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ANO 2 • EDIÇÃO 13 • MAR/2022

POESIA TODOS OS
DIAS EM TODOS
OS LUGARES
Hélder Pinheiro
PÁGINA 10

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AS MULHERES
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A LINGUAGEM
LIDERAM A MUDANÇA NEUTRA E A ÉTICA DA
LINGUÍSTICA LINGUÍSTICA

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KIEV OU KYIV?
RAZÕES LINGUÍSTICAS
20
ME FORMEI,
E HISTÓRIA E AGORA?
EXPLICAM DIFERENÇA
AS MULHERES LIDERAM A
MUDANÇA LINGUÍSTICA
Maria Eduarda Costa

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3
M
uito se fala sobre a evolução da lin- Como linguista, ela escreve: “As mulheres
guística, mas pouco se reconhece a aprendem a língua com os seus pares, os ho-
importância das mulheres nesse mens com as suas mães”.
processo. Desde o princípio, a presença femini- Reconhecendo, nós também, a importância
na mostrou-se imprescindível para o cresci- do papel feminino em tudo o que diz respeito à
mento desse campo de pesquisa e ensino fo- linguagem nesta área, podemos afirmar que a
cado nas múltiplas formas de linguagem. Hoje, história da linguística está atrelada à trajetória
como um sinal dessa presença,, a maioria dos de grandes mulheres, como: Alexandra Aikhen-
líderes de grupos linguísticos são mulheres. vald, linguista russa conhecida por seus traba-
Em 1993, Terttu Nevalainen e Helena Rau- lhos sobre as línguas da Amazônia;. Victoria
molin-Brunberg, pesquisadoras finlandesa, exa-
Fromkin, linguista estadunidense que desen-
minaram mais de 6.000 cartas cartas pessoais
volveu pesquisas sobre os problemas de pro-
escritas em inglês (entre 1417 e 1681) e desco-
dução e compreensão do discurso.
briram que as mulheres realizavam mudanças
na maneira de escrever antes dos homens,
No Brasil podemos citar:
como substituir o ye pelo atual you em inglês.
Hoje, por exemplo, isso acontece com a ento- • Leila Barbara, referência em linguística
nação das frases que terminam em tom ascen- sistêmico-funcional, teoria em que é con-
dente, reafirmando a participação histórica das siderada pioneira no Brasil;
mulheres na linguística.
Mas o que faz as mulheres se aproximarem
• Rosa Virgínia Mattos Silva, nascida na
Bahia, pioneira e uma das autoridades no
tanto da linguística e tornarem-se fator decisi-
estudo da história da língua portuguesa;
vo para sua evolução?
Para responder essa pergunta, já foram ten- • Maria Helena de Moura Neves, vencedora
tadas muitas explicações. De modo geral, al- da primeira edição do prêmio Ester Sabino,
guns estudiosos afirmam que em décadas criado pela Secretaria de Desenvolvimento
passadas, essa aproximação teria como objeti- Econômico do Estado de São Paulo para
vo fazer com que a ação das mulheres sobre a valorizar pesquisadoras que contribuem
linguagem compensasse o desequilíbrio ainda para o desenvolvimento científico, cujos
existente entre homens e mulheres em termos trabalhos mais relevantes estão relaciona-
sociais e econômicos. Assim, os usos linguísti- dos à língua em uso, especialmente à gra-
cos inovadores seriam uma maneira de eviden- mática funcional do português e suas rela-
ciar a inteligência feminina. ções com o texto;
Em meio à evolução do papel social da mu-
lher, a pesquisadora Gretchen McCulloch afir- • Irandé Antunes, linguista cearense fixada
ma que as mulheres continuam passando em Recife, doutora pela Universidade de
maior tempo com as crianças, não apenas em Lisboa e responsável por disseminar a
casa, mas também na escola, o que explicaria gramática contextualizada por todos os
a liderança feminina na mudança linguística. cantos do país;

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da psicolinguística e do sistema alfabéti-
co do português;

• Magna Soares, mineira, é um dos princi-


pais nomes na pesquisa e estudos da al-
“As mulheres aprendem a
fabetização, da leitura e da escrita no Bra-
língua com os seus pares, os sil; atualmente, ela ampliou o conceito de
homens com as suas mães”. letrar para alfaletrar;

