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UNIP: UNIVERSIDADE PAULISTA

Anna Luiza Denneberg Lohmann – RA: N637870


Athami Lopes Alves da Silva – RA: N541296
Giovanna Monteiro de Melo – RA: N580518
Guilherme Andrade Ramos Firmino - Ra: N676CH3
Larissa Almeida Santos - RA: F310GA5
Maria Fernanda de Vasconcelos - RA F279DH6
Marjory Fernandes da Silva – RA: N6174G0

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DO CICLO VITAL: ATIVIDADE PRATICA


SUPERVISIONADA – SALIM

São Paulo
2020
2

Anna Luiza Denneberg Lohmann – RA: N637870


Athami Lopes Alves da Silva – RA: N541296
Giovanna Monteiro de Melo – RA: N580518
Guilherme Andrade Ramos Firmino - Ra: N676CH-3
Larissa Almeida Santos - RA: F310GA5
Maria Fernanda de Vasconcelos - RA F279DH6
Marjory Fernandes da Silva – RA: N6174G0

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DO CICLO VITAL: ATIVIDADE PRATICA


SUPERVISIONADA – SALIM

Trabalho da disciplina de psicologia do desenvolvimento


ciclo vital sobre o estudo de caso do menino Salim

Professor: Mario Monteiro

São Paulo
2020
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4
2 REFERENCIAL TEORICO .................................................................................... 5
2.1 PRIMEIRA INFANCIA.......................................................................................... 5
2.2 SEGUNDA INFANCIA.......................................................................................... 7
2.3 TERCEIRA INFANCIA.......................................................................................... 9
3 ANALISE DO CASO ............................................................................................ 12
3.1 ASPECTOS FISICOS......................................................................................... 12
3.2 LINGUAGEM...................................................................................................... 12
3.3 ASPECTOS COGNITIVOS................................................................................. 13
3.4 ASPECTO PERSPECTUAL............................................................................... 16
3.5 PERSONALIDADE............................................................................................. 17
3.6 FAMILIA E SOCIAL............................................................................................ 21
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 23
5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................... 24
6 ANEXO DO ESTUDO DE CASO .......................................................................... 25
4

1 INTRODUÇAO

O presente estudo apresenta o caso do menino Salim, uma criança com idade
entre 8 e 9 anos, cujo os pais estão enfrentando um processo de divórcio e buscam
orientação para auxiliarem o filho nesse momento. O caso ainda apresenta parte do
histórico de desenvolvimento de Salim e seus comportamentos em eventos do
cotidiano.

A partir dos dados obtidos por meio da situação problema relatada, o presente
trabalho debruça-se sobre teorias acerca do desenvolvimento infantil e suas
características, de maneira a estabelecer um paralelo com a situação de estudo, de
modo a verificar como os acontecimentos da vida de Salim podem interferir em
aspectos do seu desenvolvimento.

Assim, sob um viés científico o caso foi analisado objetivamente, de forma a


excluir conceitos advindos do senso comum e julgamentos de qualquer natureza.

Dessa maneira, através da situação problema e dos dados bibliográficos


coletados, o trabalho objetivou a promoção de um maior contato com teorias do
desenvolvimento infantil, bem como viabilizou a prática da reflexão acerca do tema e
do aprimoramento na execução de pesquisa científica.
5

2 REFERENCIAL TEORICO
Quando falamos sobre desenvolvimento humano, falamos sobre um estudo
científico das transformações durante todo o ciclo de vida humana. De modo mais
enxuto, neste momento, trataremos à primeira, segunda e terceira infância,
apresentada no contexto do trabalho acadêmico.
A criança nem sempre foi protegida ou teve os devidos cuidados. Entre os
séculos XII e XVII a criança deveria ter função utilitária, ou seja, ela teria que
produzir e ajudar em trabalhos braçais a partir dos sete anos de idade. A exclusão
de crianças com doenças físicas e mentais eram comuns, pois não havia expectativa
de vida por conta da falta de recursos.

“Dentro de um sistema de crenças maternas, o conhecimento sobre


desenvolvimento infantil tem um papel relevante e pode afetar práticas e, dessa
forma, o desenvolvimento da criança” (MOURA, M.L.S (org) – Conhecimento sobre
desenvolvimento infantil em mães primíparas de diferentes centros urbanos do
Brasil. Estudos de Psicol. (Natal), 2004, 9(3), 424).

2.1 A primeira infância

Durante o desenvolvimento físico inicial, a criança passa pelo Princípio


Cefalocaudal.Trata-se do desenvolvimento acontecendo de cima para baixo, ou
seja, as partes superiores do corpo se desenvolvem antes das partes inferiores.
Outro momento que podemos citar é o Principio Próximo-Distal, sendo este, o
desenvolvimento que ocorre de dentro para fora, portanto, as partes do corpo
próximas ao centro desenvolvem-se antes das extremidades. (Diane E. Papalia e
Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 147)

O crescimento da criança é mais rápido durante os três primeiros anos de


vida. As meninas são menores que os meninos, porém ambos podem triplicar seu
peso no primeiro ano de vida.

O crescimento rápido diminui durante o segundo e terceiro ano de vida. O


menino ganha aproximadamente 2,0 kg até o seu segundo aniversário, já em seu
terceiro aniversário ele deve ganhar por volta de 1,5 kg. A altura do menino também
evolui de modo gradual, no primeiro ano de vida sua altura aumenta em 25 cm,
sendo sua estatura média de aproximadamente 76 cm, no segundo ano ele pode
crescer 12,5 cm levando em conta que ele teria 91 cm aos seus 2 anos de idade, e
por fim, no terceiro ano ele cresce mais 6 cm, tendo aproximadamente 99 cm.
(Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 148)

Desenvolvimento motor, trata-se de uma serie de feitos que ocorrem de modo


sistemático. As primeiras habilidades são desenvolvidas no inicio da vida de uma
criança, e estas o preparam para lidar com as demais habilidades futuras.
6

O sistema de ação trata-se de combinações complexas que futuramente


permitem uma maior precisão e extensão dos movimentos realizados, sendo assim,
é provável que nesta fase a criança apresente um maior controle sob o ambiente. De
acordo com livro Desenvolvimento Humano de Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, o primeiro momento o bebê tenta pegar um objeto usando a mão inteira,
seu próximo feito é o movimento de pinça, e por fim, ele controla os movimentos
separados de seus braços, pernas e pés, para começar a dar seus primeiros
passos. No seu segundo ano de vida a criança pode começar a subir degraus, correr
e pular. Aos seus três anos ela consegue se equilibrar usando apenas um pé, de
maneira breve. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013)

