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PLANEJAMENTO

INSTITUCIONAL

Autoras: Aracy Santos Sens

Rita de Cássia Santos Vanin

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf

Revisão de Conteúdo: Vera Lúcia dos Passos Fagundes

Revisão Gramatical: Márcia Maria Junkes



Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci

Copyright © UNIASSELVI 2009


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

658.5
S547a Sens, Aracy Santos.
Planejamento Institucional / Aracy Santos Sens (e)
Rita de Cássia Santos Vanin. Centro Universitário
Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.x ;
88 p.: il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-777-6

1. Planejamento. I. Vanin, Rita de Cássia Santos.


II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Programa de Pós-Graduação EAD. III Título.
Reimpressão
setembro/2012
Aracy Santos Sens

Possui graduação em História pela


Faculdade de Filosofia Ciências e Letras
de Palmas, PR, 1978, especialização em
Psicopedagogia e Metodologia do Ensino da
Geografia e mestrado em Educação e Cultura pela
Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC-2004.
Atualmente é professora do Ensino Superior, do Ensino
Médio e do Instituto Catarinense de Pós-Graduação
(ICPG). Docente em cursos de formação continuada para
profissionais em Educação. Autora da “Proposta de
Estudos Sociais para o Programa de Alfabetização
Solidária” CEREJA (Centro de Educação de
Adultos) Brasília-DF (2004).

Rita de Cássia Santos Vanin

Possui graduação em Pedagogia


– Administração Escolar pela Fundação
Universidade Regional de Blumenau (1981),
especialização em Metodologia de Ensino pelo
Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ
(1993), mestrado em Educação – com ênfase na
formação do educador para a gestão pela PUC/PR (2001).
Atualmente é administradora escolar em instituição
pública estadual, em Jaraguá do Sul. Tem experiência
na área da educação superior com ênfase na Estrutura
e Funcionamento de Ensino; Disciplina e Indisciplina nos
paradigmas vigentes; Administração: teoria e prática;
Avaliação Institucional e Metodologia da Pesquisa.
Trabalhos apresentados na Universidade de
Lisboa (Portugal) em 2003 e Anped – Sul, em
2000, entre outros. E, atualmente, cursando
Doutorado em Educação.
Sumário

APRESENTAÇÃO.....................................................................7

CAPÍTULO 1
Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada........................................................... 9

CAPÍTULO 2
Planejamento Estratégico na Educação.................................. 27

CAPÍTULO 3
Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola. ........................................ 47

CAPÍTULO 4
Avaliação Institucional.............................................................67
APRESENTAÇÃO
Planejamento é uma ação inerente a qualquer ser humano. Planejar é uma
atividade mestra no seio da educação formal. Esse ato incorporado pela escola
tende a evitar a improvisação, estabelecer caminhos que possam nortear mais
apropriadamente a execução da ação educativa e sistematizar o acompanhamento
e a avaliação da própria ação.

A disciplina que está iniciando tem o propósito de apresentar argumentos


teóricos e práticos que favoreçam à execução do Planejamento e da Avaliação
Institucional na escola de maneira dialógica e coletiva buscando com isso, a
confirmação da sua eficiência na condução do processo gestor e pedagógico da
Instituição de Ensino.

O primeiro capítulo aborda o Planejamento Institucional de maneira sistêmica


no contexto educacional. Procura apresentar a disciplina, as concepções
conceituais e alguns elementos de historicidade e os aspectos legais que norteiam
o Planejamento Institucional no ambiente escolar. Pontua que ao elaborar o
Planejamento é preciso ter em mente, qual a natureza jurídica da escola. Para
tanto, é importante conhecer os procedimentos cabíveis que diferenciam o
Planejamento na Instituição Pública e na Instituição Privada.

O Segundo Capítulo traz um novo olhar sobre o Planejamento Estratégico,


como um procedimento integrante do Plano de Desenvolvimento da Educação
- PDE. O Planejamento Estratégico nasceu no berço do mercado produtivo e
foi trazido para o seio da escola como um rico incremento para se estabelecer
parâmetros para ação e alcance de objetivos de maneira eficaz. Por esse motivo, é
mister que conheçamos os meandros do saber/fazer do Planejamento Estratégico
e verificar a sua real importância na linha diretiva da e na escola.

Com as informações colhidas no capítulo anterior, você caro estudante,
poderá estabelecer um comparativo, não apenas semântico, mas no real da
sua prática cotidiana. É com esse intuito que o Terceiro Capítulo apresenta
aspectos teóricos e de aplicação do Projeto Político-Pedagógico. Oferece
subsídios norteadores que farão a lembrança do que já foi visto na graduação ser
compreendido e construído na unidade escolar sob uma motivação maior.

O Quarto Capítulo discute a Avaliação Institucional no âmbito escolar como


construção da identidade própria da escola. É algo recente, até mesmo no âmbito
da graduação, e era somente difundida em larga escala na pós-graduação.
Atenha-se a aprofundar o assunto, pois em breve, você poderá aplicar na escola
onde atua ou pretende atuar.

As autoras.

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C APÍTULO 1
Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Conceituar Planejamento Institucional e identificar os diferentes níveis.

33 Entender a importância do Planejamento Participativo como mecanismo para o


Planejamento Institucional.

33 Conhecer alguns elementos de historicidade do Planejamento da Educação no


Brasil.

33 Identificar mecanismos do processo de produção do Planejamento Institucional.

33 Definir Público e Privado e verificar o que difere a aplicação do Planejamento


Institucional na esfera pública e privada.
Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

Contextualização
O capítulo 1 que você está iniciando tem como princípio básico desmistificar
estigmas existentes sobre o ato de planejar. Planejar, ação eminentemente
política, possui no seu viés condutor as projeções que por ele se expressa. O
que faz dele um mecanismo de dominação ou de libertação. Depende do olhar
de quem o elabora. Seguindo esse raciocínio, você é também, “objeto e sujeito”
deste planejamento por nós elaborado.

Somos seres eminentemente pensantes. Se não pensarmos a forma


O homem, o
do nosso planejar, alguém o fará por nós. Nesse caso, seremos objetos
profissional, as
de ação idealizada por outrem, segundo a ideologia e a visão política instituições, em
desse alguém. Percebeu o grau de importância da ação planejada? especial a instituição
educacional, na
O homem, o profissional, as instituições, em especial a instituição busca de traçar os
educacional, na busca de traçar os caminhos viáveis para obter êxito caminhos viáveis
na investida, isto é, no que pretende alcançar, elaboram planejamento. para obter êxito na
investida, isto é,
As ações pensadas e realizadas estão imbricadas na sua concepção
no que pretende
e na forma como se dá o planejamento. O resultado do processo alcançar, elaboram
trilhado oferece ao caminhante o panorama real do grau de eficiência planejamento.
do planejamento elaborado. (FREIRE, 1987,
p. 83-84).
É oportuno afirmar que, na esfera institucional, ainda persistem
resistências em transpor para a escrita, o traçado real a ser cumprido pela escola
devido à do ato de planejar.

Vasconcellos (2006, p.13) corrobora com essa expressão “visão


distorcida” nos dados apresentados referente à uma pesquisa de
campo; e, posteriormente publicada, relatando, que “O planejamento
é uma estruturação inútil. É um papel que permanecerá no arquivo;
não é consultado e muito menos levado a sério. [...] fica só na gaveta
[...]”. Seguindo a mesma ideia Menegolla (2001, p.39) ressaltava que
“... planejar por planejar tem se tornado realidade da vida escolar”.

Todavia, não é por ignorância ou inoperância da ação planejada, que


encontramos dados como os apresentados anteriormente, mas, por uma questão
histórica da visão de planejamento que permeia a formação do profissional da
educação, que vê no planejamento, apenas, um processo formal de expor sua
intenção do saber/ fazer à Instituição Educacional.
11
Planejamento Institucional

No processo da gestão de Instituições, sejam elas públicas ou privadas, o


planejamento é a ação mor. Por esse motivo, é mister que dialoguemos, por meio
deste instrumento didático, as etapas compostas pela definição do termo. Bem como,
os elementos de historicidade que formaram a ideia de planejamento e por fim,
conceber um outro olhar da ação, na ação e sobre a ação de planejamento. Uma vez
que, vem contribuir para a compreensão do saber-fazer a gestão da/na instituição.

Então, convido você para irmos além destas questões, quando e onde
traremos à baila instâncias públicas e privadas e, refletiremos a respeito do
movimento que envolve o processo, com as intenções e a necessidade de se
manter ativo no ato de planejar.

Conceituação e Definição do
Planejamento Institucional na
Esfera Pública e Privada
Planejamento Institucional é a integração entre planejamento e execução em
todos os níveis. A escola é a instância de formação e informação sistematizada que
se aprimorou no discurso falado e escrita das teorias de planejamento e sobre o
ato de planejar. Todos os setores da instituição educacional devem ser planejados.
A direção, a supervisão, os docentes, os estudantes, enfim, a comunidade escolar
deve elaborar seu planejamento. Planejar para qualificar a escola.

No Capítulo 4 abordaremos a avaliação e qualidade como


conceitos indissociáveis do Planejamento Institucional.

Nosso compromisso neste estudo é, inicialmente, debruçarmos na


mobilização de desmistificar a ação de planejar, buscando alguns conceitos que
irão clarificar a ideia de planejamento, por múltiplos olhares, como os de (KANT
apud, ZAINKO, 2000, p.127) que nos convoca a refletir que “... todo conhecimento
humano começa com intuições, eleva-se até conceitos e termina com ideias”.

Sendo assim, o caminho é construído no caminhar e se quisermos que este


caminho seja claro, bem traçado, vislumbrando horizontes, precisamos planejar
a nossa ação. Gandin (1995, p.9) reforça esta expressão ao afirmar que “não

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Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

se compreende todo o caminho num grande e único passo: novas estradas se


abrem quando se persiste no caminhar“. É por meio do planejamento persistente
que se consegue prever com clareza o traçado de nossas ações presentes com
perspectivas futuras que poderão interferir e/ou criar novas situações, sem perder
de vista a avaliação das ações já realizadas para recriar sempre novas ações e ou
reforçar as que apresentaram resultados satisfatórios.

Mas, o que é mesmo planejamento? Vejamos a opinião de alguns autores


na área:

Planejamento “é uma questão de respeito a si e ao grupo; ao não nos


dedicarmos ao planejar, desvalorizamos nossa própria atividade. É também
uma questão de ética, de responsabilidade por uma tarefa que assumimos e
nos é delegada socialmente” (VASCONCELLOS, 2006, p. 62).

Planejamento “é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins,


entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas,
instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades
humanas, em prazos determinados e etapas definidas a partir dos resultados
das avaliações” (PADILHA, 2001, p. 30).

Planejamento “é um ato de intervenção técnica e política, seria essencial


que o profissional por ele responsável (planejador) estivesse preparado para
manter uma articulação permanente a fim de estabelecer coordenação entre a
esfera técnica, o nível político e o corpo burocrático” (CALAZANS, in KUENZER,
1996, p.15).

Planejamento nada mais é do que “um modelo teórico para


a ação. Propõe-se a organizar o sistema econômico, social ou
educacional, a partir de certas hipóteses sobre a realidade para
onde está focada sua intervenção” (GANDIN, 1995, p. 45).
Planejar é refletir
sobre a realidade. É
... prever o que se quer alcançar, com que elementos, com perceber
quais estratégias e para que, buscando uma resposta segura para as necessidades,
idéias e ideais previstos, através de um questionamento global resignificar o
trabalho, buscar
sobre a melhor maneira de concretizarmos o que pretendemos.
formas de
[...] de forma integrada e inteirada, a fim de que a canalização da enfrentamento
idéia para ação se processe com uma margem mínima de desvios e comprometer-
(SANT’ANNA, 1998, p.153). se com a
transformação da
Em síntese, podemos afirmar que planejar é refletir sobre a prática.(FREIRE,
1987, p. 83-84).
realidade. É perceber as necessidades, re-significar o trabalho, buscar

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Planejamento Institucional

formas de enfrentamento e comprometer-se com a transformação da prática.


Enfim, planejar está associado à ideia de preparação, pensar a prática, organizar
ideias e controle do futuro a partir do presente, através da reflexão sistemática
sobre a realidade a enfrentar e os objetivos a atingir. Não há mudança sem
direção; portanto, ao planejar é preciso que se saiba onde se pretende chegar!

Atividade de Estudos:

1) A partir dos conceitos apresentados elabore um conceito próprio


de Planejamento.
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Utilizamos para a Educação Básica Escolar as indicações de Vasconcellos


(2006, p. 53-54) para a melhor compreensão dos diferentes níveis de planejamento:

• Planejamento do Sistema de Educação – É o de maior abrangência,


correspondendo ao que é feito em estância nacional, estadual ou municipal.
Incorpora e reflete as grandes políticas educacionais. Enfrenta os problemas
de atendimento à demanda, alocação e gerenciamento de recursos entre
outros.

• Planejamento da Escola – Trata-se do Projeto Político-Pedagógico. É um


plano integral da instituição e compõe-se de Marco Referencial, Diagnóstico
e Programação; e, envolve as Dimensões Pedagógica, Comunitária e
Administrativa de escola.

• Planejamento Curricular – É a proposta geral das experiências de


aprendizagem que serão oferecidas pela escola, incorporada nos diversos
componentes curriculares. Para Vasconcellos (id.) é como se fosse a espinha
dorsal de todas as séries ou ciclos, podendo contemplar os seguintes elementos:

- fundamentação da Disciplina/Área de Estudo;

- desafios Pedagógicos;

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Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

- encaminhamentos Metodológicos;

- proposta de Conteúdos;

- processo de Avaliação.

• Planejamento de Ensino-Aprendizagem – É o planejamento mais próximo


do professor e da sala de aula, ligado especificamente ao aspecto didático,
podendo ser dividido em Projeto/Plano de Curso e Plano de Aula.

Na elaboração dos diferentes níveis do planejamento é importante ressaltar o


processo coletivo do seu saber/fazer. A participação dos seus pares no contexto
escolar é o que assegurará o alcance dos objetivos previstos e na resolução de
problemas. Neste sentido, é pertinente ressaltar que o Planejamento Participativo
é uma ação dinâmica e que exige do gestor a eficácia para administrar as tensões
que surgirem durante o processo.

Como se opera o Planejamento Participativo? Observe o que


alguns autores colocam:

Conforme Dalmás, (1994, p. 12) Planejamento Participativo

[...] é um processo em que as pessoas realmente participam


porque à elas são entregues não só as decisões específicas,
mas os próprios rumos que se deve imprimir a escola. Os
diversos saberes são valorizados, cada pessoa se sente
construtora – e realmente o é- de um todo que vai fazendo
sentido à medida que a reflexão atinge a prática e esta vai se
esclarecendo a compreensão, e à medida que os resultados
práticos são alcançados em determinado rumo.

Já para Cornelly (apud PADILHA, 2001, p. 35) Planejamento Participativo,

[...] se constitui num processo político, num contínuo propósito


coletivo, numa deliberada e amplamente discutida construção
do futuro da comunidade, na qual participe o maior número
possível de membros de todas as categorias que a constituem.
[...] um processo vinculado à decisão da maioria, tomada pela
maioria, em benefício da maioria.

O Processo do Planejamento Participativo pode ser assim representado:

15
Planejamento Institucional

A Escola, como instância realizadora do Planejamento Participativo, envolve


a comunidade onde está inserida num processo de construção social e de
formação dos que nela vivenciam com a finalidade de transformar o meio em que
vive, sendo este querer, uma ação inerente da discussão com a maioria, pela
maioria e para a maioria. Portanto, é esta a modalidade de planejamento que
expressa o sentido democrático do fazer coletivo, o ato de pensar a ação e o
fazer o Planejamento Institucional.

O Planejamento Institucional é o “pensar e o discutir” as ações


O Planejamento
a serem escritas no plano, que por sua vez engloba o todo da
Institucional é o
“pensar e o discutir” instituição e tem na avaliação institucional o feedback dessa ação.
as ações a serem O resultado da aplicação do planejamento institucional reflete a
escritas no plano, identidade da instituição.
que por sua vez
engloba o todo Assim como todo planejamento, o institucional não é um ato
da instituição e
neutro, mas sim, carregado de intencionalidade, de caráter político
tem na avaliação
institucional o e ideológico que deve levar em conta “as condições do presente, as
feedback dessa experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos
ação. O resultado filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem
da aplicação do se planeja” (MENEGOLLA et al, 2001, p. 63). E, por isso mesmo, exige
planejamento uma atividade engajada, participativa, efetiva e científica dos envolvidos
institucional reflete
no processo de fazer a instituição.
a identidade
da instituição.
Planejamento Institucional deve estar associado a um tipo de
gestão que o leve para a realização de objetivos nele definidos,
identificando os elementos facilitadores e/ou os que impossibilitam o alcance dos
mesmos, no nível macro da instituição.

Para elaborar o planejamento institucional é necessário coordenar as


atividades de modo integrado, preparando-se para o inevitável e contar
com opções frente ao indesejável para controlar o incontrolável, adotando
procedimentos formalizados, padronizados e sistemáticos.

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Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

A seguir, apresentamos de maneira comparativa, os termos “planejamento,


plano e programa”, com o intuito de facilitar a compreensão entre os três enfoques,
com base no que nos propõe Libâneo (2001, p. 131):

PLANEJAMENTO PLANO PROGRAMA


- É o documento
mais abrangente que
- É o processo - Explicita linha de
resulta do processo de
sistematizado de ações globais que
planejamento, por sua
previsão de objetivos, permite agrupar as
vez subdivididos em
metas, ações, decisões por áreas de
programas.
procedimentos como ações semelhantes sob
forma de racionalização o mesmo título. Cada
- É o documento que
da ação. programa é detalhado
registra o que se pensa
em projetos.
fazer, como, quando, com
que e com quem.
- É a subdivisão do
- É o processo (é o ato - É o registro do processo
registro (é o registro em
de pensar e discutir) (é o ato de escrever)
etapas – projetos).

