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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


INSTITUTO OCEANOGRÁFICO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA
DISCIPLINA: 2100101 - SISTEMA OCEANO I
AULAS DE OCEANOGRAFIA FÍSICA
Professor: Belmiro Mendes de Castro Filho

Capı́tulo 4 - MASSAS DE ÁGUA E


CIRCULAÇÃO TERMOHALINA

1 MASSAS DE ÁGUA

• Massas de Água são grandes volumes de água do mar que possuem combinações
particulares de propriedades fı́sicas e quı́micas;

• Propriedades conservativas: são aquelas que, no interior do oceano, longe dos


contornos, podem ser alteradas apenas por processos de mistura (advecção e difusão).

• Propriedades conservativas da água do mar: Temperatura (T) e salinidade (S);

• Identificação de massas de água: As massas de água são melhor identificadas


por suas propriedades conservativas, T e S. Propriedades não conservativas, como por
exemplo a quantidade de oxigênio dissolvido ou a concentração de alguns nutrientes,
são utilizadas como auxiliares na identificação.
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• Plano T-S: É um plano em que as abcissas são salinidades e, as ordenadas, tempera-


turas. Usualmente, são desenhadas curvas isopicnais sobre essa base gráfica.

• Diagrama T-S: é a ferramenta mais utilizada na identificação de massas de água.


Consiste de um gráfico onde as observações dos pares (S,T) amostrados em estações
oceanográficas são plotadas no plano T-S. Cada um dos gráficos assim desenhado define
uma curva T-S.

• Massas de água e diagramas T-S: as massas de água são facilmente identificáveis


nos diagramas T-S, pois possuem formatos tı́picos, entre valores extremos dos pares
(S,T), bem conhecidos.

• Formação de massas de água por Convecção Profunda: Quase todas as mas-


sas de água são formadas, isto é, adquirem suas caracterı́sticas de salinidade e de
temperatura tı́picas, quando estão na camada de mistura, ou próximas à superfı́cie
livre, em regiões polares ou subpolares. O processo fı́sico de formação nessas regiões é
denominado convecção profunda (deep convection). Nessas altas latitudes, a estra-
tificação vertical de densidade é muito pequena. Quando a água da camada de mistura
torna-se mais densa do que aquelas que estão abaixo dela, ocorrem movimentos ”quase-
verticais” descendentes (convecção). Os movimento quase-verticais, devido à pequena
estratificação vertical de densidade, são longos, muitas vezes atingindo o fundo do mar
(convecção profunda). Nessas altas latitudes, as águas que estão na camada de mistura
aumentam de densidade principalmente devido:

– ao resfriamento causado pelas trocas de calor sensı́vel com a atmosfera,

– ao aumento de salinidade causado ou pela troca de calor latente com a atmosfera


(evaporação) ou pela formação de gelo.

• Há um outro processo de formação de massas de água, denominado subducção (sub-


duction), que ocorre nas regiões tropicais. Esse processo será estudado em outra aula,
pois envolve aspectos dinâmicos ainda não abordados.
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• Movimentos isopicnais: Nos processos de formação de massas de água, os movimen-


tos quase-verticais dão-se essencialmente ao longo de superfı́cies de mesma densidade,
ou de superfı́cies isopicnais. Existem ferramentas matemáticas poderosas e sofisti-
cadas para estudar esses movimentos: os modelos isopicnais. Neles, as equações
diferenciais que controlam os movimentos são resolvidas utilizando métodos do cálculo
numérico.

• Principais Massas de Água: As principais massas de água dos oceanos são:

– Água de Fundo Antártica (AFA) (Antarctic Bottom Water): formada por


convecção profunda principalmente nos Mares de Weddel e de Ross, na região
Antártica. Dali, espalha-se pelos 3 oceanos, preenchendo todas as bases em pro-
fundidades geralmente superiores a 4000 m.

– Água Profunda do Atlântico Norte (APAN) (North Atlantic Deep Water):


formada por convecção profunda no Oceano Ártico e nos Mares da Groenlândia
e do Labrador. Dessas regiões, espalha-se por todo o Oceano Atlântico, chegando
a atingir latitudes próximas a 50o S.

– Água Intermediária Antártica (AIA)(Antarctic Intermediate Water): for-


mada principalmente por convecção profunda ao largo da região sudoeste do Chile,
no Oceano Pacı́fico, e ao largo da costa sudeste da Argentina, no Oceano Atlântico,
de onde espalha-se pelos 3 oceanos transportada pela Corrente Circumpolar An-
tártica.

– Água Central: essa massa de água tem caráter regional, sendo formada por sub-
ducção nas regiões subtropicais de cada oceano. No Atlântico Sul, por exemplo,
é denominada Água Central do Atlântico Sul (ACAS). Em geral, a Água
Central preenche a camada de termoclina.

• Tipo de Água: Volume de água imaginário, com temperatura e salinidade ho-


mogêneas. No diagrama T-S, o tipo de água é representado por um ponto, enquanto
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que a massa de água é representada por uma curva. Uma massa de água pode ser
interpretada como resultado da mistura de dois ou mais tipos de água.

• Diagrama T-S do Atlântico Sul:

2 CIRCULAÇÃO TERMOHALINA

• Circulação: Movimento da água do mar, aproximadamente homogêneo espacialmente


e constante temporalmente ou que se repete em perı́odos mais ou menos bem definidos.
Também chamada de corrente.

• Circulação Termohalina: É a circulação que ocorre na camada profunda, isto é,


abaixo das camadas de mistura e de termoclina.

• Forçantes da circulação profunda: A circulação profunda é gerada por diferenças


de densidade existentes no espaço oceânico. Vale a regra: águas mais densas deslocam
águas menos densas, quando ambas entram em contato. Por essa razão, essa circulação
é também chamada de circulação termohalina.

• Principais correntes profundas: São identificadas, em cada oceano, com os deslo-


camentos das massas de água.

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