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Dr.

Uronal Zancan
A conquista da
Supersaúde

Princípios básicos ao alcance de todos









Porto Alegre, 2018











© Uronal Zancan, 2018




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Índice


Introdução

O mapa do tesouro da saúde perfeita

O que é saúde?
Saúde é a nossa natureza
Definição de saúde
Como se forma a saúde nos organismos animais e no ser humano?
A importância da epigenética
É possível melhorar a proteção epigenética?
Características de um indivíduo saudável:
A curva biológica da capacidade física e a queda após os 30 anos no ser
humano

Perda momentânea de saúde
Como e por que se perde saúde?
Quais são as principais causas de agressão ao corpo, e que levam à perda de
saúde?

A homeostasia e a recuperação da perda momentânea de saúde
O que é homeostasia?
Como funciona a homeostasia?

Perda progressiva de saúde
Manifestações físicas das perdas progressivas
As mitocôndrias são as únicas responsáveis pela produção de energia
Como aumentar as mitocôndrias e a produção de energia?
Sinais de perda de saúde e início das doenças
Manifestações bioquímicas

O acúmulo das perdas de saúde e o aparecimento das chamadas doenças pela
Medicina Tradicional
Manifestação e diagnóstico de doenças
Tipos de doenças: degenerativas, autoimunes e traumáticas
Inflamação crônica
A piora das doenças e o aparecimento de novas doenças
Multiplicação das doenças até a morte

Diferenças entre Medicina da Saúde e Medicina da Doença

Indicadores de saúde e indicadores de doença
Quais são os Indicadores de Saúde?
Sinais de saúde 100%
Indicadores subjetivos de saúde
Indicadores subjetivos de doença utilizados para avaliar saúde
Gerenciamento dos principais indicadores de saúde

Os principais recursos para a melhoria da saúde

Diminuição da perda de saúde
Perda biológica de saúde
Analisando a perda da capacidade física

Recuperação da saúde perdida e aumento da saúde

O cérebro reptiliano é o único coordenador da saúde e da vida
Como motivar o cérebro reptiliano a aumentar a saúde?
O cérebro reptiliano pode “melhorar o corpo”?

As mitocôndrias são as principais estruturas da saúde
O que são mitocôndrias?
Relação entre cansaço e mitocôndrias
Como estimular a produção de mitocôndrias (mitocondrogênese)?
Como se dá a função mitocondrial nos outros órgãos?
Como ficam as pessoas que estão sedentárias há muito tempo ou aquelas que
têm limitações?

A utilização da hormese para conquistar o melhor nível de saúde da vida
O que é a hormese?
Recursos horméticos para aumentar a saúde

O ser humano: animal racional ou irracional?
Como o cérebro funciona?
É possível desenvolver a racionalidade?

O aumento da saúde e a cura das doenças
Manifestação da doença
A ação da Medicina da Doença
A ação da Medicina da Saúde
Mecanismo de autocura
Cura milagrosa e cura quântica
Crença na cura X crença na doença

A cultura da doença e do envelhecimento
Cultura da doença: complexo de manada
A saúde é consequência de ações conscientes; a doença é fruto da
inconsciência
O maior inimigo da saúde é o autossabotador
Mudança de mentalidade

O aumento da saúde até a saúde 100% é possível
Ter saúde 100% é:
Algumas considerações sobre o conceito de Saúde 100%
Esforço é a moeda da saúde
Sair da zona de conforto

Benefícios da saúde 100%
A relação entre saúde, prosperidade e felicidade
Os seis neurotransmissores da felicidade
A relação entre saúde e sucesso verdadeiro

Desacelerar, bloquear e reverter o envelhecimento
O que é envelhecimento?
Envelhecimento X Longevidade
Busca da Longevidade Saudável
Telômeros, telomerase
Limite de Hayflick
Longevidade saudável e função mitocondrial
Geração Saúde
A cura do envelhecimento
Dois caminhos diferentes para o combate ao envelhecimento

As sete dimensões da saúde
A saúde integral

A supersaúde e o supercérebro
Conquistar a supersaúde e o supercérebro
Ter uma supersaúde é:
Supercérebro
Aumentar a energia disponível para desenvolver o supercérebro
O cérebro não é um órgão vital
Desenvolver o supercérebro
Princípios para desenvolver um supercérebro
Fornecer nutrientes de alta qualidade

Morrer sem ficar doente?
A morte é inevitável, mas não deve ser antecipada
Nascemos para viver 120 anos

Mudar a saúde no Brasil
A saúde no mundo
É possível um indivíduo recuperar a saúde perdida
Um indivíduo saudável contagia outros
O centésimo macaco
Ponto de virada
Projeto de vida: mudar a saúde no Brasil
Ações sociais para a saúde
Visão futura, não tão futura assim
Palavras finais

O que é o Pro Ser?
Quem pode participar do Pro Ser?
Qual é o objetivo do Pro Ser?
Como funciona o Pro Ser?
A conclusão do Pro Ser


Introdução
A saúde é a natureza do ser humano







Acredite, este livro não está em suas mãos por acaso. De alguma forma, você foi
chamado para entender e para aplicar sua mensagem.

Você está preparado e é merecedor de conquistar uma saúde muito melhor do
que a que você tem agora.

Ao abrir este livro, você já começou a caminhar em direção à supersaúde.

Todos nascemos para ter saúde durante toda a vida. No entanto, algumas
questões parecem nos encaminhar para a perda da saúde ou, o que é ainda pior,
para a ideia de que “perder saúde é natural”, inevitável, e de que não temos
como escapar dessa premissa.

Essas crenças erradas e prejudiciais são intensificadas pelo que se pode chamar
de “cultura da doença” e acabam se alojando na parte mais profunda do nosso
inconsciente. Isso gera pensamentos negativos que cristalizam essas ideias
também negativas e que nos afastam da possibilidade de tomar decisões corretas
sobre a melhoria da nossa saúde e sobre a conquista de mais saúde.

Além disso, existe uma indústria da doença, que lucra exorbitantemente com
ações para nos deixar doentes e para tratar essas doenças, sem nunca conseguir
curá-las.

É possível quebrar este ciclo?
Sim, é plenamente possível!
Podemos fazer muito mais do que acreditamos.
E podemos alcançar resultados que nunca imaginamos.

Recuperar toda a saúde perdida e conquistar mais é possível.

E o que é recuperar a saúde? É diminuir as doenças até o ponto de curá-las,
reduzindo e até mesmo eliminando o uso de medicamentos. É conquistar um
nível de saúde para nunca mais ficar doente, mesmo atingindo idades muito
avançadas.

O primeiro passo você já deu quando abriu este livro: se permitiu pensar sobre o
assunto.

Você tem dúvidas e começa a não aceitar passivamente certas premissas, como a
da doença como algo inevitável; isto é muito positivo.

Este livro não chegou às suas mãos por acaso: você está pronto para conquistar
mais saúde.

Siga em frente: a conquista de mais saúde é, sim, uma possibilidade
inquestionável.

O que fazer?

Você precisará de uma dose de ESFORÇO, o SEU ESFORÇO POSSÍVEL, de
acordo com o seu momento, a sua capacidade e o seu tempo disponível, e de
acordo com o tamanho do seu desejo de abandonar de vez a ideia de que a perda
de saúde é inexorável.

Lembre-se: qualquer que seja o tamanho do seu esforço, mesmo que
muito pequeno, provocará em você algum resultado positivo. E
todo o resultado alcançado fará com que o próximo esforço exija menos energia.
Dessa forma, os resultados vão se retroalimentando, e os avanços serão
sequenciais e progressivos. Cada esforço realizado gera satisfação, e os
resultados o motivarão a avançar no caminho da conquista de uma saúde cada
vez melhor.

Esses esforços o levarão a alcançar a melhor saúde da sua vida. Então, você
começará a buscar 100% de saúde e, ao atingir essa meta, seu objetivo passará a
ser o de ter ainda mais saúde. Você vai buscar a SUPERSAÚDE, que é ter saúde
101, 102, 105% ou mais. Lembrando que, quanto mais aumentar a saúde física,
mais aumentarão a saúde emocional e a de todas as demais dimensões. Assim,
mais aumentará a longevidade saudável, livre de doenças. Também aumentarão as
capacidades cognitiva e intelectual, e maior será a produtividade funcional no dia
a dia. Enfim, a cada aumento de saúde, aumentam a qualidade de vida e o nível de
felicidade, e você se torna um ser humano cada vez mais evoluído.

O seu esforço, que são as ações que você fará a cada dia em busca de mais
saúde, será a força motriz para girar a roda que o levará à MUDANÇA DE
MENTALIDADE: Eu posso conquistar a supersaúde.

A mudança de mentalidade vai encaminhá-lo à MELHORIA DA
SAÚDE com:

DIMINUIÇÃO DOS SINTOMAS DE DOENÇAS E DE PROBLEMAS
DE SAÚDE EM GERAL;
REDUÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS;
MENOS DORES;
MENOS DESCONFORTOS;
MAIS ENERGIA;
MAIS DISPOSIÇÃO;
MELHOR FUNCIONAMENTO DE TODOS OS ÓRGÃOS.

Independente da sua idade e das suas limitações, sempre é possível conquistar
uma saúde mais elevada. Mais do que isso: é possível alcançar um nível de
saúde que você nunca teve ao longo da vida.

Ao mudar suas crenças e começar a realizar ações focadas na saúde, ainda que
sejam pequenas ações, você caminhará para o DESENVOLVIMENTO DA
CONSCIÊNCIA PARA A SAÚDE, abandonando gradativamente a ideia imposta
pela cultura de que a doença faz parte da vida.

Você prestará atenção nas suas escolhas e nas consequências delas sobre a sua
saúde e passará a fazer melhores escolhas. A isso chamamos MUDANÇA DE
HÁBITO e é a partir dessa mudança que você estará pronto para a TOMADA
DE DECISÕES que o levará à conquista de mais saúde, num processo de
evolução que trará a melhoria constante dos RESULTADOS que você
gradativamente for alcançando.

Não importa a situação em que você se encontra no momento, se você tem muita
ou pouca saúde. Você certamente quer mais! E uma saúde melhor está ao seu
alcance.

E o que VOCÊ CONQUISTA ao fazer esse movimento e abandonar sua zona de
conforto?
NOVO COMPORTAMENTO,
NOVOS HÁBITOS,
AUTO-CONHECIMENTO,
UM CORPO FORTE,
UM CORAÇÃO FORTE,
UM CÉREBRO DE ALTA PERFORMANCE,
UMA MAIOR QUALIDADE DE VIDA E
UM NÍVEL MAIS ELEVADO DE FELICIDADE

Você conquista SAÚDE!
E pode conquistar uma SUPERSAÚDE!

A melhoria da saúde física provocará automaticamente a melhoria da saúde
emocional, da saúde mental, da cultural, da social, da ambiental e da espiritual,
pois todas as dimensões da saúde estão completamente interligadas.
As melhorias progressivas da saúde nas sete dimensões impactarão diretamente a
sua vida, tornando-a mais plena e gratificante. Você se dará conta de que estará
se transformando num novo ser mais humano, consciente e evoluído. E
descobrirá que cada avanço vem acompanhado de mais felicidade, pois ela está
diretamente ligada à saúde que conquistamos.











CAPÍTULO 1
O mapa do tesouro da saúde perfeita








Existem aquelas pessoas que gostariam de conquistar mais saúde e estão à
procura dos caminhos que as levem a um nível de saúde melhor. São os
buscadores de saúde. Buscam achar o “mapa do tesouro” e, quando encontram
algum caminho, pensam que não é o verdadeiro, o colocam de lado e continuam
procurando outro que acreditam que será o verdadeiro. São as pessoas que
buscam cursos sobre saúde, assistem a vídeos, compram livros, mas não colocam
nada em prática.

E há os conquistadores, que são os que querem ter mais saúde e não apenas
gostariam de ter. Querer é uma aspiração seguida de ação, enquanto gostaria é
apenas um vago desejo.

Aqui vamos apresentar o mapa definitivo para encontrar o tesouro que é a
conquista da supersaúde integral.

Conquistar a supersaúde integral é muito mais do que ter uma supersaúde física,
é viver uma vida longa e altamente produtiva, sem nunca ficar doente, e morrer
com idade avançada sem passar por doenças ou por sofrimento nos últimos anos.

Supersaúde integral é ter supersaúde em todas as demais dimensões: emocional,
mental, cultural, social, ambiental e espiritual; é viver uma vida mais plena,
energizada, realizadora; é ser muito mais feliz e se tornar um ser muito mais
evoluído, um super-humano. É se tornar modelo do que deveria ser a raça
humana.

Esse mapa é como todo mapa, mostra apenas a representação do território a ser
conquistado. E esse território será diferente para cada indivíduo. O caminho
inicial é conhecido e já foi trilhado, talvez por você mesmo, mas, à medida que
você avançar, encontrará matas virgens nunca exploradas e terá que criar
caminhos pessoais que o levem adiante.

O mapa mostra a direção certa, mas não mostra os obstáculos e as dificuldades
que serão encontradas. Talvez você precise de outros pequenos mapas para
alguns trechos dessa longa caminhada. Mas todos aqueles que se dedicarem
encontrarão “os mapas” e as indicações do que fazer quando sentirem a
necessidade e conseguirão chegar ao tesouro em algum momento da vida.

Esse mapa do tesouro está representado por um esquema ao final do capítulo.
Nele é possível encontrar os pontos do caminho que terão que ser atingidos para
poder avançar até o tesouro, que é a grande riqueza assinalada no final do
esquema.

Os dois primeiros itens representam os passos dados até esse momento, que
fizeram com que você tenha perdido saúde e se afastado do verdadeiro caminho.

Eis aqui cada etapa dessa caminhada:

1. SAÚDE

Só existe saúde e perda de saúde. A doença não existe, são rótulos colocados
para a perda de saúde, como veremos adiante.

É fundamental conquistar a saúde nas sete dimensões: física, emocional, mental,
cultural, social, ambiental e espiritual, mas não há dúvida de que, sem conquistar
a melhor saúde física, ninguém consegue avançar na conquista da saúde nas
demais dimensões. Pode-se até melhorar um pouco, mas nunca será possível
avançar de forma significativa e intensa sem que se tenha os melhores níveis de
saúde física.

No início do PRO SER – eu acreditava que depois de 90 dias desenvolvendo
a saúde física, os participantes estariam prontos para desenvolver a saúde
emocional e a saúde das outras dimensões. Porém, a prática me fez repensar
o programa e aumentar para um ano o tempo de desenvolver a saúde física.
Ainda assim, após esse período, a maioria das pessoas não está preparada
para aprofundar a aplicação dos recursos que desenvolvem a saúde nas
demais dimensões.

Por isso, o conquistador da saúde deve investir o máximo de tempo possível para
desenvolver a saúde física. Não precisa deixar de se preocupar ou de realizar
ações para desenvolver as outras dimensões da saúde, mas não deve dar
prioridade máxima a elas.

A definição de saúde que vamos trabalhar ao longo do livro e que baseia todas as
orientações é: Saúde é o funcionamento ADEQUADO de todas as células do
corpo, interligadas em tecidos, órgãos e sistemas, que funcionam de forma
harmônica e equilibrada.

O ideal para alguém ter essa supersaúde seria os seus pais terem conquistado a
melhor saúde possível antes mesmo da concepção, já que assim poderiam
transmitir a esse indivíduo uma epigenética* forte assim como, uma gestação e
uma vida o mais saudáveis possível. Uma vida saudável ao ponto de não só
nunca ficar doente, mas também de viver num nível de tanta saúde que permita o
desenvolvimento de todas as condições em potencial que temos dentro de nós,
como seres humanos.

* Epigenética, que veremos no próximo capítulo com mais detalhes, são as condições que estão sobre os
genes e que atuam para bloquear as manifestações de doenças que fazem parte dos genes. A epigenética é
herdada de nossos pais e pode ser modificada pelas nossas ações no dia a dia.

Talvez ninguém tenha tido essa saúde em nenhum momento de sua vida, mas
todos podem conquistá-la. Não é impossível! É apenas muito difícil.

Não é necessário acreditar que chegará lá no alto do morro onde está o tesouro.
Você pode conquistar a supersaúde mesmo sem acreditar que consiga. Você só
precisa dar o primeiro passo na direção certa. E a cada passo dado, imediatamente
será possível perceber uma sensação positiva no corpo, demonstrando que você
deu um passo certo. Isso o estimulará a dar o próximo passo. E assim se criará um
ciclo virtuoso de desenvolvimento de saúde, e a cada passo a caminhada ficará
mais fácil.

Esse feedback positivo, de sentir um bem-estar sempre que dá um passo certo, é
o que motiva a todos a investirem na busca do caminho correto dentro de uma
mata nunca desbravada. E, se um passo é dado na direção errada, o corpo
também sinaliza. Por isso é importante desenvolver a consciência corporal
para entender os sinais do corpo.

2. PERDA DE SAÚDE

Não vamos adotar, nessa filosofia, o termo doença, utilizado pela Medicina
Tradicional; vamos chamar de perda de saúde, para manter o foco sempre no
positivo.

É preciso que se acredite que o organismo tem todas as células, tecidos, órgãos e
sistemas completamente interligados. Qualquer alteração que aconteça com
qualquer órgão, afeta todas as células, e as alterações ocorridas em cada célula
acabam afetando o todo.

Essa afirmação pode parecer óbvia e infantil, mas toda a medicina da doença
está estruturada em cima da tese de que os órgãos são completamente
independentes. Assim, quando aparece um sintoma em algum órgão, este
imediatamente precisa ser diagnosticado e rotulado com o nome de alguma
doença para que então se estabeleça um tratamento focado apenas nesse órgão,
como se o resto do corpo estivesse completamente saudável.

Na verdade, a doença não tem existência sozinha. Ela só acontece quando o
indivíduo perde algum grau de saúde. Um indivíduo saudável não tem nenhuma
doença e nenhum problema de saúde. E, quando alguém perde algum grau de
saúde, perde em todas as células do organismo. É claro que algumas perdem
mais enquanto outras perdem menos.

A doença é apenas esse rótulo que a Medicina Tradicional coloca para dizer que
todos os indivíduos que perdem muita saúde num órgão e apresentam alguns
sintomas e sinais semelhantes respondem a determinados medicamentos.

A Medicina Tradicional tem o foco exclusivamente na manifestação bioquímica
(exames laboratoriais) e nos sinais e sintomas que o indivíduo que está perdendo
saúde apresenta, quando já perdeu muita saúde.

Todas as chamadas doenças começam com uma minúscula perda de saúde, que
repercute em todas as células do corpo, mas mais intensamente em algum órgão.
Esse órgão mais frágil irá perder saúde gradativamente com mais intensidade
que outros órgãos ou sistemas do corpo.

A doença não existe. Ela é apenas uma maneira errada e fragmentada de
interpretar a perda de saúde.

3. DIMINUIR A PERDA DE SAÚDE

Se você abriu este livro é porque se deu conta de que é ilógico e irracional
continuar perdendo a saúde de forma automática sem fazer nada para diminuir
essa perda. Esse dar-se conta é o primeiro passo e também o mais difícil e
importante. Esse você já deu ao adquirir este livro.

A grande maioria das pessoas acredita que perder saúde é inevitável e é
consequência do avançar da idade, mas isso é um grande erro.

É correto pensar que a perda gradativamente maior da condição física faz parte
da nossa natureza e ocorre em todo o reino animal. Após chegar à maturidade
sexual e atingir o clímax da capacidade reprodutiva (no Homo sapiens ocorre em
torno dos 30 anos), o organismo tende a perder cada vez mais capacidade física,
apresentando sinais de envelhecimento à medida que avança na idade.

Essa perda de capacidade física pode ser acelerada com as mais variadas ações
de autossabotagem, como sedentarismo, alimentação prejudicial, estresse,
tabagismo, por exemplo. Esses hábitos atuarão no desenvolvimento de perdas
progressivas de saúde. Por outro lado, a perda de capacidade física também pode
ser retardada com o uso de alguns recursos de desenvolvimento da saúde, como
exercícios, meditação, alimentação saudável.

Existem centenas de recursos que podem ser utilizados para diminuir a perda de
saúde. Alguns, inclusive, conseguem até recuperar a saúde perdida. Diminuir a
perda de saúde significa apenas que, em vez de ter uma doença grave, como um
infarto ou um câncer, aos 60 anos, pode-se retardá-lo para os 65. Isso ninguém
quer. O que queremos é parar de perder saúde para nunca ter um infarto.

4. BLOQUEAR A PERDA DE SAÚDE

Todo o trabalho para conquistar a melhor saúde da vida se dá por etapas
sucessivas:
a. primeiro é necessário decidir que não se quer mais continuar perdendo saúde
no ritmo em que se vem perdendo;
b. depois é o momento de começar a aplicar alguns recursos de saúde para
diminuir a velocidade da perda;
c. ao notar sinais e sintomas de melhora, é a hora de aplicar cada vez mais
recursos e de aplicá-los cada vez com mais intensidade, até chegar ao ponto de
parar de perder saúde.

Bloquear a perda de saúde é ter todos os indicadores de doença estabilizados,
sem pioras, e inclusive melhorando esses indicadores.

Indicadores de doença são aqueles que pioram à medida que a doença avança e
melhoram à medida que a doença diminui, até chegar aos valores ideais.
Indicador de saúde é aquele que melhora à medida em que a saúde vai
melhorando. No capítulo oito, apresentaremos com mais detalhes a diferença
entre esses dois tipos de indicadores.

5. RECUPERAR A SAÚDE PERDIDA

Apesar de ninguém querer uma doença grave no seu caminho, é certo que ela
acontecerá em todas as pessoas que perdem saúde. O que a maioria quer é ter
saúde e poder adiar, se possível evitar, a ocorrência das doenças. No entanto, há
quem queira mais que isso, há aqueles que querem recuperar toda a saúde
perdida e conquistar um nível de saúde que nunca tiveram na vida.

Todas as doenças, sem nenhuma exceção, podem melhorar com a aplicação dos
recursos de saúde, diminuindo o uso de remédios. A grande maioria delas,
inclusive, pode melhorar ao ponto de atingir a cura.

Para recuperar toda a sua saúde perdida e conquistar um nível de saúde que nunca
teve na vida, é necessário aplicar uma única regra: Utilizar o máximo
possível dos recursos de desenvolvimento da saúde e utilizar cada
um desses recursos da melhor maneira possível.

A palavra possível significa que os recursos devem ser aplicados de acordo com
as capacidades de cada pessoa, de acordo com as suas limitações e suas
prioridades no momento em que está vivendo.

Não existe pílula mágica, procedimento milagroso ou bênção divina. A
recuperação da saúde depende apenas do esforço pessoal. Quanto mais esforços
são dedicados, maiores e mais rápidos serão os resultados. Trata-se de
merecimento.

Recuperar a saúde perdida:

é ter todos os indicadores cada vez mais próximos dos valores ideais;
é eliminar cada vez mais a gordura desnecessária;
é diminuir gradativamente a manifestação dos sinais, dos sintomas de
perda de saúde e dos indicadores de doença;
é diminuir, até conseguir parar, o uso de medicamentos de uso contínuo;
é diminuir, até conseguir parar, o uso de medicamentos de uso eventual;
é recuperar a capacidade física perdida;
é aumentar os indicadores de saúde.

Para conseguir isso, não basta apenas aplicar os recursos de desenvolvimento da
saúde, é preciso aplicá-los com muita intensidade e constância. É necessário
muito esforço. Somente alguns conseguem ter a disciplina, a perseverança, e a
dedicação para avançar nesta etapa.

6. CONQUISTAR A MELHOR SAÚDE DE SUA VIDA

Nessa etapa, o indivíduo já eliminou todos os sinais e os sintomas de perda de
saúde e já conquistou a melhor saúde da sua vida. Pode apresentar ainda
pequenas intercorrências clínicas de perda de saúde, que são momentâneas e que
não necessitam de uso de medicamentos, pois o próprio organismo resolve essas
intercorrências.

Seus exames de sangue estão no nível ótimo, todos os indicadores de doença
estão no nível mínimo e seus indicadores de saúde estão cada vez melhores,
atingindo níveis cada vez mais altos.

Nesse estado, é impossível ficar doente, e seu envelhecimento ou estará
bloqueado ou estará numa curva muito leve e imperceptível.

Depois de atingir esse nível de saúde, serão necessários menos esforços para
mantê-lo do que foi necessário para chegar até aqui. Basta fazer algum esforço
diário para manter essa saúde dia após dia, sem manifestar novas perdas e sem
apresentar nenhuma intercorrência clínica.

Se o indivíduo se esforçar a cada dia para não perder saúde, ele chegará em idades
muito avançadas, provavelmente acima dos cem anos, com a saúde elevada, sem
nunca mais ficar doente, mantendo sua capacidade física, sua produtividade, sua
capacidade intelectual e sua lucidez elevadas até o último momento e não sofrerá
nenhuma doença até morrer.


7. CONQUISTAR A SAÚDE 100%

As pessoas que conseguem chegar à melhor saúde de suas vidas não querem
apenas permanecer nesse estágio; elas lembram que não foi tão difícil dedicar
esforços para conseguir a melhor saúde de suas vidas e, então, querem mais,
querem a saúde 100%, e depois irão em busca da supersaúde.

Conquistar a SAÚDE 100% é ter todas as células do corpo funcionando da
maneira mais adequada possível, sem nenhum problema ou perturbação e ter
todas elas integradas em tecidos, órgãos e aparelhos, funcionando de forma
harmônica e equilibrada.

A palavra correta é adequada e não perfeita, já que as estruturas intracelulares,
biologicamente, podem sempre melhorar. É o que acontece na supersaúde.

É muito difícil encontrar alguma pessoa portadora de saúde 100% que não tenha
participado de programas avançados de desenvolvimento da saúde. Existe um
bom número de participantes do PRO SER que já conquistaram tanta saúde, que
é possível assegurar que se encontram muito próximos da saúde 100%.

A característica comum entre essas pessoas é que estão sempre dispostas a fazer
esforços extras para dar um passo a mais, a fim de conquistar um pouco mais de
saúde.

8. CONQUISTAR A SUPERSAÚDE (SAÚDE MAIS DO
QUE 100%)

Ninguém que conquista a saúde 100% fica satisfeito com esse nível de saúde
conquistada. Todos dedicam cada vez mais esforços para evoluir mais ainda e
chegar a uma saúde 101, 102, 103, 104% e assim por diante.

E por que querem sempre mais? Não é por ambição, por vaidade e nem por
orgulho. É porque, quanto maior for a saúde conquistada, mais estarão vivendo
uma vida com maior qualidade e mais felicidade:

Ter uma supersaúde (mais do que 100%) é:

viver sem manifestar nenhum sinal ou sintoma de doença ou de qualquer
intercorrência de perda de saúde;
ter a capacidade física e a produtividade no trabalho mais elevadas do que
já tiveram e em constante aumento;
conquistar aptidões físicas extraordinárias, fora dos padrões comuns de
pessoas até mais jovens;
viver uma capacidade intelectual e uma capacidade cognitiva elevadas, uma
clareza mental e uma criatividade que nunca teve na vida. O cérebro funciona
com alta performance, como nunca tinha funcionado;
bloquear ou, no mínimo, retardar o processo de envelhecimento;
adquirir a certeza de que é possível viver por muito tempo, ultrapassando os
100 anos de idade, não apenas lúcido, como mantendo toda a capacidade e a
produtividade física, mental e intelectual, permitindo, inclusive, que se
mantenha a capacidade plena de trabalho.

9. DESENVOLVER A MELHOR SAÚDE POSSÍVEL
EM TODAS AS DIMENSÕES

Cada melhoria na saúde física é acompanhada de melhorias em todas as demais
dimensões da saúde (emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual),
apenas utilizando os recursos de desenvolvimento da saúde física.

Uma vez que o corpo humano é completamente integrado, é impossível melhorar
a saúde física sem melhorar a saúde emocional e a das demais dimensões.
A cada avanço na melhoria da saúde, é natural que venha a necessidade de
incorporar novos e mais detalhados recursos para continuar melhorando a saúde
física, ao mesmo tempo que há motivação para adotar alguns recursos
específicos para aprimorar a saúde emocional, a mental, a cultural, a social, a
ambiental e a espiritual.

Aos poucos, é possível curar os problemas e os conflitos emocionais, despertar
capacidades mentais adormecidas e latentes, expandir a consciência, melhorar
cada vez mais o relacionamento com outras pessoas, aumentar as ações para
tornar o mundo melhor socialmente e ambientalmente; e cada vez mais essa
saúde se instala com atributos elevados, como compaixão, altruísmo, caridade,
bondade, paz, alegria, humildade, ética, integridade, honestidade, tornando as
pessoas cada vez mais lúcidas e evoluídas.

Ao aumentar a saúde cultural, o indivíduo sente a necessidade imperiosa de
pesquisar e de estudar mais sobre como melhorar a saúde. E, quanto mais estuda,
mais adquire conhecimento, aperfeiçoa os recursos que já utiliza, aprende novos
recursos e tem a certeza de que poderá conquistar a supersaúde em todas as
dimensões.

10. DESENVOLVER TODA A POTENCIALIDADE
HUMANA
Nesse ponto a ciência ainda não chegou. Nunca a ciência descreveu um processo
tão completo de aumento da saúde. Talvez nunca ninguém tenha conquistado essa
supersaúde que descrevemos. Se alguém a conquistou, nunca foi descrito. E já que
a ciência não pode nos ajudar, para avançar a partir desse ponto, precisamos fazer
uso da filosofia e da metafísica.

Ao acompanhar com atenção o raciocínio exposto até aqui, é plausível concordar
que não é impossível conquistar uma supersaúde. Talvez possa ser improvável,
já que, na história da civilização, não se tem notícia de que alguém tenha
desenvolvido essa saúde. Mas possível é. E, se é possível, podemos lutar por
esse objetivo.

Ao continuar avançando, o indivíduo desenvolverá todas as potencialidades do ser
humano que estão adormecidas ou atrofiadas. Assim como a vida surgiu da
matéria há 3 bilhões de anos com o primeiro ser vivo unicelular, porque a vida
estava dentro da matéria, e a consciência surgiu da vida (há 40 mil anos) porque
estava dentro dela, também podemos esperar que a próxima etapa (transcender as
condições atuais e tornar-se um super-humano) pode acontecer a partir de uma
vida consciente.

11. TORNAR-SE UM SUPER-HUMANO

Ao conquistar a supersaúde, o indivíduo não será mais o mesmo, ele terá
TRANSCENDIDO as condições do ser humano conhecidas em todas as
dimensões. Ele será um novo ser, bem mais evoluído.

Quem acredita em Deus ou num Ser Supremo criador do homem deve ter a
certeza de que o final da criação não é esse Homo sapiens limitado e problemático
que somos hoje. Ele deve ter criado um ser humano para se tornar muito, mas
muito melhor do que chegamos a ser até hoje.

O agnóstico ou materialista, que só acredita no processo evolutivo, certamente
tem uma expectativa de que o processo ainda não terminou e que pode ser
aperfeiçoado para melhorar muito mais.

O que não se pode negar é que temos inúmeras potencialidades para desenvolver. E
essa conquista da supersaúde deverá ser a condição básica para desenvolver toda a
potencialidade humana. Em algum momento, a evolução levará à superação das
condições limitantes do Homo sapiens e será possível que se chegue a um novo,
superior e transcendente ser humano.









CAPÍTULO 2
O que é saúde?





Saúde é a nossa natureza

O ser humano foi programado por Deus ou pela natureza para ser completamente
saudável.

Se você acredita que uma Inteligência Superior criou o ser humano, deve aceitar
que Deus criou um corpo perfeito, logo, completamente saudável. Deus não
criaria a doença.

Se você não acredita que uma Inteligência Superior tenha criado o ser humano e
acredita que ele é apenas fruto da evolução darwinista, lembre-se de que a evolução
da natureza, durante milhões de anos, foi aperfeiçoando o organismo humano,
eliminando todos aqueles que tinham falhas, e desenvolveu um corpo teoricamente
perfeito, para não ficar doente.

A saúde é, portanto, a única condição aceitável do nosso organismo. A doença
é uma falha de funcionamento de algum mecanismo do corpo, é um defeito que
se instalou no organismo.

Definição de saúde

Do ponto de vista físico, saúde é o funcionamento adequado de todas as células
do corpo, sem nenhum problema, sem nenhuma perturbação, sem nenhuma
alteração. É ter todos os órgãos e tecidos funcionando de forma harmônica e
equilibrada. Este estado chamamos de saúde 100%.

Para a OMS – Organização Mundial de Saúde – saúde é o estado de completo
bem-estar físico, mental e social.

Aqui interessa ampliarmos esse conceito, tornando-o mais abrangente para que
se possa entender a saúde a partir de sete dimensões: saúde é o estado de
completo bem-estar físico, emocional, mental, cultural, social, ambiental e
espiritual. Essa conceituação em dimensões é completamente teórica. Você
pode adotar quantas dimensões quiser, mas é preciso sempre levar em conta que
nosso organismo é completamente integrado e não pode ser dividido.

Como se forma a saúde nos organismos animais e no
ser humano?
A saúde dos organismos animais, e também a do ser humano, se forma a partir
de três fatores: a genética, a epigenética e o crescimento. E é bem importante
que se entenda a importância de cada um desses fatores e sua influência no
desenvolvimento da saúde do indivíduo.

Em primeiro lugar, é preciso desconstruir a ideia de que a genética define a saúde
como se fosse uma espécie de decreto, determinando, a priori, as doenças que a
pessoa terá ao longo da vida. A genética não é importante, o que vale é a
epigenética. Todos aqueles que nasceram com uma genética muito desfavorável
podem viver mais de cem anos e morrer sem nunca manifestar a doença genética
de que são portadores.

Aqui vale um breve depoimento: Minha mãe e minha avó paterna morreram com
câncer de intestino. Isso significa que é certo que tenho o gene para câncer de
intestino. Não posso fazer nada para eliminar esse gene, nem pude impedir que
fosse transmitido a todos os meus descendentes. Mas eu não nasci com câncer e
não desenvolvi a doença ao longo da minha vida. Isso acontece porque existe um
mecanismo que bloqueia completamente esse gene. Esse mecanismo é a
epigenética, que nasceu comigo. E enquanto eu tiver essa proteção, o gene do
câncer de intestino nunca se manifestará, mesmo que eu viva 120 anos.

A importância da epigenética

Então, mesmo que a pessoa não possa fazer nada para eliminar o gene do câncer,
ou de qualquer outra doença, ela poderá fazer inúmeras ações para ter uma
epigenética mais desenvolvida ainda e, dessa forma, nunca desenvolver qualquer
uma dessas doenças. Estará “na sua mão” aumentar cada vez mais a proteção
epigenética. Quanto maior for a camada protetora da epigenética, menos
chance terá a doença genética de se manifestar.

Essa capacidade de impedir a genética de se manifestar depende exclusivamente
do estilo de vida adotado pelo indivíduo: a cada ação, a pessoa pode estar
aumentando ou diminuindo a camada de proteção epigenética. E, no momento em
que não tiver mais proteção, a doença se manifesta.

As características epigenéticas também são herdadas e estão relacionadas à
epigenética dos pais e dos avós no momento da concepção. O feto recebe,
portanto, os padrões epigenéticos dos pais e dos avós.

A natureza, porém, é muito sábia e sempre provém ao recém-nascido uma
epigenética superior à de seus pais. Por exemplo, um casal que tenha uma
doença genética, como diabetes tipo 2, porque perdeu toda a proteção
epigenética e que concebe uma criança. Ela estará ainda protegida e nascerá com
o gene da diabetes bloqueado, podendo manter essa epigenética protetora
durante muito tempo e só desenvolvendo a doença se destruir a proteção
epigenética ao longo de sua vida.

A genética, portanto, não é o fator mais importante no desenvolvimento da
saúde; importante é a epigenética, porque o indivíduo pode, dependendo de
suas ações, melhorar a epigenética e, assim, ficar protegido do surgimento de
doenças que estejam em sua herança genética por toda a sua vida, por mais
longevo que o indivíduo seja.

É possível melhorar a proteção epigenética?

Tudo o que for feito para proteger e para fortalecer aquele órgão que tem uma
genética desfavorável aumenta a epigenética. E, toda a ação que possa agredi-lo
ou deixar de protegê-lo, diminui a epigenética.

Vamos imaginar dois irmãos gêmeos univitelinos, cujos ancestrais, tanto do lado
paterno como materno, tenham morrido com menos de 50 anos por problemas
cardíacos. É certo que eles são portadores de genes para doença cardíaca. Mas
eles não nasceram com a doença e nem a manifestaram até a idade adulta.

Ao chegar à juventude, um deles passa a ter uma vida sedentária e estressante,
come muito carboidrato e comida industrializada, dorme pouco, fuma. Aos trinta
anos, tem um infarto fulminante e morre. As pessoas acreditam que “morreu por
causa da genética”.

O outro irmão, porém, sempre investiu na saúde cardiovascular e realiza muitas
ações para fortalecer o coração. Faz exercícios intervalados, musculação,
meditação, dorme cedo. Adotou uma alimentação saudável, parou de comer
carboidrato para não criar placas nas artérias e viveu mais de 100 anos sem
nunca ter doença cardíaca.

Os dois tinham a mesmíssima genética. E nasceram com a mesma epigenética. O
que aconteceu? Simples: um deles destruiu a epigenética com que nasceu; o
outro, não só a protegeu como a melhorou o máximo que pôde.

No caso de quem tem um gene para câncer de intestino, como eu, bloqueado
pela epigenética, quanto mais investir na saúde intestinal, maior será a proteção
epigenética e menores serão as chances de que a doença se manifeste. No caso
do filho de diabéticos, quanto mais ele comer carboidrato, mais depressa
destruirá sua proteção epigenética, favorecendo o surgimento da doença.

Não importa, portanto, saber que genes estão gravados no seu DNA. Vale, isso
sim, investir muito esforço no sentido de melhorar a epigenética a ponto de
que esses genes, sejam eles quais forem, jamais encontrem as condições para a
manifestação das doenças de que são portadores.

Características de um indivíduo saudável:

O indivíduo que possui todos os órgãos e tecidos funcionando de forma
harmônica e equilibrada:

tem energia suficiente para realizar todas as tarefas do dia, incluindo
aquelas muito desgastantes, e chegar à noite sem estar cansado, contando ainda
com reserva de energia;

tem todas as células do corpo funcionando adequadamente, isto é, sem


nenhuma perturbação, nenhum sintoma ou sinal de mau funcionamento de
nenhuma célula e de nenhum dos órgãos ou tecidos;
está sempre pronto para enfrentar qualquer dificuldade ou agressão do
meio ambiente, sem que haja diminuição do funcionamento homeostático;
tem o sono adequado e profundo, capaz de realizar a reparação de todos
os danos causados durante o dia;
tem o coração com maior capacidade para bombear sangue. A circulação
de sangue é mais eficiente. Os pulmões oxigenam mais o sangue. Tem
todas essas capacidades elevadas acima de suas necessidades diárias. Isso faz
com que todas as células, que já têm mais mitocôndrias, recebam mais
oxigênio para produzirem ainda mais energia;
tem músculos fortes, que provocam o fortalecimento de todos os órgãos
do corpo (existe uma relação diretamente proporcional entre a força e
resistência da célula muscular e de todas as demais células do corpo);
tem todos os órgãos funcionando adequadamente e todos os exames
laboratoriais no nível ótimo e não apenas “normais”;
tem uma saúde hormonal adequada, equilibrada e constante.

Todos estes fatores retardam o processo de envelhecimento, chegando a
bloqueá-lo e até mesmo revertê-lo.

O aumento gradativo das qualidades e das aptidões de saúde não tem limites,
sempre podem aumentar um pouco mais. E, quanto melhores forem as
capacidades biológicas, maiores serão as capacidades cognitivas, intelectuais,
emocionais e espirituais, e maiores serão as capacidades sociais e produtivas,
levando o indivíduo a viver uma vida mais plena, mais abundante, mais
gratificante, com mais sucesso e mais felicidade.

A curva biológica da capacidade física e a queda após
os 30 anos no ser humano
O indivíduo nasce, cresce e aumenta a sua capacidade física e a saúde até os 20
anos. A partir dessa idade, ele aperfeiçoa essa capacidade e saúde e fortalece as
células e todos os órgãos do organismo até os 30 anos.
Entre os 20 e os 30 anos, ele se encontra no clímax da capacidade reprodutiva e
tem as melhores condições para realizar a homeostasia e reparar os danos
sofridos pelo corpo. Essa capacidade será tanto maior quanto for a saúde
construída até esse momento.

Em torno dos 30 anos, as capacidades física, reprodutiva e de reparação
começam a diminuir gradativamente. Isso exige que o indivíduo diminua as
agressões e os danos a serem reparados. Caso não o faça, há a tendência de que
esses danos se acumulem, provocando a diminuição gradativa da saúde celular e
dos vários órgãos e manifestando alterações de funcionamento do organismo,
que são tradicionalmente chamadas de doença ou de envelhecimento.

Quanto mais avançada for a idade, maior será a tendência à diminuição da
capacidade de reparação dos danos, o que pode levar a aumentar a manifestação
de perda de saúde, desencadeando as doenças e revelando sinais crescentes de
envelhecimento, processo que é considerado normal e inevitável pela Medicina
da Doença.

Sim, essa tendência de perda de capacidade física é normal, porque acontece com
a imensa maioria das pessoas, mas não é inevitável. A Medicina da Saúde defende
não só que é possível evitar a perda da capacidade homeostática, a perda da saúde
e o envelhecimento, como também que é possível recuperar a saúde e a
capacidade homeostática perdidas e até mesmo reverter o envelhecimento, como
será demonstrado pela melhoria dos indicadores do envelhecimento e da
longevidade. Nos próximos capítulos, veremos como se pode conquistar isso.

Essa mudança do paradigma da doença para o paradigma da saúde é
fundamental para que se compreenda que é possível recuperar toda a saúde
perdida e conquistar cada vez mais saúde no caminho em direção à
supersaúde.
Vale enfatizar que todos devemos manter a mente focada apenas na melhoria da
saúde, realizando ações diárias para melhorarmos seu nível progressivamente e
não nos deixando sugestionar por mensagens negativas produzidas pela cultura e
pela economia baseadas na doença e focadas erroneamente na perda de saúde.

A Medicina da Saúde defende que mesmo alguém que já perdeu muita saúde, a
ponto de precisar tomar remédios para alguma doença, poderá recuperar
gradativamente a saúde perdida e diminuir o uso de medicamentos até o ponto
de eliminá-los por completo. Ainda, é importante salientar que, enquanto houver
necessidade de medicação, não se deve deixar de tomá-la, uma vez que esses
remédios têm a função de impedir que a doença se agrave e cause ainda mais
prejuízos ao corpo.









Capítulo 3
Perda momentânea de saúde




Como e por que se perde saúde?
É importante salientar sempre: a saúde é a nossa única natureza. A perda de
saúde (doença) é um defeito, fruto de uma falha no organismo.

Por isso, é fundamental entender como o corpo perde saúde para, nos próximos
capítulos, saber o que fazer para alcançar a saúde 100% e a supersaúde.

As perdas de saúde ocorrem sempre que o corpo sofre uma agressão e não tem
as condições para reparar os danos sofridos.

Essas perdas se dividem em quatro tipos:

1 . Perdas momentâneas: algumas agressões são reparadas de imediato,
aparentemente sem provocar danos, como ocorre quando se passa de um
ambiente quente de ar condicionado para um ambiente frio. O corpo sofre uma
agressão, mas consegue se recuperar sem dificuldades.

2. Perdas diárias: são as perdas que ocorrem durante um dia e que podem ser
reparadas durante a noite por meio de um sono adequado. São de dois tipos:
internas: decorrentes do funcionamento do corpo - metabolismo,
respiração, digestão, movimentação, trabalho, sedentarismo;
externas: comidas prejudiciais, intoxicação por químicos, situações
estressantes, poluição.

3. Perdas persistentes: são aquelas que não foram reparadas no mesmo dia ou
em até um ou dois dias depois da agressão.

4. Perdas permanentes: são aquelas que já não podem ser reparadas, como a
tireoidectomia (retirada da tireoide).
Quais são as principais causas de agressão ao corpo, e
que levam à perda de saúde?

1. Inconsciência
Este é um fator fundamental para determinar a perda de saúde, porque é a falta
de consciência a responsável pelas escolhas erradas. A pessoa que não tem
consciência realiza qualquer ação de forma impulsiva, sem pensar nos
resultados. Ela busca o prazer momentâneo sem avaliar as consequências. Toma
as decisões baseadas no que gosta ou no que não gosta, sem pensar nas
implicações que elas podem trazer para sua saúde e para a sua vida.

O indivíduo consciente – e com foco na saúde – pensa antes de fazer suas
escolhas e é capaz de prever as consequências de suas atitudes, porque entende
que é livre para decidir suas ações, mas sabe que agride a sua saúde ao praticar
ações erradas, e, portanto, pensa também em como minimizá-las por meio de
futuras ações positivas.

