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MARÇO 2023 21ª EDIÇÃO

R E V I S T A
Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

Após aumento da gasolina,


governo quer reduzir desgaste
com a classe média

Cultura: Cinco vezes em Luiz Philippe de Orleans e


que o cinema debochou de Bragança: Forças empacadas,
ditadores fracas e desarmadas
Índice
Editorial: A esquerda pede mais ativismo judicial
03
contra a Lei das Estatais

Macalossi: Posições de Lula sobre guerra na


10
Ucrânia vão da indecência à megalomania

Luiz Philippe de Orleans e Bragança: Forças


17
empacadas, fracas e desarmadas

Após aumento da gasolina, governo Lula quer


30
conter desgaste com a classe média

As armas de Tarcísio para fortalecer São Paulo na


42
“guerra fiscal”

Medidas para regulamentar redes sociais


49
avançam em Brasília

Cinco vezes em que o cinema debochou de


64
ditadores

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Sede da Petrobras no Rio de Janeiro.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

| Editorial

A esquerda pede mais ativismo


judicial contra a Lei das Estatais
Quando a esquerda é incapaz de fazer prevalecer
suas plataformas no Congresso Nacional, o que
ela faz? Corre para o Supremo Tribunal Federal,
obviamente, para conseguir no tapetão o que
não consegue por lhe faltarem bancada própria
ou aliados. O exemplo mais recente é o da Lei
das Estatais, que o petismo quer desfigurar
Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023
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para, agora que está no poder, voltar a fazer as


indicações políticas de sempre. O plano ia muito
bem, com a aprovação-relâmpago da alteração
na Câmara dos Deputados, digna de um
“tratoraço”. Mas a repercussão negativa foi
tamanha que o Senado, de forma bastante
razoável, resolveu colocar um freio na
tramitação ainda no fim do ano passado.

Foi quando entrou em cena o Partido Comunista


do Brasil (PCdoB), que em 29 de dezembro do
ano passado ajuizou a Ação Direta de Inconsti-
tucionalidade (ADI) 7.331, contra os exatos
trechos da Lei das Estatais que o governo quer
derrubar. Em outras palavras, o PCdoB, agindo
como “laranja” de Lula, está pedindo que o
Supremo termine o trabalho que o Congresso
achou por bem conduzir com mais calma. O
partido alega que as vedações legais contrariam

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os direitos constitucionais à isonomia, à liber-


dade de expressão e à autonomia partidária.

Lula criticou a judicialização da


política em janeiro, mas,
comprovando que sua palavra não
vale nada, a AGU endossou ação do
PCdoB no Supremo para derrubar
partes da Lei das Estatais

A pretensão é descabida em todos os sentidos,


dos argumentos apresentados ao instrumento
escolhido para conseguir a mudança. A regra do
artigo 17, parágrafo 2.º, II da lei proíbe a indica-
ção, para a diretoria ou Conselho de Adminis-
tração de estatais, “de pessoa que atuou, nos
últimos 36 meses, como participante de estru-
tura decisória de partido político ou em trabalho
vinculado a organização, estruturação e
realização de campanha eleitoral”. O inciso III

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ainda menciona “pessoa que exerça cargo em


organização sindical”. O objetivo é muito claro e
bastante razoável: preservar as estatais da
ingerência política em sua administração. Elas
pertencem ao Estado, não ao partido governan-
te; têm de ser conduzidas com critérios técni-
cos. Não existe, aqui, nenhuma “criminalização
da política” – por mais que os políticos tenham
usado e abusado das estatais para cometer
crimes, como bem demonstrou a Lava Jato,
apenas acrescentando mais razões para que
houvesse uma lei moralizando as nomeações –,
e sim uma preocupação com a governança.

Se o argumento para contestar as vedações


legais é fraco, o mesmo se pode dizer do recurso
ao Judiciário para derrubá-las. É atribuição do
Poder Legislativo definir quem pode ser
nomeado para cargos em estatais, como
também em muitos outros casos. A Constituição

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estabelece critérios (por exemplo, de idade)


para ocupar cargos eletivos; a Lei da Ficha
Limpa determina quem pode se candidatar a
esses cargos. Os representantes do povo no
Congresso Nacional debateram cada uma dessas
situações e estabeleceram essas regras por um
processo político totalmente legítimo. A Lei da
Ficha Limpa, é verdade, tem muitos inimigos no
próprio parlamento, e o Supremo já atuou para
desfigurá-la, em mais um de tantos episódios
de ativismo judicial e judicialização da política
que não deveria se repetir no caso da Lei das
Estatais – mas vai, se depender do petismo.

Mas Lula não tinha criticado a judicialização da


política um mês atrás? “Eu tenho pedido aos
meus colegas líderes do partido que é preciso
parar de judicializar a política. Nós temos culpa
de tanta judicialização. A gente perde uma coisa
no Congresso Nacional e, ao invés de a gente

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aceitar a regra do jogo democrático de que a


maioria vence e a minoria cumpre aquilo que foi
aprovado, a gente recorre a uma outra instância
para ver se a gente consegue ganhar”, afirmou o
presidente a líderes partidários em 27 de
janeiro. No entanto, em (mais) uma confirma-
ção de que acreditar na conversa do petista é
passar atestado de ingenuidade, no último dia
15 a Advocacia-Geral da União (AGU) mostrou
que, na prática, ao PT só interessa a vitória a
qualquer custo. Chamada a se pronunciar, a
AGU não apenas endossou o procedimento do
PCdoB como ainda se manifestou pela derruba-
da dos trechos questionados na Lei das Estatais.

O desfecho natural da ADI 7.331 seria o


indeferimento por inépcia; trata-se de matéria
reservada ao Legislativo, e com o Legislativo
deve permanecer. Mas infelizmente vivemos
tempos de relação disfuncional entre poderes,

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em que o ativismo judicial é recorrente e já foi


praticado em ocasiões anteriores pelo ministro
a quem coube a relatoria da ação, Ricardo
Lewandowski. Dois anos e meio atrás, quando
tomava posse como presidente do Supremo,
Luiz Fux disse que o Judiciário deveria dar “um
basta na judicialização vulgar e epidêmica de
temas e conflitos em que a decisão política deva
reinar”, recusar a “transferência voluntária e
prematura de conflitos de natureza política para
o Poder Judiciário” e adotar a “virtude passiva,
devolvendo à arena política e administrativa os
temas que não lhe competem à luz da
Constituição”. Desde então, o conselho nem
sempre foi seguido, mas a correção de rumos
continua sendo necessária.