• Suzana Alice Marcelino da Silva Cardoso,


um dos mais importantes nomes da dia-
letologia e da geolinguística do português
brasileiro, tendo sido coordenadora do
“Atlas Linguístico do Brasil”;
• Stella Maris Bortoni-Ricardo, aluna de La-
bov, foi responsável por um dos mais im- • Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick,
portantes estudos sociolinguísticos do a maior representante dos estudos topo-
país e traz contribuições importantes para nímicos no Brasil;
a compreensão das mudanças linguísti-
cas no português do Brasil, trabalho que • Maria das Dores de Oliveira, a primeira es-
tudiosa indígena a obter um doutorado
pode ser consultado na obra “Do campo
no Brasil.
para a cidade: estudo sociolinguístico de
migração e redes sociais”;
Essas são apenas algumas das tantas lin-
• Ana Lúcia Silva Souza conhecida por seu guistas propulsoras da área no Brasil. Se fôsse-
importante trabalho de letramento junto mos continuar citando, não haveria espaço em
às periferias e jovens negros de todo o nossa revista. É impossível não evidenciar a
Brasil; força feminina na formação de uma linguística
produtiva, forte, contemporânea e mutável.
• Lucy Seki, mineira, foi uma das mais im- A todas as profissionais da linguística, nos-
portantes pesquisadoras no campo das
so muito obrigado por seu trabalho e pesquisa,
línguas indígenas brasileiras e da Améri-
por suas contribuições e, acima de tudo, por
ca Latina;
sua resistência.
• Lucia Lobato, pioneira na difusão da teo-
ria gerativa;
Você pode consultar na Wikipédia a
• Leda Bisol, responsável por importantes relação de alguns nomes femininos
contribuições à fonologia;
na linguística:
• Leonor Scliar-Cabral, cientista da lingua- https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:
gem de renome no Brasil e no exterior, dá Mulheres_linguistas
contribuições fundamentais aos estudos

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KIEV OU KYIV?
RAZÕES LINGUÍSTICAS
E HISTÓRIA EXPLICAM 
A DIFERENÇA
Naná de Luca
O
nome da capital da Ucrânia, Kiev, ora
cenário de ações militares russas
brutais, pode ser escrito e pronun-
ciado de outra maneira, Kyiv. Os dois usos são
corretos, mas a diferença faz parte de uma dis-
cussão mais ampla em que linguística, história
e geopolítica se encontram.
Assim como o espanhol e o português são
línguas diferentes com muitas semelhanças e
se utilizam de um mesmo alfabeto (o romano),
o ucraniano e o russo também são idiomas dis-
tintos que dividem um alfabeto, o cirílico.
A diferença entre Kiev e Kyiv surge da trans-
literação (quando vertemos uma palavra de um
alfabeto a outro) das línguas russa e ucraniana,
respectivamente.
Em russo, escreve-se assim o nome da capi-
tal: Киев (pronunciado ki-iev). E, em ucraniano,
Київ (pronunciado ki-iv).
A escolha entre Kiev e Kyiv está baseada
nas relações geopolíticas entre as nações e de
qual língua tomamos como base para traduzir
a região. Há cerca de 800 anos, as línguas rus-
sa, ucraniana e bielorrussa eram uma só: o es-
lavo oriental, falado na região onde hoje estão
Ucrânia, Belarus e a parte europeia da Rússia.
“O que a gente chama de língua ucraniana é
uma língua bastante parecida com o eslavo
oriental do ponto de vista fonético, muito mais
conservadora do que o russo, que já derivou
bastante. Mas é uma língua muito influenciada
pelo polonês do ponto de vista lexical”, explica
Lucas Simone, historiador e doutor em literatu-
ra e cultura russa pela USP.
O especialista afirma que essas diferenças
lexicais e fonéticas, que surgiram gradativa-
mente, tornaram comum que haja duas ver-
sões de uma mesma palavra, uma versão em
russo e uma versão em ucraniano.
É o caso do próprio nome do presidente Vla-
dimir Putin (versão russa consagrada) ou Volo-
dimir Putin (versão ucraniana). Da mesma for-
O debate sobre qual uso
ma, o nome do presidente ucraniano Volodimir
Zelenski, em versão russa, seria Vladimir. seria mais adequado ganhou
Desde o século 17, quando a Ucrânia integra- espaço nas redes sociais nos
va o Império Russo, tornou-se comum a expor- últimos dias, após a invasão
tação dos nomes de cidades ucranianas em
versão russa. Além disso, no período czarista
da Ucrânia pela Rússia, e a
(1547-1917), a língua ucraniana foi muito perse- hashtag #KyivNotKiev (Kyiv,
guida pelo regime, chegando a ser proibida. não Kiev) ser usada nas redes
No caso do século 20, período em que a
Ucrânia esteve majoritariamente sob o domí-
sociais em demonstrações de
nio de Moscou, a “questão da língua” foi tratada apoio à Ucrânia.
de diferentes maneiras pela União Soviética.
Na primeira década, houve um período de defe-
sa das línguas e de costumes nacionais dos di-
ferentes territórios. Depois, vem o “período de sia, e a hashtag #KyivNotKiev (Kyiv, não Kiev)
russificação”, em que a língua ucraniana perde ser usada nas redes sociais em demonstra-
espaço, sobretudo nas grandes cidades. ções de apoio à Ucrânia.
Essa internacionalização das versões rus- A hashtag é, na verdade, slogan de uma cam-
sas é o que faz com que, no Brasil, utilizemos panha do ministério de Negócios Estrangeiros
Kiev, fazendo a transliteração do russo. da Ucrânia que teve início em 2018 e visava, en-
O debate sobre qual uso seria mais adequa- tre outras coisas, fortalecer a identidade ucra-
do ganhou espaço nas redes sociais nos últi- niana no cenário internacional, desvencilhando-
mos dias, após a invasão da Ucrânia pela Rús- -a da Rússia.