Como vimos, o planejamento como processo, necessita ser consistente para


o médio e longo prazo. É preciso fazer frente às mudanças no cenário social,
tecnológico, econômico e político. Tanto que o planejamento só tem sentido se o
sujeito se coloca numa perspectiva de mudança.

Pensar a Instituição Educacional e sua função social no contexto do mundo


contemporâneo, impõe-se um duplo desafio: o primeiro se refere à natureza de
suas relações, suas dinâmicas e a configurações institucionais; o segundo, à
mudança dos padrões societários, transformações dos patamares e formas de
interação, reordenamento e redefinição das instituições.

Atividade de Estudos:

1) Observe no texto a comparação feita, conforme Libâneo, dos


termos “Planejamento, Plano e programa”. Depois escreva
exemplificando o seu entendimento.
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Planejamento Institucional

Aspectos Históricos e Legais do


Planejamento da Educação no Brasil
Iniciamos esta seção mapeando algumas questões sobre o Planejamento da
Educação no Brasil, quanto aos aspectos históricos e legais, oportunizando a uma
investigação. Nosso objetivo é discutir o presente. Mas, para chegar ao momento
atual, faz-se necessário enunciar, mesmo que em breves palavras, a trajetória do
Planejamento da Educação no Brasil.

A ideia da elaboração de um plano educacional para o Brasil, presente


no Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932, foi o que iniciou o
Planejamento mais específico para a educação que previa reformas profundas, a
adesão de conhecimentos necessários à preparação para o trabalho e ao mesmo
tempo o reforço da escola como instância formadora do cidadão. Esse plano de
reestruturação educacional se tornou um plano de organização e de administração
do sistema educacional.

A Educação, até então, vinha sendo prevista nos PDNB (Plano de
Desenvolvimento Nacional Brasileiro) no tocante ao setor econômico, apenas
como gasto ou despesa, de saúde, porque a educação estava até 1930
juntamente com a Pasta da Saúde, e de expansão na oferta de matrícula. Ou
seja, não havia preocupação com o específico da formação educacional.

A Educação Brasileira teve grande avanço com a adesão das principais


ideias da Carta do Manifesto na Constituição de 1934. Mesmo passando por
momentos políticos adversos à pacificação, como a ocorrência do “Estado
Novo”, em que houve a derrocada de algumas conquistas do Manifesto e a
incorporação de neutralidade no Planejamento Educacional, passando a constar
somente como “adendo” no PDNB, os educadores brasileiros não cessaram da
sua luta em trazer a educação para o palco como ator principal, deixando de ser
coadjuvante. Foi o que aconteceu com a organização da mais longa produção de
uma Lei, no Brasil – a Lei 4.024/61.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nº 4.024/61, de inspiração liberal, é a


primeira que estabelece exigências de formulação e implementação da educação
num instrumento planejado. O Plano Nacional de Educação, pautado na LDB, que
nasceu em 1962 e foi revisado em 1965, teve um período efêmero. Em janeiro de
1967, a LDB é revogada pela Constituição do Governo Militar. E, a partir daí (1964
a 1985), seguiram os planos, fundados na perspectiva tecnicista.

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Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

Entende-se por perspectiva tecnicista a ideologia do trabalho,


da lei do mercado, do siga o modelo e da ciência líquida e certa,
pronta e acabada. Ou seja, não se interessa na formação integral do
cidadão; mas, na sua capacidade de produção mediante o que lhe é
proposto, sem indagação ou crítica.

Os militares ao tomarem o poder, passaram a “ver” em cada professor, diretor


de escola ou especialista em educação, um inimigo em potencial, que deveria ser
mantido sob vigilância rigorosa. Num regime político de contenção, o Planejamento
passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle e ordenamento de todo o
sistema educativo.

Nessa época, com o intuito de “planejar e promover o desenvolvimento” foram


promovidos seis planos nacionais de educação, programados com objetivos na
mesma direção da tecnoestrutura estatal e pelo discurso neutro tecnicista. Isto é,
sem ênfase na formação integral intelectual, mas na pura formação de repetição
de tarefas. A instalação de atividades curriculares tipo: siga o modelo.

A função de planejamento descaracterizou-se ao longo dos anos de vigência


do regime militar e trouxe como consequência a perda de capacidade do Ministério
da Educação de influir de maneira significativa nos rumos da educação nacional.

Com o objetivo de sedimentar o contexto educacional brasileiro, os militares


organizaram, por meio de tecnocratas americanos, a Reforma Universitária –
Lei 5.540/68. Observem que esta Lei foi direcionada apenas para a formação
superior, não inclusa nesta Lei a Educação Básica. O objetivo principal desta Lei
foi de desmantelar o sistema Universitário Brasileiro, que era forte e coeso, tanto
no nível estudantil, UNE, como no docente, cátedras.
A concepção de
Somente no ano de 1971 foi promulgada a Lei Nº 5.692 – a 2ª planejamento no
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que apontava os interior da escola
era o que se recebia
ditames para a Educação Básica, que trazia no bojo da sua essência
pronto, pois esta
a fragmentação exacerbada do ensino fundamental. O currículo não ação era reservada
mais por área, mas sim, focado nas disciplinas fragmentadas, originado aos planejadores,
pela Lei da Reforma Universitária. A concepção de planejamento no isto é, pessoas com
interior da escola era o que se recebia pronto, pois esta ação era ocupação exclusiva
para pensar e
reservada aos planejadores, isto é, pessoas com ocupação exclusiva
planejar a ação.
para pensar e planejar a ação.
19
Planejamento Institucional

Nessa ocasião, o permitido era a utilização ‘cega’ do livro didático, a didática


que previa o planejamento diário do professor e os objetivos que deveriam seguir:
o comportamento, o critério e as condições. ‘Siga o modelo’ era comando da
atividade pedagógica. Na administração da escola os especialistas em assuntos
educacionais assumiram postos de destaque na organização da instituição como
profissionais voltados a ‘dominar’ o espaço de forma a manter o status quo.

A perda da função do Planejamento, por não ser capaz de dar respostas


satisfatórias aos desafios do cotidiano educacional, reforça a concepção
que planejar é orçamentar. A par disso, vemos o predomínio do Ministério do
Planejamento nas decisões referentes à educação.

A partir da década de 90, percebe-se uma mudança nas reformas educativas


no Brasil, em âmbito Federal, Estadual e Municipal. Essas reformas estão
congruentes com os compromissos assumidos pelo Brasil na Conferência Mundial
de Educação Para Todos, em Jontien, na Tailândia, e na Declaração de Nova
Delhi de dezembro de 1993, sobre atendimento à demanda de universalização
do Educação Básica. São proposições que convergem para novas formas de
gestão do ensino público, calcadas em formas mais flexíveis, participativas e
descentralizadas de administração dos recursos e das responsabilidades.

Nesse contexto, a população é convidada a propor melhorias para a


educação nacional, por meio do Plano Nacional da Educação – PNE. Devido aos
acordos do Brasil com o Banco Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional) e
o BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento), para
continuar recebendo empréstimos a juros baixos, nasceu a Lei Nº 9.394/96 – LDB.
Esta veio para, além de expressar a realidade educacional existente, normatizar
ou legalizar ações que surtirão efeitos no cumprimento do acordo.

A LDB, 9.394/96, A LDB, 9.394/96, veio abrir possibilidade de elaboração do


veio abrir Planejamento Participativo nas Unidades Escolares. Os artigos
possibilidade de
12,13 e 14 evidenciam a obrigatoriedade da escola em efetuar sua
elaboração do
Planejamento Proposta Pedagógica ou Projeto Pedagógico – PPP. A partir desta Lei o
Participativo Planejamento Institucional ganhou status de legalidade. Sendo o PPP o
nas Unidades instrumento legal da escola, elaborado e produzido coletivamente.
Escolares.
A partir desta Lei
o Planejamento Sintetizando:
Institucional
ganhou status de
legalidade.

20
Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

Na historicidade do Planejamento Institucional ficaram evidentes as fases


em que o mesmo foi considerado como manutenção do status quo, instrumento
de controle e paulatinamente, como meio de mudança para a ação. Observe a
ideologia dominante da sua execução no âmbito nacional, estadual e escolar e
verifique que somente a partir da implantação da LDB Nº. 9.394/96 teve fortemente
invocado o Planejamento Participativo. Fato que até então, era elaborado por
grupos estipulados para tanto. É importante que o Planejamento seja visto e
produzido na dimensão dialógica e participativa.

Atividade de Estudos:

1) Você percebeu na historicidade do planejamento institucional as


dificuldades que passou para ser compreendido numa dimensão
dialógica, participativa e de efetivação como meio de se promover
a mudança. Neste sentido, pensando seu contexto histórico-
educacional, comente como o Planejamento Institucional (PI) é
visto e formalizado.
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Planejamento Institucional

Processo de Produção de
Planejamento na Instituição Pública
e Privada

Antes de focarmos o Planejamento Institucional na esfera Pública e Privada,
vamos conhecer alguns elementos do próprio termo: Público e Privado. Será que
a forma de elaboração do Planejamento é a mesma? O que muda então? Veja a
seguir.

É importante ressaltar que no embate entre o público e o privado, seus


desdobramentos efetivos vinculam-se às determinações estruturais e conjunturais
de uma dada realidade sócio-político-cultural.

Neste sentido, os debates sobre a educação brasileira têm sido permeados,


a partir dos anos trinta, pelos confrontos resultantes das disputas político-
ideológicas por hegemonia entre os defensores da escola pública e os defensores
da escola privada.

Nessa perspectiva, Pinheiro (2001, p. 258) afirma que:

No Brasil, após a década de 30, concomitante ao processo


de intervenção do Estado na esfera econômica, como
principal agente do desenvolvimento, ocorreu uma tendência
de privatização da esfera pública. Mas o processo de
interpenetração entre essas esferas caracterizou-se por um
duplo prejuízo da esfera pública, pois tanto a intervenção do
Estado na área econômica quanto do setor privado na esfera
pública favoreceram primordialmente interesses privados e
não públicos (grifo nosso).

As duas esferas assumem, assim, conotações diversificadas, dependendo do


olhar que lhes é lançado. Todavia, enquanto caracterização jurídico-formal, essas
categorias carregadas de historicidade indicam demarcadores que as
Se o regime que vinculam à explicitação do regime jurídico. A esse respeito, Pinheiro
a lei lhe atribui é (2001, p.14) registra que:
público, a atividade
é pública; se o Saber se uma atividade é pública ou privada é mera questão
regime é de direito de indagar do regime jurídico a que se submete. Se o regime
privado, privada que a lei lhe atribui é público, a atividade é pública; se o regime
se reputará a é de direito privado, privada se reputará a atividade, seja, ou
atividade, seja, ou não, desenvolvida pelo Estado. Em suma: não é o sujeito da
não, desenvolvida atividade, nem a natureza dela que lhe outorgam caráter
pelo Estado. público ou privado; mas o regime a que, por lei, for
submetida (grifo nosso).

22
Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

Veja que, as expressões indicativas do rótulo privado, são marcadas por


vinculações ideológicas, tais como, escola privada, particular, livre, confessional,
não-estatal, leiga, laica e, são enriquecidas por um repertório menos explícito que
inclui escolas para-estatais, comunitárias, não-governamentais, cooperativas,
organizações sociais, entre outras.

Que critérios são adotados para a identificação das instituições


educativas?

Bem, a princípio, a distinção realiza-se com base em aspectos singulares ou


combinados, tais como: perfil institucional do mantenedor (propriedade), natureza
jurídica, fonte principal de recursos, existência de contrapartida financeira para o
benefício que oferecem e assim por diante.

Na perspectiva jurídico-administrativa, o público identifica-se Na perspectiva


pela manutenção/gestão do poder governamental ou de entidades jurídico-
administrativa, o
de direito público e o privado pela gerência e propriedade de pessoas
público identifica-se
físicas ou jurídicas de direito privado. Todavia, há possibilidade de pela manutenção/
haver uma Instituição privada na Organização Pública, porque não é gestão do poder
o sujeito da atividade e nem a natureza dela que lhe outorgam caráter governamental
público ou privado, mas o regime jurídico que está submetido. ou de entidades
de direito público
e o privado
O Público aparece, amiúde, colado ao sistêmico, ao manifesto,
pela gerência e
ao formal, ao generalizável. Ao passo que o Privado, na esteira de sua propriedade de
etimologia, é vinculado a certo sentido de privação, ao que se encontra pessoas físicas ou
afastado ou isolado da sociedade pública e, simultaneamente, ligado jurídicas de
aos recursos próprios, isto é, ideia de propriedade, ao uso individual e direito privado.
doméstico, ao íntimo, ao que não está sujeito à intrusão de outros. Ou
seja, o privado é reservado para o secreto, o informal, o particular, o O planejamento
individual ou o interpessoal, e ainda para o poder oculto. institucional na
esfera pública ou
A multiplicidade de dimensões que atravessa a relação pública na privada, se
distingue pelo seu
e privada na área educacional vem assim exigir, cada vez mais,
viés ideológico
a atenção das instituições para que objetivem o foco para o bem (manutenção ou
comum. As questões ideológicas e de valoração, transpostas de forma transformação),
subjetiva no planejamento institucional devem ir ao encontro com o condutor de sua
coletivo, por meio da participação contínua dos envolvidos no processo missão, ou seja, a
de fazer o espaço escolar. Portanto, o planejamento institucional na quem e para quem
se aplica.
esfera pública ou na privada, se distingue pelo seu viés ideológico

23
Planejamento Institucional

(manutenção ou transformação), condutor de sua missão, ou seja, a quem e para


quem se aplica.

Algumas Considerações
Procuramos, a partir de aportes teóricos/práticos trazer a compreensão do
tema em questão: Planejamento Institucional na Esfera Pública e Privada. Para
isto, foi necessário abordar conceitos, história e a legislação pertinente para
clarificar este importante segmento deste Caderno de Estudos.

Os aspectos expostos e trabalhados ao longo deste capítulo nos ofereceram


subsídios para entender que planejar é antever ações futuras de forma ordenada,
metódica e sistemática. Não é um ato neutro, mas, permeado de intencionalidades
subjetivas e ideológicas. Influencia e é influenciado pela conjuntura histórica-
política e legal. A participação ativa na elaboração do Planejamento faz você um
ser na inteireza do fazer, ou seja, ser sujeito no e do processo. Caso contrário,
passa a ser objeto, passível de dominação, ou ser apenas um reprodutor de
ações sem a devida conscientização do que está fazendo. Conscientização do
sentido ideológico da ação.

O Planejamento Institucional é determinante na condução de seu lócus. Dele


resulta o crescimento ou o fracasso da organização. Nas Instituições das esferas
Pública e Privada, o Planejamento assume procedimento semelhante. O que
diverge, no entanto, é a ideologia por ele permeada. Saber se uma atividade é
pública ou privada é uma questão de verificar o seu regime jurídico.

Lembrar a diferença entre Planejamento, Plano e Programa irá facilitar


o saber/fazer o Planejamento Institucional. Pontuamos que o
planejamento é o suporte do seu trabalho, é o ato de pensar a ação,
Planejamento é
sem perder de vista o registro de pensamento, em um Plano. Sem
o suporte do seu
trabalho, é o ato ele, perdem-se a linha mestra e os instrumentos para perceber tanto o
de pensar a ação, crescimento do grupo, quanto o seu.
sem perder de
vista o registro de A princípio, parece que o planejamento remove o encanto do sonho
pensamento, em da realidade. Todavia, somente planejando poderemos considerar a
um Plano. Sem
realidade e dar forma às ideias e aos sonhos. O planejamento possibilita
ele, perdem-se a
linha mestra e os que a visão de futuro se torne realizável. Sem ele, estaremos sempre
instrumentos para partindo do zero. Sonhar é preciso, transformar é possível planejando
perceber tanto o a ação.
crescimento do
grupo, quanto No capítulo seguinte abordaremos o Planejamento Estratégico
o seu.
e o Planejamento de Desenvolvimento para a Educação - PDE. O
24
Capítulo 1 Planejamento Institucional:
Esfera Pública e Privada

primeiro, considerado um modelo empresarial, é questionada a sua aplicação nas


Instituições de Ensino. O PDE é a mais recente ‘novidade’ no contexto educacional
no século XXI, sendo um dos focos do Plano de Aceleração do Crescimento, na
Educação, no Governo Lula.

Referências
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.

CALAZANS; KUENZER; GARCIA. Planejamento e educação no Brasil. 3 ed.


São Paulo, Cortez,1996.

DALMÁS, Ângelo. Planejamento participativo na escola: Elaboração,


acompanhamento e avaliação. Petrópolis: Vozes, 1994.

GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis: Vozes,


1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 3 ed.


Goiânia, Editora Alternativa, 2001.

MENEGOLLA, Maximiliano; SANT’ANA, Ilza Martins. Por que Planejar? Como


planejar? – Currículo – Área – Aula. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-


pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

PINHEIRO, M. F. O Público e o Privado na Educação: um conflito fora de moda.


In. FÁVERO, O (org). A Educação nas Constituintes Brasileiras. 5 ed. São
Paulo: Cortez, 2001.

SANT’ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento


de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1998.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Plano de Ensino-


Aprendizagem e Projeto Educativo. São Paulo: Libertad, 2006.

ZAINKO, Maria Amelia Sabbag. O Planejamento como Instrumento de Gestão


Educacional: uma análise histórico-filosófica. In: Em Aberto/INEP. Brasília: 2000.
v. 17, n. 72, p. 125-40.

25
C APÍTULO 2
Planejamento Estratégico
na Educação

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os


seguintes objetivos de aprendizagem:

33 Conceituar Estratégia e Planejamento Estratégico.

33 Conhecer e apresentar as razões para a elaboração do Planejamento


Estratégico na Educação.

