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Introdução
1. Generalidades
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ii) E a segunda, sobre se, sendo admissível essa impugnação, será legítimo o
seu sindicato directo pelos lesados.
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O 2º Período (1917/ 1956) foi marcado por um sistema monista de impugnação directa
quer dos regulamentos locais, quer dos actos regulamentares do Governo.
À primeira fase deste período, marcada por um dualismo integral, não foi estranha a
prevalência da posição de Marcelo Caetano, a qual era desfavorável ao recurso directo
contra regulamentos, por contraposição à tese de Afonso Queiró que defendia a sua
subsistência. Tendo a Lei Orgânica do Supremo Tribunal Administrativo em 8-9-1956
determinado a inimpugnabilidade directa dos decretos regulamentares., veio,
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Decreto do Governo, sob consulta do STA, de 26 de Novembro de 1917
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Concretização operada pelo artº 17 §3 Decreto nº 9894 de 4-6 e mantido pelo artº 3 do artº 32º do
Decreto nº 19 243 de 16-1 do Supremo Conselho de Administração Pública.
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A existência de divergências jurisprudenciais levou o Tribunal de Conflitos a precisar que a apreciação
dos recursos interpostos contra os regulamentos do Executivo caberia na competência do STA.
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Cfr. o nº 3 do artº 236º do texto originário da CRP, conjugado com a Lei 15/79 de 19-5,
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Cfr. o artº 24º do Decreto-Lei nº 164-A/76, de 28-2, alterado pelo Decreto-Lei nº 887/76 de 29-12
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Neste último caso, qualquer pessoa lesada ou susceptível de o vir proximamente a ser
por quaisquer regulamentos (neles incluídos os do Governo) teria a faculdade de pedir
a declaração da sua ilegalidade com força obrigatória geral em duas situações, a saber:
sempre que essas normas produzissem efeitos imediatos, sem dependência de acto
administrativo; sempre que os regulamentos tivessem sido já julgados ilegais em três
casos concretos, sendo neste caso o recurso obrigatório para o Ministério Público 8.
Para os regulamentos estaduais, o STA começou por ser a jurisdição competente, mas
desde 1996 essa competência foi cometida ao Tribunal Central Administrativo.
Daí que, quando se fala no modelo dualista que marcou este período, ele alude não ao
velho sistema que diferenciava a impugnação directa de regulamentos não estaduais e
indirecta de regulamentos do Governo. Alude, sim, aos dois processos de controlo
directo da legalidade regulamentar pelos tribunais administrativos: o da impugnação
dos regulamentos não estaduais por via do recurso de anulação e o da impugnação de
todos os regulamentos, mediante um pedido de controlo abstracto da legalidade.
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Cfr. alínea e) do nº 1 do artº 51º do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais ( ETAF- 1984)
e artº 63ºda Lei do Processo dos Tribunais Administrativos ( LPTA-1985).
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Cfr artº 11º do ETAF e artº 66º da LPTA e correspondentes remissões para o recurso de anulação.
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1.2.2. Observações
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Nº 2 do artº 1º e artº 2º do ETAF e nº 2 do artº 52º da CPTA.
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Artº 77º do CPTA.
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Alínea a) do nº 2 do artº 112º do CPTA.
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justifica o fim deste “enclave histórico” que reserva à Justiça Constitucional uma
área natural do contencioso administrativo.
11. Vimos que o regime legal anterior consagrava duas formas processuais, não
alternativas, para a impugnação directa dos regulamentos.
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ii) O Ministério Público, não está sujeito a esse limite para impugnar normas
já que, oficiosamente ou a solicitação dos actores populares, pode pedir a
declaração abstracta da ilegalidade independentemente da repetição do
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i) Ministério Público
17. Para além do que já foi exposto sobre a legitimidade do particular lesado,
haverá que apreciar se o CPTA elevou ou reduziu as garantias impugnatórias deste,
em comparação com o regime anterior.
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Julgamos que, por si só, a “lesão” como “prius” da legitimidade activa, não
experimentou uma alteração significativa em relação ao artº 63º da LPTA, pois
subsiste uma legitimidade interessada (quando a lesão se consumar) e uma
legitimidade pré-interessada (que corresponde à lesão em momento próximo) 16.
