são
degradados no fígado produzindo piruvato, acetil-CoA ou intermediários do ciclo do ácido cítrico.
Esses metabólitos podem ser utilizados para obtenção de energia ou utilizados para a síntese de
ácidos graxos. Portanto, se são ingeridas mais proteínas do que o necessário para a síntese e o
gasto de energia, o excesso de aminoácidos é convertido em gordura. Alguns fisiculturistas abusam
de suplementos à base de aminoácidos acreditando que isso promoverá maior crescimento da
massa muscular. No entanto, esses aminoácidos não vão automaticamente para a síntese de
proteínas. Assim, quando a ingestão de aminoácidos excede a necessidade do corpo, o excesso é
armazenado em forma de gordura.
Objetivo 7: Caracterizar o destino dos aminoácidos na formação de compostos não proteicos
(grupo HEME e bases nitrogenadas).
Os aminoácidos são precursores de muitos compostos nitrogenados que apresentam importantes
funções fisiológicas. Essas moléculas incluem porfirinas, neurotransmissores, hormônios, purinas e
pirimidinas. As porfirinas são compostos cíclicos que se ligam facilmente a íons metálicos -
geralmente Fe2+ ou Fe3+. A metaloporfina mais abundante em seres humanos é o heme, que
consiste em um átomo de ferro na forma de íon ferroso (Fe2+) coordenado no centro de um anel
tetrapirrólico de protoporfirina IX. O heme é o grupo prostético da hemoglobina, da mioglobina, dos
citocromos, da catalase, do óxido nítrico-sintase e da peroxidase. Essas hemeproteínas são
rapidamente sintetizadas e degradadas. As porfirinas são moléculas cíclicas, formadas pela união de
quatro anéis pirrólicos por meio de pontes metelina. Diferentes porfirinas variam de acordo com a
natureza das cadeias laterais ligadas a um dos quatro anéis pirrólicos. As cadeias laterais das
porfirinas podem ser ordenadas ao redor do núcleo tetrapirrólico de quatro maneiras diferentes,
designadas pelos números romanos I a IV. Apenas as porfirinas do tipo III são importantes
fisiologicamente em humanos.
HEME: os principais sítios para a síntese do heme são o fígado, que sintetiza diversas
hemeproteínas, e as células produtoras de eritrócitos da medula óssea, ativas na síntese da
hemoglobina. No fígado, a velocidade de síntese do heme é altamente variável, respondendo a
alterações nas quantidades de heme nas células, causadas por flutuações na demanda de
hemeproteínas. Em contraste, a síntese do heme nas células eritroides é relativamente constante e
se equipara à taxa de síntese da globina. A reação inicial e os últimos três passos na formação das
porfirinas ocorrem na mitocôndria, já os passos intermediários da via biossintética ocorrem no citosol.
Todos os átomos de carbono e nitrogênio da molécula de porfirina são fornecidos por dois blocos
construtivos simples: a glicina (aminoácido essencial) e a succinil-CoA. A glicina e a succinil-CoA
condensam para formar o ALA (ácido delta-aminolevulínico) em uma reação sintetizada pela enzima
ALA-sintase. A condensação de duas moléculas de ALA para forma porfobilinogênio, catalisada pela
enzima ALA-desidratase, uma enzima que contém zinco. A condensação de quatro moléculas de
porfobilinogênio produz um tetrapirrol linear, o hidroximetilbilano, que isomeriza e e cicliza sob a ação
da uroporfirinogênio III-sintase, para formar o uroporfirinogênio III. Esse tetrapirrol sofre
descarboxilação de seus grupos acetato, gerando coproporfirinogênio III. Essas reações acontecem
no citosol. O coproporfirinogênio III entra na mitocôndria e duas cadeias laterais de propionato são
descarboxiladas em grupos vinila, produzindo protoporfirinogênio IX, que é oxidado até a forma de
protoporfirina IX. A introdução do ferro ocorre espontaneamente. O grupo heme faz parte da
constituição da hemoglobina. A hemoglobina é formada por quatro cadeias polipeptídicas - duas
cadeias alfa e duas cadeias beta - unidas por meio de interações não covalentes. Cada subunidade
contém segmentos de estrutura em hélice alfa, além de uma fenda, ou bolso, onde se liga o grupo
heme.