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A iniciativa tinha como um dos objetivos rença entre as grafias da capital e pede para que
convencer veículos de imprensa e órgãos de a CNN adote a formulação ucraniana. “Aquele
Estado estrangeiros, bem como aeroportos, a Kiev ao estilo soviético é maluquice”, diz o post,
adotarem a grafia ucraniana, Kyiv, para se refe- que também afirma que “a maioria dos aeropor-
rir à capital. tos e veículos de mídia” utilizam “Kyiv” e que o
Surtiu efeito. Grandes jornais de língua ingle- Facebook a havia adotado recentemente.
sa, como The New York Times, The Economist e Por fim, Simone ressalta que há muita dúvi-
The Guardian, padronizaram em suas redações da em relação às “minorias de falantes de rus-
o uso de Kyiv. O governo dos Estados Unidos so” ou “maioria falante de ucraniano”. Não é
também adotou oficialmente a designação essa a questão.
ucraniana um ano após o início da campanha. “Para nós, brasileiros, a dificuldade em en-
“Para a questão geopolítica, a língua foi usa- tender essa diferença na língua é porque mora-
da como um fator de aglutinação de ideias na- mos em um país onde o pertencimento jurídico
cionalistas no século 19 e é um dos pontos se dá mediante o nascimento. Na Europa nada
principais de sustentação da Ucrânia como um disso vale, o princípio jurídico é da descendên-
Estado independente hoje”, diz Simone. cia: a pessoa pertence à nacionalidade de seus
“O fato de existir uma língua que não o russo ancestrais”, explica.
é um dos fatores que justificam a existência Kiev, por exemplo, é uma cidade em que se
desse Estado. Por isso houve uma tentativa fala majoritariamente o russo, nem por isso as
forte de ucranização da população depois da pessoas deixam de se entender como ucrania-
independência [de 1991], semelhante aos pro- nas. Assim, a disputa baseada na língua não
cessos bem-sucedidos de Israel e mal-sucedi- tem relação com uma minoria ou maioria fa-
dos na Irlanda, de tentar introduzir uma língua lante, mas da afirmação de uma identidade na-
que vinha em declínio”, completa. cional ucraniana independente.
Na postagem abaixo, de 2020, o perfil oficial Esse texto foi publicado na Folha de S.Paulo,
do governo da Ucrânia no Twitter explica a dife- 01/03/2022

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POESIA TODOS OS DIAS
EM TODOS OS LUGARES
Hélder Pinheiro

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Q
uando iniciei no magistério, no ensi- profissionais do ensino deveriam ler um poe-
no fundamental, há mais de 40 anos, ma para seus alunos(as). Às vezes, lê-lo e dei-
comecei a levar poemas para serem xá-lo ecoar nos ouvidos, no coração. Sem ne-
lidos com minhas turmas. Além de um ou ou- nhuma cobrança. Outras vezes, ler e discutir
tro poema presente nos livros didáticos, eu poesia, ouvir as diferentes recepções: associa-
sempre lia algum a mais, de acordo com a tur- ções feitas (com a vida, com pessoas, com lu-
ma, com o momento e até mesmo com mi- gares, etc.), não ignorar as dificuldades ou mes-
nhas condições de leitura à época. mo a indiferença de alguns. No entanto, jamais
Também nas comunidades de jovens de deixar de ler. E como mediador, fazer perguntas
que participei, nos sindicatos, nos encontros quando houver, claramente, o que Eco chamou
com amigos(as), sempre abríamos um espaço de superinterpretação.
para a leitura de poemas. Claro, sem imposi-
ções, sem chatices, buscando despertar a di-
mensão poética, muitas vezes adormecida
pela dureza dos afazeres diários. Acredito, cada vez mais, que a
Essa prática jamais foi abandonada. Sem-
poesia precisa ser experimentada
pre há um lugarzinho para ler um poema, ou
cotidianamente. Acho que todos
dois, e também deixar uma sugestão de leitura.
Nesse sentido, como professor, nunca come-
os dias os profissionais do ensino
morei o Dia da Poesia. Para mim, conforme dis- deveriam ler um poema para seus
se numa entrevista, “todo dia é dia da poesia”. alunos(as).
Não consigo compreender a vida sem ela.
Qualquer coisa, por certo, eu suportaria, como
já suportei tantas dores e perdas, mas, sem
poesia, acho que seria muito mais difícil. Até Muitas vezes, em encontros com professo-
porque as dores, as perdas sempre foram per- res(as), quando me perguntam para que serve
meadas pelas vozes poéticas que me acompa- a poesia, respondo de pronto: para nada! É que
nham. As vozes mais constantes são: Cecilia a pergunta pressupõe um tipo de utilidade que
Meirelles, Carlos Drummond, Manuel Bandeira, não me parece cabível à poesia – e diria mes-
Mário Quintana, Fernando Pessoa, Adélia Pra- mo à arte em geral. Aprender a somar, a dimi-
do e tantas outras mais antigas ou descober- nuir, a multiplicar e a dividir serve para muitas
tas recentemente. coisas vida afora, sobretudo para não ser facil-
Muitos colegas professoras(es) não pen- mente enganado. Ou seja, muitas disciplinas
sam assim, mas defendo que ensinar poesia escolares “servem para alguma coisa” – além
na escola não deveria se restringir a ensinar de passar no ENEM e nos vestibulares –, mas,
formas: tipo de verso, de estrofe, figuras e mes- como a canção, a poesia não tem, para mim,
mo os tais estilos de época. Acredito, cada vez essa utilidade prática. Mas justamente, talvez
mais, que a poesia precisa ser experimentada por isso mesmo, canção e poesia sejam tão
cotidianamente. Acho que todos os dias os essenciais à vida!