Não ter consciência é tomar atitudes de forma impulsiva, sem pensar, ou
simplesmente porque todos fazem.


2. Sedentarismo

O corpo humano foi desenvolvido durante mais de 3 milhões de anos para estar
em movimento constante. Ficar parado prejudica o funcionamento do
organismo. Há pesquisas que mostram que ficar sentado durante o dia mata
tanto quanto o cigarro e anula todo o exercício realizado na academia.

A vida moderna está organizada para que as pessoas tenham tudo ao alcance da
mão. O indivíduo que, durante o dia, realizou todas as atividades sentado e fez seus
deslocamentos de carro, encontra no sofá da sala o seu repouso, de preferência com
o controle remoto da TV ao alcance da mão.

Esse corpo certamente sofrerá as consequências, porque esse indivíduo “parou
de se mexer”. E a explicação está na nossa história ancestral: o sedentarismo
não é da natureza do ser humano.

Ser sedentário é considerado, no seu conceito mais radical, ficar imóvel durante um
tempo, como permanecer sentado durante mais de uma hora sem se mexer. Mas é
claro que se deve levar em conta que existe a necessidade de um repouso
momentâneo durante o dia, principalmente após uma atividade muito intensa, como
praticar exercícios de alta intensidade.


3. Perda de força física

Esta perda é traduzida pela diminuição de massa muscular. Quanto maior é a
perda da massa muscular e, por sua vez, da força física, maior será a perda da
função e da força de todos os órgãos e tecidos, e maior será a perda de saúde e o
aparecimento de doenças. Já vimos que a ciência relaciona força e resistência
muscular com a força e a resistência de todos os órgãos.

Dos três fatores mais significativos de perda de saúde, esse é o principal. Os
outros dois, que veremos a seguir, são a perda da capacidade cardiovascular e a
falta de controle do estresse.

Basta que se observe a história ancestral do ser humano para ver que, quanto
mais fortes eram os músculos e o organismo, mais condições tinha o indivíduo
de sobreviver.
O corpo humano está programado para perder massa muscular a partir dos 30
anos. Ainda que percam menos massa muscular do que aqueles que trabalham
em atividades intelectuais, mesmo os indivíduos que trabalham em atividades
físicas intensas apresentam essa perda.

Esse processo de perda de músculos será responsável pela perda da capacidade
física, da saúde e pelo envelhecimento natural, de todos os órgãos, ou seja, do
corpo inteiro. Mas é possível frear essa perda e até recuperá-la com exercícios de
força como a musculação de alta intensidade (ação antinatural).

Infelizmente, a vida moderna, extremamente sedentária, não está apenas
acentuando essa perda de força, como a está antecipando. Hoje é possível
observar a perda de massa muscular em idades mais precoces, antes mesmo dos
30 anos.

4. Diminuição da capacidade cardiovascular

Capacidade cardíaca é a capacidade do coração de bombear o sangue a cada
batida, para que as artérias o levem a circular, e para que os capilares possam
distribuí-lo a todas as células.

É preciso, porém, ter clareza da diferença entre capacidade e resistência
cardiovascular. Capacidade elevada é conseguir que o sangue circule em altos
volumes numa necessidade urgente como fugir de um leão, conforme faziam
nossos ancestrais. Ter resistência é conseguir manter volumes adequados de
sangue circulando durante muito tempo, como é necessário numa maratona ou
numa caminhada de quinze horas.

Assim como ocorre com a força muscular, existe um processo de perda
progressiva da capacidade cardiovascular a partir dos 30 anos, que pode ser
antecipada em muito, dependendo da vida sedentária da criança e do adolescente
e/ou do sedentarismo na vida adulta, mas que também pode ser retardada por
exercícios que aumentem essa capacidade.

5. Estresse crônico

Estresse é a falta de capacidade mental para enfrentar as dificuldades da vida.

Esse fator de perda de saúde pode, sozinho, eliminar todos os outros
esforços para sua recuperação.

Não existe situação estressora ou chefe estressor. Essas são apenas dificuldades a
serem enfrentadas. O estresse é sempre interno, causado pela maneira como
reagimos a uma situação.

O estresse libera grandes quantidades de hormônios, como o cortisol, que é
muito útil no estresse agudo, mas é altamente danoso quando o estresse se torna
crônico.

O estresse agudo, que ocorre em uma situação desafiante (falar em público,
saltar de paraquedas) é positivo para a saúde, desde que ele se manifeste pouco
tempo antes da atividade. Ele prepara o indivíduo para enfrentar os desafios,
como nossos ancestrais se preparavam para enfrentar o inimigo ou um predador.
É diferente do estresse crônico, que é começar a se preocupar um mês antes de
falar em público.

Existe também uma diferença entre estresse percebido e não percebido. O
primeiro é aquele que acontece quando alguém discute no trânsito. A pessoa
sabe na hora que ficou estressada. Esse tipo de estresse não traz tanto problema,
desde que não ocorra com frequência. O estresse não percebido é aquele que
ocorre quando alguém fica preocupado com uma questão do futuro, como
achar que não será possível pagar um financiamento, ou que não conseguirá
entregar um trabalho. Esse estresse é altamente prejudicial para a saúde.

6. Sono inadequado

As agressões diárias sofridas pelo corpo provocam perdas de saúde
momentâneas, que são recuperadas durante o sono. É durante um sono adequado
que o organismo realiza todas as reparações dos danos ocorridos durante o dia.
Caso isso não aconteça, a perda passa a ser persistente e o indivíduo não
recupera integralmente a saúde perdida.

Apenas uma noite sem sono reparador provoca prejuízo no funcionamento
de todos os órgãos e tecidos do corpo, sendo os mais sacrificados o cérebro e
os órgãos vitais como o fígado e o coração. Uma consequência clara que
demonstra o prejuízo no organismo de uma noite mal dormida é a pessoa acordar
e passar o dia com embotamento cerebral depois desse sono insuficiente.

Se a situação persiste, somando-se várias noites mal dormidas, o somatório de
perdas de saúde não recuperadas fará com que haja um acúmulo de perdas
progressivamente maiores, levando à manifestação de doenças e à aceleração do
envelhecimento.

7. Alimentação inadequada

A alegada falta de tempo faz com que os alimentos rápidos – os processados
industrialmente, o pão, o macarrão instantâneo, os diferentes tipos de fast foods
– sejam as escolhas mais frequentes, levando ao consumo exagerado de
químicos e de carboidratos em preparações pobres em nutrientes.

Além desses fatores, também a quantidade de alimentos ingeridos leva a grandes
perdas de saúde.

A alimentação é prejudicial:

quando o excesso de carboidratos provoca aumento da produção de
insulina, que leva a um aumento da inflamação crônica que, por sua vez,
desencadeia e agrava todos os sinais e sintomas de doenças;
quando não fornece os nutrientes necessários para o corpo realizar a
reparação de todas as células, tecidos e órgãos que sofreram agressões e
danos. É fundamental que a alimentação forneça aminoácidos (proteínas),
ácidos graxos (gorduras) em quantidade suficiente, as 13 vitaminas e os 18
minerais essenciais;
quando causa prejuízo ao organismo, como na ingestão de alimentos
inflamatórios (carboidrato, glúten) ou de alimentos com substâncias
químicas (industrializados e processados);
quando há a ingestão de alimentos em excesso, mesmo que sejam
saudáveis;
quando se come muitas vezes por dia, contrariando os mais de três
milhões de anos de nossa história, em que só se comia uma ou duas vezes
por dia, se houvesse comida.

8. Falta de contato com o sol

A falta de contato com o sol não só provoca perdas significativas de saúde,
por baixar o nível de produção da vitamina D, como dificulta a recuperação da
saúde perdida.

Essa falta impedirá que o organismo se beneficie, além da vitamina D, de outros
elementos do sol que fazem bem para a saúde e aos quais nem sempre é dada a
devida importância: o contato direto com o sol diminui o risco de doenças
cardiovasculares, melhora o sono, aumenta a imunidade, facilita o emagrecimento,
melhora o humor e as doenças emocionais em função da liberação de endorfina e
de serotonina, diminui as dores crônicas, aumenta a libido, combate lesões da pele,
entre outros benefícios.

9. Falta de suplementos

Dificilmente alguém adota uma alimentação tão saudável a ponto de suprir o
organismo de todos os nutrientes e micronutrientes necessários para a reparação
que precisa ser feita constantemente.

O empobrecimento gradativo do solo e a monocultura são as principais causas da
diminuição dos nutrientes nos alimentos.

Sempre que faltar algum aminoácido, ácido graxo, vitamina ou mineral na
alimentação, pode não ocorrer a reparação de algum dano, o que pode passar a
gerar uma perda de saúde persistente. Algumas pessoas têm dificuldade de
absorção de algum micronutriente e por isso é importante suplementá-lo.

Vale salientar que existem suplementos que não são utilizados para a reparação de
danos, mas servem para melhorar o funcionamento do corpo.

10. Processo de intoxicação e falta de desintoxicação

Substâncias tóxicas são todas aquelas (sintéticas ou naturais) consideradas
estranhas ao nosso organismo, porque não são utilizadas no metabolismo e
sempre causam agressões que levam à diminuição da saúde.

As piores são as substâncias químicas, pois nosso organismo não consegue
utilizar nenhuma dessas moléculas. Como não é possível eliminar a substância
química inteira, ela precisa ser processada (não metabolizada, mas “quebrada”
em várias partes) pelo fígado para ser eliminada pelo suor, pela urina, pelas
fezes.

As substâncias químicas entram no organismo pela boca (alimentação, cigarro),
pela pele (cosméticos, fragrâncias) e pelo nariz (poluição). Uma mulher, por
exemplo, chega a utilizar em média 185 substâncias químicas diferentes por dia
pelo uso de cosméticos e, segundo alguns estudiosos, a fumaça do cigarro
contém em torno de 5.000 substâncias químicas diferentes. Nosso organismo
ainda não reconhece NENHUMA substância química. Todas, sem exceção, são
consideradas venenos e precisam ser eliminadas ou retiradas da circulação.

Se o fígado estiver doente ou sobrecarregado com outras tarefas, como
metabolizar carboidratos, essas toxinas químicas retornarão ao sangue e serão
armazenadas na gordura de todos os órgãos. Isso causa grandes transtornos ao
cérebro, ao fígado, aos rins, ao coração, aos músculos, enfim, a todos os órgãos e
tecidos. O corpo tem urgência em retirar as toxinas do sangue. Por isso, a
quantidade de toxinas químicas armazenadas nas gorduras pode chegar a ser de
quinhentas a mil vezes maior do que as toxinas circulantes.

As toxinas naturais, diferentes das substâncias químicas, são provenientes de
animais e de vegetais e podem ser entendidas pelo organismo como veneno,
promovendo imediatamente uma reação de combate a ela. O exemplo clássico é
a diarreia provocada por intoxicação bacteriana. Algumas toxinas naturais são
venenosas e podem matar, mas, quando entram em pequenas doses, o organismo
consegue se adaptar de forma gradativa até chegar ao ponto de ingerir uma dose
que seria mortal e não sentir nada. Isso faz parte da hormese, que será
apresentada no capítulo 14. Existem algumas substâncias agressivas produzidas
pelos vegetais, como o resveratrol, como forma de afastar os predadores, mas
que no ser humano estimulam reações positivas pelo nosso organismo e são
chamadas de antioxidantes.

Para realizar a desintoxicação do corpo, é muito importante diminuir as
substâncias químicas que entram no organismo e recuperar a capacidade do
fígado de processar as toxinas, mobilizando essas toxinas armazenadas e
aumentando a capacidade de excreção.

Os principais agentes para a desintoxicação são os exercícios de alta intensidade
com sudorese (a melhor forma) e o suor por meio da sauna, além da alimentação
saudável.

11. Diminuição da saúde intestinal

O intestino tem inúmeras funções fundamentais, que não apenas eliminar fezes.
É no intestino que se processa o final da digestão de todos os alimentos que
ingerimos e que penetram no organismo através da membrana intestinal.
É por isso que a frase “nós somos o que comemos” está errada; nós somos o que
absorvemos pelo intestino. Porque é através da membrana do intestino saudável
que entram todos os nutrientes naturais. Um intestino doente não conseguirá
concluir a digestão e parte dos alimentos saudáveis sairão pelas fezes.

Se a membrana intestinal estiver doente, ela se torna permeável e permite que
entrem pedaços de nutrientes ainda não digeridos, microrganismos, toxinas, metais
pesados, corpos estranhos que provocarão agressões no local e à distância,
causando agravamento da inflamação intestinal, que aumenta mais ainda a
permeabilidade, assim como aumenta a inflamação crônica do organismo, que é
a principal causa de perda de saúde e será a principal causadora das doenças
autoimunes.

O intestino é considerado o segundo cérebro, pois ele tem mais terminações
nervosas que qualquer outro órgão, incluindo a medula e os nervos periféricos,
perdendo apenas para o próprio cérebro. Há uma interligação muito íntima entre
o intestino e o cérebro. Tudo o que acontece com ele afeta o cérebro e vice-
versa.

Para exemplificar: o intestino produz 80% da serotonina do corpo, enquanto o
cérebro produz apenas 20% desse neurotransmissor. Ele também produz mais de
75% das células imunológicas do nosso corpo. É por isso que, quando o
intestino perde saúde, todo o organismo perde mais saúde ainda, o que pode
provocar doenças de todos os tipos.

12. Falta de contato com a natureza

Durante vários milhões de anos, o ser humano viveu no meio da natureza. As
cidades surgiram há apenas 10.000 anos com o início da agricultura e, mesmo
assim, permaneceram completamente integradas à natureza por vários milhares
de anos. Somente nos últimos séculos é que as cidadelas se tornaram
metrópoles e foram afastando cada vez mais as pessoas da natureza.

A perda de contato com a natureza é um fator importante para diminuir a
saúde, mesmo que pareça que as pessoas estão completamente adaptadas a essa
situação.

13. Exposição a campos eletromagnéticos

A crescente exposição a campos eletromagnéticos está desencadeando cada vez
mais perdas de saúde sutis, imperceptíveis, mas progressivamente maiores.

Não existe ainda comprovação científica inequívoca desta relação, até porque
existe muito pouco financiamento para realização dessas pesquisas, já que, se
comprovada esta tese, haverá uma crise de grandes proporções, pois toda a
economia mundial está baseada no uso de tecnologia que emite ondas
eletromagnéticas.

Embora não haja interesse em que essas pesquisas avancem e sejam divulgadas,
já há muitos estudos sobre os efeitos danosos do celular, que, além de emitir
grandes quantidades de radiação – boa parte diretamente no ouvido e no cérebro
–, a quantidade de tempo de uso por dia torna-se cada vez maior com o uso de
aplicativos e a ampliação dos recursos que o aparelho é capaz de fornecer. O
celular no bolso é considerado uma das causas da diminuição crescente e
assustadora da produção de espermatozoides nos adultos jovens.









CAPÍTULO 4
A homeostasia e a recuperação da
perda momentânea de saúde





O que é homeostasia?

A homeostasia é o processo por meio do qual o corpo recupera o equilíbrio e a
harmonia interna depois de sofrer alguma agressão. É a capacidade que o
organismo tem de recuperar a saúde perdida em função das agressões sofridas ao
longo do dia.

Um corpo saudável, já sabemos, é aquele que tem todas as suas células
funcionando adequadamente sem nenhuma perturbação ou deficiência e no qual
todos os tecidos e órgãos funcionam em harmonia e equilíbrio. O processo
homeostático trabalha constantemente para manter o corpo tão saudável quanto
estava no dia anterior e para evitar que as agressões provoquem perdas
acumulativas de saúde.

Como funciona a homeostasia?

O corpo sofre agressões durante o dia, algumas decorrentes do próprio
funcionamento metabólico, outras realizadas por nós de forma inconsciente e
ainda as que são provocadas pelo meio exterior (o ambiente), que são agressões
involuntárias, das quais é impossível escapar. As principais são as agressões que
fazemos ao nosso corpo e também as omissões de ações que deveríamos fazer e
não fazemos.

Para reparar essas agressões, que ocorrem a todo o momento, o organismo
imediatamente provoca adaptações e correções para tentar recuperar e manter o
funcionamento do corpo da melhor maneira possível, esforçando-se para que o
organismo volte a ter o nível de saúde anterior às agressões: processo
homeostático.

Algumas ações ocorrem momentaneamente, como a recuperação da função
cardiovascular e respiratória quando ficamos muito ofegantes ao subir rápido
uma escadaria.

Mas as principais ações de reparação das lesões sofridas e das perdas
momentâneas durante o dia ocorrerão durante o sono, desde que este seja
realizado nas melhores condições possíveis e que o organismo disponha de
“material” para a reparação. Esses materiais são os aminoácidos, os ácidos
graxos, as vitaminas e os minerais que são absorvidos por meio de uma
alimentação saudável.

Porém, se a quantidade de agressões for maior que a capacidade homeostática,
ou se o indivíduo não possibilitar as condições de nutrientes e de repouso
adequadas para o organismo realizar seu trabalho homeostático, o resultado será
insuficiente, e o organismo não irá recuperar integralmente a saúde perdida.

É importante entender, ainda, que a principal reparação se dá na noite do mesmo
dia em que o dano ocorreu e que o organismo tem poucos dias para completar o
trabalho homeostático de reparação dos danos. Depois desse tempo, ele não terá
mais condições de recuperar integralmente a saúde anterior, e o indivíduo
passará a viver num estágio de saúde inferior. Só para exemplificar, se ele estava
antes com um nível de saúde 80%, ele passa a viver num nível de saúde 79%.

A capacidade homeostática, então, será utilizada para manter a saúde no patamar
de 79%. E seu esforço a partir desse ponto passa a ser para preservar esse nível
de saúde, agora menor que o anterior. Se o indivíduo continuar acumulando
danos e agressões não reparadas, ele seguirá perdendo cada vez mais saúde e
começará a ficar doente.

De acordo com as perdas de saúde e a diminuição da capacidade de
funcionamento do corpo, a capacidade homeostática vai também diminuindo
gradativamente os patamares para recuperação de saúde. A função da
homeostasia é evitar a perda de mais saúde e a diminuição da capacidade física
do corpo e dos órgãos; ela não consegue realizar nenhum tipo de ganho de
saúde.

A única maneira de recuperar a saúde perdida ou aumentar o nível de saúde é
por meio da hormese, que é a capacidade de reagir a determinadas agressões
sofridas, tornando o corpo melhor do que estava antes de sofrer a agressão.
Somente as reações horméticas conseguem aumentar a saúde, enquanto as
reações homeostáticas conseguem, no máximo, recuperar a saúde perdida.

Para otimizar a homeostasia, há três cuidados obrigatórios:
1.causar o mínimo de danos ao organismo. Dessa forma, o corpo terá menos
trabalho para reparar as agressões;
2.ter uma alimentação baseada em proteínas, gorduras, sementes oleaginosas e
sementes em geral e muita salada, para ter material de reconstrução e de
reparação em quantidades adequadas;
3.deitar o mais cedo possível e proporcionar as melhores condições para um sono
profundo.

Já vimos, nos capítulos anteriores, que o corpo humano é a estrutura mais
perfeita que existe e está preparado para reparar, por meio da homeostasia, uma
certa quantidade de danos sofridos durante o dia, recuperando todo o nível de
saúde que o corpo tinha antes de sofrer as agressões. O corpo foi feito, portanto,
para estar em equilíbrio.

Porém, mesmo este corpo perfeito tem um limite suportável: se os danos forem
muito intensos ou não forem reparados imediatamente, o corpo perderá saúde e,
em consequência, diminuirá a capacidade homeostática.

Existem cinco fatores que concorrem para que a reparação dos danos não seja
completa:

Falta de material para o corpo realizar a reparação, por não ter havido uma
alimentação adequada nos dias anteriores, que fornecesse todos os
nutrientes e micronutrientes necessários para uma reparação completa;
Problemas de sono, pois é durante um sono adequado que se realizam as
principais tarefas de reparação;
Danos excessivos que superem a capacidade de reparação do corpo;
A perda de saúde do corpo, a diminuição da produção de hormônios
(como o hormônio de crescimento), a deficiência de substâncias vitais
(como a vitamina D) e de enzimas (que favorecem as reações de
reparação) provocam também a diminuição da capacidade homeostática.
Quanto mais doente for o indivíduo, independentemente da idade, menor
também será a sua capacidade de reparação;
O avançar da idade, após os 30 anos, diminuirá progressivamente a
capacidade homeostática como veremos mais adiante, e se o indivíduo
mantiver a mesma quantidade de agressões poderá não conseguir reparar
todas elas.

O organismo foi feito para funcionar adequadamente e sem problemas, e a
mínima perda de saúde não reparada sempre provocará alterações de dois tipos:

a)bioquímicas (medidas por exames de sangue);
b)físicas (medida por sinais e sintomas no corpo).

A questão é que os milhões de anos de evolução prepararam o indivíduo para se
adaptar a essas perdas sem que se tenha consciência sobre as consequências
físicas que estão ocorrendo. E esta capacidade de adaptação é tão poderosa que
só é possível perceber as perdas de saúde e das condições física e funcional
quando já estão muito avançadas, tornando mais difícil a recuperação da perda
de saúde.









CAPÍTULO 5
Perda progressiva de saúde
Manifestações físicas das perdas progressivas

Quando não ocorre a recuperação, as perdas vão se tornando cada vez maiores e
criam o ambiente para o surgimento de sinais e sintomas que sinalizam essas
perdas e que, quando ficarem muito grandes, serão chamadas de doença pela
Medicina Tradicional.

O cansaço é a primeira manifestação física de perda de saúde. Chegar ao final
do dia cansado e com pouca energia é o primeiro e mais significativo sinal de
perda de saúde ou início de doença e um dos indicadores de que a pessoa está
envelhecendo.

Não importa se a pessoa realiza muitas e exaustivas tarefas em seu cotidiano:
chegar cansado ao final do dia é sinal de que a produção de energia não foi
suficiente para a carga de atividades realizadas.
Essa energia utilizada pelo corpo chama-se ATP e é produzida pelas
mitocôndrias. Ou seja, chegar ao final do dia cansado, depois de ter realizado
tarefas cotidianas, é sinal de que as mitocôndrias não estão produzindo ATP
(energia) em quantidade suficiente.

Um médico que faz plantão na emergência de um Pronto Socorro extremamente
agitado e chega cansado ao final do dia, não está produzindo a energia que
deveria para cumprir aquela tarefa. Estão faltando mitocôndrias. Esse cansaço é
o principal sinal de perda de saúde. É diferente de um indivíduo que trabalha
sentado e, num determinado dia, faz a mudança da sua casa, carregando muitos
móveis pesados. Chegou cansado ao final do dia, mas este não é o seu cotidiano.
Esse cansaço pode não ser sinal de doença, mas também significa que tem pouca
reserva de produção de energia.

As mitocôndrias são as únicas responsáveis pela
produção de energia

Para entender o que acontece com o organismo, pega-se o exemplo da célula
cardíaca, que tem em média 5.000* mitocôndrias. Levando em conta que cada
mitocôndria tem uma vida média de 10 dias, a cada dia deverão ser renovadas
500 mitocôndrias em cada célula cardíaca. Quem coordena essa renovação é o
cérebro reptiliano (capítulo 12), responsável pela manutenção da vida e pelo
funcionamento de todos os órgãos, os tecidos e as células do corpo. Mas ele não
atua como um robô, com programações prévias; ele analisa cada situação antes
de “decidir o que irá fazer”.

Ao ter que renovar as 500 mitocôndrias que precisam ser substituídas nas células
cardíacas, o cérebro reptiliano analisará se precisa renovar todas, por serem
necessárias; se pode economizar energia e renovar menos, pois estão sendo
subutilizadas; ou, ainda, se deve fazer um grande gasto metabólico e renovar um
número maior do que as 500, por estarem trabalhando em sua capacidade
máxima. Como a enorme maioria das pessoas passa dias sem utilizar a
capacidade cardíaca máxima, o cérebro reptiliano, substituirá sempre um pouco
menos de mitocôndrias.

Uma vez que o custo metabólico e a energia gasta para aumentar qualquer
estrutura no nosso organismo é muito “caro”, o cérebro reptiliano só realizará
esse “trabalho extra”, utilizando inclusive recursos de reserva, se ele concluir
que a vida está correndo risco.

Se o indivíduo foi para a academia, fez um treino intervalado de alta intensidade
durante o qual o coração teve que trabalhar acima da frequência cardíaca
máxima, mesmo que só por 30 segundos, ficando extremamente ofegante, o
cérebro vai interpretar que essa pessoa estava lutando pela vida (fugindo de um
leão), e concluirá que faltou energia e que, portanto, estão faltando mitocôndrias.
Logo, ao substituir as 500 mitocôndrias que precisavam ser substituídas naquele
dia, ele fará o enorme sacrifício de produzir mais mitocôndrias e produzirá, por
exemplo, 510.

Por outro lado, se o indivíduo passou o dia sentado, sem elevar em nenhum
momento os batimentos cardíacos, o cérebro reptiliano vai concluir que esse
indivíduo tem mitocôndrias sobrando e as está subutilizando. Logo, não será o
caso de fazer esforço extra para substituir as 500, basta produzir 495 novas
mitocôndrias.

Como aumentar as mitocôndrias e a produção de
energia?
O mesmo processo acontece com os músculos: se durante algum treinamento ou
tarefa, a pessoa fizer esforços a ponto de esgotar o músculo, o cérebro reptiliano
providenciará o aumento do número de mitocôndrias daquele músculo, além de
melhorar as fibras musculares para realizarem um trabalho melhor no próximo
exercício. Ao contrário, se, num dia inteiro, todos os músculos forem
subutilizados, o cérebro reptiliano concluirá que estão sobrando mitocôndrias e
não substituirá a totalidade daquelas que precisariam ser substituídas nem
precisará reparar toda a capacidade funcional daquele músculo, pois não está
sendo necessário.

Em resumo, todos os órgãos do corpo precisam de muita energia para funcionar,
e essa energia é fornecida pelas mitocôndrias de suas células. Os músculos e o
coração são os únicos órgãos capazes de desencadear o aumento ou a diminuição
do número de mitocôndrias. Os demais órgãos do corpo só conseguem aumentar
o número de mitocôndrias a partir do aumento das mitocôndrias cardíacas e
musculares. Quanto mais conseguirmos, através de exercícios, aumentar as
mitocôndrias do coração e dos músculos, mais aumentarão as mitocôndrias de
todas as células do organismo.

Esse processo é muito importante para o cérebro, que é um órgão que pesa menos
de 2,5% do corpo, mas consome mais de 25% de energia para funcionar. A única
maneira de ele ter mitocôndrias para fornecer energia em altas quantidades a fim
de funcionar melhor é realizando exercícios de alta intensidade suficientes para
aumentar as mitocôndrias cardíacas e musculares e, assim, aumentar as
mitocôndrias cerebrais.

Quanto mais uma pessoa realiza trabalhos intelectuais, mais precisará de energia
e de mitocôndrias e, por isso, mais intensos devem ser os exercícios rotineiros. O
que vemos na vida real não é isso. Quanto mais intelectualizado ou
espiritualizado é o indivíduo, menos ele realiza exercícios apropriados (alta
intensidade), entendendo a atividade cerebral como algo independente do corpo.

É importante entender que, se falta energia para as tarefas cotidianas, certamente
faltará energia durante o sono para os processos de reparação e de regeneração
dos danos ocorridos nas células, tecidos e órgãos naquele dia. O processo
homeostático não poderá, assim, cumprir sua função; os danos não serão
inteiramente reparados; e o indivíduo perderá saúde. E se faltar energia para as
tarefas cotidianas e para reparar os danos, certamente faltará energia para
fornecer ao cérebro, prejudicando a saúde e as capacidades cerebral e intelectual.

Então há uma relação muito íntima entre cansaço e perda de saúde. Toda a vez
que você sentir cansaço de forma continuada, pode acreditar que está perdendo
saúde. E à medida que as perdas de saúde vão se acumulando, outros sinais e
sintomas físicos começam a se intensificar e a se tornar mais conscientes.

É fundamental entender, ainda, que cada nova perda de saúde que não foi reparada
é acompanhada também da diminuição da capacidade homeostática de reparação
das próximas perdas. E duas situações ocorrem:

A homeostasia não consegue mais reparar tantos danos quanto conseguia
na condição anterior. Hipoteticamente, se alguém tem uma saúde nível 65 e
uma condição homeostática de reparar uma perda de 4 unidades, e sua
saúde cair para 64, sua capacidade homeostática só conseguirá reparar
perdas de 3,9 unidades.
Nesse caso, a capacidade homeostática se adapta para recuperar a saúde perdida
só até o nível de 64 e não mais 65. Isso é o que torna a perda de saúde
progressiva, mas não necessariamente permanente, pois essa perda de saúde
pode ser recuperada pelo mecanismo da hormese.
Sinais de perda de saúde e início das doenças

Além do cansaço inicial, o segundo principal sinal de perda de saúde é qualquer
acúmulo de gordura, mesmo os muito pequenos que normalmente são
desprezados.

Existem muitos outros sinais e sintomas que não são valorizados no seu início,
são negligenciados (inconsciência) e até considerados normais, porque quase
toda a população os tem.

Mas é fundamental que se entenda que esses sinais, mesmo pequenos e sutis, são
importantes manifestações de perda de saúde que levarão a perdas ainda maiores
e mais significativas.

Vale lembrar, mais uma vez, que um indivíduo saudável não terá nenhum dos
seguintes sinais ou sintomas:

1. cansaço;
2. acúmulo de gordura desnecessária;
3. qualquer dor, mesmo que muito leve, em qualquer parte do corpo, sem motivo.
Aqui entra também qualquer tipo de irritação ou de desconforto;
4. urina muito escura (sinal de desidratação);
5. mal-estar, desconforto sem motivo;
6. perda mínima de força ou de resistência, fraqueza sutil;
7. qualquer tipo de problemas de sono ou de sonolência;
8. mínimos sinais gastrointestinais: náuseas, mau hálito, gases, alterações nas
fezes, mudança no apetite para mais ou para menos;
9. qualquer alteração na pele: coceira, caspa, manchas, espinhas, acne;
10. qualquer edema ou inchaço leve, localizado ou generalizado;
11. qualquer sintoma respiratório: pigarro, tosse, garganta seca;
12. qualquer tipo de infecção: faringite, resfriado;
13. sintomas neurológicos: cefaleia, tonturas, tiques, dormência,
formigamento;
14. qualquer sintoma sutil na visão, na audição ou no olfato;
15. sinais sutis de estresse, irritabilidade, depressão, ansiedade ou
transtornos de humor;
16. qualquer tipo de esquecimento ou lapso de memória (mesmo que
seja por cansaço ou estresse);
17. diminuição da capacidade intelectual mesmo que sutil (névoa
cerebral, diminuição da criatividade, raciocínio lento);
18. diminuição da libido.


Manifestações bioquímicas
Antes que o indivíduo se dê conta de qualquer um desses sinais ou sintomas, o
corpo que está perdendo saúde já manifesta alterações bioquímicas (medidas por
exames de sangue) desde a primeira perda sutil de saúde.

Ainda assim, é comum que o indivíduo procure um médico para investigar o que
pode estar havendo só quando as primeiras manifestações físicas de perda de saúde
se agravam. O médico solicitará os exames de sangue.

O indivíduo retorna ao médico com os resultados, e o médico o cumprimenta
porque todos os resultados estão dentro do padrão considerado “normal”. Porém,
vale lembrar que os índices considerados normais são uma média entre os piores
e os melhores resultados. Assim, o valor mediano está entre os índices ótimos e
os muito ruins.

Uma análise mais demorada dos resultados poderia apontar para perdas de
saúde, que podem ser bem significativas, e os índices dos exames poderiam
explicar as manifestações de cansaço, as dores no corpo, o pequeno aumento de
gordura e outros sintomas que acabam ficando no campo do “não é nada”.

As manifestações bioquímicas da perda de saúde só serão valorizadas por um
olhar que não se atenha aos índices “normais”, por um médico que entenda que
qualquer indivíduo deve – e pode! – alcançar os melhores resultados, que são os
resultados ideais. Estar na normalidade é estar perdendo saúde.

E se esses exames continuarem sendo avaliados pela média, sem considerar que
é possível alcançar níveis ideais em vez de apenas considerar os parâmetros
“normais”, a tendência é de que a perda de saúde se torne crônica.

Um indivíduo saudável não apresenta nenhum dos sinais e sintomas da perda de
saúde e nenhuma alteração na bioquímica dos exames de sangue.

O organismo humano é totalmente interligado de forma harmônica e equilibrada.
Qualquer mínima perda de saúde do corpo provoca alterações em todas as
células, no entanto, algumas podem sofrer menos e outras mais, de acordo com a
genética e a epigenética do indivíduo, o que leva um órgão a manifestar mais a
perda de saúde do que outros.

Esse órgão cujas células sofreram mais perdas apresentará mais sinais e sintomas
do que os outros, e isso ficará evidente nas alterações apresentadas nos exames de
sangue, mesmo que o indivíduo ainda não tenha consciência do sinal ou sintoma
sutil e “desprezível” que o corpo emite.

Para a Medicina da Saúde, essa mínima perda já demonstra que o indivíduo não
está saudável, mas a Medicina Tradicional não vai considerá-la dessa forma.

A Medicina Tradicional, que é focada apenas em doenças, não percebe a perda
de saúde inicial como doença e só vai chamá-la assim quando a perda for
exagerada, ultrapassando valores laboratoriais considerados normais.

A partir dessa perda inicial, qualquer perda adicional determinará que o
indivíduo estará cada vez menos saudável. Não existe denominação para este
estágio, e a Medicina da Saúde não usa o termo doença. Um termo para definir o
estágio que estaria entre a saúde e a doença, poderia ser dissaúde
(etimologicamente, dificuldade na saúde).

Uma vez que a Medicina Tradicional nunca entende a perda de saúde como
algo que ocorre em todas as partes do organismo, o médico tradicional não
volta seu olhar para a saúde, mas somente para a manifestação da doença; não
olha para o corpo todo, mas para o órgão ou o sistema mais afetado,
entendendo a manifestação da doença como algo isolado.

A doença só é considerada pela Medicina da Doença a partir do momento que os
exames clínicos daquele órgão estão muito alterados e não é associada ao
acúmulo de perdas de saúde que está ocorrendo em todo o organismo. O
paciente refere os sinais e sintomas, e o médico faz a associação entre os
sintomas e uma doença. A partir daí, são solicitados outros exames, que
permitirão o diagnóstico e a definição do tratamento mais adequado apenas para
aquele órgão.

Somente a partir dos resultados desses exames, e se esses resultados estiverem
fora do padrão considerado normal, é que o médico passa a atuar, indicando e
monitorando o tratamento. E, de forma isolada, esse tratamento poderá se
estender, geralmente por toda a vida, sem nunca chegar à cura, porque não é
possível algum tratamento curar qualquer doença. Se a doença se estabeleceu
pela perda da saúde do organismo inteiro, a cura só poderá se dar com a
recuperação dessa saúde perdida. E para isso não existe nenhum tipo de
tratamento, apenas a utilização dos recursos de saúde.

A Medicina Tradicional não valoriza as pequenas perdas de saúde até que o
agravamento dessas perdas chegue ao ponto de provocar algum sintoma grave
em algum órgão. O médico da doença, com seu olhar fragmentado e focado
apenas naquele órgão mais sintomático, coloca um rótulo e passa a chamar
aquela grande perda localizada com o nome de uma doença conhecida. Esse
médico desconsidera que a perda de saúde que afeta o organismo como um todo
foi causada por um estilo de vida inadequado e se ilude, acreditando que o
tratamento para aquele sintoma localizado pode ajudar o paciente. Infelizmente,
ele não consegue se dar conta da inutilidade de seus esforços em recuperar a
saúde do órgão e por isso afirma com todas as letras que aquela doença não tem
cura.

Vale destacar que a atitude passiva do paciente também contribui para esse
quadro, uma vez que esse paciente – o “paciente perfeito” para a Medicina
Tradicional – acredita no médico como detentor da verdade absoluta e não o
questiona sob nenhum aspecto, entendendo que a doença faz parte da vida e que
só o médico poderá minimizá-la.








CAPÍTULO 6
O acúmulo das perdas de saúde e o
aparecimento das chamadas doenças
pela Medicina Tradicional




Manifestação e diagnóstico de doenças

Para entendermos melhor esse processo, pensemos em um personagem que tem
a tendência familiar, de ambos os lados, para diabetes. Desde o início da
gravidez, seus pais lhe proporcionaram uma vida saudável, com exercícios, boa
alimentação e todos os fatores que contribuem para fortalecer o funcionamento
adequado de todos os órgãos e do sistema pancreático em particular. Sua
glicemia estava sempre entre 72 e 73, e sua insulina, entre 1 e 2, que é a faixa
ideal para esses exames.

Esse indivíduo torna-se adulto, sai de casa e começa a relaxar com os cuidados de
sua saúde, adotando alguns comportamentos agressivos ao corpo e não dando
condições para que o mecanismo homeostático recupere as perdas do dia por meio
de um sono reparador. Em pouco tempo, sua saúde 100% começa a diminuir,
incluindo a saúde pancreática.

A glicemia passa para a faixa de 74 a 75, e a insulina para o nível 3. Se
pensarmos a partir do ponto de vista da saúde – não da doença – vamos observar
que a glicemia subiu dois pontos, e que a taxa de insulina elevou em um ponto,
sinais inequívocos de que o pâncreas já não está funcionando tão bem como
antes. O pâncreas, portanto, perdeu alguma saúde.

Como o corpo humano funciona de forma interligada, essa é uma sinalização de
que todo o organismo perdeu alguma parcela de saúde e de que todas as células
do corpo não estão mais funcionando com 100% de sua capacidade. O
monitoramento de outros exames bioquímicos também apresentará pequenas
alterações.

O personagem dessa história, que está perdendo a sua saúde, ao fazer o checkup,
recebe do médico a afirmação de que seus exames estão excelentes. A Medicina
da Doença raramente se preocupa com a história passada e com o estilo de vida
dos seus pacientes.

Se o médico se detivesse um pouco mais numa análise que levasse em conta a
vida pregressa do nosso personagem, chegaria a duas constatações:

a)as condições excepcionais desse indivíduo são consequência de uma vida
pregressa perfeita, que iniciou na concepção e durou até a sua vida adulta;
b)esse indivíduo passou a adotar um estilo de vida incompatível com uma vida
saudável.

Como o médico não consegue olhar para a saúde, pois não foi formado para isso,
e ainda disse ao paciente que nunca tinha visto resultados tão positivos, o nosso
personagem deixa o consultório acreditando que pode seguir o mesmo estilo de
vida, uma vez que os comportamentos agressivos ao corpo não estariam afetando
sua saúde.

A continuação da história já é possível imaginar: nosso personagem, que já
vinha apresentando perda de saúde, não só manteve os hábitos errados, como
adotou outros comportamentos agressivos ao corpo, entendendo que, por ter a
saúde excepcional elogiada pelo seu médico, não teria maiores problemas. E sua
perda de saúde vai seguir se agravando.

Dois anos mais tarde, ele volta para novo checkup. Agora sua glicemia chega a
95 e sua insulina está em 15; aumentou cinco quilos no peso corporal; e sua
cintura abdominal está quatro centímetros maior. Seu IMC passou de 23 para 24.
Nada que afete sua estética.

O médico novamente sinaliza que os exames apresentam resultados normais e
que seu peso também está dentro da normalidade. Mais uma vez nosso
personagem sai do consultório achando-se indestrutível: apesar de todos os erros
cometidos durante os últimos anos – alimentação inadequada, sedentarismo,
consumo de álcool – ele continua com os exames normais.

Nem o paciente e nem seu médico conseguem ver o que é nítido: há uma
acentuada e visível perda de saúde. O seu corpo e os resultados dos exames
mostram isso! Mas a Medicina da Doença não reconhece a perda de saúde
enquanto ela não for tão grande que necessite de medicamentos.

Assim, a história segue, e o organismo do nosso personagem continua perdendo
saúde. A cintura aumenta, a energia diminui, a produtividade no trabalho
desacelera, os sintomas psicológicos aparecem, e ele vai se adaptando a uma
vida mais restritiva.

Os exames de sangue seguem piorando, até que a glicemia chega a 126 e a
insulina a 30. O médico então faz o diagnóstico da diabetes, seguido da
afirmação: “Essa doença não tem cura!” e informa para o nosso personagem que
ele deverá tomar medicamentos para o resto da vida, a fim de evitar problemas
mais graves como a perda das pernas, dos rins ou da visão.

Diante da manifestação de um conjunto de sinais, os médicos da doença avaliam
os sintomas mais salientes, que na verdade revelam perda de saúde geral, e
colocam um rótulo que, no caso do personagem dessa história, é a diabetes.

O médico, além de não ter olhado para a saúde do paciente, ao diagnosticar a
doença, lhe diz duas grandes mentiras: uma delas, que a diabetes não tem cura,
quando na verdade tem para TODOS os pacientes; a outra é que os
medicamentos serão capazes de controlar o avanço da doença, evitando a perda
da visão ou do rim ou mesmo a perda do pé ou da perna, quando na verdade,
essa perda pode ocorrer mesmo para alguns que tomam os remédios de forma
adequada.

A pior parte dessa história é o fato de que ela não é inventada: é situação real e
corriqueira que acontece milhares de vezes, todos os dias, nos consultórios
médicos. E não só em relação a diabetes, mas com todas as mais diferentes
expressões clínicas de perda de saúde, chamadas erroneamente de doenças.

Vale perguntar: quando foi que esse paciente ficou diabético? Foi quando sua
glicemia chegou a 126 ou quando o pâncreas começou a falhar e sua glicemia
passou de 72 para 74? É óbvio que a doença começou a se manifestar na primeira
expressão de perda de saúde pancreática.

Esse raciocínio vale para todas as doenças. Todas elas começam com uma
minúscula perda de saúde, que repercute em todas as células do corpo, mas mais
intensamente em algum órgão do organismo. Esse ponto mais frágil irá perder
saúde com mais intensidade que outros órgãos ou sistemas do corpo.

Uma vez ouvi de um chefe de bombeiros que um grande incêndio começa
sempre por uma pequena fagulha. Da mesma forma, qualquer doença grave,
assim como a antecipação da morte, começam por um pequeno sinal de perda de
saúde que foi desprezado.

A doença não existe, ela é apenas uma maneira errada de interpretar uma grande
perda de saúde.

Enquanto o paciente – orientado pelo médico – acreditar que a diabetes é uma
doença que precisa de tratamento medicamentoso, ele não vai se curar. E verá a
sua doença progredir. Ele só conseguirá ter alguma chance de curar a sua
diabetes quando parar de olhá-la como doença e passar a entender a sua
expressão, que é a perda de saúde pancreática, como uma perda de saúde geral
em função das agressões sofridas pelo organismo.

Tipos de doenças: degenerativas, autoimunes e
traumáticas

A perda de saúde gradativa e progressiva leva inevitavelmente a perdas cada vez
maiores, até o ponto em que a Medicina Tradicional a rotula de doença.

Existem três tipos de doenças: as degenerativas, as autoimunes e as traumáticas.

As doenças degenerativas são as que se incluem no raciocínio utilizado até
aqui: a perda de saúde progressiva afeta de forma mais contundente algum
órgão, que perde mais saúde que o resto do corpo, provocando um processo de
diminuição de seu funcionamento, manifestando alterações degenerativas cada
vez maiores nas suas células, até ser diagnosticada como doença.

A doença autoimune sofre um percurso de manifestação semelhante no seu
início, mas as perdas de saúde vão se sucedendo gradativamente, até chegar a
um ponto em que o organismo literalmente “enlouquece” e não mais reconhece
algumas células ou órgãos do corpo como naturais, passando a considerá-los
como um corpo estranho, como se um “inimigo” tivesse sido “implantado”,
precisando ser combatido para que sua presença seja completamente eliminada.

Ninguém consegue explicar como isso acontece. Na maioria das vezes, a doença
autoimune é precedida por uma significativa perda de saúde, levando a um
processo degenerativo, até que o sistema imunológico descompensa e começa a
atacar algum órgão ou sistema.

No entanto, também há casos em que não há esse histórico de perda progressiva
de saúde antes de a doença ser diagnosticada, como ocorre, por exemplo, na
diabete tipo 1 que ataca crianças pequenas.

Inflamação crônica

A origem do que a Medicina Tradicional chama de doença é a inflamação
crônica sistêmica silenciosa.

Quando batemos a canela na quina da cama, na mesma hora aparece uma marca
vermelha, que depois ficará roxa; a inflamação é essa reação do corpo à agressão
que sofreu. A vermelhidão, que depois vira um hematoma, acompanhada de dor
e de edema, sinaliza que o corpo reagiu à batida, “enviando” mais sangue ao
local agredido, criando uma inflamação aguda curativa.

