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Abordagem Cultural

1* História I: A cultura corporal do movimento, termo utilizado inicialmente pelo Coletivo de autores
(1992), instiga a percepção de componentes históricos e sociais, valorizando a liberdade de expressão
dos movimentos dentro de um contexto cultural, o que foge da visão restrita a componentes biológicos
ou funcionais. Daolio, dentro dessa perspectiva, se ancora na antropologia cultural, partindo dos
antropólogos Marcel Mauss e Clifford Geertz, buscando ampliar o olhar para a Educação Física.

A abordagem cultural sugerida por Jocimar Daolio, assim como outras abordagens, tais como
desenvolvimentista, construtivista, crítico emancipatória, crítico superadora, surge em crítica à
perspectiva biológica que dominava a Educação Física na escola. Essa perspectiva, na visão do autor,
acabou por universalizar o corpo, ou seja, se os corpos forem vistos apenas na sua dimensão biológica,
todos os alunos possuiriam o mesmo corpo e as mesmas capacidades e, em consequência, uma mesma
aula serviria para todos os alunos sempre.

O multiculturalismo crítico se utiliza dos referenciais e métodos analíticos dos Estudos Culturais, com a
intenção de conhecer mais profundamente as representações de etnia, classe social, religião e gênero
postos em circulação. Seu próximo passo é conectar essas representações com seus efeitos materiais,
intimamente ligados à distribuição dos recursos. Nesta ordem, a cultura, a política e a economia são as
partes integrantes de um processo hegemônico e de poder amplo, que permite indagar como se
legitimam as reclamações por recursos e porque continua a aumentar a disparidade de riquezas. Diante
disso, fica evidente que o multiculturalismo crítico possui um grande interesse pela justiça social

2* História II: Segundo Daolio (1995), o olhar da antropologia nos faz perceber que, mesmo fazendo
parte de uma mesma espécie, constituindo a unidade humana, há uma certeza de que os homens se
expressam culturalmente de maneiras diversas. Respeitando a diferença entre indivíduos e grupos, a
antropologia procura compreender os significados das ações humanas.

Ancorado em Mauss, Daolio apresenta o conceito de “fato social total”, que propõe uma totalidade na
consideração do ser humano, englobando aspectos fisiológicos, psicológicos e sociológicos, não sendo
possível dissociá-los; e o conceito de ‘técnicas corporais’, as quais se configuram como as maneiras pelas
quais os seres humanos utilizam seus corpos e que significados guardam. Ou seja, considera que todo
gesto corporal pode ser considerado uma técnica, pois atende a critérios, dentro de um determinado
contexto, no qual obteve um significado (DAOLIO, 2004).

3* Aplicações: Nessa abordagem, é importante partir do local e ampliar as possibilidades, abrangendo


conhecimentos diversos, sem desconsiderar as particularidades e as diferenças dos alunos, as quais
muitas vezes apresentam-se até dentro de uma mesma escola em turmas diferentes, ou seja, a
intervenção pedagógica deve estimular os estudantes a olhar para além de suas experiências, sejam
quais forem suas realidades.

4* Uma aula de Educação Física precisará considerar os seguintes pontos:

a) Compreender a Educação Física como uma área que dinamiza um conjunto de práticas ligadas ao
corpo e ao movimento, criados pelo homem ao longo de sua história. Então, deve-se dinamizar
conhecimentos diversos como jogos e brincadeiras, esportes, lutas, ginásticas, danças, etc.;

b)Considerando a diversidade de práticas, promover a vivência, a ressignificação, o aprofundamento e a


ampliação do discurso embutido nessas práticas;

c)Considerar que nenhuma prática corporal é melhor ou pior, superior ou inferior; todas possuem um
espaço significativo dentro da abordagem cultural;

d)É importante partir das práticas, da forma como elas acontecem na sociedade, e ir organizando as
situações de ensino de maneira que os alunos se apropriem e compreendam os discursos imbricados,
possibilitando a reconstrução e ressignificação das mesmas;