33 Identificar os princípios que norteiam o Plano de Desenvolvimento da Educação,


verificando a relação deste com o Planejamento Estratégico.

33 Demonstrar o processo de implementação do PDE e sua aplicabilidade na


escola.
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

Contextualização
No capítulo 1, enfocamos elementos introdutórios do Planejamento
Institucional com o propósito de situá-lo no panorama global deste Caderno
de Estudos. Os elementos de historicidade, bem como, os aspectos legais e
administrativos, proporcionaram encaminhamentos para uma profícua reflexão
acerca da importância de ser o sujeito no pensar/fazer o planejamento, tanto na
esfera pública como privada.

O presente capítulo tem a preocupação de discutir procedimentos de


planejamento estratégico inerente as Instituições, sejam elas de ensino ou de
produção material. O título sugere alguns questionamentos, pois não é comum
aplicar este tipo de planejamento na escola básica. Você deve estar inquirindo:
Não é esta uma metodologia empregada nas empresas e, portanto, adequada
às organizações voltadas para o capital com o intuito do lucro? Então, por que
adotar o Planejamento Estratégico – PE na escola?

Nosso intuito é apresentar algumas ideias básicas a respeito da natureza do


PE de modo a estabelecer um entendimento mais amplo sobre o mesmo, seus
elementos básicos e etapas, como forma de orientar a sua produção na Instituição
Educacional. Serão propostas algumas ações no sentido de aproximar o pensar e
o agir estratégico na escola. Sem essa interação, qualquer esforço desenvolvido
nessa área se limita a uma programação estratégica com benefícios, nem sempre,
eficientes para a melhoria do desempenho institucional.

Na realidade, Planejamento Estratégico – PE é mais uma


PE é mais uma
ferramenta que a escola possui para projetar ações de maneira ferramenta que a
previsível e mais segura. Este procedimento é sugerido no Plano escola possui para
de Desenvolvimento da Escola - PDE instituído na educação no projetar ações de
Governo Lula dentro do Programa de Aceleração da Economia – PAC maneira previsível e
mais segura.
como forma mais eficiente de se alcançar os objetivos nele previstos.
Para tanto, trataremos também, deste tema para o seu entendimento
e aplicabilidade.

Planejamento Estratégico:
Conceituação, Definição e
Relevância

A implementação do planejamento estratégico é muito recente no meio
29
Planejamento Institucional

escolar. A escola até então, vislumbrava somente o planejamento pedagógico,


com as questões relacionadas apenas aos aspectos de ensino e aprendizagem.
Outros enfoques da escola seguiam a reboque neste planejamento, sem muita
ênfase. A autora Andrade, (2004, p.11) em consonância com o afirmado, coloca
que, atualmente, essa situação mudou em virtude das grandes e contínuas
transformações do espaço político, social, técnico, científico-informacional, que
passaram a exigir um novo modelo de escola, um novo perfil de diretor-gestor.
A par disso, a escola também deverá lidar e se preocupar com as questões
organizacionais, seja ela particular ou privada.

Adequar a escola para acompanhar a “metamorfose ambulante” do mundo


informacional deve ser uma das preocupações primeiras do gestor na condução
da escola. Albuquerque (2002, p. 35) alerta que, “A rapidez das mudanças
tecnológicas, a globalização da economia e o acirramento da competição entre
empresas e entre países geram impactos significativos sobre a gestão das
organizações, levando à necessidade de repensar seus pressupostos
Planejar e modelos”.
estrategicamente
possibilita a gestão Essas mudanças são perceptíveis no nosso entorno devido à
educacional antever intensidade com que penetram e modificam o modo operante de
dificuldades,
nossas vidas. Elas interferem de forma incisiva na condução das
projetar possíveis
ações que visem instituições escolares, requerendo procedimentos dinâmicos de gestão
ao sucesso da educacional, com vistas à flexibilização, à contínua adequação e a lidar
instituição, calcular com o inesperado. Por estes motivos é necessário que conheçamos,
com maior precisão compreendamos e apliquemos na escola, o Planejamento
custos, despesas e Estratégico. Não como mais um documento, mas, como o documento
investimentos, estar
a ser construído pela comunidade escolar.
mais preparado
para conviver
num ambiente de Planejar estrategicamente possibilita a gestão educacional antever
mudanças rápidas dificuldades, projetar possíveis ações que visem ao sucesso da instituição,
e de intensa calcular com maior precisão custos, despesas e investimentos, estar
competição. mais preparado para conviver num ambiente de mudanças rápidas e de
intensa competição. Para tanto, é imprescindível que o Planejamento
Estratégico seja materializado nas diversas áreas que compõem estas instituições.
Ou seja, que o gestor escolar desenvolva ações que viabilizem a integração
entre o planejamento e sua implantação, entre o planejamento e o pensamento
estratégico e entre pensamento e ação estratégica.

Que estratégias? O que significa o termo estratégia?

30
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

O termo estratégia é originário da Grécia. Deriva-se da palavra estratego,


que significa general, cargo de um comandante de armada, uma espécie de
ministro da guerra da antiga Atenas. Segundo Houaiss (2001, p. 1261) estratégia
é “[...] a arte de coordenar a ação das forças militares, políticas, econômica e
morais simplificadas na condução de um conflito ou na preparação da defesa de
uma nação ou comunidade de nações”.

É um termo que deve ser levado a efeito não somente num campo de guerra,
com o intuito de derrotar o inimigo; mas, em todo contexto que se necessita
vencer desafios. Colombo (2004, p.18) reforça que este “É o caminho ou a
maneira considerada adequada para alcançar, de forma diferenciada, os desafios
estabelecidos”. Estrategicamente a instituição utiliza seus pontos fortes e fracos,
existentes e potenciais para que seus objetivos sejam atingidos, levando em conta
as oportunidades e contexto em que está inserida. Neste sentido, o saber/fazer o
caminho é um indicativo da possibilidade da chegada.

Mas, cuidado para não confundir as ações estratégicas com as ações de


rotina da escola. As Estratégicas são as ações previstas com início, meio e fim,
voltadas para o objetivo de melhorar o desempenho da escola. E, Rotinas são
aquelas que realizamos continuadamente na escola, por exemplo, matrícula
dos alunos, emissão de transferências, limpeza. Pode-se, no entanto, pensar
estrategicamente um modo de oferecer maior qualidade aos serviços que são
prestados à escola.

Aliando à compreensão mais elaborada de estratégia, procuramos a seguir,


apresentar alguns conceitos de Planejamento Estratégico, na tentativa de ampliar
o entendimento e socializá-lo no cotidiano institucional, onde a escola, frente ao
panorama volátil que descrevemos anteriormente, não poderá furtar-se desta
produtiva e eficiente tarefa.

Estabelecer parâmetros comparativos entre os conceitos


O planejamento
apresentados por alguns autores, remete-nos à reflexão exata do estratégico é o
saber/fazer, ou seja, o tema em estudo. Partindo deste pressuposto, esforço disciplinado
dizemos que não há conceitos certos ou errados, mas, que há e consistente,
conceitos que expressam a mesma realidade com uma ótica diferente. destinado a
produzir decisões
fundamentais e
Na opinião de Luck (2000, p.10), “o planejamento estratégico é
ações que guiem a
o esforço disciplinado e consistente, destinado a produzir decisões organização escolar,
fundamentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo em seu modo de ser
de ser e de fazer, orientado para resultados com forte visão de futuro.” e de fazer, orientado
É possível observar neste conceito a ênfase ao processo disciplinador para resultados com
forte visão de futuro.
do trabalho, a seriedade que a ele deve ser desprendido.

31
Planejamento Institucional

Colombo (2004, p. 17), considera “Planejamento Estratégico um importante


instrumento de gestão que auxilia, consideravelmente, o administrador
educacional em seu processo decisório na busca de resultados mais efetivos e
competitivos para a instituição de ensino”.

Daft, (1999,p.129.) nos oferece um conceito mais amplo e pormenorizado,


em que afirma que o

O planejamento plano estratégico é um esquema que define as atividades das


estratégico tende organizações e a elaboração de recursos na forma de capital,
a ser de longo de pessoal, de espaço e de instalações exigidas para se atingir
prazo e deve definir esses alvos. O planejamento estratégico tende a ser de longo
as ações para os prazo e deve definir as ações para os próximos dois a cinco
próximos dois a anos. O planejamento é transformar as metas da organização
em realidade dentro desse período de tempo.
cinco anos.

Conforme sustentam os autores, acima citados, as escolas precisam ser


administradas estrategicamente para que vislumbrem seus objetivos, estratégias
e metodologias que devem ser adotadas de acordo com a instituição e suas
especificidades. Qualquer que seja a metodologia a ser empregada, deve prever
ações fortemente sintonizadas com o momento histórico da instituição.

A metodologia processual do Planejamento Estratégico servirá para identificar


as ações que irão garantir um potencial de excelência no desempenho da escola. A
forma mais eficaz de se construir um plano estratégico é por meio do Planejamento
Participativo, conforme já discutimos no 1º. Capítulo, que é o procedimento
que envolve e agrega sugestões e contribuições dos diversos segmentos da
comunidade escolar, com definição clara de funções e responsabilidades.

Assim, o desafio inicial do dirigente envolvido na implantação de práticas


inovadoras na sua realidade é definido como uma visão de futuro integrada e
flexível. Lembrar que o plano é dinâmico e que o planejamento estratégico não
pode “engessar” a instituição, ao contrário, deve prepará-la para responder pro-
ativamente à dinâmica do ambiente e ao sujeito que pretende formar.

O Planejamento Estratégico envolve uma reflexão ampla e aprofundada sobre


a organização, iniciando pela definição da missão, da visão e de estratégias
organizacionais, incluindo a definição de objetivos, finalidades, metas e diretrizes
organizacionais. Ou seja, ao planejar estrategicamente, percebe-se claramente, o
porquê e para quê a instituição existe, o que ela faz e como faz.

Ao definir a missão da escola, deve-se ter claro o motivo pelo qual ela foi
criada, tendo presente as novas exigências do mundo atual; e, se questionar:
Quem somos nós? O que fazemos? E por que fazemos o que fazemos? Estas
três questões auxiliarão na identificação real da escola, a missão; que funciona
como uma espécie de “pano de fundo” da instituição.
32
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

A visão, outro aspecto importante a identificar, é composta pelo modo como


a instituição/escola se projeta, como se vê, estabelecendo uma análise interna.
Sem perder de vista a oportunidade, analisando as situações favoráveis e
desfavoráveis, deve-se elaborar uma análise externa.

Toda a instituição de ensino precisa ter bem clara a sua filosofia, composta
pela missão e a visão, cujos princípios e valores devem estar internalizados
por todos que fazem parte do processo educativo. O sucesso ou o fracasso da
instituição de ensino está muito ligado ao que ela acredita e naquilo que transmite
para a comunidade.

Fundamentos Teóricos e Práticos


do Planejamento Estratégico
como Ferramenta para Gestão da
Educação Institucional
Historicamente, a construção de Planejamento Estratégico é recente. Passou
a ser assimilado e utilizado nas empresas comerciais e industriais a partir de 1950
e mais tarde por outros tipos de organizações, como as de educação superior.
Atribuíam os problemas de administração à ausência de um instrumento que
fosse capaz de antever problemas e de propor possíveis soluções para enfrentar
e vencer os desafios.

A partir dessa necessidade, que foi concebido o Planejamento Estratégico,
como um processo pelo qual uma coletividade estabelece uma opção e um
compromisso por transformar uma dada realidade. Tornando-a mais significativa
pela adoção de novas formas de agir e o de largo alcance. Sua efetivação,
entretanto, deve estar assentada na metodologia participativa delineada na
literatura sobre planejamento participativo. É no nível estratégico que as questões
operacionais ganham significado. Se os planejamentos são feitos de modo
participativo, assegura-se a compreensão e o comprometimento das pessoas.

33
Planejamento Institucional

Considerando que o planejamento e os seus modelos devem ser


específicos de cada escola, expomos a seguir algumas etapas que podem
ser adaptadas conforme a realidade da escola pública ou privada. O primeiro
passo é o diagnóstico. Esta etapa oferece subsídios necessários para verificar
como está a instituição. É a reflexão inicial. Com base nas indicações de
Colombo, (2004) discutiremos detalhadamente esse processo de elaboração
do Planejamento Estratégico que se constitui dos seguintes momentos:
Diagnóstico Estratégico, Estratégia – foco e posicionamento, Desdobramento
e Ativação.

a) Diagnóstico Estratégico

O diagnóstico estratégico é o primeiro passo do processo de planejamento


e através dele que a organização irá obter informações que direcionará todo o
trabalho. O diagnostico estratégico divide-se em dois momentos: o de fundamentos
e o de análise e alinhamento.

Os Fundamentos do Planejamento estratégico são:

• Negócio: Negócios consistem no conhecimento profundo dos pontos fortes da


base competitiva da escola e no entendimento do principal benefício esperado.

• Missão: É o norte. É a razão de ser da instituição de ensino no seu negócio.


É um forte componente para a estruturação do planejamento estratégico,
servindo de alicerce para o seu desenvolvimento.

• Princípios: Pode–se dizer que constituem a carta magna da instituição. São


os compromissos assumidos pela instituição de ensino e servem de base para
as estratégias, ações e decisões. Somente serão válidos se forem adotados
e praticados por todos, portanto, devem ser concisos e simples. Exemplos:
Compromisso com a qualidade. Responsabilidade social. Ética em todas
as ações.

Fazem parte dos fundamentos da análise e alinhamento os seguintes
aspectos:

• Análise do ambiente: São visões consistentes do que poderá ser o amanhã.


Não devem ser conclusivas, pois não são fatos, apenas instrumentos de
diagnóstico. É o processo de identificação de oportunidades, ameaças,
forças e fraquezas que afetam a organização no cumprimento da sua missão.
Este processo deve observar três momentos: os fatores internos, os fatores
externos, a concorrência e a quem serve.

34
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

• Competências competitivas: “Competência não é um estado, e sim um


processo de transformação e de refinamento contínuo” (COLOMBO 2004, p,
24). Consiste na mobilização do saber/fazer/ser/querer. A inovação deve ser
o valor máximo e envolver uma profunda competência da instituição de ensino.

• Alinhamento: Todos os dados adquiridos nos fundamentos e na análise, não


podem ser considerados isoladamente, devem ser conectados formando um
conjunto de aspectos que nortearão a composição da estratégia.

Se você deseja saber mais sobre estratégias, indicamos o livro:

CLAVEL, J. A Arte da Guerra: Sun Tzu. Rio de Janeiro: Record,


2000.

“Se conhecemos o inimigo (ambiente externo) e a nós mesmos


(ambiente interno), não precisamos temer o resultado de uma
centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo,
para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos
nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas” (Sun Tzu).

b) Estratégia: foco e posicionamento

A importância da estratégia está diretamente alinhada ao foco e


posicionamento, que são: visão, perspectivas equilibradas, objetivos, indicadores,
metas e estratégias competitivas.

• Visão: É projetada de maneira coletiva e deve representar a aspiração maior


da instituição, por exemplo: Ser referencial de excelência na educação infantil;
Tornar-se a maior instituição de ensino na Região; ou ainda, Ser uma escola
presente, auto-sustentável, referência para as demais escolas, contribuindo
para a formação de pessoas íntegras, competentes e socialmente respeitáveis.

• Perspectivas equilibradas. Formam o direcionamento e o foco de atenção.


São cinco as perspectivas:

- Financeira: O Planejamento estratégico e o orçamento anual devem


caminhar juntos, pois cada instituição encontra-se numa base financeira
35
Planejamento Institucional

específica e os objetivos futuros não podem perder isto de vista.

- Cliente e mercado: Identificação do público-alvo da escola é altamente


relevante para se estabelecerem estratégias seguras. É recomendada a
utilização de pesquisas para saber o que o cliente e o mercado esperam
para tomar decisões precisas e resultados mais efetivos.

- Processos internos: Cabe ao gestor educacional analisar em quais


processos críticos deve buscar alcançar e manter a excelência para
se destacar perante o mercado. Cabe fazer questionamentos, definir
e mapear toda a cadeia de valores da instituição de ensino. Deve
concentrar-se em seus pontos fortes, não ignorar suas deficiências, mas
sim, potencializar as competências.

- Tecnológica: O gestor deve estar atento a todas as tendências


e inovações tecnológicas, pois é um diferencial na concorrência.
É relevante o gestor considerar: Qual é a vida útil dos diversos
equipamentos em uso na instituição? Os profissionais da educação
e da administração estão capacitados? Precisarão de novas
qualificações?

- Aprendizado e crescimento: A instituição de ensino deveria ser como


uma empresa, um modelo de aprendizagem para toda a comunidade. É
importante incluir nos objetivos, ações como investimentos e reciclagem
da equipe acadêmica.

• Objetivos Estratégicos: Os objetivos devem constituir um desafio, portanto,


é recomendável apresentarem certo nível de dificuldade e de exigência. Não
podem ser inatingíveis, pois causaria frustração aos profissionais envolvidos.
Outro aspecto a ser considerado é com relação ao custo para a concretização
dos objetivos, e analisar a proporcionalidade perante o benefício a ser obtido.
Os objetivos precisam ser priorizados; pois, orientam o processo decisório.

• Indicadores: Os indicadores servem de estímulo e mobilização para as mudanças.


Não se devem criar muitos indicadores, apenas aqueles mais relevantes para a
escola. É melhor ter poucos indicadores, mas que agregam valor à estratégia, a
ter muitos, perdendo-se um precioso tempo na coleta de dados.

- Indicadores Operacionais: comuns em rotinas, como por exemplo:


número de horas de capitação; quantidade de professores com
especialização, mestrado; Índice de acidente de trabalho, de falta,
entre outros.