O desenvolvimento cognitivo pode ser estudado em algumas abordagens


diferentes, por exemplo, a abordagem behaviorista busca conhecer os mecanismos
básicos de aprendizagem. Podendo ser relacionada com condicionamento clássico,
(mostra uma resposta reflexa ou involuntária diante de um estímulo) e operante
(quando a criança passa associar o comportamento e suas conseqüências).
Condicionamento operante, também pode ser usado para estudar a memória. A
criança pode manter uma lembrança da primeira infância até 1 ou 2 anos de idade,
se houver utilização de lembretes não verbais periódicos. (Diane E. Papalia e Ruth
Duskin Feldman, 2013)

Uma abordagem bastante conhecida é a piagetiana, que busca descrever os


estágios de modo qualitativo dentro do funcionamento cognitivo. Há uma divisão em
estágios feita por Piaget, para o desenvolvimento cognitivo, por exemplo, o estágio
sensório motor, iniciado no nascimento com duração até os dois anos de idade, o
aprendizado ocorre por meio dos sentidos e atividade motora. Exemplificando por
meio de um dos subestágios dessa categoria, que são combinações mentais feitas
entre os 18 a 24 meses, onde a criança pensa sobre o evento que está
acontecendo, podendo assim, prever sua consequência sem recorrer à ação. (Diane
E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013)

Desenvolvimento da linguagem ocorre durante o desenvolvimento cognitivo,


sendo este um sistema de comunicação feito em palavras. Em torno dos três meses
a criança solta risos e brinca com os sons da fala, isso acaba evoluindo e por volta
dos 10 meses, ela pode falar sua primeira palavra, geralmente a nomenclatura de
algo. Já entre 18 e 24 meses, começa a falar suas primeiras sentenças, e finalmente
aos 24 meses utiliza frases e quer conversar. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013, p. 193)

Desenvolvimento de personalidade está diretamente conectado com as


relações sociais, é chamado de desenvolvimento psicossocial. As emoções,
temperamento, pensamento e comportamento, formam a personalidade única de
cada indivíduo. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013)
7

“O padrão característico de reações emocionais de uma pessoa começa a se


desenvolver durante a primeira infância e constitui um elemento básico da
personalidade.”. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 208)

Entre primeiros 3 meses de vida de um bebê, ele se mostra interessado e


curioso em resposta à estímulos, nesse momento eles sorriem. Quando têm entre 9
a 12 meses, as crianças se preocupam com seu cuidador, e por isso, pode ser que
tenham medo de estranhos. Por volta dos 18 meses, começam a explorar seu
ambiente usando pessoas que ela considera “base segura”. Entre os 18 e 36 meses,
percebem a separação entre ele e seu “cuidador”. . (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013, p. 209)

2.2 Segunda Infância

O desenvolvimento físico da criança durante a segunda infância tem algumas


mudanças, tais como, o formato ou aparência corporal; um desenvolvimento da
musculatura abdominal; e tronco, braços e pernas ficam mais longos. (Diane E.
Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 246).

Por volta dos 3 anos de idade meninas e meninos tem a mesma altura de
98cm, porém, o menino tende a ser mais leve, pesando 15,3 kg enquanto a menina
pesa cerca de 15,5 kg. Já aos 4 anos de idade o menino tem sua estatura média de
107 cm, pesando 18,1 kg enquanto a menina mede 105 cm, pesando 17,5 kg. Aos 5
anos os meninos seguem tendo estatura maior de aproximadamente 115 cm,
pesando então 21,0 kg, e as meninas com 112 cm, pesam 19,7. O crescimento
avança de modo gradual, onde o menino tem peso e altura maior do que de uma
menina. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 247).

“O crescimento muscular e esquelético avança, tornando a criança mais forte.


Cartilagens transformam-se em ossos a uma taxa mais rápida do que antes e os
ossos se tornam mais rígidos, dando a criança uma forma mais firme e garantindo a
proteção de órgãos internos.” (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p.
247).

As habilidades motoras estão no desenvolvimento sensorial e motor, isto é,


uma região no córtex cerebral que permite que a criança tenha desenvoltura com o
que deseja fazer. Essas habilidades podem ser colocadas em duas categorias: a
habilidade motora grossa, sendo, ações físicas que necessitam de grandes
músculos, e as habilidades motoras finas, que para ser realizadas precisam de
maior desenvoltura, pois, necessitam de pequenos músculos e uma coordenação de
olhos e mãos. Aos três anos de idade uma criança com bom desenvolvimento de
habilidades motoras pode subir escadas alternando uso dos pés, e pode saltar uma
distancia de até 60 cm, entre outros feitos. Aos 4 anos pode, por exemplo, praticar
8

pequenos saltos usando de 4 a 6 passos com um único pé. (Diane E. Papalia e Ruth
Duskin Feldman, 2013).

O desenvolvimento cognitivo durante a segunda infância conforme a


abordagem piagetiana, a criança encontra-se no estágio pré-operatório, este é
iniciado aos 2 anos de idade e pode durar até os 7 anos. Ela apresenta um
pensamento simbólico que entra em expansão, mas, ainda não consegue fazer o
uso da lógica. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 259)

Alguns exemplos deste avanço cognitivo dentro do estágio pré-operatório:


passam a compreender identidades, por exemplo, sabem que uma mudança ou
alteração em algo que era comum aos seus olhos, não é capaz de mudar a
realidade ou natureza das coisas. A capacidade de ter certa empatia, quando
começam associar como as pessoas ao seu redor podem se sentir, ou então, o
egocentrismo, como a palavra diz, a criança passa pensar que todos podem ter a
mesma percepção, pensamento e sentimento igualitários aos dela. (Diane E. Papalia
e Ruth Duskin Feldman, 2013).

Durante a segunda infância, de modo mais especifico, é descrito por Piaget


que a criança pode centralizar de tal modo seu ponto que não é capaz de assumir
outro ponto diferente do dela. “O egocentrismo pode ajudar a explicar por que as
crianças pequenas às vezes têm problemas para separar a realidade daquilo que se
passa em suas mentes, e por que demonstram confusão sobre qual é a causa de
cada coisa.” (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 262).

Dentro da abordagem psicométrica é dito que desenvolvimento cognitivo pode


ser afetado por conta da inteligência, e uma maneira de saber mais sobre isso são
os testes, tanto os psicométricos quanto os testes mais modernos. Os testes feitos
para crianças presentes nas faixas etárias de segunda infância podem usar de
meios verbais, pois, a criança já tem certa compreensão verbal. (Diane E. Papalia e
Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 270).