Essa é uma inflamação visível, mostrando o esforço do corpo em curar os danos
daquela lesão. A inflamação que causa as doenças degenerativas e autoimunes não
é visível. Ela é fruto das agressões que o corpo sofre, mas essas agressões são de
outra ordem, bem diferente da batida na quina da cama.

As inflamações causadoras de doenças se originam, como já vimos, a partir de
agressões cotidianas como a alimentação inadequada, o sedentarismo, o uso
abusivo de álcool, o fumo, entre outras. Essa inflamação é silenciosa porque não
tem sintomas, é crônica porque é de longa data e dura muito tempo e é
sistêmica, porque circula por todos os sistemas, ou seja, por todo o corpo,
afetando-o de maneira geral.

Quando essa inflamação entra em contato com um ponto frágil, uma “falha” no
organismo, encontrando um órgão que está geneticamente fragilizado, ela afetará
ainda mais o seu funcionamento e, a partir daí, começam a surgir os sintomas
localizados. Essa inflamação poderá se manifestar por meio de qualquer sintoma
ou doença: de uma pressão alta, do aparecimento de diabetes, de uma hérnia na
coluna, de uma gastrite e de muitas outras formas, conforme o órgão afetado.

Se as agressões não cessarem, ou seja, se o indivíduo seguir o mesmo estilo de
vida, sem foco na saúde, a tendência será o agravamento desses sintomas e o
aparecimento de doenças mais graves, que afetarão sua qualidade de vida,
obrigando-o a agressivos tratamentos e provocando limitações.

Uma vez que as pessoas não fazem a ligação entre seu estilo de vida e o
surgimento das doenças, ignorando que a inflamação crônica e silenciosa é a
resposta às perdas de saúde causadas pelos danos não reparados, acabam
aceitando a ideia absurda de que o aparecimento de doenças é consequência da
idade ou da genética, ou de que é uma tendência natural do corpo se deteriorar
com o passar dos anos.

Pior ainda: a imensa maioria das pessoas que têm diagnóstico dessas doenças,
passa a conviver com elas, enfrentam longos – e às vezes dolorosos –
tratamentos, numa adaptação passiva, sem nunca se questionarem sobre a
possibilidade de cura por meio do aumento dos níveis de saúde. E, mais
dramático ainda, vivenciarão a piora dos sinais, o agravamento dos sintomas e as
manifestações dessa doença.

As doenças traumáticas, diferentemente das degenerativas e das autoimunes,
são aquelas causadas por quedas e por acidentes de toda a ordem. Nesses casos,
também é importante entender que a utilização dos recursos para melhoria da
saúde fará toda a diferença no sentido de se evitarem as quedas, por exemplo.

Um corpo forte, com músculos fortes e boa condição cardiorrespiratória estará
mais protegido contra esse tipo de acidente. Estudos comprovam que um idoso
forte cai cinco vezes menos. E, mesmo quando a queda acontece, o indivíduo
que tem alto nível de saúde terá mais e melhores chances para se recuperar de
qualquer lesão, inclusive de fraturas, sem que lhe fiquem sequelas limitadoras.

A piora das doenças e o aparecimento de novas
doenças
A crença de que perda de saúde e surgimento de doenças não têm relação acaba
por levar ao agravamento das doenças e ao surgimento de outras enfermidades
associadas.

Tome-se o caso do paciente diagnosticado com diabetes, por exemplo. Se ele
não entender que precisa aumentar os níveis de saúde de todos os órgãos para
chegar à cura da sua doença e que apenas a medicação e os cuidados com a
alimentação não levarão à cura, a tendência será o agravamento da doença e o
inevitável surgimento de outras enfermidades relacionadas ao pâncreas e a
outros órgãos vitais.

Nessas situações, geralmente vence o senso comum: a crença de que a doença é
da natureza do ser humano e que não há como fugir dela à medida em que os
anos avançam. Pior ainda: a crença de que envelhecimento e doença caminham
juntos.

Multiplicação das doenças até a morte

O diagnóstico de alguma doença pela Medicina Tradicional é apenas o primeiro
sinal de grave perda de saúde. Se o indivíduo continuar adotando um estilo de
vida que diminua sua saúde, a doença diagnosticada tenderá a piorar cada vez
mais, apesar dos tratamentos e do uso de medicamentos.

Enquanto o paciente e seu médico olharem apenas para o órgão ou o sistema que
sinalizou a doença, não haverá a possibilidade da cura. É preciso levar em conta
que o corpo é um organismo completo, interligado e complexo, e que se há uma
manifestação de doença é sinal de que o corpo inteiro perdeu saúde. Se isso não
for considerado, a doença seguirá se agravando e comprometendo outros órgãos
e outros sistemas, que também manifestarão doenças. Essa perda progressiva da
saúde que se manifesta em outros órgãos, fará com que novas doenças, ainda
mais graves, sejam diagnosticadas, e outros medicamentos sejam acrescentados
ao tratamento.

Ao seguir o “comportamento de manada”, por acreditar no que todos acreditam,
ou seja, que as doenças fazem parte da vida e que o único jeito de tratá-las é por
meio de remédios e tratamentos médicos, as pessoas, literalmente, “caminham
para o matadouro”.

Um paciente diagnosticado com pressão alta sai do consultório com uma receita
de medicamento que, segundo o médico, vai controlar sua pressão. Esse
indivíduo seguirá o mesmo estilo de vida que vinha adotando até aqui. Afinal, o
remédio vai fazer a sua parte e, na crença desse paciente, ele estará protegido de
qualquer problema mais sério. Alguns chegam ao cúmulo de dizer que têm a
pressão normal (120/80), “só precisam tomar medicamentos”. É sabido, no
entanto, que a medicação tem ação paliativa; ela vai, de fato, manter a pressão
estabilizada, mas agindo apenas no sintoma, sem levar em conta que esse
indivíduo seguirá perdendo saúde.

Essa perda continuará acontecendo e se tornará cada vez mais importante, porque
essa pessoa segue sedentária, sua alimentação é baseada em carboidratos, ela
dorme tarde, não procura ter contato com a natureza, tem altos níveis de estresse,
e assim por diante. Ela não muda o seu estilo de vida e não busca os recursos para
a melhoria da saúde.

Além de manter um comportamento que continua provocando cada vez mais
perdas de saúde, todos os medicamentos utilizados, sem exceção, aceleram esse
processo, pois são químicas agressivas e provocam outras doenças que também
precisarão ser medicadas. Essas doenças chamam-se Iatrogenia e já são a terceira
causa de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, ou seja, na
maioria dos países do mundo.

Por fim, se o indivíduo não investir na recuperação da sua saúde, ela continuará
diminuindo e novas e fatais doenças se manifestarão – câncer, infarto, AVC,
Alzheimer, Parkinson –, antecipando em várias dezenas de anos a sua morte.

Morrer não é o maior problema. O mais grave é que, quanto mais a morte natural
é antecipada, maior é o período de sofrimento. Um indivíduo doente sofre vários
anos e cada vez mais intensamente antes de morrer, enquanto um indivíduo que
não perdeu tanta saúde e não manifestou doenças graves morre com muito mais
idade e praticamente sem doenças e sofrimento. A única forma, portanto, de
reverter as doenças e seus desdobramentos, chegando até a cura, será por meio
da utilização dos recursos que podem elevar os níveis de saúde.









CAPÍTULO 7
Diferenças entre Medicina da Saúde e
Medicina da Doença







A Medicina da Saúde, na verdade, não existe, pois medicina significa
diagnóstico e tratamento. Saúde não precisa de diagnóstico e não existe nenhum
tipo de tratamento para melhorar a saúde. Esse termo só está sendo utilizado para
diferenciar claramente as condutas e os recursos que aumentam a saúde daqueles
tratamentos que visam diminuir as consequências das doenças.

A Medicina da Doença foca sua atuação no diagnóstico e no tratamento de
doenças. O médico que segue essa linha, como abordado nos capítulos
anteriores, não costuma considerar as pequenas perdas de saúde nem valoriza o
aparecimento de sintomas como o cansaço, o pequeno aumento de gordura, a
insônia e as dores no corpo como expressões de perda de saúde.

O “profissional da doença” considera o resultado dos exames a partir das
indicações de “normalidade” e não há uma análise individualizada que considere
a história pregressa do paciente e as mínimas alterações dos exames
laboratoriais. Se o paciente apresenta glicemia de 90, está dentro da normalidade
(entre 70 a 99), portanto, está “tudo bem”; e se, no próximo exame, ele
apresentar 95, ainda continuará dentro dos padrões “normais”. O médico não
valoriza o fato de que houve, entre um exame e outro, uma perda de saúde
maior.

Deste modo, as perdas de saúde vão se sucedendo, mas, de acordo com o que esse
médico acredita e pratica, enquanto não houver a manifestação exagerada de
perda de saúde (doença), ele não tem o que fazer; atuará com todo o seu
conhecimento só a partir do momento em que seu paciente estiver clinicamente
com exagerada perda de saúde (doente). Somente quando a perda de saúde for
muito intensa, esse médico dará o diagnóstico, rotulará o paciente e fará a
indicação do tratamento, que se baseará em medicamentos a serem tomados por
toda a vida. Essa é, via de regra, a forma como a Medicina Tradicional atua.

Os médicos tradicionais não costumam olhar o corpo como um todo, como um
sistema integrado que ele é, e estão muito distantes de enxergar o paciente como
alguém que tem um corpo, uma mente e um espírito. O médico da doença olha
para o sintoma mais aparente e trata o órgão “doente” de forma isolada, como se
cada órgão funcionasse de forma independente, sem ligação com os demais. No
caso das doenças crônicas – diabetes, hipertensão e outras – o diagnóstico
funciona como “um carimbo na testa”, um rótulo que não poderá ser removido
até o fim da vida do paciente: doente crônico, sem cura!

O médico tradicional não busca entender por que essa doença se manifestou ou
em que medida o estilo de vida do paciente levou ao seu surgimento; e não se
preocupa se esse estilo de vida pode levar ao agravamento do quadro e ou até
mesmo à morte. Não é considerada a perda de saúde gradual em função das
agressões sofridas pelo corpo graças ao estilo de vida do paciente, e nenhuma
informação lhe é dada no sentido de melhorar sua saúde como um todo e, assim,
buscar a cura.

Nessa mesma linha, há a chamada Medicina Preventiva, também focada na
doença, pouco se diferenciando da Medicina Tradicional, uma vez que todas as
orientações são no sentido de “não adoecer” e nunca no sentido de “conquistar
saúde”. Diferentemente do que pode parecer, já que se diz “preventiva”, também
essa forma de atuação coloca a doença no centro das atenções, o que equivale a
dizer que as doenças existem e que é da natureza do ser humano ficar doente.
Por isso mesmo, a Medicina Preventiva não previne doenças.

Quando eu praticava a Medicina Tradicional, focada na doença, eu passava
orientações aos meus pacientes de como prevenir doenças. Eu fornecia uma lista
de 42 maneiras de ter menos dor na coluna; uma delas era ensinar a levantar
peso do chão. Mesmo assim, tanto eu como todos os meus pacientes
apresentávamos, eventualmente, dores na coluna. Quando passei a praticar e
ensinar a promoção da saúde e orientei os pacientes a fortalecerem ao máximo
possível os músculos da coluna, eu e eles paramos de ter dores, mesmo quando
levantávamos peso de forma errada.

Outro exemplo de que a Medicina Preventiva não funciona está relacionado com
a famosa frase das avós: “nunca tome banho quente e pise num chão frio para
não ficar resfriado”. Mesmo seguindo a orientação, ficamos resfriados. O que se
deve fazer é investir em saúde e aumentar a imunidade. Só assim será possível
tomar banho quente, pisar num chão frio e pegar uma corrente de ar gelado e
nunca ficar resfriado.

Diferentemente dessa atuação da Medicina Tradicional e da Medicina
Preventiva, que têm o foco na doença, a Medicina da Saúde tem como objetivo
a promoção da saúde. O profissional que atua por meio dela entende que a
pessoa é um todo – corpo, mente e espírito – e acredita no desenvolvimento da
saúde para além dos “exames normais”. Ele orienta para a busca de resultados
ideais. Ao olhar o paciente de forma mais completa e integrada, o profissional da
saúde será capaz de observar pequenas perdas de saúde, valorizará sintomas
como o simples cansaço, e vai considerar as mínimas oscilações nos exames,
ainda que estes apresentem valores “normais”. Para ser um profissional de saúde
não é necessário ser médico, mas só os médicos podem ser denominados como
Médicos de Saúde. E, infelizmente, somos poucos, menos de mil entre os mais
de 400.000 médicos no Brasil.

O médico com foco no desenvolvimento da saúde não indicará, por exemplo, um
remédio para controlar a pressão arterial se, entre uma consulta e outra, a pressão
do paciente ficou mais alta; ele buscará entender o porquê dessa alteração e
estimulará o paciente a buscar os recursos para a melhoria da sua saúde como
um todo. Às vezes poderá ser necessário utilizar medicamentos
temporariamente, enquanto se recupera a saúde perdida, mas indicar a
medicação não resolverá a hipertensão, ela continuará a existir, e a tendência
será o seu agravamento, pois o paciente seguirá o mesmo estilo de vida, não será
estimulado a refletir sobre o que o está levando a perder saúde e, pior que isso,
assumirá o rótulo de hipertenso sem questionamentos.

O médico focado na promoção da saúde não trabalha para reduzir sintomas ou
para tratar doenças, sua atuação é no sentido de alcançar a cura, aumentando ao
máximo a saúde do paciente ao orientá-lo para a utilização dos recursos que
apresentam evidência científica como eficazes para o desenvolvimento da saúde.

É importante entender que há, nesse caso, um trabalho em parceria entre o
médico e seu paciente, porque a Medicina da Saúde entende que o paciente é o
agente da própria saúde. O médico será uma espécie de orientador (ou consultor)
que apresentará e orientará a adaptação dos recursos para a melhoria da saúde,
mas é o paciente quem fará os esforços para utilizar o máximo desses recursos
da melhor forma possível, a fim de parar de perder saúde e de alcançar os
resultados ideais em seus exames e a cura de suas doenças.

O médico da saúde acredita que o corpo saudável é aquele que funciona em
harmonia e equilíbrio, e que as doenças não existem, o que existem são
distúrbios de saúde causados pelas agressões que o corpo sofre, voluntária e
involuntariamente. Esse médico conseguirá orientar o indivíduo à recuperação
da perda de saúde e à cura das doenças, mesmo das doenças crônicas ou aquelas
consideradas muito graves, diferentemente do médico tradicional, que tratará a
manifestação da doença de forma isolada, sem acreditar na possibilidade da cura.

É importante entender que todos os médicos são formados em Medicina da
Doença. Durante toda a sua formação e especialização, eles só estudam doenças.
Preparam-se, exaustivamente, para entender cada vez mais sobre doenças e
maneiras de diminuir seus efeitos, e isso é motivado por nossa sociedade, que
tem a cultura de doença e fica cada vez mais doente. Por isso, os médicos da
doença não devem ser criticados por não saberem nada sobre desenvolvimento
de saúde, pois é impossível estudar todo o necessário para diagnosticar e tratar
doenças e ainda ter tempo para estudar sobre saúde.

O quadro a seguir compara as diferenças entre a Medicina da Doença e a
Medicina da Saúde sob vários aspectos.
Sempre que se ouve falar em indicadores de saúde, na verdade, fala-se de
indicadores de doença. Teoricamente, indicadores de saúde deveriam mostrar
dados de saúde, mas, na realidade, mostram dados de doença (de morbidade ou
de mortalidade).

Ao realizar pesquisas nos bancos de dados do Brasil (IBGE, DATASUS,
Ministério da Saúde), o único dado verdadeiro de saúde que se encontra é o
índice de amamentação no primeiro ano. Os demais dados disponíveis são
indicadores de doenças (morbidades e mortalidades). Em artigos estrangeiros,
também se encontram muitos dados sobre doenças que dizem ser indicadores de
saúde, mas nenhum deles pode ser considerado, efetivamente, um indicador de
saúde.

Por uma questão semântica, devemos utilizar a expressão Indicadores de Saúde
para medir o grau de saúde de um indivíduo e Indicadores de Doença para
medir o grau de perda de saúde. Como, de acordo com as pesquisas, isso nunca
foi utilizado, estabeleceremos alguns critérios para poder elencar alguns
Indicadores de Saúde.

Todos os exames laboratoriais são indicadores de doença e utilizaremos
como exemplo um exame conhecido como glicemia em jejum.

Os valores normais estão entre 70 e 99, enquanto os valores ideais estão
entre 70 e 77,5 (o melhor quartil). E o que significa isso?
A faixa ideal é onde se situam os indivíduos que têm a melhor saúde
possível do pâncreas.
Todos os indivíduos que têm glicemia acima de 77,5 são pessoas que
perderam parte da saúde do pâncreas, logo, não são mais saudáveis, mesmo
sendo estatisticamente consideradas dentro da normalidade de uma
população na qual 95% também perdeu saúde pancreática.

Mesmo um indivíduo que esteja na faixa ideal, com glicemia de 77, por
exemplo, pode ter perdido alguma saúde pancreática. Cada pessoa tem o
seu nível ideal de glicemia. Alguns é 71, outros 73, e outros, ainda, 77.
Qualquer afastamento do valor ideal do indivíduo é sinal de que ele não é
mais saudável. Não tem mais saúde 100%. Todo o seu organismo perdeu
algum percentual de saúde e uma das manifestações é a perda da saúde do
pâncreas.
O valor ideal é aquele que não pode mais ser melhorado em nada, mesmo
que o indivíduo aumente cinco vezes a saúde do corpo inteiro. Por isso que
a glicemia não pode ser um indicador de saúde

A glicemia será sempre um Indicador de Doença (mede a perda de saúde e a
recuperação desta perda). Quanto mais se afastar dos seus valores ideais, mais o
indivíduo será considerado doente, mesmo que a Medicina da Doença só venha a
chamá-lo de diabético quando o valor subir tanto que ultrapasse 126.

Outro Indicador de Doença muito comum é o surgimento de qualquer acúmulo
de gordura desnecessária. O organismo pode ter dois tipos de gorduras: a
gordura essencial e a desnecessária. A gordura essencial é fundamental para a
vida e serve como reservatório de energia. A única maneira para diminui-la é
estando desnutrido. Toda vez que ela é consumida para realizar alguma tarefa, é
imediatamente reposta na próxima refeição.

A gordura desnecessária, como o nome diz, é aquele acúmulo de gordura que o
corpo nunca precisa, e seu depósito é sinal inequívoco de perda de saúde e de
que o organismo não está funcionando completamente bem. É um dos sinais
mais comuns de aumento da inflamação crônica do corpo. Esse tipo de gordura
divide-se em dois tipos: a visceral, que se localiza em todos os órgãos e é muito
mais grave, e a gordura subcutânea. Alguns indivíduos têm mais subcutânea e
são os gordinhos, pois ela aparece mais; em outros, prevalece a visceral, comum
nos magros com barriguinha.

O método mais recomendado para medir a gordura do corpo é chamado de Dexa
e utiliza o mesmo equipamento que mede a densitometria óssea, mas a
bioimpedância também pode ser utilizada, pois tem um nível de acerto acima de
95% em relação ao Dexa.

É muito raro encontrar algum indivíduo apenas com gordura essencial e sem
nada de gordura desnecessária. Eles são os que podem ser chamados de
saudáveis 100%, ou estão muito perto disso. Nesse tipo de indivíduo, mesmo
que aumente de forma absurda a sua saúde, o percentual de gordura não se
altera, não diminui mais. Então, o indicador de acúmulo de gordura não serve
para medir o grau de saúde, mas apenas para medir o grau de perda de saúde.
Alguns atletas conseguem ter apenas a gordura essencial, pela quantidade
exagerada de gastos energéticos nos treinamentos, porém nenhum atleta é
saudável, mas isso é outro assunto.

Quanto mais se afastar do percentual de gordura essencial, mais o indivíduo
estará perdendo saúde (ficando doente), mesmo que sua gordura ainda esteja na
faixa de atleta.








CAPÍTULO 8
Indicadores de saúde e indicadores de
doença
Quais são os Indicadores de Saúde?

Para ser um indicador de saúde, precisa ter três características:

deve mostrar grau de saúde de um indivíduo e não se referir a dados e
situações de perda de saúde (doença);
os valores devem melhorar a cada vez que aumenta o nível de saúde do
organismo;
os valores não têm parâmetro máximo. Como a saúde pode aumentar
indefinidamente e atingir níveis superiores a 100% (supersaúde), os valores
dos indicadores podem também aumentar sem limites.
São apenas quatro indicadores de saúde acessíveis do nosso corpo físico
que obedecem a esses três fatores e podem aumentar a cada vez que
aumenta a saúde:
número de mitocôndrias celulares, que é a única organela celular que
produz energia. Quanto mais mitocôndrias tiver, mais energia as células e o
corpo produzem, e maior será o grau de saúde desse corpo (essa medição
só pode ser feita em laboratórios sofisticados de universidades avançadas);
tamanho dos telômeros, que medem a longevidade do indivíduo. Quanto
maior for o telômero, maior será a saúde e a longevidade de um indivíduo;
aumento da capacidade cardiovascular e respiratória;
aumento da força física e da massa muscular e, em consequência, aumento
da Taxa Metabólica Basal.

Existem dezenas de outros Indicadores de Saúde mais sutis, que envolvem outras
dimensões da saúde que não a física, e podem aumentar indefinidamente, mas
são mais difíceis de medir, como, por exemplo:

a capacidade intelectual;
o grau de paz interior, de calma e de tranquilidade;
o nível de felicidade;
o grau de espiritualidade.

Vale dizer que, por meio do acompanhamento de quase 5.000 participantes do
Pro Ser e do Programa 100 Dias, é possível comprovar que, quanto mais saúde
física um indivíduo conquista, mais se evidencia a sensação de melhoria desses
indicadores mais sutis das demais dimensões, ainda que não seja possível medi-
los.
Sinais de saúde 100%
(dados empíricos, provenientes da minha observação dos participantes do PRO
SER):

1. Não ter nenhuma gordura desnecessária
Cintura umbilical: H < 80 e mulheres < 70
Quanto mais magro for o biótipo (ectomorfos), menor será a sua cintura
umbilical, comparado com o endomorfos (mais gordo). Isso também
acontece no percentual para estabelecer a gordura essencial.
2. Ter capacidade cardíaca para realizar o teste de Cooper – correr 12 minutos
numa distância acima de 2.400 m.
3. Não ter nenhum sinal ou sintoma de desconforto, mal-estar ou qualquer
intercorrência física ou clínica.
4. Ter sempre energia sobrando, mesmo ao final de um dia de muita atividade.
5. Ter todos os exames de sangue no nível ótimo ou no melhor quartil.

Indicadores subjetivos de saúde

1. Nível de energia ao final do dia: energia sobrando, sem manifestar cansaço.
2. Qualidade do sono.
3. Qualidade do intestino.
4. Qualidade da pele: sem nenhuma lesão, umedecida (não ressecada sem sinais
de doença).
5. Qualidade da digestão.
6. Postura e fácies de indivíduo saudável.

Indicadores subjetivos de doença utilizados para
avaliar saúde

1. Indicadores negativos:
ausência de doença;
ausência de sintomas;
ausência de problemas de saúde;
ausência de perda de saúde.
2. Eliminação de medicamentos de uso eventual ou contínuo.
3. Eliminação de sintomas do corpo (dores, alergias, cansaço, insônia).
4. Eliminação de sintomas das funções do corpo: intestino, sono, energia.

Gerenciamento dos principais indicadores de saúde

Quem quer ter saúde, deve focar em saúde e não olhar para a doença. Não se
deve dizer “eu quero diminuir a doença”. A palavra forte dessa frase é o
substantivo doença. O inconsciente grava a palavra mais forte, estimulando sua
realização. A cultura ocidental valoriza a doença e utiliza indicadores de doença,
mas é importante e necessário educar-se ou treinar para focar e falar sempre em
saúde. Deve-se utilizar os indicadores para mostrar como está a saúde e os seus
progressos, pois o uso de indicadores de saúde estimula a mente e trabalhará a
favor da saúde.








CAPÍTULO 9
Os principais recursos para a
melhoria da saúde








Até o capítulo anterior, entendemos como se pode perder saúde e manifestar
doenças. Neste capítulo, veremos os recursos que melhoram o funcionamento do
organismo e podem provocar desde a diminuição e o bloqueio da perda de saúde
até a recuperação da saúde perdida.

É bastante comum ouvir as pessoas dizerem que gostariam de ter mais saúde. E
quem não gostaria? A grande questão é: não é possível ganhar saúde, receber
saúde gratuitamente. Saúde não se ganha. Não é possível pedir saúde nem a
receber como um presente divino.

Se você reza a Deus, nunca peça saúde nas suas orações. Ele nunca atende a
esses pedidos, pois nunca fará o trabalho que você deve fazer. Peça sempre que
Ele mostre o caminho para conquistar mais saúde e os próximos passos que você
deve dar. O fato de estar lendo este livro é sinal de que Ele está te mostrando o
caminho.

O primeiro passo para ter saúde é ter a intenção de ter saúde ou, melhor
dizendo, querer conquistar saúde. Querer é desejo acompanhado de ação. É
muito mais do que “gostaria de ter”. Toda a conquista exige compromisso, e
você se compromete com aquilo que realmente quer conquistar. Porque todo o
compromisso exige esforço. Quando se quer muito conquistar alguma coisa, é
preciso lutar para alcançar o objetivo. Se você quer saúde, terá de lutar por ela.
Para atingir a maior saúde possível, o máximo de recursos deve ser
utilizado.

Os recursos de saúde podem ser utilizados para diminuir a perda (perder em
ritmo menor), bloquear a perda (parar de perder saúde) e até para recuperar a
saúde perdida para, em seguida, aumentar o nível de saúde de forma ilimitada.

Recursos são instrumentos que estão à disposição e que podem ser usados com
intensidades variáveis, desde uma intensidade moderada até uma altíssima
intensidade, mas mesmo esforços mínimos serão capazes de gerar algum
resultado positivo. E, vale relembrar: os progressos serão sempre proporcionais à
quantidade de “moeda” que o indivíduo estará disposto a “gastar” para atingir
seu objetivo: conquistar mais saúde. A “moeda” para conquistar saúde é o
esforço, e quanto maiores forem os esforços na aplicação de cada recurso de
saúde, maiores serão os resultados alcançados.

Portanto, só há uma maneira para melhorar a saúde: diminuir todas as
manifestações de perda de saúde, as chamadas doenças ou problemas de saúde, e
chegar a curar a grande maioria das doenças. E, para isso, é preciso aplicar o
máximo de recursos de saúde possíveis e fazer isso da melhor maneira
possível.

É fundamental que se entenda a palavra possível no sentido de adaptar cada um
dos recursos às próprias condições, dificuldades, problemas ou limitações. O
recurso (como o exercício, por exemplo) é o mesmo para todas as pessoas e deve
ser aplicado por todos de forma adaptada às suas condições para que se consiga
o máximo de resultados positivos sem nenhuma consequência negativa. Quanto
mais recursos forem utilizados e quanto melhor for a utilização de cada um
deles, maior será o nível de saúde conquistada.

Entretanto, ninguém deve se sentir obrigado a aplicar algum recurso além da sua
capacidade naquele momento. Essa obrigação gera estresse, que prejudica a
saúde num nível às vezes superior ao benefício trazido pelo esforço.

Existem centenas de recursos que favorecem a recuperação e o aumento da
saúde, mas apenas treze deles são considerados obrigatórios, porque, se não
forem aplicados, não será possível avançar na conquista da saúde.
Para explicar com detalhes esses recursos, seria necessário escrever um livro
inteiro sobre cada um. Aqui, será apresentada uma introdução, que certamente
levará os leitores a seguirem pesquisando para saberem mais e aprofundarem
essas explicações.

1. Desenvolver a consciência para a saúde

Ter consciência na saúde é perguntar-se sempre antes de realizar qualquer ação:

Qual será a consequência dessa ação na minha saúde?
Posso fazer de forma diferente para aumentar mais a minha saúde ou
diminuir menos a agressão ao meu corpo?
Se a ação causar uma consequência negativa, eu aceito essa consequência
negativa?
O que eu vou fazer, depois dessa ação, para compensar essa consequência
negativa?

O primeiro passo é desenvolver a consciência corporal. Isso significa
aperfeiçoar-se para compreender a linguagem do corpo, entendendo quando ele
está manifestando sinais e sintomas de problemas, para poder afastar as causas,
ou quando ele está comunicando sua satisfação por estarmos realizando ações de
melhoria e, assim, seguir em frente com mais ações positivas semelhantes para a
saúde.

Precisamos também ter a consciência dos pensamentos: tudo aquilo de que a
mente se ocupa materializa-se; tudo nasce no pensamento. Antes que alguma
situação aconteça, ela é pensada antes mesmo de ser falada. Por isso, é muito
importante que o pensamento e as palavras sejam positivos e focados na saúde.
Pensar e falar em problemas, como dizer que está com dor, é fortalecer o
problema.

Conquistar saúde exige ações práticas, mas é fundamental que a mente esteja
envolvida, manifestando só pensamentos positivos e falando frases positivas. Se
é saúde o que você quer, fale em saúde, deseje saúde, trabalhe com o foco
essencialmente na saúde.

O foco na doença não ajudará a combatê-la, ao contrário, as queixas sobre dores
e sintomas colocarão a doença no centro dos seus pensamentos. Só pense e só
fale em saúde. Observe as reações e os avisos do seu corpo, entenda e respeite
cada um deles.

2. Fazer musculação (exercícios com peso)
Os exercícios com peso aumentam a massa muscular, o que significa tornar os
músculos mais fortes. E ter as células musculares mais fortes significa ter
todas as células de todos órgãos mais fortes, levando ao aumento e à melhoria
significativa das estruturas intracelulares como as membranas, que protegerão
mais as células e as mitocôndrias, que vão gerar mais energia e, portanto, mais
saúde.

Em relação a isso, vale lembrar a história ancestral do ser humano, por meio da
Filogenética, pela qual se pode compreender que a força física foi o principal
diferencial na escala humana: os mais fortes sempre foram os líderes do grupo,
os que se alimentavam com os melhores pedaços da caça, os que podiam
escolher as melhores fêmeas (e vice-versa) e os que mais sobreviviam. Eram eles
que tinham as melhores condições para se defender das feras e das adversidades,
e sobreviviam mais. Para os mais fracos, ficavam as sobras, os alimentos
rejeitados e, por essa razão, adoeciam mais e morriam mais cedo, acabando por
não deixar descendentes. Nós somos descendentes dos indivíduos mais fortes da
história da civilização e nosso cérebro reptiliano ainda reage como se
estivéssemos na pré-história.

Então, estar mais forte faz diferença. E faz toda a diferença se o objetivo é
conquistar saúde.

Ficar mais forte significa também ter mais mitocôndrias, responsáveis pela
produção de energia. Se há falta de mitocôndrias, há falta de energia, e isso é
perda de saúde: chama-se disfunção mitocondrial funcional, principal causa de
muitas doenças. Ficar mais forte é ter a membrana celular, a principal estrutura
celular, mais forte e mais resistente.

Não importa a idade, a doença ou a limitação, todos devem fazer musculação ou
outro exercício contra resistência. Quanto mais idoso e fragilizado for o indivíduo,
mais fraco ele será e mais será preciso fortalecer o seu organismo e, por isso,
maior será a importância desse recurso.

3. Fazer exercícios intervalados de alta intensidade
A segunda principal causa de perda de saúde é a diminuição da capacidade
cardiovascular e respiratória. Então, se quisermos aumentar a nossa saúde,
precisamos aumentar a capacidade do coração de bombear mais sangue a cada
batida, aumentar a capacidade do pulmão em oxigenar esse sangue, aumentar a
capacidade dos vasos sanguíneos em distribuir esse sangue a todas as células do
corpo e aumentar a quantidade de hemácias para transportar mais oxigênio para
todas células do corpo. Ou seja, precisamos aumentar a nossa capacidade
cardiovascular e respiratória.

Isso só é possível se fizermos o coração trabalhar no máximo de sua frequência
cardíaca, ou seja, trabalhar com o máximo de batimentos cardíacos por minuto.
É diferente de aumentar a resistência do coração para manter um batimento
suficiente a fim de realizar uma tarefa durante um longo tempo, que é o que o
atleta necessita numa maratona. Quando alguém tem um problema cardíaco, ou
até morte súbita, durante uma maratona ou um triátlon, é porque essa pessoa tem
grande resistência, mas pequena capacidade cardíaca.

Só existe uma maneira de aumentar a capacidade cardiovascular e respiratória,
que é fazer um exercício de altíssima intensidade num tempo muito curto,
digamos 30 a no máximo 60 segundos. A intensidade deve ser tão alta, que o
indivíduo fique ofegante. E quanto mais ofegante ele ficar, maior será o estímulo
para aumentar a capacidade cardíaca.

A indicação para se chegar a esse aumento da capacidade cardíaca são exercícios
intervalados de alta intensidade seguidos de períodos de recuperação: pode ser a
corrida anaeróbica (não usa oxigênio parar produzir energia) ou, mais
modernamente, o HIIT (High Intensity Interval Training) ou, em português,
Treinamento Intervalado de Alta Intensidade).

Todas as pessoas, desde o jovem altamente saudável até o idoso fragilizado e
com problemas cardíacos, deveriam aumentar a capacidade cardiovascular.

4. Ter um sono adequado
É durante o sono, como vimos, que se realizam as principais tarefas de reparação
(homeostasia e hormese) dos desgastes sofridos pelo corpo, consequências dos
processos metabólicos internos e das agressões externas sofridas ao longo do dia.
Se não forem realizadas na mesma noite do dia em que o dano aconteceu, essa
reparação não será mais realizada completamente, e o acúmulo de danos levará à
perda de saúde persistente e ao envelhecimento.
Vale ressaltar que o sono adequado depende de três fatores: deitar cedo, ter
um sono profundo e dormir tempo suficiente. A melhor hora para deitar é ao
escurecer. Quanto mais esse horário for retardado, menos efeito de reparação
terá o sono no corpo e, principalmente, no cérebro. Por isso, o último horário
adequado para deitar-se é até as 23 horas; depois desse horário, o processo de
reparação ficará prejudicado.

Mas, para ter o melhor processo de reparação possível, não basta apenas deitar
cedo. É preciso utilizar todos os recursos possíveis para ter um sono
profundo e reparador. É preciso que a alimentação seja a mais saudável
possível para fornecer todos os nutrientes e micronutrientes que serão usados na
reparação durante o sono.

Não há consenso sobre quanto tempo se deve dormir, mas a maioria dos
estudiosos recomendam em torno de sete horas. Portanto, dormir seis ou menos
ou passar de oito horas pode causar prejuízo à saúde.

5. Fazer meditação
Existem dezenas de maneiras de realizar meditação, mas todas têm o objetivo de
controlar (gerenciar) os pensamentos na mente. Este é um recurso
importantíssimo. Todos são, mas a meditação é o recurso que vai
potencializar todos os outros.

A meditação é tão importante que um indivíduo que aplique todos os outros
recursos, mas não medite, pode sofrer um estresse de alta intensidade que leve à
doença grave e fatal, anulando todos os demais esforços na aplicação dos outros
recursos. É preciso aprender a controlar a mente para gerenciar o tipo de
pensamento e de sentimento, e isso se faz com a Meditação e a Mente Atenta.
A sua prática vai levar ao controle da mente, e é isso que vai diferenciar o
indivíduo consciente, racional, capaz de observar a si mesmo e de fazer boas
escolhas para sua vida daquele indivíduo robotizado, que age por impulso,
influenciado por situações exteriores a ele, ainda que esse comportamento o leve
à perda de saúde.

A prática da meditação desperta a capacidade de observar o funcionamento
do corpo (consciência corporal), as sensações, os pensamentos, as emoções, o
comportamento e as palavras. Meditar é treinar a vontade para que esta
gerencie a mente e, assim, selecione os pensamentos e os comportamentos, sem
permitir que o indivíduo seja manipulado ou levado a atitudes inconscientes que
despertem a autossabotagem e acabem por encaminhá-lo para as escolhas ruins.

Em resumo, meditar é encontrar o seu observador, é treinar a capacidade de
“ver-se de fora”. Somente dessa forma o indivíduo deixará de ser manipulado,
submisso, e passará a controlar sua mente, escolhendo as atitudes que o levarão a
conquistar saúde: é preciso aprender a usar o “observador” para testemunhar se a
vontade consegue controlar a mente e o corpo para que ambos avancem no
caminho da saúde.

6. Praticar mente atenta – Mindfulness
Praticar a mente atenta, ou Mindfulness, como é chamada cientificamente, é um
tipo de meditação, mas com um efeito muito mais importante, porque é realizada
durante alguma atividade.

A mente atenta é a mente completamente focada naquilo que o indivíduo está
fazendo, desde as atividades mais cotidianas, como escovar os dentes ou lavar a
louça, até aquelas mais complexas como redigir um artigo ou preparar a apresentação
de um projeto ou, ainda, o momento da apresentação.

Ter a mente atenta, o nome já diz, é ter toda a atenção voltada para a ação que
está sendo realizada; é ficar completamente no presente, não permitindo que a
mente se ocupe com pensamentos do futuro (medos e angústias) e do passado
(onde estão os conflitos emocionais) e sem julgamento; é manter a atenção
completamente focada em dar o melhor de si na atividade que está
realizando.

E o que isso tem a ver com a conquista da saúde? Tem tudo a ver! Porque aquele
indivíduo que é atento ao trabalho da vontade conseguirá aplicar cada um dos
recursos obrigatórios com a máxima capacidade, porque estará atento e focado
no recurso.

A vontade, que pode ser desenvolvida indefinidamente, é a capacidade de um
indivíduo fazer o que deve e é certo para aumentar ainda mais a sua saúde em
todas as dimensões e de deixar de realizar os impulsos inconscientes
autossabotadores que podem levar à perda de saúde.

A utilização da mente atenta provoca um aumento do nível de consciência, e
cada ato – cada atitude, cada escolha – é realizado de forma cada vez mais
racional, permitindo que se planejem as escolhas no sentido de, mesmo que se
faça uma escolha ruim, como comer um doce ou deixar de ir à academia, ela seja
feita de forma consciente e com a clareza de que terá de compensar essa escolha
para recuperar a saúde perdida. A mente atenta, junto com a meditação, será
responsável por deixar o “observador” sempre focado na vontade para que ela
mantenha a mente sob controle.

Há uma explicação bioquímica sobre os benefícios da prática da mente atenta:
quando a mente está completamente focada no que está fazendo, o cérebro
produz e libera vários neurotransmissores – endorfina, serotonina, dopamina
e anandamida – que provocam sensação de bem-estar e diminuem a produção de
cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”.

Enfim, a prática da mente atenta, além de “proteger” o indivíduo do
“autossabotador”, o deixará mais feliz e, obviamente, mais saudável. Você pode e
deve praticar a mente atenta a qualquer momento do dia. E quanto mais você
pratica, maior será a sua capacidade de concentração, de lucidez, de bem-estar e,
principalmente, de equilíbrio das emoções. Ninguém que pensa antes de agir
escolhe fazer o mal para si e para os outros.

7. Adotar uma alimentação saudável
Alimentar-se de forma saudável é um dos dez mais importantes recursos, é o
recurso mais popular e mais seguido entre todos os recursos para a melhoria da
saúde, mas muitas pessoas pensam que estão adotando uma alimentação
saudável e estão cometendo erros graves por não saberem o que os alimentos
fazem no organismo.

Adotar uma alimentação saudável é diferente de fazer regime, dieta ou adotar
um programa de emagrecimento. Estes têm início, meio e fim. Adotar uma
alimentação saudável requer mudança de postura para o resto da vida, ou ao
menos enquanto a pessoa quiser ter saúde. O emagrecimento e a boa forma são
a consequência e nunca objetivo da mudança de estilo de vida.

Existem muitas linhas diferentes, cada uma dizendo que a sua é a melhor
maneira de adotar uma alimentação saudável. Todas, entretanto, têm em comum
três princípios:

evitar comidas ou bebidas que causem danos ao corpo;
nunca deixar de comer alimentos necessários para uma boa nutrição;
nunca comer em quantidades exageradas ou insuficientes.

Os estudiosos de nutrição saudável mais respeitados no mundo são aqueles que
defendem dez princípios básicos que podem ser considerados de forma integral e
segura:

1. Diminuir ao máximo os alimentos inflamatórios, aqueles que aumentam a
produção de insulina, que levam a um aumento da inflamação crônica do
corpo, que geram e agravam todas as doenças conhecidas. Os principais
alimentos inflamatórios são os carboidratos (quanto mais ele aumentar a
produção de insulina, pior ele será).

Ingerir carboidratos não é essencial para o funcionamento do nosso


corpo, pois todos os carboidratos necessários são produzidos pelo
organismo.
Povos como os esquimós, que nunca comem carboidratos, não
apresentam as doenças degenerativas das populações que comem esse
tipo de alimento.
As gorduras boas fornecem energia de muito melhor qualidade que os
carboidratos. Por isso, elas devem ser a principal fonte de energia,
seguidas das proteínas. Somente em último caso se deve usar os
carboidratos.

2. Diminuir, e se possível eliminar, todos os alimentos que contenham
substâncias químicas. Isso inclui todos os alimentos processados
industrialmente e aqueles que recebem agrotóxicos.

Aqui estão incluídas todas as gorduras chamadas de ruins: gorduras trans,


hidrogenadas, margarinas, óleos vegetais e todas aquelas que passam por
qualquer processo não natural.
É aceito usar, temporariamente, uma substância química, como o
adoçante, enquanto estiver se livrando da compulsão de comer doces,
por exemplo.

3. Aumentar a saúde intestinal pelo uso de alimentos fermentados (kefir de


leite, chucrute, kombucha) e todos os tipos de vegetais e hortaliças, incluindo-
se os brotos e os germinados.

4. Ingerir a maior variedade possível de alimentos para fornecer o máximo de
nutrientes: aminoácidos (das proteínas) e ácidos graxos (das gorduras boas) e
de micronutrientes (vitaminas e minerais).

5. Suplementar aqueles nutrientes que não se consegue mesmo numa
alimentação diversificada e otimizada. As principais causas de alimentos
pobres em nutrientes são a monocultura, o empobrecimento do solo e a
diminuição da agricultura familiar.

6. Evitar qualquer excesso de alimento, mesmo os saudáveis. Por exemplo,
comer ovos é saudável, mas comer dez ovos numa única refeição é prejudicial
à saúde.

7. Não comer muito seguido. A linha nutricional que recomenda comer de três
em três horas não é defendida por nenhum estudioso de nutrição avançada e
não encontra respaldo na história da civilização, pois nunca houve comida
suficiente para isso, a não ser depois da Segunda Guerra Mundial, com o
advento dos alimentos industrializados.

8. Fazer jejum é muito importante. Se for o jejum intermitente (18 horas por seis
de alimentação), pode ser feito por vários dias seguidos.
9. Fazer uma hidratação adequada para conseguir manter a urina sempre clara
e diluída.

10. Fazer da alimentação um momento sagrado, alimentando-se com a máxima
consciência possível, de forma lenta, mastigando adequadamente para
conseguir a melhor digestão possível.

É importante acreditar que você é o que você digere e não o que você
come, por isso alimente-se de forma a ter melhor digestão possível.
Lembre-se de que a digestão começa pela mastigação e foque sua atenção
para desenvolver a melhor saúde intestinal possível.

8. Fazer jejum e jejum intermitente

Estes são recursos da alimentação que, por serem muito importantes, devem ser
tratados separadamente.

Todas as pessoas deveriam fazer jejum ou, ao menos, o jejum intermitente, mas
é importante entender que é necessário preparar o corpo para ficar ao menos 18
horas sem comer sem entrar em sofrimento, o que causaria estresse. Durante o
período de jejum, o organismo deve estar treinado a usar as reservas energéticas
(gorduras) para geração da energia necessária para o funcionamento do corpo e
para a realização de todas as tarefas.

A única reserva energética do nosso corpo são as gorduras. A utilização das
gorduras para fornecer energia chama-se metabolismo lipídico, que é muito
mais nobre e eficiente que o metabolismo glicídico, à base de carboidrato. Além
de ser muito mais eficiente, ele gera muito menos resíduos.

O metabolismo glicídico, apesar de ser muito mais fácil de ser usado pelo nosso
organismo, é extremamente danoso ao corpo, pois gera uma quantidade muito
grande de radicais livres, causadores de doenças e envelhecimento. Além disso,
como não existe reserva de carboidratos no corpo humano, eles precisam ser
ingeridos constantemente, para não manifestar a fome. Por isso, surgiu a
prejudicial recomendação de comer de três em três horas.
A grande maioria das pessoas só utiliza o metabolismo glicídico e seu organismo
“desaprendeu” a usar o lipídico. Essas pessoas não devem fazer jejum, pois seus
corpos entram em sofrimento, produzindo muito cortisol, aumentando a
inflamação crônica e prejudicando a saúde. Quem tem o organismo preparado
para fazer jejum nunca sente fome.

