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RESUMO
ABSTRACT
Several efforts of research and development are being performed aiming the constitution of new
energetic systems based on H2. In this context, the technologies of safe and effective hydrogen
storage constitute an important question of applied research. The metallic hydrides store hydrogen
in the solid state, offering easiness and safety of handling, and they can present high gravimetric
1
Correspondência deverá ser enviada a Walter José Botta Filho:
Tel.: (16) 3351-8553; fax: (16) 3361 5404; e-mail: wjbottaf@power.ufscar.br
1
and volumetric densities of hydrogen storage. The high energy ball milling of metals, alloys or
compounds under hydrogen atmosphere (reactive milling) is a recent research topic and it has
been studied as a method of preparation of nanostructured materials with better properties for
hydrogen storage, which allows the utilization of low cost metallic raw materials. The reaction in-
situ with H2 during milling promotes the embrittlement of the powders, contributing to particle size
reduction and increasing surface area. Interstitial solid solutions and hydrides are formed during
processing and the obtained material is in an activated state. This combination of effects can
produce materials with higher H-sorption properties. In the present work, is evidenced the potential
of reactive milling as a processing route for the synthesis of different hydrides with nanocrystalline
structure or nanocomposites base on these hydrides. Results related to the hydrides: MgH2 and
Mg2FeH6 are presented. The study of processing parameters as type of mill, milling time and type
of rectants, as well as the utilization of appropriate additives can lead to the control of the synthesis
of the hydrides or nanocomposites, making possible the preparation of materials with interesting
structure and properties aiming hydrogen storage applications.
PALAVRAS-CHAVE
1. INTRODUÇÃO
O interesse pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias baseadas no hidrogênio tem
crescido, principalmente devido às preocupações com a poluição da atmosfera urbana, com as
formas seguras de transporte e armazenagem de energia e com as mudanças climáticas. Estas
tecnologias desempenham papel fundamental na transição para um sistema energético de
geração distributiva e constituem uma resposta promissora às necessidades atuais de energia
mais limpa e renovável. Neste contexto, o hidrogênio aparece como um elemento-chave no
desenvolvimento de estratégias eficientes contra os riscos ambientais enfrentados hoje em dia [1].
Nos últimos anos, as chamadas ligas armazenadoras de hidrogênio ganharam atenção como
alternativas interessantes para a armazenagem gasosa ou líquida. Estas ligas armazenam o
hidrogênio sob a forma de hidretos metálicos, sendo esta uma maneira muito mais segura que a
armazenagem no estado líquido ou gasoso, e que proporciona uma alta eficiência volumétrica de
armazenagem. Esta segurança se deve à estabilidade e facilidade de manuseio que os hidretos
metálicos apresentam à temperatura ambiente.
As ligas e compósitos que têm se destacado nas pesquisas sobre armazenagem de hidrogênio
pertencem aos sistemas à base de Mg, de soluções sólidas CCC, como o sistema Ti-Cr-V, de
composto intermetálicos AB5, principalmente à base de LaNi5, das fases de Laves AB2, como por
exemplo, o sistema Zr(Ni,V)2, e os hidretos complexos, como o Mg2FeH6 e os alanatos de lítio ou
sódio. Tais sistemas têm demonstrado um grande potencial para aplicações de interesse
tecnológico. Dentre as aplicações, podem ser destacadas as utilizações em sensores de gases,
em fixadores (getters) de hidrogênio, eletrodos de baterias recarregáveis de níquel-hidreto
metálico (Ni-MH), na armazenagem e transporte de energia térmica, na armazenagem e
transporte de hidrogênio em tanques maciços, além de usos nos processos de catálise
heterogênea, de purificação do hidrogênio ou ainda de separação de seus isótopos [2, 3].
2
O MgH2 e o Mg2FeH6 têm como principais atrativos a alta densidade volumétrica de energia que
contêm e o custo relativamente baixo do Mg e do Fe. Entretanto, o uso tecnológico do MgH2 tem
sido inviabilizado pela necessidade de altas temperaturas de absorção/dessorção e pela cinética
lenta com que esses processos ocorrem. A hidrogenação do magnésio cristalino não ocorre em
temperatura inferior a 300ºC, e são necessárias temperaturas acima de 400ºC para dessorção [3].
No caso do Mg2FeH6, a síntese do material a partir da mistura precursora 2Mg-Fe precisa ser
estudada para que sejam alcançados maiores rendimentos [4-6]. Além disso, este hidreto
necessita de altas temperaturas para a dessorção de hidrogênio, e uma reversibilidade apenas
parcial a altas temperaturas e altas pressões de H2 foi reportada [7,8].
