Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
História do Brasil II
2016
RAFAEL RICARTE DA SILVA
HISTÓRIA DO BRASIL II
Sobral/2016
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Educação a Distância 5
Sumário
Palavra do Professor-autor ................................................................................... 09
Sobre o autor .......................................................................................................... 11
Ambientação........................................................................................................... 13
Trocando ideias com os autores ........................................................................... 15
Problematizando ................................................................................................... 17
5 ESCRAVIDÃO,
SIL IMPERIAL
ECONOMIA E SOCIEDADE NO BRA-
Leitura Obrigatória...........................................................................................91
Saiba mais..........................................................................................................95
Pesquisando na Internet...................................................................................97
Revisando...........................................................................................................95
Autoavaliação....................................................................................................97
Bibliografia......................................................................................................100
Bibliografia Web...............................................................................................97
Vídeos..............................................................................................................100
8 Educação a Distância
Palavra do Professor
Olá estudante!
Este material foi elaborado para debatermos a História do Brasil Imperial, to-
mando como eixo as questões políticas, econômicas e os movimentos sociais do
período em questão. Convidamos você a pensar na construção de uma história e
uma identidade para a jovem nação e seu povo.
Agora é com você! Leia o material com atenção, faça as atividades sugeridas e
interaja no Ambiente Virtual de Aprendizagem com seus colegas e tutor.
Bom estudo!
O Autor.
Educação a Distância 9
Sobre a autora
Educação a Distância 11
AMBIENTAÇÃO À
DISCIPLINA
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina. a
Caro estudante,
Educação a Distância 13
ti
TROCANDO IDEIAS
COM OS AUTORES
A intenção é que seja feita a leitura das obras indicadas
pelos(as) professores(as) autores(as), numa tentativa de
dialogar com os teóricos sobre o assunto.
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores
Educação a Distância 15
5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
GUIA DE ESTUDO
Após a leitura dessas importantes obras, produza uma resenha crítica sobre
um dos livros apontados. Aproveite também para compartilhar sua produção no
Ambiente Virtual
16 Educação a Distância
Educação a Distância 17
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito
um texto expondo uma solução para o problema
abordado, articulando a teoria e a prática profissional. PL
Problematizando
Contudo, para você, o que é ser brasileiro? Que elementos nos fazem
brasileiros? Quais símbolos nacionais são representativos dessa brasilidade?
GUIA DE ESTUDO
Educação a Distância 19
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina
em estudo a partir das ideias organizadas pelos
professores autores do material didático.
Ap
1
A CRISE DO SISTEMA COLONIAL
CONHECIMENTOS
Compreender acerca das mudanças e permanências na História.
HABILIDADES
Relacionar a crise portuguesa do século XVIII com as mudanças na relação
metrópole-colônia e o processo de independência.
ATITUDES
Realizar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da história.
Educação a Distância 21
A
crise portuguesa do século XVIII e a administração
pombalina
22 Educação a Distância
Mas, o que resultou desta mudança? Como esta viragem estrutural modificou
o processo de conquista na América lusa?
Para Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto Fernandes Machado,
em O Império do Brasil, a crise do Antigo Regime e, por extensão, do sistema
colonial foi marcada pelos:
Educação a Distância 23
a Revolução Francesa constituíram-se nos marcos dessa
modernidade. As ideias e práticas, que reverberaram a partir
deles, abalaram os alicerces do Antigo Regime, tanto na maior
parte do continente europeu, quanto de suas colônias na
América, ainda que desigualmente. A tormenta napoleônica
completou a obra (NEVES; MACHADO, 1999, p. 24).
Você sabe quais outros tratados a Coroa portuguesa assinou? Foi somente
com os ingleses?
Pesquise e comente com seus colegas de Curso no fórum da disciplina.
Para reverter este cenário e garantir mais receitas, uma série de medidas
24 Educação a Distância
foram tomadas pelo ministro de Estado da Guerra e dos Negócios Estrangeiros,
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal. Dentre as medidas
adotadas, podemos ressaltar:
Educação a Distância 25
contestação à ordem colonial.
A vinda da Família Real para o Brasil, conforme expôs Boris Fausto (2004),
trouxe mudanças para o sistema colonial. A transferência da Corte portuguesa para
a Colônia foi uma das consequências do processo expansionista de Napoleão
Bonaparte na Europa Ocidental. Ao impor o Bloqueio Continental ao comércio
entre ingleses e demais países do continente, os franceses afetaram diretamente
Portugal. Em novembro de 1807, as tropas francesas foram em direção a capital
portuguesa.
GUIA DE ESTUDO
A saída pensada pelo Príncipe Dom João foi o embarque para o Brasil,
transferindo entre os dias 25 e 27 de novembro a “máquina” administrativa da Coroa
para a Colônia, ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do
Tesouro, patentes do exército e da marinha e membros do alto clero.
26 Educação a Distância
foi um caso singular nas relações coloniais, despertando o interesse de diversos
historiadores que buscaram compreender este evento.
Dentre esses estudos, podemos citar o de Maria Odila Leite da Silva Dias
(2005) que, em A interiorização da metrópole e outros estudos, afirmou que a
vinda da Corte portuguesa para a Colônia proporcionou o enraizamento do Estado
português no Centro-Sul do Brasil, transformando a Colônia em uma metrópole
interiorizada.
Fonte: <https://www.historiafacil.com.br/artigos/historia-do-brasil/a-chegada-da-familia-real-
portuguesa-ao-brasil/>.
Educação a Distância 27
também foram contemplados com essas medidas, possibilitando o comércio de
seus gêneros, destinados à exportação, com mercados externos além do português.