Alguns passos necessários para fazer jejum são, por ordem progressiva:

recuperar o metabolismo lipídico;
fazer jejum noturno (não comer durante a noite);
fazer exercício em jejum;
fazer jejum intermitente (das 18 horas até o meio-dia);
fazer exercício em jejum intermitente; e
finalmente, estender o tempo para 24, 36, 48 e 72 horas. Há
controvérsias se jejuns maiores seriam benéficos para a saúde.

9. Manter níveis elevados de vitamina D
Existem dois tipos de suplementos: a vitamina D e os suplementos nutricionais.
A vitamina D é fundamental para a manutenção da saúde. Ela deve ser produzida
pelo contato direto dos raios UVB (ultravioleta B) na pele. Quando isso não
acontece, nos períodos de inverno, em várias regiões, como no Sul do Brasil, ela
precisa ser suplementada.

Quanto mais baixos forem os índices de vitamina D, maiores serão os riscos de
doenças graves; quanto maiores forem os níveis, melhor será a saúde e o
funcionamento de centenas de reações metabólicas e enzimáticas do corpo,
tornando-se mais fácil conquistar mais saúde e evitar as perdas (doenças).

Sabe-se que indivíduos que se expõe aos raios UVB do sol diariamente, como no
Nordeste do Brasil, conseguem apresentar níveis de vitamina D no sangue de até
100 ng/ml. Por isso, considero esse valor como o indicador da necessidade de
vitamina D. A Medicina Tradicional utiliza a estatística para determinar os
valores normais (não ideais), e ao verificar que a maioria das pessoas (que não
tomam sol regularmente) tem valores entre 30 a 50, considera que 30 é
“suficiente”.

Existem muitas discordâncias quanto aos valores ideais de vitamina D a ser
conseguida pela suplementação. A Medicina Tradicional, como vimos, considera
que valores acima de 30 ng/ml são suficientes, mesmo que estejam muito abaixo
de valores conseguidos por pessoas em contato direto com o Sol. Estudiosos de
saúde preconizam níveis mais elevados, porém não há consenso de qual seja o
nível ideal. Atualmente, adoto e recomendo para os participantes do PRO SER
níveis entre 60 a 80 ng/ml.

10. Usar suplementos
Já vimos que a alimentação, por mais saudável que seja, e mesmo que seja a
mais variada possível, não é capaz de fornecer todos os micronutrientes
(vitaminas, minerais) de que o corpo precisa. Isso deve-se a alguns fatores
como o empobrecimento do solo, o uso de agrotóxicos, a prática da
monocultura, entre outros. Por isso é importante utilizar alguns suplementos.
Entre eles, existem os essenciais, que todos têm que usar; os recomendáveis e
convenientes, que as pessoas podem usar; e existem as carências individuais
que precisam ser interpretadas e repostas de acordo com cada situação.
Essenciais são aqueles que faltam no organismo de todas as pessoas, como o
ômega 3 e o magnésio.

Mas é fundamental entender que os suplementos devem ser considerados como
suplementos e não como substitutivos de uma alimentação saudável e de ações
efetivas para aumento dos níveis de saúde. Os suplementos funcionam como
complementação da adoção de hábitos saudáveis.

Infelizmente, a maioria das pessoas que usa suplementos tem o pensamento
mágico de que, ao utilizá-los, eles funcionem como substitutos da ingestão de
alimentos que têm os nutrientes necessários para o corpo, e da realização das
verdadeiras ações para a saúde. Um exemplo muito comum é recomendar o uso
de suplementos para a função mitocondrial sem a realização de exercícios que
estimulem o cérebro reptiliano a promover a mitocondrogênese (aumento do
número de mitocôndrias). Não funciona, é como botar dinheiro fora.

Quanto maior for a quantidade e a qualidade dos recursos de saúde utilizados,
maiores serão os benefícios dos suplementos. Não cometa o erro daqueles que
usam suplementos e acham que eles, sozinhos, ajudarão a conquistar uma saúde
melhor. Usar suplementos sem adotar outros hábitos de saúde não traz
nenhum benefício.

11. Evitar produtos químicos
O corpo humano não está preparado para utilizar qualquer tipo de substância
química. Todos os produtos químicos, incluindo medicamentos, são tóxicos ao
corpo e necessitam ser metabolizados pelo fígado. É claro que, no caso dos
medicamentos, a ação terapêutica deveria compensar os danos tóxicos causados
pela química, mas algumas vezes isso não acontece.

A função de processar e eliminar os produtos químicos ocorre no fígado, apesar
de não ser sua função prioritária. Entre as quinhentas funções do fígado, sua
principal função é a retirada do excesso de glicose do sangue quando há acúmulo,
transformando-a em gordura, e vice-versa: transformar a gordura em glicose
quando cai o seu nível no sangue. O que ocorre é que o fígado interrompe todas
as demais funções para se ocupar da glicose quando ela está em excesso. Nessa
situação, ele não terá condições de processar as substâncias químicas, fazendo
com que estas sejam depositadas nas gorduras dos órgãos, causando
perturbações no seu funcionamento.

Algumas substâncias químicas são inevitáveis, como, por exemplo, a poluição
atmosférica das grandes cidades e os agrotóxicos (pois nem sempre temos acesso
a produtos orgânicos). Mas há muitos produtos químicos que podem ser evitados
ou minimizados, tais como:

alimentos industrializados, processados, ricos em conservantes e
flavorizantes artificiais;
produtos de higiene pessoal, como desodorantes, pós-barba, creme dental,
shampoo e condicionador;
produtos cosméticos, como hidratantes corporais, tinta de cabelo, filtros
solares, perfumes, esmalte de unhas, talcos, batom, bases e pós faciais;
produtos de limpeza, como sprays, aerossóis, sabão em pó, amaciantes,
odorizadores de ambiente etc.
utensílios plásticos para armazenamento de alimentos e água, panelas de
cobre, alumínio e teflon, bijuterias baratas (possuem cádmio e chumbo).

12. Ter contato com a natureza
Toda a formação do organismo humano se deu durante milhões de anos em
contato direto com a natureza (vegetal e animal). Nosso corpo, quando afastado
desse contato, entra mais facilmente em processo degenerativo.
O corpo precisa estar em contato com a natureza, desde cuidar de uma planta
dentro do apartamento até fazer uma caminhada no parque ou uma viagem à
praia, e, se for possível, caminhar descalço na terra ou na grama, que é
considerado o maior antioxidante que existe para combater o excesso de radicais
livres.

Além desse contato com a natureza, é obrigatório o contato direto com o Sol,
sem protetor solar, desde que a exposição não seja muito prolongada, para evitar
lesões por queimadura. Algumas épocas do ano e horários do dia com baixa
incidência de raios UVB não contribuem para o aumento do nível de vitamina D.

O corpo precisa de sol. Esse contato direto apresenta dezenas de outras
vantagens além do estímulo para produção de vitamina D.

13. Estudar e pesquisar constantemente
As doenças não perdoam os ignorantes. O fato de não saber que algo faz mal
para a saúde não significará que ela não fará mal, assim como não saber que
deveria utilizar alguns dos recursos para ter mais saúde e esperar melhorar sem
realizar nenhum esforço nesse sentido não vai impedir que siga perdendo saúde.

Os temas ligados à recuperação da saúde perdida, à redução e à cura das doenças
e à conquista da melhor saúde da vida são recentes e existem ainda poucos
especialistas. Mas, mesmo que houvesse milhares de especialistas, o principal
agente e executor das ações para a saúde é você mesmo. Este livro, somado a
todos os estudiosos e artigos disponíveis, deve servir apenas para você pesquisar,
analisar e encontrar elementos para escolher os seus caminhos, aqueles que você
entender como os melhores para você.

Por isso, um dos grandes recursos para melhorar a saúde é dedicar tempo para
pesquisar e estudar, a fim de buscar mais conhecimentos sobre como se perde
e como se recupera a saúde. Todos deveríamos fazer isso, como se fosse uma
pós-graduação de saúde. Na verdade, não consigo imaginar nenhuma outra pós-
graduação que traga tanto benefício e recompensa como essa. Esse é um dos
recursos para desenvolver a saúde cultural (quarta dimensão da saúde).

14. Outros recursos
Existem muito mais de 100 recursos diferentes para desenvolvimento da saúde
física.

No programa de saúde PRO SER, são enfatizados os 40 principais recursos
apenas durante a primeira fase, que dura 100 dias (Programa 100D). Depois dos
cem dias, os participantes aperfeiçoam ao máximo o uso desses recursos e
aprendem, gradativamente, a usar os mais de cem outros recursos para o
desenvolvimento da saúde física e centenas de outros para o desenvolvimento da
saúde mental, da emocional, da cultural, da social, da ambiental e da espiritual.

Porém, sem aplicar esses 13 recursos fundamentais é praticamente impossível
recuperar toda a saúde perdida e conquistar a melhor saúde da sua vida. Por isso,
são considerados recursos obrigatórios. É como aprender as quatro operações
para chegar, um dia, a dominar cálculos matemáticos avançados.

Antes de seguir adiante, revisemos o que foi tratado até aqui:

Nascemos para ter saúde, a saúde é a verdadeira natureza do ser humano.
Todos os dias sofremos agressões internas ou externas que afetam e
diminuem, momentaneamente ou temporariamente, nossa saúde.
O corpo humano tem um mecanismo de reparação dessa saúde perdida
durante um dia de vida. Esse mecanismo chama-se homeostasia e ocorre
durante todo o dia, mas, principalmente, durante o sono adequado.
A capacidade de reparação (homeostática) diminui com a idade
(principalmente depois dos 30 anos) e com o nível de perda de saúde
(quanto mais doente o indivíduo, menor será a capacidade de reparação).
As agressões sofridas durante o dia, que causam danos ao organismo, têm
condições de serem reparadas completamente desde que:
não sejam em demasia e estejam dentro da capacidade de reparação do
organismo naquele momento de vida;
tenham materiais de reparação em qualidade e em quantidade necessárias,
fornecidos por uma alimentação saudável;
o indivíduo tenha um sono adequado, por meio do qual essa reparação
possa ser realizada de maneira eficaz.
Se a reparação homeostática não for realizada de forma completa, o
organismo manifestará uma perda de saúde que será persistente, ou seja,
não mais poderá ser reparada por mecanismos homeostáticos. Essa perda
de saúde persistente já é a primeira manifestação da doença futura.
O acúmulo de danos causados por perdas de saúde progressivas e
persistentes levará a manifestações de doenças cada vez mais graves,
podendo antecipar a morte em dezenas de anos.






CAPÍTULO 10
Diminuição da perda de saúde
Perda biológica de saúde

O ser humano, como todos os animais, está programado biologicamente para
nascer, crescer (aumentando a capacidade física), atingir a maturidade sexual
(mantendo a máxima capacidade), reproduzir, envelhecer (perder capacidade) e
morrer.

Na raça humana, o clímax da capacidade física e da saúde se dá em torno dos 30
anos. A partir dessa idade, há uma diminuição acentuada da capacidade de
reparação dos danos causados (homeostática) e, gradativamente, o organismo
perde cada vez mais a capacidade de reparar danos que, em anos anteriores,
poderiam ser reparados com maior facilidade.

Um exemplo disso é que, quando se é jovem, é possível comer e beber muito na
noite anterior e acordar bem no dia seguinte, ou comer muita pizza e beber muita
cerveja sem engordar. Quando se avança na idade, ao comer e beber as mesmas
quantidades, a sensação do dia seguinte já não é a mesma, e a balança começa a
apresentar alterações importantes, com visível aumento de peso.

A Medicina da Doença, que utiliza a estatística da normalidade como parâmetro,
afirma que a perda de saúde manifestada pela diminuição dos indicadores de
saúde é normal e inevitável. Por isso, as tabelas utilizadas mostram parâmetros
das pessoas aumentando a gordura e diminuindo a força, a massa muscular, a
capacidade cardíaca e outros fatores com o avanço da idade.

A primeira parte da afirmação está certa. É normal, pois acontece com a quase
totalidade das pessoas. Mas não é inevitável, pois existe um número pequeno,
mas significativo, de pessoas que aumentam a idade sem manifestar aumento
de gordura ou diminuição da massa muscular e da capacidade cardíaca. E
existem muitas como eu, que, com 67 anos, eliminei toda a gordura
desnecessária que tinha acumulado, conquistei uma musculatura que nunca tive
na vida e uma capacidade cardiovascular medida pelo ECG de esforço muito
melhor do que tinha aos 28 anos.

Analisando a perda da capacidade física

Como ocorre com todos os animais, existe uma condição biológica que provoca
uma perda progressiva da capacidade física a partir do clímax reprodutivo, que
no ser humano se dá em torno dos 30 anos.

A partir dessa idade, há uma tendência de perda da capacidade física cada vez
maior, que pode ser representada por uma curva descendente e mais intensa, à
medida que passam os anos, até a perda total da capacidade, que é a morte.

No Brasil, a expectativa de vida ao nascer está aumentando em torno de três
meses a cada ano. Isso se dá pela diminuição da mortalidade infantil e pelo
avanço das indústrias médica, hospitalar e farmacêutica, que leva à diminuição
da mortalidade e ao aumento da sobrevida das pessoas doentes.

Porém, há um aparente paradoxo em relação a isso: a expectativa de vida está
aumentando ao mesmo tempo em que o nível de saúde das pessoas vem
diminuindo. Isso fica claro com o aumento da obesidade e das doenças
degenerativas – hipertensão, diabetes, dores no corpo etc. – que estão se
manifestando mais precocemente, atingindo mais pessoas e de forma mais
intensa. Conforme as pessoas vivem mais, aumentam também os índices de
doenças graves, como câncer, Alzheimer, Parkinson, doenças cardíacas e AVCs.

Infelizmente, esse aumento da ocorrência de doenças é considerado normal, pois
acontece com a grande maioria da população. Isso leva as pessoas a acharem que
essas doenças são inevitáveis e, por isso, elas não lutam para melhorar seu nível
de saúde até o ponto de não ficarem doentes.

A vida moderna e os interesses financeiros geram estímulos para que as
agressões ao corpo e à saúde se tornem mais intensos e constantes. O avanço
tecnológico da indústria de alimentos, que fornece junk food (alimentos-lixo) a
preços acessíveis é uma das causas mais evidentes para a perda de saúde.

Esse tipo de comportamento é o que se pode chamar de “complexo de manada”,
que se observa em todas as pessoas que cometem agressões ao corpo porque
“todo mundo faz” e que deixam de adotar os recursos para o desenvolvimento da
saúde, “porque ninguém adota”. Essas pessoas são facilmente manipuladas pela
publicidade das grandes indústrias, que estão voltadas, exclusivamente, para o
lucro, ao ponto de colocarem nos produtos alimentícios substâncias químicas
viciantes, chamadas pomposamente de realçadores de sabor, levando adultos e
crianças a comerem sem querer parar.

Para fugir desse comportamento e diminuir a perda progressiva de saúde que
ocorre com a grande maioria das pessoas, chegando até a recuperar a saúde
perdida, como veremos no próximo capítulo, é necessário desenvolver a
consciência e usar a razão para questionar as próprias atitudes e entender se elas
serão benéficas ou não à saúde.

Quanto menos agressões fizermos e mais recursos de saúde adotarmos, maiores
serão as possibilidades de desenvolver a saúde, recuperando a que foi perdida e
chegando a alcançar um nível de saúde que nunca tivemos na vida.

A lei biológica da perda da capacidade física está atuando constantemente em
todas as pessoas, que podem responder a ela de seis maneiras diferentes:

1. Há os que aceitam, inconscientemente, a perda da capacidade e da saúde,
mantendo-se na manada, agredindo o organismo e não adotando recursos de
saúde, “já que ninguém faz”. Isso leva à perda gradativa de saúde e à
manifestação de mais doenças, causando sofrimento severo nos últimos anos
de vida.

2. Algumas pessoas fazem pior, pois aceleram a perda de saúde adotando
comportamentos agressivos que até a “manada” sabe que fazem mal, como
fumar ou usar drogas.

3. Algumas pessoas da “manada” começam a adotar algum comportamento
favorável à saúde, porque muita gente já está adotando, como caminhar e
melhorar a alimentação. Essas pessoas diminuirão menos a saúde e retardarão
um pouco a idade em que começarão a aparecer as doenças graves.

4. Existem algumas pessoas que saem da “manada”, começam a pensar por conta
própria e escolhem adotar comportamentos diferentes da grande maioria das
pessoas, porque se dão conta de que, se agredirem menos o corpo e aumentarem
a adoção de recursos de saúde, passarão a viver uma vida mais saudável, que
implica em diminuir os sinais e sintomas de perda de saúde. Essas pessoas não só
conseguem diminuir o ritmo de perda de saúde, como conseguem bloquear a
perda de saúde e até recuperar algum nível da saúde perdida, revertendo a curva
biológica natural do envelhecimento e do surgimento das doenças.

5. Há um grupo diferenciado de pessoas que estão desenvolvendo ao máximo
a sua consciência e conseguem fazer, a cada momento, escolhas saudáveis
para agredir cada vez menos o seu organismo e aumentar cada vez mais as
condições saudáveis de suas células, tecidos, órgãos e do corpo inteiro. Essas
pessoas utilizam os recursos horméticos para recuperar toda a saúde perdida,
eliminando todos os sinais e sintomas de perda de saúde, e param de tomar
qualquer tipo de medicamentos, conquistando, dessa forma, uma saúde que
nunca tiveram na vida. Isso permitirá que elas cheguem a idades avançadas
sem ficarem doentes e até que morram sem ficar doentes.

6. Algumas dessas pessoas, ao se darem conta de que esse estilo de vida
proporciona uma existência mais plena e prazerosa, e que isso lhes dá cada vez
mais felicidade, passam a se dedicar mais a esse estilo de vida e conseguem
melhorar mais ainda sua saúde, indo em busca de uma saúde 100% e, depois,
da supersaúde. Esses passam a fazer parte de um grupo de elite humana, que
não está sujeito passivamente à lei biológica que leva às doenças e ao
envelhecimento.









CAPÍTULO 11
Recuperação da saúde perdida e
aumento da saúde









Vimos, nos capítulos anteriores, que o organismo perde saúde quando as
agressões diárias não são reparadas adequadamente pelo mecanismo
homeostático. Essa perda de saúde pode ser aumentada pela adoção de
comportamentos mais agressivos e causadores de mais danos, pelo aumento da
idade, pelo acúmulo de doenças e pela não adoção dos recursos de
desenvolvimento da saúde.

Mas existem centenas de recursos que podem ser utilizados para o
desenvolvimento da saúde. No capítulo oito, vimos apenas os treze principais.
Sem o uso desses treze recursos obrigatórios, todos os outros não causarão
impacto significativo na diminuição da perda de saúde.

Com relação aos principais recursos citados, a regra fundamental é utilizar o
máximo de recursos e usar cada um dos recursos da melhor maneira
possível, e podemos acrescentar uma segunda regra: se já estivermos utilizando
os treze principais recursos da melhor forma possível, quanto mais utilizarmos
os outros recursos mais estaremos contribuindo muito para a melhoria da saúde.

Dependendo do grau de utilização dos recursos para o desenvolvimento da saúde
e da intensidade que dedicamos a cada um deles, é possível:

diminuir o ritmo da perda de saúde;
bloquear a perda de saúde;
recuperar parte da saúde perdida, diminuindo a manifestação das doenças e
dos indicadores de doenças até o ponto de eliminar os sinais e os sintomas,
reduzindo e até eliminando o uso de medicamentos;
conquistar um nível de saúde para não mais adoecer;
conquistar o nível de saúde que nunca teve na vida, melhorando cada vez
mais os indicadores de saúde;
manter essa melhor saúde até idades muito avançadas, acima dos cem anos,
com energia, produtividade, lucidez e felicidade;
conquistar a saúde 100% (ter todas as células do corpo funcionando
adequadamente, sem qualquer problema e perturbação, integradas em
tecidos, órgãos e aparelhos de forma harmônica e equilibrada);
conquistar a supersaúde (que é mais do que a saúde 100%) e aumentar esse
nível de saúde de maneira ilimitada;
chegar ao final da vida e morrer sem nunca mais ficar doente.

O mais importante nesse desenvolvimento da saúde física é que, quanto mais
diminuem os indicadores de doença e mais aumentam os indicadores de saúde
física, mais diminuirão os indicadores de doenças e aumentarão os indicadores
de saúde das demais dimensões – emocional, mental, cultural, social, ambiental
e espiritual – como veremos mais adiante. E isso sem precisar utilizar nenhum
dos recursos específicos de cada uma dessas dimensões.

Para recuperar a saúde, é muito importante que o indivíduo seja uma espécie
de administrador consciente da sua própria saúde, capaz de conhecer seu
corpo de forma integral, de entender o funcionamento de seu organismo e de
aplicar as duas regras citadas anteriormente.

Esse indivíduo não terá um comportamento passivo diante do médico, do
nutricionista ou do preparador físico, ao contrário, ele será o agente da
conquista da própria saúde, porque é a pessoa que mais conhece seu corpo e,
por isso, não aceitará diagnósticos, indicações, medicamentos ou instruções
passivamente, sem entender a sua lógica e sem fazer questionamentos.

O médico, o nutricionista, o instrutor da academia serão parceiros na busca por
níveis cada vez mais altos de saúde, pois farão o papel de consultores nas
necessidades, nas dúvidas e até mesmo nas dificuldades que o indivíduo tiver na
aplicação dos recursos para a melhoria da sua saúde.

Em que medida o médico, o nutricionista e o instrutor poderão ser parceiros?
Esses profissionais serão importantes na orientação do paciente, informando-o,
da maneira mais clara possível, sobre a forma mais eficaz de utilizar os recursos
para a melhoria da saúde. Eles mostram o caminho, mas não conseguem pegar
na mão para fazer caminhar.

O indivíduo se tornará o cientista de si mesmo e fará do seu corpo o laboratório.
Tudo o que considerar coerente e racional, ele experimentará e avaliará
cuidadosamente as respostas do seu organismo para saber se o procedimento
serve para si ou não. E, como todo cientista, ele dedicará algum tempo para
estudos e pesquisas em busca de conhecimentos mais adequados para a sua vida.

Não há tratamento médico que, por si só, seja capaz de curar uma doença; a cura
só virá pelo aumento dos níveis de saúde de todo o organismo, assim como
não há tratamento para melhoria da saúde, pois ela depende, exclusivamente, da
aplicação prática dos recursos de saúde.

Isso não significa que o paciente deva abandonar o tratamento médico e a
medicação, o que seria muito imprudente, pois os remédios valem para manter
a doença sob controle. O importante é entender que o medicamento sozinho
não promoverá a cura. A única solução será a melhoria da saúde de todo o
corpo.

Mesmo se as perdas de saúde forem muito severas, chegando a provocar doenças
graves, é possível recuperá-las, mas isso só será alcançado se os recursos de
melhoria da saúde forem aplicados com esforços gradativos, iniciando da maneira
que for possível. Como cada esforço gera um resultado positivo, os resultados vão
se tornando cada vez mais visíveis, levando o indivíduo a se sentir motivado a
aumentar a intensidade dos recursos, pois terá condições de se impor desafios
diários cada vez maiores.

O fundamental é que cada ação do indivíduo que está em busca de aumentar sua
saúde faça sentido, que não sejam ações realizadas de forma impulsiva e
autômata, sem que a pessoa tenha consciência sobre a importância da ação ou
sobre de que forma ela afetará os resultados que se quer alcançar. E, cada vez
mais, a consciência deverá ser utilizada para avaliar os prováveis resultados
antes de tomar qualquer atitude.

Todos os esforços serão muito mais eficientes se fizerem sentido para quem
os realiza. O mesmo vale para a indicação de tratamentos ou a prescrição de
medicamentos: o médico não deve ser o “dono da verdade”, o paciente pode – e
deve – exigir todo o tipo de esclarecimento, a fim de não deixar que a sua saúde
seja administrada por outras pessoas.








CAPÍTULO 12
O cérebro reptiliano é o único
coordenador da saúde e da vida






O cérebro humano divide-se em:

Cérebro reptiliano: é a parte mais primitiva do cérebro e tem a mesma
função desde a época dos dinossauros, os enormes répteis que habitaram a Terra
há 200 milhões de anos: preservar a vida, não importando o quanto a vida
tenha mudado ao longo dos milhões de anos de evolução da humanidade. O
cérebro reptiliano é a única parte do cérebro responsável por tudo o que for
relacionado à manutenção da vida. Ele é o único que controla todas as células,
órgãos e aparelhos do corpo e seu funcionamento. É ele que determina a
melhoria da saúde ou que permite a perda de saúde e o aparecimento das
doenças.

Cérebro límbico: tem a função de controlar os sentimentos, as emoções, o


gostar e o não gostar, os desejos e as aversões, as funções do aprendizado e de
parte da memória. Essa parte do cérebro só ficou desenvolvida há 60 milhões
de anos, com os mamíferos superiores.

Neocórtex: só ficou desenvolvido há um milhão de anos, com o homo habilis,


preparando-o para o desenvolvimento de capacidades motoras finas. É onde se
localiza a capacidade de pensamento, da memória, dos sentidos, entre outras.
Essa é a área do cérebro que realiza todas as funções mentais superiores.

Lobo pré-frontal: faz parte do neocórtex, mas só ficou completamente


desenvolvido há 40.000 anos. É onde está a sede da consciência, que permite
a capacidade de antever o futuro e as consequências das ações antes de
realizá-las. É por meio dessa parte do cérebro que o ser humano se torna
racional e se diferencia dos demais mamíferos superiores, como será
abordado.
Como motivar o cérebro reptiliano a aumentar a
saúde?

Para ter a melhor saúde física possível, e depois conquistar as demais dimensões
da saúde, é muito importante entender como o cérebro reptiliano coordena
todas as funções do corpo e tentar dar a ele as melhores condições para que
possa manter o corpo vivo, produtivo, e para recuperar a saúde perdida e
conquistar a melhor saúde possível.

O cérebro reptiliano determina quais órgãos ou sistemas precisam receber mais
sangue, alimentos e oxigênio em determinado momento e quais devem receber
menos sangue e nutrientes numa determinada situação. Ele também provoca o
sono e o despertar e coordena todo o processo de reparação dos danos, que
ocorre durante o sono.

Para compreender o funcionamento do cérebro reptiliano, que é totalmente
instintivo, vale entender que a sobrevivência está baseada em três aspectos
além da reprodução: comer, lutar e fugir. Significa dizer que essa parte do
cérebro entra em ação sempre que o corpo é ameaçado, seja por um predador
ou pela falta de comida. Ele funciona exatamente da mesma forma desde o
tempo em que os dinossauros precisavam coletar ou caçar sua comida (e isso não
era sem luta) e fugir dos predadores.

Assim, toda vez que nosso ancestral precisava correr, em altíssima velocidade,
para salvar a própria vida ou lutar para abater uma presa, e ficava esgotado,
muito ofegante, extremamente cansado, o cérebro reptiliano “entendia” que o
corpo chegara ao limite de sua capacidade e que era preciso trabalhar para
aumentar essa capacidade, a fim de que, na próxima vez em que fosse ameaçado,
o corpo estivesse um pouco melhor preparado, em força e em capacidade
cardiorrespiratória, para ter um desempenho melhor e melhores chances de
sobreviver. Aqueles que não se aperfeiçoavam não sobreviveram e não deixaram
descendentes. E foi assim que chegamos a esse organismo altamente
desenvolvido que temos hoje, mas do qual a grande maioria das pessoas não
chega a utilizar nem a metade de sua capacidade.

Para que o cérebro reptiliano determine a melhoria do funcionamento do corpo, é
preciso fazê-lo sentir essa necessidade de “lutar pela sobrevivência”, simulando
situações de esgotamento ou risco de morte. Vale lembrar que esse cérebro não
tem sentimentos (gostar ou não gostar) nem raciocínio (é ou não importante; essa
ameaça é verdadeira ou simulada), ele reage “sem pensar”, de forma instintiva, à
pretensa ameaça.

O cérebro reptiliano coordena todos os trabalhos para garantir a energia
necessária ao funcionamento do corpo e à realização das atividades, desde as
mais tranquilas às mais intensas. Sempre que a sobrevivência for ameaçada, ele
trabalhará no sentido de que os órgãos do corpo encarregados da preservação da
vida, naquele momento, tenham mais energia para vencer as agressões que se
sucederem.

Seu objetivo é determinar que todas as estruturas do corpo trabalhem pelo
aumento da capacidade e do fortalecimento daqueles órgãos responsáveis pela
sobrevivência e, com isso, repercutir na melhora das outras funções. Para isso, é
preciso provar ao cérebro reptiliano que é necessário aumentar a força muscular
e do coração, entre outras funções, pois isso é fundamental para a preservação
vida.

O cérebro reptiliano pode “melhorar o corpo”?

Sim! E isso equivale a dizer que essa parte mais primitiva do cérebro humano é a
única que pode desenvolver e aumentar os níveis de saúde física, tornando o
indivíduo mais forte e mais resistente.

Se a pessoa decide fazer exercícios para melhorar a capacidade cardíaca e
começa a fazer caminhadas de uma hora na esteira, o cérebro reptiliano entende
que essa caminhada é fundamental para a vida e promove a liberação de energia
e de nutrientes necessários para que o indivíduo a realize de forma eficaz. Ao
final da caminhada, o cérebro avalia o gasto energético, as repercussões e os
danos causados e, ainda, como está a capacidade de todos os órgãos e tecidos
envolvidos na execução daquela tarefa.

Uma das primeiras análises que o cérebro reptiliano fará é avaliar o desempenho
do sistema cardiovascular respiratório para a realização dessa atividade e
chegará à conclusão de que foi satisfatório. Mesmo depois de uma caminhada
de mais de uma hora, em nenhum momento o coração chegou ao seu limite,
e ainda teria capacidade cardíaca para caminhar muitas horas a mais “até
encontrar comida”. Logo, dentro do princípio da economia energética, o cérebro
reptiliano entende que não há necessidade alguma de aumentar a capacidade
cardíaca, o número de mitocôndrias para produzir ou de enviar mais energia para
melhorar o funcionamento cardiorrespiratório. Da mesma forma, ele entende que
os músculos da caminhada deram conta do recado e não precisam ser
melhorados, pois sobrou capacidade.

Por outro lado, se o indivíduo resolve correr em altíssima velocidade (por
exemplo, 18 km/h) durante apenas 30 segundos, ou até menos, a ponto de
terminar a corrida extremamente ofegante e com os batimentos cardíacos na
frequência máxima ou acima dela, o cérebro reptiliano entenderá que essa
corrida foi para salvar a vida (talvez fugindo de um leão) e que, se fosse
necessário correr por mais cinco segundos, não haveria condições físicas, e o
indivíduo estaria em perigo. Neste caso, ele recrutará imediatamente todas as
funções metabólicas do organismo para aumentar o mais rápido possível a
capacidade cardiorrespiratória, a circulação sanguínea e a capacidade dos
músculos para que, numa próxima situação como essa, o desempenho seja um
pouco melhor a fim de aumentar um pouco mais a capacidade de enfrentar os
perigos.

Sabemos que o corpo só gasta energia com o que é estritamente necessário.
Ele não produz nem gasta energia a mais, porque seria um desperdício. Para que
o cérebro reptiliano determine a produção de mais energia para o coração ou os
músculos, é preciso enviar mensagens a ele para avisá-lo que a energia gerada
não está sendo suficiente para realizar todas as atividades.

Se o indivíduo passa o dia deitado no sofá, o corpo vai gerar pouca energia para
isso. Porém, se a pessoa levanta do sofá, vai para a academia, corre em alta
velocidade na esteira e realiza exercícios de musculação com muito peso, chega
ao seu limite físico, ao esgotamento momentâneo, o cérebro reptiliano entende
que aquele corpo está lutando pela vida e precisa de mais energia, pois a energia
produzida não está sendo suficiente. Significa dizer que, ao realizar atividade
física de alta intensidade, estaremos gerando estímulos para que o cérebro
reptiliano torne esse corpo mais forte – para conseguir levantar mais peso –
e tenha maior capacidade cardiorrespiratória – para correr em maior
velocidade. Isso chama-se mecanismo hormético, como veremos mais adiante.

Por ter o funcionamento baseado no instinto, o cérebro reptiliano entende que
esse indivíduo, que simulou voluntariamente um esforço extremo para chegar
até seu limite físico, está em perigo, que sua vida está em risco, e trabalhará
para que, da próxima vez que precise lutar (fazer musculação) e fugir (correr
na esteira) ele tenha condições físicas um pouco melhores para “escapar com
vida”. Ele não diferencia esforços necessários para salvar a vida de esforços
simulados em academia.

Outro exemplo bem elucidativo, e que mostra o lado contrário, é quando alguém
sofre uma fratura e precisa imobilizar o braço por algum tempo: quando retira o
gesso, o braço está atrofiado. O que ocorre nessa situação? O cérebro reptiliano
entendeu que aquele braço, por estar completamente parado, sem realizar nenhum
movimento, não precisava receber a energia de antes e retirou dele quase todos os
nutrientes, mantendo o mínimo necessário, apenas para o braço não “morrer”, e
direciona os nutrientes para os órgãos que continuam trabalhando.

Atividades como a corrida e a musculação de alta intensidade são os recursos
fundamentais para motivar o cérebro reptiliano a trabalhar para a melhoria dos
músculos e do coração, e isso levará de forma automática à melhoria de todas as
demais estruturas do corpo, melhorando os níveis de saúde do organismo inteiro.

Além da musculação e da corrida, que geram força (massa muscular) e condição
cardiorrespiratória, outra forma de impactar o cérebro reptiliano é o jejum. O
jejum leva o cérebro reptiliano a entender que está faltando comida e a trabalhar
no sentido de otimizar o aproveitamento das reservas e de energia. Isso provoca
um aumento das capacidades do corpo, levando a um aumento dos níveis de
saúde para sobreviver a essa falta de alimentos, porque ele não tem como saber
que é uma falta de alimentos simulada. Para entender como isso funciona, é
preciso pensar em como funcionava a alimentação há milhões de anos, quando
só era possível comer eventualmente, se uma presa era caçada.

Havia os dias de “banquete”, quando caçavam um javali, por exemplo, e o corpo
armazenava energia sob forma de gordura (a única maneira de nosso corpo
armazenar para gastar quando não tiver alimento); e havia os dias de fome
(quando o organismo utilizava a gordura armazenada), até que um outro javali
fosse caçado. O cérebro reptiliano coordenava o armazenamento e a mobilização
de energia sob a forma de gordura.

Assim funcionará o cérebro nas situações de jejum: diante da falta de alimento, o
cérebro providenciará a mobilização de gordura dos depósitos para a produção
de energia, a fim de manter o corpo funcionando apesar da falta de nutrientes e
com capacidade para realizar suas tarefas, como sair para caçar por várias horas,
fugir de predadores e lutar contra inimigos sem ficar sem energia antes de
encontrar e caçar outro javali.

No capítulo quatro, vimos que chegar ao final do dia cansado significa que o
corpo não está produzindo energia em quantidade suficiente e a única estrutura
que produz energia nas células é a mitocôndria. Qualquer cansaço é um dos
principais sintomas de perda de saúde, de dissaúde. E esse distúrbio, o cansaço
ou falta de energia para as atividades, significa que há menos mitocôndrias do
que deveriam (estão faltando mitocôndrias nas células).










CAPÍTULO 13
As mitocôndrias são as principais
estruturas da saúde
O que são mitocôndrias?

As mitocôndrias são organelas presentes no interior das células animais, mais


especificamente no citoplasma, ou seja, fora do núcleo da célula. Elas são
responsáveis pela produção de energia e, por isso, são consideradas as usinas do
corpo. Praticamente todas as células têm mitocôndrias e, quanto mais a célula
necessitar de energia, mais mitocôndrias ela precisará.

Já vimos que a vida média das mitocôndrias é de dez dias e a todo momento elas
vão sendo substituídas, cerca de 10% a cada dia. Uma célula cardíaca, por
exemplo, tem, em média, 5.000 mitocôndrias e a cada dia deve substituir cerca
de 500.

Mas essa substituição não é automática. O cérebro reptiliano faz uma espécie de
avaliação em cada órgão para entender como foi a utilização das mitocôndrias. Se
o órgão teve as mitocôndrias subutilizadas, elas não serão todas substituídas, pois
não está precisando de todas elas.

Por outro lado, se determinado órgão ou tecido chegou ao esgotamento da
energia, como, por exemplo, o coração, batendo acima da frequência cardíaca
máxima, por estar realizando tarefas que estão utilizando todas as
mitocôndrias disponíveis, o cérebro reptiliano, interpretando que o indivíduo
está lutando pela vida, fará o máximo de esforço e gastará o que for
necessário em recursos metabólicos para aumentar o número de mitocôndrias
daquele órgão, a fim de disponibilizar maior quantidade de energia em outra
situação semelhante.

Relação entre cansaço e mitocôndrias
Qualquer cansaço é sinal de perda de saúde. Mesmo aquele cansaço em
consequência de um dia muito intenso de trabalho é considerado perda de saúde,
pois faltou energia.

Por exemplo: imagine um médico plantonista que trabalha num pronto-
atendimento movimentado das sete às dezenove horas sem parar, e sempre com
muita demanda de atenção. Se ele for saudável, chegará ao final do dia sem estar
cansado e ainda terá energia sobrando para realizar outras tarefas, como brincar
com os filhos ou netos, praticar esportes ou sair para dançar. Isso significa que o
organismo dele está produzindo toda a energia de que ele precisa.

O único cansaço que não representa perda de saúde é aquele que ocorre quando
realizamos uma tarefa excepcional e de muita intensidade. Se alguém é um
trabalhador administrativo, que trabalha sentado o dia todo e faz exercício de
alta intensidade, ele chegará ao final do dia sempre com energia sobrando. Mas
se ele resolve fazer uma reforma em sua casa no final de semana e passa o dia
carregando pedras, então é aceitável que essa tarefa provoque cansaço em
alguns músculos, porque ele não terá o corpo preparado para essa tarefa. Mas,
se ele estiver num nível alto de saúde e preparação física, deverá chegar ao
final da tarefa extraordinária sem esgotar toda a energia do corpo.

O cansaço em alguns músculos sobreutilizados em uma atividade intensa
eventual não significa perda de saúde. Porém, se esse indivíduo resolver
trabalhar na reforma da sua casa todos os finais de semana e chegar ao final do
dia sempre cansado, isso trará problemas sérios para a sua saúde. Ele deve,
então, preparar-se fisicamente para conseguir realizar essa tarefa e chegar ao
final do dia sem estar cansado nem sentindo dores.

Qualquer tipo de cansaço significa que faltou energia e, se faltou energia, é
porque não há mitocôndrias suficientes para produzir a energia necessária. A
questão é que o corpo humano não é como um automóvel, que quando falta
combustível para de rodar. O corpo humano foi preparado para continuar lutando
pela vida mesmo quando não estiver produzindo energia em quantidades
adequadas.

Para conseguir essa energia que está faltando, o organismo utiliza a que seria
utilizada em outros órgãos vitais, comprometendo o funcionamento desses
órgãos que não estão sendo utilizados na luta naquele momento, como cérebro,
fígado, intestino, pâncreas, rins e outros. O organismo só preserva os órgãos de
luta que são o coração, os músculos e as glândulas suprarrenais.

O pior, no entanto, não são apenas os danos causados pela diminuição da energia
aos órgãos vitais. Quando chegamos em casa cansados, com a capacidade de
energia esgotada, a consequência será a falta de energia para o organismo
promover a reparação de todas as células e órgãos agredidos durante o dia, o que
é feito durante o sono profundo.

A prova de que não houve energia para a reparação é acordar no dia seguinte
ainda cansado. Isso também é sinal de grave agressão ao corpo no dia anterior.
Não se pode aceitar cansaço que uma noite de sono adequado não resolva. Além
disso, se não aconteceu a reparação adequada, os danos começam a se acumular,
gerando um processo crescente de adoecimento e de envelhecimento precoce.

E o que se pode fazer para chegar ao final de um dia de muita atividade sem
estar cansado? A resposta é: produzir energia em quantidade de sobra. E como se
faz para ter capacidade de produzir muito mais energia do que é preciso? É
preciso aumentar o número de mitocôndrias, que é a única organela da célula
capaz de produzir ATP (energia).

Como estimular a produção de mitocôndrias
(mitocondrogênese)?

O corpo humano possui centenas de milhares de mitocôndrias em suas células.


Só a célula cardíaca tem, como já vimos, em média 5.000 mitocôndrias. Estima-
se que todas as mitocôndrias do corpo somariam em torno de 10% do peso
corporal total.

A ciência tradicional considera que, a partir dos 30 anos, o número de
mitocôndrias das células deve diminuir. Por isso a função mitocondrial é
utilizada como um dos indicadores de envelhecimento mais aceitos. E, mais uma
vez, a Ciência erra, porque ela utiliza a estatística para tirar conclusão.

Levando em conta as estatísticas, o número de mitocôndrias das pessoas em
geral começa a diminuir aos 30 anos e, à medida que os anos passam, cada vez
mais as células têm menos mitocôndrias, produzem menos energia e as pessoas
vão ficando mais cansadas. Essa é a crença baseada em estatísticas. Isso serve
para estudos sociológicos, não fisiológicos nem biológicos. Analisando
fisiologicamente, a situação é completamente diferente: o número de
mitocôndrias só diminui naqueles indivíduos que diminuíram a
necessidade delas, ou seja, naqueles que estão subutilizando as mitocôndrias, o
que acontece com a maioria da população.

E como fazer para aumentar o número de mitocôndrias, que chamamos de
mitocondrogênese? Como já sabemos, quem determina o enorme esforço e gasto
metabólico para aumentar o número de mitocôndrias é a parte do cérebro
chamada de cérebro reptiliano, que é a única parte responsável pela vida do
corpo humano. E para que ele determine esse aumento mitocondrial é preciso
“lhe provar” que estão faltando mitocôndrias para alguma tarefa de
sobrevivência momentânea, ou seja, que está faltando energia para terminar uma
tarefa. Ou, ainda, que está faltando capacidade cardíaca para bombear sangue em
volumes adequados para aquela tarefa.

Se durante todo o dia, o coração trabalhou com baixa atividade, nunca utilizando
a quantidade total de mitocôndrias, o cérebro reptiliano entenderá que há muitas
mitocôndrias para a necessidade e que poderia produzir menos nessa renovação.
Assim, na célula cardíaca, em vez de substituir 500 mitocôndrias, o cérebro
substituirá, digamos, apenas 450. Não vai gastar energia metabólica para
produzir mitocôndrias que não serão utilizadas. Por outro lado, se o coração
provar que está produzindo menos energia de que precisa, fazendo tarefas que
ultrapassem a frequência cardíaca máxima, mesmo que por poucos segundos, o
cérebro reptiliano providenciará o aumento desse número de mitocôndria para
produzir mais energia.

Um exemplo prático: o indivíduo foi para a academia, realizou um treinamento
intervalado de alta intensidade e elevou os seus batimentos cardíacos acima da
frequência cardíaca máxima, mesmo que só por 30 segundos. Seu cérebro vai
concluir que usou toda a quantidade de mitocôndrias disponível numa ação que
ele interpreta como luta pela sobrevivência. Logo, se está usando toda a sua
energia, é necessário aumentar o número de mitocôndrias para que tenha maior
capacidade de produzir energia para o próximo desafio. Ao substituir as 500
mitocôndrias que precisavam ser substituídas naquele dia, o cérebro reptiliano
fará o enorme sacrifício metabólico para criar novas mitocôndrias e poderá
produzir 550 mitocôndrias.

O mesmo mecanismo biológico ocorre nos músculos. Quanto mais um músculo
é utilizado, esgotando sua energia, mesmo que por pouco tempo, maior será o
estímulo para aumentar a fibra muscular e o número de mitocôndrias daquele
músculo, que chegou ao seu limite.

Porém, se no dia seguinte o mesmo indivíduo passou o dia sentado, sem realizar
nenhuma tarefa física que esgotasse sua capacidade muscular momentânea,
apenas recuperando-se do esforço do dia anterior, o cérebro reptiliano vai
concluir que o músculo está em condições adequadas e não precisa aumentar as
células musculares nem as mitocôndrias. Se o indivíduo ficar vários dias em
repouso, além do tempo necessário para a recuperação muscular (é o que
acontece com o atleta de final de semana ou com quem faz exercícios apenas
duas vezes por semana), o cérebro interpretará que não é mais necessário tanto
músculo e tantas mitocôndrias, e as substituirá em menor número.

A principal lei do organismo é economizar energia sempre que possível, pois não
se sabe quando precisará dela para sobreviver a uma agressão.

Esses números de aumento ou diminuição são empíricos porque não existem
trabalhos que detalhem esses dados. Na verdade, quase não existem trabalhos
falando em saúde mitocondrial quando comparados com os milhares de
trabalhos que falam de doença mitocondrial.