- Indicadores de Resultados: direcionados para o desempenho global

36
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

da organização. Exemplo: Índice de aumento do número de alunos;


índice de evasão; lucratividade; índice de satisfação dos clientes.

• Metas: A quantificação do que deve ser alcançado em determinado prazo.


As metas podem ser de curto, médio ou longo prazo para os indicadores, os
gestores educacionais projetam o que vai ser alcançado e quando (limite), bem
como, assumem o compromisso e reiteram a responsabilidade de alcançar a
visão estabelecida pela organização.

• Estratégias Competitivas: Abrange a análise do que fazer e também do que


não fazer para alcançar os objetivos. Para cada estratégia é interessante
considerar sua possível eficácia nos cenários que foram levantados na etapa
de análise de ambiente. O gestor educacional, ao fazer escolhas estratégicas,
deve considerar o impacto e as consequências que elas trarão ao próprio
segmento educacional, a longo prazo. É necessário verificar se as estratégias
estão sintonizadas com a visão de futuro. Lembre-se que a estratégia não deve
ser considerada como único fator determinante para o sucesso ou fracasso da
instituição de ensino.

c) Desdobramento e ativação

Outro aspecto importante na gestão escolar é o desdobramento e ativação,


em que são apresentados o plano de ação, a consistência e aprovação, divulgação
e implementação.

• Plano de ação: Segundo Colombo (2004, p.33), os planos de ação “[...]


prevêem atividades programadas contendo o detalhamento de como
deverá ser realizada e concretizada a estratégia para atingir o objetivo. É o
desdobramento da estratégia para as diversas áreas da empresa a curto,
médio e longo prazo”. Cabe ao gestor educacional determinar as áreas de
ação e as respectivas equipes prevenindo possíveis conflitos interpessoais.

• Consistência e aprovação: Geralmente é nesta etapa, após a elaboração


dos planos de ação e a verificação da consistência, que se providencia a
documentação para a devida homologação.

• Divulgação: Os objetivos a serem alcançados precisam ser comunicados


a todos o membros da equipe para que a estratégia da escola seja bem
sucedida.

• Implementação: A estratégia precisa ser posta em prática. São várias as


barreiras que as instituições de ensino encontram ao direcionar seus esforços

37
Planejamento Institucional

para colocar em prática o que foi desejado. Exemplos: falta de clareza


Com o foco e entendimento dos profissionais quanto à visão; desperdício de tempo
obtém-se a atenção
ao realizar ações ineficazes. É preciso motivar a equipe e deixar
centrada nos
objetivos; com muito claro o que se deseja. Para diminuir as barreiras e superar os
a determinação, obstáculos é preciso preservar o foco e a determinação. Com o foco
surge a energia, obtém-se a atenção centrada nos objetivos; com a determinação, surge
manifestada a energia, manifestada no vigor, no compromisso do profissional.
no vigor, no
compromisso do
profissional.
d) Controle

Na gestão escolar é necessário um controle sistemático, acompanhando


e participando ativamente no desenvolvimento dos trabalhos, realizando
comparações entre situações alcançadas e previstas para assegurar-se de forma
mais efetiva o desempenho a ser alcançado.

e) Aprendizado

Ao melhorar o processo ou inovar a sistemática de se fazer bem feito, os


gestores levarão a instituição a patamares superiores de excelência, permitindo,
com isso, conduzi-la à liderança de mercado.

Sobre a Gestão da Qualidade leia:

COLOMBO, Paulo Heitor. Gestão da Qualidade no Sistema


Instituição de Ensino. In: COLOMBO, Sônia Simões. Gestão
educacional: uma nova visão. Porto Alegre: Artmed, 2004, Capítulo
3, p. 51-66.

38
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

Atividades de Estudos:

1) Escreva a Missão, a visão, e os princípios da escola em que


trabalha ou ainda, de uma escola que já trabalhou, ou que
conhece.

a) MISSÃO:___________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

b) VISÃO:_____________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
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c) PRINCÍPIOS:________________________________________
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2) Para a escola permanecer “viva” é necessário se adaptar às


regras do jogo do momento, com respostas cada vez mais
rápidas, eficazes e flexibilizar-se para a mudança. Neste sentido,
comente o que afirmou Tito Lívio, cônsul romano: “Em tempo de
emergência e dificuldade, o plano mais ousado é sempre o mais
seguro”.
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39
Planejamento Institucional

A fim de se planejar estrategicamente, é preciso levar em consideração os


seus elementos e suas etapas, que delineamos no decorrer desta seção. A seguir,
apresentaremos o Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE do FUNDESCOLA,
que explicita também, as etapas e orienta o seu processo de elaboração.

Plano de Desenvolvimento da Escola


- PDE
O Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE faz parte do Programa de
Aceleração de Crescimento – PAC. É um Programa do Governo Federal Brasileiro
lançado em 28 de janeiro de 2007, que engloba um conjunto de políticas
econômicas planejadas para os quatro anos seguintes. Tem como objetivo
acelerar o crescimento econômico do Brasil, prevendo investimentos de 503
bilhões de reais até 2010, sendo uma de suas prioridades a infra-estrutura, como
portos e rodovias.

Mas o que é o PDE? Qual a sua relação com a escola?

O PDE é um plano voltado para a educação, também conhecido como “PAC


da Educação”. Tem como objetivos a qualidade e universalização. Qualidade no
tocante à elevação do nível de escolaridade da população, à melhoria da qualidade
do ensino em todos os níveis, à democratização da gestão do ensino público,
à valorização dos profissionais da educação, desenvolvimento de sistemas de
informação e da avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. E, a
universalização visa à redução das desigualdades sociais e regionais no tocante
ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública na Educação
Básica e Superior.

É importante que fique bem claro, o Plano de Desenvolvimento da


PDE é uma ação Educação – PDE é uma ação governamental composto de diretrizes
governamental que as instituições de ensino básico e superior, deverão estar em
composto de sintonia por meio de um processo gerencial que resultará na construção
diretrizes que as
do Planejamento estratégico.
instituições de
ensino básico e
superior, deverão O PDE, como Processo de gestão, passa a ser o resultado do
estar em sintonia trabalho da comunidade escolar; pois, encontra no seu ambiente as
por meio de um informações necessárias à tomada de decisão, a respeitar as propostas
processo gerencial da escola e ser instrumento para a gestão democrática.
que resultará na
construção do Os Princípios que fundamentam o PDE são:
Planejamento
estratégico.
­- liderança efetiva do Diretor;

40
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

- trabalho em equipe;
­
- decisões com base em fatos e dados;
­
- capacitação da equipe para trabalhar com a metodologia;
­
- suporte técnico da Secretaria;
­
- transferência de recursos financeiros para as escolas.
O PDE é um
Um dos grandes objetivos do Ministério da Educação, com instrumento guia
relação ao PDE, é de mostrar à sociedade o que se passa dentro e para a gestão.
fora da escola e realizar uma ampla prestação de contas. É importante Auxilia a escola
a participação da sociedade nesse processo, tanto no planejameto na implantação
com a gestão da escola, como no controle e avaliação das ações do ou revisão do seu
governo nessas iniciativas do MEC. O Compromisso de Todos pela Projeto Político
Educação deu o impulso a essa ampla mobilização social. Pedagógico,
Planejamento
O PDE é um instrumento guia para a gestão. Auxilia a escola Estratégico, na
na implantação ou revisão do seu Projeto Político Pedagógico, organização de
seus Conselhos e
Planejamento Estratégico, na organização de seus Conselhos e
no planejamento da
no planejamento da formação continuada dos profissionais da e na
formação continuada
escola. Para a elaboração e execução do PDE é necessário um grupo dos profissionais da
de sistematização, responsável pela organização das discussões, o e na escola.
Conselho Escolar e uma Equipe interna da escola.

Etapas de Implementação do PDE:

Figura 1 – Etapas de Implementação do PDE

Fonte: BRASIL. FNDE-DIPRO – Diretoria de Assistência


a Programas Especiais-Fundescola (2009).

41
Planejamento Institucional

Sobre as etapas de implementação do PDE, a preparação


é o primeiro momento. Esta etapa compreende o conhecimento
do processo de elaboração e a mobilização para a ação. Grande
parte das informações necessárias está disposta no Projeto Político
Pedagógico – PPP e no Planejamento Estratégico da Escola. A
partir daí, seguem-se as etapas conforme sequência cronológica
elencada na figura anterior. Observe que é um processo circular de
retroalimentaçao, que ao concluir o ciclo, retorna ao processo inicial.

Para possibilitar aos profissionais da educação um contato


mais direto com o PDE, foi disponibilizado quites para as escolas
compostos de 02 manuais do PDE, 01 manual de orientação
financeira, 01 caderno de estudo de caso, 01 DVD instrucional e um
folder. Verifique na escola este material e tome conhecimento do todo
para ampliar sua compreensão.

O PDE serve como referencial maior da unidade escolar. Nele está contido
o conjunto das ações da escola, incluindo o Projeto Político Pedagógico e o
cálculo dos recursos financeiros necessários ao desenvolvimento do plano.
É um processo coordenado pela direçao da escola e conta com
a participaçao dos profissionais que atuam no estabelecimento, a
A consolidação
dos diversos PDEs critério do gestor. A consolidação dos diversos PDEs por delegacias
por delegacias regionais de ensino e regiões socioeconômicas dos estados constitui a
regionais de principal base do planejamento estratégico plurianual e do orçamento
ensino e regiões do programa anual das secretarias de educação. O PDE é elaborado
socioeconômicas para um período de cinco anos e aprovado pelo colegiado escolar.
dos estados
Este Colegiado deve ser composto pela representatividade do grupo
constitui a
principal base de professores, alunos, funcionários, direção, especialistas, técnicos
do planejamento e pais.
estratégico
plurianual e do Para a concretização de muitas medidas do PDE, as escolas
orçamento do necessitam identificar as metas e ações que a viabilizarão, indicando
programa anual das
para cada ação os recursos necessários para a sua execução. Ou seja,
secretarias
de educação. o agente ou a linha de crédito de que a escola dispõe para financiar
a execução da ação. As metas e ações selecionadas poderão ser

42
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

financiadas com os recursos do MEC/FNDE. Mas, para os recursos serem


liberados, faz-se necessário, que os Planos de Aplicação sejam aprovados pelo
Conselho Escolar e Secretaria; e, os municípios têm de ter aderido ao Programa
de Dinheiro Direto na Escola – PDDE e estarem cadastrados no Sistema de
Assistência à Educação - SAE. Ações pedagógicas, de gestão e de infra-estrutura,
propostas no PDE, podem ser financiadas com recursos do MEC/FNDE.

Este aporte nos faz refletir sobre um importante segmento da escola, que fica
a mercê da vontade política dos governantes, principalmente nas escolas públicas,
para que haja cursos de aperfeiçoamento de formação continuada. É possível
planejar para realizar na escola onde atua, juntamente com outras mais próximas,
um curso para sanar deficiências constatadas nos planejamentos realizados na
escola – PPP, PDE ou PE financiados com verbas federais. Conheça de perto o
PDE/Escola que está no seu local de trabalho e “mãos à obra”.

É imprescindível, neste momento, que a instituição de ensino tenha


conhecimento e discuta todas as medidas e ações estabelecidas pelo PDE para
que ela seja, não apenas objeto, mas, sujeito e agente da mudança. Lançado
há pouco mais de um ano, o Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE
impressiona pelos números. É composto de mais de 50 programas, o que torna
difícil resumir neste capítulo.

Para saber mais sobre o PDE, acesse:

http://portal.mec.gov.br/

http://campconsultoria.com.br/forumcamp/downloads/Forum_Gestao/
CGE%20-%20Estudo%20Dirigido%206/pde_escola-recorte.pdf

Dentre todas as medidas adotadas pelo PDE citamos aqui algumas:

­- PROVA BRASIL.
­
- Programa Mais Educação.
­
- Novo censo escolar (educacenso).
­
- Olimpíada Brasileira da Língua Portuguesa.
­
- Programa caminho da escola.

43
Planejamento Institucional

­- Provinha Brasil.
­
- Programa Olhar Brasil.
­
- Unidade de professor-equivalente.
­
- Coleção sobre a obra de educadores.
­
- Programa Incluir.
­
- Laboratório de Informática para todas as escolas públicas.
­
- Pl 619- Piso salarial para profissionais do Magistério.
­
- Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).
­
- Programa Saúde da Família.
­
- Pl Lei do Estágio.
­
- Brasil Alfabetizado.

Atividade de Estudos:

1) Após a leitura deste capítulo, questionamos: quais suas conclusões


sobre o PDE? Qual sua importância para o desenvolvimento da
educação? Qual a possibilidade de ser elaborado, na escola, os
seus objetivos? Enfim, exponha sua opinião com base crítica de
quem possui conhecimento do assunto.
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44
Capítulo 2 Planejamento Estratégico na Educação

Algumas Considerações
Este capítulo abordou enfoques pertinentes ao atual momento em que
vivemos. Período de turbulência devido à velocidade que recebemos novas
informações, a mutação de procedimentos e a urgência do que fazemos nos
atropelam provocando, muitas vezes, danos irreparáveis. Parece catastrófica esta
conclusão, no entanto, a escrita não tem esta intenção. E sim, de reconhecer no
Planejamento Estratégico o grande parceiro para conquistarmos o sucesso da
Instituição Educacional.

Porém, para que o Planejamento Estratégico produza resultados concretos


é necessário que haja a integração entre as ações de formulação e as de
implementação. Prever um plano de ação que inclua o que, o como, o quando
será realizado e quem dinamizará o processo, o estabelecimento dos prazos de
execução, com as respectivas implicações financeiras da implementação e a
definição de indicadores, que permitirão o devido acompanhamento e avaliação.
Sem esta integração, torna-se difícil a Instituição conviver num ambiente
competitivo e dinâmico e, ao mesmo tempo, cumprir a missão institucional.

O ponto de partida, para uma mudança sólida, é o “querer” do corpo diretivo.


Que, por sua vez, promoverá o engajamento de todos os integrantes da instituição.
Em última análise, são as pessoas que irão garantir o sucesso da implementação
de novas propostas e, com isto, a permanência da instituição no sistema e o
devido cumprimento de seu papel na sociedade.

O planejamento estratégico deverá ser paulatinamente, introjetado e


absorvido na vida das escolas. Mesmo os que demonstram resistência na
aceitabilidade do PDE, confessam que as suas exigências e seu controle
de execução, impostos pela secretaria de educação, fez com que ele fosse
internalizado pelos gestores das unidades escolares. O PDE conseguiu seu
intento, que foi introduzir nas escolas brasileiras as práticas do planejamento
estratégico. Mesmo sendo concebido por instâncias externas à escola (Banco
Mundial/Fundescola), sem a participação da mesma, o PDE implementou um
novo modo de ser e de agir na gestão e na organização escolar.

O PDE, de forma geral, é a trajetória que a escola, com seus mecanismos


de participação e envolvimento, traça para si mesma, tendo por base a avaliação
de sua identidade. O plano tem por base as finalidades da escola, a avaliação
do aprendizado dos alunos, suas finalidades e as expectativas e consenso da
comunidade escolar. É uma das formas de a escola exercer sua autonomia. É
também, o instrumento que credencia todas as demandas da escola referentes à
sua gestão pedagógica, aos seus recursos humanos, à sua infra-estrutura e aos
seus recursos materiais. Define a situação em que a escola deseja estar ao final
de cinco anos, em termos de eficiência e rendimento dos alunos, do processo

45
Planejamento Institucional

de ensino-aprendizagem a ser utilizado, das melhorias a serem


As mudanças introduzidas na infra-estrutura, dos serviços de apoio aos alunos, e dos
na educação
processos administrativos e financeiros.
não acontecem
apenas por obra
de Decretos, mas As mudanças na educação não acontecem apenas por obra
principalmente, de Decretos, mas principalmente, pelo conhecimento e discussão
pelo conhecimento do que está sendo oferecido e pelo poder de intervir e interagir no
e discussão do seio da Instituição Educacional, por meio do Planejamento de suas
que está sendo Ações, conquistando sua autonomia. Acreditamos ser a educação
oferecido e pelo
“chave mestre” da construção de uma sociedade mais solidária, mais
poder de intervir
e interagir no seio organizada, mais justa, e com a consciência de seus direitos e deveres.
da Instituição
Educacional, No capítulo seguinte, abordaremos outra importante modalidade
por meio do de Planejamento: Projeto Político Pedagógico. Estabeleceremos uma
Planejamento relação reflexiva entre os objetivos, elaboração, princípios que norteiam
de suas Ações, o Projeto Político Pedagógico - PPP e o que acabamos de apresentar
conquistando sua
neste capítulo sobre o PDE.
autonomia.

Referências
ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. A Gestão Estratégica de Pessoas. In:
FLEURY, Maria Tereza Leme (Org.). As Pessoas na Organização. São Paulo:
Gente, 2002.

ANDRADE, Rosamari Calaes (Org.). Introdução: gestão da escola. In: ACURCIO,


Marina Rodrigues Borges (coord.). A gestão da Escola. Porto Alegre/Belo
horizonte: Artmed/Rede Pitágoras, 2004. (Coleção Escol em Ação; 4).

BRASIL. FNDE-DIPRO. Programa Nacional de Formação Continuada a Distância


nas Ações do FNDE. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/home/index.
jsp?arquivo=formacao_pela_escola.html>. Acesso: 20 fev. 2009.

COLOMBO, Sônia Simões. Gestão educacional: uma nova visão. Porto Alegre:
Artmed, 2004.

DAFT, Richard L. Administração. Rio de Janeiro: Editora S.A, 1999.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Objetiva, 2001.

LUCK,Heloisa. A aplicação do planejamento estratégico na escola, Gestão


em Rede, p. 8-13,19 de abr. de 2000.

