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Etnocentrismo no cotidiano

O etnocentrismo é a visão preconceituosa e unilateralmente formada sobre outros


povos, culturas, religiões e etnias. Esse conceito refere-se, portanto, ao hábito de
julgar inferior uma cultura diferente da sua própria cultura, considerando absurdo
tudo que dela deriva e considerando a sua como a única correta. O etnocentrismo
pode relacionar-se com o racismo, com a xenofobia ou com a intolerância religiosa,
porém esses elementos não são, rigorosamente, as mesmas coisas.

A colonização das Américas iniciou-se sustentada sobre um viés etnocêntrico. Aliás,


qualquer movimento que se pretenda colonizador em um local habitado por outros
seres humanos é etnocêntrico. Os portugueses consideravam o modo de vida tribal
como desordenado porque eles buscavam deliberadamente apenas o modo europeu
de viver como referencial cultural.

No Brasil o etnocentrismo prevalece ainda hoje, pois o homem branco que aqui vive
ainda enxerga o indígena como alguém atrasado socialmente. Também vemos
manifestações etnocêntricas por aqui ao percebermos os habitantes dos estados
das regiões Sul e Sudeste do país acharem-se mais desenvolvidos cultural ou
socialmente que os habitantes das regiões Norte e Nordeste.

Um exemplo marcante de etnocentrismo ocorreu no governo nazista de Hitler, na


Alemanha, que julgou existir uma superioridade da suposta raça ariana branca em
relação às demais, o que justificava a apreensão, a expulsão e até a morte de povos
de outras origens, em especial os judeus.

A religião é um dos traços culturais de um povo, e, talvez, na relação policêntrica do


mundo globalizado, ela seja o ponto mais polêmico. Em suma, quando o pilar
judaico-cristão que forma a sociedade ocidental é visto e interpretado de maneira
radical por seus devotos, há uma forte tendência ao preconceito religioso contra
praticantes de outras religiões. Nesse sentido, podemos dizer que o etnocentrismo
está junto à intolerância religiosa, pois cultura e religião andam juntas. Essa situação
forma o etnocentrismo religioso.
O extremo oposto do etnocentrismo é o relativismo cultural, que tende a olhar com
extrema noção de alteridade para as diferenças e peculiaridades das outras culturas
e reconhecê-las como sendo tão legítimas quanto a sua própria.

A filósofa brasileira e professora emérita da USP Marilena Chaui chama a atenção,


em seu livro Convite à filosofia, para o fato de que um relativismo cultural exagerado
pode ocasionar na normalização de comportamentos e hábitos culturais desumanos.
Um exemplo disso está na Somália, onde habitantes de tribos locais praticam a
extirpação do clitóris das meninas, o que causa danos irreparáveis à saúde delas.
Essa prática, já denunciada e condenada pela ONU, é um exemplo de que nem
sempre um hábito cultural pode ser relativizado em nome da recusa ao
etnocentrismo.

Existem vários exemplos de costumes que são considerados normais numa


sociedade e que parecem exóticos em outra.

Na Índia, os bebês do sexo feminino são menos desejados que os do sexo


masculino e muitas meninas recém-nascidas são abandonadas à morte.

Em países árabes, a mão direita é usada para comer, dar e receber objetos e a
esquerda, para a higiene pessoal. Por isso é considerada uma falta grave utilizar a
mão esquerda para tomar alimentos. Este costume está consagrado na Suna,
conjunto de normas deixadas pelo fundador do Islamismo, Maomé.

Em certas tribos indígenas, os prisioneiros de guerra eram mortos e depois suas


cinzas eram consumidas com banana amassada ou outros alimentos. Os índios
acreditavam que, desta maneira, estariam honrando ao adversário e incorporando a
força do inimigo.

No Brasil, costuma-se dar caldo de feijão ou os grãos amassados aos bebês. Como
o feijão é abundante e barato, o costume é largamente difundido. Porém, em certos
países europeus, só é recomendável a ingestão deste alimento a partir dos dois
anos.

A visão etnocêntrica coloca a sua própria cultura como ponto de comparação com as
outras. Por outro lado, o relativismo vai usar o choque cultural para problematizar a
questão de certo e errado, tentando entender a diversidade e como ela é
manifestada por diferentes sistemas simbólicos e práticas de outras sociedades.
REFERENCIAS

https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/etnocentrismo.htm

https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/etnocentrismo.htm

https://www.todamateria.com.br/relativismo-cultural/

https://www.significados.com.br/relativismo-cultural/

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