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Criança pode assistir

filme inadequado para a


sua idade, em cinema,
quando acompanhada
de seus pais?
Publicado por Luciano Alves Rossato há 11 anos

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*Luciano Alves Rossato*Paulo Eduar-


do Lépore

Superior Tribunal de Justiça (RESP


1.072.035).

Noticia o Superior Tribunal de Justiça


caso em que se discute os limites para
os pais e filhos na hora de se divertir.

Entenda o caso.

O pai acompanhava uma criança (nove


anos), em uma sessão de cinema, para
assistir um filme inadequado para a fai-
xa etária do infante. Em razão disso, a
administração do cinema entendeu por
bem retirar o pai e filho da sessão, proi-
bindo-os de assistir ao filme.

O fato ocorreu no de 2003, quando ain-


da vigia a Portaria 796/00, do Ministé-
rio da Justiça.

Por conta do ocorrido, os dois – a crian-


ça representada pelo seu pai – ingressa-
ram com ação pleiteando a condenação
da empresa administradora do cinema
ao pagamento de indenização de danos
morais, pretensão acolhida em primeiro
grau. Em recurso, a condenação foi ma-
jorada.

Por esse motivo, a empresa recorreu ao


Superior Tribunal de Justiça, que deu
provimento ao seu recurso, cassando-se
a decisão do E. Tribunal de Justiça,
para o fim de reconhecer a licitude da
conduta que retirou o pai e filho da ses-
são de cinema, proibindo-os de assistir
ao filme.

É certo, porém, que a decisão do STJ


baseou-se na norma administrativa vi-
gente à época, sendo que, atualmente, o
resultado da demanda seria outro, cer-
tamente.

E isso porque, em razão da Resolução


796/00, a classificação etária era impo-
sitiva, não se admitindo qualquer relati-
vização, nem mesmo com a autorização
dos pais, sob pena do estabelecimento
comercial praticar a infração adminis-
trativa tipificada no art. 255, do ECA.

Atualmente, porém, encontra-se em


vigência a Portaria n. 1.100, do Ministé-
rio da Justiça, datada de 14.07.2006,
dispondo o seu artigo 18 que a faixa etá-
ria é meramente indicativa aos pais e
responsáveis que, no regular exercício
de sua responsabilidade, podem decidir
sobre o acesso de seus filhos, tutelados
ou curatelados, a obras ou espetáculos
públicos cuja classificação indicativa
seja superior a sua faixa etária.

Ou seja, de acordo com a atual norma


administrativa, o caso tratado pelo Su-
perior Tribunal de Justiça teria outro
resultado, pois o pai poderá permitir
que seu filho assista a um filme, mesmo
que a faixa etária indicada seja superior
ao da criança ou adolescente. Para tan-
to, deverá acompanhá-lo pessoalmente
ou então firmar autorização escrita.

Contudo, para os filmes e espetáculos


em que não se permite o ingresso de
menor de dezoito anos, nem mesmo
com a autorização dos pais as crianças e
o adolescentes poderão assisti-los.

Em razão de tudo isso, é possível apre-


sentar o seguinte quadro explicativo:

a) FILMES COM FAIXA ETÁRIA


EXPRESSA, DESDE QUE SE PER-
MITA QUE MENORES DE 18
ANOS O ASSISTAM: permite-se
que os pais acompanhem seus fi-
lhos ou os autorizem por escrito;

b) FILMES COM FAIXA ETÁRIA


INDICATIVA PARA OS MAIORES
DE 18 ANOS: não se permite o
acesso de crianças ou adolescen-
tes, mesmo com a presença ou au-
torização escrita dos pais.

*Luciano Alves Rossato*Paulo Eduardo


Lépore

Clique aqui e leia o caso no portal STJ

Para seu aprimoramento no assunto, o


Atualidades recomenda:

Juizados Especiais Cíveis - v.48

Luciano Alves Rossato

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Luciano Alves Rossato

Procurador do Estado de São Paulo. Doutorando pela


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
e Mestre em Direito. Professor da Rede LFG e da
Uniseb-Coc.

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