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Guilherme Macalossi

O presidente Lula.| Foto: EFE/ André Coelho

Posições de Lula sobre guerra


na Ucrânia vão da indecência à
megalomania
Lula não leu o filósofo Alexander Dugin,
proeminente ideólogo do que se convencionou
chamar de “eurasianismo”. Provavelmente
nem saiba de quem se trata. Esse desconheci-

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mento elementar o faz ignorar o básico sobre a


natureza do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Estamos diante de algo mais amplo do que
apenas as fronteiras das duas nações. O
presidente brasileiro, certa feita, em uma de
suas farras verbais, chegou a dizer que
resolveria tudo na base da cervejada. Na sua
cabeça, só a diplomacia etílica para barrar o
expansionismo russo. A fala do petista é típica
do lugar comum que tem a pretensão de conter
uma verdade universal, mas que não passa de
raciocínio pedestre a minimizar de forma
indecente o que é grave e complexo.

O que o mundo testemunha, desde o ano


passado, é uma guerra de agressão. Vladimir
Putin e seus generais ambicionaram o conflito
porque entendem que a Ucrânia não é um
Estado legítimo e sim uma invenção dos
bolcheviques soviéticos. “Kiev só tem um país

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para governar graças a Lênin”, disse o ditador


russo em uma transmissão de TV em fevereiro
de 2022. É fácil deduzir que, na visão do
Kremlin, não apenas as regiões de Donetsk e
Luhansk seriam russas, mas a Ucrânia como um
todo. E é por isso que a invasão não se limitou
apenas a essas regiões.

Na sua conversa de boteco, Lula


ignora que na guerra na Ucrânia
temos a materialização de um
conflito de civilizações.

O objetivo russo era desconstituir o governo


legítimo de Volodymyr Zelensky por meio de
uma blitzkrieg, tomando o país rapidamente e
impondo um regime subserviente a Moscou.
Como os nazistas fizeram na França com a
República de Vichy. Putin, entretanto, não
contava com a capacidade de seus inimigos em

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resistir, muito menos com a determinação das


potências ocidentais em fornecer material
bélico e apoio logístico à Ucrânia. A guerra só
prossegue porque Putin não consegue vencer e
também não pode ceder, sob pena de se
enfraquecer politicamente dentro da Rússia.

Ainda no início de 2022, Lula concedeu uma


entrevista para a revista Time. Ao ser questio-
nado sobre o conflito no leste europeu saiu a
estabelecer falsas equivalências entre a conduta
dos agressores e dos agredidos. Chegou a acusar
Zelensky de desejar a guerra, uma vez que este
discutia a entrada de seu país na Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Vai ver, para o presidente brasileiro,


o povo ucraniano não tem direito à
autoderminação.

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Importa lembrar que a busca ucraniana pela


entrada na OTAN e na União Europeia não é o
desejo de provocar os russos, e sim receio de
novas violações territoriais, como as ocorridas
no passado e no presente. É perigoso fazer
fronteira com um vizinho agressivo,
expansionista e com histórico de invasões.

A guerra iniciada em 2022 é apenas o mais


recente e grave episódio de uma série de
campanhas militares. Em 2008 a Rússia fez a
anexação da Geórgia, e em 2014 da Criméia. A
ação de agora tem função central na estratégia
de longo prazo de criar um bloco antiocidental,
como teoriza Duguin em seus escritos. Putin
não quer a volta da União Soviética e do seu
modelo de governo comunista, mas sim da
“Mãe Rússia” nos limites territoriais do antigo
império czarista e na sua concepção moral.

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Um estandarte ortodoxo e
tradicionalista em oposição aos
valores da democracia liberal.

Na sua conversa de boteco, Lula ignora que


temos a materialização de um conflito de
civilizações, para ficar com a citação ao clássico
livro de Samuel P. Huntington.

Nos últimos dias, o presidente brasileiro parece


ter aumentado o interesse em participar da
mediação do conflito. Tem falado muito sobre a
criação de um grupo de países não alinhados
que eventualmente pudesse dialogar com os
dois lados. A sinalização russa foi positiva.
Volodimir Zelensky, por sua vez, já falou que
gostaria de encontrar com Lula na Ucrânia, de
maneira a fazê-lo compreender melhor a
situação. Veremos. Dado o histórico do
presidente brasileiro, ele parece já ter formado
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juízo (ligeiro) sobre a questão. Parece mais


motivado a se meter no problema para
alimentar seu vício megaloníaco. Ensinaria os
poderosos do mundo a como alcançar a paz e,
no processo, até poderia ganhar um Nobel.
Tirem a cerveja da sala.

Autor: Guilherme Macalossi é jornalista, apresentador, redator e radialista.


Formado em Direito, é apresentador do programa "Bastidores do Poder" e
comentarista do "Jornal Gente", na Rádio Bandeirantes, e colunista do jornal
"Band Cidade", na TV Bandeirantes. Na Gazeta do Povo já foi produtor do
programa Imprensa Livre e de mini- documentários especiais.

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Luiz Philippe de Orleans


e Bragança

As Forças Armadas estão numa tripla encruzilhada.| Foto: Fernando


Frazão/Agência Brasil

Forças Empacadas, fracas e


desarmadas
O Exército e as Forças Armadas como um todo
podem estar intactos, mas o processo de
deterioração de sua imagem e reputação é
irreversível. Expostos pelas manifestações que

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ocuparam por 60 dias a frente dos quartéis em


todo país, ficou a percepção na opinião pública
de que os generais lavaram as mãos da política e
que não iriam responder a uma demanda
constitucional de garantia à lei e à ordem, caso
ela ocorresse.

Com essa ação, ou melhor, inação, os generais


colocaram as Forças Armadas em uma sinuca
tripla: caíram em desgraça com a direita que
sempre as defendeu; ficaram à mercê da
esquerda que sempre as odiou e tornaram
evidente a necessidade interna de se
redescobrirem. Por quê?

Primeiro, porque os políticos que


tradicionalmente defendem as Forças Armadas
pensarão duas vezes antes de saírem em sua
defesa. Elas perderam o apoio e a confiança da
população que há décadas as valorizavam acima

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de todas as outras instituições. Caíram do


pedestal mitológico em que se encontravam e
estão na vala comum das instituições falhas,
distantes da população. Agora dependerão da
boa vontade de um governo de esquerda, que
sempre pregou acabar com suas atribuições
históricas e transformá-las em forças de
controle político, agindo contra a população:
modelo venezuelano.

Segundo, porque elas não têm orçamentos


garantidos na Constituição, ao contrário da
previdência, saúde, educação etc. A cada ano,
têm de “combater” por mais recursos. É um
erro constitucional, pois coloca recursos
estratégicos no embate político contra recursos
sociais, e o primeiro sempre sai perdendo. Além
disso, há sempre o incentivo interno para não
gastarem com material bélico para garantirem
salários, benefícios e número de pessoal. Essa

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conscientização se tornou óbvia na reforma da


previdência em 2019, quando as FFAA
resistiram a serem incluídas na reforma sem
antes receber reajustes salariais.

