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CAPITULO X I x

Como Compartilhar Nossos Livros


com os Estudantes

empre foi dificil limitar os homens com lejs


de reta conduta, de maneira quea astiicia
dos sucessores nao chegasse a ultrapassar os
limites de seus predecessores e a regras
quebrar as

instituidas c o m a insoléncia da liberdade. Por esse


motivo, seguindo o conselho de homens pruden-
tes, planejamos u m m o d o certo, pelo qual desejamos
que o empréstimo de nossos livros chegue ao uso e
proveito dos estudantes.
Em primeiro lugar, concedemos e doamos todos
e cada u m dos livros, dos quais fizemos u m catalogo

especial, em raz4o de nossa afeicao pela comunidade


de estudantes que vivem na dita sala de Oxford, em
perpétua caridadep o r nossa alma e as de nossos pais
e também pelas almas do ilustrissimo rei da Inglaterra
Eduardo 111 e da devotissima senhora rainha Filipa, sua
consorte. Isso fizemos para que esses livros fossem em-

135 \ :
prestados por prazo certoa todos e cada um dos esty.
dantes e mestres da universidade da dita cidade, tanto
aos regulares como aos seculares, para proveito e uso
no estudo, segundo a regra que apresentamos, que é

como segue. Cinco dos estudantes que moram juntos


na dita sala sejam escolhidos pelo mestre da sala, aos
quais se confiara a cust6dia de todos os livros, e trés
dessas cinco pessoas e nunca menos podem emprestar

o livro ou os livros apenas para consulta e estudo; ne-


nhum livro desejamos seja concedido para copiar-se
ou transcrever-se fora daquele recinto.
Portanto, quando um estudante, seja secular ou
religioso ? que no presente favor julgamos iguais
?tiver pedido emprestado um livro qualquer, consi-
derem diligentemente os custédios se tém guardada
duplicata desse livro; se sim, emprestem a ele o l i -
vro mediante uma caucio, que segundo juizo conve-
niente ultrapasse em valoro livro emprestado, e que
se faca imediatamente uma anota¢ao da caucao e

do livro emprestado, contendo os nomes das pessoas


que entregamo livro e daquela que o recebe, com o
dia e ano em que se fez o empréstimo.
Se porém os custédios descobrirem que aquele
livro pedido nao é duplicado, n i o o emprestem se-
nao a alguém da comunidade da dita sala, e exceto
talvez para inspe¢do n o recinto, mas nao dever4 esse
livro ser levado para fora.

136 R I C A R D O DE B U R Y
A qualquer estudante da dita sala um livro qualquer
podera ser emprestado por trés dos mencionados cus~
todios, desde que se anote antes seu nome com 0 dia
em que recebeu0l i v r o . Mas o estudante n i o poderA
emprestar a outrem 0 livro que tomou emprestado,
exceto por consenso dos trés custédios mencionados,
e entéo que se apague o nome do primeiroe se escre- "
va o do segundo, com a data da entrega.
Cada um dos custédios deve prestar o juramento
de observar essas cousas todas, quandoa e l e s se de-
lega a custddia. Ja quem recebe um livro ou varios
no mesmo momento jurara que os usard apenas para
consulta e estudo, e que nao os levar4 nem permi-
tira sejam levados para fora da cidade de Oxford e
seus suburbios.

A cada ano os ditos custédios entreguem um balan-


Go ao mestre da casa e a dois estudantes que ele tenha

escolhido, mas se para isso lhe faltar tempo, que o dele-


gue a trés inspetores outros além dos custédios; devem
esses ler 0 catalogo dos livros para ver que nenhum fal-
ta, seja nos proprios volumes ou ao menos em caucées
recebidas. Julgamos época oportuna para a apresenta-
gao desse cOmputo o periodo de primeiro de julho até
a festa de translagao do glorioso mértir Sao Tomas?.

1. Trata-se de Thomas a Becket, arcebispo de Canterbury, canonizado em 2

1173, trés anos depois de seu assassinato. O dia dedicadoa ele é 0 de seu

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