46
C APÍTULO 3
Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Conceituar Projeto Político Pedagógico – PPP e justificar a importância do


trabalho coletivo na sua construção.

33 Desencadear o processo de construção do PPP.

33 Investigar os diferentes procedimentos de elaboração do PPP na escola.

33 Analisar a relação entre o PPP, PE e o PDE.


Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

Contextualização
No capítulo anterior, discutimos sobre importantes ferramentas para
desenvolver com sucesso a gestão da Instituição Educacional, o Planejamento
Estratégico e o PDE. Neste capítulo, procuraremos focar o Projeto Político
Pedagógico como foi concebido, implantado na escola e sua relação com o PDE.

A construção do Projeto Político Pedagógico – PPP – pelas


A construção do
Instituições Educacionais é uma necesidade sem precedência, além Projeto Político
de ter na Lei de Diretrizes e Bases – LDB Nº 9.394/96, nos artigos 12, Pedagógico – PPP
13 e 14 a obrigatoriedade desta ação. – pelas Instituições
Educacionais é uma
necesidade sem
Planejar os passos da escola representa um desafio para a escola,
precedência, além
seja por meio de planejamento estratégico ou pelo Projeto Político de ter na Lei de
Pedagógico. Esta ação demanda tempo, compromisso e participação Diretrizes e Bases
da comunidade escolar. Há décadas, a principal atenção da escola – LDB Nº 9.394/96,
se voltava aos seus métodos, hoje, são seus fins, uma das maiores nos artigos 12, 13 e
14 a obrigatoriedade
preocupações. Ela passa a se questionar sobre seu real “papel nesta
desta ação.
sociedade pós moderna, caracterizada pela globalização da economia
e das comunicações, pelo pluralismo político, pela emergência do
poder local” (GADOTTI,1994, p. 1).

É nesse contexto de globalização, de pluralismo político e de multiculturalismo


que se faz necessário pontuar a importância do PPP nas escolas. Você deve
estar se questionando: Por que devo estudar novamente o PPP se foi visto
exaustivamente no meu curso de licenciatura? Não há uma resposta singular a
este questionamento, mas, inúmeras justificativas para reforçar a necessidade de
discutirmos continuadamente esta importante modalidade de planejamento dos
aspectos pedagógicos, administrativo e comunitário da e na escola.

É importante que você perceba na discussão, no diálogo, no compartilhamento
de idéias que essa é a maneira ideal de se observar as falhas que efetuamos no
processo, de conhecer o ponto de vista dos envolvidos na comunidade escolar e de
se atingir o sucesso na Instituição coletivamente, partilhando responsabilidades.

Como este tema já é conhecido por quem está em contato com Instituições
de Ensino, ficará mais prazerosa e produtiva a leitura e estudo deste capítulo,
uma vez que, será muito mais um reforço aos objetivos propostos e um relembrar
de teorias estudadas.

49
Planejamento Institucional

Projeto Político Pedagógico: Uma


Reflexão Necessária
Planejar é a palavra de comando para quem quer manter-se vivo no tempo
de profundas e constantes mudanças. É esta ação que nos lançará a antever
desafios futuros e nos preparar para transpô-los. O planejar valoriza a nossa
atividade, a nossa ação. E, a escola não pode abster-se do planejamento e do
plano: Plano de trabalho, Plano Geral da Escola, Plano de aula, Projeto Político
Pedagógico. Pelo que vimos no capítulo 1 os planos sempre são fundamentais
ao crescimento.

A sociedade contemporânea é uma sociedade em constante mudança,


por isso, é necessário que o processo educativo acompanhe essa sociedade
do conhecimento. Na medida em que se vão compreendendo os problemas
educacionais que persistem no cenário nacional, é possível construir o caminho
para a mudança na educação. Com isso, cresce a reivindicação, da escola pela
autonomia contra toda forma de uniformização e o desejo devido à marca mais
significativa do nosso tempo, o multiculturalismo.

O ato de refletir sobre as atitudes vivenciadas é vital à instituição.


Nem sempre a
execução dos Nem sempre a execução dos planos ocorre conforme o planejamento
planos ocorre inicial, por isso são flexíveis. É sempre preciso rever, discutir e retomar.
conforme o O enriquecimento das ações é proveniente dessa “ginástica” do pensar-
planejamento repensar, refazer os planos e retomar a caminhada.
inicial, por isso
são flexíveis.
Os gestores precisam do apoio da comunidade para planejarem
e executarem os planos. O planejamento é o ponto de partida e a
avaliação tem de ser constante, auxiliando na “arrumação da casa”. Segundo
Veiga (2001), a escola é o lugar da concepção, onde é realizado e avaliado o
projeto educativo e, portanto, é imprescindível que ela assuma a responsabilidade
e também reivindique nas instâncias superiores as condições necessárias para
seu desenvolvimento.

Gadotti, (1994, p. 2) coloca que, “não se constrói um projeto sem uma


direção política, um norte, um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola
é também político”. Vale ressaltar que o PPP é um processo inconcluso e que
permanece como horizonte da escola.

50
Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

Atividade de Estudos:

1) O primeiro objetivo desta seção é “Conceituar Projeto Político-


Pedagógico e justificar a importância do trabalho coletivo na sua
construção”. Com base nas informações obtidas ao longo do
curso de graduação e da vivência na unidade escolar, procure
explicar o seu entendimento a respeito deste objetivo.
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A conceituação baliza o entendimento. Neste sentido, podemos dizer que o


Projeto Político- Pedagógico, segundo Vasconcellos (2006, p. 170), recebe outras
denominações, embora, nem sempre com o mesmo sentido, vejamos: proposta
pedagógica; projeto educacional; projeto de estabelecimento; plano diretor;
projeto de escola e projeto educativo. Este desencontro de nomenclaturas para a
mesma ação está também contido na Lei – Nº. 9.394/96, nos artigos 12,13 e 14.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96, a Instituição escolar tem


autonomia para que o Projeto Político-Pedagógico aconteça. Isto é assegurado
no art.15, Título IV: “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira observadas as normas gerais
de direito financeiro público”. (BRASIL, 1996).

Na realidade, sendo Projeto ou Proposta é o plano global da instituição. É o


norte para onde deve seguir a Instituição. “No sentido etimológico, o termo vem
do latim projectu princípio passado do verbo projicere, que significa lançar para
diante” (FERREIRA, 1975, p.1.144).

O PPP pode ser como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de


Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que
define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar.

51
Planejamento Institucional

Importantes estudiosos da temática definem PPP. Escolhemos dois, que


de maneira clara e objetiva, possibilitam-nos uma melhor compreensão. Veiga
(2001, p.110) o considera “instrumento de trabalho que mostra o que vai ser
feito, quando, de que maneira, por quem, para chegar a que resultados. Explicita
uma filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade da
instituição traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso”:

Vasconcellos, (2006, p. 169) afirma que o PPP é o documento formal a ser


seguido na escola. Confirma ele que o PPP,

Pode ser entendido como a sistematização, nunca definida, de


um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa
e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de
ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-
metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É
um elemento de organização e integração da atividade prática
da instituição neste processo de transformação.

O Projeto Político-Pedagógico deve ser construído no cotidiano


O Projeto Político-
da escola por meio do processo coletivo de seus pares. É um rico
Pedagógico deve
ser construído momento que a escola vive durante a realização do PPP. Pois, há a
no cotidiano da discussão das dificuldades existentes e o desejo de formar parcerias
escola por meio do para a busca de soluções em que se definem responsabilidades
processo coletivo singulares e coletivas a serem assumidas para atingir os objetivos. O
de seus pares. resultado dessa ação implica numa retro alimentação de informações
e avaliação contínua do processo, a fim de verificar se o projetado está
ao encontro das aspirações da maioria, sem perder o foco na realidade da escola.

O Projeto Político pedagógico é, portanto, um documento que facilita e


organiza as atividades pedagógicas, administrativas e comunitárias da escola. É
o mediador de decisões na condução das ações e da análise dos seus resultados
e impactos.

É importante que o PPP amarre a questão do planejamento do professor


e das avaliações, para que a escola tenha uma mesma direção no que diz
respeito às estratégias de ensino/aprendizagem. A par disso, todo projeto deve
ter objetivos claros e tangíveis, constar metodologias eficientes que possibilitem
apreensão do conteúdo e a previsão de modalidades de avaliação justas em
relação à aprendizagem dos alunos. O professor precisa repensar as práticas
pedagógicas e quebrar alguns paradigmas gerados no decorrer do ano, ou na
sua experiência educacional; e isso, será possível, no momento das discussões
geradas durante a construção do PPP.

A escola é um dos principais espaços onde se efetiva a mudança social e a


realização humana. Porém, na maioria das vezes, a comunidade escolar não tem
consciência disto. E trata seu espaço como um mero condutor da manutenção
52
Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

do status quo. Ela se constitui num espaço que precisa ser assumido, ampliado,
bem como, melhor aproveitado e articulado com a família e os diferentes
segmentos sociais para efetivamente, ser um centro de saber que desencadeie
transformações na sociedade.

Neste sentido, é possível afirmar que o Projeto Político-Pedagógico da escola


está inserido num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de
um processo de desenvolvimento de suas próprias contradições. Não existem
duas escolas iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de
saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A arrogância do dono da
verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos
faz a riqueza da escola, marcada pela diversidade com que é composta.

A mobilização da comunidade escolar para a construção/elaboração
do PPP não é tarefa simples e fácil. Primeiro, pela comum acomodação e
resistência à mudança inerente ao ser humano, resultando na ausência de
consciência crítica, revelando uma concepção linear, passiva e imobilista de
mundo. Segundo, a disponibilidade de tempo para que ocorram momentos de
“parada”, oportunizando a participação de TODOS da escola. Terceiro, pelo
pouco ou deturpado conhecimento sobre democracia, que normalmente se
associa somente a direitos. Quarto, pela centralização e burocracia com que,
alguns gestores ou coordenadores do PPP na escola, encaram o processo. E,
quinto, pela ausência de autonomia da escola e a concepção do poder como algo
externo à escola, e não, como possibilidade de ser exercido no seio da unidade
escolar. Estas são algumas das dificuldades que a escola encara na caminhada
da “construção à implementação” do Projeto Político-Pedagógico.

Atividade de Estudos:

1) Dentre todas estas dificuldades apontadas, assinale aquelas que


você considera verdadeira no universo escolar, reflita sobre isto e
aponte sugestões:
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53
Planejamento Institucional

Ao olharmos através das “lentes” do cotidiano escolar, essas dificuldades


apontadas, infelizmente, legitima-se na prática. Percebe-se que falta ao
profissional da educação o “sentar junto”, estar em formação continuada, “partir
do chão da escola”, ler, discutir para poder construir a proposta da escola.

Atividade de Estudos:

1) Você leu e estudou as informações sobre o PPP, agora deverá


ler com atenção o poema de João Cabral de Melo Neto (apud,
BARBOSA, 1990, p. 109) e desenvolver um texto dissertativo,
fazendo uma analogia sobre o conteúdo e o poema.

Fábula de um arquiteto

A arquitetura como construir portas de abrir;


Ou como construir o aberto;
Construir não como ilhar e prender;
nem construir como fechar secretos;
Construir portas abertas em portas;
Casas exclusivamente portas e teto;
O arquiteto; O que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas) portas-onde,
jamais portas-contra; por onde livres:
ar, luz, razão, certeza.

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54
Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

Então, quais são os princípios norteadores, concepção e a


base legal para a construção e implementação do PPP?

O Projeto Político-Pedagógico, como organização do trabalho


O Projeto Político-
na escola que tem a visão do todo, está fundado nos “princípios de
Pedagógico, como
igualdade, qualidade, gestão democrática e autonomia que deverão organização do
nortear a escola democrática” (VEIGA 2001, p.16). trabalho na escola
que tem a visão do
A igualdade implica no reconhecimento de que todos somos iguais, todo, está fundado
apesar das diferenças e na garantia de viabilizar condições de acesso nos “princípios
e permanência na escola. Igualdade é tratar os iguais igualmente e os de igualdade,
qualidade, gestão
desiguais desigualmente dentro das suas desigualdades.
democrática e
autonomia que
Qualidade é um termo que foi bem difundido nas décadas de 80, deverão nortear a
90 com o “boom” da “qualidade total” tão difundido nas instituições escola democrática”
de ensino via as ISOs (International Organization for Standardization)
do mundo empresarial. Mas o que é qualidade? Como oferecer um ensino de
qualidade? Veiga (2001) coloca que a qualidade é aquela ação que é aceita como
resultado positivo, proveitoso e que denota sucesso sem estar direcionada apenas
para um determinado grupo, mas para todos.

Um dos indicativos da qualidade da escola é o número de repetência e a evasão.


Quanto menor for este índice, maiores serão os indicativos que houve qualidade na
oferta dos serviços. Além de garantir o ingresso das crianças na escola é preciso
garantir a permanência com qualidade, ou seja, com sucesso na aprendizagem.

Demo (1994) enfatiza que qualidade possui duas dimensões indissociáveis,


mas com perspectivas próprias: a técnica e a política. A técnica enfatiza os
instrumentos, os métodos e a técnica. E, a política se refere às finalidades, valores
e conteúdos. A qualidade formal está relacionada com a política, e esta, depende
da competência dos meios. A qualidade “implica consciência crítica e capacidade
de ação, saber e mudar” (DEMO, 1994, p.14).

Outro importante princípio é o da gestão democrática. Essa forma de


gestão é indicada na LDB Nº 9.394/96 e abrange as dimensões administrativa,
pedagógica e financeira. De certa forma, estabelece separação entre
concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Pressupõe
a participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas
decisões/ações administrativo-pedagógicas, ali desenvolvidas. Esse tipo de
gestão caracteriza-se pela democracia, pela participação e pela autoridade.

55
Planejamento Institucional

Ninguém ganha por decreto a autonomia. Autonomia é um estado de ação


que se conquista. Porém, tratando-se de escola pública, há um viés condutor
político que demanda hierarquia de atribuições que, na maioria das vezes, esbarra
na burocracia. Até porque, uma instituição pública deve estar em consonância
com o planejamento de esfera pública. Uma instituição autônoma é aquela que
possui competência técnica e política quanto à administração/gestão pedagógica
e financeira.

Atividade de Estudos:

1) Dentre os princípios norteadores da construção do PPP, qual (ou


quais) que mais se evidencia no PPP da sua escola e qual (ou
quais) que estão ausentes. Comente apontando soluções.
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Viabilização da Construção do
PPP da Escola: Etapas de sua
Elaboração
A proposta pedagógica de uma escola, elaborada a partir do processo
participativo, precisa ser consolidada num texto, para circulação e análise
permanente da sua execução no interior da unidade escolar, bem como, para
encaminhamento ao órgão central da gestão municipal.
56
Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

Bem, você deve estar se perguntando; como fazer isso ocorrer se a escola
convive com a cobrança incisiva do cumprimento dos dias letivos e com o
calendário apertado, devido aos feriados do ano, não oferece muitas “brechas”?
Quanto aos dias letivos, é um direito do aluno e dever da escola de fazer cumprir.
Porém, há formas de contar com a participação de todos por meio de metodologias
que contemplam a coleta de opiniões e sugestões de todos.

Vejamos então, a metodologia que poderá ser adotada, ou


Primeiro é
seja, formas de como proceder para que se tenha a participação
imprescindível
dos segmentos da escola. Com base na prática deste processo, por a composição
nós vivenciado, sugerimos os seguintes procedimentos: Primeiro de um grupo de
é imprescindível a composição de um grupo de escrituração e um escriAturação e
coordenador do processo de elaboração. O coordenador pode ser um coordenador
qualquer pessoa da escola, que disponha de tempo, de preferência um do processo de
elaboração.
especialista da área da educação ou assistente técnico pedagógico. E,
o pessoal de escrituração, composto por um grupo máximo de três
membros com capacidade de apreensão e de boa redação. A competência desse
grupo de escrituração é de apoio ao coordenador na coleta das informações,
redação e divulgação dos passos a serem trilhados durante o processo.

Segundo, caso não haja disponibilidade de haver encontros
Segundo, aplicar
sistemáticos, ao menos de 8 horas mensais, com todos da escola em cada segmento
(professores, funcionários, direção, especialistas, técnicos, da escola, um
merendeira e agente de serviços gerais), a equipe de escrituração, instrumento
sob a orientação do coordenador, deverá aplicar em cada segmento de coleta de
da escola, um instrumento de coleta de informaçoes (questionário informaçoes
(questionário ou
ou entrevista) com questões que julgarem pertinentes à construção
entrevista) com
do PPP. Para o pessoal da limpeza e merenda, por exemplo, o questões que
grupo de escrituração, juntamente com a coordenação poderá, em julgarem pertinentes
vez de questionário, conversar com eles coletando as informações à construção
necessárias por meio da “entrevista”. Aos demais da escola, por do PPP.
questionário com dia marcado para a devolução. Aos pais e alunos
o mais indicado é o questionário. No entanto, se possível, o ideal seria que a
equipe de escrituração e o coordenador pudessem ir à cada classe e questionar
os alunos sobre os aspectos positivos, a melhorar e como melhorar a escola.

Terceiro, de posse dos questionários respondidos, da entrevista e do


levantamento das opiniões/sugestões e indicações dos alunos, deve ser socializado
com os demais no dia escolhido para tanto, por meio de lâmina de retroprojetor,
ou a escrita num papel graft ou ainda, em slides para multimídia, dependendo da
disponibilidade da escola. Com base nestas informações coletadas, a
priori se faz o prosseguimento das discussões, debates, conclusões Terceiro, deve ser
e as devidas anotações para futura composição do documento. Esta socializado

57
Planejamento Institucional

forma de condução da discussão é mais produtiva, pois, parte-se de uma posição


já pensada. Se não houver uma coordenação dos trabalhos a serem produzidos,
perde-se no caminho e não se chega a lugar algum.