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Diria até que é fácil ensinar um saber técni-
co-poético – e infelizmente é isto que grande Como a canção, a poesia não tem,
parte dos livros didáticos continua fazendo.
para mim, essa utilidade prática. Mas
Mas esse saber nem sempre contribui para for-
justamente, talvez por isso mesmo,
mar leitores de poesia. Hoje, depois de ter cur-
canção e poesia sejam tão essenciais
sado Letras, de ter feito mestrado, doutorado,
pós-doutorado, adoro ler sobre a teoria do ver- à vida!
so, sobre o rico universo das teorias, das ima-
gens, das figuras de linguagem etc. Contudo
começar por aí me parece um grande equívo- de distanciamento dos mortais comuns, algo
co, uma vez que isso não vai ajudar pratica- que só as mentes mais elevadas alcançariam.
mente em nada a formar leitores. Eu adoro ver- Infelizmente essa visão um tanto aristocrática
sos da tradição oral que ouvia já desde a ainda persiste. Pois bem, para mim, não há uma
infância, sem saber o que era uma redondilha utilidade prática na poesia — e às vezes pode
maior ou menor, ou mesmo o que era uma sex- até haver —, talvez porque, conforme lembra
tilha, uma décima. No entanto, eles me acom- Adorno, ela — a poesia lírica — não tenha ainda
panham até hoje. sido imantada pelo véu da ideologia: “Obras de
Com isso quero dizer: primeiro vêm a expe- arte, entretanto, têm a grandeza unicamente
riência leitora e todos os desafios e encanta- em deixarem falar aquilo que a ideologia escon-
mentos que ela gera. Determinadas sonorida- de” (Adorno, 2003: 68) Embora haja, cada vez
des, certas expressões que não entendemos mais, uma espécie de aproximação da poesia
bem, algumas imagens para as quais muitas com uma certa ideologia de autoajuda.
vezes não encontramos imediata referência, Num ensaio denominado “A poesia ainda é
tudo isso faz parte do percurso. Como também necessária?”, meu grande mestre Alfredo Bosi
faz parte dele a alegria de entrar em sintonia enfrenta a questão, primeiro, com certa perplexi-
com uma imagem ou nos projetarmos numa dade: “Quem pergunta sobre a necessidade da
expressão que diz o que sonhávamos dizer. poesia poderá estar experimentando uma falta
Sempre gosto de ler e conversar com pro- e provavelmente um sentimento misto de sau-
fessoras e professores sobre um poema de dade do que terá passado sem retorno e angús-
Mário Quintana: “Ah, sim a velha poesia”. E o tia por um presente cujo futuro é ainda enigma”
início é instigante: (p. 9). Lembra o crítico: “Durante milênios e cer-
tamente muito antes da invenção da escrita, a
Poesia, minha velha amiga… poesia habitou entre os homens para seu en-
Eu entrego-lhe tudo cantamento e consolo” (p. 9). A resposta de Bosi
a que os outros não dão é, como afirma, “puramente exploratória”. Ele
importância nenhuma.... analisa vários poemas, como “A morte do leitei-
ro”, de Carlos Drummond de Andrade, “Notícia
A seguir, ele enumera as coisas desimpor- da morte de Alberto da Silva”, de Ferreira Gullar,
tantes a que se refere. E as pessoas vão lendo, trechos de “O cão sem plumas”, de João Cabral,
conversando, se desarmando. Sim, se desar- o “Soneto da separação”, de Vinicius de Moraes,
mando, pois houve muito — e continua haven- entre outros poemas chamados ao diálogo. Ao
do — quem dê à poesia um status de grandeza, fechar a reflexão sobre “A morte do leiteiro”, ele