As Forças Armadas caíram em


desgraça com a direita que sempre
as defendeu e ficaram à mercê da
esquerda que sempre as odiou.

Terceiro, porque ao se posicionarem como


forças de auxílio criaram a percepção de que são
redundantes. Em suas comunicações nas
últimas décadas, não apontaram os reais
inimigos externos do Brasil. Quase nunca
mencionaram o risco do narcotráfico, do
contrabando de armas, de minérios, de
produtos e de pessoas que existem ao longo de
toda a nossa fronteira. Também não tecem
comentários públicos quanto ao Foro de São

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Paulo, os avanços políticos da China na nossa


região. Também não mencionam os limites que
os EUA silenciosamente impõem em todas as
nossas defesas. Por isso sequer tocam no fato de
que estamos completamente desamparados
para um conflito convencional e mais
desamparados ainda para um conflito moderno,
que envolva ataques cibernéticos, aeroespaciais
ou nucleares.

A opinião pública e os políticos


cresceram com a falsa impressão de
que não temos inimigos, que tudo
está bem na América do Sul e não
precisamos de uma força de defesa
efetiva.

Talvez por medo de polemizar, preferem se


promover de forma politicamente correta como
“braço forte e mão amiga” de apoio aos demais

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serviços sociais do Estado; ou seja, mudaram


sua missão e podem ser absorvidos pelos outros
serviços públicos de bem-estar social a
qualquer momento. Dessa forma, a opinião
pública e os políticos cresceram com a falsa
impressão de que não temos inimigos, que tudo
está bem na América do Sul e não precisamos de
uma força de defesa efetiva. Recentemente,
alguns membros das FFAA perceberam o erro
dessa construção e passaram a se posicionar
mais sobre nossos riscos reais, mas são poucos
e de pouca influência para dar uma guinada nos
rumos da FFAA.

Quarto, porque cada vez mais pessoas se


chocam em saber que a força que defende a
fronteira terrestre é a polícia federal, com
efetivo dez vezes menor, e não o Exército. Isso
mesmo. O exército não pode agir em flagrante
delito de violação de nossa fronteira terrestre.

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Só a PF pode. Protocolamos um projeto que


daria força policial temporária aos militares em
situações de fronteira. A resistência contra esse
projeto veio dos partidos de esquerda e –
pasmem – do próprio Exército.

A entrada crescente e maciça de armamentos,


drogas e contrabando pelas nossas fronteiras
terrestres, o crescimento do crime organizado
inter-regional, bem como suas ligações com
partidos e mídia na guerra híbrida interna do
Brasil, nunca foram alardeados publicamente
pelas FFAA como sendo os riscos reais à nossa
soberania, ao nosso sistema político e às nossas
famílias, apesar de que internamente os
militares estavam bem cientes dos possíveis
desdobramentos. Erro.

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Cada vez mais pessoas se chocam ao


saber que a força que defende a
fronteira terrestre é a polícia
federal, com efetivo dez vezes
menor, e não o exército. Isso
mesmo. O exército não pode agir em
flagrante delito de violação de
nossa fronteira terrestre. Só a PF
pode.

Quinto, porque frustraram centenas de


milhares de cidadãos que queriam ter seu
certificado de colecionador, atirador desportivo
e caçador (CAC). O Exército valoriza sua própria
eficácia e eficiência na condução de obras
públicas, mas como explica ter sido tão lento
para a revisão de documentos e emissão de
CACs, uma função meramente burocrática?
Move montanhas, literalmente, mas não move
papéis? Cidadãos passaram meses esperando

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por uma autorização para comprar suas armas e


a desculpa sempre foi que “não tinha efetivo
suficiente”. Imaginar quantas propriedades,
famílias e cidadãos ficaram indefesos e quantos
crimes graves poderiam ter sido evitados é
revoltante.

A verdade é que muitos na cúpula do Exército


são contra o direito de defesa individual com
armas de fogo. Talvez por temerem que a
população com algumas pistolinhas em punho
poderá se tornar uma força revolucionária mais
eficaz que o próprio Exército – com a atual
cultura desarmamentista de alguns de seus
líderes, isso não é de se duvidar. Muitos
generais são contra o fato de que seus próprios
oficiais portem armas fora do quartel. Por isso
muitos acreditam que o exército fez corpo mole
proposital contra os CACs.

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As décadas que sucederam o regime


militar foram de grande perda de
poder político para as Forças
Armadas, e parece que esse período
também criou uma geração de
líderes militares traumatizados.

Sexto, porque não existe não ter ideologia nas


Forças Armadas. Pois a ideologia que criou os
exércitos modernos, permanentes e
profissionais é a mesma que criou os pilares do
Estado moderno, das constituições e dos
direitos fundamentais. No entanto, a ideologia
marxista e suas variantes do século XX criaram
outras ideias para destruir justamente esses
pilares. Todas as vertentes marxistas são armas
contra as nações, suas constituições, seus
cidadãos e suas forças de defesa, seja pela
subversão interna da luta de classes, seja pela
subversão externa das pautas globais.

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Infelizmente muitos membros das Forças


Armadas foram influenciados por essas
vertentes marxistas e não percebem as
incoerências.

Sétimo, fato é que, com a Guerra da Ucrânia e a


evolução do combate no campo de batalha, ficou
mais evidente o descompasso tecnológico que
temos, e como as nossas FFAA gastam mal os
recursos que recebem. Sua despesa com pessoal
é dez vezes superior ao gasto com novos
equipamentos militares. Em 2022 tivemos
sucesso em protocolar a PEC 17/2022, que
bloqueava uma parcela do orçamento para
projetos de capacitação tecnológica das FFAA.
Ou seja, os deputados de diversos partidos
atestaram que precisamos de orçamento para
modernizar aos desafios do século XXI. Mas até
agora as FFAA não demonstraram muito
interesse nesse projeto. Isso só fez crescer a

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percepção de que não querem ser uma força


efetiva com capacidade de emprego de novas
tecnologias. Sem elas as FFAA são uma máquina
inchada ineficaz que drena recursos públicos
para benefícios da classe militar em vez de
representar uma forca efetiva de Defesa
Nacional.

As décadas que sucederam o regime militar


foram de grande perda de poder político para as
Forças Armadas, e parece que esse período
também criou uma geração de líderes militares
traumatizados. O resultado é que o mito do
Exército de Caxias, com generais predispostos à
defesa do país contra qualquer inimigo, não
existe mais. Em seu lugar criou-se um corpo
auxiliar de servidor público, sem medo de
perder prestígio, mas temeroso de perder
carreira, salário e benefícios.