CATECOLAMINAS: dopamina, noradrenalina e adrenalina são aminas biologicamente ativas,
denominadas coletivamente catecolaminas. A dopamina e a noradrenalina funcionam como
neurotransmissores no encéfalo. A noradrenalina e a adrenalina também são sintetizadas pela
medula adrenal. As catecolaminas são sintetizadas a partir da tirosina.
HISTAMINA: é um mensageiro químico que medeia um amplo espectro de respostas celulares,
incluindo as reações alérgicas e inflamatórias, a secreção gástrica do ácido e a neurotransmissão em
algumas regiões do encéfalo. A histamina, um poderoso vasodilatador, é formada pela
descarboxilação da histidina.
SEROTONINA: é sintetizada a partir do triptofano e possui múltiplos papéis fisiológicos, como na
percepção da dor, regulação do sono, do apetite, da temperatura e da pressão sanguínea, além de
funções cognitivas e de humor.
CREATINA: a creatina é sintetizada a partir da glicina e do grupo guanidino da arginina, mais um
grupo metila da SAM. A cretina é fosforilada reversivelmente pela creatina-cinase, utilizando ATP
como doador de fosfato e produzindo fosfocreatina. A creatina e a fosfocreatina ciclizam
espontaneamente, produzindo a creatinina, excretada na urina.
MELANINA: é sintetizada na epiderme a partir da tirosina, por células formadoras de pigmento
denominadas melanócitos.
Os aminoácidos também são utilizados para a síntese das purinas e das pirimidinas, duas famílias de
bases nitrogenadas presentes nos nucleotídeos. As bases púricas e pirimídicas podem podem ser
sintetizadas de novo ou podem ser obtidas por vias de salvação, que permitem a reutilização das
bases pré-formadas resultantes do metabolismo normal da célula.
NUCLEOTÍDEOS PÚRICOS: os átomos do anel de purina originam-se de vários compostos, que
incluem aminoácidos (ácido aspártico, glicina e glutamina), CO2 e N10-formiltetra-hidrofolato. O anel
de purina é formado no fígado, por uma série d e reações onde os carbonos e nitrogênios doados
são adicionados a uma ribose-5-fosfato pré-formada na via das pentoses fosfato. A degradação dos
ácidos nucleicos da dieta ocorre no intestino delgado, onde um conjunto de enzimas pancreáticas
hidrolisa os ácidos nucleicos a nucleotídeos. Os nucleotídeos púricos são degradados por enzimas a
nucleosídeos e bases livres, com o ácido úrico sendo o produto final da via. A maior parte do ácido
úrico entra no sangue e é excretado pela urina. Altos níveis de ácido úrico (hiperuricemia) causam
uma doença conhecida como gota, onde cristais se acumulam nas articulações, causando uma
resposta inflamatória.
NUCLEOTÍDEOS PIRIMÍDICOS: as fontes de átomos do anel pirimídico são glutamina, CO2 e ácido
aspártico. O anel é formada e depois é ligado à ribose-5-fosfato. A degradação dos anéis pirimídicos
forma a beta-alanina e o beta-aminoisobutirato, com a produção de NH3 e CO2.
Objetivo 8: Discutir o uso de anabolizantes e suplementos dietéticos, destacando suas
consequências e indicações.
O abuso de suplementos nutricionais e de EAA já é considerado um fenômeno de escala mundial,
apesar da limitação dos estudos epidemiológicos. O seu consumo inicia-se geralmente em idades
jovens (durante ou logo a seguir à adolescência), predominantemente em indivíduos do sexo
masculino. A testosterona é um esteroide androgênico e anabólico sendo o principal hormônio
sexual masculino. Enquanto o termo androgênico se refere ao desenvolvimento e manutenção das
características sexuais masculinas («andro», homem e «gennan», produzir), o termo anabólico deve-
se à estimulação do crescimento e maturação dos tecidos não-reprodutores, isto é, ao crescimento
muscular. Uma vez que a testosterona é rapidamente metabolizada na primeira passagem pelo
fígado, quando administrada por via oral, a sua eficácia é limitada e, por isso, foram desenvolvidos
vários componentes através da modificação da sua estrutura molecular. Assim sendo, os EAA são
análogos sintéticos da testosterona e derivados, manipulados laboratorialmente para maximizar os
efeitos anabólicos e minimizar os efeitos laterais androgênicos. Portanto, a substância dopante
«ideal» será a que tiver efeito anabólico potente e efeito androgênico mínimo. Estas alterações
laboratoriais têm como objetivo modificar a relação anabolizante-androgênico, atrasar a taxa de
ativação, alterar o modo de metabolismo ou diminuir a aromatização ̧ ão para estradiol. As principais
modificações da molécula de testosterona são a alquilação na posição 17 (compostos oralmente
ativos) e a esterificação ̧ ão na posição 17 (compostos parenterais ativos). Os primeiros são
resistentes ao metabolismo hepático, enquanto o segundo grupo, cuja forma de administração é
injetável, é lipofílico e, por conseguinte, lentifica a sua libertação para a circulação sanguínea.