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lembra que “outros poemas falariam, a seu TRIBUTO A J. G. ROSA
modo, deste mesmo movimento de tornar pró-
ximo e singular o que a desmemória cotidiana Passarinho parou de cantar.
vai deixando remoto e indistinto”. Creio que esta Essa é apenas uma informação.
frase final pode ser remetida a uma das funções Passarinho desapareceu de cantar.
precípuas da poesia: “Tornar próximo e singular” Esse é um verso de J. G. Rosa.
não apenas o que a memória esqueceu, mas
Desapareceu de cantar é uma
também o aqui e agora, experiências humanas
graça verbal.
as mais diversas — como já apontavam teóri-
Poesia é uma graça verbal.
cos do formalismo russo.
O poeta e crítico mexicano Octavio Paz, no
seu importante livro O arco e a lira, nos lembra:
REFERÊNCIAS:
“O poema é uma criação original e única, mas
ADORNO, Theodor W. Notas de literatura I. Trad.:
também é leitura e recitação — participação. O
poeta o cria; o povo, ao recitá-lo, recria-o. Poeta Jorge de Almeida. São Paulo: Livraria Duas Ci-
e leitor são dois momentos de uma mesma dades; Editora 34, 2003.
realidade”. Essa lembrança de que o leitor é BARROS, Manel de. Tratado geral das grande-
fundamental não deve ser esquecida, sobretu- zas do ínfimo. Rio de Janeiro: Record, 2001.
do no âmbito do trabalho com o poema no con- BOSI, Alfredo. Entre a literatura e a história. São
texto escolar. Paulo: Editora 34, 2013.
E, para encerrar essa prosa, fiquemos com PAZ, Octavio. O arco e a lira. 2ª. Ed. Trad. Olga Sa-
uns versinhos de Manoel de Barros: vary. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1982.
A LINGUAGEM NEUTRA E
A ÉTICA DA LINGUÍSTICA
Fábio Ramos Barbosa Filho
(UFRGS)

GEM
LINGUA
TRA
NEU
A QUERELA DA “LINGUAGEM NEUTRA” NO
BRASIL
Há no Brasil mais de trinta projetos de lei
que buscam proibir a utilização de formas pro-
nominais como “todes” e “elu”, sob a alegação
de que os únicos gêneros que uma língua deve
reconhecer são “os gêneros da espécie huma-
na”, a saber, homem e mulher. Essa simetria es-
tritamente natural entre desinência de gênero e
genitália parece definir, sem exageros, o argu-
mento daqueles que rechaçam a linguagem
neutra (LN, daqui em diante) sob as suas mui-
tas formas de denominação: linguagem não bi-
nária, linguagem não sexista, linguagem inclu-
siva, entre outras.
Esse argumento estapafúrdio que circula
abundantemente no discurso conservador
sustenta, entre outras besteiras, que “a lingua-
gem neutra é mera destruição ideológica da
[...] as palavras podem mudar de sentido segundo nossa língua” e que as “modificações extremas
as posições sustentadas por aqueles que a empre-
como as propostas pela linguagem neutra des-
gam. Nessas condições, trata-se ainda de um pro-
blema puramente linguístico?
caracterizam e mutilam a Língua Portuguesa”​.
– Michel Pêcheux, Língua, linguagens, discurso Para os propositores desses projetos de lei, a
LN nos encaminha, pois, para o fim da comuni-

E
m primeiro lugar, eu gostaria aqui de in- cação, pois se cada grupo social reivindicar a
terrogar de que modo o conceito de lin- sua própria “neolinguagem”, estaremos fada-
guagem está sendo empregado no atual dos a simplesmente não nos entender mais.
Quem se interessa por linguagem sabe que
debate em torno da linguagem neutra, seja nas
essa ladainha não é nova. Fala-se a mesma
posições que a reivindicam, seja nas posições
coisa há décadas sobre os estrangeirismos​ e
que a rechaçam; em segundo, gostaria de
sobre a variação/mudança linguística. Para os
apontar um possível caminho teórico e político
conservadores, saudosos de uma Babel idílica,
que nos permita escutar essa polêmica sem
há sempre alguém tentando destruir a língua
transformá-la num debate puramente gramati- em nome de uma intenção insidiosa, quase
cal, de um lado, ou puramente sociológico, de sempre oculta. Sabemos também que esses
outro; por fim, gostaria de fazer menção à ética argumentos não passam de defesas de uma
que, a meu ver, deve sustentar o fazer linguísti- suposta unidade linguística que não se susten-
co, refreando as suas tentações totalizantes ta senão na “sociologia espontânea” que funda-
em direção a uma ciência capaz de dizer tudo menta os juízos daqueles que estão sempre
sobre a linguagem. com medo de qualquer mudança que não rati-