Por outro lado, o estudo de compósitos para armazenagem de hidrogênio está baseado na
sinergia entre os seus componentes, ou seja, o compósito deve possuir melhores propriedades de
absorção/dessorção de hidrogênio que a simples mistura de seus componentes individuais. Estes
compósitos, em geral, são formados por dois componentes: um majoritário, com alta capacidade
de absorção de hidrogênio, e um minoritário, com alta atividade superficial [4]. Em alguns casos, o
componente minoritário também é um material com alta capacidade de absorção de hidrogênio [8].
A combinação de alta fração volumétrica de contornos com a ação de catalisadores de superfície
produz nanocompósitos com propriedades atrativas para armazenagem de hidrogênio. Metais de
transição como o ferro são importantes catalisadores para as reações de absorção e dessorção de
H2 nos nanocompósitos à base de Mg [9].
Diferentes tipos de processamento estão associados à utilização de uma moagem de alta energia
(high energy ball milling): elaboração mecânica de ligas (mechanical alloying), moagem
convencional (mechanical milling - cominuição ou amorfização, puramente mecânica), ou moagem
reativa (mecanochemistry ou reactive milling - cominuição ou amorfização mecano-química).
Esses processos são ativados mecanicamente, ao contrário de muitos processos convencionais
que são termicamente ativados. Dependendo das variáveis de processamento, um ou mais dos
processos citados acima podem ocorrer durante uma moagem de alta energia.
O processamento de pós por moagem de alta energia permite uma mistura a nível atômico,
acompanhada por intenso trabalho mecânico dos materiais constituintes. Dessa forma, é possível
produzir nanocompósitos ou ligas nanocristalinas a partir de misturas de pós elementares,
compostos ou elementos reativos, ou ainda a partir de pós de ligas [10].
Os parâmetros controladores dos processos que podem estar associados a uma moagem de alta
energia são essencialmente os mesmos. A maioria desses parâmetros está relacionada à
eficiência da moagem, isto é, à quantidade de energia transferida pelo impacto das bolas para o
material. Entre estes parâmetros, podem ser destacados: tipo de moinho; velocidade ou
freqüência de moagem; quantidade, tamanho das bolas e distribuição desses tamanhos; tamanho,
forma e dureza das partículas do material; massa de bolas em relação à de material (poder de
3
moagem ou de micro-forjamento); volume preenchido do recipiente; temperatura; tempo de
moagem e atmosfera no interior do recipiente. Além desses parâmetros, comuns aos demais
processos promovidos por moagem de alta energia, a moagem reativa sob atmosfera de
hidrogênio também apresenta outros, que são característicos: a pressão e a quantidade disponível
de H2 durante a moagem.
2. OBJETIVOS
Preparação de nanocompósitos à base de magnésio por moagem reativa sob atmosfera de
hidrogênio, evidenciando o potencial desta rota de processamento para a síntese de materiais
para armazenagem de hidrogênio a partir de matérias primas metálicas de baixo custo.
3. METODOLOGIA
Foi utilizado um moinho centrífugo FRITSCH P6 com uma razão de massa de bolas para material
de 40:1. O tempo de moagem foi fixado em 48 h, e a pressão de hidrogênio em 3 MPa. Foram
utilizados pequenos teores molares dos aditivos nanocristalinos MgF2, Fe, NbH0,89, FeF3, VF3
preparados previamente por moagem de alta energia.
O teor médio de H2 absorvido durante a moagem foi obtido a partir de medidas de análise química
por extração a quente utilizando um determinador comercial de hidrogênio LECO RH 402.
4
4. RESULTADOS ALCANÇADOS
5
(b) (c)
(a)
(d) (e)
Figura 1 Microestrutura da mistura moída de Mg + 2,5% MgF2 + 5% Fe por MEV (a) e MET –
campo claro (b). O mapeamento por EDX no MET é mostrado para Mg (c), F (d) and Fe (e).
251
Sinal do DSC (u.a.)
Fe micro
321
z β -MgH2 ` Mg2FeH6 Fe 263
Fe nano
Fe micro + 5%MgF2 325
282
Intensidade (u.a.)
325
` ` Fe micro
200 250 300 350 400
` ` o
` ` ` Temperatura ( C)
(b)
Fe nano
z z
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
2θ (graus)
(a)
(c)
Figura 2 (a) Padrões de DRX de diferentes misturas 2Mg-Fe moídas sob hidrogênio: utilizando
inicialmente ferro nanocristalino ou microcristalino ou ainda utilizando Fe microcristalino e 5% em
mol do composto MgF2; (b) curvas de DSC das mesmas misturas moídas. Estão indicadas as
temperaturas de início e de pico de transformação, e (c), micrografia de MEV do nanocompósito
contendo adições do composto protetor de superfície MgF2.
6
Tabela 3 Tamanhos médios de cristalito das principais fases hidreto presentes nas misturas
moídas no moinho centrífugo.