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Como não-militar, fui o deputado que mais


destinou emendas parlamentares para as FFAA
na história da sexta república. Não foram
encaminhamentos por romantismo, mas sim
fruto de análise do cenário internacional. As
instituições de defesa neste século têm de ser
efetivas, assim como foram na nossa fundação,
para que nosso país tenha chance de sobreviver
soberano e seguro. Só precisamos de líderes das
FFAA que pensem o mesmo.

Autor: Luiz Philippe de Orleans e Bragança é deputado federal por São Paulo,
descendente da família imperial brasileira, trineto da princesa Isabel, tetraneto
de d. Pedro II e pentaneto de d. Pedro I, sendo o único da linhagem a ocupar um
cargo político eletivo desde a Proclamação da República, em 1889. Graduado em
Administração de Empresas, mestre em Ciências Políticas pela Stanford
University (EUA), com MBA pelo Instituto Européen d'Administration des Affaires
(INSEAD), França.

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Após aumento da gasolina,


governo Lula quer conter
desgaste com a classe média
Por Wesley Oliveira

Integrantes da cúpula do PT avaliam que o


partido está desgastado junto à classe média e
defendem que o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) faça acenos para esta fatia do
eleitorado ainda no primeiro semestre deste
ano, já pensando nos reflexos que isso pode ter

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sobre a avaliação do governo no primeiro ano da


nova administração.

Contudo, o histórico das gestões petistas e


declarações feitas por Lula jogam contra essa
estratégia e somam-se a medidas adotadas
recentemente que tendem a gerar insatisfação
do segmento, como a volta da cobrança de
tributos federais na gasolina e no etanol.

Para tentar amenizar essa insatisfação, o


Planalto já trabalha em um pacote de medidas
voltadas à classe média, que Lula pretende
apresentar nas próximas semanas. Além da
ampliação das faixas de isenção do imposto de
renda, o presidente quer criar uma linha
específica de financiamento do Minha Casa,
Minha Vida, um programa para os endividados e
a ampliação do Programa Nacional de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Pronampe).

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Pelo critério monetário, a classe média é a


classe C, que está na média da renda da popula-
ção brasileira. Em geral, é uma parcela que
depende quase exclusivamente da renda do
trabalho, seja ele formal ou informal.

De acordo com a Tendências Consultoria, por


exemplo, a classe média tem renda mensal
domiciliar entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil. Nas
contas do Centro de Políticas Sociais da
Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV), a classe C
tem renda no domicílio entre R$ 2.284 e R$
9.847 por mês. Nos cálculos do governo, o
pacote deve beneficiar aqueles que ganham
salários de até R$ 10 mil por mês.

Lula muda discurso e diz que classe média está


"órfã" do governo

O primeiro aceno de Lula nesse movimento


ocorreu ainda em 16 de fevereiro, quando ele

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disse que as famílias de classe média acabam


não sendo contempladas pelas políticas
públicas e, por isso, estão "órfãs" do governo.

"Também vamos tratar de atender à classe


média. É preciso que a gente atenda à classe
média porque, no fundo, é a classe média que
não é contemplada em quase nada das políticas
públicas do governo. Temos que cuidar das
pessoas da classe média, porque são elas que
sustentam a economia desse país", disse.

Mas as declarações recentes marcam uma


mudança no posicionamento do petista. No ano
passado, Lula chegou a afirmar que a classe
média "ostentava um padrão acima do
necessário".

"Nós temos uma classe média que ostenta um


padrão de vida que nenhum lugar do mundo a
classe média ostenta. Nós temos uma classe

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média que ostenta um padrão de vida que não


tem na Europa, que não tem em muitos lugares.
Aqui na América Latina, a chamada classe
média ostenta muito um padrão de vida acima
do necessário", afirmou Lula durante a
pré-campanha.

Reservadamente, membros do PT apontam as


manifestações que contribuíram para que o
Congresso aprovar o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a ligação
de parte do segmento com o governo do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como
indicativos para esse distanciamento da classe
média com relação à legenda.

Fim da desoneração da gasolina e do etanol

Em sentido contrário às medidas para tentar


aproximar o governo da classe média, o fim da
desoneração dos combustíveis, anunciado em

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28 de fevereiro, vai pressionar a administração


federal, terá um custo político para Lula e
também pode elevar a inflação.

O presidente decidiu que não irá prorroga mais


uma vez a desoneração da gasolina e do etanol,
e a cobrança do Pis, Cofins e Cide Combustíveis
desses itens já foi retomada nesta quarta (1º). A
decisão dividiu o PT.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,


sempre defendeu a volta dos tributos para
elevação da arrecadação. No pacote de ajuste
fiscal anunciado em janeiro, ele incluiu o fim da
desoneração a partir de março como medida
responsável por garantir R$ 28,88 bilhões em
receita até o fim do ano.

Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, decla-


rou não ser contra a taxação de combustíveis,
mas disse que acabar com a isenção neste

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momento seria “penalizar o consumidor, gerar


mais inflação e descumprir compromisso de
campanha”. Após a decisão de Lula, porém, ela
voltou seus ataques à política de preços e de
distribuição de dividendos da Petrobras.

Ampliação da isenção do imposto de renda não


vai afetar classe média alta

Recentemente, o governo ampliou a isenção do


imposto de renda para os trabalhadores que
ganham até dois salários mínimos. A
atualização deve atingir cerca de 13,7 milhões de
pessoas que ganham até R$ 2.640. O valor da
isenção, no entanto, ficou abaixo da promessa
de campanha de Lula, que era de isentar do
tributo quem ganha até R$ 5 mil.

Além disso, a medida não se trata de uma


atualização completa da tabela progressiva de
imposto de renda – aquela que determina as

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alíquotas de IR incidentes sobre rendimentos


como salários, aluguéis recebidos, pensões e
aposentadorias. A medida anunciada por Lula
provocou apenas uma elevação da faixa de
isenção de imposto de renda, que vai subir dos
atuais R$ 1.903,98 para R$ 2.112.

Com isso, o piso da primeira faixa de tributação,


sujeita à alíquota de 7,5%, também aumentará,
para R$ 2.112,01. O governo pretende ainda que
todos os contribuintes tenham direito a uma
dedução mensal simplificada de R$ 528, que na
prática tornará isentos de IR todos os contri-
buintes que ganham até R$ 2.640 por mês. Os
demais valores permanecem os mesmos.