Ademais, Boris Fausto (2004), em História do Brasil, nos adverte que “[...] a
escalada inglesa pelo controle do mercado colonial brasileiro culminou no Tratado
de Navegação e Comércio, assinado após longas negociações em fevereiro de
1810” (FAUSTO, 2004, p. 124).
Podemos afirmar que esse tratado buscou garantir mais um benefício para
a Inglaterra e seus produtos. As mercadorias inglesas comercializadas no Brasil
seriam taxadas em 15%, taxa inferior aos 16% cobrados aos produtos portugueses
e aos 24% das demais nações.
Ainda em 1810, foi firmado outro tratado entre Portugal e Inglaterra, o Tratado
de Aliança e Amizade que refletiu no tráfico de escravos para o Brasil. Pelo acordo,
ficava estabelecido que “[...] a Coroa portuguesa se obrigava a limitar o tráfico de
escravos aos territórios sob seu domínio e prometia vagamente tomar medidas para
restringi-lo” (FAUSTO, 2004, p. 125). Após o término da guerra contra as tropas
de Napoleão, Portugal assinou novo tratado que determinava mais restrições ao
tráfico de escravos, inclusive com a permissão para “visitar” navios que fossem
suspeitos de transportar escravos.
28 Educação a Distância
As mudanças foram implementadas na tentativa de copiar o modo de vida
europeu, buscando adequar o espaço urbano e social. Assim, criou-se a imprensa
régia, a biblioteca, o horto e transplantaram-se as cerimônias realizadas nas cortes
europeias.
GUIA DE ESTUDO
Educação a Distância 29
social, tendo entre os integrantes de suas forças: padres, juízes, proprietários
rurais, comerciantes, artesãos e militares. Assim como eram heterogêneos seus
membros, diferentes também foram os objetivos almejados por seus integrantes.
Segundo Boris Fausto (2004, p. 128):
Fonte: <http://historiasylvio.blogspot.com.br/2013/11/revolucao-pernambucana-de-1817.
html>.
30 Educação a Distância
processo de contestação do domínio lusitano no Brasil e propagou e sedimentou
os ideais republicanos na região, conforme veremos nos movimentos ocorridos
posteriormente em Pernambuco.
A Independência do Brasil
Educação a Distância 31
A saída buscada por Dom João VI para tentar contornar a crise foi o retorno
a Portugal, deixando seu filho Pedro no Brasil como príncipe regente. Esta situação
agradou parte da elite política e econômica do Brasil, pois garantia a manutenção
dos privilégios conquistados desde a chegada da Família Real. Entretanto, as
Cortes pressionaram pelo retorno também de D. Pedro a Portugal.
Fonte: <http://historiaporimagem.blogspot.com.br/2011/09/o-grito-do-ipiranga-
independencia.html>.
32 Educação a Distância
GUIA DE ESTUDO
Educação a Distância 33
2
A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E
O PRIMEIRO REINADO
CONHECIMENTOS
Entender as principais características econômicas, sociais e políticas do
Primeiro Reinado e detalhar os acontecimentos que contribuíram para a crise e
abdicação de D. Pedro I.
HABILIDADES
Identificar a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e
econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
ATITUDES
Desenvolver críticas das relações de poder nas diferentes escalas: local,
nacional e global.
34 Educação a Distância
O primeiro Reinado e a Constituição de 1824
GUIA DE ESTUDO
Educação a Distância 35
capitaneado pela Inglaterra, a quem também coube o empréstimo do dinheiro para
o pagamento da indenização a Portugal.
36 Educação a Distância
Monarquia Constitucional como forma de governo e dividindo o país em províncias
chefiadas por presidentes nomeados pelo imperador. Ficou estabelecida também a
igualdade perante a lei, a liberdade de religião, a manifestação e pensamento.
GUIA DE ESTUDO
A Confederação do Equador
Educação a Distância 37
Moderador e a Constituição concediam a D Pedro I. A nomeação de um presidente
para a província de Pernambuco por parte do imperador foi o estopim para o início
da revolta e a proclamação da Confederação do Equador.
Fique sabendo:
“Frei Joaquim do Amor Divino Caneca nasceu no Recife, no dia 20 de agosto
de 1779, recebendo o nome de Joaquim da Silva Rabelo. Filho do português Domingos
da Silva Rabelo e Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, que moravam em Fora de
Portas, próximo do demolido Arco do Bom Jesus. Seu pai era tanoeiro – fabricava
vasilhames de flandres, daí o apelido de Caneca. Foi um dos grandes pensadores
literários no momento da Independência brasileira. Vivia em Pernambuco quando
da inquietação em torno da separação com Portugal e lugar onde a agitação era
maior do que no resto do país. Muito combativo, lutava contra o despotismo (o
poder absoluto e autoritário) e as relações de dependência que caracterizavam a
situação colonial.”
38 Educação a Distância
A abdicação de D. Pedro I
Uma das medidas adotadas por D. Pedro I para diminuir a crise política foi
o controle do Senado com a escolha dos senadores mediante a lista tríplice de
candidatos de cada província, escolha que era prerrogativa do imperador. Essa
decisão procurava equilibrar as forças políticas na capital do império, haja vista
a forte eleição de Deputados de oposição ao regime monárquico centralizador
exercido por D. Pedro I.
Educação a Distância 39
Para Mário Maestri (1997), um conjunto de fatores levaram D. Pedro I a perder
apoio político de setores antes favoráveis ao seu governo. Dentre esses fatores, o
autor enumerou:
Por fim, destacamos a pressão sofrida por D. Pedro I após a morte de D. João
VI em Portugal. De um lado, existia a desconfiança de que o imperador fosse optar
pela unificação dos reinos, rebaixando novamente o Brasil a condição de Reino
Unido de Portugal e Algarves. Do outro lado do Atlântico, a pressão fazia-se sentir
na insistência dos liberais portugueses para o retorno de D. Pedro I para assumir o
trono português.
