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Apresentação
A infância abrange um período relativamente longo da existência humana, à luz
da lei, considera-se criança as pessoas com até 12 anos incompletos (ECA, 1990). É
reconhecido cientificamente que as experiências consolidadas nessa fase da vida são
imprescindíveis para o desenvolvimento pleno dos indivíduos nos âmbitos físico, social,
mental, emocional e cognitivo. A primeira infância, período que vai até os 6 anos, é
considerada ainda mais crucial para esse desenvolvimento, onde conexões neuronais
formam a base das estruturas que direcionam e sustentam os processos de aprendizagem
ao longo de toda a vida. (UNICEF, 2018).
Dentro desse contexto, trabalhar a educação ambiental no cotidiano escolar nessa
etapa do desenvolvimento infantil, implica na formação crítica e emancipatória de seres
humanos capazes de reconhecer e assumir responsabilidades em ações decisivas, para
garantir saúde e bem-estar para as presentes e futuras gerações.
Para se inserir como prática pedagógica, a educação ambiental deve conter o
caráter interdisciplinar e ser realizada em todos os níveis de ensino, como indica a Política
Nacional de Educação Ambiental; bem como estar interligada com todas as disciplinas
regulares, como previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, no Parecer nº226/87, de
11 de março de 1987.
Apesar de estar formalizado na lei, de todas as conquistas e marcos legais, e da
consolidação da abordagem interdisciplinar como um princípio da educação ambiental,
ainda são poucas ações e projetos voltados para a educação ambiental e para a
agroecologia nas instituições escolares, sobretudo para público na primeira infância.
Com o objetivo de sensibilização e mobilização das pessoas, as atividades de
educação ambiental e a agroecologia são propostas por meio do diálogo horizontal entre
os saberes dos envolvidos, onde os educadores têm a função principal de organizar e
conduzir os espaços, tornando-os harmônicos e disponibilizando os materiais necessários
para que os processos de aprendizagem ocorram naturalmente.
Nesse viés, o presente projeto vem com a missão de dar continuidade às ações que
estão sendo gestadas, iniciadas e concretizadas desde 2018, fruto de um processo de
articulação entre os grupos de Agroecologia. Grupos estes compostos por estudantes de
diversos cursos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que se organizam com o
objetivo de complementar a formação acadêmica, através de uma abordagem
interdisciplinar e integrada dos processos.
As ações supracitadas foram desenvolvidas pelo Grupo de Agroecologia e
Agricultura Orgânica (GAO), em 2018, através de atividades vinculadas ao projeto de
extensão universitária intitulado “Práticas Agroecológicas no Laboratórios de
Desenvolvimento Infantil da UFV”. Esse projeto nasceu da necessidade de se encontrar
um destino adequado para os resíduos orgânicos gerados no LDI, que foram direcionados
ao processo de compostagem - onde o adubo orgânico resultante do processo propiciou a
manutenção de canteiros para a horta escolar.
No ano de 2019, foi desenvolvido o projeto de extensão “Educação Ambiental e
Práticas Agroecológicas no LDI e LDH”, com o intuito de inserir o Laboratório de
Desenvolvimento Humano (LDH) nas práticas agroecológicas propostas. Além da
ressignificação e redução dos resíduos gerados no LDI e no LDH, o projeto também foi
agente disseminador da agroecologia, e permitiu aflorar uma percepção socioambiental
mais compatível com as demandas atuais do planeta. Ao incorporar a separação dos
resíduos orgânicos e a compostagem às rotinas das crianças, foi possível trabalhar de
forma lúdica a conexão entre diversas áreas do conhecimento. Na dimensão social, o
projeto propiciou uma interação muito próxima entre as crianças, e dessas com os
educadores, o que estimulou a coletividade, o respeito pelo próximo e pelo meio
ambiente.
No final do ano de 2019, a compostagem foi estendida às ações de um novo
projeto, denominado “Verdejar: encontros da infância com a natureza”. Em função da
pandemia da Covid-19, esse projeto passou a ser desenvolvido de forma remota.