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fique as suas convicções. Entre aqueles que re- poder numa sociedade que se orienta pelo apa-
chaçam a LN, há ainda a defesa de outro argu- gamento de minorias e subjetividades dissi-
mento, supostamente contraditório ao primeiro: dentes. Essa demanda, aliás, não é recente. A
diz-se que a desinência de gênero não é (ou LN, nessas posições, seria radicalmente inclu-
não deve ser tomada como) uma expressão da siva, assumindo uma “atitude que busca fugir
identidade de gênero. Assim, encaminha-se o da maneira tradicional, colonial, de representar,
debate para um campo puramente gramatical, que é centralizada no masculino genérico”.
ou seja, desprovido de “ideologia”, sob a alega- Desse ponto de vista, as línguas (o português,
ção de que não há gênero neutro na língua por- por exemplo) atuam como instrumento de
tuguesa e que, portanto, devemos considerar coerção de subjetividades que não se veem
apenas formas como “ela” (forma marcada do contempladas ou representadas nas formas
gênero feminino) e “ele” (forma não marcada linguísticas padrão (seja pelo suposto univer-
universal e também masculina). Nessa posi- salismo do masculino, seja pela binariedade
ção, a LN é perigosa porque “suprime as dife- compulsória do “ele”/“ela”). Essa posição toma
renças entre homens e mulheres, impõe uma partido por um sentido preciso de “neutro”: o da
assepsia de gênero que destrói o princípio de não marcação de gênero em nomes e prono-
separação entre meninos e meninas. Impõe o mes e a consequente busca por formas mais
caos e a confusão sexual, sobretudo na cabeça inclusivas. Apesar das divergências inconciliá-
de crianças”. veis entre aqueles que são pró e contra a LN,
Esses dois argumentos dão muito mais visi- ambas as posições sustentam que a língua
bilidade a um “efeito de antagonismo” do que (assim como a linguagem) tem como uma das
propriamente a uma contradição. Ambas as suas funções a “representação” de certos fenô-
tendências — a primeira, sociologista; a segun- menos que lhe são exteriores: a sexualidade
da, gramatical — apontam para a mesma pre- (de onde vem o argumento de que precisamos
missa: deve-se proteger a língua de inovações de uma língua inclusiva que contemple diver-
que ameacem sua capacidade de produzir en- sos matizes da sexualidade humana) e a nacio-
tendimento, unidade e coesão social. nalidade (de onde vem o pavor de qualquer me-
Essa postura patrimonialista remete, pois, a dida que, inovando, descaracterize a unidade
uma defesa dos “valores” que a língua suposta- da língua que corresponde à unidade do povo e
mente representa, mesmo na tendência gra- da nação), apenas para tomar dois exemplos.
matical. Em suma, em ambas as tendências a Ambos, de maneiras distintas, assumem que
proteção da língua, a bem da verdade, não é os falantes de uma língua se significam através
proteção da língua, mas de certo imaginário de uma língua, na e pela língua. Essa crença,
de língua. aliás, não é sem fundamento, mesmo de um
ponto de vista estritamente linguístico, formal.
UM CONTRAPONTO POLÍTICO No caso específico da LN, há uma premissa
De outro lado, há uma demanda que nos (explícita ou implícita) de que as línguas natu-
convoca a refletir sobre as relações que a lin- rais têm algo a ver com a subjetividade e de
guagem e as línguas possuem com a domina- que os pronomes e desinências de gênero re-
ção de gênero e a estruturação das relações de presentam ou expressam (ou não deveriam re-

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presentar ou expressar) a identidade de gêne- gua e cultura, mas do reconhecimento da espe-
ro. De modo mais geral, há uma hipótese de cificidade dessa relação.
que as línguas representam ou expressam re- Mesmo que não pensemos em nossa lín-
lações que lhes são extrínsecas (sociais, cultu- gua, é inegável dizer que as línguas são a base
rais, etc.). É nesse sentido que uma linguagem do dizer. Ou seja, tudo o que se diz é dito em
(e até mesmo uma língua) pode ser acusada uma língua, estando portanto esse dizer sub-
de “sexista” ou “racista”, mas também “fria” ou metido às suas leis fonológicas, morfológicas
“acolhedora”. Ambas as posições, pró e contra e sintáticas, e essas leis impõem efeitos mate-
a LN sustentam, de algum modo, a pertinência riais no processo de produção do sentido. Do
dessa concepção de linguagem. Mas o que a nosso ponto de vista, deve-se conceber a lín-
linguística, enquanto “ciência da linguagem”, gua (objeto da linguística) como a base em re-
tem a dizer sobre isso? lação à qual se constroem os processos; a
base linguística caracteriza, nessa perspectiva,
POR UMA LINGUÍSTICA FINITA o funcionamento da língua em relação a ela
mesma, como realidade relativamente autôno-
Pensando nessa miríade de definições, sen-
ma; e é preciso, desde então, reservar o termo
tidos e direções possíveis, assumo que o que
de processo discursivo (processo de produção
está no cerne da polêmica em torno da LN é a
do discurso) para se referir ao funcionamento
própria disputa pelos sentidos de “língua” e “lin-
da base linguística em relação às representa-
guagem”. É por isso que a polêmica em torno
ções colocadas em jogo nas relações sociais.
da LN é muito mais política do que linguística.
Isso permite compreender por que formações
E quando me refiro a político, me refiro também
ideológicas bastante diversas podem se cons-
a semântico, pois as relações de força em uma
tituir sobre uma única base (resposta ao pro-
sociedade sempre desembocam em relações
blema: uma só língua/várias culturas).
de sentido. A língua, neste caso, intervém como
Isso quer dizer, entre outras coisas, que a des-
o objeto de uma disputa entre diferentes posi-
peito da sua funcionalidade (comunicar, repre-
ções ideológicas que sustentam distintos dis-
sentar, etc.), a língua é uma estrutura e possui um
cursos sobre a língua. E sobre isso a linguística mecanismo que a faz funcionar. É isso, aliás, que
tem muito pouco a dizer. Uma das questões autoriza a própria existência da linguística como
postas pela linguística é a irredutibilidade da lín- ciência que se ocupa da descrição desse funcio-
gua a qualquer outra ordem que não seja a sua namento. O que devemos compreender, portan-
própria. Ou seja, não é possível supor uma ho- to, como um problema estritamente linguístico?
mologia entre a ordem da língua e a ordem da Michel Pêcheux nos alertava a esse respeito ao
cultura, por exemplo. O linguista Daniel Everett dizer que “é absurdo censurar a linguística por se
nos deu uma boa resposta a essa antiga quere- restringir ao seu objeto”​.
la ao afirmar que sociedades cujas línguas uti- A linguagem, no sentido de uma dimensão
lizam o feminino (e não o masculino) como de- que integra a estrutura das línguas à especifici-
sinência não marcada podem ser tão sexistas dade singular da fala (e dos falantes), não pode
quanto às sociedades que optam pelo mascu- nem ser submetida a um campo estritamente
lino genérico. Não se trata, portanto, de uma lógico (na medida em que se supõe que o sim-
questão de paralelismo ou homologia entre lín- bólico tem vocação ao equívoco, e é por isso que

