1) Explique de maneira breve as principais teses apresentadas no livro os
indios antes do Brasil.
Um dos primeiros traços apresentados pelo autor, dá-se pela diferença organizacional dos povos que habitavam o continente sul-americano. Por um lado, as tribos que estavam centralizadas no território brasileiro, utilizavam de organização parental. Já os que se firmavam nas localidades andinas, tinham forte organização política e social, podendo ser vista a institucionalização dos poderes e da religião, ou seja, hierarquizada. É também interessante ressaltar a presença de metalurgia nos povos andinos. Mesmo que os dados apontem para uma possível superioridade dos povos andinos sobre os povos mas centralizados, há no caso de Marajó uma grande dúvida levantada pelos arqueólogos, já que essa área se encontra no setor amazônico. Uma vez que objetos encontrados, demonstram particularidades evolutivas semelhantes aos andinos. Outro ponto que os relatos do livro traz, seria de que a fertilidade dos solos amazônicos estava ligado ao movimento de enchente e seca nas várzeas, quebrando o paradigma mencionado de que as populações das áreas centrais, não desenvolviam devido as condições ambientais inferiores aos andinos. Sobre a questão da várzea, mesmo que expoente fertilidade, não existem dados de que os povos que nestas localidades se assentavam eram povos de maior hierarquia ou tinham um povoamento mais organizado. De longe pode-se afirmar, pois os relatos, abordam afirmações um tanto fantasiosas. Ao que se sabe, no período da chegada dos portugueses e espanhóis ocorreram inúmeros confrontos sangrentos. Cabe ressaltar também que nos embates entre tribos, a tribo derrotada era transformada em escrava da vencedora. Em diferente perspectiva podemos evidenciar que os Xingu, estiveram assentados no que chamamos de terra firme e ainda mantém, até atualmente sua cultura. Baseada em produção de mandioca e consumo de peixes, é reconhecida como de um povo alicerçado no sedentarismo. O que evidencia que não somente nos ambientes de várzea, é possível evidenciar desenvolvimento. Os povos centro-orientais, possuíam em seus aspectos principais a formação aldeã, neste caso há de se considerar que as relações comunitárias são eram bem desenvolvidas. Nesse caso, é preciso mencionar que eles eram povoações móveis e que possuíam bons tratos com a agricultura de subsistência. Os tribais que se encontravam a beira mar, não eram tão opostos aos mencionados anteriormente, trabalhavam com coivara e pescavam. Por sua vez, as tensões que ocorriam entre as povoações era um fator não oposto, mas diferencial das demais. Pois suas reivindicações tinham relações proféticas, além disso, é possível visualizar o canibalismo. Esta obra em geral percorre os povoados dos Andes ao litoral brasileiro. Tenta identificar características essenciais e restritas de cada um. Seu desenvolvimento não era limitado pelas questões ambientais, como alguns autores mencionam, há ainda que se procurar mais respostas. Um fato é que cada uma, guardava uma relação social distinta das outras.
2) Explique a teoria da caboclização e descaboclização.
O caboclo é segundo o autor, um sistema adaptativo, ou seja, os ameríndios adaptados a sociedade brasileira. O mesmo autor afirma que esse termo é utilizado de forma preconceituosa e não cabe sua utilização no cotidiano. Mesmo que esteja em nosso vocabulário e no imaginário de quem percorre os interiores amazônicos, o caboclo não constitui uma organização social, mas se encontra no contexto histórico amazônico, nada mais é do que o ribeirinho, assentado as margens dos rios. Essa termo é validado devido a mistura de índios e portugueses, não muito abordado pelo autor, mas mencionado em nota. Devido ações governamentais de povoamento da época. Outras condições relacionadas ao desenvolvimento destes, está relacionada a questão econômica, relações de trabalho e a questão com a igreja, que teve papel importante na incorporação do cristianismo nas localidades onde esses se situavam. Nada mais justo afirmar que os costumes por eles aplicadas, estariam ligadas ao extrativismo e agricultura, o que está diretamente ligada as atividades de povos originários. O autor menciona que aqui, as questões religiosas foram adaptadas ao xamanismo indígena, ao que diz respeito ao poder de cura dos pajés. A descaboclização, é um movimento continuo, devidamente por diversas frentes, um deles sendo a mudança do catolicismo para o protestantismo. Devido a mudança de costumes, como, não acreditar em imagens e santos, retirada de certos alimentos das refeições, torna o caboclo raiz, cada vez mais distante da sua antiga denominação. Outro ponto não mencionado, é a questão do distanciamento do trabalho com as atividades primarias rumo a cidade, que os atraí com melhores salários e condições de vida.
FREIRE, Gláucia de Souza. ENCONTROS, DIÁLOGOS E AGENCIAS Circularidades Culturais Entre Indígenas e Missionários Na Paraíba Setecentista. Capina Grande. EDUFCG, 2015.