Em 2022, com base nos conhecimentos construídos desde 2018, surgiu o projeto
“Práticas Agroecológicas no LDI e LDH: Compostagem como um instrumento lúdico-
pedagógico para a educação ambiental crítica, transformadora e emancipatória.” No
decorrer do processo, nasceu das próprias crianças a demanda de fazer o plantio de uma
horta, utilizando o composto produzido para fornecer nutrientes para as plantas crescerem
saudáveis, o que permitiu fechar o ciclo da compostagem e integrar os saberes acadêmicos
e tradicionais com a prática agroecológica.
Foram realizadas rodas de conversa e atividades de desenhos com as crianças para
definir que espécies elas gostariam de plantar e de colher. Nesse processo, foram
destacadas algumas plantas como: banana, manga, acerola, laranja, couve, alface, tomate,
morango, e alguns chás como hortelã, alecrim, manjericão, capim limão, dentre muitas
outras. No final do projeto, foi concretizada a execução de uma horta com as crianças, e
foi possível abranger algumas das espécies acima citadas. Além de ser um espaço que
incentiva o cuidado diário e a colheita dos próprios alimentos pelas crianças, ainda serve
de instrumento lúdico-pedagógico que permite a construção de conhecimento
transformador com suas famílias, e integra os saberes culturais e agroecológicos para
além do contexto escolar.
Assim, a proposta do presente projeto resulta das experiências construídas ao
longo dessa trajetória, e tem como objetivo geral dar continuidade e ampliar a experiência
de educação ambiental e de práticas agroecológicas. Busca-se fomentar a interação
ensino, pesquisa e extensão; a participação e a conscientização de todos para o
desenvolvimento do projeto e; sobretudo, o aprendizado coletivo, reafirmando o conceito
de extensão segundo o Plano Nacional de Extensão Universitária.
As ações do projeto serão fundamentadas em metodologias participativas, na
construção coletiva do conhecimento e no planejamento colaborativo da equipe do
projeto. Os resultados esperados neste projeto envolvem a contribuição com o processo
de formação das crianças envolvidas a partir da experimentação de práticas
agroecológicas, que provoquem o entusiasmo da descoberta dos processos naturais, e
visem a integração entre as dimensões do fazer, do aprender, do criar e do brincar.
Ação extensionista
Os saberes das comunidades atendidas pelo projeto serão valorizados, por meio
de dinâmicas e práticas coletivas e democráticas, onde o exercício da escuta e do respeito
aos diferentes saberes se torna fundamental.
Objetivos e metas:
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
● Tratar e ressignificar os resíduos orgânicos gerados no LDI, no LDH e na EMAP;
● Difundir a prática da compostagem em ambientes escolares e não escolares;
● Planejar e executar hortas agroecológicas com as crianças;
● Aumentar a autonomia da comunidade escolar para a manutenção das
composteiras e hortas escolares;
● Estimular a coletividade, a solidariedade, o respeito pelo outro e o cuidado com o
ambiente;
● Envolver a comunidade escolar em práticas agroecológicas de produção e
consumo alimentar;
● Instigar a reflexão sobre os sistemas agroalimentares;
● Desenvolver atividades lúdicas que propiciem aprendizagens acerca da
agroecologia, educação ambiental e sistemas agroalimentares junto às crianças e
famílias participantes.
● Produzir cartilha de atividades sobre educação ambiental;
● Fomentar o uso da área de experimentação do grupo conhecida como MATAGAO,
como uma área prática de educação ambiental para as crianças.
Metas
Do projeto:
Dos(as) estudantes:
O bolsista será avaliado mensalmente utilizando como parâmetros avaliativos os
seguintes indicadores: assiduidade; pontualidade e cumprimento dos prazos; nível de
envolvimento na construção, planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações do
projeto; capacidade de trabalhar em grupo; criatividade e proatividade.
Financiamento/infraestrutura
Avaliação do bolsista
Cronograma de Atividades
Atividades Mês
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
Manutenção de composteiras X X X X X X X X
domésticas no LDI e LDH.
Manutenção da Composteira na x x x x x x x
EMAP
Criação de hortas X X X X
agroecológicas no LDH e
EMAP.
Oficinas com as equipes do X X X X
LDI, do LDH e da EMAP para
a separação dos resíduos
orgânicos, manutenção da
composteira, adubação e
manejo da horta.
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