` Mg2FeH6 Fe
Intensidade (u.a.)
24 h
`
`
12 h
Mg (002)
`
` ` `
`
20 30 40 50 60 70 80
2θ (graus)
5. DISCUSSÃO
7
As características de dessorção observadas estão apresentadas na tabela 2. Nos nanocompósitos
em que a fase γ-MgH2 está presente em quantidade significativa, observam-se dois estágios de
dessorção. A fase γ é a primeira se decompor na mistura, gerando deformações elásticas que
diminuem a temperatura de dessorção de uma fração da fase β. Em comparação com o Mg
comercialmente puro moído sob H2, a adição de MgF2 não leva a um abaixamento da faixa de
temperatura de dessorção do MgH2, ao contrário do que se obtém ao combinar este aditivo com o
Fe ou NbH0,89. Os melhores resultados de dessorção do presente trabalho foram obtidos para a
mistura moída de Mg + 2,5%MgF2 + 5%Fe.
Este nanocompósito foi selecionado para caracterização por MEV e MET, como mostra a figura 1.
É possível observar que a mistura apresenta elevada área superficial, e uma distribuição fina de
flúor (com ação protetora de superfície) e ferro (catalisador para as reações com hidrogênio). Este
tipo de microestrutura favorece a obtenção de cinética rápida de absorção/dessorção de H2.
A figura 2 (a) mostra os padrões de DRX obtidos para as misturas preparadas com o moinho
centrífugo. As seguintes fases podem ser identificadas nas três composições: β-MgH2, Fe e
Mg2FeH6. É interessante observar que, comparativamente, a mistura contendo inicialmente Fe
nanocristalino apresenta apenas uma pequena quantidade do hidreto complexo Mg2FeH6,
conforme mostra a pequena intensidade dos picos dessa fase em relação aos de Fe. Por outro
lado, a análise dos padrões de DRX obtidos para as misturas contendo ferro inicialmente
microcristalino mostra claramente que este tipo de reagente favorece a favorece a síntese do
hidreto complexo.
Conforme mostra a figura 2 (a), a adição de um pequeno teor de MgF2 nanocristalino é benéfica à
síntese do Mg2FeH6, levando a um maior rendimento. Comparando os padrões das duas misturas
contendo inicialmente Fe microcristalino, é possível observar uma maior intensidade dos picos de
DRX da fase Mg2FeH6 em relação aos picos de Fe no caso da mistura contendo MgF2. O efeito
catalítico deste composto deve estar associado à sua ação mecânica durante a moagem,
promovendo o escamamento e a cominuição das partículas metálicas, e assim aumentando sua
reatividade.
Na figura 2(b) são mostradas as curvas de DSC para as três misturas moídas sob hidrogênio no
moinho centrífugo, com indicação das temperaturas de início e de pico de transformação. Nos três
casos, é possível observar apenas um estágio de decomposição, apesar das três misturas
apresentarem dois hidretos diferentes (β-MgH2 e Mg2FeH6). Com o aumento do teor do hidreto
complexo na mistura, alcançado com a utilização de Fe microcristalino ou ainda com uma
pequena adição de MgF2, as temperaturas de início de dessorção de hidrogênio pelos
nanocompósitos diminuem, evidenciando o efeito catalítico do Mg2FeH6 na decomposição do
MgH2.
Já a figura 2 (c) mostra que o pó obtido após moagem da mistura 2Mg-Fe + 5%MgF2 contém
aglomerados formados por partículas sub-micrométricas ou até mesmo por nanopartículas (com
diâmetro abaixo de 100 nm). Essa elevada área superficial é interessante para aplicações de
armazenagem de hidrogênio, pois favorece as reações do material com o H2 com cinética rápida.
8
intensidade relativa dos picos principais de Mg2FeH6 e Fe, as misturas moídas no planetário são
muito mais ricas em hidreto complexo do que a correspondente processada no moinho centrífugo
num tempo duas ou quatro vezes superior, como mostrado na figura 2(a).
A maior energia específica de impacto das bolas obtida com o moinho planetário, devido ao
movimento adicional de rotação, comparativamente ao moinho centrífugo, no qual existe apenas
um movimento de translação, deve ser responsável por essa síntese de Mg2FeH6 com cinética
superior.
Os tamanhos médios de cristalito para a fase Mg2FeH6 calculados utilizando a fórmula de Scherrer
são de 12 e 13 nm para as misturas moídas por 12 e 24 h, respectivamente. Estes valores são
próximos aos obtidos para os pós preparados utilizando o moinho centrífugo por 48 h (da ordem
de 10 nm).
6. CONCLUSÕES
7. AGRADECIMENTOS
8. REFERÊNCIAS
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