A maioria das pesquisas que aborda o assunto conclui que, se fizermos
exercícios de alta intensidade três vezes por semana, a função mitocondrial
tenderá a aumentar e o indivíduo produzirá mais energia, levando à conclusão de
que o estímulo intenso num dia produz mais mitocôndrias excedentes do que o
repouso exagerado no dia seguinte pode reduzir. Porém, a maioria dos
estudiosos defende a necessidade de fazer exercícios diários, nem todos com alta
intensidade, e no mínimo três vezes por semana.

Esse raciocínio sobre o que acontece em relação aos músculos, que pode ser
comprovado por uma simples avaliação de bioimpedância, também pode ser
utilizado para o aumento de mitocôndrias. Não há necessidade de fazer exercícios
levando ao esgotamento cardíaco todos os dias. Na verdade, nem é indicado que
esse tipo de exercício seja realizado todos os dias, pois podem levar ao
overtraining (sobretreinamento).

O importante é que os períodos de repouso sejam adequados para a necessária
recuperação, mas não exagerados. Por isso, é fundamental o desenvolvimento da
consciência corporal, que possibilita ao indivíduo entender se o organismo e os
músculos já se recuperaram da agressão que sofreram na última vez que foram
utilizados até o seu limite. No caso da musculação, além de observar se o corpo
já está em condições de fazer novo exercício, é preciso treinar outros músculos
que não foram utilizados.

Como se dá a função mitocondrial nos outros órgãos?

Alguém pode estar pensando: “Eu sou um intelectual, não preciso ter energia nos
músculos nem no coração, pois nunca corro na vida nem faço força. Eu só
preciso ter energia no cérebro”.

Até pode soar estranho, mas é somente por meio de exercícios físicos que se
pode aumentar o número de mitocôndrias responsáveis pelo funcionamento do
cérebro e de todos os demais órgãos. Sim, o cérebro reptiliano aumenta ou
diminui as mitocôndrias de todos os órgãos, inclusive do cérebro,
proporcionalmente às mitocôndrias renovadas no coração e nos músculos.

Todos queremos ter muita energia sobrando no cérebro, e a única maneira de
aumentar as mitocôndrias nas células neurológicas é realizando exercícios que
aumentem o número de mitocôndrias no coração e nos músculos. Quanto mais
aumenta o número de mitocôndrias do coração e dos músculos, mais o cérebro
reptiliano aumentará esse número nas células neurológicas e nas células de todos
os outros órgãos do corpo.

Para ter o cérebro funcionando a plenos vapores, não adianta, portanto, fazer
palavras cruzadas ou aprender uma nova língua. Essas atividades só aumentam
as sinapses nervosas, o que não deixa de ser muito importante. Mas a única
maneira de aumentar as mitocôndrias cerebrais e propiciar muita energia
cerebral são os exercícios que elevam os batimentos cardíacos e os que levam ao
cansaço muscular, e a prática do jejum.

Todos os órgãos do corpo que, obviamente, precisam de muita energia, só
conseguem aumentar as mitocôndrias pela prática de exercícios, que, quanto
mais intensos forem, maior será o poder para a realização da biogênese
mitocondrial no resto do organismo.

Para ter energia sobrando e todos os órgãos funcionando da melhor maneira
possível, é necessário ter mitocôndrias em excesso em todas as células. Para
criar esse aumento de mitocôndrias, é preciso fazer exercícios com a mais alta
intensidade possível, levando ao esgotamento do coração e dos músculos.

Como ficam as pessoas que estão sedentárias há muito
tempo ou aquelas que têm limitações?
É importante retomar uma informação fundamental: é grave chegar cansado ao
final do dia, pois é um sinal de que está faltando energia, e isso significa perda
de saúde.

Se a pessoa não tem energia necessária para as tarefas cotidianas realizadas
durante o dia, certamente faltará energia para as tarefas de reparação e
regeneração dos danos ocorridos nas células, tecidos e órgãos, que são realizadas
pelo organismo durante o sono, e faltará também energia para as tarefas
intelectuais.

Vale lembrar que, se os danos não forem reparados, se acumulararão, e isso
levará à doença do órgão que estiver mais vulnerável, podendo levar a outras
doenças mais graves e ao envelhecimento precoce, inclusive do cérebro.

Assim, mesmo o indivíduo muito sedentário, ou aquele debilitado por alguma
doença ou limitação, deverá começar a realizar atividades físicas se quiser gerar
energia para todos os órgãos do corpo, inclusive para o cérebro. Mas é
fundamental que faça o exercício com a máxima consciência corporal, para
entender a intensidade que seu corpo tem condições de suportar nesse momento.
É importante sempre começar bem abaixo do seu limite para treinar essa
consciência corporal e aprender a reconhecer os sinais que o corpo emite a todos
os instantes.

É certo que, quanto mais alta for a intensidade do exercício, maior será o
estímulo para aumentar o número de mitocôndrias, mas, ainda mais importante
que a intensidade, é a regularidade. Por meio de exercícios regulares, é
possível aumentar, gradativamente, a intensidade, de acordo com as
possibilidades de cada pessoa, e, assim, será possível aumentar a energia do
corpo e, em última análise, aumentar os níveis de saúde.

Sem dúvida, é preciso se dedicar, dentro das limitações, é claro, a fazer
exercícios cada vez mais intensos para estimular o aumento de mitocôndrias do
coração e dos músculos e, assim, aumentar as mitocôndrias de todos os órgãos e
tecidos do corpo. A maneira mais prática de avaliar a intensidade do exercício é
prestar atenção na ofegância. É preciso ficar ofegante em algum grau. Quanto
mais ofegante ficar, maior será o estímulo para o aumento de mitocôndrias. O
fundamental é partir da condição que se tem e ir melhorando gradativamente até
conseguir fazer exercício de alta intensidade, ainda que leve um tempo longo até
chegar ao ideal.

Todas as pessoas tendem a perder capacidade física a partir dos 30 anos,
independentemente da genética ou das condições biológicas desenvolvidas ao
longo da vida. O ritmo da perda é natural e individual, mas a perda é inevitável e
responde a uma lei biológica comum a todos os animais.

Há pessoas que perdem muita capacidade e saúde em pouco tempo; há outras
que lançam mão de alguns recursos – fazer exercícios, melhorar a alimentação,
deitar mais cedo, tomar algum suplemento – e conseguem reduzir essas perdas,
torná-las mais lentas. Mas é possível o ser humano contrariar esse princípio
biológico e, de uma forma antinatural, conseguir não só bloquear a perda de
saúde como até reverter o processo e recuperar a saúde perdida, podendo
continuar a melhora da sua saúde ao ponto de conquistar a melhor saúde de sua
vida e ir em busca da saúde 100% e da supersaúde.

Embora a imensa maioria das pessoas aceite o declínio da saúde e o surgimento das
doenças como parte natural da vida, a Ciência já comprovou que o corpo tem
condições de recuperar toda a saúde perdida e de desenvolver mais saúde: isso se dá
por meio da hormese, e sempre em resposta a uma proposta consciente, voluntária e
racional, nunca de forma instintiva.










CAPÍTULO 14
A utilização da hormese para
conquistar o melhor nível de saúde da
vida
O que é a hormese?

É um mecanismo biológico, coordenado pelo cérebro reptiliano, que consegue


promover a reparação dos danos causados ao organismo de maneira a deixá-lo
num nível de saúde melhor do que estava antes de sofrer os danos.

A hormese é um processo melhor e mais eficiente que a homeostasia. Ambas são
coordenadas pelo cérebro reptiliano, mas, enquanto a homeostasia eficiente
consegue apenas reparar todos os danos sofridos pelo organismo, que volta à
situação que tinha antes de sofrê-los, a hormese é um processo que faz mais do que
apenas a reparação, ela leva o organismo a uma situação melhor do que estava
antes de sofrer os danos.

Imagine um indivíduo que tenha uma saúde de 60%. Durante um dia, ele sofre
várias agressões e sua saúde cai para 55%. Se ele sofrer uma homeostasia
eficiente durante o sono, no dia seguinte ele acordará com a saúde novamente
em 60%. Mas se, durante o dia anterior, ele realizar algumas agressões
voluntárias adequadas, ele pode desencadear o processo hormético. Dessa
maneira, ele diminui a saúde no dia anterior de 60 para 53% mas, ao realizar a
hormese, acordará no dia seguinte com uma saúde de 61%. Mesmo perdendo
mais saúde (7%), ele consegue recuperar os 7% perdidos e ganhar mais 1% de
saúde que não tinha. Esse processo não é encontrado na natureza em nenhum
outro animal, por isso é considerado antinatural. E só é encontrado no ser
humano racional, que é capaz de desencadear as agressões horméticas de forma
voluntária e desejada para conquistar esse ganho de saúde. Ela nunca acontece
num ser humano que não usa a razão para realizar voluntariamente essa
agressão.

A hormese é capaz, portanto, de reparar as agressões sofridas não só ao ponto de o
corpo retornar à situação anterior, como faz a homeostasia, mas tornando o
organismo melhor do que estava antes das agressões e possibilitando que ele
suporte um nível maior de agressão na próxima crise. É o único mecanismo
biológico capaz de aumentar a saúde e provocar o rejuvenescimento, que, longe
de ser uma sensação subjetiva, pode ser medido pelo aumento dos telômeros, do
número de mitocôndrias, da melhoria do perfil hormonal e da melhoria de outras
funções que caracterizam um indivíduo mais jovem e mais saudável.

Porém, como já foi referido, a hormese é um mecanismo artificial; não é
encontrada na natureza e não ocorre no reino animal irracional. Ela só pode
ocorrer no ser humano, mas apenas quando ele a provoca de forma racional,
consciente e voluntária. Não acontece sozinha, involuntariamente, no piloto
automático.

O indivíduo inconsciente, aquele que não desenvolveu a capacidade de pensar
antes de agir para planejar suas ações, em função dos objetivos que quer
conquistar, nunca desencadeará o mecanismo hormético para melhoria da sua
saúde.

Porém, vale alertar que essa agressão voluntária, com objetivo de estimular a
hormese, tem que ser alta, mas não pode ser exageradamente alta. É importante
entender que existe um limite de agressão, que o indivíduo tem que aprender a
respeitar. Ele aprende qual é esse limite pelo desenvolvimento da consciência
corporal.

Se a agressão for muita alta, ultrapassando o limite, o corpo entrará em
sofrimento intenso, o mecanismo de hormese não será desencadeado, e a
recuperação de saúde deixará o corpo numa situação pior do que estava antes,
pois comprometerá também a capacidade homeostática. É o que acontece na
situação conhecida como overtraining (sobretreinamento), quando um indivíduo
faz um treino de musculação que ultrapassa sua capacidade física e, em vez de
ganhar saúde, no dia seguinte ele encontra-se pior do que se não tivesse treinado.
Para entender quais são esses limites é preciso desenvolver a consciência
corporal. E, para isso, é fundamental focar a atenção às respostas do nosso corpo
durante realização da agressão voluntária.

Então, reforçando: se a agressão for menor do que o limite, o organismo
realizará a homeostasia e conseguirá recuperar, no máximo, a saúde que tinha
antes da agressão; se ela for muito grande, atingindo o limite suportável, sem
ultrapassar o limite de sua capacidade física, desencadeará a hormese e o
organismo terá mais saúde do que tinha. Porém, se ela for demasiada, que
chegue a ultrapassar os limites físicos do corpo, o indivíduo perde saúde e ficará
num nível pior do que se não tivesse feito exercício.

Recursos horméticos para aumentar a saúde

Os três principais recursos horméticos são a musculação, a corrida e o jejum, e
é importante entender como o cérebro reptiliano responde a esses três recursos
para torná-los horméticos.

Quando a musculação é realizada com pouco peso, abaixo da capacidade
muscular, o cérebro reptiliano entende que o músculo está “dando conta do
recado”, logo, não precisa aumentar nem as fibras musculares nem a
quantidade de mitocôndrias. Porém, quando a musculação é realizada com alta
intensidade, chegando-se ao esgotamento do músculo, que é chamado de falha
muscular, o cérebro reptiliano entende que o músculo não completou a sua
tarefa, que falhou antes de terminar. Ele acredita que aquele esforço seria para
conseguir comida e, se a tarefa não foi concluída, faltará comida. É o momento
em que o cérebro precisa mobilizar todos os recursos que forem possíveis para
aumentar as mitocôndrias e a capacidade desse músculo, para torná-lo mais
competente na próxima “tarefa para conseguir comida”.

Mas atenção: somente o músculo trabalhado sofre os benefícios da hormese. Por
isso, devemos fazer exercícios que levem à falha muscular de vários músculos
no mesmo dia, e com todos os grupos musculares durante a semana.

Na corrida ocorre a mesma coisa. Se ela for de baixa intensidade, o cérebro
reptiliano entende que os aparelhos cardiovascular e respiratório estão “dando
conta do recado”. Por outro lado, se a corrida for de alta intensidade, levando os
batimentos cardíacos acima da frequência cardíaca máxima e deixando a
respiração exageradamente ofegante, mesmo que por pouco tempo, o cérebro
reptiliano entende que “não estão dando conta do recado” e isso se torna um risco
de sobrevivência.

O cérebro imagina que o indivíduo está fugindo de um predador e que, se tivesse
de correr mais alguns segundos, seria pego pela fera. Por isso, ele fará o esforço
que for possível para aumentar essa capacidade, a fim de que, numa próxima
situação, o aparelho cardiovascular seja um pouco mais eficiente.

O mais difícil, porém, não é realizar esse esforço grande e aceitar a dose de
sacrifício elevada para gerar o efeito hormético, pois é muito motivador
aumentar cada vez mais os esforços e as agressões quando se tem consciência
dos benefícios. O difícil é reconhecer o limite máximo do corpo e saber o
momento de parar para não agredir demais e perder saúde ao invés de aumentá-
la.

O indivíduo que não estiver completamente atento às reações do organismo pode
não se dar conta quando o corpo avisa que está esgotando a sua capacidade
física. Já vimos que, se o limite for ultrapassado, o nível de agressão extrapola a
capacidade de reparação e, em vez de aumentar a saúde, haverá uma perda.
Quanto mais alto for o estímulo, maior será a chance de desenvolver a hormese,
mas é fundamental não ultrapassar o limite máximo, é preciso aprender a “escutar
o corpo”.

Estimular o corpo até o limite máximo exige um grande sacrifício físico e
mental, que pode ser extremamente desagradável e até doloroso no momento do
esforço; mas, imediatamente após o término do esforço, há uma enorme
sensação de bem-estar e euforia, causada pela liberação de mais de cinco
neurotransmissores (“moléculas de felicidade” que provocam prazer) liberados
pelo cérebro. Quanto mais intenso for o exercício, mais neurotransmissores são
liberados, mesmo que o organismo entre em overtraining (é isso que faz as
pessoas realizarem maratonas e ultramaratonas desgastantes e prejudiciais).

Ainda é muito pequeno o número de pessoas que têm um nível de raciocínio
desenvolvido a ponto de realizar esse esforço elevado, entrando conscientemente
no nível de “sacrifício”. Essas pessoas entendem que, embora o esforço seja
grande, o resultado trará satisfação emocional e física: logo após o exercício, em
curto prazo, alguma pequena melhoria nos níveis de saúde terá ocorrido em seu
organismo.

E como entender qual é o limite máximo? Só existe uma maneira: pelo método de
tentativa e erro. Para desenvolver a consciência corporal e entender as mensagens do
organismo, é fundamental estar permanentemente atento às “informações” que o
corpo envia a cada momento e aprender a interpretá-las. Mesmo quem já trabalha
essa consciência e faz exercícios intensos há muitos anos, por vezes pode ultrapassar
o limite e se dar conta tarde demais, quando surgem as dores ou o cansaço excessivo.
Nesse caso, para conseguir recuperar totalmente a capacidade física e poder voltar a
fazer exercícios, serão necessários alguns dias sem academia.

O terceiro mecanismo hormético é o jejum e é fácil compreender como funciona:
o cérebro reptiliano entende que está faltando comida e, a partir desse
entendimento, ele promove uma adaptação de todo o organismo, otimizando o
metabolismo basal para que o corpo necessite menos energia sem perder as
capacidades de continuar procurando alimento, de lutar e de fugir dos agressores.
Essa otimização do funcionamento do organismo, que acontece durante o jejum,
mantém-se mesmo depois que o indivíduo terminá-lo. O corpo ficou mais forte e
eficiente (hormese) do que antes de sofrer a “agressão de falta de comida”.

O que diferencia o ser humano dos outros animais? Sim, é a razão, a
racionalidade. Seres humanos são animais racionais, diferentes de todos os
outros animais. Isso é o que está nos livros, o que revelam as pesquisas, o que se
aprende na escola desde muito cedo. Mas será que os seres humanos são o tempo
todo racionais?

Em primeiro lugar, é importante entender o que é ser racional. A resposta é
relativamente simples: é usar o cérebro de forma a acessar a razão.
Cientificamente, significa usar o lobo frontal, parte mais evoluída do cérebro,
no qual se encontra a sede da consciência, que é onde se desenvolve a
capacidade de analisar as consequências antes de realizar as ações.

Sempre que o indivíduo analisa as consequências de uma ação antes de
realizá-la, está usando o lobo frontal, ou seja, está acessando a parte mais
evoluída do seu cérebro para tomar a decisão mais acertada.

No caso da saúde, ao usar sua capacidade racional, a pessoa tomará a decisão de
não comer um doce, por exemplo, mesmo que goste muito de doces, porque sabe
que aquele simples prazer levará ao aumento da insulina. Esse aumento da
insulina causará aumento da inflamação crônica, que vai piorar todos os
problemas de saúde que a pessoa tenha. Ou, por outro lado, pode até decidir que
comerá o doce mesmo depois de avaliar as consequências, mas aceitando e
responsabilizando-se pela atitude tomada. Nas duas situações, a razão foi
acionada.

Por outro lado, essa mesma pessoa poderá simplesmente deixar-se levar pelo
impulso e pelo desejo, pela salivação diante de um alimento desejado, não
parando para pensar nas consequências que essa ação trará à sua saúde. Poderá,
inclusive, e isso é bem comum que aconteça, exagerar na quantidade. Aqui, não
há racionalidade, o impulso e o desejo falam mais alto: vale o prazer
momentâneo.

Fazer algo apenas porque gosta ou não fazer algo que deveria por não gostar é
usar o cérebro límbico, que é um cérebro muito primitivo. Enquanto o lobo
frontal existe há apenas 40 mil anos, o cérebro límbico existe há 60 milhões de
anos.

Existe uma relação importante entre racionalidade e saúde, porque somente o
ser humano racional conseguirá realizar tarefas inicialmente desagradáveis para
estimular a hormese e aumentar a saúde e deixar de realizar outras agradáveis
para não causar agressões e danos ao organismo. Esse ser humano acionará sua
racionalidade e não só entenderá a importância da utilização dos recursos para a
melhoria da saúde, como aplicará esses recursos em sua vida diária. Isso levará,
gradativamente, o indivíduo a recuperar a saúde perdida, diminuindo os
indicadores de doença e aumentando os indicadores de saúde. E, aos poucos,
conquistará a melhor saúde de sua vida para poder ir em busca da saúde 100% e
da supersaúde.

Só pode ser considerado racional o ser humano que usa o lobo frontal para
analisar as consequências das ações antes de realizá-las, e somente com o uso
da racionalidade poderemos decidir fazer um esforço muito intenso para
desencadear o processo hormético de aumentar a saúde.

O animal irracional e o ser humano que não utiliza o lobo frontal não conseguem
adotar condutas para aumentar a saúde, pois, como não usam a razão, eles não
encontram lógica nas ações para a saúde, não veem sentido em frequentar uma
academia e “puxar ferro” durante uma hora. O ser humano irracional segue a
“manada” e só faz o que os outros fazem. E a “manada” é composta pelas
pessoas que adotam o prazer e o consumo como estilo de vida. Infelizmente, são
a maioria. Sugestionada pelo marketing, no qual as indústrias investem milhões
a fim de que os consumidores não sejam racionais; a “manada” age por
impulso, baseada no desejo, no cérebro primitivo, sem medir as consequências
dessas ações em relação a algo que deveria lhes ser precioso: a sua saúde.

Um exemplo interessante do comportamento “hipnotizado” é a ida ao
supermercado. Normalmente se vai ao supermercado para comprar os
suprimentos que faltam em casa, mas, em vez de comprar apenas os itens da
lista, as pessoas acabam enchendo o carrinho de muitos produtos desnecessários
– a maioria deles prejudiciais à saúde – porque são levadas a comprar pela
embalagem, pela propaganda da televisão, pela forma como os produtos estão
expostos, ao alcance dos olhos e das mãos. Nessa situação, a irracionalidade
prevalece.








CAPÍTULO 15
O ser humano: animal racional ou
irracional?






Como o cérebro funciona?

O cérebro reptiliano, como já foi abordado anteriormente, é responsável pelos
impulsos e instintos e guarda a mesma função que tinha nos répteis, que viveram
há 200 milhões de anos: a manutenção da vida e a perpetuação da espécie. Essa é
a parte do cérebro que será acionada toda vez que o corpo sofrer uma agressão
ou estiver em perigo.

O cérebro reptiliano é, portanto, o único responsável pela preservação da vida. O
ser humano não precisa mais fugir de feras ou caçar para sobreviver, mas o
cérebro reptiliano segue tendo a mesma função de assegurar a sobrevivência. Ele
entrará em ação toda vez que o corpo for desafiado a realizar uma atividade que
exija muita força ou grande capacidade cardiorrespiratória, não importando se é
uma situação real ou uma simulação.

O cérebro límbico, encontrado nos mamíferos superiores há 60 milhões de
anos, é responsável pelo espírito de grupo, suprimindo o espírito egoísta e
permitindo que se pense no coletivo. Um leão que abate uma caça e a divide com
seu grupo está acessando o cérebro límbico. Mas ali estão também os sentimentos
e as emoções que, muitas vezes, levam as pessoas a decisões baseadas no gostar
ou não gostar, nas atrações e repulsões, buscando, essencialmente, o conforto e o
prazer.

O cérebro chamado neocórtex, encontrado a partir do homo habilis há um
milhão de anos, é onde se desenvolveram as habilidades, onde são gerados os
pensamentos e guardadas as memórias. É onde se encontra a capacidade criativa,
tornando o ser humano capaz de criar objetos que possam facilitar a sua vida: os
primeiros utensílios, da Idade da Pedra Lascada, criados pelos ancestrais, revelam
a atividade do neocórtex.

Entretanto, as capacidades geradas pelo cérebro reptiliano, pelo cérebro límbico
e pelo neocórtex não revelam a racionalidade. Nem mesmo o neocórtex, ligado
aos pensamentos, garante a atitude racional. Mesmo uma mente “pensante” não
será, necessariamente, racional. É possível pensar sobre algo do passado, sobre o
que se quer fazer no futuro, sem que isso esteja ligado à ideia de consequência e
de planejamento que a racionalidade traz.

As capacidades de julgamento, de planejamento, de visão de futuro, de
imaginação, a seleção e a criação de estratégias e a capacidade de monitorar
o futuro desenvolvem-se na parte mais evoluída do neocórtex, que se localiza
no lobo frontal. É lá que estão a motivação e a vontade. É no lobo frontal,
encontrado no homo sapiens há 40 mil anos, que está o centro da
racionalidade. É nele que se encontra a sede da consciência. Significa dizer,
portanto, que, biologicamente, os seres humanos estão “equipados” com a
capacidade de racionalizar suas ações, mas ela não é automática, precisa ser
despertada e desenvolvida, o que, infelizmente, é realizado apenas pela minoria
e, mesmo assim, de forma eventual.
É possível desenvolver a racionalidade?
Como fazer? O que é necessário fazer para ser efetivamente racional?

Sim, é possível ser cada vez mais racional. Para isso, é fundamental abandonar
as ações instintivas, baseadas no desejo, para buscar as ações que são fruto da
escolha consciente. Isso será possível por meio do controle da mente, e esse
controle poderá ser alcançado pela prática da mente atenta – mindfullness – e
pela meditação.

Utilizando esses recursos, é possível “treinar-se para a racionalidade” na
maioria das decisões e das ações, buscando chegar à racionalidade em todos os
momentos da vida, desde as escolhas mais fundamentais até as ações mais
diferenciadas. Ou seja, ser racional é usar a capacidade de fazer escolhas
prevendo as consequências.

É preciso aprender a pensar antes de agir, a perguntar-se o que essa ação poderá
causar e se o resultado será positivo para o corpo, para a vida e para a própria
evolução ou se causará algum prejuízo; e poder pensar se aceita ter esse prejuízo
e o que terá que fazer para compensá-lo. Tudo isso antes de agir. Isso é o que faz
um ser humano racional.

Na natureza, todo o animal irracional obedece à lei natural que determina sua
qualidade de vida: nasce, cresce, atinge a maturidade reprodutiva, envelhece e
morre. O ser humano irracional não é diferente disso.

No entanto, se usar a razão, o ser humano poderá impedir ações danosas ao
corpo e bloquear ou até reverter o envelhecimento, conquistando uma vida com
saúde em todas as suas dimensões, e escolher ações para melhorar cada vez mais
essa saúde. Somente dessa forma é possível evoluir e, consequentemente,
transcender o nível de ser humano, desenvolvendo novas capacidades que
levarão à transformação do mundo para melhor, que é a tarefa de todos nós.

Para a Medicina da Saúde, todas as doenças têm cura. Não importa o nome e a
gravidade da doença, todas as mais de 100 mil doenças que existem no mundo
têm cura. Algumas serão mais fáceis de curar, outras serão difíceis e outras serão
extremamente difíceis. O certo é que nenhuma delas será curada por meio de
tratamento terapêutico, não importa a linha seguida. A cura só será alcançada
com a recuperação e a conquista de mais saúde e não com tratamentos.










CAPÍTULO 16
O aumento da saúde e a cura das
doenças
Manifestação da doença

A doença nada mais é que a externalização da perda de saúde. Quando o


organismo perde saúde, todas as células do corpo também perdem, algumas
mais, outras menos, e o organismo começa a apresentar sinais e sintomas dessa
perda. Alguns órgãos manifestam mais e outros menos. Quando alguém
apresenta um conjunto de sinais e de sintomas mais intenso em algum órgão, a
Medicina Tradicional chama de doença e coloca um nome (rótulo). Essa
chamada doença não passa de um sinal de perda de saúde mais intensa que é
exteriorizado pelo órgão, embora todos os outros órgãos também estejam
perdendo saúde, ainda que com menos intensidade.

Um indivíduo com saúde 100% não irá referir nenhum problema, não terá dores,
enjoos, tosse, nada, nenhum sintoma. Mas, se ele começa a perder saúde, todos
os 10 trilhões de células do corpo perderão também alguma saúde, ainda que em
intensidades diferentes em cada órgão. Se o indivíduo perder 40% da saúde,
todas as células do corpo perderão, em média, 40% de saúde, mas as células
perderão saúde de maneiras diferentes. Algumas perderão 10%, outras perderão
70%.

Essa diferenciação depende da genética, da epigenética e da história pregressa do
indivíduo. Quanto mais saúde for perdida, mais sinais e sintomas dessa perda se
manifestarão no organismo e em algum órgão mais sensível desse indivíduo. Essa
manifestação, quando é verificada pelo médico de doença, este lhe dá um nome,
que serve para comparar com outros pacientes que também exteriorizam um quadro
clínico parecido.

A ação da Medicina da Doença
A Medicina da Doença – representada pelos médicos em sua esmagadora
maioria – colocará o foco apenas na doença, apenas nos sintomas manifestados,
e proporá algum tipo de tratamento para essa exteriorização localizada, sem
atentar-se que ela é apenas a parte mais visível a revelar que todo o organismo
está sofrendo a perda de saúde.

Nenhum tratamento, seja alopático ou holístico (integrativo), conseguirá
eliminar os sinais e os sintomas da manifestação da doença, já que eles não
atuam na causa primária, que é a perda da saúde de todas as células do
organismo. Eles têm o foco apenas em diminuir a manifestação dos sinais e
dos sintomas do órgão em que estão mais evidentes, ou seja, na expressão da
doença.

Claro que o tratamento também é importante, pois, sem ele, a evolução da doença
seria muito mais acelerada, mas eles nunca conseguirão levar à cura. A única
maneira de curar é atacar a causa dessa manifestação exteriorizada, que é a perda da
saúde de todo o organismo. Logo, o princípio fundamental da cura é recuperar a
saúde perdida de todo o organismo.

O diagnóstico da doença e a indicação de tratamentos cada vez mais sofisticados
e caros estarão no centro do pensamento e das ações do médico, e não a
recuperação da saúde. Dessa forma, com a atenção – do médico e do paciente –
voltada para a doença, torna-se muito difícil – ou até impossível – chegar à cura.
O máximo que a Medicina da Doença conseguirá fazer é permitir que o
indivíduo diminua os sintomas e estenda a vida, mas manterá a ideia de que será
necessário tomar remédios por um longo período, ou até mesmo para sempre.
Toda a energia do paciente é dirigida ao tratamento e não à cura. Sua mente
e seu corpo trabalharão com foco na doença para que o tratamento funcione, não
há foco nem esforço para ganhar saúde.

A doença seguirá, portanto, fazendo parte da vida do indivíduo, e seu corpo e
sua mente se adaptarão às deficiências crescentes sem haver questionamentos.
Isso é consequência de viver numa sociedade focada na doença, na cultura da
doença. Somos programados para acreditar que “adoecer” faz parte da vida e
que não há como escapar. E há toda uma economia focada na doença, na qual
são gastos bilhões para manter e aprofundar essa cultura. A cada ano que passa,
mais a economia da doença expande-se e mais recursos são gastos no tratamento
das doenças. Os Estados Unidos já gastam 20% do PIB em doenças.

A ação da Medicina da Saúde

A Medicina da Saúde, ao contrário, vai focar toda a sua atenção e sua atuação
em recuperar, gradativamente, as perdas de saúde. Entendendo que a doença
é a externalização da perda de saúde causada pelos danos sofridos pelo corpo, e
não reparados adequadamente, o médico da saúde vai orientar o indivíduo no
sentido de recuperar a saúde perdida para que alcance a cura das doenças.

Não existe tratamento, remédios ou terapias para a recuperação da saúde
perdida; a única maneira para diminuir e eliminar a doença é aplicar recursos
de aumento da saúde. Por isso, é fundamental que o indivíduo deixe de ser o
paciente e se torne o único agente de melhoria da própria saúde. A única regra a
ser seguida, como já vimos, é aplicar o máximo dos recursos de saúde
possíveis e aplicar cada um dos recursos da melhor maneira possível.

O termo possível é para que o indivíduo entenda que ele deve fazer o que for
possível, de acordo com as suas condições psicoemocionais e suas limitações,
sejam elas financeiras, familiares, profissionais ou sociais. Se quiser fazer mais do
que pode, entrará em estresse, e isso piora a saúde.

É claro que aqueles que conseguem aplicar mais recursos, e de maneira mais
intensa, terão resultados melhores do que os outros. E existem centenas de
recursos para melhoria da saúde. Eu utilizo os principais 40 recursos nos meus
programas de saúde e considero os 13 apresentados no capítulo nove como
obrigatórios, porque geram muito mais resultados do que outros. São eles, como
vimos: consciência, musculação, treino intervalado e corrida aeróbica, sono,
meditação, mindfulness, alimentação saudável, jejum e jejum intermitente,
suplementação e contato com o Sol (vitamina D), evitar produtos químicos, ter
contato com a natureza e estudar e pesquisar constantemente.

O agente de saúde (o próprio paciente) pode apenas gerenciar a aplicação dos
recursos, mas é o seu organismo que determinará os resultados. O grande erro das
pessoas é criar expectativas exageradas de resultados só por que fez muitos
esforços ou por que uma outra pessoa teve aquele resultado. Cada organismo reage
de maneira individual, dependendo de dezenas de fatores intrínsecos (genética,
epigenética, tempo de doença, intensidade da perda de saúde, nível de estresse não
percebido e outros).

Ao aplicar os recursos da melhor forma possível, colocando em cada ação o maior
esforço que puder colocar, o organismo responde com aumento de saúde, dentro
das suas condições e possibilidades, e não de acordo com a expectativa do
indivíduo. Mas é certo que as pessoas conquistarão cada vez mais saúde: todas as
células, os órgãos, os tecidos e os sistemas de seu corpo vão se tornando
saudáveis e começam a funcionar com uma capacidade cada vez maior. A cura da
doença, ou das doenças, será a consequência do aumento da saúde de todo o
corpo.

Alguém que tem uma pequena perda de saúde, aliada a uma grande capacidade
física, poderá praticar recursos como a musculação e a corrida intervalada de
forma muito intensa, ao passo que o indivíduo que tem grande perda de saúde
vai praticá-los de acordo com a sua capacidade limitada, tendo em mente que
será muito importante alcançar os resultados de forma gradativa, impondo-se
pequenos desafios progressivos para alcançar os melhores resultados.

Mecanismo de autocura

O corpo humano está programado para recuperar a saúde perdida (curar-se), ele
só precisa ter as condições necessárias para cumprir sua função. Cada célula viva
em um corpo organizado é dotada de um instinto de autopreservação. Em outras
palavras, o fluxo geral de energias vitais sempre caminha na direção da
saúde. O corpo luta o tempo todo para ser saudável e recuperar a saúde. Vale
lembrar o que acontece quando ocorre um ferimento na pele: basta protegê-lo
que, em alguns dias, estará curado sem nenhum tratamento.

Esse conceito não é novo. Hipócrates, o Pai da Medicina, já dizia, há mais de
2.500 anos: “Todo o organismo possui a capacidade natural de se curar, só
precisa ter as condições adequadas para isso”.

É isso que propõe a Medicina da Saúde, melhorar gradativamente as condições
do corpo por meio da aplicação dos recursos de desenvolvimento da saúde.

A curva natural da perda da capacidade física, que se inicia aos 30 anos,
diminui gradativamente a capacidade de funcionamento dos órgãos, mas não é
promotora de doença; estas ocorrem devido aos danos infligidos ao corpo
tornarem-se maiores do que a capacidade homeostática de reparação. E se as
agressões tornam-se constantes – vida sedentária, alimentação inadequada, alto
nível de estresse – ao longo da vida, o fluxo de energias de cura é impedido ou
obstruído, e passa a falhar, porque não encontra as condições necessárias ao seu
funcionamento.

Os sintomas e as doenças são a manifestação dos esforços do organismo na
direção da autocura e têm a função de lembrar que é preciso dar condições para
o corpo se curar, seja em relação a doenças mais comuns e até mesmo àquelas
mais graves.

Quando o indivíduo fica gripado, por exemplo, é fundamental que ele dê ao
organismo as condições para que possa trabalhar no sentido da cura. Se a pessoa
segue trabalhando, não faz repouso, não procura se alimentar de forma adequada
nem toma bastante líquido, essa gripe poderá ficar mais grave e até levar a outras
complicações, como a pneumonia. Para que o corpo possa trabalhar no
sentido da cura, é fundamental ter uma consciência corporal capaz de
entender a comunicação do corpo e dar a ele as condições para isso.

O fluxo geral de energias da vida atua na direção da saúde. O organismo está
equipado com sofisticados mecanismos de defesa que evoluíram ao longo de
milhões de anos e projetaram o corpo para manter um ambiente saudável
internamente, capaz de se proteger de agressões até um certo nível.

Para que se mantenham as condições necessárias a fim de que o corpo trabalhe
no sentido da autocura, é fundamental que se crie o ambiente ideal para isso,
utilizando os recursos para a melhoria da saúde da melhor forma possível. O
corpo saudável luta, e com altíssimas chances de vencer.

Cura milagrosa e cura quântica

Ao longo da História da humanidade, a Medicina deparou-se muitas vezes com


as curas inexplicáveis: o indivíduo tem uma doença grave, o tratamento não
surte resultados, o paciente é desenganado, mas, de repente, constata-se a cura
completa da doença. Qual seria a explicação para essa cura espontânea?

A Igreja Católica acredita na intervenção dos santos, considerando essas curas
inexplicáveis como milagrosas, uma espécie de merecimento que vem por meio
da fé e da oração. As canonizações são realizadas sempre em função de curas
atribuídas a pessoas consideradas santas e são necessários dois milagres
comprovados pela Medicina para que a canonização seja consolidada. Não
importa se o candidato foi o maior exemplo vivo de virtudes durante a vida; se
ele não curou duas doenças desenganadas, não será santo. É a religião atuando
completamente na cultura da doença e não na cultura da saúde.

Entretanto, essa visão de que um santo tenha operado a cura contradiz as
próprias palavras de Jesus, que disse àqueles que foram curados ou tiveram
sequelas recuperadas: “A tua fé te curou”. Isso significa que a energia para a
cura está dentro da pessoa (fé ou crença), e será mobilizada por ela e não por
agentes externos. Provavelmente, Jesus sabia como estimular essa energia de
cura que estava dentro do paciente.

A Medicina chama essa fé de crença inabalável e aceita a ideia de que essa
crença pode levar à cura, embora ainda não seja possível explicar exatamente o
que acontece biologicamente com o corpo de um indivíduo que faz com que uma
doença, mesmo sendo muito grave, possa ser completamente curada. O que faz
com que o cérebro atue para que o corpo reaja em direção à cura? Milagre ou
física quântica?

Qualquer que seja o ângulo pelo qual se observa esse fenômeno, é possível
afirmar que o cérebro acessa uma espécie de “zona de autocura”, desencadeando
um processo por meio do qual todo o organismo passa a trabalhar no sentido
da eliminação da doença.

Para os religiosos, a força motriz é a fé e a intervenção de um santo; para a física
quântica, essa força virá da intenção clara e muito forte, somada à observação
constante e ao pensamento focado na saúde, provocando um salto quântico. Nas
duas visões – milagrosa ou quântica – é possível acreditar que a doença – da
mais simples à mais grave – pode ser curada. Essa crença é o primeiro e
fundamental passo para se chegar à cura.

É importante observar que, nas duas possibilidades – cura milagrosa ou cura
quântica –, o paciente sai da posição passiva, de “esperar pela cura”, para uma
posição ativa, ao investir sua energia num objetivo do qual pode depender a sua
vida, que é a cura da doença. Para chegar à cura, seja pelo caminho da
religiosidade ou o da física, ou simplesmente alcançar gradativamente a cura
biológica por meio da Medicina da Saúde, existem algumas premissas
fundamentais:

a crença de que a sua doença pode ser curada: a cura depende da crença
absoluta nessa possibilidade;
o pensamento focado na cura: não se fala e não se pensa na doença e nas
suas consequências, somente na saúde;
o aumento dos níveis de saúde pela utilização dos recursos para a melhoria
da saúde, principalmente a musculação, a corrida intervalada, a alimentação
saudável, o jejum, a meditação, o sono adequado e o contato com a natureza;
a energia para a cura: mente e corpo fortes terão a energia necessária para
o trabalho de curar as doenças e aumentar a saúde.

Quanto mais a pessoa utilizar os recursos de desenvolvimento da saúde e usar
cada um deles da melhor maneira possível, mais o corpo irá recuperar a saúde
(diminuir a doença), até melhorar tanto que a doença desapareça, criando
condições para “dar o salto quântico” ou acontecer o “milagre”, até os sinais e
sintomas daquela doença desaparecerem repentinamente.

A enorme maioria das curas não se dará por milagres nem por salto quântico.
Elas serão decorrentes de melhorias pequenas, mas gradativas, e resultados da
aplicação constante dos recursos de recuperação da saúde. Não é recomendado
que ninguém desenvolva a expectativa da cura, seja gradativa ou espontânea,
porque nunca se deve focar na expectativa futura, apenas nas ações do presente,
em dar o melhor de si a cada momento todos os dias, e deixar que o corpo
responda biologicamente com sua capacidade concreta e não pela expectativa
mental. Aspirar a cura, esforçar-se em cada momento de dar o melhor de si para
avançar o que for possível, observar e tentar entender os resultados, aceitar o que
o corpo está sinalizando, e, principalmente, fazer o melhor que pode no próximo
passo nesse momento da vida é a única opção no caminho da cura.

A conclusão a que se chega é que somente tornando-se o “gerenciador” do seu
corpo e da sua saúde o sujeito poderá aplicar os recursos para a melhoria da
saúde para chegar a níveis cada vez mais altos de saúde, alcançando a cura das
doenças e os exames com resultados ideais.

Crença na cura X crença na doença
A cura de qualquer doença, da mais simples à mais grave, como vimos, é
possível! E será a partir dessa crença que o indivíduo poderá acessá-la. Se não
houver a crença total na cura, ela jamais será alcançada. Ainda que o indivíduo
utilize os recursos para a melhoria da saúde, se a sua crença estiver focada na
doença, os resultados não serão capazes de levá-lo à cura.

A crença na cura, normalmente, é construída aos poucos. Quanto mais focar na
saúde recuperada e quanto mais se utilizar o máximo dos recursos de melhoria
da saúde, mais a pessoa se dará conta de que o corpo está melhorando, e isso faz
com que a crença na cura aumente significativamente até conquistar a cura
completa. Existem alguns casos em que, de alguma forma, a crença é espontânea
e intensa, surgindo de um momento para outro, mas isso é exceção.

É verdade que algumas doenças são mais fáceis de curar, outras mais difíceis.
Para algumas delas, a cura chegará mais rapidamente, enquanto outras poderão
ter um processo mais demorado. Mas para todas vale a mesma fórmula: aplicar o
máximo de recursos para o desenvolvimento da saúde e aplicar cada um deles da
forma mais adequada possível, com o máximo de esforço que se puder imprimir.
É fundamental acreditar que o corpo foi criado para ser saudável e é capaz de
recuperar qualquer saúde perdida.

Mas acreditar na cura, entendendo que o corpo foi criado para ser saudável, não
é tarefa simples, uma vez que a cultura da doença é muito forte e parece
cristalizada nas mentes da maciça maioria das pessoas.

Além de haver toda uma “indústria da doença”, como já foi referido, há uma
espécie de “indústria da fé”, que leva as pessoas a acreditarem na doença como
“castigo divino”, entendendo que nada pode ser feito no sentido da cura, porque
ela deverá passar por aquele sofrimento (ou carma) a fim de expiar seus pecados.

A doença, seja pela Medicina, seja pelo pensamento religioso, é encarada por
muitos como parte da trajetória de vida de qualquer ser humano e, uma vez
instaurada, a ideia corrente é de que somente os tratamentos e remédios – ou a
intervenção divina, o “merecimento” – serão capazes de curá-la ou, no caso de
doenças graves, diminuir-lhes os sintomas. Esses não conseguirão chegar à cura,
apenas estarão fortalecendo o sentido da doença e de quem lucra com ela.

Porém, ao acreditar que qualquer doença pode ser curada e imprimir todos os
esforços na saúde, tornando-se gestor das suas atitudes em direção à cura, o
indivíduo inicia o processo que o levará a aumentar os níveis de saúde,
eliminando aos poucos os sinais e os sintomas de perda de saúde, fazendo
desaparecer as doenças e a necessidade de medicamentos ao ponto de alcançar
uma saúde que nunca teve na vida, indo em busca de uma saúde 100% e de
uma supersaúde.

Vivemos num mundo dominado pela cultura da doença, que defende a tese de
que a doença é inevitável, independentemente do que se faça.










CAPÍTULO 17
A cultura da doença e do
envelhecimento
Cultura da doença: complexo de manada
Há uma pequena história que explica bem o que é o “complexo de manada”:
dois bois estão no pasto quando a manada começa a se deslocar, todos indo em
direção ao mesmo lugar. Um boi pergunta ao outro para onde eles estão indo, e o
outro responde: “não sei, mas, se todos estão indo, é porque deve ser bom”.

Nós sabemos muito bem para onde a manada se deslocava: para o matadouro!
Mas eles seguem adiante, não há consciência de que caminham para o
matadouro, seguem a manada sem a possibilidade do questionamento e da
escolha. São bois.

Pois o que chamamos “complexo de manada” leva as pessoas a agirem de forma
inconsciente, como os bois. E ao agir sem questionamentos, apenas seguindo um
determinado paradigma, muitas pessoas – infelizmente, a maioria – adotam
comportamentos que são prejudiciais à sua saúde, à sua vida. O “complexo de
manada” leva a escolhas erradas; leva ao comportamento considerado “normal”,
simplesmente porque é o comportamento da maioria, comportamento este muitas
vezes ditado pela mídia, pela indústria da doença, por modismos, ou porque
“sempre foi assim”, porque “faz parte da vida”. Não há uma postura consciente,
racional, de reflexão e de questionamento, apenas segue-se a manada, como os
bois fazem. Mas eles o fazem porque são bois!

Em relação à saúde, esse comportamento é fruto da cultura da doença, que
cristaliza a ideia de que a doença faz parte da vida e que dela não é possível
escapar. Sobre essa questão, é comum que se ouça a afirmação “eu vou morrer
mesmo, então não vou deixar de comer e de beber e de aproveitar a vida”.