O quarto momento é o da leitura e aprovação do Documento.


Quarto momento
Este deve, após aprovado, estar disponível no site da escola, se esta
é o da leitura e
aprovação do dispuser, cópias em abundância no acervo da biblioteca, na sala do
Documento. professor, dos funcionários e direção. É um documento que norteará
os caminhos da escola por um período de três anos. Portanto, é
imprescindível que todos tenham livre e fácil acesso a ele.

E, finalmente, o quinto momento é o da avaliação, o que acontece


Quinto momento
a cada final de ano. A avaliação do Projeto Político-Pedagógico se faz
é o da avaliação,
o que acontece a necessária, inclusive, para redimensionar ações, posturas, a adequação
cada final de ano. do espaço/tempo e a atualização de dados, desde a implantação até a
aprovação final das alterações que serão produzidas no decorrer desta
avaliação. O Projeto Pedagógico da escola serve como sinalizador
das ações e das posturas pedagógicas e administrativas, como também, um
instrumento legal para a instituição.

A construção do PPP, na escola, pode ser efetivada com base em propostas


apresentadas por alguns autores consagrados, como Gandin (1994), Vasconcellos
(2006), Padilha (2001), Libâneo (2004), Veiga (2004), entre outros. Todos
comungam da idéia de viabilização do PPP na escola de forma PARTICIPATIVA.
Não há como elaborá-lo em “gabinete”, por um grupo de pessoas alheias ao
querer coletivo. Se não houver a participação de toda a comunidade escolar, não
é válido.

Libâneo, (2004, p.164-5) sugere um roteiro de projeto “pedagógico curricular”


que contempla nove grandes itens:

Estrutura básica contextualização e caracterização da escola; concepção de


do Projeto Político- educação e de práticas escolares; diagnóstico da situação
Pedagógico em atual; objetivos gerais; estrutura de organização e gestão;
proposta curricular; proposta de formação continuada de
três grandes
professores; proposta de trabalho com pais, comunidade e
momentos: MARCO
outras escolas de uma mesma área geográfica e formas de
REFERENCIAL, avaliação do projeto.
que compreende o
Marco Situacional,
Marco Filosófico e Veiga (2004), coloca que há inúmeras formas de se estruturar
Marco Operacional, o PPP e sugere como roteiro o Ato Situacional, Ato Conceitual e Ato
depois o Operacional. Gandin (1994) e Vasconcellos (2006) apresentam a estrutura
DIAGNÓSTICO básica do Projeto Político-Pedagógico em três grandes momentos:
e por fim a MARCO REFERENCIAL, que compreende o Marco Situacional, Marco
PROGRAMAÇÃO.
Filosófico e Marco Operacional, depois o DIAGNÓSTICO e por fim a

58
Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

PROGRAMAÇÃO. Como vemos, o que muda é a nomenclatura desta estrutura.


Porém, a ação é idêntica. Pautamo-nos, então, na estrutura segundo Vasconcellos,
por considerarmos a que define com maior clareza os passos desta importante
tarefa da escola, sem desconsiderar os demais. O que também, não impede a
Instituição educacional propor uma estrutura própria que venha ao encontro das
suas necessidades.

O primeiro passo é verificar o Marco Referencial. Nele se expõem os


dados referenciais da instituição, como os princípios, os objetivos, a filosofia
(visão e missão) e seus compromissos. Também é importante, neste momento,
apresentar o contexto histórico da instituição, pessoal que compõe o corpo
docente, diretivo, técnico e funcionários e dados gerais que julgar pertinente
conter neste documento.

Em seguida, é o momento de conhecer a situação real da escola: Marco


Situacional. Procura-se identificar o real da escola por meio da visão de mundo,
de seu país, estado, município, seu bairro, sua escola. Fazer um “retrato” da
instituição. É oportuno perguntar: Que escola se tem? Quem são os alunos que
frequentam essa escola? Como está a ação docente, de gestão, de orientação, da
relação escola e comunidade, da disciplina, do currículo e etc.

O Marco Filosófico busca o “retrato” extraído do marco situacional e o


transporta para o sonho, possível. É a etapa em que se estabelecem parâmetros
de desejo de realização e se questiona: Como queremos que seja o mundo, o
nosso estado, município, bairro e a escola quanto aos aspectos pedagógicos,
administrativos e comunitários?

O Marco Operacional traça ações para se alcançar as “aspirações” colhidas


no marco anterior. Os questionamentos surgem desta forma: Como podemos
colaborar para a construção de um homem mais solidário, ético, pesquisador, pro-
ativo, ecológico, crítico e dialógico? Como a escola poderá auxiliar a comunidade,
o bairro, o município? Nos três momentos deve-se reportar aos três aspectos:
pedagógico, administrativo e comunitário. Este é o primeiro grande
momento do PPP.

Em seguida, acontece o Diagnóstico, que é a análise reflexiva


dos dados coletados. Diagnosticar significa ir além da percepção
DIAGNÓSTICO,
imediata, da mera opinião, ou descrição, e problematizar a realidade faz-se uma análise
de tal forma que se possa superá-la por uma nova prática, fertilizada verificando os
pela reflexão teórica-crítica. De posse dos questionários encaminhados pontos fortes,
para os pais, a equipe de escrituração tem em mãos, o perfil sócio, facilitadores e os
cultural, educacional, religioso, econômico, da comunidade. Os fracos, os aspectos
dificultadores.
demais dados coletados, entrevista com o pessoal da merenda e

59
Planejamento Institucional

serviços gerais, o questionário dos professores e da “fala” em classe com os


alunos, faz-se uma análise verificando os pontos fortes, facilitadores e os fracos,
os aspectos dificultadores. O diagnóstico não deve apenas ser descritivo, mas
tem de ser também analítico. Deve-se identificar necessidades de mudanças, ou
seja, responder: o que nos falta para ser o que desejamos?

O próximo momento é a Programação, que compreende a


PROGRAMAÇAO, previsão da ação proposta, com finalidade, identificação da pessoa
compreende responsável pela dinamização da tarefa/proposta, quando - tempo para
a previsão da se realizar, onde e como. É o que Vasconcellos (2006, p.82) denomina
ação proposta, de Linha de Ação. Ele ainda coloca que a Programação se estrutura
com finalidade,
por mais duas etapas, as Ações Concretas e Ações Permanentes.
identificação da
pessoa responsável Nas Ações Concretas são elencadas as competências de cada
pela dinamização segmento da escola, as atribuições que lhe são cabíveis, a legislação
da tarefa/proposta, pertinente à escrituração do aluno, professores e funcionários. Nesta
quando - tempo etapa, descreve-se como é realizada a matrícula, a freqüência, a
para se realizar, transferência. E as Atividades Permanentes se referem aos Projetos
onde
que a escola realiza anualmente, sejam pedagógicos, administrativos
e como..
ou comunitários.

Para concluir o PPP, expõe-se o Regulamento da Escola ou Regimento


Escolar - RE em que se estabelece, em comum acordo, os direitos e deveres dos
alunos, professores e funcionários.

Atividades de Estudos:

Pense, reflita e responda:

1) Como aconteceu a construção do PPP na escola onde você atua?


Caso, você não trabalhe em escola, faça uma visita a uma escola
próxima da sua residência para identificar a dinâmica adotada
pela escola e quais foram os resultados.
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Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

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2) Agora, na possibilidade de você coordenar a construção do PPP


de uma escola, cuja comunidade escolar seja em número elevado
(exemplo: mais de mil alunos, 60 professores, com especialistas,
técnicos), responda como você faria seu trabalho (coordenador)?
Pense em alternativas viáveis e exponha as sugestões.
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3) Responda de modo sucinto a questão: Qual a situação atual do


PPP em sua escola? Reflita sobre este questionamento, e faça
uma pesquisa com seus colegas e registre os resultados. Tire um
tempo, leia o PPP de sua escola e faça sugestões, dentro dos
parâmetros que esta disciplina ofereceu.
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61
Planejamento Institucional

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A Relação Entre o PDE e o PPP:


Concepção e Avaliação
Com a LDB Nº 9394/96, a Escola passou a elaborar instrumentos como o
PDE, PPP e o PE que norteiam as práticas escolares e definem a proposta
pedagógica da escola. Esta reflexão destina-se com maior ênfase ao PPP,
pois este, trata do mais essencial, que é a aprendizagem, portanto, podemos
considerar o PPP o cérebro e o coração da escola.

A diferença entre o PPP e o PDE é que o PPP é um Planejamento (Projeto) que


a escola elabora com a participação de todos. Já, o PDE é um Programa
O PDE, com de governo, em que se estipulam as metas para a educação e os meios
regulamentos e para atingi-las.
procedimentos
próprios, Outro fator que o diferencia é o mecanismo de avaliação. O
proveniente de
PPP é avaliado no final de cada ano letivo, pautado nos objetivos
um modelo de
planejamento lançados pela comunidade escolar com feedback constante e com a
estratégico, de re-elaboração, após três anos. A avaliação do PDE é realizada pelos
cunho gerencial, órgãos gerenciais (governo), diferente da atribuída pelo PPP. Um dos
avaliado e fatores bem positivos do PDE é que este disponibiliza recursos para
fiscalizado pelos executar tarefas definidas no PPP.
órgãos públicos tem
a função principal
na escola de Em suma, o PPP continuará sendo construído na escola, pois ele
propiciar recursos é o documento principal que norteia os passos da escola. O PDE, com
financeiros para regulamentos e procedimentos próprios, proveniente de um modelo de
a realização das planejamento estratégico, de cunho gerencial, avaliado e fiscalizado
ações elencadas pelos órgãos públicos tem a função principal na escola de propiciar
no PPP.
recursos financeiros para a realização das ações elencadas no PPP.

62
Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

Estudiosos deste tema nos convidam a pesquisar sobre a relação entre


o PPP e PDE. Os resultados apresentados ainda são muito tímidos e não
possibilitam uma leitura real do emprego destes dois importantes Planejamentos
na e da Educação.

Algumas Considerações
Depois do exposto neste capítulo podemos dizer que o PPP é, antes de
tudo, um instrumento construído coletivamente para a obtenção da qualidade
técnica e política do contexto escolar. Esta ação enaltece a ação política social
ao possibilitar à comunidade escolar mecanismos de organização, visando ao
sucesso da instituiçao educacional.

O PPP é originado de discussões e reflexões que resultam na humanização e


na conscientização de sujeitos históricos. O PPP assume uma tomada de posição
diante da realidade social e humana, porquanto, possui conteúdo ideológico.
Trata-se de uma ação consciente e planejada, voltada para a criação de uma
realidade futura.

É na ação pedagógica da escola que se torna possível a efetivação de


práticas pedagógicas emancipadoras; de formação de um sujeito social crítico,
solidário, compromissado, criativo e participativo. É nessa ação que se cumpre e
se realiza a intencionalidade orientadora do projeto construído.

Este documento construído ao longo de um exaustivo processo de discussão


e elaboração textual, não deve apenas pertencer ao acervo da biblioteca ou do
arquivo da escola, mas, deve ser utilizado como norteador das ações, da filosofia
de trabalho e de motivo para novas discussões no seio da instituiçao educacional.

A partir do momento em que se determina a sua construção, há


mobilização e organização, o que torna o processo imensamente prazeroso. E,
consequentemente passamos a gostar mais do ambiente onde que trabalhamos,
pois, o conheceremos melhor.

Todo início é difícil. O importante é segurar esta oportunidade com garra,


pois é uma conquista a escola poder planejar seus passos futuros. Se não
houver seriedade e efetivação deste trabalho, poderá nos ser negado esse
direito, ou ainda pior, ser construído por grupos alheios à escola e nos enviado
apenas, para o cumprimento. É importante que notemos a importância da
particiapação no planejamento, para sermos sujeitos do processo da filosofia e
da ação deste pensar.

63
Planejamento Institucional

O PDE e o PPP, de certa maneira, se intercompletam a partir do momento


em que o PPP encontra no PDE a possibilidade financeira de concretizar suas
metas. Temos que ter clareza na distinção entre ambos, no sentido de não haver
confusão de procedimentos.

Em síntese, o PDE é um plano governamental que visa ao desenvolvimento


da educação por meio de medidas específicas com base na economia/finanças.
Possui um processo próprio de controle, acompanhamento e avaliação que
deve ser seguido pela instituição educacional e fiscalizado pelo órgão superior.
Já, o PPP é um plano elaborado pela instituição educacional numa perspectiva
democrática, com vistas à implantação, acompanhamento e avaliação de forma
menos rígida, pelos pares da mesma.

Vamos deixar de pensar o Projeto Político Pedagógico apenas como


documento com função formalista, autoritária e burocrática “da construção para
as gavetas” e vê-lo sim, enquanto forma de resgate do trabalho, de superação da
alienação e de reapropriação da existência, pela via da educação.

Concluindo, dizemos que além de ser o condutor da caminhada da instituição


educacional o PPP representa o perfil da mesma. Ao elaborá-lo, a comunidade
escolar não está apenas cumprindo uma determinação legal prevista na LDB,
mas escrevendo a sua história.

Referências
BARBOSA, João Alexandre. A leitura do intervalo. São Paulo: Iluminuras, 1990.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Lei 9.394 de 20 de dez. de 1996. Brasília,1996.

DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Campinas. Papirus, 1994.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua


Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.

GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. Cadernos Educação


Básica - O projeto pedagógico da escola. Atualidades pedagógicas. Brasília:
MEC/FNUAP, 1994.

GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2 ed. Petrópolis: Vozes,


1994.

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Capítulo 3 Projeto Político Pedagógico:
O Cérebro e o Coração da Escola

LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. A


educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2004.

PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-


pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e


projeto educativo. 15ª ed. São Paulo: Libertad, 2006.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro; FONSECA, Marília (orgs.). As Dimensões


do projeto Político Pedagógico: Novos Desafios para a Escola. São Paulo:
Papirus, 2004.

_____. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível.


2 ed., Campinas: Papirus, 2001.

VEIGA, Ilma Passos e FONSECA, Marília (orgs.). As dimensões do projeto


político-pedagógico. Campinas: Papirus, 2001.

65
C APÍTULO 4
Avaliação Institucional

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você tem os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Conceituar Avaliação Institucional estabelecendo diferenciação com a Avaliação


Didática.

33 Conhecer os mecanismos de autoavaliação e avaliação externa, apresentando


alguns elementos do panorama histórico e de bases legais que norteiam a
Avaliação Institucional.

33 Identificar o processo de elaboração da Avaliação Institucional.

33 Constatar que o Planejamento Institucional oferece parâmetros para a


construção da identidade institucional.
Capítulo 4 Avaliação Institucional

Contextualização
Avaliação Institucional tem sido tema obrigatório em qualquer reflexão séria
que se faça em âmbito educacional, quer seja na educação básica ou superior.
A Instituição Educacional tem necessidade de se autoavaliar e de ser avaliada
devido ao caráter público de suas ações. Principalmente as públicas, como seu
custeio e resultados afetam toda a sociedade, ela deve ser avaliada em termos de
sua eficácia social e da eficiência de seu funcionamento.

Avaliar significa acompanhar mais de perto, aumentando as interações entre


a equipe para aprimorar as ações da escola como um todo. É, também, verificar
se as funções e prioridades determinadas coletivamente estão sendo realizadas e
atendidas com os resultados esperados. É este contraponto entre o pretendido e
o realizado que dá sentido à avaliação.

Não é fácil realizar mudanças para a busca do aperfeiçoamento no âmbito


escolar. E, sem a mudança de mentalidade, de atitude, não se realiza uma
avaliação institucional. É necessário sensibilizar a comunidade educacional e
quebrar as resistências pela argumentação qualitativa do resultado dessa ação.

O objetivo maior da Avaliação Institucional é o aperfeiçoamento da educação,


seja ela de aprendizagem ou da gestão institucional. Avaliação é uma crítica que
se estabelece pelo posto, no caso a escola, se está ou não comprometida com a
aprendizagem de todos e com a transformação da sociedade.

A sua escola ou secretaria de educação aplica ou aplicou


algum instrumento de avaliação da sua ação docente? Quais são as
modalidades avaliativas competentes para este tipo de avaliação?
Quais são os instrumentos de avaliação que os órgãos públicos
aplicam para conhecerem os índices de desenvolvimento na
educação básica e superior?

Este é um tema instigante. Convido você para trilharmos nos caminhos deste
capítulo para que juntos, possamos responder estas e as demais indagações que
ocorrem, naturalmente, durante o percurso da caminhada.

69
Planejamento Institucional

Conceito: Avaliação Didática e


Institucional
O planejamento é o momento que refletimos sobre a ação que tencionamos
realizar. O projeto ou o plano em que traçamos o processo dessa ação reside no
documento formal que é resultado do previsto, do pensado, do planejado. Logo, para
que possamos saber se a execução desse plano está obtendo resultados positivos
é imprescindível a realização da avaliação, que poderá ocorrer durante o processo
ou no final dele; e isso, aplica-se tanto em um plano de aula ou em uma instituição.

No terceiro capítulo expusemos todo o processo de elaboração do Projeto


Político-Pedagógico. Acreditamos que ficou bem compreendida a importância da
construção coletiva para que se obtenha a aceitação e o cumprimento de suas
diretrizes e encaminhamentos pela comunidade escolar. A par disso, é igualmente
importante a realização da avaliação contínua do processo, seja por meio da
autoavaliação ou por órgãos externos.

Observe que, a avaliação é sempre uma crítica sobre o foco que estamos
verificando, seja de aprendizagem, de aspectos administrativos, de estrutura física
da instituição escolar, ou outro aspecto qualquer. Toda avaliação é crítica. Se o
resultado da avaliação não oferecer subsídios para haver a crítica, não
Avaliação é sempre houve avaliação. A crítica é a argumentação que expedimos sobre algo
uma crítica sobre o que verificamos sobre o objeto ou ação que observamos. A avaliação
foco que estamos em si nos possibilita a obtenção de dados. O que se faz com esses
verificando.
dados ou informações é a chave da questão.

