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Guia Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica


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A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

A Resolução CFP nº 009/2018 estabelece diretrizes para a realização de Avaliação


Psicológica no exercício profissional do psicólogo e regulamenta o Sistema de Avaliação
de Testes Psicológicos (SATEPSI), desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) com o objetivo de avaliar a qualidade técnico-científica de instrumentos
psicológicos para uso profissional.
No site do SATEPSI são apresentados os instrumentos que podem e aqueles que
não podem ser usados pelas(os) psicólogas(os) na prática profissional, com parecer
favorável e desfavorável, além de uma série de outros informativos relacionados ao
assunto.
Em seu art. 1º a referida Resolução define a Avaliação Psicológica como um
processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos,
técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no
âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e
finalidades específicas.
De acordo com o parágrafo 1 do artigo citado acima “Os
testes psicológicos abarcam também os seguintes instrumentos:
escalas, inventários, questionários e métodos
projetivos/expressivos...”
Parágrafo 1, art. 2º - Será falta ética, conforme disposto
na alínea c do Art. 1º e na alínea f do Art. 2º do Código de Ética
Profissional da psicóloga e do psicólogo, a utilização de testes
psicológicos com parecer desfavorável ou que constem na lista de Testes Psicológicos
Não Avaliados no site do SATEPSI, salvo para os casos de pesquisa na forma de
legislação vigente e de ensino com objetivo formativo e histórico na Psicologia.
A avaliação psicológica é uma atividade exclusiva da(o) psicóloga(o) utilizada
nos mais diferentes contextos, sendo entendida como o processo científico de coleta de
dados, estudos e interpretação de informações a respeito das dimensões psicológicas dos
indivíduos e grupos através de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos
– com objetivos bem definidos, que possa atender diversas finalidades, verificar a
realidade psicológica de determinado indivíduo naquele momento, como na seleção de
pessoal nas empresas, para a clareza de diagnósticos, identificar se o indivíduo está apto
a conduzir veículos ou portar armas de fogo, na orientação vocacional, decisões jurídicas,
entre tantas outras demandas, como a que trataremos neste Guia, a Avaliação Psicológica
para Cirurgia Bariátrica.
Considerando a alínea b, do art. 1º do Código de Ética Profissional da psicóloga e
do psicólogo que preconiza que os mesmos assumam responsabilidades profissionais
somente por atividades para as quais estejam capacitados, pessoal, teórica e tecnicamente,

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desta forma, fica evidente a importância de se realizar uma adequada avaliação


psicológica, sempre pautada na ética profissional, e consequentemente transmitir e
devolver os resultados com uma adequada elaboração de documentos psicológicos em
conformidade com a(s) resolução(ões) vigente(s) do CFP.

✓ Identificar os objetivos da avaliação do modo mais claro possível;


✓ Proceder a seleção apropriada de instrumentos;
✓ Aplicar de forma cuidadosa os instrumentos selecionados;
✓ Fazer a correção dos instrumentos de forma cuidadosa;
✓ Fazer a cuidadosa interpretação dos resultados;
✓ Desenvolver o uso criterioso dos dados coletados;
✓ Produzir o relatório verbal e/ou escrito.

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A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DE SAÚDE

A psicologia na área da saúde vem ganhando espaço e importância para a


compreensão dos vários fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento, bem como
intervindo para a melhoria do bem-estar humano.
A saúde não se resume à ausência de doença e ao bem-estar físico, mas um estado
multidimensional que envolve três domínios: a saúde física, psicológica e social. A saúde
física implica ter um corpo não apenas livre de doenças, mas também envolve hábitos
relacionados ao comportamento e ao estilo de vida. Em seu outro domínio, a saúde social
engloba as boas habilidades interpessoais, relacionamentos com amigos e família e
atividades socioculturais. A saúde psicológica engloba, apesar das variações culturais, a
capacidade de pensar de forma clara e objetiva, possuir uma autoestima adequada e
consciência de bem-estar.
A detecção precoce de problemas comportamentais e/ou distúrbios
psicológicos/psiquiátricos em pacientes inseridos no contexto da saúde pode significar
um grande diferencial com relação ao tipo e qualidade do atendimento
oferecido ao paciente, bem como diminuição do sofrimento.
A avaliação psicológica está baseada no método científico e a
aplicação de instrumentos psicológicos é uma parte apenas, porém
importante, de todo um processo, podendo (ou não), incluir testes
padronizados como um dos recursos para atingir seus objetivos. Nela
estão envolvidos a coleta das informações, os instrumentos e as
diversas formas de medidas para que se possa chegar a uma conclusão.
A escolha de instrumentos, como, por exemplo, entrevistas, protocolos,
questionários, testes psicológicos psicométricos, projetivos e técnicas de observação,
deve ser adequada e bem planejada, sob o risco de prejudicar a avaliação.