40 Educação a Distância
filha no trono.
Outro autor que destacou esse cenário de agitação política foi José Murilo de
Carvalho (1996). Em O Teatro de Sombras, o autor nos afirma que o período das
Regências expressou as dificuldades encontradas para se estabelecer o processo de
dominação monárquico. No período regencial, segundo o autor, as elites brasileiras
assumiram o poder político do país com suas diferenças de posições e perspectivas
políticas. Cabe ressaltar que, segundo Carvalho (1996), ainda não existiam partidos
políticos formados.
Ainda com relação ao que configuraria esse contexto, Caio Prado Junior
(1999), em Evolução Política do Brasil, afirmou que este momento foi singular na
história do Brasil pela participação popular nos embates regenciais. Para o autor, as
classes médias reagiram à política de dominação exercida pelas oligarquias agrárias
nas diversas revoltas do período.
Educação a Distância 41
deste grupo. Não havia, segundo o autor, “[...] clareza sobre o papel do Estado
como organizador dos interesses gerais dominantes, tendo para isso de sacrificar
em certas circunstâncias interesses específicos de um determinado setor social”
(FAUSTO, 2004, p. 162).
O governo das Regências Trina e Una ficaram a cargo dos seguintes políticos:
GUIA DE ESTUDO
42 Educação a Distância
os liberais moderados, grupo que tinha como integrantes membros da aristocracia
rural e defendiam uma monarquia constitucional. Este último grupo foi a tendência
que dominou o cenário político no período das Regências.
Educação a Distância 43
A Regência Trina tinha outras surpresas guardadas no bolso, entre
elas a criação da Guarda Nacional: uma força pública a ser usada pelo
poder central para conter manifestações e motins (SCHWARCZ; STARLING,
2015, p. 247).
Para Magali Engel (2002, p. 319), “[...] mais do que uma força repressiva,
o papel primordial exercido pela Guarda Nacional foi o de expressar, no plano
simbólico, a ordenação elitista da nação que se pretendia forjar”. Uma organização
descentralizada, organizada no plano provincial.
44 Educação a Distância
poderiam a partir de agora prender e julgar sujeitos acusados de cometer crimes de
pequena gravidade.
Refletindo:
A Guarda Nacional e os Coronéis
Atualmente, seu poder se faz sentir de uma forma talvez mais sutil [...]. Em
muitos casos, esses novos coronéis são descendentes diretos dos antigos, em um
notável fenômeno de reprodução do poder”.
RÊGO, André Heráclio. Uma vez coronel, sempre coronel. Revista de História,
Rio de Janeiro: Sabin, ano 5, n. 60, set. 2010, p. 61.
GUIA DE ESTUDO
Caro estudante, a partir da leitura da citação acima, reflita sobre como a prática
de dominação dos coronéis (antigos chefes da Guarda Nacional nas províncias)
permaneceu e transformou-se ao longo do tempo. Quais práticas foram utilizadas e
reorganizadas pelos coronéis?
Educação a Distância 45
O Ato Adicional de 1834 e o Golpe da Maioridade
Outra transformação que ficou determinada pelo Ato Adicional foi a mudança
no formato das Regências, deixando de serem trina. O governo passaria a ser regido
por apenas uma pessoa. O primeiro eleito, Diogo Antônio Feijó, integrante do
Partido Liberal, não conseguiu concluir seu mandato devido pressões do legislativo,
amplamente constituído por políticos ligados ao Partido Conservador.
Segundo Lilia Moritz Schwarz (1998), desde os primeiros anos das Regências,
já se cogitava a antecipação da ascensão de D. Pedro II ao trono. Esse cenário era
incentivado pelo clima de instabilidade e pelas medidas descentralizadoras adotadas.
46 Educação a Distância
de uma manobra política, o certo é que aos poucos a medida foi tomando
“ares de salvação nacional”. É o partido liberal em 1840, com a criação do
Clube da Maioridade, que dá forma ao projeto (SCHWARZ, 1998, p. 67).
As revoltas regenciais
Educação a Distância 47
bastente largas que nenhum outro momento da história do Brasil compara-se a essa
fase da monarquia.
Para José Murilo de Carvalho (1996, p. 230), “[...] a melhor indicação das
dificuldades em estabelecer um sistema nacional de dominação com base na solução
monárquica encontra-se nas rebeliões regenciais”. Ainda segundo o referido autor,
podemos separar as revoltas desse período em dois grupos. Um primeiro que
apresentou revolta das populações urbanas e contou como protagonistas a tropa e
o povo. Um segundo período em que a descentralização das revoltas com a eclosão
de movimentos no interior revelou perigos mais graves a ordem pública e para a
própria sobrevivência do país.
GUIA DE ESTUDO
48 Educação a Distância
governo central, a guerra foi encerrada com a assinatura de um acordo que previa
anistia geral para os revoltosos e a incorporação destes ao Exército nacional. Ademais,
conforme nos adverte Boris Fausto (2004, p. 170), “[...] a posição do governo central
foi entremeada de combate e concessões aos rebeldes”. O término dos combates
aconteceu após a assinatura de um acordo de paz negociado entre os farroupilhas
e Duque de Caxias, comandante das tropas imperiais.