Quanto ao resto, tudo depende da natureza do regulamento sindicado.
Alguma doutrina (Pedro Delgado Alves) defende que o facto de o nº 2 do artº 55º
do CPTA (que se reporta á acção popular local) permitir a impugnação de
deliberações de órgãos autárquicos17, o que mitigaria esta insuficiência. Todavia o
preceito não se insere, sistematicamente, na impugnação de normas, mas na de
actos administrativos (Esteves de Oliveira) e, mesmo que proceda interpretação
diversa, não poderiam accionar este meio as empresas e as pessoas não
recenseadas na circunscrição que fossem lesadas por normas locais.
16
Reclamando os tribunais uma exigente fundamentação desta última.
17
Feita por qualquer eleitor recenseado na respectiva circunscrição.
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Este preço pago pela eliminação do dualismo, não será excessivo, já que
prejudicando os pré-interessados, não obsta que os lesados sindiquem
indirectamente a norma, por via incidental.
Assim, se, uma autarquia com interesse subjectivo numa demanda em matéria de
ordenamento do território, impugnar uma norma não imediatamente operativa
que entenda violar a legalidade objectiva, verificar-se-á uma relativa
sobreponibilidade entre interesses diversos, pois o “animus” subjectivo de
impugnação da norma pode ser disfarçado por uma garantia objectiva da
legalidade.
1ª. O nº 3 do Artº 52º da CRP atribui o direito de acção popular para a defesa de
bens qualificados, “nos casos e termos previstos na lei,”conferindo esta remissão ao
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Ora essa lei tanto pode ser a LAP, como o Código. No primeiro caso, a remissão
seria inútil, dado que a norma restringe esse meio à anulação de actos
administrativos. Já no segundo, verifica-se que normas especiais do Código
estabelecem legitimamente, diferentes níveis de intervenção contenciosa dos
actores populares, níveis se conjugam perfeitamente com o nº 2 do artº 9º desse
acto, na qualidade de norma geral.
22. Assiste-se, no que toca aos regulamentos ministeriais, a mais uma manifestação
de “downgrading” do foro competente para a apreciação abstracta da legalidade
dessas normas. Se em 1984 as normas estaduais eram julgados pelo STA, uma
alteração legislativa efectuada em 1996 atribuiu a mesma competência ao TCA,
passando agora o Código a remetê-los para as jurisdições de primeira instância.
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Poderá defender-se que o recurso de revista “per saltum” para o STA evitaria a
definitividade das declarações de ilegalidade. Mas o facto é que o alcance do
instituto é limitado. De acordo com o artº 151º e suas remissões para o artº 150º
do Código, o recurso restringe-se a questões de Direito, só podendo fundar-se em
violação de lei substantiva e processual, deixando de fora normas relativas ao
funcionalismo público e protecção social.
a) Prazo
23. O artº 75º do Código determina que a declaração de ilegalidade pode ser
pedida a todo o tempo, sendo o regime idêntico ao anterior. Tal predicaria uma
lógica sancionatória de nulidade (incaducabilidade da acção).
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28. O instituto, previsto no artº 77º do Código firmou-se como uma importante
inovação do CPTA. Através dele, tentou-se contrariar uma patologia enraizada na
ordem jurídica, no sentido da não emissão de regulamentos que concretizem leis
não exequíveis por si próprias.
Tendo, uma vez mais, colhido a sua inspiração na Constituição, o regime instituído
vai todavia mais longe, já que:
A resposta parece ser negativa. O sentido útil de uma restrição temporal de efeitos
da declaração proferida com força obrigatória geral é o de imunizar situações
póstumas constituídas ao abrigo do regulamento ilegal, em relação à sanção que o
atingiu.