e) A aula deve atingir a todos, logo, buscar estratégias para compreensão e vivencia das práticas
corporais por todos os alunos, valorizando seus saberes e suas “técnicas”;

f)Os conhecimentos devem ser sistematizados e reconstruídos pelos alunos;


g) A avaliação deve concentrar-se naquilo que os alunos ampliaram de conhecimento em relação ao
tema estudado, o que pode ser verificado através de relatórios e registros dos alunos, produção de
livros, revistas, colagens, vídeos, trazendo um paralelo sobre o que sabiam antes e o que aprenderam
após as aulas.

5* Organização do professor: Explicar o que está no próprio slide

Ensino Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental: Explicar o que está no próprio slide

Ensino Médio: Explicar o que está no próprio slide

Mesma Pessoa

6* Objetivo da Educação Física Cultural: Lecionar a Educação Física, partindo de uma perspectiva
cultural, nos parece adequado, considerando a percepção de educação que comungamos: uma
educação ampla, que considere a realidade dos alunos, construindo saberes e desconstruindo
preconceitos partindo das diversidades que se apresentem nas situações de ensino. No que tange à
prática pedagógica, deve-se considerar a cultura corporal de movimento e seus conteúdos e, partindo
deles, praticar, pensar, questionar, criticar e, consequentemente, estimular uma experiência mais
autônoma do aluno no usufruto desses conteúdos a partir do seu aprendizado.

7* Tensões da Abordagem Cultural

1º: o risco de uma mudança abrupta na forma de desenvolver a Educação Física na escola, tendo em
vista que, mesmo em discordância, a disciplina apresentava sua eficácia simbólica no contexto escolar,
ou seja, já apresentava seus significados tradicionais. Como exemplo, o autor cita que, mesmo não
contemplando todos os alunos, a disciplina se configura como uma das mais agradáveis, além de
atender a algumas necessidades da escola, como na organização de eventos festivos, o que geralmente
recai sobre o professor da área. Daolio preocupa-se no sentido de que uma mudança drástica dessa
eficácia simbólica já apresentada no cotidiano escolar, poderia acabar por destruí-la. Nessa perspectiva,
acreditamos que a mudança deva acontecer paulatinamente, sempre embasada de motivações
coerentes e mostrando os pontos positivos que as mudanças trariam.

2º: Seria o embate entre as questões globais e locais. Destaca que a antropologia procura compreender
o que nos faz humanos, ao mesmo tempo que compreende que grupos humanos diferentes se
manifestam de maneira diferente em variadas questões. O risco, segundo o autor, é pender para um dos
extremos. Garantir uma unidade de conteúdo a serem trabalhados pode desconsiderar os significados
específicos de cada conteúdo em cada contexto. Em contrapartida, os contextos são muitos, e dar vazão
a todos os contextos diluiria imensamente os conteúdos, o que, segundo Daolio, incorreria até mesmo
no fim da Educação Física.

3º: Diz respeito ao “outro” na relação pedagógica da Educação Física escolar. Aponta que a cultura
escolar, em geral, tende a exigir padrões semelhantes dos alunos desconsiderando as características que
os diferenciam. Nesse contexto, pergunta-se: como compatibilizar as aulas para toda a turma e ao
mesmo tempo considerar o indivíduo e suas experiências? O risco estaria em pautar sempre por um
trabalho intersubjetivo, valorizando a reciprocidade, mas ainda assim não atingir todos os alunos.
Observa-se assim que, mesmo considerando a importância da diversidade cultural presente na dinâmica
escola, como imprescindíveis no trabalho da Educação Física escolar como prática cultural, existem
tensões que se colocam para efetivá-la. Entretanto, Daolio também considera válida e rica essa busca
pelo equilíbrio entre a unidade de área e a necessidade de considerar a diversidade dos alunos e seus
contextos culturais.

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