Integrantes do governo já admitem que uma


atualização completa do IR só será possível após
a aprovação de reformas como a tributária e
nova âncora fiscal, que vai substituir o teto de

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


38

gastos. Em janeiro, o ministro do Trabalho, Luiz


Marinho, disse que o governo vai observar a
responsabilidade fiscal para implementar a
promessa de elevar a faixa de isenção para R$ 5
mil, e indicou que será um processo gradual.

Líderes governistas admitem que a mudança


anunciada sobre o imposto de renda ainda não é
o ideal para atrair boa parte da classe média
alta. Contudo, acreditam que é um aceno das
intenções do governo com o segmento para os
próximos anos.

"É preciso que a gente atenda a classe média,


porque no fundo, no fundo, é a classe média que
não é contemplada em quase nada das políticas
públicas do Estado. Porque como ela ganha R$ 8
mil, R$ 9, R$ 10 mil reais, ou seja, não tem casa
popular para eles, não querem morar numa casa

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


39

de 40 metros quadrados", declarou Lula no


Palácio do Planalto.

Minha Casa Minha Vida vai permitir


financiamento de imóveis usados

Paralelamente, o governo criou a possibilidade


de financiamento de imóveis usados na nova
versão do Minha Casa Minha Vida. Nos governos
anteriores, os programas habitacionais eram
restritos à construção de novas unidades.

Técnicos do governo acreditam que a medida


vai atingir integrantes da classe média que
antes não se interessavam pelos conjuntos
habitacionais do governo. As regras serão
definidas pelo Ministério das Cidades e a
expectativa é de que elas permitam a compra de
imóveis usados para famílias de renda média,
entre R$ 2.640 e R$ 8 mil.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


40

Para atrair esse público, os financiamentos de


imóveis por meio do Minha Casa Minha Vida
serão subsidiados com recursos do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com isso,
as taxas de juros serão menores que as
praticadas no mercado.

O subsídio do FGTS para esse segmento vai


variar de acordo com a renda, a composição
familiar e a localidade do imóvel, podendo
chegar a R$ 47,5 mil no Rio, São Paulo e em
Brasília. A taxa de juros do programa para quem
tem capacidade de tomar financiamento varia
entre 4,25% e 8,66% ao ano. O prazo de
pagamento será de até 35 anos.

Programa de renegociação de dívidas também


faz parte do esforço

O governo também vai aproveitar para lançar


oficialmente o programa de renegociação de

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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dívidas "Desenrola". Os detalhes estão sendo


desenhados pelo Ministério da Fazenda e a
expectativa do governo é renegociar as dívidas
dos mais pobres e de integrantes da classe
média. O pacote de Lula inclui também o reforço
do Pronampe para oferecer crédito aos micros e
pequenos empresários.

"Estamos colocando um programa que vai


cuidar dos endividados, o Desenrola Brasil, que
vai cuidar de quem está na situação de endivi-
damento, e o programa de apoio às micro e
pequena empresa [Pronampe], em fase inicial,
com créditos e taxas adequados e com isso
estimular o empreendedorismo", explicou o
ministro do Desenvolvimento Social,
Wellington Dias.

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Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Governador Tarcísio de Freitas firmou um Termo de Cooperação com o Movimento


Brasil Competitivo para aumentar a eficiência no estado| Foto: Divulgação/Governo do
Estado de São Paulo

As armas de Tarcísio para


fortalecer São Paulo na “guerra
fiscal”
Por Luisa Purchio

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas,


anunciou nesta semana uma série de iniciativas
com o objetivo de tornar as empresas competitivas
e eficientes e buscar espaço na chamada "guerra
fiscal" entre os estados. Na terça-feira (28) um dia
Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023
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após anunciar diminuição de impostos para a


indústria, ele publicou uma parceria com o
Movimento Brasil Competitivo (MBC), organização
da sociedade civil que, entre outras iniciativas,
implementa ações para melhorar a governança e a
gestão da administração pública.

O objetivo é replicar no estado de São Paulo o


projeto de redução do Custo Brasil feito em parceria
com o Ministério da Economia para contornar
gargalos como o sistema tributário complexo e a
insegurança jurídica enfrentados pelas empresas.

“Serão criados projetos para a redução do Custo


São Paulo, ampliando a competitividade e
melhorando o ambiente de negócios, além de maior
segurança jurídica, desburocratização de
processos, entre outros”, disse Jorge Lima,
secretário de Desenvolvimento Econômico do
estado.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Para Tarcísio, esse projeto será fundamental para


identificar "onde o calo está apertando" e
impedindo o crescimento de empresas
competitivas.

"Temos de ser mais agressivos no


campo tributário para atrair mais
negócios para São Paulo”, disse ele.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

Reindustrialização

Tanto a parceria com o MBC como os incentivos


tributários fazem parte de um projeto mais amplo
de reindustrialização do estado de São Paulo. Um
estudo de 2022 do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (IEDI), com base em
dados da Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial, mostra que há mais de
10 anos o Valor Agregado da Indústria de

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Transformação (MVA, na sigla em inglês) brasileiro


cresce mais lentamente que o mundo.

Enquanto o MVA mundial cresceu respectivamente


2,3% e 3,6% nos períodos de 2016 a 2020 e de 2011
a 2015, no Brasil eles diminuíram 1,5% e 2,1%. Já
em 2021, o MVA mundial cresceu 7,2% e o
brasileiro 4,8%, atingindo um patamar menor que
no ano de 2000.

Faz parte dos planos do governo de São Paulo


também firmar uma parceria com a Federação das
Indústrias de São Paulo (Fiesp), com ações nas
áreas de crédito, infraestrutura, energia e
qualificação profissional, além de medidas
tributárias. Entre os objetivos está se adiantar à
reforma tributária diante das incertezas de sua
aprovação em Brasília e assim tornar as empresas
competitivas.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Incentivos fiscais

Na segunda-feira (27) Tarcísio já havia anunciado


incentivos tributários que, por meio de 11 decretos,
reduzem o ICMS para diferentes setores produtivos
até o final de 2024. De acordo com o governador, o
objetivo é "promover a reindustrialização do
estado e a competitividade da indústria paulista".

"Mesmo que em um primeiro momento leve a uma


redução de arrecadação, nossa expectativa é que a
renúncia alavanque os investimentos no estado
com geração de emprego e renda", disse ele.