Podemos mencionar a Escala de Inteligência Wechsler Pré-Escolar e Primária


Revisada que são testes para crianças de 2 a 7 anos de idade, com uma separação
por faixa etária. O procedimento pode ser realizado entre 30 a 60 minutos e
apresenta pontuações verbais e pontuação conjunta. O teste pode trazer resultados
sobre, raciocínio verbal e não verba,l vocabulário e “velocidade de processamento”.
(Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 270)

Durante o desenvolvimento psicossocial ocorre o chamado desenvolvimento


de identidade, que pode ser dito por descrição sobre a nossa pessoa. “O senso de
identidade também tem aspecto social: A criança incorpora em sua autoimagem a
crescente compreensão de como os outros a vêm.” (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013, p. 284).
9

Podemos falar sobre autoconceito, este começa a ser desenvolvido a partir


dos primeiros passos da criança e vai futuramente conseguir fazer uma descrição de
seus traços e capacidades. Já a autodefinição, é um conjunto de características que
a criança acaba usando para fazer uma descrição sobre si mesma. (Diane E.
Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013)

Neste período a criança também pode começar a aprender sobre suas


emoções. Este feito é considerado importante dentro da segunda infância, pois, a
criança pode conseguir controlar ou regular as emoções. Tal controle pode ajudar
seu comportamento e convívio social. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman,
2013).

Falando sobre a influência da parentalidade durante o desenvolvimento


psicossocial da criança, a parentalidade autoritária propõe ênfase no controle e
obediência, criando uma espécie de padrão para comportamento, assim sendo, os
menores têm tendência em ser mais “descontentes, retraídos e desconfiados”.
(Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 303).

2.3 Terceira infância

Nas fases anteriores o desenvolvimento físico da criança era mais rápido, a


partir disso o desenvolvimento começa a ser mais lento. Entre 6 e 11 anos de idade
a criança pode crescer em média 5 a 7,5 cm por ano e o seu peso tende a ser
duplicado dentro deste mesmo período e contexto. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013).

No livro Desenvolvimento humano de Diane E. Papalia e Ruth Duskin


Feldman, 2013, apresenta uma tabela cuja fonte é McDowell et al., 2008. De acordo
com a tabela apresentada, aos 6 anos de idade o menino tem uma estatura média
de 1,20 m e pode pesar em torno de 23,6 kg, já nos seus 8 anos ele tem 1,30 m e
pode pesar 29,0 kg e quando atinge seus 11 anos ele tem 1,49 m e pesa 44,2 kg.
(Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 317)

Enquanto as meninas aos 6 anos têm uma estatura média de 1,18 m pesando
22,1 kg, aos 8 anos ela tem 1,30 m e pesa em torno de 28,1 kg e aos 11 anos ela
tem altura de 1,51 m e pesa 47,3 kg. Ou seja, em termos de altura a menina da
terceira infância geralmente é mais alta que o menino. (Diane E. Papalia e Ruth
Duskin Feldman, 2013, p. 317)

Durante essas etapas podemos falar sobre desenvolvimento motor adquirido


pela criança. Aos seis anos de idade meninas conseguem ser mais precisas em
seus movimentos, enquanto os meninos têm “ações vigorosas”, porém, não
apresentam movimentos com complexidade. Quando a criança atinge seus 7 anos,
apresentam maior equilíbrio quando realizam atividades como, ficar de pé usando
apenas um pé ou caminhas em uma barra de 5 cm de largura e até mesmo,
10

executar alguns exercícios com saltos. Em seus 8 anos, elas podem participar de
jogos de maior escala, já em seus 9 anos os meninos conseguem correr distâncias
mais longas de até 4,9 m ou arremessar uma bola em aproximadamente 21,3 m de
distância. Ou seja, com o passar dos anos eles ganham habilidades maiores para
correr, pular e praticar alguns jogos. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman,
2013, p. 319).

Seguindo a abordagem piagetiana a criança chega ao estágio operatório


concreto, durante seu desenvolvimento cognitivo da terceira infância. Quando
falamos sobre estágio operatório concreto, nos referimos ao momento em que a
criança tem entre 7 e 12 anos e desenvolve o que é chamado de “pensamento
lógico”, deixando para trás os pensamentos ditos como abstratos. (Diane E. Papalia
e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 324)

Podemos falar sobre categorização, pois, a criança nessa idade pode


conseguir organizar seus pensamentos de modo que estejam categorizados, assim
sendo, isso auxilia a manter um pensamento mais lógico. “A classificação em
categorias compreende habilidades relativamente complexas como seriação,
inferência transitiva e inclusão de classes, que vão aumentando gradualmente da
segunda para a terceira infância.” (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013,
p. 324).

Para apresentar maior clareza, a seriação trata-se de colocar os objetos em


“série”, ou seja, como se a criança organizasse cada objeto ou separasse de acordo
com sua dimensão, peso e cor. Inferência transitiva é a capacidade que a criança
passa ter para conectar um ou dois objetos a um terceiro, ela passa a relacionar os
objetos entre si, entendendo que dois objetos podem ter determinada relação, e
assim sendo ela percebe que ambos podem ter conexão específica com o terceiro.
Inclusão de Classes, segundo Piaget, é quando somente durante a terceira infância
a criança consegue compreender a classificação e as chamada “subclasses” que
podem ser apresentadas em um contexto. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013)

Piaget fala o momento em que a criança atinge seu raciocínio moral,


explicando que ele pode ser dividido em estágios. O primeiro estágio, é referente à
obediência rígida e autoridade, este estágio ocorre entre 2 e 7 anos de idade. O
segundo estágio é referente a flexibilidade que a criança apresenta para socializar
com mais pessoas ao seu redor, isto ocorre entre 7 aos 11 anos. Terceiro estágio
trata-se do “ideal de equidade”, quando a criança passa entender que as pessoas
podem ser tratadas da mesma maneira desde que as consequências de tratamento
sejam levadas em conta. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 328).

E por fim, o desenvolvimento psicossocial de uma criança durante a terceira


infância. Neste momento a criança pode ter um desenvolvimento de autoconceito,
isto já foi mencionado anteriormente, porém, agora, ela tem maior desenvoltura
dentro dessa sua capacidade. A criança tem um olhar sobre si mesma que tende a
11

ser mais amplo, igualitário, realista e uniforme (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013, p.356).