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apenas as línguas naturais são dotadas de polis- destrói mitos. Eles persistem a despeito do co-
semia, ambiguidade e metáfora), nem tampou- nhecimento porque são necessários à reprodu-
co a um campo que a incorpore ao “social”, des- ção das relações sociais dominantes.
tituindo-a do que lhe é singularmente próprio. A linguística, apesar de ser não toda, não é
A linguística, na medida em que se ocupa da uma experiência apolítica. Nesse sentido, me
língua e não do discurso, tem muito pouco a dizer amparo em um texto fundamental de Louis Al-
a respeito das lutas políticas que, no entanto, es- thusser​ para reivindicar uma linguística finita, e
tão inevitavelmente inscritas no linguístico, no es- que supõe um retorno aos fundamentos de sua
paço semântico das lutas por sentido. O semân- prática. Deixemos à linguística a língua, cuja
tico não é um quarto nível de análise (assim como complexidade já é suficiente para constituir um
o fonológico, o morfológico e o sintático), mas a campo autônomo. Que a inocente percepção
encruzilhada onde a língua se encontra com a do “tudo é linguagem” não assoberbe os linguis-
historicidade da sociedade e dos seus falantes. tas a falar de tudo. Mas, ao mesmo tempo, essa
No entanto, o campo do sentido é irredutível ao postura não precisa desembocar no quietismo
campo da língua porque esta não é e jamais po- da linguística face à questão da LN (ou das po-
derá ser um puro substrato lógico, tampouco a líticas de língua, dos estrangeirismos, da varia-
expressão ou reflexo da sociedade. ção). Entre o “cale-se” e o “diga tudo”, a linguísti-
A ética da linguística reside, portanto, no re- ca deve optar pelo reconhecimento de um
conhecimento de que ela não deve “elucidar” a limite, que é o do seu próprio objeto e se engajar
questão da linguagem neutra, porque essa no espaço contraditório das práticas políticas
questão não é uma questão linguística, mas como uma prática teórica capaz de produzir fis-
uma questão em que o linguístico comparece suras no discurso ideológico, mas sem garan-
como objeto de uma disputa ideológica. tias. A posição ética da linguística face a isso
Face ao sonho iluminista da ciência que “des- implica o reconhecimento de sua finitude, para
venda” e “dissipa” uma ideologia, a linguística que a sedução fantasiosa da “ciência piloto”
não pode ceder como aquela que dá a última não nos convoque, mais uma vez, para o terre-
palavra. Ao contrário do que deseja a ingenuida- no das generalizações que decantam o social e
de política do positivismo, o conhecimento não o político acreditando contemplá-los.