Lista de benefícios para tornar empresas


competitivas em São Paulo

Entre renovações e concessões inéditas, os decretos


concederam isenção de pagamento de ICMS,
redução de base de cálculo, crédito outorgado ou
diferimento a diferentes setores, além de reverter

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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benefícios que foram reduzidos por conta da


pandemia. Eles são:

● Bebidas à base de leite – redução de ICMS nas


saídas internas de estabelecimento fabricante
ou atacadista
● Leite de aveia – redução de ICMS ao
equivalente a carga tributária de 7% nas vendas
de bebida vegetal à base de aveia não alcoólica,
não fermentada e pronta para consumo
● Energia elétrica – isenção de ICMS para
geração distribuída e centrais geradoras com
potência instalada de até 5 megawatts
● Informática – Regime Especial de tributação do
ICMS para contribuintes da indústria de
Informática
● Data Center – suspensão, diferimento e isenção
do ICMS nas aquisições de equipamentos
● Embalagens metálicas – diferimento da
cobrança do imposto para o momento da

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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alienação ou saída, de máquinas e


equipamentos para fabricantes de embalagens
metálicas
● Pá carregadeira de rodas, escavadeira
hidráulica e retroescavadeira – crédito do
imposto para a carga tributária resultar em 5%
● Máquina semiautomática sem centrífuga
(tanquinho) – crédito de maneira que a carga
tributária das saídas do fabricante resultem em
3% nas operações internas e 1,5% nas
interestaduais
● Fibrose Cística – isenção de ICMS para
operações com o medicamento Trikafta
(princípios ativos Elexacaftor, Tezacaftor e
Ivacaftor), destinado ao tratamento da doença

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Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Membros dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo avançam na tentativa de criar


mecanismos de censura nas redes sociais| Foto: Reprodução

Medidas para regulamentar redes


sociais avançam em Brasília;
especialistas temem censura
Por Ana Carolina Curvello

O controle estatal sobre o que pode ou não ser dito


nas redes sociais deve se intensificar durante o
governo Lula (PT), como prometido pelo petista
durante a campanha eleitoral. Além das políticas
das próprias plataformas, que impõem certas
restrições para alguns tipos de conteúdo, atores

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo


avançam na tentativa de criar mecanismos para
monitorar, proibir e até criminalizar determinados
conteúdos. Fontes ouvidas pela reportagem
apontam que as diferentes propostas em
andamento, se concretizadas, podem ser usadas
politicamente para silenciar vozes contrárias ao
governo e suas diretrizes ideológicas e gerar
prejuízos diversos à liberdade de expressão.

As discussões sobre regulamentação das redes


sociais tomaram proporção maior após os
protestos violentos do dia 8 de janeiro sob a
alegação de que teriam sido mobilizados
exclusivamente pelas plataformas digitais. Mas a
cúpula petista já estudava emplacar, logo no início
do governo, uma regulamentação por Medida
Provisória, isto é, sem a necessidade de aprovação
de lei no Congresso.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Como há resistência no Legislativo e no próprio


governo quanto à ideia, parlamentares governistas
se articulam para avançar rapidamente com o
projeto de lei (PL) 2.630/20, popularmente
chamado de “PL das fake news”, que cria regras
para a moderação de conteúdo nas plataformas. A
proposta, cuja relatoria está com o deputado
federal Orlando Silva (PCdoB-SP), já foi aprovada
pelo Senado e aguarda análise na Câmara dos
Deputados.

A Gazeta do Povo já publicou uma série de artigos e


editoriais mostrando que os riscos por trás dessa
proposta superam os benefícios. "Medidas
interessantes como a caça aos robôs e perfis falsos
foram misturadas a uma série de previsões de
caráter aberto e que dão margem a perseguição e
censura com base política e ideológica", explica um
dos artigos.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Apesar dos riscos de censura, apontados também


por especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo nesta
reportagem, a aprovação do projeto é defendida por
integrantes do governo Lula sob o argumento de
coibir a disseminação de conteúdos que
representem ameaças às instituições democráticas.

Um mês após os episódios de vandalismo aos


prédios dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, o
ministro das Relações Institucionais, Alexandre
Padilha, defendeu o PL da Fake News em uma
reunião do Conselho Político de Coalizão. "A
orientação do governo é aproveitar ao máximo a
iniciativa que já tem do Congresso, aprovado no
Senado e que está na Câmara, sob liderança e a
relatoria do deputado Orlando Silva, com quem já
tive uma conversa”, disse Padilha.

Para avançar com essa matéria, o governo tem


promovido reuniões com o autor do projeto de lei,

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), e represen-


tantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
da Casa Civil, da Advocacia-Geral da União (AGU) e
da Secretaria de Comunicação Social (Secom) para
aprimorar a proposta.

Em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes,


do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), encabeça uma
comissão na Justiça Eleitoral para criar novas
regras para a moderação de conteúdo na internet.
No último dia 16, durante o II Encontro Nacional de
Comunicação da Justiça Eleitoral, Moraes deu o
tom da sua intenção de regular as redes sociais no
Brasil ao dizer que as plataformas devem tratar
desinformação, discursos de ódio e ataques à
democracia com o mesmo rigor com que tratam
crimes como pedofilia e racismo.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Em encontro com Lula, em outubro do ano


passado, o ministro já havia sinalizado a intenção
de criar uma comissão do TSE para enviar
propostas ao Congresso com “mecanismos de
regulamentação das redes sociais". Recentemente,
em evento do grupo empresarial Lide, em Lisboa,
Moraes afirmou que a comissão do órgão eleitoral
vai enviar propostas de regulamentação das redes
sociais ao Congresso.

As sugestões de propostas devem ser inspiradas


nas medidas que o ministro adotou na Corte
Eleitoral durante as eleições de 2022 – que são alvo
de críticas diversas – para, segundo ele, dar mais
agilidade ao combate a “notícias fraudulentas” e ao
“discurso de ódio”, tarefa que já havia se tornado a
principal bandeira de Moraes como relator do
chamado "inquéritos das fake news" no STF, que
investiga supostas ofensas e ameaças aos colegas.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Nesta semana, em um fórum da Unesco com foco


em debater o combate à desinformação, Lula e o
ministro do STF Luís Roberto Barroso, convidados
para falar, defenderam maior controle estatal sobre
o discurso na internet.

Especialistas questionam medidas

Na avaliação do advogado Giuliano Miotto,


presidente do Instituto Liberdade e Justiça, os
discursos do atual governo estão alinhados ao de
membros de outros poderes no sentido de
aumentar o controle prévio e abusivo sobre a
opinião pública e sobre a imprensa. "Isso tem o
óbvio objetivo de blindar essa classe política de
críticas ou questionamentos. Tudo indica que virão
tempos sombrios para a liberdade de expressão",
explicou.

Para Miotto, o Brasil não precisa de mais leis para


controle de redes sociais. Segundo ele, medidas

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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nesse sentido não são benéficas à sociedade. "As


leis que já existem, bem como os sistemas de
controle das próprias plataformas, já fazem esse
papel de controle. Qualquer lei que venha a ser
criada de agora em diante e dentro do atual cenário
só vai servir para aumentar o controle
governamental indevido sobre a liberdade de
expressão e para criar um ambiente de proteção ao
sistema político", explicou.