Principais EAA:
Ésteres de testosterona (injetáveis) – cipionato, enantato e proprionato de testosterona.
Andrógenos sintéticos: podem ser subdivididos em: derivados alquilados (compostos oralmente
ativos), como danazol, estanozolol, sendo os mais hepatotóxicos e derivados da nortestosterona
(decanoato de nandrolona), que são muito populares pelo grande efeito anabólico e sobrevida longa.
Mesmo esteroides de uso exclusivamente veterinário, como a boldenona (equipoise ou equifort), são
utilizados principalmente por fisiculturistas.
Precursores androgênicos: incluem a androstenediona e a DHEA. Ambos os compostos já foram
comercializados (sem controle) como suplementos alimentares. A androstenediona (também
conhecida como andromax, androstar 100) foi inclusive vendida como fármaco contra o
envelhecimento. A DHEA (também conhecida por fidelin, prostera, fluasterone) foi mesmo
considerada «droga maravilha» pelas suas alegadas propriedades antienvelhecimento ou anabólicas.
Moduladores dos receptores seletivos dos estrogénios – Selective Estrogen Receptor Modulators
(SERM), como por exemplo, tamoxifeno e raloxifeno. Estas moléculas, ativas oralmente, foram
desenvolvidas com o objetivo de aumentar a seletividade tecidual, sobretudo a nível muscular e
ósseo. Têm ação anti estrogênica no tecido mamário e ações agonistas no osso, lipídeos e vasos
sanguíneos. São usados muitas vezes para combater os efeitos adversos dos EAA como a
ginecomastia.
Os padrões de abuso mais frequentes são ciclo, stacking e pirâmide. O termo ciclo refere-se ao uso
intermitente dos EAA em que o consumo dura cerca de 4-12 semanas e é seguido por pausas
de cerca de 4-6 semanas. Este padrão é baseado na convicção dos consumidores de que as pausas
previnem a dessensibilização de grandes doses dos EAA. O uso simultâneo de 2 ou mais EAA orais
e injetáveis com aumento progressivo da dose por períodos curtos é denominado stacking, enquanto
o aumento das doses ao longo do ciclo até doses suprafisiológicas (cerca de 10-40 vezes superiores
às doses terapêuticas), seguido de diminuição progressiva, chama-se pirâmide. Geralmente os EAA
injetáveis, principalmente por via intramuscular, são preferidos por terem maior sobrevida
(toma semanal ou mensal) e menor hepatotoxicidade, enquanto a toma dos orais é diária, mas tem a
vantagem de ter menor risco de positividade no controlo antidopagem por serem mais rapidamente
eliminados pelo organismo. Recentemente são usadas outras formas de administração como as
transdérmicas, através da colocação de selos no períneo que vão libertando os EAA em doses
regulares, e ainda a implantação subcutânea, frequentemente na região infra escapular ou linha
axilar posterior. O principal mecanismo de ação dos EAA é a estimulação nuclear da transcrição de
DNA promovendo o aumento da massa muscular ao induzir a hipertrofia das fibras tipo I e II e
também a diferenciação das células progenitoras. Mas o seu efeito anabólico é dose dependente,
isto é, o aumento significativo da massa e força muscular ocorre apenas com doses de 300 mg ou
superiores por semana. Também atuam como antagonistas dos glicocorticoides, deslocando estes
dos seus recetores e, por conseguinte, limitam o catabolismo. Apesar de ainda não haver evidência,
parece que estimulam a GH e a síntese do fator de crescimento de insulina 1 (IGF1).