Dito isso, é compreensível que este capítulo contenha o último tema


deste Caderno de Estudos. Não que consideramos a avaliação como atividade
derradeira, mas por nos oportunizar o olhar sistêmico dos demais temas enfocados
e trabalhados, facilitando o estabelecimento de link entre os conceitos e temas.

O que é avaliação? De que AVALIAÇÃO estamos falando?


Avaliação Institucional da Escola é recente.

Conforme Vasconcellos (2006), as confusões conceituais existentes sobre


avaliação e até sua aplicação, não estão ligadas à concepção de uma cultura
de avaliação, mas de mudar a existente. Portanto, é preciso conhecer alguns
conceitos de avaliação para refletir sua essência e construir outro que sintetize o
nosso pensar.
70
Capítulo 4 Avaliação Institucional

Os conceitos de avaliação têm dimensões diferentes e vêm evoluindo. Autores


referem-se à avaliação como julgamentos de valor ou como um procedimento
que antecipa uma tomada de decisão. Nos sistemas educacionais ela se faz tanto
para a verificação dos processos de aprendizagem, do desempenho das pessoas
envolvidas neste processo e das condições gerais da instituição.

Julgar significa aplicar uma escala de valores. E, um julgamento


Em qualquer
de valores sem um padrão de desempenho claro e nítido é um
processo de
julgamento arbitrário, autoritário e irracional. Daí a importância de avaliação, a primeira
se estabelecer parâmetros, ou ainda, critérios no instrumento de preocupação
avaliação; e, que possam ser de conhecimento de todos. Assim, em é saber com
qualquer processo de avaliação, a primeira preocupação é saber com segurança o que se
segurança o que se quer avaliar. quer avaliar.

Para Dias Sobrinho (1997, p. 26), “A ação de avaliar implica em recolher


informações relevantes para ampliar o conhecimento sobre o avaliado e
pronunciar-se sobre o seu valor e em conseqüência (sic) tomar decisões que
pareçam mais acertadas”.

Concordamos com Vasconcelos, (2006, p. 43) ao creditar à avaliação “como


um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica
sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas
dificuldades e possibilitar a tomada de decisão sobre o que fazer para superar
os obstáculos”. Na realidade, a avaliação só é válida quando promove a melhoria
da ação.

A avaliação didática, é aquela que elaboramos no processo do


Avaliação didática,
ensino e da aprendizagem, cujo objetivo principal é a verificação do cujo objetivo
nível de apreensão e compreensão do tema/conteúdo estudado. O principal é a
resultado é fornecido por meio de um instrumento de avaliação que o verificação do nível
professor adota que poderá ser oral ou escrito. Dentre os mais comuns de apreensão e
é a prova/teste, exercícios no quadro de giz, redigir textos e pesquisa compreensão do
tema/conteúdo
bibliográfica e/ou de campo.
estudado.1

Lembre-se que a avaliação é a crítica que expressamos sobre


os dados/informações colhidos, por meio do instrumento aplicado, o qual leva à
tomada de decisões.

Avaliação não é o instrumento em si. Se for aplicado o instrumento, colhida


as informações e não acontecer a tomada de decisão para melhorar o resultado
quando ele apresentar-se insatisfatório, então, não precisa acontecer a avaliação.

Por este motivo é importante que o instrumento utilizado, para a avaliação,

71
Planejamento Institucional

esteja adequado à coleta de informações do tema/conteúdo que se pretende


verificar e, consequentemente a rever o ensino. Neste sentido, é notório que a
avaliação da aprendizagem expõe, muito bem, o nível da competência técnica do
professor. Quanto maior o nível de informações positivas, maior é a capacidade
técnico/metodológica do professor. Existem exceções é claro. No caso de crianças
com deficiências, seja psicológica ou física, a aprendizagem é mais lenta. Desta
forma, é preciso adequar o instrumento ao nível da classe.

A avaliação da aprendizagem ou didática pode ter duas


Avaliação somativa
orientações: a somativa e a formativa. A avaliação somativa é a que
é a que aplicamos
aplicamos no final do processo de estudo de um tema. É a avaliação
no final do processo
de estudo de global do aluno. Acontece no momento em que aplicamos o instrumento
um tema. E, a de avaliação contendo questões ou atividades que representam
avaliação formativa, uma abordagem maior dos assuntos estudados, por exemplo, uma
é aplicada no prova mensal ou do bimestre. E, a avaliação formativa, é aplicada no
processo. processo. São os exercícios no caderno, no quadro, as perguntas orais,
os testes de conteúdo específico. Para observar o nível de apreensão e
a verificação da necessidade da retomada ou a possibilidade de avançar.

Acreditamos que a avaliação da aprendizagem formativa, também conhecida


como diagnóstica, é a mais aconselhável para se obter sucesso no ensino que
se propõe. Este tipo de avaliação oferece resultados imediatos sobre o nível da
aprendizagem, favorecendo a realização do feedback e a imediata retomada do
problema identificado.

Para saber mais sobre Avaliação da aprendizagem consulte o


livro de:

A avaliação HOFFMANN Jussara. Avaliar para promover: As setas do


didática se refere caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001.
exclusivamente
ao aspecto
pedaAgógico
da escola e
A avaliação didática se refere exclusivamente ao aspecto
oferece subsídios
informativos pedagógico da escola e oferece subsídios informativos à avaliação
à avaliação institucional. Enquanto a avaliação institucional envolve o seu
institucional. desempenho global. Isso implica em verificar os objetivos da missão
Enquanto no contexto social, econômico, político e cultural no qual está inserida.
a avaliação Analisa os processos de funcionamento e os resultados alcançados com
institucional envolve o compromisso de identificar os fatores favoráveis e os responsáveis
o seu desempenho
pelas dificuldades, sempre com o intuito de oferecer subsídios para a
global.
sua superação.
72
Capítulo 4 Avaliação Institucional

Então, a avaliação institucional preocupa-se essencialmente com os


resultados das ações educativas da escola, em particular, relativos a ensinar e
aprender. É o momento em que o pessoal administrativo e pedagógico reflete e
verifica seu modo de atuação, se corresponde com a necessidade e comparam
os resultados esperados com os obtidos. Neste caso, a avaliação institucional
abrange dimensões quantitativas e qualitativas, principalmente, àquelas vinculadas
ao Projeto Político Pedagógico da Escola.

Ao avaliar, sabe-se que não se elimina todas as discordâncias, dúvidas


e contradições características do cotidiano escolar. No entanto, a avaliação
deve contribuir para revelar e estimular a identidade própria de cada escola,
preservando também, a pluralidade de opiniões que é constitutiva de qualquer
escola. É um processo imerso em aspectos ideológicos, políticos, econômicos,
culturais, dentre outros.

Figura 2 – Avaliação didática/aprendizagem

Fonte: Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/3448532/Jornal-da-


Biblioteca-Junho-2008?__cache_revision=1231652476&__user_id=-
1&enable_docview_caching=1>. Acesso em: 15 fev. 2009.

Atividade de Estudos:

1) A figura 2 representa um momento de avaliação didática/


aprendizagem. Observe-a e reflita sobre o procedimento didático
adotado pelos professores. Agora, escreva de que modo o
resultado desta avaliação poderá ser utilizado na avaliação
institucional e quais seriam as sugestões/indicações que você
proporia para esta situação.
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Planejamento Institucional

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Alguns Elementos de Historicidade


e de Amparo Legal

Conforme estudamos, a avaliação institucional tem o propósito de verificar o


andamento no todo da escola; e, o aspecto pedagógico é um dos subsídios que
contribuem para a elaboração desta avaliação.

Mas, será que sempre foi assim? Toda escola constrói sua
avaliação? Quanto tempo existe essa modalidade de avaliação?
Quais são as vantagens de se elaborar a avaliação da instituição?
Será mais um trabalho ao qual a escola deve se submeter? Para quê?

Com certeza, estas e outras indagações estão flutuando na sua mente. Não
recrimino por pensar de maneira assombrada. Acredite, qualquer ação que venha
detectar focos de resistência para a melhoria da qualidade (técnica e política)
da escola deve ser encarada como parceira, nunca adversária. Para ampliar a
compreensão sobre a Avaliação Institucional voltemos ao tempo.

A avaliação Institucional no Brasil é tema bem recente, se considerarmos


a aplicação na Educação Básica e na Graduação, pelo MEC. No entanto,
já é aplicada no ensino de pós-graduação desde 1977, pela Comissão de
Aperfeiçoamento do Pessoal do Nível Superior – CAPES.
74
Capítulo 4 Avaliação Institucional

Na década de 90, o Ministério da Educação implementou alguns programas


de avaliação. Na Educação Básica foram os seguintes:

-­ Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB.

­- Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM.

­- Recentemente, a instituição da Provinha Brasil - aplicada aos alunos da 1ª e


3ª série (ou 2º e 4º ano) do Ensino Fundamental.

-­ Prova Brasil aplicada para alunos de 4ª e 8ª séries da rede pública urbana ou


de 5ª e 9ª séries das instituições com Ensino Fundamental de nove anos.

Nas Instituições de Educação Superior – IES, foram os seguintes programas:

-­ Programa de avaliação institucional das Universidades Brasileiras – Paiub.

­- Exame Nacional de Cursos – ENC - “Provão”, nasceu com a finalidade de


verificar os conhecimentos e habilidades básicas adquiridas pelos alunos
concluintes, possibilitando o aprimoramento dos cursos, a identificação e
correção de deficiências.

­- Em 2004, foi criado o SINAES – sistema Nacional de Avaliação da Educação


Superior.

A legislação vigente, a LDB 9.394/96 - art.9º, inciso VI, consolida a avaliação


institucional como um dos instrumentos para a sustentação da qualidade do
sistema de Educação Superior. Explicita, também, a responsabilidade da União
em assegurar o processo de avaliação do rendimento escolar na educação básica
e na educação superior objetivando a definição das prioridades e a melhoria da
qualidade o ensino.

O SAEB é a primeira iniciativa brasileira no sentido de conhecer mais


profundamente o sistema educacional no Brasil. Esta avaliação é
aplicada desde 1990, com objetivo de oferecer subsídios à formulação, O SAEB utiliza
reformulação e monitoramento de políticas públicas e programas instrumentos de
coleta de dados para
de intervenção ajustados às necessidades diagnosticadas, além de
medir a habilidade
permitir acompanhar a evolução da qualidade da educação ao longo de leitura em
dos anos. Língua Portuguesa
e de resolução
Este Sistema de Avaliação utiliza instrumentos de coleta de de problemas em
dados para medir a habilidade de leitura em Língua Portuguesa e Matemática dos
alunos.
de resolução de problemas em Matemática dos alunos. Por meio do

75
Planejamento Institucional

resultado dessa avaliação, ao verificar o nível de apreensão do conhecimento


em comunicação e expressão e em raciocínio lógico, o MEC e as Secretarias
Estaduais e Municipais voltam as suas atenções em promover cursos de
aperfeiçoamento nestas áreas, ou não.

Está Regulamentado pela Portaria nº 931 de 21/03/05 e é aplicado de dois


em dois anos nas escolas e tem como população alvo os alunos da 4ª série, 8ª
série, e da 3ª série do Ensino Médio; avalia os conhecimentos de Português e
Matemática por meio de dois processos: ANEB (Avaliação Nacional da Educação
Básica); e, a ANRESC-Avaliação Nacional do rendimento Escolar.

O Enem tem como principal objetivo avaliar, o quanto, os jovens


O Enem tem como
egressos do Ensino Médio, estão preparados para o exercício da
principal objetivo
avaliar, o quanto, cidadania e para os passos futuros de suas vidas. E, como instrumento
os jovens egressos padronizado nacional de avaliação surgiu em 1998, cujo objetivo era de
do Ensino Médio, funcionar como parâmetro de mensuração da qualidade de ensino. E,
estão preparados por este motivo, foi alvo de ataques, principalmente, quanto às matrizes
para o exercício da
cidadania e para os e visões de competências que sustenta.
passos futuros de
suas vidas. Podem participar deste exame os alunos concluintes do ensino
médio (3º ano) das escolas públicas e privadas, sendo as públicas
livres de taxa de inscrição. Podem, também, participar os alunos
egressos, mediante o pagamento de taxa de inscrição. As notas/média
A Provinha Brasil
objetiva avaliar a possibilitam o ingresso na educação superior e servem de base para o
leitura de crianças PROUNI - Programa Universidade para Todos.
de seis a oito anos.
A Provinha Brasil objetiva avaliar a leitura de crianças de seis a
oito anos. É aplicado um instrumento de avaliação para alunos no 2º e
A Prova Brasil 3º ano (1ª e 2ª série) de escolaridade, a fim de identificar, pelo poder
foi idealizada público, qual o índice dos estudantes que possuem o nível desejado
para produzir de conhecimentos.
informações
sobre o ensino
oferecido por Já, a Prova Brasil, avalia alunos de 4ª e 8ª séries da rede pública
município e escola, urbana ou de 5ª e 9ª ano do Ensino Fundamental de nove anos. O
individualmente, exame avalia os estudantes com provas de Língua Portuguesa e
com o objetivo Matemática. A Prova Brasil foi idealizada para produzir informações
de auxiliar os
governantes nas sobre o ensino oferecido por município e escola, individualmente, com
decisões e no o objetivo de auxiliar os governantes nas decisões e no direcionamento
direcionamento de de recursos técnicos e financeiros, assim como a comunidade escolar
recursos técnicos no estabelecimento de metas e implantação de ações pedagógicas e
e financeiros.
administrativas, visando à melhoria da qualidade do ensino.

76
Capítulo 4 Avaliação Institucional

Há educadores que não concordam com esta avaliação. Consideram os


mecanismos contundentes e não possibilita verificar, de fato, a realidade de cada
escola. Não obstante, pode até gerar um movimento positivo no sentido em que,
para alcançarem melhor desempenho, as escolas se organizam e preparam
os alunos para isso. Mas, certamente, a escola e os professores, por mais que
se esforcem para desenvolver um ensino de qualidade, seus limites técnicos,
pedagógicos, físicos e instrumentais vão se evidenciar.

Como foi possível observar, os sistemas de avaliação institucional no Brasil


são jovens. Nasceram no final do século XX e estão despontando no atual, como
um grande estandarte. A escola está sendo constantemente avaliada, seja por
meio da autoavaliação ou por mecanismos externos.

A avaliação institucional interna acontece pela autoavaliação. São


os alunos, os professores e os demais profissionais da escola, diríamos, os
responsáveis pela escola, os responsáveis por esta modalidade avaliativa.

Os princípios mais importantes da Autoavaliação Institucional, que explicam a


natureza deste processo, sua necessidade para o desenvolvimento institucional e
a razão de ser, são expressas pelos objetivos fundamentais de Autorreferência,
Autoanálise e Autodesenvolvimento.

De acordo com alguns autores (SAUL, 1988; SGUISSARDI, 1997; RISTOFF,


2000; COELHO, 1997; DIAS SOBRINHO, 2000), a capacidade de Autorreferência
dos problemas e da realidade institucional é um objetivo fundamental da
autoavaliação institucional. Pois, todo processo genuíno de Autoavaliação
Institucional tem de levar em consideração os indicadores internos e externos
construídos de forma participativa e valorizando a análise histórica de outros
momentos avaliativos vividos na instituição.

É fundamental em um processo de Autoavaliação ocorrer a participação


efetiva da comunidade institucional, pois isso assegura a Autoanálise: a instituição
se pensa, repensa e viabiliza planos de ação que impliquem em mudança e
desenvolvimento. O próprio ato de avaliar é um momento intencionalmente
pedagógico e de potencialização dos recursos humanos, tomando-se como
Autorreferência, e alcançando a Autoanálise para assim, desenvolver-se e
buscar a excelência.

O Autodesenvolvimento traz as diretrizes para mudanças que contribuem


para o aperfeiçoamento, desenhando políticas, planejamentos, redimensionando
recursos, acordos de cooperação interinstitucionais e outras ações que incrementam
a qualidade da instituição.

77
Planejamento Institucional

A avaliação institucional externa é composta por dois tipos


A avaliação
de sujeitos: internos e externos. Os sujeitos internos são os alunos,
institucional externa
os professores e os demais profissionais da escola, diríamos, os
é composta por dois
tipos de sujeitos: responsáveis pela escola. E, os sujeitos externos são os pais, entidades
internos e externos. sociais e outros que participam da escola como patrocinadores ou
parceiros em ações desenvolvidas e ex-alunos da escola. A avaliação
externa conforme Colombo (2004, p. 47) “[...] inclui as várias formas
de avaliações realizadas pelo MEC e/ou agentes externos”. E, a autora continua
dizendo que esta avaliação é uma “referência para a gestão acadêmico-
administrativa, devendo repercutir na transformação da instituição rumo à
qualidade das ações e dos serviços prestados” (COLOMBO, 2004, p. 29).

a) Avaliação Interna: Como se Processa a sua Implantação?

A avaliação interna consiste em um momento de reflexão e debate interno da


escola sobre diversos enfoques, em um processo de autoavaliação. Considerando
um conjunto de indicadores e inferências, a escola deve analisar os vários dados,
gerando relatórios que reflitam como a escola percebe a si mesma. Nesta etapa,
é fundamental a participação de todos os envolvidos no processo pedagógico e
administrativo da escola.

Os avaliadores da avaliação interna, composto pelas pessoas que estão no


cotidiano da escola, devem levar em consideração seis importantes setores da
escola, são eles: das séries, da disciplina, do desempenho docente, do aluno,
do pessoal técnico-administrativo e da gestão escolar (AVALIAÇÃO, 2009).

