Você está na página 1de 4

Introdução

O conceito de adolescência diz respeito a um período do contínuo do desenvolvimento humano que demarca
socialmente a transição da infância para o adulto. As tarefas e exigências do meio modificam-se na transição entre a
infância e a adolescência, bem como desta para a fase adulta. Uma vez que as experiências dessa fase podem
comprometer aspectos da qualidade de vida por um período considerável do ciclo vital, é necessário que a sociedade
e o poder público busquem a promoção de experiências de vida saudáveis, que estimulem os adolescentes a
selecionar experiências positivas para seu desenvolvimento nos diferentes contextos em que estão inseridos.

DIGITALIDADE E TECNOLOGIA

O final do século XX e o início do século XXI foram caracterizados pelo desenvolvimento e disseminação das
tecnologias digitais. A expressão «nativos digitais» fundamenta-se no fato de os jovens que nasceram entre o final do
século XX e o início do século XXI falam a linguagem digital de forma nativa e inerente.  Para os imigrantes
digitais, o ambiente digital não é o seu lugar de origem, diferentemente do que acontece com os nativos digitais. A
partir das singularidades tecnológicas e digitais do ambiente no qual os jovens da geração Y se
desenvolveram, podem ser observadas modificações nas formas de aprendizagem, assim como especificidades
subjetivas e psíquicas.
Além disso, esses jovens referem a necessidade de likes dos amigos virtuais para condutas, ideias e outras situações
vividas . Esses conflitos se manifestam, sobretudo, na busca constante de aprovação e popularidade nas
postagens, fotografias e compartilhamentos, circunstâncias que têm um impacto importante nas crenças e nos
comportamentos dos jovens. Entretanto, essa tutela pode se tornar contraditória e apresentar dificuldades, uma vez
que, na adolescência, os jovens devem constituir sua identidade e conquistar, aos poucos, uma autonomia em relação
aos genitores .
A geração Y, por exemplo, tem a qualidade mais eminente no uso constante das tecnologias digitais, umas das
características principais do contexto em que esses jovens se desenvolveram . Nesse sentido, esses jovens têm sido
reconhecidos como um grupo com demandas profissionais e vocacionais bastante peculiares. Observa-se que, para os
jovens da atualidade, se uma ocupação ou um curso não contemplar as suas necessidades e expectativas,  o abandono
constitui-se em uma opção bastante razoável.
Nem tudo está perdido no que se refere às tecnologias, tampouco podemos considerar essas ferramentas um risco em
si. Cabe aos indivíduos a utilização das tecnologias – aplicativos, redes sociais, entre outros – como meios, e não
como fins. Distorções cognitivas, como «tudo que é postado é verdade absoluta», «se não receber curtidas para
minhas postagens, não tenho valor ou não sou interessante» ou «se não respondem imediatamente a minhas
mensagens, devo ficar nervoso», precisam ser ressignificadas a partir de um teste de evidências que estimule a crítica.
Não viveremos mais em um mundo sem tecnologias. Os adolescentes como nativos digitais, se constituem como
indivíduos e constroem seu autoconceito e personalidade nesse mundo virtual. As mudanças são rápidas, mas o
imediatismo suscitado pelas tecnologias não deve ser reforçado na clínica psicológica, tampouco nas relações
afetivas, acadêmicas e profissionais dos adolescentes, mas dentro do contexto familiar que o leva ao equilíbrio,  como
sempre, é a «palavra mágica».
Casos de dependência em relação às tecnologias podem surgir, assim como a intensa e constante necessidade de
aprovação dos amigos, por parte dos adolescentes, nas redes sociais. Discussões e iniciativas como este livro
representam esforços essenciais para o avanço na compreensão do impacto das tecnologias sobre a subjetividade
humana, no desenvolvimento de estratégias de intervenção e na prevenção com relação aos pontos negativos desse
fenômeno, de forma a garantir a saúde mental dos jovens.
ATIVIDADE FÍSICA, ESPORTE E SONO NA ADOLESCÊNCIA.