INDICAÇÕES: Os EAA são clinicamente úteis em algumas patologias, nomeadamente: queimaduras
severas, anemia aplástica, catabolismo crônico nos doentes com HIV, tratamento de osteoporose (p.
ex.: raloxifeno) e de algumas neoplasias (p. ex. mama) e insuficiência renal crônica.
CONSEQUÊNCIAS: Os seus efeitos adversos podem atingir vários órgãos, mas os mais
preocupantes são os endocrinológicos, cardiovasculares, hematológicos e psiquiátricos. Os efeitos
colaterais mais frequentes são a ginecomastia e supressão da espermatogênese. A administração
exógena de EAA conduz à frenação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (com diminuição dos
hormônios luteinizante e folículo-estimulante). A sua recuperação é mais longa (a sua resolução
completa pode demorar mais de um ano) se forem administradas altas doses e é reversível com a
suspensão dos consumos. Esta supressão endócrina leva a sintomas de hipogonadimo
hipogonadotrófico no homem, nomeadamente atrofia dos túbulos seminíferos, diminuição da
espermatogênese e da motilidade dos espermatozoides, disfunção erétil e diminuição da líbido com
consequente infertilidade. Por sua vez, a ginecomastia é a consequência da aromatização dos
androgênios exógenos, isto é, quanto maiores as doses, maior a conversão em estradiol. Por sua
vez, na mulher assiste-se a uma virilização, nomeadamente alteração da voz, hirsutismo, hipertrofia
clitoriana, atrofia mamária, alterações da líbido, irregularidades menstruais (oligo ou amenorreia) e
alopecia androgénica. Algumas modificações como a alteração da voz, hirsutismo facial e alopecia
androgénica podem ser irreversíveis apesar da suspensão dos consumos O aumento de peso deve-
se sobretudo ao aumento da massa magra. Os EAA também conduzem à diminuição da tolerância à
glicose e aumento da resistência à insulina. A disfunção tiroideia ainda não é evidente, mas parecem
reduzir a produção de triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e tireoglobulina (TGB) e ainda aumentar a
produção de TSH e T4 livre.
Os efeitos dos EAA no sistema cardiovascular podem ser divididos em efeitos diretos no miocárdio e
vascularização e efeitos indiretos por alteração do perfil lipídico e da coagulação sanguínea. Há
muitos casos descritos de infarto do miocárdio e morte súbita em atletas jovens consumidores de
altas doses de EAA sem antecedentes de patologia cardíaca e artérias coronárias normais na
autópsia. Recentemente, vários estudos post-mortem demonstraram hipertrofia ventricular (mesmo
após ajuste ao índice de massa corporal [IMC], idade e história de trauma) associada à miocitólise,
fibrose e miocárdio em contração. Acredita-se que esta contração excessiva se deve à estimulação
do sistema nervoso simpático pelos EAA, mas o mecanismo da toxicidade cardiovascular continua
incerto. Vários estudos também demonstraram instabilidade elétrica, alteração da regulação
autonómica, repolarização ventricular alterada, disfunção sistólica e diastólica e ainda aumento da
pressão arterial nos consumidores. Quanto aos efeitos indiretos, há evidência científica que os EAA,
sobretudo os orais, causem dislipidemia caracterizada pelo aumento de LDL e diminuição de HDL,
alterações da coagulação e, por conseguinte, predispondo a um maior risco de aterosclerose, infarto
e AVC.
Contrariamente ao efeito anabólico no osso e músculo, os EAA têm efeito paradoxal nos tendões e
ligamentos com aumento do risco de lesão musculotendinosa (tendinopatias, roturas tendinosas). Se
forem consumidos em idades de crescimento, há maior risco de não atingirem a altura
correspondente ao seu percentil devido ao encerramento precoce das epífises.