“O autoconceito, na opinião de Marsh e Shavelson (1985), refere-se às


autopercepções que o indivíduo vai formando através das suas experiências com o
meio e as interpretações que faz dele. Estas são influenciadas principalmente pelas
avaliações, reforços e atribuições do seu comportamento, feitas pelas pessoas que
lhe são mais significativas.” (Promoção do autoconceito e auto estima através de um
programa de leitura a par, Vera Monteiro, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa,
Portugal, 2012)

Outro fator é a evolução emocional da criança, à medida que ela cresce passa
a entender melhor seus sentimentos e ter uma visão mais clara perante aos
sentimentos alheios a ela. “A formação de auto-percepções/avaliações positivas vai
influenciar a noção dos domínios e características do self, determinando o
sentimento em relação a si e orientando as suas ações no seu meio envolvente e
com os outros. Registou-se uma associação entre a aceitação materna e a
percepção da competência cognitiva, isto é, quanto mais a criança sente o suporte
materno mais se percepciona capacitada cognitivamente. Perante estes resultados
pode-se cogitar que, as crianças que têm mais suporte materno sentem-se mais
disponíveis, confiantes e capazes, para conhecer o que o seu meio envolvente lhes
fornece, do que as crianças com menos suporte materno, funcionando a família
como ‘guia cognitivo’.”. (Auto-conceito e aceitação pelos pares no final do período
pré-escolar, Rita Emídio, António J. Santos, Joana Maia, Lígia Monteiro eManuela
Veríssimo, 2008).
12

3 ANÁLISE DO CASO

3.1 ASPECTOS FISICOS

Salim encontra-se na terceira infância, também chamada de meninice que


compreende o período entre os 6 e 12 anos de idade. De acordo com Papalia, Olds
e Feldman (2013), o desenvolvimento físico nessa fase é um pouco mais lento.
Todavia, é preciso destacar que embora as mudanças não sejam notórias no dia a
dia, são extremamente determinantes para diferenciar uma criança de 6 anos, que
ainda é pequena, de uma criança de 11 anos que já apresenta em muitos casos
características similares a dos adultos.

No que diz respeito ao desenvolvimento motor, as habilidades continuam a ser


aperfeiçoadas. Nessa fase, as crianças começam a se envolver com a prática de
esportes e junto a elas melhoram suas aptidões físicas e sociáveis. Assim, é útil
destacar que é de extrema importância que sejam oferecidos estímulos para
aprimoramento dessas capacidades (Papalia et. al, 2013).

Quanto aos aspectos anteriormente mencionados, Salim não apresenta


nenhuma disfuncionalidade para sua idade, com exceção de sua sociabilidade
durante as brincadeiras com os colegas de classe. Contudo, o comprometimento
dessa habilidade não está relacionado a inaptidões físicas ou motoras.

O desenvolvimento físico na terceira infância, de acordo com Cipriani (2016)


está atrelado diretamente aos avanços cognitivos, uma vez que o crescimento do
corpo e desenvolvimento de capacidades motoras contribuem para o direcionamento
da organização do sistema sensorial e motor, de modo congruente, e privilegiado
pelos processos cognitivos referentes ao próprio corpo.

3.2 LINGUAGEM

De acordo com Papalia e Feldman, após a primeira infância, o crescimento


torna-se mais lento, sendo este ritmo modificado na puberdade. A criança a partir
dos seis anos passa a ter maior desenvolvimento motor, adquirindo novas
habilidades que são importantes no seu processo de socialização.

Ao analisar o aspecto da linguagem de Salim, podemos notar uma grande


defasagem. Ao embarcar na fase pré- escolar, ele desenvolve a fala junto com os
estímulos de seus colegas e auxiliares, porém Salim troca o uso das palavras na
hora da escrita e na hora da leitura, pelo choro, pois nota maior influência de um
transtorno de conduta.

A fase escolar conta com o desenvolvimento do vocabulário, mas, quando o


local onde se vive, torna um ambiente desfavorável, podem ser encontrados alguns
erros na fala e escrita por conta do estresse.
13

O divórcio é muito estressante para a criança, pelos conflitos do casal, eles


tendem a não compreender a separação, podendo ter esses fatores no
desenvolvimento e assim como Salim se tornou uma criança insegura e
desenvolvendo esses certos fatores. Então se espera que com o auxílio necessário,
Salim e seus pais possam aprender a lidar com todo dilema, tornando viável a
superação da situação e a possível melhora de conduta da criança.

3.3 ASPECTOS COGNITIVOS

De acordo com o estudo de caso apresentado, Salim é um menino que


atualmente tem oito anos de idade, porém, tem apresentado divergências em seu
aprendizado e convívio com seu meio social desde os seus três anos.

Seus pais então buscando ajuda, pois, estão se divorciando e o menino tem
atualmente oito anos de idade.

De início podemos falar sobre o seguinte fato: Salim aos três anos de idade
sempre tentava dormir com seus pais. Os pais geralmente não negavam o pedido do
garoto, mas quando os pais negavam seu apelo, ele dormia em seu próprio quarto e
no meio da noite ia para o quarto de seus responsáveis, e assim sendo, eles não o
impediam.

O sono é um problema comum dentro do desenvolvimento infantil e ele pode


se manifestar de diversas formas e por motivos variados, “Distúrbios do sono podem
ser causados por ativação acidental do sistema de controle motor do cérebro
(Hobson e Silvestri,1999), pelo despertar incompleto de um sono profundo (Hoban,
2004) ou podem ser desencadeados pela respiração desordenada ou movimentos
agitados das pernas (Guilleminault et al., 2003).” (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013, p. 248)

O garoto ao levantar e transitar pela casa em busca dos pais, ou em um dos


seus suplícios para dormir junto aos seus responsáveis, perde tempo de descanso,
podendo gerar um estresse e excesso de sono. Os distúrbios do sono quando
ligados à condição respiratória, tem a chance de afetar o chamado “desenvolvimento
neurocognitivo” e este, por sua vez, estaria conectado ao excesso de sono.
(Validação do Questionário do Sono Infantil de Reimão e Lefèvre (QRL), 2012, p. 82
Patricia Daniele Piaulino de Araújo)