Deve-se levar em consideração na avaliação das Séries, as condições,
o processo e resultado alcançado. As condições se referem ao aspecto formal
de pessoal, de estrutura física, de currículo e perfil do egresso para o mundo do
trabalho. O processo volta-se às questões pedagógicas da escola, a metodologia
de ensino e avaliação empregada, qualificação docente e relacionamento pessoal
e comunitário. E, resultados, a própria palavra já diz: trata de estabelecer uma
análise comparativa a fim de verificar o nível de qualificação.

Quanto à avaliação da disciplina leva-se em consideração o plano de curso/


ensino, bibliografia, disponibilidade de equipamentos, procedimentos didáticos,
os instrumentos e conteúdos de avaliação, as atividades práticas e as condições
técnicas, ligadas à qualificação do pessoal e a infra-estrutura.

Outro importante segmento a ser avaliado é o desempenho docente. Este


oferece indicativos que apontam para a verificação do desempenho didático-
pedagógico, seu envolvimento na escola e os aspectos éticos. Por meio
dos indicadores da avaliação do desempenho docente é possível rever sua
contratação, a orientação e o encaminhamento.

78
Capítulo 4 Avaliação Institucional

A avaliação do aluno, como estudamos no início deste capítulo, oferece


subsídio para a elaboração da avaliação institucional. Além do rendimento
escolar é considerada sua participação na escola, seja em atividades desportivas
ou culturais. Bem como, a sua vida doméstica, em relação a problemas de
aprendizagem, físicos, dependência química, entre outros.

O pessoal técnico-administrativo é composto pelo secretário da escola, os


técnicos pedagógicos ou auxiliares de direção, dependendo da federação recebe-
se uma nomenclatura diferente. Porém, o trabalho é o mesmo. É o responsável
pelas atividades de apoio.

O desempenho da equipe de gestão escolar deve estar expresso pela


competência do colegiado em deliberar em conjunto, estar atento aos aspectos
administrativos e pedagógicos e mostrar capacidade em realizar a integração
escola/comunidade.

b) Avaliação Externa: A quem compete e como se processa a sua


implantação?

A Secretaria de Educação Estadual, Municipal, e mesmo o MEC (Ministério da


Educação) e o CFE (Conselho Federal de Educação), fazem parte da avaliação
externa (como já vimos anteriormente, o SAEB, Provinha Brasil, entre outras) e
utilizam instrumentos específicos. Entretanto, se pensarmos na dimensão em que
o governo estadual e o municipal são responsáveis pela contratação, manutenção
e organização das escolas, pode ser considerado, também, sujeitos internos da
avaliação externa, já que é responsável pelas políticas gerais e pelos salários.

Além dos instrumentos de avaliação aplicados pelo MEC, poderão ser


compostos diferentes grupos de avaliadores externos, na comunidade da
escola. A escola poderá realizar uma pesquisa com os egressos concluintes do
ensino médio dos últimos 10 anos verificando inúmeras informações, entre elas,
continuidade nos estudos, trabalho, grau de satisfação do ensino ministrado na
escola, a infra-estrutura, e assim por diante. Outra avaliação pode ser realizada
com pais, numa reunião específica para uma avaliação dos aspectos físicos,
pedagógicos e administrativos, entre outros.

Observe que estes seis enfoques tratam, diretamente, dos


desempenhos cabíveis ao contexto escolar e que necessitam
constantemente, ser avaliados para ser qualificados. Guarde esta
“ideia” para quando abordarmos a questão da escolha da dimensão
a ser avaliada.

79
Planejamento Institucional

Atividades de Estudos:

1) A Avaliação institucional pode ser interna ou externa. Escreva


na sequência, se você já vivenciou na escola, alguma dessas
avaliações, expondo o processo. Caso não tenha conhecimento,
exponha sua opinião sobre qual procedimento julga ser mais
criterioso e justo, argumentando sobre seu ponto de vista.
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2) Conseguiu estabelecer as características de cada enfoque avaliativo?


Percebeu que estávamos falando em Avaliação Externa? Comente,
então, como foi a recepção, aceitação e aplicação da Prova Brasil
na escola em que trabalha.
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Capítulo 4 Avaliação Institucional

Avaliação Institucional: Processo


Metodológico de Operacionalização

A avaliação com participação e movimento deve se constituir na marca da
Instituição. Cada processo construído no cotidiano e coletivamente é único e só
pode ser desenvolvido com um intenso envolvimento da comunidade escolar. A
avaliação institucional entendida e assumida como projeto Institucional coletivo
e continuado fornecerá a IDENTIDADE INSTITUCIONAL, ou seja, a identidade
da escola.

Tal prática estará criando as condições organizacionais para enfrentar o futuro


que pressupõe a capacidade de planejá-lo, antevê-lo como exercício coletivo,
efetivando uma cultura de antecipação. Desta maneira, cada escola, por meio da
reflexão e autoavaliação coletiva sobre sua missão, possibilidades, circunstâncias
e recursos, terá de elaborar seu próprio “projeto” de avaliação, capaz de captar a
essência de sua identidade.

A avaliação é um elemento fundamental que incide no desenvolvimento,


aperfeiçoamento, mudança e inovação da própria organização, contribuindo na
melhoria da qualidade de seu funcionamento, no aperfeiçoamento curricular e no
desenvolvimento profissional.

Atividade de Estudos:

1) Qual é a Identidade Institucional da escola que você trabalha?


Veja que, se sua escola possui o Projeto Político-Pedagógico
construído coletivamente, deve estar claro para você a Identidade
da mesma. Pesquise no PPP da sua escola e identifique-a,
escrevendo na sequência:
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Planejamento Institucional

Para estabelecer uma avaliação institucional eficiente é necessário observar


três ações metodológicas: a visão de totalidade, a participação coletiva e o
planejamento e acompanhamento.

Na Visão de totalidade deve-se levar em conta o todo da escola, os


serviços, desempenhos e suas interrelações, com base no Projeto Pedagógico
da Escola. É importante frisar que é avaliando que se constrói o projeto, neste
caso, o projeto é a referência da identidade da escola e a avaliação está
colaborando na construção desta identidade. Isso significa que a escola deve
ter claro o seu perfil. Ter clareza dos seus objetivos e meta: o que quer e como
fazer isso acontecer.

A Participação coletiva implica em dizer que todos (pais, professores,


alunos, gestores e funcionários) por meio de um questionário e/ou entrevista
deverão participar da coleta de dados. O modo como esse procedimento
acontecerá depende da organização de cada unidade escolar. Poderá ser em
reuniões por grupos, assembleias, ou até mesmo por meio dos alunos, chegar
aos pais, enviando um questionário. A intensidade também varia. A participação
dos professores e gestores será mais diretamente.

Planejamento e acompanhamento: esse segmento garantirá o sucesso


da aplicação da avaliação na escola. O acompanhamento poderá ocorrer a
critério da Secretaria de Educação (estadual ou municipal) e/ou por um grupo
na própria escola. A este grupo que poderá ser denominado de GT (Grupo de
Trabalho), formado por segmentos representativos da unidade escolar, por turno
e nível – alunos, pais, professores, gestores, especialistas/ténicos em educação
e funcionários.

Para implementar na escola o processo de avaliação institucional


não há uma linha de ação fechada para a execução do trabalho, podendo cada
escola estabelecer o seu próprio planejamento de ação. No entanto, propomos a
efetivação em três etapas, tais como: Preparação, Implementação e Síntese.

A preparação é o que antecede o trabalho, similar ao que acontece quando


vai iniciar a construção do PPP na escola. Logo, é preciso de um GT – grupo
de trabalho, um projeto de avaliação institucional, sensibilizar a participação,
definir os aspectos que serão avaliados e as categorias para a elaboração do
instrumento de coleta de dados. O projeto deve conter: justificativa, princípios,
problematização, contextualização, objetivos gerais e específicos, etapas,
procedimentos metodológicos e cronograma.

A implementação é o momento de elaborar o questionário, discutir nos


grupos e coordenar, aplicar o questionário e discutir os dados levantados nos

82
Capítulo 4 Avaliação Institucional

grupos. E, por fim, a síntese que acontece com a revisão do processo e reajuste,
se necessário; elaborar o levantamento e análise dos dados, elaborar um relatório
conclusivo e divulgar os resultados finais com encaminhamento para ação.

Avaliação Institucional como


Feedback do Planejamento
Institucional
Nesta seção, pretendemos reunir os conhecimentos produzidos até aqui e,
com base neles e em suas experiências profissionais, identificar as dimensões e
as categorias de análise que compõem a avaliação institucional.

O primeiro momento é a preparação dos instrumentos de coleta
de dados informativos. Neste caso, é preciso prever a abrangência, ou a
dimensão que será avaliada (administrativa, pedagógica ou física), e estabelecer
as categorias de análise. Categorias de análise são aspectos pontuais que se
pretende focar. E os aspectos – é a subdivisão das categorias de análise. Estas
informações oferecerão subsídios para a formulação das questões.

Visualize o quadro para melhor compreender a ação proposta:

Quadro 1: Dimensão e Categoria de Análise

Fonte: RIO GRANDE DO SUL. Relatório de Avaliação Externa


sobre Gestão Escolar da Rede Pública Estadual: 1995 -1998.
Porto Alegre: Secretaria de Educação do Estado. 1998.

83
Planejamento Institucional

Atividades de Estudos:

1) De acordo com o quadro “dimensão e categoria de Análise” avalie


a dimensão administrativa, de sua escola, escreva a respeito e
justifique. (Você tem liberdade, também, de escolher e avaliar a
dimensão pedagógica ou física da escola).
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2) Agora, quais seriam as categorias de análise ou os pontos chaves


da abrangência da dimensão administrativa ou a que você escolheu.
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3) A partir da escolha da dimensão, a definição das categorias de


análise, especifique os indicadores para os aspectos que irá
focar a avaliação institucional:
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Capítulo 4 Avaliação Institucional

Após delinear os procedimentos iniciais (dimensão, categorias de análise


e aspectos) é hora de escolher o instrumento de coleta de informações. Este
poderá ser questionário, entrevista, reunião, discussão em pequenos grupos, e
outros. É importante este momento porque deve ser levado em conta o número
da população envolvida. Quanto maior a população de onde será colhida a
informação, mais claro e objetivo deve ser o instrumento de coleta de dados.
Se optado pelo questionário, o mais indicado é procurar indagar por questões
fechadas (objetivas).

O segundo momento é o de aplicação do instrumento e interpretação de


informações coletadas. Lembre-se que falamos sobre a composição de GTs?
Pois bem, este mesmo grupo de trabalho é o responsável, principalmente, neste
momento de aplicação do instrumento de pesquisa escolhido.

Aplicação do Instrumento de Avaliação: Se optar por questionário,


as questões devem ser de preferência fechadas, objetivas, sem apresentar
dubiedade de interpretação. Quanto ao número de questões, deve-se ter cuidado
para que não seja muito extenso (máximo dez). Os instrumentos poderão ser
aplicados no universo total (todas as pessoas que pertencem à dimensão escolhida
para aplicar o questionário responderão ao questionário – isso acontece quando
o número de pessoas não é muito grande), ou por amostragem (o próprio nome
já diz, amostra, ou seja, só algumas pessoas responderão ao questionário). Uma
das grandes vantagens deste instrumento de pesquisa é que não é necessária a
presença do aplicador do questionário, podendo até ser encaminhada via Internet.
Ao encaminhar o questionário é importante colocar o objetivo da coleta das
informações ou, a que, e para que se destina.

Se optar por entrevista, cuidado. Este instrumento de pesquisa requer


um pouco mais de atenção. Antes de efetuar a entrevista deve-se colocar aos
entrevistados as questões que serão indagadas. Ao proceder a entrevista: é
necessário que seja gravada para que no momento em que a pessoa estiver
respondendo, você a observa no todo, dando a atenção necessária. Após,
você deve transcrever as respostas e apresentar ao entrevistado. Somente
após a aprovação do mesmo é que poderá fazer uso das respostas. Por que
esse processo é demorado e demanda tempo do entrevistador, pois necessita
da presença do mesmo, por isso não é muito aconselhável. No entanto, em se
tratando de uma amostragem, ou o universo total, desde que os informantes
sejam em número reduzido, poderá ser aplicado com sucesso esse instrumento.

Interpretação das Informações coletas – Este é o momento em que, de posse


dos questionários aplicados ou das entrevistas, fotos, arquivos ou quaisquer
outras informações, o GT deve elaborar os gráficos por meio da interpretação
dos dados.

85
Planejamento Institucional

O terceiro momento é o registro. Esta etapa compreende a fase


Meta-avaliação de discussões, conclusões, dúvidas e encaminhamentos, com base no
é o mesmo que
levantamento de dados. É importante definir quem (GT) ficará com essa
avaliação da
avaliação. tarefa. É imprescindível que este registro seja fidedigno, pois a partir
deste registro acontecerá a análise dos dados. Para tanto, é necessário
que se tenha estabelecido parâmetros claros para análise. Este momento
também é propício para aplicação da meta-avaliação. Meta-avaliação é o
mesmo que avaliação da avaliação. Ou, a avaliação dos resultados da avaliação
aplicada, a análise destes resultados para a tomada de decisão.

Um fato é certo. De nada adianta aplicar questionários, entrevistas, abrangendo


a totalidade ou por amostragem, se o resultado é desconsiderado, servindo
apenas, para compor um relatório final, comprovando que se efetivou o trabalho na
escola. É a partir do resultado, do levantamento das informações, da interpretação
e análise dos dados que se efetuará a tomada de decisões no seio da unidade
escolar. Por conta disso, o registro deve ser claro e objetivo. Este resultado, bem
como o parecer conclusivo do mesmo, em forma de Relatório, fará parte do Projeto
Político-Pedagógico da escola - PPP. É o PPP que norteará os princípios, objetivos
e ações que a escola pretende efetivar num período pré-estabelecido.

Em síntese, a Avaliação Institucional possibilita avaliar a


A Avaliação
Institucional incide factibilidade das projeções do planejamento institucional com base
sobre a missão, nas ações praticadas anteriormente. Executar mudanças imediatas
o programa de estratégias e ajustes de metas, à medida que a avaliação
estratégico e indica a necessidade. Planejar e executar as mudanças e fazer o
as políticas acompanhamento das mesmas para a sua melhoria visando atingir a
institucionais, numa uma determinada situação futura desejada. A Avaliação Institucional
perspectiva global
incide sobre a missão, o programa estratégico e as políticas
da Instituição.
institucionais, numa perspectiva global da Instituição.

Algumas Considerações
Avaliação é um ato, por si só, difícil de realizar. Demanda conhecimento;
pois, ao exercer o papel de avaliador devo expedir uma crítica sobre o fato. É
perceptível que a avaliação, mesmo sendo da aprendizagem, da ação docente,
da estrutura física ou da gestão, necessita de um instrumento. O instrumento que
lanço mão é o que me fornecerá os dados necessários para elaborar a avaliação,
ou seja, o resultado.

A avaliação dos aspectos pedagógicos, do ensino e da aprendizagem, que


aqui nomeamos de avaliação didática, oferece subsídios importantes para a
avaliação institucional. Mas, é importante que tenhamos clareza da necessidade

86
Capítulo 4 Avaliação Institucional

de se agir sobre as informações coletadas e buscar condições para intervir no


processo quando este for apontado pela avaliação, como deficitário.

Os mecanismos, metodologia ou etapas de realização da Avaliação


Institucional devem obedecer a um caminho próprio, que a escola melhor se
adequar, sem esquecer do princípio básico, que é o envolvimento da comunidade
escolar, para garantir um processo coletivo.

A autoavaliação é a que mais tentamos evitar, inclusive, tratando-se do nosso


ser individual, não é mesmo? Sabemos que nem sempre é tarefa fácil, pois, requer
empenho, determinação e, principalmente, clarividência nos dados apresentados
para que se tenha o retrato fiel da instituição.

Estamos sob julgamento da sociedade todo o tempo. Os órgãos


governamentais utilizam instrumentos avaliativos para os mais variados
objetivos, os pais de marcação cerrada querem sempre o melhor para os filhos,
exigindo da escola o melhor padrão de qualidade possível, os alunos por sua
vez, nascidos e vivendo na época fast food, computadores, multimídias, internet,
celular, tv a cabo e outras invenções tecnológicas, não aceitam aulas regadas
a quadro, livro e professor. Exigem aulas dinâmicas e estruturas físicas que
ofereçam suporte a estes novos ditames. Esta é a avaliação que não precisa de
aplicação de questionários ou entrevista, basta apenas olhar o entorno em que a
escola está inserida.

Esperamos que este capítulo, assim como o Caderno de Estudo, tenha


oportunizado rico momento de reflexão e de aprendizagem. Concluímos, então,
tomando emprestada a pergunta que o escritor/professor Ruben Alves faz no final
das aulas aos seus alunos: “Vocês sentiram sabor, em saber mais?”.

Referências
AVALIAÇÃO institucional da escola de ensino fundamental. Disponível em:
<http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/m2/texto3.htm>. Acesso em: 17 fev. 2009.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília,1996.

COLOMBO, Sonia Simões. Gestão Educacional: Uma Nova Visão. Porto


Alegre: Artmed, 2004.

COELHO, Ildeu Moreira. Avaliação institucional na universidade Pública. In:


87
Planejamento Institucional

Revista da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior. Campinas, v.


2, nº 3, set, 1997, p. 43-51.

DIAS SOBRINHO, José. Avaliação da Educação Superior. Petrópolis: Vozes,


2000.

DIAS SOBRINHO, José; BALZAN, Newton César (Orgs.). Avaliação


Institucional – teorias e experiências. São Paulo: Cortez, 1997.

RISTOFF.; Dilvo I., DIAS SOBRINHO e BALZAN, Newton César (Orgs.).


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pensando princípios. São Paulo: Cortez, 2000.

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