Outra revolta ocorrida no período regencial que tinha como um dos objetivos
a proclamação de uma República foi a Sabinada. Movimento eminentemente
urbano, contou com a participação de trabalhadores livres, profissionais liberais e
soldados, que se iniciou em 7 de novembro de 1837 e propunha a separação da
Bahia do restante do país. Segundo Marco Morel (2003), a Sabinada tinha tendências
à República, mas essas nem sempre eram evidenciadas. Dentre as motivações para
seu desfecho, esteve o protesto contra a centralização do poder imperial.
Educação a Distância 49
urbanos e letrados para as camadas pobres da população, que se apropriaram dos
embates políticos e sociais, levando-os adiante”. Esse transbordamento é entendido
a partir das fases que o movimento adquiriu ao longo de sua duração.
Por fim, mas não menos importante do que outras revoltas, a Cabanagem,
ocorrida no Grão-Pará entre os anos de 1835 e 1836, teve como uma de suas
motivações o descontentamento da elite paraense com a constante indicação
de políticos não nascidos na província para governá-la. Além dessa questão
de autonomia, podemos elencar como fator para desencadear a revolta a forte
desigualdade social expressa nas péssimas condições de vida de grande parte da
população livre e pobre.
Para Magda Ricci (2006), a Cabanagem teve uma dimensão grandiosa pelo
espaço territorial que atingiu e pela quantidade de sujeitos envolvidos. Calcula-
se que tenham morrido mais de 30 mil pessoas nesta revolta. Apesar da grande
proporção que a revolta adquiriu, a historiografia buscou interpretar o movimento
como sendo eminentemente regional. Entretanto, segundo a autora:
50 Educação a Distância
Essa identidade em comum era reforçada pelo ódio ao poder de mando local
e central sofrido pelos cabanos. As disputas envolvendo o presidente da província,
Bernardo Lobo de Souza, o padre Batista Campos e o fazendeiro Félix Clemente
Malcher deram início ao processo belicoso. Após a prisão de Malcher e a morte de
Campos, os rebeldes invadiram Belém e tomaram o poder e nomearam Malcher
presidente da província.
Educação a Distância 51
Sugerimos que leia o livro O período das Regências (1831-1840), de autoria
do historiador Marco Morel. Excelente obra que busca discutir o campo político, as
tensões sociais e econômicas do Brasil no período regencial, momento chave para
a construção da nação.
Referência: MOREL, Marco. O período das Regências (1831-1840). Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003.
52 Educação a Distância
Educação a Distância 53
54 Educação a Distância
3
REGÊNCIAS E REVOLTAS NO BRASIL
IMPERIAL
CONHECIMENTOS
Compreender as estruturas políticas do período regencial e caracterizar as revoltas
do período.
HABILIDADES
Identificar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou
rupturas em processos de disputa pelo poder.
ATITUDES
Desenvolver o pensamento crítico acerca das relações de poder na sociedade.
Educação a Distância 55
Regência e Reformas Liberais
Outro autor que destacou esse cenário de agitação política foi José Murilo
de Carvalho (1996). Em O Teatro de Sombras, o autor nos afirma que o período
das Regências expressou as dificuldades encontradas para se estabelecer o
processo de dominação monárquico. No período regencial, segundo o autor,
as elites brasileiras assumiram o poder político do país com suas diferenças de
posições e perspectivas políticas. Cabe ressaltar que, segundo Carvalho (1996),
ainda não existiam partidos políticos formados.
Ainda com relação ao que configuraria esse contexto, Caio Prado Junior
(1999), em Evolução Política do Brasil, afirmou que este momento foi singular na
história do Brasil pela participação popular nos embates regenciais. Para o autor,
as classes médias reagiram à política de dominação exercida pelas oligarquias
agrárias nas diversas revoltas do período.
56 Educação a Distância
sacrificar em certas circunstâncias interesses específicos de um determinado setor
social” (FAUSTO, 2004, p. 162).
GUIA DE ESTUDO
Caro estudante, a partir da leitura da citação acima, reflita sobre como a prática
de dominação dos coronéis (antigos chefes da Guarda Nacional nas províncias)
permaneceu e transformou-se ao longo do tempo. Quais práticas foram utilizadas e
reorganizadas pelos coronéis?
Educação a Distância 57
os liberais moderados, grupo que tinha como integrantes membros da aristocracia
rural e defendiam uma monarquia constitucional. Este último grupo foi a tendência
que dominou o cenário político no período das Regências.
58 Educação a Distância
para os grandes fazendeiros.
Para Magali Engel (2002, p. 319), “[...] mais do que uma força repressiva,
o papel primordial exercido pela Guarda Nacional foi o de expressar, no plano
simbólico, a ordenação elitista da nação que se pretendia forjar”. Uma organização
descentralizada, organizada no plano provincial.
Educação a Distância 59
aplicação, temos o maior poder de juízes de paz, eleitos nas localidades, que
poderiam a partir de agora prender e julgar sujeitos acusados de cometer crimes
de pequena gravidade.
GUIA DE ESTUDO
Caro estudante, a partir da leitura da citação acima, reflita sobre como a prática
de dominação dos coronéis (antigos chefes da Guarda Nacional nas províncias)
permaneceu e transformou-se ao longo do tempo. Quais práticas foram utilizadas e
reorganizadas pelos coronéis?
Outra transformação que ficou determinada pelo Ato Adicional foi a mudança
60 Educação a Distância
no formato das Regências, deixando de serem trina. O governo passaria a ser
regido por apenas uma pessoa. O primeiro eleito, Diogo Antônio Feijó, integrante do
Partido Liberal, não conseguiu concluir seu mandato devido pressões do legislativo,
amplamente constituído por políticos ligados ao Partido Conservador.