Os androgênios estimulam a eritropoiese e aumentam a disponibilidade do ferro e,
consequentemente, aumentam os valores de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito. Assim sendo, a
policitemia é um efeito adverso encontrado. Há múltiplas patologias renais relacionadas com o abuso
destas substâncias, nomeadamente: litíase renal, necrose tubular aguda, proteinúria,
glomeruloesclerose focal segmentar, carcinoma das células renais e tumor de Wilms. Os EAA estão
associados à alteração da função hepática (aumento de transaminases, fosfatase alcalina, bilirrubina
conjugada e proteínas séricas). Os indivíduos que consomem EAA injetáveis podem apresentar
abcessos nos locais da injecção e artrite séptica. Ao partilharem agulhas, têm maior risco de infecção
por hepatites B, C e HIV.
A manifestação dermatológica mais frequente e precoce entre os consumidores de EAA é a acne
localizada na face, ombros, tronco e dorso. Geralmente as formas graves de acne estão relacionadas
com o seu consumo prolongado, uma vez que altas doses de EAA aumentam a função das glândulas
sebáceas e a produção de sebo e aumento da concentração do Propionibacterium
acnes. Estas alterações não só favorecem o aparecimento de acne, como também dermatite
seborreica, rosácea, hirsutismo, quistos epidérmicos, foliculites, queloides e furúnculos. As estrias
cutâneas são o resultado do aumento rápido de massa muscular, cuja pele é incapaz de acomodar a
taxa de alongamento e também da redução de elasticidade da pele.
Os sintomas psiquiátricos associados ao abuso de EAA são múltiplos, incluindo agressividade,
delírio, psicose, comportamento desviante e sintomas do foro afetivo. Os estudos têm sugerido que
os sintomas de mania ou hipomania surgem durante a exposição aos EAA, enquanto os sintomas
depressivos ou distimia se apresentam nos períodos de suspensão do consumo. Geralmente os
indivíduos que consomem EAA têm maior tendência para consumirem outras substâncias, como
álcool e opioides e, por conseguinte, apresentam maior risco de síndrome de dependência. Alguns
autores defendem que os indivíduos iniciam o consumo de EAA porque têm sintomas de «dismorfia
muscular», isto é, desenvolvem sintomas de insatisfação e preocupação com a imagem corporal.
LEI No 9.965, DE 27 DE ABRIL DE 2000.: lei dos anabolizantes, diz que “A dispensação ou a venda
de medicamentos do grupo terapêutico dos esteróides ou peptídeos anabolizantes para uso humano
estarão restritas à apresentação e retenção, pela farmácia ou drogaria, da cópia carbonada de
receita emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos
profissionais.” Portanto, os anabolizantes só devem ser usados sob indicação médica e na
quantidade recomendada, pois o uso sem indicação pode trazer graves consequências para a saúde.
Suplementos alimentares não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou
curar doenças. Os suplementos são destinados a pessoas saudáveis. Sua finalidade é fornecer
nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação. A
categoria de suplemento alimentar foi criada em 2018 para garantir o acesso da população a
produtos seguros e de qualidade. Nessa categoria foram reunidos produtos que estavam
enquadrados em outros grupos de alimentos e foram definidas regras mais apropriadas aos
suplementos alimentares, incluindo limites mínimos e máximos, populações indicadas, constituintes
autorizados e alegações com comprovação científica. Com essa mudança, alimentos que eram
enquadrados com ‘alimentos para atletas’, ‘alimentos para gestantes’, ‘suplementos vitamínicos e
minerais’ foram reunidos nessa categoria. A finalidade principal do suplemento alimentar é
complementar a dieta com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos. Os benefícios
de seu uso estão relacionados à substância ou ao microrganismo fornecido. Os suplementos são
destinados a pessoas saudáveis como uma opção para complementação nutricional, no caso de
dietas restritivas, alterações metabólicas, atividade física intensa, entre outros. Pessoas doentes ou
com condições específicas, por exemplo deficiência de nutrientes, devem procurar um profissional de
saúde habilitado para receber orientações de consumo. A INSTRUÇÃO NORMATIVA - IN Nº 76, DE
5 DE NOVEMBRO DE 2020 dispõe sobre a atualização das listas de constituintes, de limites de uso,
de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares. O uso incorreto de
suplementos alimentares pode acarretar alguns problemas para a saúde, como sobrecarga hepática
(fígado) e renal (rim). Além disso, pessoas sedentárias que estão iniciando a prática de atividade
física e utilizam suplementos sem orientação profissional podem acabar tendo uma dieta
hipercalórica, engordando, e não alcançando os objetivos desejados. Contudo, quando utilizados de
forma correta, acompanhado sempre de um profissional de nutrição, os suplementos alimentares
podem trazer diversos benefícios, pois, desempenham papel importante na performance de atletas
profissionais ou amadores, podem ajudar no emagrecimento e repõe deficiências nutricionais.