Salim tem apresentado uma dificuldade para dormir e precisa de auxilio dos
pais para isto, por exemplo: ao acordar no meio da noite ele vai até o quarto dos
pais para conseguir adormecer novamente. Ou seja, ele precisa de contato com
seus pais para poder descansar. Também é descrito que essa rotina foi mantida
pelos pais da criança quando ele pede e quando ele tem seu descanso interrompido.
“Crianças que adormecem com contato físico ou envolvimento parental ativo têm
maior probabilidade de precisarem de ajuda para voltarem a dormir depois dos
despertares que normalmente acontecem durante a noite. Já as crianças com
14

insônia comportamental do tipo dificuldades de imposição de limites relutam, de


forma característica, na hora de ir para a cama ou atrasam esse momento com
repetidas requisições (mais uma história, um beijo a mais etc.) (Owens &Mindell,
2011).” (Sono e comportamento em crianças atendidas em um serviço de psicologia,
2016, Renatha El Rafihi-Ferreira; Edwiges Ferreira de Mattos Silvares; Maria Laura
Nogueira Pires; Francisco Baptista Assumpção Junior; Cynthia Borges de Moura)

Dentro deste contexto podemos falar sobre insônia comportamental infantil. De


acordo com o artigo, Sono e comportamento em crianças atendidas em um serviço
de psicologia, 2016 escrito por, Renatha El Rafihi-Ferreira; Edwiges Ferreira de
Mattos Silvares; Maria Laura Nogueira Pires; Francisco Baptista Assumpção Junior;
Cynthia Borges de Moura, crianças como Salim podem se encaixar neste contexto
de Insônia Comportamental Infantil, isto é, uma dificuldade para dormir ou continuar
dormindo ao longo de uma noite em seu próprio quarto, e em alguns casos há
necessidade de ajuda para voltar a dormir. Esse conceito pode ser dividido em três
tópicos, “1. insônia de associação para iniciar o sono; 2. insônia por dificuldades de
imposição de limites; ou 3. a combinação entre elas.” (Sono e comportamento em
crianças atendidas em um serviço de psicologia, 2016, Renatha El Rafihi-Ferreira;
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares; Maria Laura Nogueira Pires; Francisco Baptista
Assumpção Junior; Cynthia Borges de Moura)

Não é dado no estudo de caso se este problema tem uma continuidade após
seus três anos de idade, mas, durante a infância o sono é fundamental para
desenvolvimento cognitivo, pois, este desenvolvimento pode ser afetado pela má
qualidade de sono apresentada ou vivenciada pela criança. “Estudiosos (Gregory
&Sadeh, 2012; Tikotzky&Sadeh, 2010) apontam que a má qualidade de sono na
infância pode prejudicar a funcionalidade diurna e afetar aspectos cognitivos,
comportamentais, emocionais e acadêmicos da criança.” (Sono e comportamento
em crianças atendidas em um serviço de psicologia, 2016, Renatha El Rafihi-
Ferreira; Edwiges Ferreira de Mattos Silvares; Maria Laura Nogueira Pires;
Francisco Baptista Assumpção Junior; Cynthia Borges de Moura)

É apresentada a seguinte questão: quando o menino Salim atinge seus 5 anos


de idade, ele frequenta a escola e há uma alternação de dias sobre quem irá buscá-
lo. Quando os pais quebram o padrão estipulado pela criança, ele demonstra grande
descontentamento.

O aspecto imaturo do pensamento pré-operatório esta dentro da abordagem


piagetiana. Podemos apresentar dois conceitos: o de centração, onde a criança
mantém o foco em um aspecto de uma situação, e faz uma exclusão dos demais
aspectos; e o descentrar, quando a criança consegue pensar em diversos aspectos
de uma mesma situação, não focando em apenas um. De acordo com Piaget a
criança em idade pré-escolar não consegue atingir este segundo conceito por não o
utilizar. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 262)
15

No caso de Salim, ele está na segunda infância e apresenta aspecto imaturo


do pensamento pré-operatório por parte dele, pois, há um foco em sua própria
emoção dado a insatisfação sobre quem foi buscá-lo, porém, não há uma
compreensão por parte do garoto para com seus pais.

Podemos mencionar o egocentrismo como centração, pois o foco em seu


ponto de vista é tão grande que ele é incapaz de tomar para si outro ponto alheio a
ele. “Segundo Piaget, elas ainda acham que o universo centraliza nelas. O
egocentrismo pode ajudar a explicar por que as crianças pequenas às vezes têm
problemas para separar a realidade daquilo que se passa em suas mentes, e por
que demonstram confusão sobre qual é a causa de cada coisa.” (Diane E. Papalia e
Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 262)

Na segunda infância a criança pode apresentar maior domínio de duas


emoções. Ela começa a regular, controlar e ate mesmo entender como as pessoas
ao seu redor se sentem. Se o garoto em questão tivesse um maior desempenho
dessa função, ele poderia compreender melhor o lado de seus pais e
consequentemente, expor de modo mais objetivo e concreto o que sentia. “A
autoregulação emocional ajuda as crianças a guiar seu comportamento (Laible e
Thompson,1998) e contribui para sua capacidade de conviver com os outros
(Denham et al., 2003).” (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 287)

Salim tem apresentado dificuldades na escola, tanto na matemática, por não


entender as operações de multiplicação e divisão, quanto em português, pois, ele
tem dificuldades na escrita e em linguagem.

De acordo com a situação apresentada, a abordagem piagetiana dentro do


contexto estágio pré-operatório é abordado o entendimento de números. Esse
aprendizado numérico é a maneira como será introduzido, pouco a pouco, a relação
com número e cotidiano. Cada criança pode apresentar uma evolução de acordo
com estímulos recebidos em seu cenário social. Neste caso, podemos citar alguns
exemplos, como a comparação quantitativa feita a partir de objetos pode começar
entre 12 a 18 meses de idade. Muito distante disso, algumas crianças com5 anos de
idade conseguem fazer uma contagem até o número 20, ou então, relacionam o
número com a proporção que este pode ter. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin
Feldman, 2013)

Salim poderia apresentar maior intimidade com os números, a ponto de ter


melhor compreensão das operações especificas as quais ele tem dificuldade.
“Quando entram no ensino fundamental, a maioria das crianças desenvolveu o
sentido numérico básico (Jordan et al.,2006). Este nível básico de habilidades
numéricas inclui contagem, conhecimento numérico (ordinalidade), transformações
numéricas (adição e subtração simples), estimativa (“este grupo de pontos é maior
ou menor que 5?”) e reconhecimento de padrões numéricos (2 mais 2 é igual a 4, do
mesmo modo que 3 mais 1)”. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p.
262)
16