Segundo o Diagnóstico Nacional do Esporte, realizado pelo Ministério do Esporte, 45,9% dos brasileiros


são sedentários, ou seja, não praticam esporte ou atividades físicas regularmente. De acordo com o
levantamento, realizado em 2013, para 26,8% dos sedentários, a prática esportiva foi interrompida até os
15 anos de idade, e, para 45%, entre os 15 e os 24 anos.
A complexidade desse contexto é evidenciada na definição de esporte que consta no texto do Sistema
Nacional do Esporte.
O esporte é um bem cultural, direito social e fator de desenvolvimento humano, definido pelo conjunto de
práticas corporais, atividades físicas e esportivas que, equilíbrio, como sempre, é a «palavra mágica».
Recentemente, observamos casos de racismo, violência e homofobia, por exemplo, ao mesmo tempo em
que o esporte também é palco de demonstrações de paz, respeito e inclusão social. Cabe aos profissionais
da saúde metal se apropriar desse conceito e perceber no esporte um campo vasto para reflexão e
investigação do comportamento humano. A primeira parte deste capítulo irá discorrer sobre fatores de
risco e de proteção da prática de esporte e exercício físico, evidenciando os tipos de atividades e como
terapeutas cognitivo-comportamentais podem utilizar essa modalidade de linguagem como ferramenta de
apoio em atendimentos com adolescentes.
EXERCÍCIO FÍSICO → Os chamados fatores de risco representam aquelas variáveis que se
apresentam em contexto associado à possibilidade de prejuízos para a saúde, o bem-estar e as relações
sociais. Os fatores de proteção, por sua vez, estão associados com o oferecimento de condições de
desenvolvimento para uma pessoa em formação. Considerando que o adolescente é um personagem ativo
no seu processo de desenvolvimento, esses domínios interagem entre si de maneira complexa e se
manifestam nas diversas tarefas desenvolvimentais durante esse período da vida.
Aproximando essas considerações do tema do capítulo, a prática de esporte e exercício físico pode
oferecer aos adolescentes oportunidades para lidar com desafios que, por vezes, não poderiam ser
experimentados em outros domínios da vida. Assim, essa prática pode atuar como fator tanto de risco
como de proteção. Em contrapartida, os motivos para abandono da prática estão
ligados, principalmente, à percepção de incompetência na aquisição das habilidades físicas e falta de
diversão. Além disso, o interesse em outros tipos de atividades também constitui um fator relevante para a
interrupção da prática de esporte e exercício físico durante a adolescência. Todos esses aspectos podem
desencadear nos adolescentes padrões de pensamento negativos, os quais ocasionam, em alguns
casos, dificuldades de relacionamento, experiências de ansiedade e estresse, podendo levar, a depender do
caso, a abandono da prática ou burnout.
O ESPORTE COMO FERRAMENTA NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL →
As habilidades para a vida desenvolvida por meio da prática esportiva ainda não foram claramente
mapeadas. O terapeuta cognitivo-comportamental pode se apropriar de uma linguagem que remeta a
características do esporte durante as etapas do atendimento com adolescentes. A linguagem esportiva é
de fácil acesso para a maior parte desse público. O esporte em si compreende características
comuns, independentemente da modalidade, como o cumprimento de regras estabelecidas entre dois
indivíduos ou grupos que se comprometem e concordam em participar.
SONO E TCC NA ADOLESCÊNCIA