Para o comunicador social Pedro Franco,


especialista em polarização política e liberdade de
expressão, a tentativa de regular as redes sociais é
uma forma equivocada de tentar recuperar a
confiança pública nas instituições brasileiras.
“Estão tentando censurar o que eles chamam de
'discurso golpista'. Mas não é proibindo um
discurso que vão reaver a confiança nas
instituições. Assim vão provocar mais

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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desconfiança. A melhor estratégia é argumentar


contra o que acham que está errado”, explica.

Para Franco, a estratégia do atual governo, de


parlamentares governistas e do ministro Alexandre
de Moraes, demonstram despreparo. “Vai corroer
ainda mais a nossa democracia”, diz.

No sentido oposto, Rodolfo Assis, mestre em Teoria


do Estado e Direito Constitucional e membro do
grupo de pesquisa sobre Liberdade de Expressão no
Brasil na PUC-Rio, vê a regulação das plataformas
digitais como algo natural e que já vem sendo
debatido por outros países, “inclusive nas
democracias liberais”.

“O movimento de regulação é decorrente, entre


outros aspectos, de uma latente insegurança
jurídica em relação a uma nova tecnologia, que
propicia inúmeras variáveis e relações jurídicas
diferentes – plataformas entre si, plataformas e

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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governos/autoridades, plataformas e usuários etc.).


Tendo em vista tal variação, as autoridades têm
tido dificuldades de produzir respostas
razoavelmente consistentes”, afirma.

De acordo com Assis, a variação de condutas e


regras entre as plataformas dificulta a tomada de
decisões judiciais, por isso “a legislação pode
funcionar como um mecanismo que estabelece
padrões, o que tende a aumentar a previsibilidade e
a segurança das partes envolvidas”.

Tentativas de controle do discurso são "porta


aberta para a censura”

Antes de ser reeleito presidente, Lula disse em


diversas ocasiões que uma das prioridades de sua
eventual gestão seria justamente aprovar um
projeto de regulação da mídia. Logo no início do
atual mandato, o petista criou o 'Ministério da
Verdade' – como vêm sendo chamados os novos

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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órgãos da União criados sob a alegação da defesa da


democracia e da liberdade de expressão.

Os decretos que estabeleceram a Procuradoria


Nacional da União de Defesa da Democracia e o
Departamento de Promoção da Liberdade de
Expressão – dentro da Advocacia Geral da União
(AGU) e da Secretaria de Comunicação Social
(Secom) da Presidência da República,
respectivamente – são vagos em relação às
atribuições desses dois órgãos. A depender do teor
da regulação da mídia que o PT pretenda avançar,
há o risco de que eles possam servir como veículos
de uma censura instituída pelo Estado.

Em uma entrevista para a revistaVeja na última


sexta-feira (17), o chefe da Secretaria de
Comunicação do governo, Paulo Pimenta, chegou a
dizer que as plataformas digitais devem ser
responsabilizadas pela difusão de conteúdos

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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criminosos. Ele destacou, no entanto, que o


governo ainda não tem uma opinião conclusiva
sobre o assunto.

“Acho que a ideia de que as plataformas não têm


responsabilidade sobre o conteúdo que veiculam
não se sustenta. Esse é um conceito derrotado pela
vida real. Basta ver o que aconteceu aqui no
processo eleitoral, quando vimos o Judiciário de
certa forma legislando, normatizando mecanismos
para proteger a democracia”, explicou Pimenta.

Pimenta discorda de que tenha havido violação da


liberdade de expressão nas ocasiões em que o
Judiciário determinou remoção de “conteúdos
antidemocráticos”. Segundo ele, “o conceito de
liberdade de expressão é importante, mas
relativizado por outro, que é o direito coletivo, o
direito da sociedade, da democracia”.

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Outros ministros de Lula também se posicionaram


sobre a necessidade de impor um controle sobre o
que pode ou não ser publicado na internet. Em um
encontro com empresários, no dia 15 de fevereiro, o
ministro da Justiça, Flávio Dino, defendeu a
regulação das redes sociais com o intuito de evitar
práticas criminosas. “Nós estamos propondo um
debate sério sobre isso, que é alinhado com as
melhores práticas internacionais, em que não há
obviamente nenhum cerceamento à liberdade de
expressão, mas há a compreensão de que liberdade
de expressão absoluta não existe”, declarou.

No entanto, para o jurista Fabricio Rebelo,


responsável pelo Centro de Pesquisa em Direito e
Segurança (Cepedes), a tentativa do governo
petista de controlar as redes sociais é uma porta
aberta para a censura e que no sistema de leis
brasileiro já existem meios suficientes para

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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responsabilizar criminal e civilmente indivíduos


que façam mal uso da liberdade de expressão.

“Redes sociais são apenas um meio de


comunicação, e as regras para quem comete crimes
em qualquer um deles já existem em nossa
legislação. A ideia de uma lei para controlar isso é
apenas uma porta aberta para a censura,
exatamente como temos visto em algumas decisões
judiciais, que extrapolam a restrição de conteúdo
ilegal e avançam sobre as pessoas, banindo os seus
perfis. Isso é censura”, explica.

Miotto reforça que o limite da liberdade de


expressão para evitar eventuais censuras deve ser o
bom senso e aquilo que já se tem definido como
crime pela legislação do País. "Por exemplo, uma
pessoa deve ter o direito, o mais amplo possível, de
criticar um determinado comportamento,
movimento ou ideologia desde que não cometa

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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crime de difamação, injúria ou calúnia. E, ainda que


se cometa um desses crimes, mesmo assim a
pessoa deve ter o direito de livre expressão, mas
com a devida possibilidade de que o ofendido possa
acionar os meios legais cabíveis para cessar a
ofensa ou ser ressarcido por algum dano
efetivamente causado", explica.

O advogado, por fim, destaca que todas as medidas


cabíveis para coibir a desinformação ou ofensa
estão na Constituição Federal. "Impor qualquer
outro tipo de limitação, como a censura prévia ou a
possibilidade de um juiz interferir no direito de
livre expressão de forma geral e abstrata, pode
gerar um estado ditatorial", declara.