Compreender os números é de grande importância, pois, este conhecimento


tem grande utilidade desde cedo no cotidiano de cada um, “A competência numérica
é importante; o quanto as crianças entendem bem os números na pré-escola prediz
seu desempenho acadêmico em matemática na terceira série (Jordan et al., 2009).”
(Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p.262)

As crianças têm apresentado cada vez mais facilidade e agilidade com


linguagem e gramática, porém, Salim apesar de usar as expressões verbais, tem
apresentado dificuldades em conceitos específicos como pronúncia e gramática.
(Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013)

Quando Salim fala em sala de aula, tem o hábito de trocar algumas letras e
chega a gaguejar. Apesar de não estar exposto há certo atraso no desenvolvimento
de sua linguagem, o jovem aparenta estar despreparado para lidar com linguagem,
discurso e escrita, e isso pode impactar no processo de alfabetização da criança.
Existem as chamadas “habilidades de pré-leitura” que são dividas em dois
patamares, o primeiro é a habilidade de linguagem oral e o segundo habilidade
fonológica específica. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013)

Para exemplificar melhor o fator fonológico impactado em seu desempenho


linguístico, “A consciência fonológica pode ser entendida como um conjunto de
habilidades que vão desde a simples percepção global do tamanho da palavra e de
semelhanças fonológicas entre as palavras até a segmentação e manipulação de
sílabas e fonemas (Bryant &Bradley, 1985).” (O desenvolvimento da consciência
fonológica e sua importância para o processo de alfabetização, 2004, Flavia Lopes)

Um fator de grande importância durante esse processo de alfabetização é a


interação que a criança deve ter com outras pessoas. “As crianças têm maior
probabilidade de ler e escrever melhor se, durante a fase pré-escolar, os pais
apresentarem desafios conversacionais para os quais as crianças estão
preparadas”. (Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman, 2013, p. 275)

3.4 ASPECTO PERSPECTUAL

Percepção significa saber ou interpretar informações, sendo o processo de


organizar informações novas com informações já armazenadas, o que leva a um
padrão de reação modificado. Os processos perceptivos constituem uma parte de
quase todas as tarefas que a criança deve realizar de todas as habilidades motoras
ou cognitivas que são desenvolvidas. Todo movimento voluntário envolve um
elemento de percepção, desde o nascimento, crianças aprendem como interagir
com o seu ambiente e essa interação é um processo perceptivo e também motor.

Crianças percebem desde cedo que suas ações influenciam e muito na


reação de seus pais, quando fazem birra por algo, choram pra chamar atenção,
ficam repetindo algo sem parar, isso faz parte do desenvolvimento do cérebro da
criança, geralmente fazem coisas do tipo para suprir alguma necessidade, por
17

exemplo, fome, cansaço, necessidade de afeto. Como aquela expressão “toda ação
tem sua reação”.

Desde sua infância, Salim percebe a influência que seu choro tem sob seus
pais e acaba usando a seu favor, aproveitando seus sentidos e por meio de
exploração para que suas necessidades sejam cumpridas.

A relação que Salim mantém com seus pais, sem perceber, ajuda na
formação de sua personalidade e visão de mundo, como exemplo quando ele aos
três anos tentava ao máximo dormir com seus pais usando soluços seguidos de
suplícios para convencer eles, conforme várias tentativas de sucesso, a partir do
momento que eles se viam com pena do filho e aceitaram tal comportamento, com o
filho beneficiando com suas tentativas de chamar atenção dos pais, Salim repete o
ato em outros aspectos, como escolher quem buscaria ele na escola.

A atitude dos pais ao dar tudo que o menino pedia, sendo um ato considerado
de “mimar” a criança, gerando a ilusão de que sempre, não importando as
circunstancias, a criança pode ter o que quer. Problema que será enfrentado por
Salim no futuro, já que com a separação dos pais, não será sempre que seus
desejos poderão ser atendidos. Com seu pai distante, tudo indica que ele foi
transferido para outra cidade, isso com o tempo ira interferir no desenvolvimento
perspectivo do filho, que se depara com uma situação totalmente diferente.

Salim se encontra em uma idade que muitas informações são coletadas e com
isso precisamos nos adaptar ao novo, crianças na faixa etária dele são capazes de
elaborar respostas mentalmente, mas não dominam tal capacidade e isso interfere
em seu desempenho escolar, gerando assim uma necessidade de se fazer melhor
como nas brincadeiras onde deveria ser o que ele queria, caso contrário ele não
queria praticar.

A exposição a algo novo sempre nos choca de primeiro, mas conforme vamos
nos desenvolvendo conseguimos lidar melhor com isso, crianças por estarem ainda
no começo apresentam reações muitas vezes instintivas, sendo mais sensíveis a tal
acontecimento. O acompanhamento entre família e escola no seu desenvolvimento
é imprescindível para que seja da melhor forma, atividades que tenha alguma
interação com outras crianças acabam sendo a melhor maneira de acompanhar o
progresso.

3.5 PERSONALIDADE

Cada pessoa representa os mesmos padrões de desenvolvimento, mesmo


que desde bebês, eles demonstram personalidades diferentes, como emoções,
temperamento, pensamento e comportamento, é o que torna cada criança única.
Essas características como pensar, sentir e agir, refletem as influências de seu
conhecimento e do meio de seu convívio, afetando a maneira como a criança
18

responde aos outros e se adapta ao seu mundo, desenvolvendo sua personalidade


e como ela se relaciona com os outros.

Emoções, como tristeza, alegria e medo, são reações subjetivas à experiência


e que estão associadas a mudanças fisiológicas e comportamentais. O padrão
característico de reações emocionais de uma pessoa começa a se desenvolver
durante a primeira infância e constitui um elemento básico da personalidade. As
pessoas diferem na frequência e na intensidade com o que sentem.

O temperamento às vezes é definido como modo característico, com base


biológica, de uma pessoa abordar e reagir a outras e as situações. O temperamento
não descreve o que as pessoas fazem, mas o modo como fazem. (Thomas e Chess,
1977)

O temperamento poderá afetar não só o modo como a criança se aproxima do


mundo exterior e reage a ele, mas como ela regula suas funções mentais e
emocionas e seu comportamento. (Rothbart, Ahadi e Evans, 200)

O temperamento tem uma dimensão emocional: mas diferentemente de


emoções como o medo, a excitação e o tédio, que aparecem e desaparecem, ele é
relativamente estável e duradouro. As diferenças individuais no temperamento, que,
acredita-se, derivam da constituição biológica e básica da pessoa, formam o núcleo
da personalidade em desenvolvimento.