Objetivo 9: Caracterizar o balanço de nitrogênio e citar exemplos (fórmula).


O balanço de nitrogênio é a diferença entre a quantidade de nitrogênio ingerido e a quantidade de
nitrogênio excretado. A excreção de nitrogênio se dá, fundamentalmente, por meio da ureia eliminada
na urina e de proteínas presentes nas fezes, derivadas de proteínas não digeridas, da descamação
da mucosa intestinal e também da flora intestinal. O balanço de nitrogênio não é exatamente
equivalente ao balanço proteico devido à: existência de compostos nitrogenados não proteicos nos
alimentos, utilização de nitrogênio para a síntese de compostos nitrogenados não proteicos do
organismo, significando retenção de nitrogênio mas não de proteína, dificuldade de medir a excreção
de nitrogênio por vias minoritárias, mas significativas, como a transpiração, crescimento de cabelos e
unhas, a descamação da pele, etc, que, muitas vezes, não são computadas no cálculo do balanço
nitrogenado. Em um indivíduo adulto com dieta adequada, a eliminação equivale à ingestão e o
balanço de nitrogênio é igual a zero: o estado é de equilíbrio nitrogenado. Quando aumenta o
conteúdo proteico da dieta oferecida a um indivíduo em equilíbrio nitrogenado, após um período de
adaptação, aumenta também a excreção de nitrogênio: a ingestão aumentada é compensada por
uma maior eliminação de nitrogênio, permanecendo a condição de equilíbrio, embora com valores
absolutos maiores. As situações em que se estabelece um balanço nitrogenado positivo, ou seja,
excreção do nitrogênio menor do que sua ingestão, são bastante particulares. Balanços positivos são
verificados apenas quando há aumento real do conteúdo proteico por formação efetiva de tecido,
como durante o crescimento, a gravidez, lactação, hipertrofia e convalescença. O balanço de
nitrogênio negativo ocorre quando a eliminação de nitrogênio é maior do que a ingestão. As
condições que acarretam balanço de nitrogênio negativo são, além de jejum, dietas pobres em
proteína ou contendo proteínas de baixo valor biológico e dietas pobres em carboidratos. Diversas
condições patológicas, como diabetes, câncer, infecções e situações de perda significativa de
tecidos, como queimaduras graves, cirurgias, anorexia, astronautas, etc, também provocam balanço
negativo. Durante o metabolismo proteico, aproximadamente 90% do nitrogênio são excretados na
urina sob a forma de ureia, ácido úrico, creatinina e outros produtos nitrogenados. Os 10%
remanescentes são excretados nas fezes. Portanto, a intensidade da degradação proteica no
organismo pode ser estimada pela medida da quantidade de nitrogênio na urina, adicionando-se 10%
para o nitrogênio excretado nas fezes e multiplicando-se por 6,25 (i. e., 100/16) para estimar a
quantidade total de metabolismo proteico, em gramas, por dia.

Balanço nitrogenado = Nitrogênio Ingerido (NI) - Nitrogênio Excretado (NE)


BN = NI - NE
Nitrogênio Ingerido (NI) = proteínas ingeridas + proteínas infundidas ÷ 6,25.
[6,25 porque a proteína tem 16% de nitrogênio (100 ÷ 16 = 6,25)].
Nitrogênio Excretado (NE) = N Urinário Uréico + N Urinário Não Uréico + N fecal + N pele.

Objetivo 10: Definir icterícia, seus tipos e consequências.


Icterícia refere-se a uma tonalidade amarelada dos tecidos do corpo, incluindo um tom amarelado da
pele e dos tecidos profundos. A causa usual da icterícia são grandes quantidades de bilirrubina nos
líquidos extracelulares - tanto em sua forma não conjugada quanto conjugada. A concentração
plasmática normal de bilirrubina, que é quase inteiramente em forma não conjugada, é em média de
0,5 mg/dl de plasma. Em certas condições anormais, essa quantidade pode chegar a 40 mg/dl, e
grande parte pode se tornar do tipo conjugada. A pele geralmente começa a ter icterícia quando a
concentração aumenta para cerca de três vezes o normal - ou seja, acima de 1,5mg/dl.