Esse é o comportamento irracional típico do “complexo de manada”: “uma vez
que a doença estará no meu caminho ali adiante, vou ‘aproveitar a vida’
enquanto ela não chega”. Ao ter esse tipo de atitude, a pessoa acelera a perda de
saúde e acaba por ir ao encontro do senso comum: “a doença faz parte da vida”.

Outra ideia arraigada é a de que “quando a velhice vai se aproximando, as
doenças vão aparecendo”. Essa ideia faz com que as pessoas se conformem com
o ganho de peso, com as dores nas articulações, com a elevação dos índices de
colesterol, de triglicerídeos, de glicose, simplesmente porque estão ficando mais
velhas.

Mas a verdade é que as pessoas que investem intensamente em melhorar a saúde
alcançam uma longevidade saudável. Elas chegam até idades muito avançadas
sem manifestar sinais de doenças e de envelhecimento, e vivem muito melhor do
que aqueles que se autossabotam com a falsa ilusão de que terão mais prazer e
“aproveitarão melhor a vida”. Na verdade, aqueles que investem em saúde têm
muito mais energia, mais disposição e maior qualidade de vida, têm mais
prazeres e são mais felizes do que aqueles que se autossabotam.

Quanto à ideia corrente de que não adianta investir na saúde, pois todos vamos
morrer, há que se fazer uma correção fundamental: é verdade que todos
morreremos, mas não iremos morrer todos da mesma maneira. Aqueles que se
autossabotam morrem muito mais cedo e, por perderem saúde, perdem sua
capacidade produtiva muito mais precocemente e, o que é pior, sofrem de
doenças graves por muitos anos antes de morrer.

Quanto mais se investe na própria saúde, não só se garante viver melhor a cada
dia de vida, como é possível manter a capacidade física e mental muito mais
produtiva e por muito mais tempo e, principalmente, não será preciso sofrer as
consequências e limitações impostas pelas doenças graves nos últimos anos de
vida. Qualquer pessoa pode morrer por idade e no tempo certo e não por doença
e envelhecimento décadas antes do que deveria.

A saúde é consequência de ações conscientes; a doença
é fruto da inconsciência
Por não serem conscientes e racionais, algumas pessoas vão sendo levadas pelo
senso comum (a cultura da doença), sem se questionarem sobre suas ações.
Outras, como os leitores deste livro, buscam ter consciência, principalmente nas
ações ligadas à saúde.

Vale lembrar que ter consciência é usar o lobo frontal, que é a parte mais evoluída
do nosso cérebro, em vez de usar o cérebro límbico, muito mais primitivo, que nos
faz ter ações por gostar ou deixar de fazer por não gostar. Ter consciência é usar a
razão e perguntar-se, antes de realizar qualquer ação, quais serão as consequências
dessas ações. O ser humano irracional, como já vimos, nunca avalia as
consequências de suas ações.

Somente as pessoas conscientes e evoluídas têm foco na saúde e na vida e são
capazes de se questionar e de avaliar o que estão fazendo com a própria existência.
A consciência as levará às boas escolhas, ao foco na saúde. E o foco na saúde vai
determinar as ações no sentido da recuperação.

A pessoa consciente utilizará os recursos para a recuperação da saúde de forma
focada, não se deixando levar pelos sabotadores espalhados por todos os lados:
no rádio, na TV, entre os amigos, na própria família ou mesmo pelo
autossabotador. Fazer escolhas para a saúde é um privilégio de quem é
consciente. Quanto mais consciente for o indivíduo, melhor será seu nível de
saúde.

Por outro lado, o indivíduo inconsciente não estará preparado para fazer – e para
sustentar – as boas escolhas; ele não focará na saúde e será alvo fácil da
sabotagem, que levará à alimentação inadequada, ao sedentarismo e a toda sorte
de escolhas prejudiciais que afetam negativamente o corpo e a saúde.

O indivíduo consciente terá a capacidade de avaliar as consequências de suas
ações e terá o poder da escolha. Em determinada situação, poderá até fazer uma
escolha prejudicial à saúde, como comer um doce ou deixar de ir à academia,
mas ele usou o poder da escolha e é capaz de avaliar as consequências dessas
ações e, até mesmo, de buscar a reparação de suas ações sobre a saúde. A pessoa
inconsciente não tem o poder da escolha, não tem o chamado livre arbítrio,
porque não avalia as consequências de suas ações nem a possibilidade de não
seguir a manada. Sua atitude é robotizada, impulsiva, guiada por apelos
externos: “coma isso”, “beba aquilo”, “fazer exercício é bobagem”.

O maior inimigo da saúde é o autossabotador
É importante pensar por que razão as pessoas fazem escolhas que, claramente,
vão contra sua própria saúde. Por que, diante de um buffet, escolhem os
alimentos menos saudáveis e até os sabidamente prejudiciais? Por que decidem
dormir até mais tarde em vez de ir à academia? Por que assistem televisão até
alta madrugada em vez de dormir cedo?

São ações estimuladas pelo autossabotador (uma subpersonalidade) que todos
carregamos e que é, muitas vezes, o causador dessas escolhas erradas do ponto de
vista da saúde. Essas atitudes são, portanto, fruto da inconsciência. E o que elas
vão trazer de positivo? Nada. Certamente trarão arrependimento e culpa, que são
causadores de estresse, que acaba por prejudicar mais ainda a saúde.

Para barrar a ação do autossabotador e chegar à compreensão de que o prazer de
se sentir bem e saudável é muito mais gratificante, é preciso entender que
esse autossabotador existe na nossa sombra e que é importante jogar luz sobre
ele para poder estar atento às suas investidas. Para isso, é importante sempre se
perguntar se determinada ação – ou um desejo – é positiva para a saúde. Ao se
questionar, a pessoa já estará se encaminhando para uma escolha
consciente, que não a tirará do caminho da conquista de saúde e a colocará no
protagonismo do gerenciamento da sua vida e da sua saúde.

Mas assim como temos várias subpersonalidades autossabotadoras, temos
também aquelas que são motivadas pela evolução, pelo crescimento, pelo
desenvolvimento e a melhoria da saúde e da vida. O indivíduo consciente pode
observar qual subpersonalidade está atuando, inibindo as negativas e
estimulando e fortalecendo as positivas.

As duas sempre atuam juntas. Ao decidir ir para academia, a personalidade
autossabotadora tentará fazer o indivíduo mudar de ideia e ficar trabalhando ou
descansando, enquanto a positiva o empurrará para o treino. Cada vez que uma
dessas subpersonalidades ganha uma batalha, ela fica mais fortalecida, enquanto
a que perde se enfraquece. É por isso que, ao vencer as investidas do
autossabotador, será necessário cada vez menos esforços para ir à academia, até
chegar ao ponto em que não será preciso mais realizar nenhum esforço para ir ao
treino.

Mudança de mentalidade
Mudar a mentalidade não é tarefa fácil, exigirá esforço, mas qualquer que seja o
tamanho desse esforço, ele sempre será um passo no caminho da evolução.

Para começar a pensar em mudança de mentalidade, é necessário que se comece
a observar o tipo de pensamentos que vêm à mente. O movimento deve ser o de
afastar, delicadamente, aqueles pensamentos que reforçam ideias e crenças
negativas, e colocar em seu lugar pensamentos que trazem ideias positivas.

De forma simplificada, os pensamentos podem ser de dois tipos:

1. pensamentos positivos: são focados na saúde, na superação das
dificuldades, na solução dos problemas, no crescimento evolutivo;
2. pensamentos negativos: são focados na doença, nos problemas, nas
dificuldades, nos obstáculos, nas justificativas, no prazer momentâneo com
resultados indesejados.

O cérebro não sabe diferenciar a realidade da lembrança do que aconteceu ou
daquilo que é apenas imaginação ou suposição. Para ele, tudo o que vem à mente
é realidade: cada pensamento que vem à mente gera uma substância química
(peptídeo) que atuará em todas as células do corpo para materializar esse
pensamento.

O corpo trabalha, portanto, para materializar o que pensamos. Entretanto,
ninguém deseja – conscientemente – materializar nenhum pensamento negativo.
E para que essa materialização não aconteça, é preciso utilizar a consciência
para não deixar que os pensamentos negativos se instalem.

A beleza do organismo humano é que ele está preparado bioquimicamente
apenas para avançar no caminho da saúde. Cada vez que alguém realiza uma
ação para a saúde, há liberação de até seis neurotransmissores de bem-estar e de
felicidade (endorfina, dopamina, serotonina, anandamina, adrenalina e
oxitocina). Eles são medidos no sangue e são eles que dão a sensação agradável
que sentimos no corpo sempre que realizamos alguma ação não só para melhorar
a saúde, como também para expressar nosso lado mais humano e evoluído.

Não existe nenhum neurotransmissor de mal-estar e de infelicidade que seja
liberado e medido quando se pratica um ato agressivo a nós ou a outros, o que
prova que o ser humano foi programado apenas para ser feliz e saudável.
Para comprovar, vale pensar nas vezes em que se vence uma tentação e deixa-se
de realizar alguma ação que iria prejudicar a saúde ou a evolução: moléculas de
felicidade são liberadas, premiando o indivíduo que fez a escolha certa, que
passa a sentir uma agradável sensação de bem-estar.

Por outro lado, toda a vez que “caímos em tentação” e tomamos alguma atitude
que prejudique a saúde em qualquer dimensão, há uma sensação desagradável,
chamada de culpa ou arrependimento, que nada mais é que uma sensação de
vazio, de carência, que é expressada pela falta de liberação dos
neurotransmissores de felicidade. Nunca foram medidos neurotransmissores de
infelicidade no organismo, sua presença manifesta-se pela diminuição ou ausência
das seis “moléculas de felicidade”.

Não é tarefa simples: é necessário esforço para estar atento aos pensamentos que
vem à mente; só assim será possível afastar os negativos para colocar em seu
lugar os pensamentos positivos. É importante sempre voltar ao mesmo
movimento: cada vez que um pensamento negativo é detectado, deve-se fazer
um esforço para colocar no seu lugar o pensamento positivo contrário a ele.

Os pensamentos negativos continuados levam às crenças negativas, que
impedem que alcancemos a saúde, a felicidade e todas as conquistas a que
temos direito. Isso já é razão mais que suficiente para que se busque – e se
alcance – a mudança de mentalidade. Quanto mais pensamentos positivos na
mente, mais enfraquecida estará a crença negativa inconsciente, e mais fácil será
construir uma crença positiva na saúde e na vida.

Sim, exige esforço, e é claro que ninguém é consciente o tempo todo, mas estar
alerta para a importância das boas escolhas e das ações com foco na saúde é
fundamental, é o que vai distanciar os indivíduos dos comportamentos
robotizados, frutos do complexo de manada, da cultura da doença e da
influência do autossabotador. E, quanto mais houver esforços para manter a
mente no positivo, menos esforços serão necessários no futuro e mais tempo a
mente ficará no positivo.

Para ter o foco na mudança de mentalidade, é importante adotar algumas
crenças:

A saúde é a minha natureza.
Eu nasci para ter saúde durante toda a minha vida.
Eu posso conquistar toda a saúde e tudo mais que minha mente desejar.
Eu posso recuperar toda a minha saúde, eliminando todos os sinais e
sintomas de doença que apresento.
Eu posso conquistar mais do que saúde, posso conquistar a supersaúde.









CAPÍTULO 18
O aumento da saúde até a saúde
100% é possível








Já vimos nos capítulos anteriores que quanto mais se utilizam os recursos de
desenvolvimento da saúde, mais se pode diminuir o ritmo de perda de saúde,
bloquear a perda de saúde, e até recuperar a saúde perdida, o que implica
em diminuir as doenças e o uso de medicação.

Ao continuar utilizando de forma mais intensa esses recursos de melhoria da
saúde, é possível eliminar todos os sinais e os sintomas de perda de saúde e
conquistar um nível de saúde que nunca se teve na vida, ao ponto de não só nunca
mais ficar doente nem precisar tomar medicamentos, como também retardar,
bloquear e até reverter parte do envelhecimento, chegando até idades muito
avançadas sem diminuir a força, a produtividade e a lucidez, e morrer sem ficar
doente. O princípio fundamental, como já vimos, é utilizar o máximo possível de
recursos de saúde e utilizar cada um dos recursos da melhor maneira
possível.

É claro que, quanto maior for o grau de saúde perdida e mais doenças estiverem
instaladas, maior será o tempo e os esforços necessários para conquistar um
nível de saúde que nunca se teve na vida. Mas o mais importante é que cada
passo dado, mesmo com o mínimo esforço, já promove um resultado
comprovável no organismo, demonstrando um avanço na caminhada da
conquista da saúde.

Quando se recupera toda a saúde perdida e se conquista o melhor nível de saúde
da vida, caracterizado por não apresentar sinais e sintomas de doença que exijam
algum tipo de medicamento e, mesmo quando apresentar algumas
intercorrências clínicas, elas serão de pequena monta e o próprio organismo as
resolverá sem necessidade de medicamentos e terapias.

As pessoas que conseguem chegar nesse ponto, denominado de melhor saúde de
sua vida, estão vivendo uma vida tão plena, tão gratificante, tão produtiva,
prazerosa e feliz, que querem mais ainda. Elas sentem que é possível melhorar
mais, e cada melhoria que conseguem, por menor que seja, aumenta a qualidade de
vida e o grau de felicidade, motivando-as a continuar lutando por mais saúde, indo
em busca da saúde 100%.


Ter saúde 100% é:

não ter nenhuma manifestação de perda de saúde, nem as de pequena
intensidade;
ter um corpo adaptado para sofrer grandes agressões e se recuperar no
mesmo dia;
ter uma memória muscular e cardiovascular que possa ficar uma semana
sem exercícios e sem perder capacidade física;
poder até cometer algum erro alimentar que o corpo repara os danos
imediatamente, sem modificar os exames laboratoriais ideais.

Algumas considerações sobre o conceito de Saúde
100%

Ninguém tem naturalmente a saúde 100%. Ela é sempre conquistada pela
própria pessoa depois que desenvolve a consciência e a capacidade
racional de fazer apenas as escolhas capazes de provocar a hormese e o
aumento gradativo do nível de saúde.
Para nascer com saúde 100%, a pessoa precisaria ter os pais com a saúde
100% antes da concepção, a mãe ter uma gravidez com saúde 100% e um
parto que mantenha esse nível de saúde.
Para manter essa saúde 100%, seria necessário ter uma infância e um
crescimento voltados para a manutenção da saúde com que nasceu e depois
mantê-la assim durante a adolescência e na fase adulta.
Ninguém chega na fase adulta sem ter perdido saúde. Alguns perdem
pouco; outros perdem muito e passam a manifestar doenças.
Apenas os indivíduos que fazem uso da capacidade racional do lobo
frontal, para diminuírem ao máximo as agressões ao corpo, e utilizam
cotidianamente os recursos de saúde para estimular o cérebro reptiliano a
utilizar a hormese, conseguem conquistar a melhor saúde de sua vida e
depois buscar a saúde 100%.
Ter saúde 100% não é ter saúde perfeita, é ter as células funcionando de
forma adequada, mas ainda com potencial para melhorar seu
funcionamento ao ponto de poderem se tornar supersaudáveis (ter um
funcionamento 101% ou melhor ainda).

Esforço é a moeda da saúde

Vale sempre lembrar que a conquista da saúde 100% exigirá esforço.
Ninguém melhora a saúde sem sair da zona de conforto. A conquista da saúde
100% estará, portanto, submetida à quantidade de esforço que o indivíduo
efetivamente investe no seu projeto.

MUITO ESFORÇO = MAIS RESULTADOS POSITIVOS = MAIS SAÚDE
POUCO ESFORÇO = RESULTADOS MENORES = MENOS GANHOS DE SAÚDE

O esforço é a moeda com a qual “compramos” saúde; quanto mais moedas o
indivíduo estiver disposto a investir, mais saúde ele conseguirá comprar. E o
pagamento é adiantado, ou seja, o esforço (investimento) vem antes, o aumento
de saúde é consequência do investimento.

Sair da zona de conforto
Ninguém consegue melhorar a saúde sem sair da zona de conforto. E sair da
zona de conforto significa investir na “compra de saúde”, de todos os tipos
de saúde: cardíaca, muscular, digestiva, intestinal etc. Qualquer esforço será
válido e importante, porque será o esforço possível de cada pessoa. Esforços
gradativos e sequenciais farão com que o indivíduo avance em direção à saúde,
ao bem-estar e ao prazer de se sentir bem e saudável.

Se você quiser atingir a melhor saúde de sua vida, é fundamental que você
entenda que os esforços devem ser feitos a cada momento do dia, dia após dia,
em uma jornada constante, determinada pela adoção de um estilo de vida
saudável e sem o pensamento mágico e a ilusão de que basta fazer algo de vez
em quando para conquistar uma saúde superior.

Para conquistar a melhor saúde de sua vida, o indivíduo precisa tornar-se um
atleta da saúde, não para competir com outras pessoas, mas para competir
consigo mesmo e tentar melhorar a performance e as marcas do dia anterior a
cada novo dia.

O Conquistador da Supersaúde que quer ir em busca da saúde 100% e depois
da supersaúde (mais do que 100%) faz parte de um grupo pequeno, muito seleto,
que são os atletas de saúde de elite, que valorizam tanto a conquista da saúde
que a colocam como a principal prioridade da sua vida e se tornam modelos da
aplicação de todos os recursos de desenvolvimento de saúde no seu círculo de
relação.

Para planejar esses esforços, é importante levar em conta alguns aspectos que
chamaremos de os dez mandamentos: ações para recuperar toda a saúde
perdida, conquistar a melhor saúde de sua vida até chegar à saúde 100% e ir em
busca da supersaúde.

1º) INTENÇÃO: O que você quer conquistar? Qual é seu objetivo? Até onde
quer chegar? Afirme com muita intensidade, repetidamente, e mantenha
essa intenção permanentemente na mente.
2º) FOCO POSITIVO NA SAÚDE: Esqueça as doenças! Não pense nos
limitadores.
3º) SAIA DA ZONA DE CONFORTO: Considere planejar ações que julgue
difíceis de realizar, inclusive estudar e pesquisar novas maneiras de aplicar
algum recurso.
4º) PLANO DE AÇÕES: O que você vai fazer a cada momento para alcançar seu
objetivo? Quais serão as ações?
5º) QUAL É O GRAU DE DIFICULDADE DAS AÇÕES? A cada ação, a zona
de conforto deve expandir-se. Se não tiver dificuldade e desafio, a ação não
aumenta a saúde.
6º) HÁ DESAFIOS NESSAS AÇÕES? É possível fazer bem mais do que se
acredita.
7º) HÁ GRAUS DE INTENSIDADE NESSAS AÇÕES? Dar o máximo e
melhorar a cada dia.
8º) PERSISTÊNCIA E DISCIPLINA: Vencer a tentação de desistir.
9º) FOCO NAS AÇÕES E NÃO NO OBJETIVO: Dar o seu melhor e aceitar os
resultados. Lembrar-se de que a felicidade está no caminho.
10º) VISUALIZAÇÃO DOS RESULTADOS: Anotar as pequenas conquistas
para enxergá-las.








CAPÍTULO 19
Benefícios da saúde 100%







Ter uma saúde 100% não impacta apenas o funcionamento do corpo no sentido
biológico do que pode ser um corpo saudável. O organismo humano é tão
perfeito e integrado que qualquer melhoria que acontece no físico repercute
positivamente em todas as demais dimensões da saúde – física, emocional,
mental, cultural, social, ambiental e espiritual. Ao se levar em conta todas as
dimensões da saúde, é possível imaginar até onde podem ir os desdobramentos
que a conquista da saúde 100% é capaz de trazer para a vida do indivíduo.

E podemos ir muito além: como ser social que é, o ser humano saudável será
um irradiador de saúde nos ambientes por onde circula – na família, no
trabalho, no clube, na vizinhança – à medida em que se torna uma espécie de
exemplo, não apenas de vigor físico, mas também de sucesso, já que se revela
mais feliz, mais tranquilo e mais produtivo.

Os benefícios da saúde 100% estão no terreno da teoria, pois nunca ninguém
chegou a esse nível. Mas ao acompanhar os participantes do PRO SER que já
conquistaram a melhor saúde de sua vida e estão lutando para uma saúde melhor,
pode-se ter ideia do que é ter uma saúde tão elevada. Cada avanço na saúde
física vem acompanhado de melhoria em todas as demais dimensões da saúde.
Todos os resultados ficam cada vez melhores, e as pessoas passam a viver uma
vida mais plena e gratificante, que se expressa em todas as situações em que
atuam.

A relação entre saúde, prosperidade e felicidade
Ter um nível alto de saúde, com o organismo funcionando em harmonia e
equilíbrio, é o caminho seguro para alcançar – e conseguir gerenciar – a própria
felicidade e a realização dos projetos de vida.

O indivíduo saudável realizará suas ações com foco na saúde e, ao utilizar os
recursos para melhoria da saúde da melhor forma possível, seu organismo
responderá com a produção cada vez maior dos neurotransmissores
responsáveis pela sensação de bem-estar. Essa sensação de bem-estar é o que
chamamos de felicidade.

Na verdade, o indivíduo saudável e feliz terá sempre o desejo e o propósito de
evoluir em todas as áreas e em todos os sentidos. Ele luta pela melhoria de sua
saúde física, emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual, pois
estará automaticamente lutando para tornar-se um ser humano melhor, mais
consciente e mais evoluído

Ele descobre aos poucos que a saúde é o item mais importante para a busca
de uma evolução no caminho da vida e, por isso, busca cada vez mais saúde, e
isso o faz evoluir em todos os sentidos, como no trabalho, nos relacionamentos,
nos propósitos e projetos de vida e na sua espiritualidade. Ele sabe que, quanto
mais saudável está, mais condições terá para alcançar seus objetivos, o que o
leva a viver uma vida mais plena.

Os seis neurotransmissores da felicidade
A felicidade não é um estado abstrato, encontrado na ficção ou na poesia. A
felicidade é um estado físico desencadeado por um processo bioquímico. As
sensações de felicidade, de bem-estar, de euforia, de alegria são causadas por
neurotransmissores – serotonina, dopamina, endorfina, oxitocina, anandamida,
noradrenalina – produzidos pelo cérebro, que atuam em cada ação para a saúde
desde os primeiros passos.

O ser humano nasce, portanto, para ser feliz. Mais que isso: o ser humano é
capaz de “gerenciar” o seu nível de felicidade. De que forma? A principal
maneira de estimular a produção desses chamados hormônios da felicidade são
as atitudes que nos fazem atingir níveis mais elevados no processo evolutivo.

Entre essas atitudes, a principal é a busca da conquista da saúde. E aqui vale
trazer um exemplo clássico: exercícios físicos estimulam a produção e a
liberação de cinco neurotransmissores, entre eles a famosa endorfina, e ficam em
ação no organismo por até três dias. Cada ação, por menor que seja, libera
neurotransmissores. E quanto maior e mais intensa for a ação, maior será a
quantidade de neurotransmissores liberada no organismo.

Quando a pessoa, depois de um dia de trabalho estressante, ao se sentir
desanimada ou triste, vai até a academia e pratica exercícios, ao sair, estará se
sentindo renovada, feliz, capaz de olhar para os problemas do trabalho com mais
tranquilidade e de dar a eles o tamanho que eles realmente têm. A endorfina e os
demais neurotransmissores, cumpriram sua função, mas isso só foi possível por
que o indivíduo praticou uma ação em prol da sua saúde: o exercício físico.

Outro exemplo são as atitudes que dizem respeito aos relacionamentos e à
sociabilidade: o simples gesto de abraçar um colega ou de fazer um carinho em
alguém pode liberar grandes quantidades de ocitocina, neurotransmissor cujo
apelido é hormônio do amor e que trará uma maravilhosa sensação de felicidade.

Ou ainda a sensação prazerosa que vem quando se pratica uma ação motivada
pela compaixão, como auxiliar uma idosa ou pessoa limitada a atravessar uma
avenida. Nessas situações, a produção dos neurotransmissores é fruto da ação
positiva do ser humano em processo de evolução.

Como falei, a infelicidade não existe, o que existe é a ausência de felicidade, que
é causada pela falta de produção desses hormônios do bem-estar. E o que
influencia essa ausência de produção dos neurotransmissores são as atitudes que
vão na contramão da busca da saúde.

É comum que as pessoas que estão carentes, infelizes, tristes ou angustiadas,
sentindo esse estado de “vazio”, busquem suprir essas sensações comendo um
doce – ou vários –, fazendo compras, ingerindo bebidas alcoólicas, assistindo
televisão, entrando nas redes sociais, tomando remédios ou mesmo usando
drogas ilícitas na vã esperança de que essas atitudes possam recuperar a
felicidade. Elas até conseguem alcançar o prazer, mas ele será momentâneo e
fugaz. Há liberação de neurotransmissores em grande quantidade por tempo
muito curto, seguido de um efeito rebote de grande ausência.

A sensação de vazio, que é a falta de felicidade e a falta dos neurotransmissores,
é, nesses casos, preenchida com ações típicas do comportamento de manada,
sem consciência crítica. E a sensação que virá logo depois será novamente de
angústia (por ter gasto um dinheiro que fará falta, por exemplo), de culpa (por
não ter sido mais consciente), de mal-estar (por ter comido demais), criando-se,
assim, um círculo vicioso que não será rompido enquanto não houver uma
tomada de consciência com foco na saúde.

Níveis elevados de neurotransmissores, e que podem ter uma duração longa, só
são produzidos a partir de ações de ganho de saúde.

A relação entre saúde e sucesso verdadeiro
A saúde integral é a natureza do ser humano. O corpo foi criado para ser
saudável e para realizar todas as atividades com energia de sobra. Um corpo
com 100% de saúde será capaz não apenas de realizar as atividades do dia a dia e
de reparar os danos sofridos, mas será também capaz de ser criativo, propondo-
se projetos e metas a serem alcançadas. E terá muito mais chances de realizá-los.

Sem saúde, no entanto, o indivíduo terá muita dificuldade para alcançar sucesso
em qualquer área, porque a perda de saúde afeta não somente o corpo físico,
ela afeta a saúde em todas as suas dimensões, afastando o indivíduo do caminho
evolutivo.

O indivíduo que começa a perder saúde física – e junto perde energia, vitalidade,
criatividade etc. – e acredita que essas perdas são parte da vida, que a doença
está no caminho de todas as pessoas e que avançar na idade é sinônimo de
envelhecer e de adoecer, estará adotando comportamentos impulsivos e
irracionais ou estará contaminado pelo “complexo de manada”, desperdiçando
energia em pensamentos de doença, de velhice e de morte. E, muito pior, ao
perder saúde física, perde também saúde emocional, mental, cultural, social,
ambiental e espiritual. Poderá alcançar sucesso em seus projetos, mesmo sendo
fraco ou doente, mas gerando grande quantidade de estresse, que levará a mais
perda de saúde e sofrimento, pagando o preço em alguns anos. Ele poderia ter
muito mais sucesso por mais tempo e sem nenhum estresse se estivesse saudável
fisicamente e nas demais dimensões.

É importante repetir que o primeiro e mais fundamental passo para o sucesso
verdadeiro é a conquista da saúde física. À medida que se conquista a saúde
100%, todas as outras conquistas poderão ser alcançadas. O verdadeiro sucesso só
pode ser alcançado por um corpo saudável.










CAPÍTULO 20
Desacelerar, bloquear e reverter o
envelhecimento
O que é envelhecimento?
Existe uma curva biológica natural de perda de capacidade física comum a todos
os animais e provavelmente a todos os seres vivos. Um animal nasce, cresce, se
desenvolve, a sua saúde e a sua capacidade reprodutiva atingem o nível máximo
e então começam a decair.

No ser humano, o início dessa decadência ocorre, como já dito, por volta dos 30
anos. A partir dessa idade, diminui a capacidade reprodutiva tanto da mulher
quanto do homem e, junto com essa diminuição, a energia tende a decair, os
músculos e os ossos a enfraquecer, a capacidade cardíaca e os hormônios
diminuem, e todos os órgãos passam a diminuir a sua capacidade funcional,
embora possam ainda não manifestar falhas de funcionamento que levam a sinais
e sintomas de doenças.

Esse processo de perda de capacidade física, que se manifesta por perda
progressiva de funções dos órgãos, causando o enfraquecimento gradativo, é a
principal causa do envelhecimento e do agravamento das doenças.

Infelizmente, a vida moderna está antecipando muito essa curva biológica da
perda funcional que deveria ocorrer aos 30 anos e encontramos sinais de perda
de capacidade física e de saúde e envelhecimento em adultos jovens, em
adolescentes e até nas crianças. Já é muito comum encontrarmos crianças e
adolescentes obesos, com hipertensão, diabetes e outras doenças degenerativas e
praticamente todos apresentam exames de sangue alterados, fora da faixa ideal,
mostrando perda de saúde mesmo que ainda não estejam nos níveis tão elevados
que sejam chamados de doença pela Medicina Tradicional.

É importante repetir o que já foi dito em outros capítulos: “essa decadência física
é biológica e natural, programada para acontecer com todos os animais
(irracionais) a partir do clímax da capacidade reprodutiva”. Na física é chamada
de Lei da Entropia, mas pode ser evitada ou diminuída nos seres humanos
racionais.


Envelhecimento X Longevidade

Existe uma diferença bem importante entre envelhecimento e longevidade
saudável.

O processo de doenças e de envelhecimento é sinalizado por falhas nas funções
do corpo e de todos os órgãos que se manifestam pela piora dos valores de
exames laboratoriais e pela diminuição dos indicadores de saúde (capacidade
cardiovascular, força muscular, perfil hormonal, composição corporal, entre
outros). Ora, como já vimos, isso é perda de saúde, ou seja, instalação de doença.

É por essa perda funcional do organismo e dos órgãos que muitos estudiosos
consideram o envelhecimento uma doença. Quanto mais um indivíduo perder
saúde, mais manifesta sinais e sintomas de doença e de envelhecimento.

O cientista Craig Venter, que ficou famoso em 2003 por decodificar o genoma
humano, afirma que “envelhecimento saudável é um oxímoro”. Oxímoro vem do
grego e quer dizer uma locução de palavras contraditórias como “silêncio
ensurdecedor”, “morto vivo”, “doce tirano”. Ele defende que envelhecimento é
doença, logo, não pode existir envelhecimento saudável.

Por isso, é mais adequado usar o termo longevidade saudável, que é viver mais
tempo sem manifestar sinais e sintomas de perda de saúde (doenças) e de
envelhecimento. É possível, utilizando a homeostasia e a hormese, e realizando
ações de manutenção e melhoria da saúde, manter as funções de todos os órgãos
em níveis ótimos e ideais e, assim, não manifestar sinais e sintomas de perda de
saúde até idades muito avançadas. Não há dúvida de que isso é possível, embora
seja muito difícil e talvez até improvável, levando-se em conta que ninguém ainda
conseguiu chegar, até onde se sabe, nessa condição tão elevada de saúde.

Se uma criança for gerada por pais muito saudáveis, fruto de uma gestação e
uma infância as mais saudáveis possíveis, crescer e atingir a maturidade sempre
tendo uma vida completamente saudável e durante toda a sua vida evitar ao
máximo as agressões ao corpo e aplicar o máximo possível dos recursos de
desenvolvimento da saúde e aplicar cada um dos recursos da melhor maneira
possível, chegará aos 30 anos como modelo de saúde. Nesse caso, ela não
sofrerá o processo biológico e natural dos animais, do envelhecimento, e poderá
manter esse nível de saúde por muitas décadas (longevidade) sem manifestar os
sinais e sintomas de perda de saúde em consequência de envelhecimento e de
doenças (saudável).

Busca da Longevidade Saudável

Para entender a possibilidade de alcançar a longevidade saudável, é importante
que se olhe para esse processo natural da vida por outro prisma que não o olhar
impregnado pela cultura da doença. Só mudando esse olhar será possível
entender como o envelhecimento acontece, por que acontece e, sobretudo, qual o
papel que o próprio indivíduo tem nesse processo para permitir ou bloquear essa
manifestação de perda de saúde.

Estatisticamente, o envelhecimento “normal” vem acompanhado de menos
energia, redução dos níveis hormonais, aumento de peso, diminuição da
libido, redução da massa muscular etc., fatores que estão relacionados ao
aparecimento das doenças. Mas será que precisa ser assim?

A própria Ciência afirma que não. Pesquisas de importantes universidades já
permitem afirmar que “o velho é doente porque é fraco e não porque é
longevo”. O que isso significa? Que é a perda de saúde, fruto do sedentarismo,
da alimentação errada e de outros fatores que agridem o corpo, a responsável
pelo aparecimento das doenças comumente associadas ao avanço da idade.

Para que se entenda o envelhecimento como um processo que pode ser revertido,
será necessária, portanto, uma mudança de paradigma, uma mudança na forma
de encarar o avanço da idade. É preciso deixar para trás o complexo de
manada, de envelhecer porque todos envelhecem, para poder pensar na
longevidade saudável.

E a única maneira de atuar, enfim, contra essa lei biológica e natural de perder
saúde e envelhecer com o avanço da idade, é utilizando o lobo frontal para
programar ações racionais antinaturais, a fim de desencadear processos
horméticos e obrigar o cérebro reptiliano a agir para bloquear e até reverter os
processos naturais de decadência e envelhecimento.

É a utilização do lobo frontal em sua plenitude que possibilita o aumento da
longevidade saudável, que é viver até idades muito avançadas sem manifestar
perda de saúde e doenças, e com mínimos sinais de envelhecimento.

Para assumir o protagonismo sobre sua longevidade, é fundamental que a
pessoa pergunte a si mesma: como quero estar com a idade avançada? A
partir desse questionamento e das respostas que poderá encontrar, será possível
buscar os recursos que vão garantir a longevidade saudável, sem as propagadas
“doenças da idade”. Ou, talvez, a questão seja ainda mais profunda: ninguém
quer envelhecer, porque envelhecer é ficar doente. O que se quer é avançar na
idade de forma saudável, sem envelhecer. O que se quer, afinal, é aumentar a
longevidade saudável.

Para caminhar em direção à mudança de atitude, é preciso conhecer o processo,
entender como o corpo funciona e como se dá o envelhecimento. À medida que
conhecemos, ampliam-se as possibilidades de atuação e, no caso do
envelhecimento, torna-se possível desacelerá-lo, bloqueá-lo e até reverter seus
sinais.


Existem milhares de fatores que fazem perder saúde e envelhecer, e centenas de
fatores que protegem a saúde e evitam o envelhecimento e alguns fatores que
recuperam a saúde e revertem os sinais de envelhecimento.
Para buscar a desaceleração ou o bloqueio do envelhecimento, e até a
reversão dos sinais, é fundamental que se conheçam suas causas: todos os fatores
que provocam a diminuição da saúde e a manifestação das doenças são os
mesmos que aceleram o envelhecimento. Existem centenas de fatores, mas
alguns deles merecem destaque:

alimentação inadequada, com dieta baseada em carboidratos e uso de
alimentos processados, ricos em produtos químicos;
sedentarismo;
fumo e outras drogas;
uso crônico de álcool;
estresse crônico;
problemas com o sono.

O primeiro objetivo para conquistar a longevidade saudável é evitar ao máximo
todas as causas que levam ao surgimento da doença ao mesmo tempo que se
deve aplicar o máximo possível de recursos para aumentar a saúde. Ter isso em
mente e aplicar da melhor maneira possível a cada momento do dia, e a cada dia,
provocará gradativamente a recuperação da saúde perdida, a diminuição dos
sinais e sintomas de perda de saúde até a eliminação das doenças, a redução dos
fatores do envelhecimento e o aumento dos fatores da longevidade saudável.

A conquista da saúde é o mesmo caminho para a longevidade saudável,
conforme a Ciência já comprovou. E essa conquista virá por meio da aplicação
do maior número possível de recursos e estará atrelada à “quantidade” de esforço
– a moeda para a conquista da saúde – que for investida nesse processo.

Para entender melhor o processo de envelhecimento, é importante conhecer três
aspectos científicos: os telômeros e a telomerase, o limite de Hayflick e o papel
da função mitocondrial.
Telômeros, telomerase

O principal indicador de envelhecimento e de longevidade usado na Ciência
chama-se telômero, que é a parte final de todos os cromossomas. No momento da
concepção, o telômero tem o tamanho mais comprido da vida. A cada divisão
celular, o telômero encurta um pouco, até ficar tão pequeno que a célula não se
divide mais, e o indivíduo morre.

Quanto mais jovem a pessoa é, mais compridos serão os telômeros e vice-versa:
quanto mais velha a pessoa, mais curtos serão seus telômeros. Para medir o
envelhecimento, medem-se os telômeros (essa medição é feita apenas em
laboratórios avançados de universidades).

O que interessa tratar aqui é de que forma se pode proteger os telômeros,
evitando que diminuam, desacelerando, dessa forma, o envelhecimento. Ou,
ainda, que recursos podem ser aplicados para que se chegue a aumentar o
comprimento dos telômeros, propiciando uma maior longevidade.

Existe uma enzima em volta dos telômeros que os protege para que diminuam de
forma menos acelerada, permitindo até que aumentem seu comprimento. Essa
enzima chama-se telomerase e sua descoberta foi tão importante que os
pesquisadores Elizabeth Blackburn, Carol Graves e Jack Szostak ganharam o
prêmio Nobel de Medicina em 2009 por trazerem à luz tal conhecimento.

Mais tarde, em 2013, Elizabeth Blackburn e seus colaboradores publicaram um
trabalho que mostrou, num estudo prospectivo, que é possível aumentar o
comprimento dos telômeros. O estudo foi feito com homens portadores de
câncer de próstata de baixa agressividade, que não exige nenhum tratamento,
apenas mede-se no sangue a manifestação da doença.

Esses homens foram divididos em dois grupos: os que sofreram intervenção e o
grupo-controle, que era apenas observado. Em apenas três meses de intervenção,
todos os homens que sofreram intervenção tinham aumentado a telomerase. Isso
significa que os telômeros desse grupo ficaram mais protegidos.

O estudo durou cinco anos e, ao final, comprovou-se que todos os homens do
grupo-controle tinham diminuído os seus telômeros, ou seja, tinham
envelhecido, como era de se esperar.

O surpreendente é que todos os participantes do grupo de intervenção
aumentaram o tamanho dos telômeros ao final dos cinco anos. Se diminuir
telômero significa envelhecimento, aumentar telômero deveria significar
rejuvenescimento ou, ao menos, a certeza de que aqueles indivíduos viverão
mais tempo.

E o que foi feito no grupo de intervenção que levou a esse aumento da
telomerase e ao surpreendente aumento do tamanho dos telômeros? Foram
quatro ações: intensificação dos exercícios, melhoria da alimentação,
meditação diária e participação em um grupo de apoio que se reunia uma vez
por semana para discutir temas de saúde.

Aqui vale salientar: não importa a situação de doenças, de limitações e de
problemas que cada pessoa esteja vivendo, todos podem aumentar o nível de
exercícios, melhorar a alimentação, aprender a meditar (e passar a meditar
diariamente) e reunir-se com conhecidos, uma vez por semana, para estudar
saúde. Logo, todos podem aumentar os telômeros e viver mais.

Um dos temas aos quais mais me dediquei nos últimos anos foi entender os
fatores que promovem a proteção dos telômeros (para que encurtem menos e
até para aumentá-los) e os fatores que aceleram a diminuição dos telômeros e
da telomerase, a fim de que se possa inibi-los.

Além dos quatro recursos usados no decorrer da pesquisa da Dra. Elizabeth
Blackburn, é possível elencar mais de 100 outros recursos, cientificamente
comprovados, que estão à nossa disposição para diminuir mais lentamente e até
aumentar o tamanho dos telômeros. Se fizermos a pesquisa no melhor site de busca
de artigos científicos, que é o PubMed, com a expressão “increase telomeres”
(aumentar telômeros), encontraremos milhares de artigos em revistas conceituadas,
e se fizermos a pesquisa no Google Acadêmico, encontraremos mais de 70.000
artigos. Isso demonstra que não há mais dúvida de que podemos aumentar o
tamanho dos telômeros, significando que é possível rejuvenescer. O foco das
pesquisas é como aumentar os telômeros ou como diminui-los mais lentamente.

Não se trata de um tônico mágico, uma bebida milagrosa; trata-se de conquista
de saúde por meio de recursos que elevam seus níveis. Trata-se de investir
esforço (a moeda da conquista de saúde) para que o corpo se recupere das
agressões sofridas e possa conquistar mais saúde, nesse caso traduzida pelo
aumento dos telômeros.

Limite de Hayflick
Quando se estuda o envelhecimento e a longevidade, uma questão sempre se
apresenta: até quando o ser humano consegue viver? A pessoa mais longeva que
existiu, e teve toda a sua vida documentada e comprovada, foi a francesa Jeanne
Calment, que viveu 122 anos e 164 dias.

Jeanne não era modelo de saúde. Quando perguntado a ela o motivo de viver
tanto, ela respondia que foi ter deixado de fumar aos 110 anos. Certamente, se
ela não tivesse fumado, poderia ter vivido mais ainda. O importante é que ela
definiu um padrão biológico possível e alcançável por todos os seres humanos:
viver mais de 120 anos sem manifestar doenças importantes.

Provavelmente, outros podem ter vivido mais, como o Matusalém, avô de Noel,
que teria vivido 969 anos, mas sem comprovação inequívoca e usando outro
calendário que não o gregoriano.

O pesquisador Leonardo Hayflick publicou há mais de 50 anos um estudo que
comprova que uma célula animal só pode se dividir um número limitado de
vezes e, depois desse número, o animal morre. A célula humana só pode se
dividir por volta de 50 vezes, e, a cada divisão, os telômeros dos cromossomos
diminuem de tamanho.

Já vimos que quando ocorrem danos ao organismo e eles não são reparados, as
células sofrem, perdem sua capacidade funcional, ficam envelhecidas
(senescentes) e morrem (apoptose), sendo substituídas por uma célula mais
jovem e com funcionamento melhor.

A nova célula mantém as características semelhantes àquela que foi substituída.
Se ela já tinha diminuído 80% do número de mitocôndrias, a nova nasce só com
20%. É por isso que a simples substituição não diminui o envelhecimento. O
processo de envelhecimento continua na nova célula. Ela pode perder mais
mitocôndrias e chegar ao final da sua existência com 17%, fazendo com que a
próxima venha com menor capacidade ainda de produzir energia.

O organismo humano não tem a capacidade de aumentar o número de divisões
celulares. Digamos que um indivíduo médio da população tenha a idade de 65
anos e sua expectativa de vida é viver 75 anos; ele já teria feito 44 divisões e lhe
restariam ainda mais seis divisões (uma a cada ano e meio) até chegar aos 75
anos e morrer.

Ainda que esse indivíduo se dedique integralmente a aplicar todos os mais de
100 recursos comprovados de aumento e recuperação de saúde, mesmo assim
só terá mais seis divisões celulares. Porém, como as células serão mais fortes,
mais sadias, e funcionarão melhor, cada uma das divisões pode acontecer só
depois de 10 anos, e o indivíduo pode viver até ultrapassar os 120 anos,
mantendo suas células funcionando adequadamente sem manifestar doenças e
sinais de perda de saúde.

Imagine um indivíduo que adotou hábitos completamente saudáveis e que foi
gerado e criado numa família com hábitos completamente saudáveis: certamente
esse indivíduo vai ter as suas células vivas por mais tempo, com intervalos
maiores entre uma divisão e outra do que um indivíduo que não tem foco na
saúde.

Se levarmos em conta os conhecimentos científicos a que se tem acesso até o
momento, é possível afirmar que esse indivíduo deverá viver mais de 120 anos.
Ou será que existem outros fatores que a Ciência ainda não descobriu que
determinarão o final de sua vida?

Longevidade saudável e função mitocondrial

As mitocôndrias são as usinas geradoras de energia do corpo humano, como já


foi visto anteriormente. Elas é que geram toda a energia de todas as células do
corpo.

Já sabemos que quanto mais mitocôndrias o indivíduo tiver nas células, maior
será sua capacidade de produzir energia e, portanto, maior será a capacidade para
realizar suas atividades, sejam elas físicas ou mentais. Além disso, o número de
mitocôndrias é um dos nove principais indicadores de longevidade utilizados
pela ciência: quanto mais mitocôndrias o indivíduo tem, mais longevo será,
além de ter um nível maior de saúde, como já vimos.

Com o passar dos anos, a atividade mitocondrial, fundamental para estabelecer o
processo de vida, sofre danos, o que faz com que diminua a quantidade e a
capacidade funcional das mitocôndrias. Essa redução na produção de
mitocôndrias acarreta a diminuição de energia. A Medicina Tradicional afirma
que essa perda da qualidade da função mitocondrial é normal e inevitável.

Será que é isso mesmo? Já vimos que não! Esse é mais um dos tantos conceitos
que vão sendo passados adiante e que acabam por consolidar a crença de que o
aumento da idade traz doenças e diminuição de produção de energia, e que
quanto a isso não há o que fazer.