Salim aos 3 anos de idade, sempre que possível buscava dormir na cama com
os pais. Para isso ele insistia muito e chorava, os pais diziam que não, só que
sempre após três ou quatro noites eles ficavam com pena de Salim e acabavam
cedendo, quando não cediam o menino acabava dormindo em seu próprio quarto,
mas ao longo da noite ele corria para a cama dos pais , eles com muito sono não
falavam nada.

Segundo Jean Piaget, a primeira e mais relevante relação, é as parentais.


Aquelas que formam o alicerce de valores, convicções, concepções, conceitos, e
idéias da sua personalidade. O desenvolvimento da autonomia pode alavancar a
independência desde cedo, proporcionando uma sensação de segurança. A
autonomia infantil interfere a autoestima, porque ela gera percepção para solucionar
as intercorrências, aprender a se relacionar e fazer suas escolhas.

Pais que conseguem fazem com que seus filhos desenvolvam a autonomia,
possibilitam estruturar uma personalidade melhora enfrentar desafios sem tantos
receios. Toda criança necessita de limites, eles podem isso o tempo todo. Quando
se sentem soltas demais passam a testar os adultos até encontrar alguém que se
importem com elas o suficiente para impor regras que necessitam. Elas entendem
os limites como demonstração de afeto.
19

Os limites são essenciais para que saibamos conviver em sociedade, nos


tornemos adultos seguros, autoconfiantes, com uma boa auto-estima e que
tenhamos desenvolvido um bom senso para guiar as decisões.

Entre os 2 e os 7 anos de uma criança, ela se encontra em um período de


transição que começa a trabalhar sua capacidade semiótica. Nesse período a
criança é egocêntrica, seu pensamento está completamente voltado para si. Esse
período é chamado de estágio pré-operatório, segundo Jean Piaget.(Papalia,
desenvolvimento humano P. 259a)

Aos cinco anos Salim começou a frequentar a escola, ele mesmo tomava a
decisão de quem deveria buscá-lo, caso a pessoa que fosse buscá-lo não fosse
quem ele escolheu, Salim armava uma gritaria e não queria ir embora enquanto a
pessoa desejada não chegasse.

Entre os 3 e os 6 anos de idade, a criança está em fase de desenvolvimento


da autonomia. Na medida em que a criança amadurece, ela é levada a buscar sua
independência em relação aos adultos a qual ela é apegada. Quanto mais a criança
torna-se apta a expressar seus desejos, ela passa a ter mais poder. Crianças
pequenas necessitam que adultos estabeleçam limites apropriados. Elas precisam
testar noções de que são indivíduos. É levado a experimentar suas novas idéias
exercitar suas próprias vontades e tomar suas próprias decisões. Esse desejo se
manifesta na forma de negativismo a tendência a gritar "Não! "só para resistir à
autoridade. Esse grau de negativismo, geralmente, inicia por volta dos 2 anos e
declina aos 6 anos. (Papalia, desenvolvimento humano P. 228)

Salim hoje já com 8 anos de idade, o menino apresenta dificuldades na


escola, sendo que no ano anterior foi aprovado pelo conselho considerando a
dificuldade dos pais em sua educação.

Na terceira infância, as crianças têm conhecimento das regras da sua cultura


para expressão emocional aceitável (Cole 2002). Elas aprendem o que as deixa com
raiva, com medo ou tristes e como outras pessoas reagem a expressão dessas
emoções, e aprendem a comportar-se de acordo com a situação. Quando os pais
respondem com desaprovação, emoções como raiva e medo podem tornar-se mais
intensas e prejudicar o ajustamento social da criança (Fabes et al., 2001) ou ela
poderá tornar-se reservada ou ficar ansiosa em relação aso sentimentos negativos.
Á medida que a criança se aproxima do início da adolescência, a intolerância
parental com as emoções negativas poderá intensificar o conflito entre pais e filhos
(Eisenberg et al., 1999)

Crianças que possuem problemas emocionais vírgulas comportamentais e do


desenvolvimento são mais propensas a ter condições que afetam suas atividades
20

diárias. 55% dessas crianças diagnosticadas com problemas tem transtornos da


conduta: comportamento agressivo, desafiador ou anti-social.

Transtornos da conduta são comuns em crianças de 4 a 5 anos, mas


costumam passar na terceira infância. Quando esses padrões de comportamento
persistem até os 8 anos, as crianças (geralmente os meninos) podem ser
diagnosticados com transtorno desafiador de oposição (TDO), um padrão de
desafio, desobediência e hostilidade em relação as figuras de autoridades adultas.
Crianças com TD estão constantemente brigando, discutindo, perdendo o controle e
são raivosas e ressentidas. Elas têm poucos amigos, costumam arrumar confusão
na escola e testar os limites da paciência dos adultos.

Transtorno desafiador de oposição-padrão de comportamento que persiste até


a terceira infância, marcado por negatividade, utilidade e desafio. (Papalia,
Desenvolvimento humano p.375, 376)

Em seu convívio com seus colegas de classe Salim sempre quer se impuser e
determinar as coisas sendo tudo da maneira dele, diferentemente do comportamento
das crianças na terceira infância, sendo elas não mais egocêntricas mais com o
pensamento mais empático

As crianças tendem a tornarem-se mais empáticas e mais inclinadas a


comportamento pró-social na terceira infância. A empatia parece ser pré-
programada nos cérebros de crianças normais. Como acontecem com os adultos, a
empatia foi associada com a ativação pré-frontalem criança de 6 anos de idade
(Light Et Al. 2009)

A autorregulacão emocional envolve controle por esforço (voluntario) das


emoções, da atenção e do comportamento. As crianças com baixo controle
voluntario tendem a torna-se visivelmente irritadas ou frustradas quando
interrompidas ou impedidas de fazer alguma coisa que querem fazer. Crianças com
auto controle voluntario podem conter o impulso de demonstrar emoção negativa em
momentos inadequados. O controle voluntario ou por esforço pode ser baseado no
temperamento, mas geralmente aumenta com a idade. Baixo controle voluntario
pode prever problemas de comportamento futuros (Eisenberg et al.,2004)

Salomão e Romana que são os pais de Salim discordam de algumas coisas


em seu relacionamento sendo o principal motivo da separação.