Educação a Distância 61
As disputas políticas entre Conservadores e Liberais contou ainda com
a aprovação da reforma do Código de Processo Criminal. Por essa reforma,
magistrados e delegados poderiam exercer as atribuições dos juízes de paz. O
delegado também ficou sendo o responsável por escolher os jurados, que deveriam
ser alfabetizados. Essas mudanças buscavam restringir a influência dos fazendeiros,
fortalecendo o governo central em detrimento da autonomia provincial. Para Mário
Maestri (1997), essas mudanças centralizadoras e autoritárias refletiam claramente
a defesa da ordem escravista no país pelos grandes proprietários.
As revoltas regenciais
Para José Murilo de Carvalho (1996, p. 230), “[...] a melhor indicação das
dificuldades em estabelecer um sistema nacional de dominação com base na
solução monárquica encontra-se nas rebeliões regenciais”. Ainda segundo o referido
autor, podemos separar as revoltas desse período em dois grupos. Um primeiro que
apresentou revolta das populações urbanas e contou como protagonistas a tropa
e o povo. Um segundo período em que a descentralização das revoltas com a
eclosão de movimentos no interior revelou perigos mais graves a ordem pública e
para a própria sobrevivência do país.
62 Educação a Distância
e desenvolvida entre os anos de 1835 e 1845, teve como líderes os grandes
estancieiros criadores de gado. Segundo Boris Fausto (2004), o descontentamento
dos gaúchos para com o governo central já vinha de longa data, pois se sentiam
explorados com a carga de impostos que pagavam. Além dessa questão, eles
queriam acabar com a taxação de gado na fronteira com o Uruguai ou reduzi-la e
receavam que a criação da Guarda Nacional interferisse negativamente nas suas
organizações militares.
GUIA DE ESTUDO
Outra revolta ocorrida no período regencial que tinha como um dos objetivos
a proclamação de uma República foi a Sabinada. Movimento eminentemente
Educação a Distância 63
urbano, contou com a participação de trabalhadores livres, profissionais liberais
e soldados, que se iniciou em 7 de novembro de 1837 e propunha a separação
da Bahia do restante do país. Segundo Marco Morel (2003), a Sabinada tinha
tendências à República, mas essas nem sempre eram evidenciadas. Dentre as
motivações para seu desfecho, esteve o protesto contra a centralização do poder
imperial.
64 Educação a Distância
1839, o movimento passou a ter liderança de homens livres pobres, exemplo do
vaqueiro Raimundo Gomes e do vendedor de balaios Manuel dos Santos Ferreira.
Nessa segunda fase da Balaiada, várias cidades foram conquistadas, criando a
necessidade, por parte do governo central, de enviar tropas da Guarda Nacional
e o general Luís Alves de Lima e Silva para combaterem os balaios. A última fase
do movimento foi a mais radical com a participação e liderança de escravos e ex-
escravos. A radicalização fez com que os grandes criadores de gado e outros grupos
da elite se reorganizassem, juntamente com as tropas imperiais, para debelar os
revoltosos.
Por fim, mas não menos importante do que outras revoltas, a Cabanagem,
ocorrida no Grão-Pará entre os anos de 1835 e 1836, teve como uma de suas
motivações o descontentamento da elite paraense com a constante indicação
de políticos não nascidos na província para governá-la. Além dessa questão
de autonomia, podemos elencar como fator para desencadear a revolta a forte
desigualdade social expressa nas péssimas condições de vida de grande parte da
população livre e pobre.
Educação a Distância 65
central não havia unidade entre os rebeldes. Exemplo dessas disparidades entre
os rebeldes foi a aceitação por parte de Malcher de encerrar a revolta caso fosse
reconhecido como presidente da província pelo governo regencial. Essa atitude não
contou com a aprovação das camadas mais baixas do movimento, resultando na
negativa para deporem as armas. Após esse episódio, os cabanos permaneceram
no poder por mais de um ano, desafiando e impondo derrotas ao governo das
Regências (MOREL, 2003). Em 1836, o governo central enviou tropas para sitiar
Belém e debelar a revolta, prendendo e matando centenas de integrantes das forças
oposicionistas. Os líderes, Eduardo Angelim e Francisco Vinagre foram presos e
condenados à deportação em Fernando de Noronha.
66 Educação a Distância
maioridade do rei.
Educação a Distância 67
4
O SEGUNDO REINADO E A
CONSOLIDAÇÃO DO IMPÉRIO
CONHECIMENTOS
Compreender os conflitos políticos na consolidação do Estado nacional.
HABILIDADES
Relacionar as diversas concepções de Estado no passado, comparando as
permanências e mudanças na contemporaneidade.
ATITUDES
Desenvolver o pensamento crítico acerca da construção do Estado, da
história e da identidade nacional.
68 Educação a Distância
A disputa entre Liberais e Conservadores
Educação a Distância 69
de Segundo Reinado (1840-1889) com a ascensão de D. Pedro II ao trono brasileiro.
A expectativa com o início do reinado de D. Pedro II recaía na esperança do
fortalecimento do governo central com a garantia da manutenção do sistema
escravocrata e latifundiário das elites brasileiras, então ameaçado pelas revoltas
espalhadas no Brasil.
Para José Murilo de Carvalho (1996), a elite política do país foi constituindo-se
de forma homogênea, resultado da educação e da profissão comuns, sendo grande
parte da elite política do Brasil formada por sujeitos que possuíam nível superior,
característica que dava unificação ideológica.
José Murilo de Carvalho (1996) adverte que nenhuma das interpretações era
70 Educação a Distância
correta. Elementos como a possibilidade de continuidade com a independência,
estrutura burocrática e o padrão de formação da elite deram ao Estado imperial
maior capacidade de controle e aglutinação do que seria um simples porta-voz de
interesses agrários.