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Entende-se que a jurisprudência não deve fazer uma leitura literal do preceito, no
sentido da automaticidade da repristinação, mas sim uma leitura conforme ao
princípio constitucional da legalidade (vide em matéria de planeamento territorial
a posição de Alves Correia). O princípio da legalidade impede os tribunais de
aplicarem normas que infrinjam os princípios constitucionais. Daí que se
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A. Introdução ao problema
31. Se o Código pôs termo à “nulidade radical” que parecia pontificar no regime
jurídico processual anterior, o facto é que subsistem refracções dessa estranha
sanção que implica a salvaguarda dos actos administrativos que executam a norma
declarada inválida. O nº 3 do artº 76º do Código reza que, nos juízos de invalidade
proferidos com efeitos“ex tunc”, se têm por salvaguardados, a par do caso julgado,
os actos administrativos inimpugnáveis, expressão relativamente indeterminada no
seu efectivo alcance.
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A primeira interpretação, mais literal, deve ser afastada. Ela implicaria uma
estranha bonificação ao acto ilegal atingido por vícios próprios geradores de
anulabilidade na medida em que, ficando esse vício sanado pelo decurso do prazo
de impugnação, o acto ficaria defendido de invalidação posterior decorrente da
existência de vícios mais graves que lhe tenham sido propagados pelos
regulamentos a que dá execução: a sanação do vício próprio menos grave tornaria
o acto inimpugnável em face de vícios consequenciais de carácter mais grave.
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O Acórdão referencial do STA sobre esta matéria terá sido proferido em 16-4-1982
(in “Acórdãos. Doutrinais” nº 247), tendo o mesmo aresto rezado o seguinte: “A
declaração de inconstitucionalidade de normas legais não pode ofender o caso
julgado, o caso resolvido ou os negócios jurídicos esgotados”. Como tal, essa
declaração de inconstitucionalidade “ (…) só atinge as situações ainda não
resolvidas à face daquele diploma [o DL 47/77], deixando intactos os direitos
adquiridos pelo caso resolvido administrativamente”.
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Ainda assim, desde a prolação do Ac. n.º 786/96, de 19-6, o Tribunal Constitucional
terá esboçado uma interpretação mais ousada no sentido da equiparação do acto
decidido ao caso julgado.
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2ª. A construção jurídica criticada assenta na equiparação feita entre caso julgado e
caso decidido a qual é inaceitável.
Na verdade:
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ii) Enquanto o caso julgado é uma sentença e, como tal, resulta do exercício
da função jurisdicional, o caso decidido não é mais do que um mero acto
administrativo, emerge do exercício da função executiva;
iii) Enquanto o caso julgado intenta ser a última palavra proferida pelo
sistema jurídico relativamente a uma luta pelo Direito, mediante a tomada de uma
decisão jurisdicional ordinariamente irrecorrível, já o caso decidido visa
precisamente precludir a certos interessados o uso de meios de defesa
contenciosa, depois de esgotado o prazo legal concedido para que os mesmos
possam agir, concedendo a última palavra à Administração por efeito da inércia
desses interessados e do ministério Público;
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38. Observe-se que embora num quadro de grande incerteza a terceira solução
exposta tem tido acolhimento na evolução mais recente dos tribunais
administrativos.
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que o CPA fere com nulidade a violação desses direitos (a alínea d) do nº 1 do artº
133º do CPA comina explicitamente a nulidade do acto administrativo que viole o
conteúdo essencial de um direito fundamental). No sentido da nulidade
pronunciaram-se, por exemplo, o Ac. de 9 de Dezembro de 2003 (direito à greve) e,
em obiter dictum, a sentença de 5 de Julho de 2008
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41. O instituto em estudo revela um carácter algo alienígena, já que opera como
controlo por via directa ou principal (típico da fiscalização abstracta), que produz,
todavia, os seus efeitos em termos idênticos aos de um controlo de legalidade
incidental.
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Teria sido preferível consagrar, a par da impugnação incidental, uma via controlo
abstracto, próxima à que existia no regime anterior, que permitisse ao ministério
Público impugnar quaisquer normas e ao lesado sindicar, quer normas
imediatamente operativas, quer normas mediatamente operativas incidentalmente
julgadas ilegais em três casos concretos.
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BIBLIOGRAFIA PORTUGUESA
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