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Interação entre Precipitação e Recristalização

Os elementos microligantes: Nb,Ti, V, Mo e Al, são indicados para a contribuir para o


melhoramento das propriedades mecânicas dos aços. A adição de pequenas quantidades
desses elementos, que são fortes formadores de carbonetos, nitretos e/ou cabonitretos,
promove o refino de grãos ferríticos, através da precipitação.

Os carbonitretos são formas muito estáveis, mesmo a temperaturas elevadas, e são


responsáveis por retardar a recuperação e a recristalização. O retardamento da recristalização
da austenita em aços V resulta do ancoramento dos contornos e subcontornos e de grão
austenítcos por precipitação de carbonitretos de V ou devido a átomos de V em solução na
austenta.

Uma microestrutura com tamanhos de grãos pequenos levam a formação de


uma grande área de contorno de grão por unidade de volume, e assim uma energia
livre em excesso que pode ser minimizada com o crescimento de grão. Durante um
processo de aquecimento, os grãos tendem a crescer, mas este crescimento pode ser
minimizado ou até eliminado através do ancoramento dos contornos por partículas ou
com o arrasto do soluto. Quando um contorno de grão é interceptado por uma
partícula, parte dele é eliminado, e para mover o contorno é necessário a criação de
uma nova área, e, portanto, a realização de um trabalho. Com isso, partículas com
tamanhos pequenos e em grandes frações volumétricas são mais eficientes para inibir
os crescimentos de grão. Logo, essas partículas deverão possuir baixa solubilidade na
austenita e baixa taxa de coalescimento de grão.

Pode ser observado na figura abaixo a variação da taxa de crescimento de grão


com a variação da temperatura, ocorrendo à presença de três regiões distintas. A
Região I, em que ocorre para temperaturas até 990 oC, os grãos possuem tamanhos
pequenos, e a variação do seu tamanho com a temperatura é pequena. Na Região II,
que está entre as temperaturas 1110 oC e 1150 oC, o tamanho dos grão aumenta de
forma rápida com o aumento da temperatura. Na Região III, para temperaturas acima
de 1150 oC, a sensibilidade do aumento do tamanho de grão com a temperatura
diminui com a temperatura, pois a partir desse ponto começa a ocorrer o
coalescimento dos grãos, ou mesmo a dissolução completa dos precipitados. Entre as
temperaturas 990 oC e 1150 oC existe uma transição no tamanho dos grãos, em que
essa temperatura é denominada como temperatura crítica para o crescimento de grão,
Tcg. Para temperaturas abaixo da Tcg ocorre o ancoramento dos contornos de grão
devido a partículas finas de precipitados, mantendo a microestrutura formada por
grãos pequenos e uniformes. Em temperaturas acima da T cg tem-se um crescimento de
forma não uniforme dos grãos.

Figura 1 - Comportamento do crescimento do grão austenítico na presença de vanádio.

Força Motriz para a Recristalização

O modelo de migração de contornos de grãos induzida por deformação, originalmente


proposto por Berk e Sperry [28,29] tem sido de grande aceitação como mecanismo para a
nucleação da recristalização. Nele a força motriz para a recristalização é resultado da diferença
na densidade de discordâncias entre subgrãos austeníticos adjacentes [30]. Para balancear a
energia de deformação, os contornos de grãos projetam-se dentro dos grãos de alta densidade
de discordâncias [31]. Quantitativamente essas força tem sido descrita como [28-32]:

F = [ µb²Δρ/2]

Onde µ é o módulo de cisalhamento,b éo vetor de Burger e Δρ é a variação na densidade de


discordância para a frente móvel de recristalização.

Força de Ancoramento para a Recristalização

Zener[33]] inicialmente sugeriu que, durante o crescimento de grãos, as partículas de


segunda fase, presentes na matriz, atuavam de forma a impedir o movimento dos contornos.
Ou seja, elas deslocam parte do contorno de grão e a medida que os contorno se movem
afastando-se das partículas, ocorre um aumento na área do contorno. Assumindo que os
contornos movem-se rigidamente através de um arranjo regular de partículas esféricas, definiu
a força de arrasto para cada partícula como:

FAN = 4rγNs

Onde r é o raio da partícula, γ é a energia interfacial por unidade de área de contorno, e N s é o


número de articulas por unidade de área do contorno.

Diagrama Recristalização – Precipitação – Temperatura – Tempo (RPTT)

O uso do diagrama RPTT é de grande utilidade no estudo da interação precipitação-


recristalização. Hansen et al. [37] propuseram um diagrama esquemático RPTT, onde as curvas
de cinética de recristalização e precipitação são superpostas:

(IMAGEM ESCANEADA)

Observa-se, nesse diagrama, que acima de T o (temperatura de solução no equilíbrio


para os processos de precipitação, To = TS) a precipitação é termodinamicamente imossível,
pois os elementos de liga estão em solução. Abaixo de T o, existem três regiões onde a
interação precipitação-recristalização é possível.

Na região I, a interação não ocorre, pois a recristalização inicia-se e acaba antes da


precipitação. A precipitação acontece na austenita recristalizada, ao longo da curva Pi;
enquanto a recristalização é definida pelas curvas Ri e R f.

Na região II, devido à deformação, são criados novos sítios de nucleação e isso faz com
que a curva da precipitação desloque-se para tempos menores, P iD. A precipitação ocorre após
o início da recristalização, mas antes que essa se complete. Assim, a recristalização inicia-se ao
longo da curva Ri e acaba ao longo da curva RfP, devido ao retardamento da precipitação.

Na região III, a precipitação ocorre antes da recristalização, curva P iD, e que tanto o
início como o final da recristalização são deslocados para tempos maiores, curvas R iP e RfP,
respectivamente.

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