O “parlamentarismo à brasileira”
Educação a Distância 71
à brasileira”. Cabe destacarmos, que a Constituição de 1824 não previa o
parlamentarismo como forma de governo, sendo esse exercido pelo imperador.
Segundo Boris Fausto (2004), este mecanismo de constante troca de gabinetes,
com novas eleições, resultou em 36 ministérios diferentes nos cinquenta anos do
Segundo Reinado. Para o autor:
Nesse mesmo sentido, Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto
Fernandes Machado apontaram que a partir do isolamento dos elementos
radicais, conservadores e liberais buscaram garantir acordos que preservassem a
prosperidade e favorecessem a grande propriedade (NEVES; MACHADO, 1999).
A Conciliação veio, efetivamente, por meio do 12º Gabinete do Império, chefiado
pelo conservador Honório Hermeto Carneiro Leão. Tratando-se, pois de angariar
um amplo apoio ao ministério constituído, garantindo a ordem e o progresso das
instituições monárquicas.
A Guerra do Paraguai
72 Educação a Distância
Argentina.
Após esses conflitos iniciais, formou-se uma Tríplice Aliança entre Brasil,
Argentina e os colorados do Uruguai com o objetivo de derrotarem as tropas
paraguaias, o que ocorreu em 1870 com a morte de Solano López. Com a vitória
da Tríplice Aliança, o Brasil, apesar do “sucesso” bélico, não teve muito o que
comemorar com o término da guerra. As tropas de D. Pedro II saiam do conflito com
aproximadamente 40 mil mortos, além do descontentamento devido aos soldos
(salários) e promoções. Para o governo, ficava uma enorme dívida contraída junto
aos ingleses para custear as batalhas. A pressão exercida pelo Exército brasileiro
sobre D. Pedro II após a Guerra do Paraguai é representativa da crise da monarquia a
partir desse momento. O mapa abaixo apresenta os deslocamentos realizados pelas
tropas envolvidas na guerra.
Fonte: <http://telecastdehistoria.blogspot.com.br/2011/09/mapa-da-guerra-do-paraguai.
html>.
Educação a Distância 73
Se para o Brasil o encerramento da guerra não trouxe grandes vantagens, para
o Paraguai, o conflito mostrou-se um desastre com a perda de parte de suas terras
para os países vencedores, o pagamento de dívidas da guerra, a drástica redução de
sua população e a quebra de sua indústria.
Outro ponto que devemos destacar na participação do Brasil nesse conflito foi
crescimento quantitativo e político que o Exército brasileiro adquiriu com o passar
dos anos do conflito na região do Prata. O Exército, segundo Boris Fausto (2004),
consolidou-se nesse período. Até então, não tinha grandes proporções:
74 Educação a Distância
Dica de leitura:
Caro estudante,
Convidamos você a ler o livro A Guerra do
Paraguai de autoria de Francisco Doratioto. Ao final,
elabore uma resenha crítica e compartilhe suas ideias
com os colegas no fórum da disciplina.
Referência: DORATIOTO, Francisco. A Guerra do
Paraguai. 2ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
Educação a Distância 75
O instituto nascia a partir da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional
(SAIN) e tinha como objetivo maior a construção da história e da identidade nacional
em um século marcado pelo debate acerca da História como ciência. De acordo
com Manoel Salgado Guimarães (1988), em Nação e civilização nos trópicos: o
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional,
o IHGB constituiu-se como um espaço privilegiado para a construção da escrita da
história brasileira. Salgado Guimarães destacou ainda que o século XIX foi marcado
pela discussão da cientificidade, possibilitando o afastamento da história da filosofia
e da literatura. Assim, o homme de lettres ganhava ares de pesquisador.
76 Educação a Distância
no país, a partir do modelo das academias ilustradas da Europa. Para Manoel
Luís Salgado Guimarães, esta configuração demonstrava o caráter iluminista da
instituição. No Brasil, o Rio de Janeiro desempenhava o papel de Paris na França
como irradiador das luzes. A relação estrita entre a ilustração francesa e o Brasil
fica evidenciada quando identificamos que o modelo de agremiação adotado pelo
IHGB foi o do Institut Historique de Paris. A influência francesa no IHGB conferiu a
identidade da escrita de seus membros: o modelo branco e europeu de civilização
a ser seguido.
Educação a Distância 77
Lúcia Guimarães (1995) evidenciou que nas páginas da revista do IHGB não
existia nenhum texto que contivesse críticas ao sistema colonial, contemplando,
dessa forma, a defesa do ideal proposto de que a colonização portuguesa no Brasil
teria sido uma missão civilizadora e expressava os laços de que o período imperial
seria a continuidade desse projeto.
Essa seleção do material a ser publicado deveria prezar pela busca da unidade
nacional e auxiliar no projeto de um Estado forte e centralizado. Para isso, mostrava-
se necessário descobrir elementos que permitissem a unificação das várias regiões
do país no projeto nacional. A seleção desses documentos em âmbito regional ficou
a cargo dos Institutos Históricos criados nas províncias, orientados pelo IHGB.
GUIA DE ESTUDO
78 Educação a Distância
Podemos dizer que a historiografia proposta pela agremiação era
centralizadora, monarquista e conciliadora, não permitindo a vinculação de
documentos e/ou artigos que remetessem a elementos contestatórios do governo
imperial, exemplo dos movimentos separatistas ocorridos no período regencial. Essa
preocupação expressava o momento de incertezas quanto à unificação da nação e à
construção de sua identidade.