A perda de qualidade da função mitocondrial se dá por vários fatores, entre eles
a ação dos radicais livres, que provocam o estresse oxidativo, levando ao
envelhecimento das células e, em consequência, de todo o organismo, às perdas
de saúde e ao aparecimento das doenças. Mas, mais determinante do que a
ação dos radicais livres é, sem dúvida, a subutilização da função
mitocondrial, como já foi abordado no capítulo 12.

A função mitocondrial é geradora de vida, porque é a função que gera e distribui
a energia em todas as células do corpo. Essa função acontece “sob demanda”,
produzindo energia de acordo com o que é utilizado pelo organismo.

A informação que interessa neste capítulo sobre longevidade saudável é que se
pode multiplicar a atividade mitocondrial. Sim, é possível recuperar e melhorar a
função mitocondrial por meio do aumento do número de mitocôndrias e da
melhoria do funcionamento de cada uma delas. Como? A resposta você já sabe:
para aumentar o número de mitocôndrias e melhorar a função
mitocondrial, é preciso estimular o cérebro reptiliano para que ele entenda
que o corpo precisa de mais energia para sobreviver e providencie o aumento das
mitocôndrias em todas as células, além de fornecer nutrientes adequados para
que cada mitocôndria funcione melhor.

Como foi abordado no capítulo 11, o cérebro reptiliano precisa receber
mensagens de que as mitocôndrias em atividade não estão sendo suficientes para
a realização de determinadas tarefas, e isso se dá por meio da utilização dos
recursos básicos (horméticos) para conquistar mais energia: musculação de alta
intensidade, corrida (intervalada e aeróbica) de alta intensidade. Esses
podem ser chamados de dois recursos básicos, porque sua aplicação já afetará a
função mitocondrial, mas há muitos outros recursos, conforme já foi
mencionado.

Quanto mais o indivíduo intensificar seu esforço na aplicação desses recursos e
buscar os outros tantos recursos para melhoria da saúde, mais positivos e até
surpreendentes serão os resultados, e mais saúde ele estará conquistando para
alcançar a longevidade cada vez mais saudável.

Geração Saúde
Para saber exatamente qual é o verdadeiro potencial de vida do ser humano, será
preciso que nasça a verdadeira geração saúde. E, para fazer parte dessa geração
saúde, um indivíduo precisaria submeter-se a algumas condições:

nascer de pais completamente saudáveis, que se dedicaram, nos últimos
anos antes da concepção, a desenvolver a melhor saúde possível;
ser concebido num ato sexual mais saudável e amoroso possível;
nascer de uma gravidez completamente saudável, com a mãe evitando ao
máximo atitudes que possam prejudicar física e emocionalmente a sua
saúde e ter a participação do pai quase tão intensa quanto a da mãe em
providenciar um ambiente emocional o mais saudável possível para essa
gestação;
nascer de um parto o mais humanizado possível;
ser amamentado, ao menos no primeiro ano, por uma mãe que continue
adotando hábitos físicos e emocionais completamente saudáveis;
ser criado durante toda a sua infância e adolescência observando as
centenas de fatores que promovem a saúde e evitando ao máximo os
milhares de fatores que prejudicam a saúde;
passar pelo período de adolescência e pela fase de adulto jovem mantendo
o comportamento mais saudável possível para chegar ao limite biológico
dos 30 anos na melhor e mais evoluída capacidade e saúde possíveis.

Os indivíduos que conseguirem preencher essas condições serão os únicos que
podem fazer parte de uma verdadeira geração saúde, e o estudo desses
indivíduos nos próximos 100 ou mais anos poderá trazer os conhecimentos que
faltam à Ciência para saber exatamente qual é o potencial máximo da vida
humana.

A cura do envelhecimento

Quando se fala em cura do envelhecimento, trata-se de bloquear o


envelhecimento (a senescência) das células, ao ponto de elas não precisarem se
dividir (apoptose). Essa situação, teoricamente, levaria à imortalidade. Mas essa
hipótese é apenas teoria, pois não existe nenhuma evidência de que isso seja
possível ao ser humano, apesar de semelhante situação já ocorrer em várias
espécies do reino animal.
É certo que podemos melhorar todos os indicadores de longevidade e, com isso,
reverter o processo de envelhecimento, mas, mesmo que alguém adote todos os
recursos possíveis de desenvolvimento da saúde, esse indivíduo ainda terá
“cicatrizes biológicas” das agressões que causou ao seu corpo, provenientes da
época na qual não se preocupava com a sua saúde. A dúvida é: quanto essas
cicatrizes afetarão a sua vida futura, mesmo que adote o melhor estilo de vida?

Uma dúvida se instala: o envelhecimento é uma doença e então pode ser curado
e evitado ou ele é um processo biológico e natural, que pode ser retardado, mas,
mesmo assim, poderá ocorrer mesmo numa geração saúde? Somente a
existência dela permitirá observar, com detalhes, a possibilidade de não ocorrer
o processo de perda de saúde e de envelhecimento.

Dois caminhos diferentes para o combate ao
envelhecimento
Os estudos científicos sobre o combate ao envelhecimento dividem-se em duas
correntes:

1. O caminho científico focado na doença
Atualmente, gastam-se bilhões de dólares em pesquisas científicas para
encontrar soluções que compensem os danos causados pela perda de saúde que
leva às doenças e ao envelhecimento. Todo esse gasto é feito para encontrar
medicamentos, soluções, tecnologias avançadas que possam ser patenteadas e
vendidas para quem pode pagar e já manifesta problemas localizados de perda de
saúde e envelhecimento.

Grandes empresas no mundo, como a Google (que criou a Calico, California Life
Company) estão financiando pesquisas nesse sentido. Quase a totalidade dos
trabalhos científicos publicados são nessa linha. Existem verbas de
financiamento quase ilimitadas para ela.

Assim funcionam as pesquisas na área de farmacologia, de biotecnologia, de
engenharia genética, de nanotecnologia (os nano-robôs), de substituição de
órgãos, de implantes, de inteligência artificial e muitas outras. Existe, inclusive,
uma área chamada de Trans-humanismo, que pretende encontrar substituições
protéticas para todos os órgãos que começam a falhar. Só para citar dois
exemplos bem comuns, muitas pessoas já usam implantes dentários, e é grande a
quantidade de idosos com catarata que colocam lentes para substituir o
cristalino.

O clímax dessa pesquisa será desenvolver um computador tão avançado que
possa ser colocado num robô completamente semelhante ao corpo humano e que
se possa implantar nele a mente de uma pessoa tal como ela é, permitindo,
assim, a imortalidade do ser. Os pesquisadores que estão trabalhando nessa
possibilidade estimam que isso acontecerá em 2045.

Esse caminho do combate à mortalidade está dividindo o ser humano em dois
grupos. Por um lado, há um grupo muito pequeno, composto das pessoas mais
ricas e que poderão pagar pelos avanços; no outro lado, a enorme maioria, que
sobreviverá em condições físicas e ambientais altamente desfavoráveis,
padecendo cada vez mais de doenças e de envelhecimento.

É o caminho do pragmatismo e do materialismo, em que não há espaço para
crenças, filosofia e metafísica; não há espaço para seres superiores (como Deus) ou
inteligências cósmicas em outras dimensões. O objetivo é conquistar o máximo
possível de capacidade financeira e de bens materiais e mantê-los o máximo de
tempo para ter acesso às tecnologias avançadas que possibilitarão uma vida mais
longa e com menos problemas.

2. O caminho científico focado na saúde
Neste campo, quase não há investimento, pois seus conhecimentos não podem
ser patenteados, uma vez que são focados na natureza do ser humano, baseados
no estudo da biologia, na história ancestral e no desenvolvimento do ser humano
em busca da saúde integral nas sete dimensões que abordaremos no próximo
capítulo (física, emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual).

Os poucos cientistas que atuam nessa área, como a ganhadora do Prêmio Nobel,
Elizabeth Blackburn, estudam recursos para evitar a perda de saúde e para
recuperar a saúde perdida com base em comportamentos individuais que
repercutem positivamente na saúde. Comportamentos esses que não podem ser
patenteados, como musculação, corrida, meditação, entre centenas de outros que
existem.

Esse é o caminho da futura geração saúde, que saberá que não há a
necessidade de perder saúde para depois gastar fortunas para compensar a perda.
É também o caminho dos Conquistadores da Supersaúde.

É o caminho também daqueles que acreditam que quanto melhor for a saúde
física de uma pessoa, melhor será a sua qualidade de vida e mais genuína a
sua felicidade. São aqueles que recuperam a saúde perdida conquistando e
mantendo a melhor saúde de suas vidas até idades avançadíssimas. São pessoas
que substituem o desejo de bens materiais perecíveis por aspiração de se tornarem
pessoas melhores e mais evoluídas e adquirem cada vez mais atributos pessoais
avançados que não podem ser retirados ou roubados e que serão levados depois da
morte para uma outra dimensão (para aqueles que acreditam nisso).

Só avançam nesse caminho aqueles que desenvolvem de forma significativa a
sua autoconsciência e se tornam cada vez mais racionais e conscientes em cada
instante da vida. Essa é a única maneira para abandonar as ações e
comportamentos que agridam o corpo e adotar mais ações e comportamentos que
protejam e mantenham a melhor saúde possível, principalmente as ações
horméticas das quais já falamos.

Existem duas correntes antagônicas que embasam filosoficamente esse caminho:

Há aqueles que defendem que somente uma minoria muito restrita de
pessoas teria condições evolutivas ou espirituais de avançar nesse
caminho da racionalidade e da autoconsciência crescente e de chegar à
consciência total. Os demais seres humanos continuariam com
comportamento irracional (ou de manada), agredindo o corpo sem se
darem conta, fazendo ações simplesmente “porque gostam” ou por que
todos fazem e sem buscar nenhum recurso para proteger a saúde e
recuperar a saúde perdida “porque não gostam” e por que poucos fazem.
Essa corrente filosófica é altamente majoritária.
A outra corrente, com poucos representantes, da qual eu faço parte,
acredita que todos os seres humanos podem evoluir deixando de adotar
comportamentos autodestrutivos, fazendo uso das centenas de recursos
para recuperar a saúde perdida e conquistando a saúde integral nas sete
dimensões, ao ponto de não mais ficarem doentes, de bloquearem e até
reverterem o envelhecimento.

O mais conhecido “filósofo” a defender isso foi Jesus Cristo quando disse
“deveis ser perfeito como é perfeito vosso pai que está no céu”. Ser perfeito é
ter a saúde perfeita não só na dimensão física, como em todas as outras
dimensões.

Mas a maioria desses poucos que acreditam que todo o ser humano pode evoluir e
atingir a perfeição está pessimista quanto à possibilidade de haver tempo para isso
acontecer. Eles dizem que estamos destruindo tão rapidamente as condições de
vida do ser humano que, em poucas dezenas de anos, não mais existirá a vida na
Terra.

A destruição crescente da natureza é, de fato, muito assustadora, mas é pouco
provável que cheguemos a uma situação catastrófica de não haver condições de
sobrevivência. Afinal, o Criador não teria feito o ser humano para ter um final
tão caótico. Por isso, é bem possível que exista alguma solução, ainda não
detectada, que será capaz de reverter esse processo destrutivo.

E, para além das crenças, é possível afirmar que ainda há tempo para que um
número significativo de seres humanos, como você que está lendo este livro,
possa conquistar uma saúde muito melhor e contagiar outras pessoas a também
buscarem essa supersaúde ao ponto de formar uma massa crítica capaz de levar a
grande maioria das pessoas a tornarem-se seres mais saudáveis e melhores ao
ponto de salvar a vida humana na Terra.









CAPÍTULO 21
As sete dimensões da saúde







É comum que se entenda a saúde apenas em relação aos aspectos físicos, mas
nós somos muito mais do que apenas um corpo físico.

A OMS (Organização Mundial de Saúde), na sua fundação, em 1946, definiu
saúde como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e
não somente ausência de afecções e enfermidades. Essa definição, que utiliza
três dimensões da saúde – física, emocional e mental – é válida até hoje. Não há
dúvida de que, se algo afeta a dimensão física, afetará também as demais
dimensões e vice-versa.

A divisão em três dimensões, no entanto, não dá conta de toda a complexidade
do ser humano. Para caracterizar o ser humano de forma completa, é
fundamental levar em conta todas as dimensões. Eu utilizo sete: física,
emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual. Essa é uma divisão
completamente teórica e depende da concepção de quem está estudando o ser
humano; é possível adotar quantas dimensões quiser.

Dividir o ser humano em dimensões para entender o seu funcionamento pode ser
um grande erro, pois nosso organismo precisa ser entendido na sua integridade e
na sua plenitude, sem nenhum tipo de fragmentação. Não se pode entender o
físico sem levar em consideração as demais dimensões, sejam elas quantas
forem. O organismo humano é totalmente integrado e interdependente.

Tudo o que faço no físico repercute nas demais dimensões. Tudo o que acontece
em qualquer dimensão reflete diretamente no físico. Entretanto, quando se trata
de recuperar a saúde perdida ou de conquistar mais saúde, essa divisão torna-se
útil e válida, pois, para desenvolver cada dimensão da saúde, utilizam-se
recursos e instrumentos diferentes para cada uma delas, com prioridades também
diferentes.

Na prática, a utilização da musculação é fundamental para a recuperação da
saúde física, mas, apesar de influir diretamente nas demais dimensões, ela não
provoca tanta melhoria na saúde emocional e nas demais dimensões.

Existem recursos mais específicos para cada uma das dimensões. Só por isso, é
conveniente essa separação em dimensões. O princípio óbvio é começar pela
dimensão mais grosseira e material, que é a dimensão física, e ir “subindo” a
escala para dimensões cada vez mais sutis e abstratas. Analogicamente, é
começar o edifício pelas estruturas e ir construindo-o até chegar à cobertura.

Para cada dimensão, existem recursos mais apropriados e que provocam mais ou
menos melhorias. Por isso, é importante colocá-las numa ordem crescente de
prioridade, das mais primitivas e básicas, e mais fáceis de melhorar, até as mais
nobres e sofisticadas.

1. Dimensão física
É a dimensão mais importante de qualquer ser vivo, é a única que nos mantém
vivos. Quanto melhor for a saúde física, mais fácil será o desenvolvimento da saúde
integral nas demais dimensões. Mais do que isso: é impossível desenvolver a saúde
nas demais dimensões sem ter desenvolvido a saúde física, pois ninguém poderá
conquistar o desenvolvimento da saúde nas dimensões superiores sem desenvolver
a saúde física.

Organizações filosóficas, psicológicas, espirituais ou religiosas cometem um
grande erro ao acreditarem que é possível desenvolver dimensões mais nobres,
como comportamento ou espiritualidade, sem valorizar o cuidado com o físico,
relegando-o a um plano menos importante ou entendendo atividades físicas
como a musculação ou a corrida como atividades que “não combinam” com o
desenvolvimento intelectual, emocional ou espiritual.

Algumas filosofias religiosas defendem, na teoria, a melhoria do físico,
chegando a afirmar que o corpo é o templo do espírito, mas, na prática,
permitem que o corpo apresente sinais degenerativos graves e doenças. Ao
contrário, todo o investimento que for feito na melhoria da saúde física
repercute imediatamente na melhoria da saúde nas demais dimensões.

2. Dimensão emocional
Saúde emocional é a expressão sadia de sentimentos e de emoções. O indivíduo
saudável não expressa emoções ou sentimentos negativos e tem todos os seus
conflitos emocionais inconscientes resolvidos.

Quanto mais conflitos emocionais não resolvidos o indivíduo tiver, menor será a
sua saúde emocional, mais prejudicada será a sua saúde integral e mais
problemas de saúde física ele terá. Se um indivíduo tiver alto nível de saúde
física, produzindo energia em grandes quantidades, mas tiver também conflitos
emocionais não resolvidos, poderá desperdiçar toda essa energia na expressão de
emoções negativas. Seria como encher de água (energia) um balde todo furado: a
água se perderia.

Assim como na saúde física, não existe um tratamento capaz de, sozinho,
melhorar a saúde emocional. Nenhum tipo de psicoterapia consegue isso. Para
aumentar a saúde emocional, é preciso aplicar os recursos de melhoria da saúde
física e alguns recursos próprios da melhoria da saúde emocional, além de outros
das dimensões superiores.

Na saúde física, qualquer doença é consequência da perda de saúde de todo o
organismo, e todos os tratamentos focados na manifestação dos sinais e sintomas
apenas diminuem a manifestação dessa doença, mas não conseguem curá-la, pois
a cura só se dará com a recuperação da saúde perdida. Assim, para eliminar
os sinais e os sintomas emocionais, é preciso investir no aumento da saúde
emocional. Quanto mais se expressar emoções positivas, maiores são as chances
de desaparecem as emoções negativas.

A melhoria da saúde em todas as dimensões passa, obrigatoriamente, pelo foco
na melhoria e na saúde, afastando o olhar dos sintomas e dos sinais de doença.
Principalmente, é fundamental ter ações práticas, buscando a melhoria da saúde.
Não basta apenas focar e desejar a saúde em qualquer dimensão, é preciso
dar passos concretos e caminhar na direção da saúde.

Dimensão mental
Ter saúde mental é ter a capacidade de utilizar a mente em toda a sua
potencialidade.

Apenas utilizando uma capacidade mental conhecida como exemplo, a ciência
demonstrou, por meio de vários experimentos, que todos nós temos alguma
capacidade atrofiada de telepatia. O experimento mais famoso foi a transmissão
telepática do astronauta Edgar Mitchell, a bordo da Apolo 14, para uma pessoa
dentro de uma gaiola Faraday em um laboratório na Terra. Dessa experiência,
porém, nunca encontrei a devida comprovação.

A telepatia é um tema científico estudado há muito tempo. Desde 1930, a
Universidade de Duke, nos Estados Unidos, faz pesquisas sobre telepatia. Conta-
se que o próprio Edgar Mitchell, depois que voltou do espaço, passou a dedicar-
se a estudos de vivências extrassensoriais (telepatia, telecinese ou psicocinese,
percepções extrassensoriais, clarividência) e afirmou: “Elas não têm nada de
extraordinário e estão dentro da capacidade de todas as pessoas. A maioria das
experiências denominadas místicas e espirituais são parte das propriedades de
todo organismo vivo”.

Assim como a capacidade telepática atrofiada, existem outras capacidades
extrassensoriais, como a clarividência (descobrir a cor da carta antes de ela ser
virada), precognição e premonição (conhecimento sobre um futuro evento) e
outras capacidades sobre as quais ainda há pouco conhecimento, mas existe
alguma comprovação científica.

Todos nós temos poderes mentais extremamente potentes que estão
subutilizados ou atrofiados e que podem ser desenvolvidos. Um deles, que todos
conhecem, é o poder de autocura. Todas as pessoas têm condições de curar
pequenas lesões, como batidas e ferimentos, sem necessitar de tratamentos. Isso é
poder de autocura manifestado. Só precisamos entender melhor esse processo
para utilizá-lo em lesões e em doenças maiores.

Um poder mental muito conhecido é a premonição. Quantas vezes você ouviu
alguém comentar que estava pensando numa pessoa e em seguida ela apareceu
ou telefonou? Todas as pessoas “comuns” que manifestam poderes
extrassensoriais, de cura ou outros poderes que expressam essas outras
capacidades mentais são apenas demonstrações de alguma condição natural
excepcional para provar que é possível e que faz parte da capacidade humana
em potencial. Os espiritualizados afirmam que isso é demonstração de uma
Inteligência Superior (Deus).

Quanto maior for a saúde física e emocional, maior será a condição de
desenvolver a capacidade mental atrofiada e de aumentar esses “poderes”
mentais potenciais. É um caminho lento, e só será acelerado por aqueles que
conquistarem a saúde física e emocional 100%. Se você não acredita na sua
possibilidade de conquistar essa saúde superior, não conseguirá desenvolver a
saúde mental e terá de rezar para que algo ou alguém a desencadeie em você.

Dimensão cultural
Aumentar a saúde cultural é desenvolver a capacidade cognitiva e intelectual.
É mais do que acumular informações, que é a característica de uma pessoa culta,
letrada, ilustrada. É mais do que juntar e processar várias informações, gerando
conhecimentos. Ter saúde cultural é ter a capacidade de acessar
conhecimentos ainda não expressos, e isso se chama inspiração, intuição ou
criatividade. Ela procede de uma parte mais elevada da mente ou da consciência.
Alguns chamam de supraconsciência.

Há estudiosos que afirmam que essa parte superior da mente está em contato
com uma “mente superior” (em inglês, master mind) na qual não existe a
dimensão nem de tempo nem de espaço. Jung e Assagioli, discípulos de Freud,
chamavam de inconsciente coletivo. Os místicos e metafísicos chamam de
consciência cósmica ou registros akáshicos. Os religiosos chamam de
consciência divina, Espírito Santo e outras denominações.

Essa possibilidade está sendo estudada pela Ciência desde a época de Einstein e,
com a evolução da física quântica, pode estar próxima de se realizar por meio de
um fenômeno conhecido como entrelaçamento quântico.

Um dos objetivos do aumento da saúde é levar ao desenvolvimento de um
cérebro de alta performance, aumentando as capacidades cognitiva, intelectual
e de memória, expandindo, assim, a capacidade mental e a cultural e mantendo-
as em condições cada vez mais aperfeiçoadas, mesmo em idades avançadas.

Isso pode acontecer com qualquer pessoa, inclusive com você. À medida em que
eu aumentei minha saúde física, emocional e mental, eu percebi que as
capacidades intelectual, cognitiva e minha capacidade criativa para processar
informações e desenvolver conhecimentos, assim como receber insights e
inspirações e acessar conhecimentos mais elevados, está sendo aumentada
gradativamente. E, quanto mais evoluo e me conheço, mais descubro que tudo
ainda é infinitamente pequeno perto do que há para conhecer e conquistar.

De acordo com Lao Tse: “Quando você conseguir conectar a sua energia com o
reino divino através de alto nível de conhecimento e da prática da virtude não
discriminatória, a transmissão das verdades sutis finais irá seguir.”

Dimensão social
Dimensão social é a capacidade de sentir-se integrado com os demais seres
humanos. Não só integrado às pessoas que lhe são queridas, mas integrado a
todas as pessoas, independentemente de espaço e de tempo. É sentir que se faz
parte de um único organismo formado pelos sete bilhões de seres humanos que
estão vivos e com os bilhões de seres que já viveram ou irão viver.

Quanto maior for a saúde social, mais será possível sentir o poder e a verdade da
máxima que diz “somos todos um”.

Ter saúde social não é apenas o indivíduo ter relacionamento saudável com
todas as pessoas, conhecidas ou não, que encontra nos contatos sociais. Esse
tema é estudado na dimensão emocional. Quanto melhor for a saúde
emocional, melhor será o relacionamento social de um indivíduo com pessoas
conhecidas e desconhecidas, entendendo-se como ambiente social os vários
ambientes nos quais as pessoas circulam: a escola, o trabalho, a igreja, as
festas, o transporte coletivo etc.

Ter saúde social é sofrer com o sofrimento de uma pessoa que passa fome, seja
na sua cidade ou num país distante, ou vibrar com uma vitória na evolução de
uma pessoa desconhecida, mesmo sendo parte de um país estranho.

A principal característica de alguém que está desenvolvendo a saúde social é a
compaixão, que é a capacidade de ter um olhar identificado com o outro, seja
quem for, atento às suas necessidades e carências e auxiliando-o no seu processo
evolutivo, sem sentir nenhum grau de superioridade. Ela pode ser confundida
com caridade, mas essa não passa de assistencialismo e está impregnada de
sentimento de superioridade, de doar algo porque está sobrando.

O primeiro e fundamental passo a ser dado para o desenvolvimento da saúde
social é compartilhar seus conhecimentos e sua energia com outras pessoas.
Ninguém chega à saúde social sem desenvolver a saúde física, a emocional, a
mental e a cultural. Uma das características de quem chega aqui é diminuir o
sentimento de individualidade e passar a se sentir integrado num organismo
social maior, junto com todas as outras pessoas, e apoiar a elas para evoluírem
também

O organismo social gradativamente elimina as separações entre as pessoas e
cada uma delas passa a sentir que todos fazem parte de um organismo único, e
que a sobrevivência desse organismo depende da saúde de cada célula desse
organismo, como num corpo. Aos poucos, fica cada vez mais fora de propósito a
busca de soluções para si mesmo e para sua família. Isso seria como se o coração
só bombeasse sangue para si mesmo.

Dimensão ambiental
A dimensão ambiental integra totalmente o indivíduo não só com os outros seres
humanos, mas também com todos os representantes dos reinos animal, vegetal e
mineral.

O indivíduo é parte do todo, não parte solta ou isolada, mas parte intrínseca
e integrada, que faz andar o todo, tornando-se responsável pelo processo que é
estar no mundo. Cada indivíduo é uma célula viva no organismo de toda a
natureza. E cada célula, para ser saudável, depende da saúde de cada uma das
demais células.

Nessa dimensão, o ser humano deve identificar-se não só com os animais mais
“fofos”, como o cachorro ou o gato de estimação, mas também com os animais
peçonhentos e com os vegetais, os minerais, com a Terra (Gaia) e com o
Universo.

E, ao alcançar a saúde integral, com a conquista das demais dimensões da saúde
– física, emocional, mental, cultural e social -, torna-se quase que natural
compreender e desenvolver a saúde em sua dimensão ambiental.

O indivíduo que desenvolve a consciência para a saúde física e todas as outras
dimensões desenvolverá também uma consciência mais ampla do que é ser
saudável e da importância que essa dimensão ambiental tem em seu processo de
conquista da saúde plena.

Quando houver um número significativo de pessoas buscando a melhor saúde da
sua vida, essa massa crítica (chamada, em inglês, de Tipping Point, como
veremos mais à frente será capaz de influenciar o restante da humanidade a
adotar um comportamento saudável e, dessa forma, evitar a destruição dos
recursos naturais, que inviabilizaria a vida na Terra.

Dimensão espiritual
A dimensão espiritual está intimamente relacionada ao desenvolvimento da
consciência em todos os seus aspectos, desde a consciência corporal (físico) até
a consciência do sentido ou propósito de vida (social). É por isso que ela é a
única das sete que se desenvolve paralelamente ao desenvolvimento de cada
uma das outras.

Já vimos que cada ação de melhoria da saúde física impacta na melhoria das
demais, mas impactará de forma mais intensa a saúde espiritual.

A dimensão espiritual é uma espécie de ligação que une todas as dimensões
anteriores. É a capacidade de transcendência, que motiva o indivíduo a ir
além, a evoluir, a tornar-se um ser melhor, qualquer que seja a definição para
esse melhor.

A dimensão espiritual existe em todos os seres humanos, quer sejam eles
materialistas, quer sejam crentes em uma Inteligência Superior (Deus).

A religiosidade pode fazer parte ou não da espiritualidade. Se ela estimular o
indivíduo a buscar a transcendência e se tornar um ser melhor e mais
evoluído, ela estimulará a saúde espiritual. Mas, se ela engessar o indivíduo em
suas crenças, segregando todos os outros que pensam de forma diferente, ela
estará prejudicando a saúde do indivíduo, principalmente a saúde emocional, a
mental, a cultural e a social.

Essa dimensão, afinal, é a única que diferencia os seres humanos dos animais.
Todos os mamíferos têm a dimensão física, a emocional, a mental a social e,
provavelmente, a ambiental, mas não têm a dimensão espiritual. A
espiritualidade é a utilização dos atributos mais elevados do ser humano e
não encontra correlação em nenhum animal, mesmo entre aqueles com maior
grau de inteligência.

Quais são esses atributos? O altruísmo, a compaixão, a abnegação, o desapego, o
humanitarismo, a generosidade, a bondade, a caridade, a filantropia, a moral, a
honra, a ética, a integridade, a honestidade, a retidão, a decência, a justiça, o
heroísmo, entre tantos outros. São atributos que extrapolam a questão religiosa e
que deveriam fazer sentido para a totalidade das pessoas, ainda que o indivíduo
seja ateu, agnóstico ou materialista.

Quanto mais pessoas estiverem em busca da melhor saúde de sua vida e
manifestarem esses atributos espirituais, melhor será a sociedade em que elas
estão inseridas

A saúde integral

Ao desenvolver as sete dimensões, é possível alcançar a saúde integral, que é a


máxima saúde que pode ser alcançada pelo ser humano

A saúde integral pode ser considerada utópica e inalcançável, pois ela pressupõe
a conquista da máxima saúde em todas as sete dimensões. Mas esse é um
olhar limitado pela observação da saúde conquistada até agora. Precisamos olhar
a saúde com o olhar no futuro.

Se todas as condições forem favoráveis, um indivíduo poderia conquistar a saúde
integral? É claro que sim. Se não é impossível, logo, é possível. Pode até ser
muito improvável, mas não impossível. E, se um indivíduo, teoricamente, pode
conquistar a saúde integral, outros também podem! E, se vários conseguem,
todos podem conseguir.

O Cristianismo traz isso claramente na fala de Jesus Cristo: Sede vós perfeito
como é perfeito vosso pai que está no céu. Não deixou por menos: o ser humano
pode aumentar a sua saúde até conquistar a mesma saúde de Deus.

Buda também deixou bem claro, em sua filosofia, que todos temos a capacidade
de nos tornarmos novos Budas, mesmo que necessitemos, para isso, de milhares
de encarnações.

Para finalizar, vale relembrar que a saúde integral só será alcançada se todas
as dimensões forem alcançadas. Para alcançar cada uma das dimensões, o
primeiro passo e o mais fácil será melhorar a saúde física, aplicando os recursos
para melhoria da saúde com todo o esforço possível para abandonar a zona de
conforto e chegar à saúde plena.

Não é possível evoluir emocionalmente ou espiritualmente com um corpo
fraco, cansado, atacado por doenças. A evolução começa pela saúde física e
avança gradativamente pelas outras dimensões até que a pessoa chegue ao
estado pleno de evolução.

Até agora já vimos que podemos recuperar toda a saúde perdida, eliminar todos
os sinais e sintomas de perda de saúde, curar as doenças, parar de tomar
medicamentos, conquistar a melhor saúde da vida e manter essa saúde até idades
muito avançadas sem nunca mais ficar doente, podendo morrer centenário com
saúde e lucidez, sem ficar fraco e doente.

As pessoas que conseguem chegar à fase da melhor saúde de sua vida ficam tão
entusiasmadas com a qualidade de vida que passam a ter que querem conquistar
mais saúde ainda. Vão em busca da saúde 100% e depois querem conquistar a
supersaúde e desenvolver o supercérebro.

Muitos intelectuais, e mesmo quem realiza trabalhos braçais, gostariam de
desenvolver um cérebro de alta performance e ter uma alta produtividade
cognitiva, mas acham que isso é possível sem desenvolver a melhor saúde física
possível, como se o cérebro fosse um órgão separado, independente do restante
do corpo.

Se esse é o seu objetivo e você abriu o livro neste capítulo, pois é o que mais lhe
interessa, está perdendo o seu tempo. Volte à introdução e comece a entender a
metodologia que garante a conquista da melhor capacidade intelectual da sua
vida. Não queira construir a cobertura do seu “edifício da saúde” sem antes fazer
a fundação e levantar os 15 andares que apoiarão a cobertura.










CAPÍTULO 22
A supersaúde e o supercérebro
Conquistar a supersaúde e o supercérebro

Ter o melhor cérebro possível, um cérebro de alta performance ou, melhor ainda,
um supercérebro, é o desejo de todos os leitores deste livro. Não só os
intelectuais querem um cérebro de alta performance; os trabalhadores braçais
também querem ter “uma cabeça melhor” e uma capacidade de raciocínio
superior, que possibilitará aumento da produtividade e dos resultados do
trabalho.

Por que, então, esse tema ficou para o final do livro? Porque é impossível
querer melhorar o cérebro sem antes melhorar o corpo inteiro.

Já sabemos que o uso dos recursos para a melhoria da saúde, se aplicados da
melhor forma possível, com todo o esforço que o indivíduo possa empregar,
pode levar à conquista da melhor saúde de sua vida e, depois, da saúde 100%.

Quem chega a esse ponto não se contenta em só vivenciar esse nível de saúde e
de felicidade. De alguma forma, sabe que pode conquistar mais se continuar
evitando ao máximo as agressões ao organismo e seguir aplicando de forma mais
intensa cada uma das centenas de recursos que permitem que o corpo possa
funcionar melhor ainda.

Se esses recursos forem ampliados e intensificados num esforço crescente, com
consciência máxima e foco na saúde, é provável que o indivíduo chegue a
apresentar mais que uma saúde 100%, ele poderá ter 101, 102, 105, 110% de
saúde, e assim por diante.

Não existe um nome na Ciência para essa saúde tão elevada, por isso nomeamos
de supersaúde, acreditando que não há um limite máximo para a conquista de
mais saúde. Por meio de esforço e dedicação, sempre será possível aumentar
algum nível a mais na saúde já conquistada e avançar na supersaúde.

A supersaúde é, portanto, uma condição acima da saúde: ter uma supersaúde é
ter mais que o funcionamento adequado de todas as células do corpo; é ter
energia de sobra para que todos os órgãos, tecidos e sistemas funcionem para
além da capacidade adequada. Equivale a dizer que, nessa condição, o indivíduo
passa a ter um supercoração, um superpâncreas, um superfígado; todos os órgãos
tornam-se superórgãos.

Ter uma supersaúde é:

ter todas as células do corpo funcionando mais do que adequadamente;


ter todas as organelas internas de cada célula, como as mitocôndrias, em
quantidade e funcionalidade muito acima do necessário para funcionar de
forma adequada;
aumentar o tamanho dos telômeros ou, ao menos, não permitir que eles
diminuam, estimulando as células a se manterem jovens e em
funcionamento por mais tempo, evitando a senescência (envelhecimento
celular) e estendendo, assim, o limite da divisão, propiciando maior
longevidade;
ter cada vez menos substâncias tóxicas intra ou extracelular;
ter uma capacidade cardíaca e um nível de energia muito acima do
necessário para cumprir todas as necessidades diárias;
ter massa e força muscular muito acima do que se usa cotidianamente e
mesmo em ações extremas eventuais;
aumentar, gradativamente, todas as funç ões hormonais, que já são
adequadas.

Supercérebro

E quanto ao cérebro? O que é ter um supercérebro?

Ter um supercérebro é:

ter um cérebro funcionando mais do que adequadamente e sem manifestar
problemas e perturbações;
ser capaz de expandir e magnificar indefinidamente todas as funções
cerebrais;
ter o cérebro funcionando com cada vez mais elevada performance;
expandir cada vez mais a capacidade de memória e o nível de cognição;
aumentar o quociente de inteligência sob qualquer aspecto que for
considerado;
manter o pensamento cada vez mais lúcido;
ter a capacidade de trabalho intelectual expandida, permitindo ficar
trabalhando muito tempo sem manifestar cansaço e ampliar esse tempo
cada vez mais;
ter um aumento da capacidade criativa, alcançando soluções cada vez
melhores e mais avançadas para todos os problemas e dificuldades que
surgirem.

É impossível alguém que tem um supercérebro desenvolver qualquer doença
neurodegenerativa, como Alzheimer, Parkinson ou demência. As pessoas que
têm supersaúde nunca terão nenhum sinal ou sintoma de deficiência de
funcionamento do cérebro, não importa a idade avançada que tenham.

Ninguém esquecerá palavras ou nomes nem terá os denominados “brancos” de
memória. E, quando isso acontece, acende-se uma “luz amarela”, sinalizando
que algo está perturbando o funcionamento do cérebro, que pode ser desde um
leve estresse, a falta de algum nutriente ou até uma necessidade de repouso, de
férias, pois mesmo o supercérebro não deixa de ter a necessidade de descansar
em algum momento.

Aumentar a energia disponível para desenvolver o
supercérebro

Há um pensamento comum de que o cérebro é “descolado” do corpo quando se


fala em recursos para desenvolver a saúde. Algo assim como se a alimentação, a
musculação e a corrida, para citar alguns recursos básicos, em nada contribuam
para que o cérebro desempenhe suas funções de forma mais produtiva.

Por outro lado, ninguém duvida que os “cuidados com o cérebro” são muito
importantes. Há uma preocupação cada vez maior com a prevenção da doença
de Alzheimer, por exemplo. Mas a ideia mais comum é a de que, para
desenvolver o cérebro, é preciso estimulá-lo por meio do aprendizado de
idiomas, da busca de conhecimentos novos ou da realização de palavras
cruzadas.

É certo que esse tipo de atividade não deixa de ser importante, já que promove o
aumento das sinapses, que são as conexões entre os neurônios. Mas aumentar as
sinapses não chega a estimular as funções cerebrais ao nível de tornar o cérebro
mais produtivo ou de evitar que ele fique “doente”.

A única possibilidade de desenvolver as capacidades cognitivas, mentais e
intelectuais é dispor de mais energia. É isso que vai estimular o cérebro a
funcionar “a pleno vapor” por muito mais tempo. E para ter mais energia, já
sabemos, será por meio do aumento da função mitocondrial.

Como já vimos anteriormente, a única maneira de aumentar as mitocôndrias
cerebrais é aumentando as mitocôndrias cardíacas e musculares. Quanto mais
intensa for a musculação ou a velocidade em uma corrida de curta duração, maior
será o aumento das mitocôndrias cerebrais e de todos os demais órgãos do corpo
não envolvidos com o exercício.

Vale lembrar que ter saúde é ter todas as células do corpo funcionando
adequadamente, sem nenhum problema, sem nenhuma perturbação, sem
nenhuma alteração; é ter todos os órgãos e tecidos funcionando de forma
harmônica e equilibrada. Por óbvio, essa definição inclui o cérebro. E ninguém
chega ao supercérebro se não estiver desenvolvendo a supersaúde.

Sim, sempre que melhorarem os níveis de saúde de todo o organismo, o
indivíduo estará aumentando, proporcionalmente, a saúde e a capacidade
cerebral. Isso equivale a dizer que, ao praticar musculação, ao contrário do que
pensa a grande maioria dos intelectuais, o sujeito não estará apenas aumentando a
força e a massa muscular, estará aumentando a força de todas as células e órgãos
e, seguramente, trabalhando para melhorar a força dos neurônios e as capacidades
do cérebro.

Enfim, ao estimular o cérebro reptiliano a aumentar as mitocôndrias dos
músculos (praticando a musculação de forma adequada) e do coração (realizando
corrida de alta intensidade e curta duração), o indivíduo também estará
estimulando o aumento do número e da função das mitocôndrias de todas as
células do corpo, inclusive das células neurológicas.

O cérebro não é um órgão vital
Por mais importante que seja o cérebro, ele não é um órgão vital. Uma criança
que nasce sem cérebro (anencefalia) pode viver alguns meses ou até mais de um
ano de idade. Uma pessoa com o cérebro completamente deteriorado por
Alzheimer pode viver muitos anos.

São considerados órgãos vitais o coração, o pulmão, o fígado e os rins, pois, se
falharem, o indivíduo morre em seguida. O cérebro reptiliano, que tem como
prioridade máxima preservar a vida, nas deficiências, prioriza o máximo dos
recursos na sustentação desses órgãos vitais. Em seguida, ele dá prioridade às
estruturas responsáveis pela preservação da vida, que incluem a capacidade de
lutar, de fugir e de buscar alimentos (aparelho locomotor). Somente em terceiro
lugar ele atenderá às necessidades dos demais órgãos como o cérebro.

Isso significa dizer que, sempre que faltar condições para sustentar os órgãos
vitais, o cérebro será sacrificado para que sejam privilegiados aqueles órgãos
dos quais depende a manutenção da vida.

Se quisermos desenvolver um cérebro de alta performance e chegar a ter
um supercérebro, precisamos dispor de condições excepcionais no nosso
organismo. Isso significa ter a capacidade de produzir e de fazer circular energia
em excesso, dispor de nutrientes excedentes para sustentar todas as funções
vitais e de sobrevivência e ainda dar ao cérebro nutrientes em quantidades acima
do que ele precisa para seu funcionamento.

É preciso lembrar que o cérebro representa menos de 3% do total do peso corporal
e consome 25% de toda a energia produzida pelo corpo. Desse percentual, apenas
2,5% são utilizadas pela sobrevivência das células neurológicas (terão preferência
na liberação de nutrientes) e 22,5% são usados para o funcionamento cerebral
(trabalhos intelectuais, cognição, pensamentos, emoções, que não são fundamentais
à vida e à sobrevivência).

Desenvolver o supercérebro
Conforme já foi tratado, deve ficar claro para todos que desejarem ter um
cérebro de alta performance e um supercérebro que a prioridade número um
é desenvolver a melhor saúde corporal possível, uma supersaúde. É
impossível conquistar um supercérebro sem conquistar, antes, uma supersaúde.

É possível fazer muito mais que apenas manter o cérebro funcionando para que
cumpra com as funções esperadas; é possível estimular o cérebro a realizar
atividades de forma excelente, chegando-se a ter um supercérebro, com alto nível
de capacidade cognitiva, de criatividade, de memória.

O cérebro humano tem potencial de desenvolvimento muito maior do que o
utilizado por nós. Basta ver que algumas pessoas possuem uma capacidade
extraordinária do uso do cérebro, apresentando aptidões que são consideradas
excepcionais e chamadas de extrassensoriais ou até de espirituais. Todas essas
aptidões surpreendentes estão dentro das potencialidades do cérebro, que podem
ser desenvolvidas desde que se proporcionem as condições para que isso ocorra.
Certamente, o cérebro humano deve ter um enorme potencial ainda desconhecido,
do qual só daremos conta ao evoluirmos as aptidões que temos hoje.

Princípios para desenvolver um supercérebro

Vale alertar ao leitor que, dada a importância do cérebro e a necessidade de
entendê-lo melhor, seria necessário mais do que um livro sobre este tema. Este
capítulo serve apenas para despertar o interesse do leitor em pesquisar e estudar
mais sobre o assunto.

Os principais pontos para desenvolver um supercérebro são:

Desenvolver a supersaúde. Como já vimos, é impossível querer melhorar
a função cerebral sem melhorar todo o organismo. Quanto maior for a
saúde física, maiores serão as condições do cérebro. O processo
desenvolve-se paralelamente; qualquer mínimo avanço da saúde do
organismo provoca uma melhoria da saúde cerebral. Então, só temos que, a
cada dia, aplicar as duas únicas regras que você já conhece para
desenvolver a saúde:
A cada dia, diminuir ao máximo as agressões ao corpo.
Aplicar o máximo possível de recursos para desenvolvimento da saúde e
aplicá-los da melhor maneira possível.
Desenvolver especificamente cada uma das funções do cérebro. Como
vimos no capítulo 11, o cérebro humano está divido em quatro partes. Cada
parte tem a sua função e pode ser desenvolvida de forma específica:

1. Cérebro reptiliano, o mais primitivo (tem 200 milhões de anos), é o único


responsável pela manutenção da vida e pelo funcionamento de todas as
células do corpo. Para fazê-lo atuar na melhoria da saúde de todos os
órgãos, devemos estimular situações de risco de morte ou de agressão à vida
para que ele reaja com a melhoria do organismo.

2. Cérebro límbico, muito primitivo (tem 60 milhões de anos), é
responsável pelas emoções e sentimentos, pelos apegos e aversões.

Para desenvolver o cérebro límbico é preciso trabalhar as emoções e os
sentimentos, procurando aumentar a saúde emocional, desenvolvendo
emoções positivas e reconhecendo, entendendo e resolvendo as emoções
negativas. É fundamental estar atento a todas as sensações de gostar ou não
gostar, de atração e repulsão, e interpretá-las pela utilização da consciência e da
racionalidade do lobo frontal. Um indivíduo que utiliza o cérebro mais
desenvolvido (lobo frontal) em vez do cérebro altamente primitivo (cérebro
límbico) diria: “eu quero comer esse doce porque adoro doce, mas escolho
não comer, pois sei que ele aumenta a insulina, que aumenta a inflamação
crônica e que piora a minha saúde”.

3. Neocórtex, recente, pois existe há apenas 1 milhão de anos, é responsável
pela fala, pela motricidade fina, pelas funções sensoriais, pela
armazenagem de memórias e certos atributos que nos diferenciam dos
outros animais.

Para desenvolver o neocórtex, é fundamental estudar e pesquisar, ocupando a
função cognitiva. E o melhor tema para se dedicar a estudar e pesquisar é
sobre o desenvolvimento da saúde em todas as suas possibilidades. A
internet propicia que qualquer um se torne um “especialista em saúde” sem
precisar fazer nenhuma pós-graduação.

Mas não se deve estudar apenas para manter o cérebro ocupado, como por
exemplo, aprender uma língua estrangeira que nunca vai usar. Esse
desperdício de tempo é mais prejudicial do que benéfico, e não se deve
manter o cérebro ativo em passatempos, como jogos e palavras cruzadas.
Nascemos para nos tornar melhores a cada dia, e passar o tempo não nos
melhora em nada. Devemos dedicar tempo de estudo em buscar
conhecimentos úteis que nos auxiliem no processo de evolução física,
emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual.