A bilirrubina é uma substância excretada na bile, e depois eliminada nas fezes. Ela é um pigmento
amarelo-esverdeado, o principal produto da degradação da hemoglobina. A porção porfirina da
molécula de hemoglobina é convertida pelos macrófagos, por meio de uma série de etapas no
pigmento biliar bilirrubina. Quando as hemácias completam o seu tempo de vida (em média, 120
dias) e se tornam muito frágeis para exercer seu papel no sistema circulatório, suas membranas
celulares se rompem e a hemoglobina liberada é fagocitada pelos macrófagos do tecido (também
chamados de sistema reticuloendotelial ou sistema mononuclear fagocitário) por todo o corpo. A
hemoglobina é primeiro dividida em globina e heme, e o anel heme é aberto para dar (1) ferro livre,
que é transportado no sangue pela transferrina, e (2) uma cadeia linear de quatro anéis pilóricos, que
constituem o substrato a partir do qual a bilirrubina será eventualmente formada. A primeira
substância formada é a biliverdina, mas essa substância é rapidamente reduzida a bilirrubina livre,
também chamada de bilirrubina não conjugada (ou indireta), que é gradualmente liberada dos
macrófagos para o plasma. Essa forma de bilirrubina combina-se imediatamente com a albumina
plasmática e é transportada nesta combinação pelo sangue e líquidos intersticiais. Em poucas horas,
a bilirrubina não conjugada é absorvida pela membrana hepática. Ao passar para o interior das
células hepáticas, ela é liberada da albumina plasmática. Então, cerca de 80% são conjugados ao
ácido glicurônico - por ação da enzima glicuronil transferase - para formar glicuronídeo de bilirrubina
(bilirrubina conjugada ou direta), cerca de 10% se unem ao sulfato para formar sulfato de bilirrubina e
cerca de 10% se associam a uma infinidade de outras substâncias. Sob essas formas, a bilirrubina
direta é excretada dos hepatócitos por uma processo de transporte ativo para os canalículos biliares
e depois para os intestinos. Uma vez no intestino, cerca de metade da bilirrubina “conjugada” é
convertida por ação bacteriana em urobilinogênio, que é altamente solúvel. Parte do urobilinogênio é
reabsorvido pela mucosa intestinal de volta ao sangue, e a maior parte é reexcretada pelo fígado de
volta ao intestino, mas cerca de 5% são excretados pelos rins na urina.

As causas mais comuns de icterícia são: aumento da destruição das hemácias com rápida liberação
de bilirrubina no sangue e obstrução dos ductos biliares ou dano às células hepáticas, de modo que
mesmo as quantidades usuais de bilirrubina não podem ser excretadas no trato GI. Esses dois tipos
de icterícia são chamados, respectivamente, de icterícia hemolítica e icterícia obstrutiva.
A icterícia não é uma doença, mas um sintoma da existência de distúrbio subjacente.
ICTERÍCIA HEMOLÍTICA: é causada pela hemólise das células vermelhas do sangue. Na icterícia
hemolítica, a função excretora do fígado não está prejudicada, mas as hemácias são hemolisadas
tão rapidamente que as células hepáticas simplesmente não conseguem excretar a bilirrubina tão
rapidamente quanto ela é formada. Isso ocorre em pacientes com anemia falciforme, por exemplo.
Portanto, a concentração plasmática de bilirrubina livre aumenta para níveis acima do normal. Da
mesma forma, a taxa de formação de urobilinogênio no intestino é muito aumentada, e muito desse
urobilinogênio é absorvido pelo sangue e posteriormente excretado na urina.