Educação a Distância 79
5
ESCRAVIDÃO, ECONOMIA E
SOCIEDADE NO BRASIL IMPERIAL
CONHECIMENTOS
Compreender as transformações econômicas e sociais no Brasil Império e o
movimento de abolição da escravidão.
HABILIDADES
Identificar como o jogo das relações de dominação, subordinação e resistência
fazem parte das construções políticas, sociais e econômicas ao longo da história.
ATITUDES
Saber compreender a atuação dos movimentos sociais nos processos de disputa
de poder.
80 Educação a Distância
Escravidão, movimento abolicionista e pós-abolição
no Brasil
Educação a Distância 81
dos escravos eliminavam a possibilidade de eles pensarem em um mundo a partir
de significados e categorias próprias. Para os autores tentarem negar a condição de
coisa que lhes era imposta, restavam aos escravos atitudes de desespero e revolta.
82 Educação a Distância
A abolição da escravidão no Brasil não deve ser vista como resultado de
uma guerra ou revolta isoladamente, mas como resultado de um longo processo
que se iniciou concomitantemente ao da independência, onde estiveram presentes
escravos, senhores e governo imperial. A campanha pela abolição da escravidão no
Brasil ganhou força a partir da década de 1860. O processo de abolição foi lento
e gradual, conforme os interesses e influências da elite rural do país no comando
da vida política brasileira. A partir de 1880, o movimento passou a contar com a
participação de associações e jornais que facilitaram as propagandas das ideias
antiescravistas.
Educação a Distância 83
90 navios.
Outra lei promulgada na segunda metade do século XIX foi a Lei Rio Branco
(Lei do Ventre Livre) de 1871. Determinou-se que os filhos de mulheres escravas
nascidos no Brasil estavam livres a partir daquela data. As crianças poderiam
ficar com suas mães até completarem oito anos de idade. Após esse período, os
senhores poderiam escolher se queriam uma indenização do Estado ou o trabalho
destes libertos até completarem vinte e um anos de idade. Esta lei causou grandes
controvérsias entre escravistas e abolicionistas. Segundo Boris Fausto (2004), para
os grandes proprietários de escravos e fazendeiros:
84 Educação a Distância
Essa lei mostrou-se demasiadamente tímida para os anseios do movimento
abolicionista, pois obrigava o pagamento de uma indenização que, geralmente, não
era paga. Preferiam os senhores que os menores permanecessem trabalhando até
os 21 anos para pagar pelos anos que havia passado nas fazendas. A lei determinava
ainda: o registro de todos os escravos, a criação de um fundo de emancipação, o
reconhecimento do direito do escravo de comprar sua alforria, a eliminação do direito
dos senhores de revogar as alforrias e a proibição do abandono de escravos idosos.
Keila Grinberg (2002), em O fiador dos brasileiros, avaliou que a promulgação da
Lei do Ventre Livre:
Educação a Distância 85
eliminavam, gradativamente, a presença dos escravos negros em suas províncias.
86 Educação a Distância
Qual foi o destino desses escravos que agora estavam livres? De que forma
foram inseridos na sociedade no pós-abolição?
Educação a Distância 87
TABELA 2 – EXPORTAÇÕES DE CAFÉ NO BRASIL POR DÉCADAS
DÉCADAS TONELADAS
1821-1830 190.680
1831-1840 584.640
1841-1850 1.027.260
1851-1860 1.575.180
1861-1870 1.730.820
1871-1880 2.180.160
1881-1890 3.199.560
Fonte: Gorender (2001, p. 583).
Outra região que se tornou grande produtora de café foi a Oeste da província
de São Paulo com o objetivo de substituir a cana das antigas fazendas e propiciar a
gradativa ocupação das terras no interior paulista. No início, o transporte da produção
cafeeira era realizado por meio de mulas, guiadas por escravos e atravessava as
serras em direção aos portos do litoral. Com o crescimento da produção cafeeira e
a necessidade de escoamento dessa produção de forma mais rápida e sem grandes
perdas, foram construídas ferrovias no interior paulista.
88 Educação a Distância
Para além da construção das ferrovias, os produtores paulistas procuraram
modernizar sua produção com a implantação de máquinas ao processo de
beneficiamento do café. Essa mecanização possibilitou a diminuição da utilização
de mão de obra.
Educação a Distância 89
da terra estava condicionada ao processo de compra e venda.
Segundo Boris Fausto (2004), a Lei de Terras teve como objetivo criar formas
de controle sobre o acesso a terra por parte dos futuros imigrantes. Estabeleceu-se,
assim, “[...] que as terras públicas deveriam ser vendidas por um preço suficientemente
elevado para afastar posseiros e imigrantes pobres” (FAUSTO, 2004, p. 196). Ademais,
os imigrantes que tivessem suas vindas financiadas pelo governo deveriam cumprir
o prazo de três anos para serem liberados para adquirirem terras.
Os imigrantes no Brasil
90 Educação a Distância
em futuros ganhos e lucros a partir da venda do café. Após chegarem ao Brasil
e iniciarem os trabalhos, muitos acabaram se descontentando com as péssimas
condições de ganho encontradas.
Outra medida adotada, além das companhias citadas acima, foi a criação da
Sociedade Promotora da Imigração. Sociedade organizada e fundada por grandes
personalidades da economia e da política de São Paulo, os irmãos Martinho Prado
Junior e Antônio da Silva Prado.
Educação a Distância 91
6
TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA
CONHECIMENTOS
Entender a crise do Segundo Reinado e a emergência do movimento
republicano.
HABILIDADES
Identificar as relações de poder nas diversas instâncias da sociedade, como
as organizações do trabalho e as instituições da sociedade organizada – sociais,
políticas, étnicas e religiosas.