O sono é um estado fisiológico caracterizado por inatividade comportamental e redução da


reatividade. Embora um estado de sono bem definido não tenha sido observado em raras espécies
animais, um estado de inatividade e redução da responsividade semelhante é descrito até mesmo em
animais rudimentares, como as moscas, sugerindo que o sono seja um estado ubíquo de animais em
níveis distintos de evolução filogenética. O ciclo sono-vigília é determinado pela interação entre áreas
cerebrais promotoras do sono e do estado de vigília. O núcleo ventrolateral pré-ótico, localizado na região
anterior do hipotálamo, é considerado a principal região responsável pela geração do sono.
As áreas promotoras de sono e vigília interagem por meio de mecanismos de inibição recíproca . O
processo circadiano explica a ritmicidade do ciclo sono-vigília ao longo do período de 24h e é
determinado pelo relógio biológico. O núcleo supraquiasmático sincroniza o ciclo sono-vigília de acordo
com o ciclo claro-escuro imposto pela rotação da Terra, influenciando o padrão de secreção de
melatonina e sincronizando, adicionalmente, a atividade dos diversos relógios periféricos.
E o sono REM, que apresenta características peculiares, como a presença de sonhos vívidos e de
movimentos oculares rápidos. Essas fases se sucedem de forma relativamente previsível, compondo, em
média, 4 ou 5 ciclos por noite.
O início do sono costuma ocorrer após um período de 10 a 20 minutos de relaxamento e se dá pela etapa
mais superficial do sono não REM , considerada como transição entre a vigília e as fases subseqüentes
de sono não REM . Assim, o sono profundo é atingido de forma progressiva. Após cerca de 90min, ocorre
o primeiro episódio de sono REM, que tem duração breve nesse primeiro ciclo da noite.
O tratamento dos transtornos do sono depende da etiologia das doenças e abrange uma vasta gama de
intervenções, desde a assistência ventilatória não invasiva na SAOS à abordagem farmacológica para
tratamento da SPI e da narcolepsia. Entre essas intervenções, a terapia cognitivo-comportamental é uma
importante ferramenta no manejo da insônia crônica, por sua atuação focada nos mecanismos
perpetuantes. A terapia de controle de estímulo consiste em orientações com o propósito de desconstruir
associações negativas causadas por tentativas repetidas e malsucedidas para conciliar o sono, as quais
podem atuar como fatores perpetuantes da insônia.
• Ir para a cama apenas quando sentir sonolência.
• Levantar-se caso não consiga adormecer.
A recomendação é que este último deva ser sempre superior a 5h por noite, evitando-se o surgimento de
sintomas de sonolência diurna e impacto funcional associados à privação crônica de sono.
A orientação do tempo a ser despendido na cama é gradualmente ajustada até que se atinja o ideal.
Diversas técnicas de relaxamento têm sido empregadas para a promoção o sono, como relaxamento
muscular progressivo, treinamento autógeno, técnicas de meditação e mindfulness (atenção plena).
Ao mesmo tempo, deve considerar e investigar a rotina de sono dos adolescentes, que têm mostrado
cada vez mais déficits significativos, decorrentes da prevalência de transtornos como, por exemplo, a
síndrome do sono insuficiente, o transtorno de atraso de fase de sono e a narcolepsia. Assim, a
quantidade e a qualidade do sono terão influência direta sobre seu desempenho na atividade, o que
desencadeia uma série de conseqüências biopsicossociais em seu desenvolvimento. A prática esportiva e
os hábitos de sono podem atuar como fatores de proteção potentes nessa fase de tantas mudanças, pois
agem diretamente em aspectos biopsicossociais fundamentais para essa etapa da vida.
Conclusão:
Bolger e Leahy , a regulação emocional tornou-se um promissor caminho a ser tomado como forma de
tolerar frustrações e desenvolver funções primordiais à socialização e à resiliência individual.
A principal função preditiva de saúde mental e incrementada na educação socioemocional é a empatia.  Empatia
significa a capacidade de um organismo se autorreconhecer e, portanto, ser capaz de reconhecer outro
organismo . Significa, portanto, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de sentir e perceber o que o outro
está sentindo, seja uma emoção agradável, seja desagradável .

Você também pode gostar