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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA A REALIZAÇÃO DE


PROCEDIMENTO BARIÁTRICO

OBESIDADE
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de
gordura corporal, incluindo os riscos associados, ou comorbidades1 como hipertensão
arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apneia do sono etc.
A obesidade é multideterminada por fatores fisiológicos, genéticos, ambientais,
sociais, culturais e psicológicos, e aumenta o risco de ocorrência de doenças orgânicas e
transtornos mentais e comportamentais, tais como os transtornos depressivos, de
ansiedade, de personalidade e de compulsão alimentar. O fator genético da obesidade tem
recebido destaque nas pesquisas, ampliando a compreensão de que a obesidade depende
de uma vulnerabilidade biológica associada ao desenvolvimento do comportamento
alimentar e ao sedentarismo.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016) 65% da
população mundial, vive em países onde o sobrepeso e a obesidade matam mais que a
desnutrição, sendo esta apontada como o quinto maior fator de risco de morte global.
Dados da mesma organização indicam que 44% da carga de diabetes, 23% da carga de
doença isquêmica do coração e entre 7% a 41% dos encargos de câncer, estão
relacionados à obesidade. Além disso, verifica-se que este fenômeno, enquanto
estigmatizador produz discriminação, preconceito e exclusão social, comprometendo
dessa forma, também a saúde psicológica e o comportamento social da pessoa. No Brasil,
a prevalência da obesidade é de 8,9% em homens e 13,1% em mulheres.
A associação entre alimento, emoções e sentimentos se constrói no
desenvolvimento do ser humano, e a tradução precoce e continuada dos desconfortos
emocionais como fome pode contribuir para a ocorrência de dificuldades no
comportamento alimentar.
A obesidade revela a dinâmica do comportamento alimentar do indivíduo e da
família, e diferenciam o comer por prazer do comer
para acalmar o mal-estar e a angústia. A obesidade
pode funcionar como uma armadura protetora ante os
eventos estressores, ao mesmo tempo em que
expressa estagnação psíquica do sujeito diante dos
desafios desenvolvimentais nas diferentes etapas do
ciclo vital. Como sintoma, a obesidade teria a função

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Comorbidade: estado patológico causado, agravado ou cujo tratamento/controle
é dificultado ela presença de peso ou que apresente cura/controle com a perda ponderal.

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de demarcar vivências traumáticas, paradoxalmente expondo o corpo e mantendo a


sexualidade distanciada.
Ao comer, diminuindo-se a sensação desagradável produzida pelas situações
aversivas, em que o cliente possui déficit de repertório ou repertório pouco desenvolvido
para lidar, e explicando a manutenção deste repertório de fuga-esquiva ligado à comida.
Isto é, se o sujeito não possui repertório suficiente frente a certas contingências, o ato de
comer torna-se funcional para ele, que consegue atenuar as sensações aversivas de uma
experiência, por exemplo, através do reforço proveniente da alimentação.
A elevada prevalência da obesidade, em nível mundial, tem alarmado as
autoridades e exigido esforços, por parte dos profissionais envolvidos em seu tratamento,
incluindo médicos e demais profissionais da área de saúde, no sentido de encontrar
alternativas para o manejo adequado dessa doença. Nesse contexto, o psicólogo
apresenta-se como parte da equipe multiprofissional, responsável pela avaliação
psicológica pré-operatória do candidato a procedimento bariátrico.

A CIRURGIA BARIÁTRICA
Considerando os diferentes aspectos relacionados ao fenômeno da obesidade,
algumas pessoas começam a buscar por diferentes tipos de tratamento,
que venham diminuir o excesso de peso, e possivelmente devolver a
elas uma vida mais ativa, saudável e com mais qualidade. Dentre essas
soluções destacam-se: dietas, exercícios, drogas como anfetaminas,
ansiolíticos e antidepressivos, e em última análise: a Cirurgia Bariátrica.
A cirurgia bariátrica e metabólica, também conhecida como
cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago, reúne
técnicas com respaldo científico, destinadas ao tratamento da obesidade mórbida e ou
obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas
por ele.
O tratamento cirúrgico da obesidade surgiu na década de 50, dessa época até os
dias atuais as técnicas foram sendo aperfeiçoadas e, devido aos bons resultados, as
chamadas “cirurgias bariátricas” estão sendo mais divulgadas e aceitas, tanto no meio
médico, quanto entre os pacientes.
Entretanto, vem acontecendo que muitos pacientes estão encarando a cirurgia
bariátrica como uma “tábua de salvação”. Nela e no cirurgião são depositadas todas as
expectativas e esperanças, levando a uma crença excessiva e irrealista no “milagre
cirúrgico”. Desta forma, os pacientes assumem uma posição passiva diante do tratamento.
Quando isso acontece, podem até colocar em risco o êxito do tratamento, pois, não se
implicam no processo pós-cirúrgico, que requer forte adesão do paciente.
Vem ocorrendo também grande procura pelo tratamento cirúrgico por pacientes
com sobrepeso e graus moderados de obesidade, com objetivo de aliviar dificuldades
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existenciais. Tal fato é uma condição insuficiente e até descabida para realização de um
procedimento cirúrgico, visto que não se têm operações ideais e sem risco.
Identifica-se, também, que a procura maior para realização da cirurgia bariátrica
se faz principalmente por motivos estéticos, o que nos leva a pensar que os aspectos
psicológicos decorrentes da obesidade têm um peso muito acentuado na vida cotidiana
dos obesos e que a cirurgia bariátrica representa um meio de voltar a viver, recomeçar
uma nova vida sem se sentir diferente dos outros.
A capacidade do paciente em compreender as implicações do tratamento cirúrgico
é muito importante e indispensável. As informações sobre tratamento e decisões do
paciente relativas à cirurgia, devem ser sempre documentadas, através de alguma forma
de consentimento informado, funcionando como uma forma de orientar os pacientes
sobre o procedimento aos quais serão submetidos e as mudanças no estilo de vida, de
forma objetiva e direta.