ATITUDES
Desenvolver comparações de diferentes pontos de vista expressos pelos
diversos grupos políticos e sociais.
92 Educação a Distância
Educação a Distância 93
A crise do regime monárquico
94 Educação a Distância
Exército já apresentavam descontentamentos para com o governo imperial. Dentre
as críticas estavam:
A ideia republicana no seio militar ganhou cada vez mais força com a influência
do pensamento positivista na Escola Militar da Praia Vermelha. Dentre as ideias
encampadas pelos oficiais do Exército estavam a construção de um executivo forte e
intervencionista, a separação do Estado e da Igreja e a formação técnica e científica.
Esses aspectos contribuiriam para a modernização do país e a neutralização dos
políticos tradicionais (FAUSTO, 2004).
Entretanto, como nos adverte José Murilo de Carvalho (1990), não podemos
explicar o movimento de derrubada da monarquia apenas a partir da questão militar.
Assim:
Educação a Distância 95
A relação entre Estado e Igreja no período imperial entrou em crise,
principalmente, devido à questão maçônica e à interferência do Estado em questões
da Igreja. Em um regime onde se previa a união entre o “trono e o altar”, expresso
na Constituição de 1824, a religião e a interferência do Estado era um potencial de
conflito.
O que foi a maçonaria? Quem dela podia participar? O que defendiam? Como
esta relação entre Estado e maçonaria desagradou a Igreja Católica?
Pesquise e compartilhe seus resultados com os demais colegas de curso no
fórum da disciplina de História do Brasil II no Ambiente Virtual.
96 Educação a Distância
O descontentamento da elite provincial de São Paulo também fez parte dos
fatores que impulsionaram a derrocada do governo de D. Pedro II. Com a economia
mais forte do país, São Paulo buscava maior representatividade política e participação
no governo imperial. Para os cafeicultores e a elite paulista, a implantação do
regime republicano deveria ser sem grandes transformações sociais, garantindo a
estabilidade dos privilégios e excluindo a grande massa populacional do movimento.
Educação a Distância 97
Os partidos e o movimento republicano
98 Educação a Distância
O povo bestializado
Educação a Distância 99
participação não era sentida nas questões políticas. Dentre as razões para isso, esteve
o peso das tradições escravistas e colonial. Ademais, segundo o autor, a imagem de
uma presente apatia política também era uma forma de resistência “[...] perante tal
Estado, a cidade reagia seja pela oposição, seja pela apatia, seja pela composição”
(CARVALHO, 1987, p. 155).
Por fim, cabe destacar que para o autor, “[...] bestializado era quem levasse
a política a sério, era o que se prestasse a manipulação [...] quem apenas assistia,
como fazia o povo o Rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua
revelia, estava longe de ser bestializado. Era bilontra” (CARVALHO, 1987, p. 160).
Caro estudante,
GUIA DE ESTUDO
7. Por que podemos dizer que a Constituição de 1824 mesclava artigos liberais
e conservadores ao mesmo tempo?
13. Quais eram os objetivos da elite política e econômica com a vinda dos
imigrantes para o Brasil?
14. De que forma o projeto de nação foi construído por D. Pedro II? Qual o
papel do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro nesse projeto?
CARVALHO, Jose Murilo de. A Construção da Ordem & Teatro de Sombras. 5ª ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
______. A formação das almas. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
______. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo:
Companhia das Letras, 1987.
DIEHL, Astor Antônio. A cultura historiográfica brasileira: IHGB aos anos de 1930.
ENGEL, Magali Gouveia. Cabanagem. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (Dir.). Dicionário
do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2004.
FREYRE, Gilerto. Casa-grande & Senzala. 50ª edição. Global Editora, 2005.
MAESTRI, Mário. Uma história do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 1997.
MATTOS, Hebe. Lei dos Sexagenários. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (Dir.). Dicionário
MELLO, Evaldo Cabral de (Org.). Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. São Paulo:
Ed. 34, 2001.
MOREL, Marco. O período das Regências (1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2003.
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das; MACHADO, Humberto Fernandes. (Orgs.). O
Império do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1999.
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999.
RÊGO, André Heráclio. Uma vez coronel, sempre coronel. Revista de História, Rio
de Janeiro: Sabin, ano 5, n. 60, set. 2010, p. 59-61.
ROMERO, Sílvio. Cantos Populares do Brasil – Tomo I. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio editora, 1954.
SILVA, Marcio Antônio Both da. Lei de Terras de 1850: lições sobre os efeitos e os
resultados de não se condenar “uma quinta parte da atual população agrícola”. In:
Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 35, nº 70, 2015, p. 87-107.
ALMEIDA, Andressa Faria de. A chegada da família real portuguesa ao Brasil. História
fácil. Disponível em: <https://www.historiafacil.com.br/artigos/historia-do-brasil/a-
chegada-da-familia-real-portuguesa-ao-brasil/>. Acesso em: 29 jul. 2016.
FERREIRA, Weder; OLIVEIRA, Suelle Maiara Péres. Entrevista com José Murilo de
Carvalho. Revista arshistorica, 4º volume. Disponível em: <http://www.ars.historia.
ufrj.br/index.php/anteriores/2-uncategorised/23-entrevista-cocendida-por-jose-
murilo-de-carvalho-aos-membros-do-comite-editorial-weder-ferreira-e-suellen-
mayara-de-oliveira>. Acesso em: 3 ago. 2016.
VILLALTA, Luiz Carlos; BECHO, André Pedroso. Sem coxinha de galinha. Revista de
História. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/
sem-coxinha-de-galinha>. Acesso em: 2 ago. 2016.