ICTERÍCIA OBSTRUTIVA: é causada pela obstrução dos ductos biliares (que ocorre mais
frequentemente quando um cálculo biliar ou câncer bloqueia o ducto biliar comum) ou por danos ao
polo biliar das células hepáticas (que ocorre na hepatite), a taxa de formação de bilirrubina é normal,
mas a bilirrubina formada não pode passar do sangue para os intestinos. A bilirrubina não conjugada
ainda entra nas células hepáticas e se conjuga de maneira usual. Essa bilirrubina conjugada é então
devolvida ao sangue, provavelmente pela ruptura dos canalículos biliares congestionados e drenando
de forma direta a bile para a linfa que deixa o fígado. Assim, a maior parte da bilirrubina no plasma
torna-se do tipo conjugado (direta) em vez do tipo não conjugado (indireta) na icterícia obstrutiva. Os
pacientes com icterícia obstrutiva apresentam dor gastrointestinal e náusea.
Exames químicos de laboratório podem ser usados para diferenciar a bilirrubina não conjugada da
conjugada no plasma. Na icterícia hemolítica, quase toda a bilirrubina está na forma “não conjugada”;
na icterícia obstrutiva, está principalmente na forma “conjugada”. Um teste chamado reação de van
den Bergh pode ser usado para diferenciar as duas. Quando ocorre a obstrução total do fluxo biliar,
nenhuma bilirrubina pode atingir o intestino para ser convertida em urobilinogênio pelas bactérias.
Portanto, nenhum urobilinogênio é reabsorvido no sangue e também não pode ser excretado pelos
rins na urina. Consequentemente, na icterícia obstrutiva total, os testes de urobilinogênio na urina
são completamente negativos. Além disso, as fezes adquirem cor esbranquiçada (acolia fecal) em
virtude da falta de estercobilina e de outros pigmentos biliares. Outra diferença importante entre a
bilirrubina conjugada e a não conjugada é que os rins podem excretar pequenas quantidades de
bilirrubina conjugada altamente solúvel., mas não podem excretar a bilirrubina não conjugada ligada
à albumina. Portanto, na icterícia obstrutiva grave, quantidades significativas de bilirrubina conjugada
aparecem na urina. Esse fenômeno pode ser demonstrado simplesmente agitando-se a urina e
observando a espuma, que fica intensamente amarela.
ICTERÍCIA HEPATOCELULAR: ocorre por lesão nos hepatócitos, que pode causar aumento nos
níveis sanguíneos de bilirrubina não conjugada, devido a uma redução na conjugação. O
urobilinogênio aumenta na urina, pois a lesão hepática diminui a circulação entero-hepática desse
composto, permitindo que maior quantidade dele chegue ao sangue, de onde é filtrado para a urina.
A urina então torna-se escura, e as fezes apresentam cor de argila clara.
ICTERÍCIA EM RECÉM-NASCIDOS: especialmente em bebês prematuros, frequentemente a
bilirrubina é acumulada, pois a atividade da bilirrubina-glicuronil-transferase hepática é baixa ao
nascimento - ela alcança níveis semelhantes aos adultos em cerca de 4 semanas. Os recém-
nascidos com níveis de bilirrubina elevados são tratados com luz fluorescente azul, que converte a
bilirrubina em isômeros mais polares e, portanto, mais solúveis em água. Esses fotoisômeros podem
ser excretados na bile sem estar conjugados ao ácido glicurônico.
CONSEQUÊNCIAS: fezes com cor esbranquiçada (acolia fecal). A bilirrubina elevada acima da
capacidade de ligação da albumina pode difundir para os núcleos da base e causar encefalopatia
tóxica (kernicterus). Em recém nascidos, a bilirrubina não conjugada pode penetrar na barreira
hematoencefálica e se tornar tóxico ao sistema nervoso central, gerando uma doença
chamada de kernicterus, levando a danos muitas vezes irreversíveis. Indivíduos com kernicterus
(ou encefalopatia bilirrubínica) geralmente têm paralisia cerebral tetraplégica discinética, surdez
neurossensorial bilateral, e paralisia do olhar fixo.
Kernicterus é o nome dado para a forma grave de lesão cerebral, que é causada por níveis alto de
bilirrubina não conjugada ou livre, sendo esta condição referente à coloração amarela dos núcleos
profundos do encéfalo, envolvendo uma parte específica dos gânglios da base, o globo pálido. Se as
lesões no fígado forem graves, a icterícia pode provocar problemas graves, tais como a deterioração
da função cerebral e uma tendência a sangramentos ou à formação de hematomas.
Sintomas da icterícia: Pele amarela, olhos amarelos, coceira por todo o corpo e urina escura e fezes
claras.

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