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ME FORMEI, E AGORA?
Ana Caroline Castro, CEFET, MG
CINCO DICAS PARA FORMANDOS[AS] tre outras funções. Isso permite a ele transitar
EM LETRAS em diversas funções, ampliar seu conhecimen-
“Me formei. E agora?” Esta frase assombra to e conseguir uma remuneração adequada a
todo(a) recém-formado(a). Sair de uma gra- sua formação e capacidade profissionais.
duação é uma vitória; porém, encarar o fato de Seguem algumas dicas para quem se en-
não saber qual o próximo passo a ser dado é contra nessa situação:
um assombro.
E se tivermos algumas dicas de como nos QUALIFIQUE-SE MAIS E MAIS:
planejar para evitar esse “terror”? PÓS-GRADUAÇÃO
Este texto foi feito nesse intuito: iluminar os Entreguei meus últimos trabalhos, fui apro-
caminhos dos(a) recém-formados(as) no cur- vada(o), adeus, academia!
so de Letras. O mercado de trabalho para o(a) Nã-nã-nin-nã-não. Que tal pensar em subir
profissional das Letras se mostra amplo e di- mais um patamar?
versificado. Um(a) formando(a) em Letras Pense em uma pós-graduação. As universi-
pode lecionar, atuar como intérprete, tradu- dades hoje em dia possuem múltiplas opções
tor(a), revisor(a), redator(a), pesquisador(a), en- para o formando em Letras que queira expandir
seus conhecimentos acadêmicos. É fundamen- Com o crescimento do acesso ao mundo
tal ampliar o campo de atuação para ter mais e virtual, o serviço de editoração, que antes era
melhores chances no mercado de trabalho. exclusivo das mídias impressas, se expandiu
A dica é: faça uma pós-graduação. Seja es- para as mídias virtuais, e o editor realiza esse
pecialização, mestrado ou doutorado, procure trabalho, também, em sites e home pages.
aumentar seu leque de áreas nas quais possa
atuar. Invista em cursos que lhe permitam de-
APRESENTO A VOCÊS O ARTISTA
senvolver habilidades em mais de uma frente
Escreva. Por conta própria ou para terceiros.
profissional. Letras tem uma ligação forte com
Vire redator de um site, colunista de uma revis-
as áreas culturais, mas também pode se ligar a
ta, invista seu tempo e criatividade em poesias
formações nas áreas de marketing e gestão.
ou romances. Escreva!
Estamos falando de um curso que estuda lín-
O(a) formando(a) em Letras pode se dedicar
guas e linguagem, dois aspectos responsáveis
à área publicitária e usar de seus dotes para
pela comunicação de todo e qualquer grupo.
criar slogans, ou ajudar na divulgação de peças
publicitárias.
ME FORMEI: LICENÇA PARA ENSINAR
O(a) formando(a) em Letras que fez a licen-
ciatura está habilitado(a) para dar aulas. Então, INTERPRETE
bora investir no ensino dos outros. Que tal atuar na área de tradução? Taí uma
O letrólogo — sim, este é o nome que os ma- boa pedida. O(a) formando(a) em Letras com
lucos das Letras recebem — licenciado pode habilitação em língua estrangeira pode atuar,
ter habilitação para o ensino de língua portu- por exemplo, como intérprete em empresas e/
guesa ou estrangeira. Ele pode atuar nos ensi- ou eventos.
nos médio e fundamental ou no ensino univer- Os habilitados em Letras/Libras também po-
sitário, caso tenha pós-graduação. dem atuar como intérpretes. E o mercado tem
A competitividade está maior; vence aquele se aberto cada vez mais para a inclusão de por-
que possuir formação com mais atributos. Do- tadores de deficiência auditiva. O(a) profissional
mine mais assuntos e tenha maior capacidade de Letras do futuro deverá dominar a linguagem
de ensinar aos outros. dos sinais, tanto quanto o inglês, o mandarim,
espanhol, ou qualquer outra língua estrangeira.
EU EDITO, TU REVISAS, ELE PUBLICA Planejem-se. Pesquisem e entendam que
Outra área na qual o(a) recém-formado(a) o(a) profissional das Letras tem o mundo todo
pode atuar é a de editoração. O profissional para desbravar.
dessa área é responsável por selecionar textos Esperamos ter ajudado todos(a) os(as) for-
originais, traduzi-los, revisá-los, padronizá-los, mandos(as) em Letras e também aqueles(as)
ou seja, moldar o texto de acordo com o que a que buscam ingressar nessa carreira.
editora pede. Gostou de nossas dicas? Compartilhe com os
Um bom editor domina um pouco de cada amigos e nos siga nas redes sociais para mais
função da máquina editorial. informações sobre Letras, cultura e educação.

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Linguagem,
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Poesia na sala sexualidade:
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CONFIRA OS TEXTOS DO
BLOG DA PARÁBOLA EDITORIAL

A TRADUÇÃO CAPENGA E O
IMPERIALISMO LINGUÍSTICO
Uma das principais consequências da pres- guas do mundo de cima para baixo e de den-
são esmagadora de uma língua imperial sobre tro para fora.
as línguas subalternizadas são as fissuras que Não se trata apenas da importação de pala-
vão se abrindo nessas línguas, fissuras por vras: o uso de vocábulos estrangeiros é ape-
nas a face mais visível de um processo muito
onde a língua imperial vai se infiltrando sorra-
mais insidioso, a ponta reluzente de um ice-
teiramente e colonizando o léxico e a gramáti-
berg. É possível legislar contra os estrangeiris-
ca das subjugadas. É o que se dá hoje em dia mos, muitos governos fizeram isso, mas os
com o inglês, que ataca todas as outras lín- resultados são, quando muito, pífios. [...]

Leia na íntegra aqui: A TRADUÇÃO CAPENGA E O IMPERIALISMO LINGUÍSTICO


– Blog da Parábola Editorial (parabolablog.com.br)

REVISTA DIGITAL PARÁBOLA A REVISTA DIGITAL PARÁBOLA é uma revista mensal da Pará-


Ano 2 • Edição 13 • março de 2022 bola Editorial. Os artigos publicados com assinatura não traduzem
Editora: Talita Benegra a opinião da Parábola Editorial. Sua publicação obedece ao propó-
sito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do
Diagramação: Jônatas Jacob
pensamento contemporâneo.
Revisão: Gisele Massaki
Parábola Editorial LTDA
Colaboradores: Ana Caroline Castro, Fábio Ramos Barbosa Rua Dr. Mario Vicente, 394 – Ipiranga
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