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Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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O fantoche do ditador Kim Jong-il, que estrela Team América: Detonando o Mundo|
Foto: Reprodução/Youtube

Cinco vezes em que o cinema


debochou de ditadores
Por José Flávio Júnior

Em fevereiro, a Brasil Paralelo lançou Nicarágua –


Liberdade Exilada, documentário que mostra os
efeitos deletérios da ditadura de Daniel Ortega no
maior país da América Central. Trata-se de uma
investigação séria e tocante, que merece a atenção
de todo o mundo ocidental. Mas e quando o cinema

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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pega um ditador para escarnecer? É muito válido


também. Uma boa caricatura de um tirano é capaz
de espalhar para uma audiência mais ampla a
realidade que cada nação enfrenta quando está sob
o jugo de uma ditadura. Aproveitando que A
Entrevista acaba de entrar no catálogo da Netflix,
selecionamos cinco obras que zombam sem dó
desse tipo abjeto de liderança.

A Entrevista

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Impossível começar por outro. Nesse filme de 2014,


os jornalistas de celebridades vividos por Seth
Rogen e James Franco conseguem uma entrevista
com o diretor norte-coreano Kim Jong-un, mas são
interpelados pela CIA antes da viagem. O pedido da
agência americana é prosaico: aproveitar a
oportunidade para assassinar o governante. Todos
os envolvidos são devidamente zoados no longa,
mas o que incomodou mesmo foi a sátira feita com
o gordinho coreano. Porta-vozes do país condena-
ram com veemência o argumento da comédia e os
estúdios Sony precisaram postergar e diminuir o
alcance do lançamento de A Entrevista após diversas
ameaças e ações de hackers vinculados a Coréia do
Norte.

Onde assistir: Netflix, Apple TV

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Team América: Detonando o Mundo

Dez anos antes de A Entrevista, os responsáveis


pelo desenho South Park já haviam bulido com um
ditador norte-coreano – no caso, o pai de Kim
Jong-un, o temido Kim Jong-il (1994-2011). Team
América acompanha um grupo paramilitar que
recruta um ator da Broadway para salvar o mundo
de Kim Jong-il, que na história está mancomunado
com terroristas islâmicos e a turma de esquerda de
Hollywood. Todo mundo leva chumbo nesse filme
de marionetes, do governo americano ao gênero de

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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ação como um todo, com seus clichês explosivos e


infantilizados. Mas o destaque é mesmo o fantoche
do finado ditador coreano, que tem até um
momento musical, no qual canta o quanto é uma
pessoa sozinha (“lonely”, que ele pronuncia
“ronery”, num chiste com a dificuldade que muitos
orientais têm com as letras “l” e “r”).

Onde assistir: Prime Video, Apple TV

South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes

Os criadores de South Park merecem mais uma


obra nessa lista. Afinal, Trey Parker e Matt Stone
Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023
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são abertamente Republicanos, o que causa um


grande ruído com a indústria do entretenimento
americana, dominada por Democratas. A ideologia
não impediu que, em 2022, a dupla celebrasse 25
anos de uma das séries mais politicamente incor-
retas da história, que já rendeu musicais e longas. A
primeira vez nos cinemas foi em 1999, com South
Park: Maior, Melhor e Sem Cortes, cuja exibição no
SBT rendeu até ação do Ministério Público por
conta de palavrões e cenas que só poderiam ir ao ar
depois das 23 horas. O que interessa aqui é como
Saddam Hussein (1937-2006) é retratado na obra.
Quando o menino Kenny morre, encontra o ditador
iraquiano no inferno, na condição de esposo do
capeta. A graça está na fragilidade demonstrada por
Satanás em sua relação com Saddam, que o oprime
sem misericórdia, mesma coisa que fazia com o
povo do Iraque.

Onde assistir: Prime Video

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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O Ditador

Escrito e protagonizado pelo britânico Sacha Baron


Cohen, O Ditador apresenta o fictício
general-almirante Shabazz Aladeen, que coloca a
vida em risco para garantir que a democracia nunca
chegue a Wadhiya, país do norte da África que
guarda semelhanças com várias ditaduras da
região. Aladeen acredita tanto em seu sistema de
governo que vai até a uma assembleia da ONU
defender o indefensável. Em Nova York, sofre uma
tentativa de assassinato e se vê sem nada, passando

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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a contar com o auxílio de uma ativista dos direitos


humanos para se reerguer. Ainda que não repita o
êxito de Borat – O Segundo Melhor Repórter do
Glorioso País Cazaquistão Viaja à América, Sacha
Baron Cohen arranca boas gargalhadas em cenas
como a da prova de atletismo nas Olimpíadas de
Wadhiya, quando usa o revólver para dar a largada
e também abater os competidores que ameacem
sua vitória.

Onde assistir: Prime Video, Apple TV

A Queda! As Últimas Horas de Hitler

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


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Para fechar, um drama histórico que passa longe da


comédia, mas que, graças à criatividade de várias
paródias inspiradas nele, estará sempre vinculado
ao humor. O longa alemão de 2004, indicado ao
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, traz o excelente
Bruno Ganz, morto em 2019, no papel de Adolf
Hitler (1889-1945), vivendo os estertores da
Segunda Guerra Mundial. Na cena mais
emblemática, o ditador nazista discute exaltado
com seus oficiais, incialmente incrédulo de que a
derrota da Alemanha se aproxima. Os trejeitos
patéticos de Hitler nesse rompante histérico
motivaram centenas de sátiras em que as legendas
são substituídas para caçoar de outro assunto. Do
polêmico título mundial do Palmeiras a uma
suposta troca do Cristo Redentor por uma estátua
do Lula, diversas histórias já foram usadas de
maneira jocosa com as imagens do espetacular A
Queda!.

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Onde assistir: Brasil Paralelo

Bônus

Para seguir dando risadas de Adolf Hitler (ou


Adenóide Hynkel), emende com uma sessão do
clássico O Grande Ditador (1940), primeiro filme
falado de Charlie Chaplin. A cena do ator dançando
uma ópera de Wagner com o globo terrestre se
tornou tão clássica que chegou até a ser citada na
abertura da novela O Dono do Mundo, exibida pela
Rede Globo, em 1991. Mesmo ainda não sendo de
domínio público, ele pode ser encontrado
gratuitamente no YouTube.

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PARA SE APROFUNDAR

● Editorial: Reoneração sem planejamento

● Projeto torna crime fabricação e venda de


produtos com foice e martelo alusivos ao
comunismo

● Preços mínimos e estoques defendidos por Lula:


velha fórmula que nunca deu certo

● Processos por “gordofobia” crescem 314% em 4


anos; indenização média pedida é R$ 240 mil

● Brasil sobe seis posições em Liberdade


Econômica, mas prognóstico com novas medidas
do PT é ruim

● Atuação descomunal de Brendan Fraser é grande


trunfo de “A Baleia”

● O que esperar da terceira temporada de “The


Mandalorian”?

Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023


75

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Gazeta do Povo Revista – Ed.21 Março/2023

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