Um estudo de 226 famílias de etnias diversas com filhos em idade escolar


(kaczynski et al.,2006), o conflito conjugal estava consistentemente associado com
parentalidade ineficaz; e as crianças expostas a discórdia parental e parentalidade
insatisfatória tendiam a apresentar autos níveis tanto de comportamentos
internalizantes, como ansiedade, medo e depressão, como de comportamentos
externalizantes, como agressividade, brigas desobediência e hostilidade. As
maneiras como pais e filhos resolvem conflitos pode ser mais importante do que
21

propriamente os resultados. Se o conflito familiar for construtivo, poderá ajudar a


criança a ver a necessidade de regras e padrões.

As dificuldades comportamentais que Salim vem apresentando reflete na


educação familiar da criança, pela falta de limites que os pais deixaram de impor ao
decorrer do seu desenvolvimento o que faz com que ele tenha dificuldades na
educação e em sua vida social.

3.6 FAMILIA E SOCIAL

Salim uma criança de 8 anos que tem um comportamento bem centrado para
sua idade não sabe muito bem lidar com o ´´não``, e para sua idade ele ainda tem
um pensamento muito egocêntrico. ´´O egocentrismo também é uma forma de
centração, a criança concentra-se somente em um aspecto de uma situação e
negligenciam os outros. `` (PAPALIA e FELDMAN, 2013, P.262). Como por exemplo,
a questão de decidir quem vai buscá-lo na escola, se um dia o pai ou a mãe, e caso
não for a pessoa desejada no dia que ele escolheu ele faz ´´manha e birra``,
também na escola que na maioria das brincadeiras com seus amigos ele quem
manda e não concorda com a sugestão de outro colega, só a decisão dele vale, Isso
são características do período anterior (pré-operatório) que dura dos 2 aos 7 anos,
Salim ainda não superou essa fase, e em relação aos aspectos sociais, ele age
como uma criança do período anterior estando assim um pouco atrasado.

A questão familiar também é de extrema importância para o desenvolvimento


da criança que desde pequena tem de aprender a conviver com regras e respeitar o
próximo, que no caso de Salim, os pais ainda têm muita dificuldade de estabelecer
regras ao filho, é muito importante que os pais tenham esse controle para que a
criança não fique sem limites dando a entender que está controla os pais.

Com relação o divorcio, os pais de Salim terão de ter muita maturidade, pois,
por mais que o relacionamento entre pais e filho seja bom, a rotina irá mudar e com
um dos genitores fora de casa nem todos seus desejos será atendido como antes, já
que a situação econômica irá diminuir também ele terá que lidar com a adaptação do
pai estando fora.

Cada criança lida com a separação de um jeito diferente, ´´ Ao avaliar os


efeitos do divórcio, precisamos examinar circunstâncias específicas. Às vezes o
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divórcio pode melhorar a situação de uma criança, reduzindo a quantidade de


conflito na família, e às vezes não. As características pessoais das crianças fazem
diferença; crianças inteligentes e socialmente competentes sem graves problemas
de comportamento, que possuem um senso de controle sobre suas vidas, podem
lidar melhor tanto com o conflito entre os pais como com seu divórcio``. (PAPALIA e
FELDMAN 2006, p.411).

As crianças se saem melhor quando tem um ambiente estável e bem


estruturado, não dando a elas responsabilidades na qual elas não podem lidar. É de
extrema importância que o pai de Salim mesmo estando em outra cidade mantenha
contato com o filho e uma boa relação com ele e com a mãe assim evitando maiores
conflitos pós divorcio, e também esteja presente ao longo do seu desenvolvimento,
pois a criança teme o abandono do pai achando que quando ele sair de casa vai
deixá-lo também, os filhos ficam melhores se apos o divorcio o genitor se manter
afetuoso, presente, estando por dentro de todo o seu desenvolvimento ao longo dos
anos.

Salim ainda tem problemas na escola, essa situação poderia agravar, os pais
precisam de muita maturidade e muita conversa com Salim para que de forma
menos dolorosa e estressante seja o divorcio, tanto para a criança quanto a os pais.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Abordamos o caso de Salim, uma criança com 8 anos de idade com


problemas comportamentais. Seus pais buscam aconselhamento para amenizar as
consequências negativas que podem causar a Salim após a separação dos
mesmos.
Com esse trabalho houve o maior contato dos alunos com os aspectos de
desenvolvimento infantil através do estudo de caso do Salim. Com os problemas
comportamentais observados, podemos perceber que a criança apresenta
problemas em seu desenvolvimento emocional, possivelmente enfrentara
transtornos em sua vida cotidiana, isso se dá pelas intervenções dos pais em sua
fase de desenvolvimento. Onde seria apropriado estabelecer mais limites a criança.
A falta de algumas regras impostas em algumas fases de sua vida, e a necessidade
dos pais do menino de sempre atender suas vontades, tornou Salim uma criança
com o hábito de autoridade, sobre seus pais e colegas, não sabendo lidar com o
‘’não! ‘’. Foi analisado todos os aspectos de desenvolvimento da criança, que
apresenta dificuldades na escola e pouca habilidade de expressar suas emoções, já
que, quando há qualquer mudança de rotina ou não são supridas suas vontades,
chora ou se opõe a colaborar com qualquer outra decisão
A escola e principalmente a família, exerce papel fundamental na formação de
Salim. Que apresenta reflexos de situações familiares, podendo ser a causa de seus
problemas de aprendizagem e descontrole como as “birras”.
Deve se considerar todas as mudanças significativas na vida da criança,
incluindo o divórcio dos pais e a mudança de cidade do pai, no qual afetará muito o
menino Salim, o fazendo lidar pela primeira vez com uma situação diferente do que
esta acostumado e que ainda ocasionará outras mudanças desagradáveis, pois
alem da presença do pai se tornar mais limitada, a vida que ele levava de ganhar
todos os presentes que queria também vai se alterar. Podendo gerar algumas
reações negativas como traumas, acessos de raiva mais freqüentes etc.
O aconselhável nesse caso seria que os pais combinem um solido esquema
de participação na vida do filho, para que o menino não se sinta abandonado por
nenhum de seus familiares; uma maior atenção a vida escolar da criança, mesmo
sendo necessárias aulas de reforço escolar ou ate mesmo que a necessidade da
procura de um profissional para descartar diagnósticos como dislexia e que Salim
passasse por um psicólogo, que o ajudará a entender melhor esta nova fase de sua
vida.
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5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

CIPRIANI, M., FLÁVIA. Imagem corporal na infância: Uma investigação qualitativa. Disponível em:
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PAPALIA, E., D., FELDMAN, D., R. Desenvolvimento Humano. 12ª Edição. Porto Alegre;
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Acesso em: 17 maio 2020.


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6 ANEXO DO ESTUDO DE CASO


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