Outra maneira de desenvolver o neocórtex é ativando todas as suas funções
sensoriais: motricidade fina, fala, audição, olfato, gustação e tato.

4. Lobo frontal, novíssimo, pois tem apenas 40 mil anos, é responsável pela
vontade, pela motivação, pelo planejamento, por ter a visão do futuro
(projetar consequências das ações do presente). É considerado a sede da
consciência. A utilização e o desenvolvimento do lobo frontal é o que
diferencia o ser humano racional do irracional, como já vimos. E os
recursos obrigatórios para o desenvolvimento dessa parte importante do
cérebro são a meditação e a mente atenta (Mindfulness).

É importante dedicar esforços para desenvolver cada uma das partes do
cérebro. As ações diárias podem agredir algumas delas e diminuir sua saúde,
como podem também estimulá-las e, assim, aumentar o seu nível de saúde.

Fornecer nutrientes de alta qualidade

O cérebro funciona muito melhor com cetonas (provenientes do metabolismo
lipídico, das gorduras) do que com o metabolismo glicídico (dos carboidratos). É
claro que ele precisa também de glicose; é por isso que uma das funções
prioritárias do fígado é transformar gorduras do depósito em glicose e fornecer
ao cérebro a quantidade exata de que ele precisa. Nem uma molécula a mais,
nem uma a menos.










CAPÍTULO 23
Morrer sem ficar doente?
A morte é inevitável, mas não deve ser antecipada

É muito comum que se ouça, vindo das mais diferentes pessoas, jovens ou
idosas, homens e mulheres de diferentes classes sociais ou níveis de instrução, o
seguinte comentário: “Vou comer esse doce (ou vou beber esse refrigerante, essa
cerveja), porque vou morrer mesmo”. E outra: “Não vou perder meu tempo com
atividade física, vou morrer mesmo”.

Não há dúvida: a morte está mesmo no caminho de todas as pessoas, todas! E
sobre isso não há o que fazer: todas as pessoas morrem. Mas, mesmo diante
dessa certeza, ainda podemos ser protagonistas de uma decisão importante:
quando e como se vai morrer, ou quando e como se quer morrer.

Será possível gerenciar a chegada da morte? Ainda não! Ainda não é possível
determinar os fatores e o momento de morrer para poder gerenciá-los. Mas já
temos totais condições de gerenciar a vida de modo a não antecipar o momento
de morrer. Ninguém precisa morrer antes da hora!

Só não antecipou a morte aquele que não adoeceu antes dela. Qualquer doença,
antes de morrer, é, com certeza, uma antecipação da morte.

Só conseguiremos entender a morte e os fatores que a determinam depois de
dominarmos a saúde, evitando todas as doenças, pois elas “mascaram” as causas
da morte por não deixá-la acontecer naturalmente e no seu momento adequado.

Quase todas as pessoas, em função de seu estilo de vida, antecipam a morte em
muitos anos: por serem sedentárias, por se alimentarem mal, por terem alto nível
de estresse. Nesses casos, é possível afirmar que a morte chegou antes da hora.

Por não ter uma consciência focada na saúde, as pessoas “adoecem”, até se pode
dizer, de forma voluntária, já que “fomentam” o aparecimento de doenças ao
entenderem que a perda da saúde é da natureza humana. Essas atitudes podem
ser conscientes (sei que comer doce prejudica a saúde, mas vou comer assim
mesmo) ou inconscientes (não sabia que todas as substâncias químicas
prejudicam a saúde).

Assim, em vez de colocarem na pauta a conquista da saúde, colocam a doença
em seu horizonte, e acabam por antecipar a morte, tornando, quase sempre, os
últimos anos de vida muito difíceis. O ruim não é morrer; ruim (e triste) é sofrer
muitos anos antes de morrer.

Todas as pessoas que sabotam a própria saúde, agredindo o corpo, aceitando o
aparecimento de sinais e sintomas de perda de saúde que acabam se
transformando em doenças que paulatinamente vão se agravando chegam ao
ponto de terem doenças graves que desencadeiam grandes sofrimentos nos
últimos anos de vida, antecipando, assim, o momento da morte.

As pessoas que morrem com idade muito avançada raramente apresentam
doenças graves e praticamente não sofrem nos últimos meses de vida. Lembre-se
das pessoas que você conheceu e que viveram mais de 80 ou 90 anos e compare
com o sofrimento das pessoas que anteciparam voluntariamente a morte e
faleceram com 60 anos ou menos.

A morte faz parte da natureza humana, a doença não.

Nascemos para viver 120 anos

Não existe dúvida: há mais de 50 anos está comprovado cientificamente que as
células humanas foram programadas para viver 120 anos. Como já vimos, a
mulher que mais viveu, comprovadamente, é a francesa Jeane Calment, que
morreu com mais de 122 anos.

Há quem diga que não quer viver tudo isso. E esse pensamento nasce porque,
quando se pensa em velhice, a ideia que se tem é de uma velhice com muitas
doenças e limitações. E ninguém quer uma vida de limitações, sem qualidade,
em cima de uma cama ou dependendo de cuidadores. Mas é possível chegar a
uma idade muito avançada com saúde, sem doenças que gerem limitações, dor e
sofrimento.

Essa “racionalização” – “Se vou morrer mesmo, vou ‘aproveitar a vida’
comendo e bebendo” – nada mais é que uma justificativa para a adoção de
comportamentos errados, os conhecidos comportamentos que levam às perdas de
saúde: alimentos inadequados, abuso de álcool, sedentarismo estão entre os
principais. É mais um pensamento mágico que leva à ilusão de que essa conduta
não trará consequências graves de sofrimento pela perda de saúde.

Para começar a desconstruir essas premissas que ligam velhice à doença, vale
pensar sobre algumas questões:

1. Ao adotar comportamentos agressivos, que destroem gradativamente o
funcionamento do corpo, essa perda de saúde causará doenças degenerativas
graves que não só anteciparão a morte, como acarretarão sofrimento muitos
anos antes da sua chegada. Basta que se pense nos parentes e amigos
falecidos: como e quando morreram?

2. Aqueles que adotaram comportamentos agressivos ao corpo, durante
toda a vida, sofreram muito, adoeceram e tiveram de conviver por longos
períodos com os sintomas, os tratamentos e o sofrimento dos familiares.

Por outro lado, aqueles que levaram uma vida sem agressões, tiveram a
felicidade de morrer velhinhos, sem adoecer gravemente. Portanto, querer
comer bolacha recheada para, pretensamente, “aproveitar a vida”, é o mesmo
que querer ficar doente e sofrer muito antes de morrer.

Vale lembrar que a ideia de “aproveitar a vida” merece uma profunda reflexão
no sentido de desconectá-la do “comportamento de manada”: o que é, enfim,
aproveitar a vida?

Uma pesquisa importante, realizada nos Estados Unidos e publicada em 2011,
mostrou que, em 2008, 92,2% das pessoas acima de 65 anos tinham uma ou mais
doenças crônicas. Esse índice é muito grave. Todas essas pessoas não só estão
antecipando a morte como estão, inconscientemente, escolhendo sofrer antes de
morrer. E a gravidade reside no fato de que outras tantas pesquisas, muitas
realizadas também nos Estados Unidos, comprovam que é possível chegar aos
67 anos, como eu, e até em idades muito mais avançadas, e não ter nenhuma
doença crônica.

Ter uma doença degenerativa é sinal de grande perda de saúde do organismo,
que se manifesta com significativa perda de energia e de disposição, fazendo
com que caia muito a qualidade de vida. É preciso desvincular o avanço da idade
do surgimento de doenças.

A velhice não necessariamente precisa estar ligada a doenças e à falta de
energia, desde que não seja encarada dessa forma. Podemos chegar à idade
centenária mantendo a energia em alto nível. Basta investir o tempo todo em
manter as mitocôndrias em altas quantidades e grande capacidade de
funcionamento. Ter energia sobrando é um dos fatores fundamentais para não
adoecer nem antecipar a morte.

Se, à medida que a idade avança, o indivíduo começa a abandonar suas
atividades, tanto físicas como intelectuais, por começar a entender que não deve
mais realizá-las em função da idade, de fato, a tendência será a diminuição da
energia e o surgimento de doenças, tanto físicas quanto psíquicas ou emocionais,
uma vez que ele estará programado para essa ideia de que avançar na idade é o
mesmo que adoecer. Lembre-se do que vimos sobre longevidade saudável.

3. Além de evitar ao máximo possível as ações que prejudicam a saúde (como
comer comidas ultraprocessadas e cheias de químicos), é fundamental que
sejam realizadas pelo menos cinco ações para aumentar a saúde: corrida e
musculação com alta intensidade, meditação e mente atenta, jejum e sono
adequado. Devemos também fazer as centenas de ações que impedem que se
perca a saúde, cujas principais vimos no capítulo 8.

É possível ter 67 anos e estar no melhor momento da vida, com energia para
fazer tudo o que quiser e ainda a ter de sobra. Ainda mais importante: é possível
chegar aos quase setenta anos com a melhor capacidade intelectual, cognitiva e
mental da vida, chegando a níveis de produção e de criatividade nunca
experimentados em outros momentos.

E é possível ir muito mais longe, chegando aos 100 anos sem perder energia,
fazendo musculação e corrida intervalada com a mesma intensidade. O
fundamental é entender que todo o esforço feito elevará os níveis de saúde, não
importando a idade que se tenha.

Talvez um leitor possa dizer que conhece alguém que, mesmo não “se
cuidando”, e até cometendo algumas agressões, tem boa saúde ou chegou a uma
idade bastante avançada sem doenças degenerativas. Sim, há pessoas que, por
uma condição biológica específica, mantêm-se saudáveis ainda que não utilizem
recursos para a melhoria da saúde. A francesa Jeanne Calment, que viveu 122
anos e 164 dias, fumou até os 110 anos de idade. Mas essa não é a regra.

Conforme mostra a pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais de 92% das
pessoas chegam aos 65 anos precisando de medicamentos em função de doenças
degenerativas que não precisariam ter. É possível, e relativamente fácil, ser
exceção à regra: basta uma boa dose de esforço persistente e a consciência voltada
para a saúde, pois essa é a nossa condição natural e não a doença, que é fruto de
autossabotagem.

Já vimos que a degeneração biológica começa no ser humano em torno dos trinta
anos, junto com a queda da capacidade reprodutiva. Isso é comum em todos os
animais irracionais. A partir de um ponto de alta saúde, que no ser humano é aos
30 anos, o organismo de todos os animais começa a decair, diminuindo a
capacidade funcional do organismo como um todo, mas essa perda não
necessariamente determina a doença.

Esse é o processo natural e está regido por leis biológicas que provocam essa
entropia do organismo. Mas é claro que o organismo também sofre influências
da genética e da epigenética, da capacidade biológica dos pais no momento da
concepção, das condições de vida intrauterina, do nível de vida da criança, do
adolescente e do adulto jovem. E, quanto melhores forem esses fatores, melhores
serão as condições do indivíduo para enfrentar a decadência biológica depois dos
30 anos, e mais lentamente ela ocorrerá. Ao usar os recursos horméticos,
desenvolvemos a capacidade de não apenas bloquear como também de reverter
as perdas de saúde já ocorridas.

Uma situação preocupante que se observa atualmente, no mundo inteiro, é o fato
de que crianças já apresentam sinais e sintomas de perda de saúde e de
manifestações degenerativas que, no passado, só se manifestavam em adultos
após os 30 anos. É claro que, diante disso, já se pode afirmar que essas pessoas
apresentarão uma curva de decadência biológica antecipada e mais acelerada,
pois aqueles que agridem o corpo em magnitude superior à capacidade
homeostática de reparação vão causar a acelerarão da perda da capacidade física
e, com certeza, manifestarão doenças graves bem mais jovens.

Porém, em qualquer idade, é possível diminuir a perda progressiva de saúde
e a manifestação de doença adotando, no dia a dia, um estilo de vida saudável,
conseguindo recuperar parte da saúde perdida e até mesmo eliminando todos os
sinais e sintomas de perda de saúde.

Quando se atinge o nível de não precisar mais de remédios de uso contínuo ou
eventual, de manifestar poucas intercorrências clínicas e de baixa monta, sem
necessidade de medicamento, torna-se possível dar o derradeiro passo em
direção à saúde, que é ter um nível tão elevado de saúde que as intercorrências
clínicas serão tão sutis e insignificantes que o indivíduo terá muita dificuldade
para conscientizar-se delas, pois serão imperceptíveis.

Nesse ponto, ele estará, com certeza, na melhor saúde de sua vida. Basta manter
esse nível de saúde, que não ficará mais doente. E, o que é mais importante: o
nível de felicidade de uma pessoa está diretamente relacionado ao nível de
saúde. Nesse momento, o indivíduo estará vivendo a fase mais feliz de sua vida.
Quanto mais aumenta a saúde, maior será o nível de felicidade. Para manter um
nível elevado de saúde, precisa muito menos esforço do que precisou para
aumentar a saúde até chegar a esse ponto.

Para manter essa saúde, basta evitar ao máximo as agressões ao corpo e
continuar utilizando o maior número possível de recursos de saúde, aplicando
cada um deles da melhor maneira. Isso só precisa ser repetido a cada dia, e todos
os dias indefinidamente. Dessa maneira, torna-se impossível adoecer: todos os
tecidos, órgãos e aparelhos continuarão funcionando sem manifestar nenhum
problema dia após dia. É preciso apenas manter o foco nas ações do dia de hoje.

Importante é não focar no que poderia acontecer no futuro, gerando expectativas
muitas vezes irreais; basta ficar permanentemente no presente, basta dizer todos
os dias: “Hoje eu tenho saúde e estou fazendo tudo que é possível para não
agredir o meu corpo e investindo o máximo dos recursos que preservam e
aumentam a saúde. Amanhã farei a mesma coisa”, e seguir assim, dia após dia,
mantendo-se no momento presente, aceitando os resultados que o organismo
apresenta e analisando esses resultados para propor a melhoria das ações a fim
de gerar resultados melhores.

Dessa forma, podemos nos tornar centenários sem manifestar doenças, sem
perder energia, produtividade e lucidez. E mantendo a felicidade em alto nível.

Sim, é possível chegar ao final da vida com esse nível de saúde, sem passar pelo
sofrimento das doenças comuns a quem não tem saúde, e morrer como muitos
morrem, sem ficar doente.

Sobre longevidade saudável, vale compartilhar uma experiência pessoal: tenho
muito forte em minha memória os últimos tempos de vida de meu avô paterno.
Aos 96 anos, ele ainda trabalhava na roça, até o momento em que começou a se
sentir cansado e deixou de trabalhar, permanecendo sentado em casa. Aos
poucos, o cansaço foi aumentando e ele passou a ficar na cama. A última
imagem que tenho dele é deitado num quarto muito ensolarado com vistas para
a sua propriedade, pedindo-nos para brincar nos campos onde pudesse nos
enxergar de sua cama. E ria muito das travessuras que fazíamos. Alguns dias
depois, recebemos a notícia da sua morte, sem que tenha tido nenhum tipo de
sofrimento. Não lembro se ele morreu dormindo ou se teve o privilégio de ver
a morte chegar.

Outra lembrança interessante é uma das cenas do filme Zen, que retrata a vida e
a luta do Mestre Dogen para implantar o Zen Budismo no Japão. Depois de ter
completado sua missão, ele chamou seus discípulos, às vésperas de sua morte, e
disse a eles que estavam aptos para dar continuidade ao seu trabalho. No dia
seguinte, sentou para meditar junto com seus monges, fechou os olhos e morreu.

Esses exemplos – e outros que vocês certamente conhecem – mostram que esse
tipo de morte é possível e pode acontecer com qualquer pessoa,
independentemente de ter nascido com genética favorável à longevidade ou não.

Sim, é possível morrer sem ficar doente. Talvez seja improvável para a maioria
das pessoas que não se conscientizam da importância de adotar um estilo de vida
para preservar e até aumentar a sua saúde. Mas todos aqueles que se esforçam
para evitar agressões ao seu corpo e aplicam o máximo de recursos para o
desenvolvimento da saúde, aplicando cada um deles da melhor maneira possível,
dando ênfase aos 13 fundamentais abordados no capítulo 9, viverão até idades
muito elevadas, acima dos 100 anos, e morrerão sem sofrer, sem ficar doentes,
sentindo-se felizes e realizados. Conseguir isso não depende de genética, de
condições de nascimento ou de auxílio divino, apenas de buscar informações,
como você está fazendo, e do próprio esforço de colocar em prática essas
informações.









CAPÍTULO 24
Mudar a saúde no Brasil
A saúde no mundo
A saúde no Brasil está piorando, mas não só no Brasil, em todo o mundo.

As pessoas estão aumentando a expectativa de vida, mas as doenças aumentam
num índice muito maior. E não são apenas os índices de doenças degenerativas
que crescem, mas também as limitações, as incapacitações e a quantidade de
medicamentos usados.

Efetivamente, a qualidade de vida está piorando, e o grau de doenças e de
sofrimento nos anos finais de vida estão aumentando em intensidade e em tempo
de duração. Não adianta viver mais tempo e ter uma péssima qualidade de vida,
porque viver se torna um somatório de problemas e de sofrimentos,
transformando pessoas em verdadeiros “cacos humanos”.

Todos os dados estatísticos mostram que os níveis de doença no Brasil estão
aumentando ano a ano. As pessoas estão ficando cada vez mais obesas; as
doenças degenerativas (hipertensão, diabetes, dores), os cânceres em geral, as
doenças neurológicas, as doenças autoimunes estão aumentando.

Então, não adianta aumentar a expectativa de vida se as doenças aumentam mais
ainda, o final de vida da maioria é cada vez mais cheio de doenças, de
limitações, de dificuldades de locomoção. Ninguém quer viver mais se for de
forma cada vez pior.

A cada ano, gasta-se mais em saúde (tratamento de doença) e, mesmo com todo
esse aumento de gasto, as doenças e as necessidades estão crescendo,
necessitando-se sempre mais dinheiro. Essa tendência de apenas gastar para
tentar diminuir as manifestações e as consequências da falta de saúde nunca
levará à diminuição dos indicadores de doença e muito menos ao aumento dos
indicadores de saúde.
Não há como melhorar esse quadro com políticas públicas ou com o esforço
político. Não há nenhuma experiência conhecida sendo conduzida para recuperar
a saúde perdida em alguma localidade, não só no Brasil, mas no mundo. Durante
quatro anos, falei para secretários de saúde de todos os municípios do Rio
Grande do Sul sobre um único tema: “Investir em saúde para não gastar em
doença”. Nenhuma semente germinou. Foi como semear no deserto!

Ninguém é ingênuo de acreditar que as entidades (hospitais) e profissionais
(médicos) que lucram, e até enriquecem, com a doença irão querer eliminar sua
clientela investindo em desenvolver sua saúde.
Nenhuma ONG ou entidade filantrópica foi criada no mundo para desenvolver a
saúde. Inúmeras entidades filantrópicas fazem um trabalho maravilhoso para
diminuir o sofrimento de doentes, mas sem gastar nada para desenvolver a
saúde.

Não há dúvida de que não se pode esperar ações para desenvolver a saúde dos
políticos, dos empresários, dos filantropos ou de qualquer outra entidade. A
solução não depende de grupos organizados.

A única solução para mudar a saúde no Brasil são as pessoas, individualmente,
mudarem a própria saúde e influenciarem, com seu exemplo, outras pessoas
de sua relação a mudarem também a saúde, aumentando aos poucos o círculo das
pessoas saudáveis, até atingirem um número crítico (ponto de virada) que
influenciará toda a comunidade a adotar comportamentos de melhoria da saúde e
abandonar hábitos geradores de doença.

Nesse ponto, os indicadores de doença dessa comunidade (número de obesos,
hipertensos, diabéticos...) começará a diminuir. O gasto com tratamento de
doenças dessa comunidade, o número de farmácias, de médicos e outros
profissionais da doença também começará a diminuir. E os indicadores de saúde
(capacidade física, cardíaca, força muscular) começará a aumentar. Só é preciso
que uma pessoa mude, em cada um dos 5.500 municípios do Brasil, para dar
início ao processo de mudar a saúde de todo o Brasil.

É possível um indivíduo recuperar a saúde perdida

Algumas pessoas já se deram conta de que a doença não é inevitável e nem


irreversível e começaram a tratar de recuperar a saúde perdida.

Você, que leu este livro, certamente é uma delas e concorda que é plenamente
possível qualquer pessoa parar de diminuir a saúde (que causa aumento da
doença) e, principalmente, recuperar a saúde perdida (que provocará a cura das
doenças).

Depois de acompanhar centenas de pessoas entre os participantes do PRO SER,
que não apenas recuperaram a saúde perdida e pararam de tomar medicamentos
como foram além e conquistaram uma saúde que nunca tiveram na vida, e
outros tantos, que estão se esforçando para recuperar a saúde perdida e estão
cada vez mais saudáveis e tomando cada vez menos medicamentos, e que
certamente chegarão ao ponto em que conquistarão a melhor saúde de sua vida, é
plenamente possível afirmar que a conquista da melhor saúde da vida está
ao alcance de todos.

Todas pessoas que continuarem a aplicar diariamente os recursos de
desenvolvimento de saúde, nunca mais ficarão doentes a ponto de precisarem
tomar medicamentos. E os esforços para manter a melhor saúde de sua vida por
muitos anos serão menores do que os despendidos para conquistar esse nível
elevado de saúde.

O objetivo deste livro é que, depois de concluir a leitura, você não tenha mais
nenhuma dúvida de que todos podem aumentar a própria saúde ao ponto de
eliminar as doenças, os problemas de perda de saúde e parar de tomar
medicamentos.

Só o seu esforço pode provar que, se você continuar investindo cada vez mais
em sua saúde, não terá perdas significativas para gerar novas doenças, poderá
chegar a idades muito avançadas e morrer lúcido, ativo e sem ficar doente.
Infelizmente, eu não posso provar, pois nunca ninguém antes realizou um estudo
nesse sentido e o publicou. Você terá que acreditar na minha tese e provar para si
mesmo que essa possibilidade é verdadeira.

O que é possível observar é que as pessoas que evoluíram para um
comportamento mais saudável se sentem tão bem e maravilhadas com sua
qualidade de vida que tendem a nunca mais voltar aos comportamentos
geradores de doença.

Um indivíduo saudável contagia outros

A principal consequência que acontece com todos os indivíduos que recuperam a


saúde perdida e vivem num nível de saúde mais elevado, é que acabam por
contagiar as pessoas (familiares e amigos) que vivem ao seu redor. Isso é
comprovado pelos relatos da grande maioria dos participantes do PRO SER.

Todas as pessoas que vivem em torno daquele que adotou uma vida mais saudável
acabam sendo influenciadas por ele. A maioria talvez não esteja ainda pronta para
mudar, mas começa a ter uma certa sensação de culpa cada vez que comete um
erro em relação à sua saúde. E muitos começam a adotar alguns dos hábitos que
melhorarão a sua saúde.
O certo é que essa influência leva amigos, familiares e colegas a decidirem
mudar hábitos de vida geradores de doença e a adotarem hábitos de vida
recuperadores de saúde, levando à eliminação de doenças e à conquista de uma
saúde que nunca tiveram na vida. Essas pessoas acabarão também por
contagiar as pessoas do seu círculo de relações.

Agora, raciocinem comigo: se é possível recuperar a saúde de um indivíduo,
em alguma comunidade, e ele viver num nível de saúde em que não fique mais
doente e esse indivíduo contagiar apenas mais uma pessoa, que adote esse
estilo de vida, e esta contagie mais um, aos poucos, o número de pessoas
saudáveis dessa comunidade aumentará.

E, se cada um que se transformou e conquistou saúde influenciar a mudança de
cada vez mais pessoas da sua relação para adotarem comportamentos mais
saudáveis, o crescimento do número de pessoas que adotarem uma vida mais
saudável não será linear, mas exponencial. Começa com um, aumenta para dois,
quatro, oito, dezesseis, trinta e dois, e assim por diante.

O centésimo macaco

O centésimo macaco é um mito moderno, que é contado como experiência


científica, mas ninguém sabe ao certo o que é verdadeiro e quando começa a
lenda.

Conta-se que os japoneses estavam fazendo uma experiência num arquipélago
do Japão, entre 1952 a 1958, por meio da qual queriam estudar a mudança de
comportamento alimentar de um grupo de macacos (macaca fuscata).
Para não influenciar diretamente no comportamento dos macacos, os cientistas
jogavam batata doce no mar no momento em que a maré as levava para a praia.
Aos poucos, os macacos foram experimentando e gostando daquela iguaria,
apesar de vir suja de areia e com gosto salgado. Os cientistas observavam de
longe, do mar, com potentes binóculos.

Uma macaquinha adolescente, que chamaram de Imo, experimentou lavar a
batata num rio próximo, e a batata ficou muito mais saborosa e sem a areia e sem
sal. Ela ensinou suas amigas e sua mãe a também lavarem as batatas. Aos
poucos, as mães das amigas também começaram a lavar.

Em seis anos, todos os macacos jovens estavam lavando as batatas e ensinando
os mais velhos. Até que um determinado macaco, que eles chamaram
“poeticamente” de centésimo macaco (não importa o número), lavou a batata e,
imediatamente, todos os demais macacos da ilha começaram a lavar as batatas.

O mais surpreendente de tudo é que, conta a lenda, naquele momento, outros
macacos de outras ilhas, e inclusive do continente, também começaram a lavar
as suas batatas-doces.

A explicação é que, quando um certo número crítico atinge determinada
consciência, ela pode ser comunicada de uma mente a outra, mesmo à distância,
e as outras mentes podem adotar a mesma consciência, mesma crença e mesmo
comportamento.

Ponto de virada

A história do centésimo macaco tem sido estudada pela ciência do


comportamento, que afirma que existe um ponto, chamado de ponto de virada, ou
de mutação (em inglês, tipping point), que significa: quando um número
significativo de pessoas de uma comunidade adota determinada crença,
imediatamente todas as outras pessoas passarão a adotar a mesma crença.

Apesar de esse princípio existir desde longa data, ninguém sabia dizer quanto é
esse número. Qual é o percentual de pessoas que precisam adotar determinada
crença ou comportamento de uma comunidade para que toda a comunidade
adote a mesma crença ou comportamento? Estudos feitos em Harvard estimaram
que o ponto de virada, ou tipping point, é em torno de 10% da comunidade.

É preciso que uma pessoa na comunidade se dê conta de que a doença não é
inevitável e que é possível recuperar a saúde perdida. Para isso, ela começa
utilizando algum recurso de saúde acessível (exercício, alimentação etc.).

Ao dar-se conta de que esse recurso já está trazendo benefícios, aos poucos ela
começa a estudar e a aplicar cada vez mais recursos, e sua motivação aumenta.
Chega o momento em que ela começa a demonstrar, em seu meio, a sua
transformação, diminuindo gordura, aumentando energia, melhorando sua
produtividade e seu humor.

Essa transformação chama a atenção de todos. Alguns apenas olham curiosos e
admirados, mas mantêm seu estilo de vida doentio, outros começam a adotar
pequenas mudanças, mas, pelo menos um, numa visão pessimista, adotará muitas
ações que provocarão também um grande aumento do nível da sua saúde e causará
uma transformação extraordinária na sua vida, também chamando atenção das
pessoas de suas relações.

Vamos imaginar que cada uma dessas duas pessoas que se transformaram e
estão vivendo num nível ótimo de saúde consiga impactar apenas uma outra
pessoa em um ano. Assim, no final de um ano, teremos apenas a primeira pessoa
provocando transformação em mais uma. Ao final do segundo ano, teremos
essas duas estimulando a mudança de mais duas. Ao final do terceiro, serão
quatro impactando mais quatro. No ano seguinte serão oito estimulando mais
oito. E, nos anos subsequentes, serão 16, 32, 64, 128, 256... Ao final de 13 anos,
teremos 8.192 pessoas influenciadas por aquele indivíduo inicial.

Como vimos, estudos da Universidade de Harvard, analisando o tipping point,
defendem que se 10% de uma comunidade adotar determinada crença ou
comportamento, imediatamente o restante da comunidade passa a defender a
mesma crença e adotar o mesmo comportamento. No Brasil, somos menos de
210 milhões de habitantes. Se 21 milhões adotar um comportamento de alta
saúde, estaremos determinando que todo o resto da população passará a adotar
esse comportamento.

Então, você poderia pensar que 8.192 é um número muito pequeno, mas, em 25
anos, teríamos mais de 32 milhões impactando toda a população brasileira. É um
tempo muito pequeno para gerar tamanha transformação. E esse tempo poderá ser
diminuído pela metade ou mais.

Já existem mais de 4.000 pessoas transformando a sua vida por meio do PRO
SER. Só em 2018, mais de 2.000 novos participantes aderiram ao programa,
além dos mais de 500 mil seguidores na internet. Muitos deles (não há como
saber quantos são), pelos relatos que fazem nos comentários, também estão
transformando sua saúde e contagiando outros a mudarem a própria vida.

É certo que, se chegou até aqui, você será mais um a mudar o estilo de vida,
aumentará a sua saúde, eliminará as doenças e também será modelo para as
pessoas das suas relações, influenciando-as a terem uma vida com mais saúde.

Essa transformação individual pode ser lenta, mas é inevitável, já que ninguém
que experimenta uma vida com menos sofrimento, maior qualidade e mais
felicidade quer voltar à vida sofrida de antes.

Projeto de vida: mudar a saúde no Brasil

Há seis anos, decidi dedicar-me inteiramente a mudar a saúde no Brasil. Embora


saiba que ninguém consegue tamanho feito sozinho, me propus a dedicar toda a
minha energia e o meu tempo a tentar convencer pessoas como você, que está
lendo este livro, a acreditar que pode melhorar a sua saúde até chegar à saúde
que nunca teve na vida e, assim, viver uma vida plena e muito mais gratificante e
mais feliz.

Estou convocando-o a fazer parte dessa “corrente do bem” para viver um nível
muito elevado de saúde e estimular algumas outras pessoas a também adotarem
esse estilo elevado de vida. Dessa forma, aos poucos, mudaremos a saúde no
Brasil.

Ações sociais para a saúde

Toda a vez que falo em mudar a saúde de uma comunidade e do Brasil, recebo
várias contestações. A principal delas é que uma maioria da população não tem
recursos cognitivos nem financeiros para investir na melhoria da sua saúde.

Uma característica comum a todos que criticam é que nenhum deles investe na
sua saúde, pois não sabem que para ter mais saúde não precisa gastar muito ou
ser culto. Quem investe na sua saúde sabe que qualquer pessoa acima da linha de
pobreza pode mudar seus conceitos e adotar muitos dos recursos de
desenvolvimento de saúde que não custam quase nada. Além disso, são da
categoria dos perdedores, que olham para as dificuldades e obstáculos e
encontram problemas e justificativas para não fazer, em vez de procurar soluções
para problemas difíceis.

Por outro lado, todos os participantes do PRO SER, que conhecem esse projeto,
não só acreditam que é possível, como se dispõem a participar. Eles são do
grupo dos vencedores, que olham para um obstáculo e só pensam em encontrar
soluções para transpô-lo.

À medida que um indivíduo vai aumentando a sua saúde física e a saúde de
todas as demais dimensões, ele começa a despertar a noção de que não basta
apenas desenvolver a própria saúde, mas que é necessário se envolver na sua
comunidade para auxiliar a desenvolver a saúde das demais pessoas. Uma força
interna o motiva a querer fazer a sua parte para tornar o mundo um lugar melhor
de se viver. Isso faz parte da saúde social, que é inerente ao ser humano.

Em todas as cidades do Brasil onde existem participantes do PRO SER, estão
sendo organizadas Comunidades da Supersaúde para desenvolver cada vez
mais a própria saúde e a saúde da comunidade. E alguns desses participantes
sentem-se “chamados” a levar esses conceitos para pessoas de baixa renda e com
necessidades.

Nesse sentido, o PRO SER vem desenvolvendo projetos que estão sendo
trabalhados em forma de planos-piloto para levar os conceitos de saúde a
comunidades de baixa renda. Os três primeiros projetos são Projeto de Saúde
do Escolar de Família da Baixa Renda, Projeto de Saúde da Família com
Portador de Deficiência e Projeto da Saúde do Idoso Doente de Baixa
Renda. No próximo ano, esses projetos começarão a ser implementados em
todos os municípios onde houver voluntários do PRO SER.

Visão futura, não tão futura assim
É possível afirmar que, em 2030, daqui a menos de 12 anos, já teremos sinais
claros da mudança de indicadores de saúde e de doença no Brasil.

O número de pessoas saudáveis estará aumentando de forma consistente e,
em muitas cidades do Brasil, já terá sido atingido o ponto de virada, que
estimulará todas as pessoas de algumas comunidades a investirem na
saúde.
Nessas cidades, o gasto com doenças terá diminuído gradativamente,
sobrando verbas, e as secretarias da saúde estarão gastando cada vez mais
em desenvolver a saúde das pessoas de baixa renda.
As farmácias estarão fechando, porque as pessoas saudáveis não ficarão
mais doentes e não comprarão mais remédios; e as poucas pessoas que
adoecerem receberão os remédios que necessitarem da prefeitura, já que
estará sobrando verba.
Os médicos começarão a ficar desempregados, pois a procura por
tratamento diminuirá. Só sobreviverão aqueles que forem muito bons em
tratamento. Só os excelentes terão clientela. Os outros terão que procurar
outra ocupação.
A maioria dos hospitais com poucos recursos terá que fechar; só ficarão os
que conseguirem adotar as modernas tecnologias de tratamento.
Quanto mais aumentar a saúde física, mais aumentará a saúde nas demais
dimensões (emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual) e o
indivíduo se tornará paulatinamente mais evoluído dentro do próprio
conceito de evolução; aumentarão também os atributos mais elevados
como compaixão, caridade, amorosidade, ética, integridade, honestidade e
outros.
Quanto mais saudável for a comunidade, mais saudável se tornará o meio
social e a preocupação com o ambiente social será cada vez maior.
A política atual estará mudada, com a eliminação dos políticos em busca
do poder e de seus objetivos egoístas, que serão substituídos por outros em
busca do bem social da população.
A preocupação com o meio ambiente será exacerbada e diminuirá
significativamente a agressão ecológica ao ponto de diminuir o risco do
colapso ambiental a que estamos condenados atualmente.
A repercussão internacional dessa mudança de paradigma do Brasil afetará
os demais países, e essa revolução pela saúde começará a aparecer em
outros lugares do mundo.
Esta mentalidade afetará, de forma significativa, cada vez mais cientistas e
estudiosos de saúde, criando novas maneiras de conscientizar as pessoas e
de aplicar melhor os recursos de saúde.
Eu sei que não será tão fácil assim! Toda essa economia que lucra com a
doença e com a destruição do meio ambiente não aceitará facilmente a
diminuição da lucratividade e lutará com toda a potência financeira para
acabar com esse movimento. Será uma luta inglória, porque ninguém que
despertou, que descobriu a capacidade de pensar com a própria cabeça e que
experimentou o que é viver em alto nível de saúde voltará atrás. Não
importa que muitos sejam eliminados, esse processo já iniciou, e ninguém
mais poderá segurá-lo.

Palavras finais
Se você leu o livro até aqui, com certeza você já não é mais o mesmo. Sua
maneira de pensar já mudou. Sua motivação para lutar em busca da recuperação
da saúde perdida, da conquista da melhor saúde de sua vida e da manutenção
dessa saúde o máximo de tempo possível já está determinada em sua mente.

Agora é dar os passos que você pode dar para avançar. Não se compare com
ninguém. Não avalie os seus resultados com os resultados dos outros. Faça o que
pode fazer para melhorar a sua saúde, mesmo que seja muito pouco. Qualquer
pequeno passo dado provocará uma resposta de bem-estar em todo o organismo,
que o estimulará a dar um novo passo, e assim avançar na sua caminhada.

Não espere um momento melhor na sua vida para fazer alguma coisa. Faça agora
o que pode fazer e verá que esse pouco trará momentos melhores para a sua vida.

Não dependa de ninguém para dar o seu passo. Não espere por seu marido, sua
mulher, seu filho, seu amigo. Eles estão no tempo deles, este é o seu tempo. A
caminhada, na maioria das vezes, é solitária, mesmo que estejamos
acompanhados.

E não existe um caminho pronto, o caminho se faz ao caminhar. Portanto, não
espere uma trilha na sua frente, você vai enfrentar as dificuldades e os obstáculos
do seu caminho sozinho, com as condições de vida que você tem.

A cada obstáculo superado, um novo e mais difícil surgirá no caminho. Assim,
precisamos continuamente nos tornar melhores para podermos enfrentar as
dificuldades que vão surgindo.









CAPÍTULO 25
O que é o Pro Ser?








O Pro Ser é um programa de desenvolvimento da Saúde Integral em todas as
dimensões, que foi criado pelo Dr. Uronal em 2011. O objetivo é auxiliar a
conquistar a saúde máxima que um ser humano possa alcançar.

A primeira fase durou seis anos, com participação presencial, e o próprio Dr.
Uronal coordenou 65 grupos, chegando a cerca de 1.500 participantes.

A segunda fase iniciou em junho de 2016 e segue o modelo EAD (ensino a
distância), tendo atingido mais de 3.500 participantes, com a entrada de 2.000
inscritos somente em 2018.

Quem pode participar do Pro Ser?
Todo o tipo de pessoa pode participar do Pro Ser, desde o jovem muito saudável
que quer se tornar mais saudável ainda, até uma pessoa idosa com muitos
problemas de saúde e graves limitações que quer melhorar sua qualidade de
vida.

Todos os 5.000 participantes melhoraram sua saúde em algum nível. Todos
diminuíram sinais e sintomas e reduziram o uso de medicamentos; perderam
gordura ao mesmo tempo em que ganharam massa muscular. Quase todos
eliminaram ou estão eliminando as dores que tinham. Alguns eliminaram todos
os sintomas, toda a gordura desnecessária, pararam de tomar medicamentos e
não só estão vivendo num nível de saúde que nunca tiveram, como
transformaram a sua vida em todas as dimensões. E aqueles que ainda não
conseguiram alcançar esse ponto, estão avançando gradativamente e sabem que
poderão conquistar a melhor saúde de suas vidas.
Qual é o objetivo do Pro Ser?
O objetivo do Pro Ser é orientar os participantes a aplicarem todos os recursos de
desenvolvimento da saúde que tenham evidências científicas de eficácia e
auxiliá-los a adaptarem cada um dos recursos às suas possibilidades, condições e
limitações.

O programa trabalha atualmente com 190 recursos diferentes e, a cada mês,
novos recursos são adicionados. Desses 190, são dez recursos fundamentais, 30
importantes e 150 recomendáveis, que os participantes podem utilizar para
conquistar níveis mais elevados de saúde.

O apoio aos participantes é feito por uma equipe de suporte, coordenada
diretamente pelo Dr. Uronal, composta atualmente por dez pessoas entre
nutricionistas, educador físico, bioquímicos, farmacêuticos e ex-participantes
que tiveram resultados excepcionais na aplicação dos recursos. Todos foram
capacitados para dar orientação na adaptação dos recursos a qualquer tipo de
participante para que consigam os melhores resultados no menor tempo possível.

Os participantes têm encontros semanais, on line e ao vivo com Dr. Uronal por
meio dos quais recebem informações exclusivas, atualizações científicas, dicas
motivacionais e técnicas para aplicar os recursos da melhor forma possível.
Nesse encontro, todos podem esclarecer diretamente as suas dúvidas.

Como funciona o Pro Ser?
Desde a sua criação, o Pro Ser evolui constantemente. Atualmente ele está
dividido em duas partes:

I. Pro Ser propriamente dito, que é um programa de 12 meses de duração,
dividido em quatro etapas:

1. PROGRAMA 100 DIAS, no qual são apresentados os 10 recursos
obrigatórios, e mais os 30 importantes, para o desenvolvimento da saúde.
Nessa etapa, os participantes aprendem a adaptar cada um dos 40 recursos à
sua vida. Em menos de 30 dias, já percebem resultados significativos em sua
saúde. A maioria consegue eliminar as dores do corpo e alguns chegam a curar
doenças e param de tomar medicamentos.

2. PROGRAMA + SAÚDE
Nessa etapa, os participantes começam a assumir o planejamento e o controle
da melhoria da sua saúde e se tornam cada vez mais responsáveis por seu
futuro saudável. Além de aperfeiçoar e aprofundar as orientações para
utilização dos recursos do P100D, são incluídos novos recursos e também
aulas teóricas de forma simples, mostrando por que os recursos funcionam, e
as bases científicas em que estão apoiados. Quanto mais informações o
participante recebe, mais motivação terá para aplicar cada um dos recursos.

3. SUPERSAÚDE E LONGEVIDADE SAUDÁVEL
Nessa etapa são adicionados novos recursos e novas informações técnicas para
melhorar mais ainda a saúde, a fim de alcançar as condições para conquistar a
saúde 100% e ir em busca da supersaúde, que é ter uma saúde 101,102, 103,
104% e assim por diante, podendo chegar ao ponto de parar de envelhecer e
até mesmo rejuvenescer.

4. SUPERCÉREBRO
Nessa etapa são reforçados todos os ensinamentos anteriores e incluídos
outros recursos para promover o desenvolvimento do cérebro de alta
performance (um supercérebro), que manifesta um nível cognitivo e
intelectual superior. O participante notará o desenvolvimento cada vez maior
de sua capacidade mental, resultando no aumento da produtividade e da
criatividade.

Ao final de um ano de conquistas, todos os participantes vivem um nível de
saúde muito superior ao que tinham antes de entrar no Pro Ser. E poderão voltar
à orientações sempre que sentirem necessidade, pois terão acesso vitalício às
aulas que receberão durante o ano podendo revê-las a qualquer momento.

Mais do que ter uma saúde física muito superior, todos observam melhorias
significativas nas demais dimensões da saúde – emocional, mental, cultural,
social, ambiental e espiritual – apenas utilizando recursos para melhoria da saúde
física.

Vale destacar que as etapas +Saúde, Supersaúde e Longevidade Saudável e
Supercérebro só trarão resultados concretos para quem já avançou na aplicação
dos 40 recursos do Programa 100 Dias. Por isso, os recursos dessas etapas não
serão apresentados na internet aberta, pois não são indicados, e não trariam
resultados concretos, sem a aplicação básica dos 40 recursos fundamentais.

II. PRO SER AVANÇADO (adesão por assinatura)



Ao final do primeiro ano, o participante pode optar em continuar ligado ao PRO
SER, tornando-se assinante, por meio do pagamento de uma mensalidade. Dessa
maneira, ele poderá continuar tendo acesso às aulas semanais do Dr. Uronal, à
equipe de suporte, a todos os aperfeiçoamentos (upgrades), que são feitos
constantemente, e a novos programas lançados pelo PRO SER.

Nessa etapa avançada, os participantes recebem informações e novos recursos
para aumentar o nível de saúde em cada uma das dimensões superiores:
emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual.

Um dos princípios do Pro Ser é defender a premissa de que só é possível avançar
na melhoria da saúde emocional e das outras dimensões superiores
desenvolvendo-se cada vez mais a saúde física.

Quando a saúde física chega a um nível no qual nunca esteve na vida, o
participante terá, então, condições de buscar a melhoria da saúde emocional,
eliminando suas emoções negativas, seus conflitos e problemas emocionais e
desenvolvendo cada vez mais as emoções positivas, através da aplicação, por si
mesmo, de recursos práticos sem a necessidade de utilizar terapeutas de qualquer
escola.

Outro princípio fundamental do Pro Ser é que a utilização dos recursos para
aumentar a saúde física permite ao participante conquistar a melhor saúde de sua
vida. Mas, sem utilizar novos recursos para aumentar a saúde emocional, mental,
cultural social, ambiental e espiritual, vivenciará um platô, que o impedirá de
continuar avançando, mesmo que dedique mais esforços ainda na melhoria da
saúde física. É necessário investir especificamente na melhoria do emocional,
para conseguir níveis maiores de saúde física.

Desta forma, a melhoria do emocional, permitirá avançar na saúde física até
atingir um novo platô, quando precisará utilizar recursos para o desenvolvimento
da saúde mental, para poder aumentar mais ainda a saúde física e emocional. E,
assim sucessivamente, aprendendo e aplicando recursos específicos para o
desenvolvimento da saúde cultural, social, ambiental e espiritual.
A conclusão do Pro Ser

A conclusão do Pro Ser é a conquista da supersaúde em todas as dimensões:
física, emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual.

O objetivo não é utópico nem impossível. É claro que será muito difícil, e que
levará muito tempo. Mas quem está nesse caminho nunca tem pressa, pois a cada
dia percebe que está vivendo num nível de saúde melhor do que no dia anterior e
isso já é bastante motivador para levar a mais um pequeno esforço e conquistar
alguma melhoria a mais. Não há expectativa de chegar à perfeição, apenas a
aspiração de dar um passo a mais e de colher mais um pequeno resultado.

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