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA


CIRURGIA BARIÁTRICA
A avaliação para fins de cirurgia bariátrica é uma
atividade recente no campo da Psicologia da Saúde. A
própria modalidade cirúrgica é nova e os conhecimentos
relativos à Avaliação Psicológica para esse fim se encontram
incipientes, em construção.
A falta de um protocolo-padrão dificulta a
identificação, por parte dos psicólogos, de quais domínios merecem atenção e quais
procedimentos avaliativos devem ser utilizados. Além disso, sem uniformização das
práticas, o valor e o propósito da avaliação psicológica variam de acordo com cada
profissional ou equipe bariátrica. Como consequência, produz-se grande variabilidade nas
abordagens utilizadas durante a avaliação psicológica e pouco consenso sobre como deve
ser efetuada a triagem e quais critérios devem ser observados durante a seleção de
pacientes.
Por não haver um protocolo de avaliação estabelecido, configuram-se como
complexas as situações de contraindicação para cirurgia, pois alguns profissionais
psicólogos ficam inseguros em prever a condição de “sucesso psicológico” de uma
cirurgia como essa. Também não há pesquisas consistentes sobre os resultados dessas
cirurgias, que possam apontar procedimentos e tomadas de decisão a respeito dos
candidatos.
Assim, é uma área ainda muito incipiente, na qual há, em geral, pouquíssimas
referências a respeito na formação da graduação, assim como pesquisas ou referências
bibliográficas.

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Também pode-se perceber nessa área a banalização deste processo de avaliação,


com profissionais inconscientes, que consideram esse tipo de avaliação simples e de
menor responsabilidade. Infelizmente, não é rara a informação de que alguns psicólogos
somente fazem entrevistas ou atendem em somente um horário.
Dessa forma, este trabalho não tem como objetivo limitar os protocolos e nem
estabelecer regras para o avaliador. O profissional pode orientar-se especificamente pelo
roteiro avaliativo, porém sem deixar de levar em consideração a relação terapeuta-cliente,
produzindo, sensibilidade ao fenômeno, considerando a singularidade da pessoa avaliada
e caminhando para avaliações que não sejam tendenciosas. Além disso, a dificuldade em
se alcançar toda a dimensão do sujeito, considerando a quantidade de variáveis que
deveriam ser avaliadas, bem como a dimensão do fenômeno do comportamento humano,
também dificulta a criação de uma diretriz avaliativa, que não deixe inúmeros aspectos
altamente relevantes de lado.
Muitos pacientes candidatos à cirurgia bariátrica e metabólica se perguntam sobre
a necessidade da avaliação psicológica pré-operatória. Isso acontece, entre outras razões,
porque é muito difundida a ideia de que quem procura um psicólogo está passando por
algum sofrimento grande.
Apesar da resistência de alguns pacientes em consultar com um psicólogo antes
do procedimento, as informações discutidas durante a avaliação não servem apenas para
avaliar o preparo do candidato, mas também para aumentar as chances de sucesso no
ajustamento após a operação. Além disso, a avaliação psicológica “prepara o terreno”
para que o paciente procure ajuda futuramente, caso encontre-se em dificuldade após a
cirurgia.
Analisa-se que, a avaliação psicológica para o obeso, candidato a cirurgia
bariátrica se faz necessária, uma vez que a cirurgia produz uma nova contingência com a
qual o sujeito entrará em contato, e consequentemente que exigirá dele um conjunto de
novos repertórios, isto é, novos hábitos alimentares, reorganização da sua autoimagem e
instalação e/ou desenvolvimento de repertórios mais adaptativos e que produzam menos
prejuízos.
Pose-se dizer que a obesidade é uma doença crônica e a Cirurgia Bariátrica não é
uma cura. Desde o início do tratamento para a cirurgia bariátrica o paciente deve conhecer
o diagnóstico da sua doença (obesidade) e julgar riscos, benefícios e consequências da
cirurgia. Expectativas irreais sobre a cirurgia bariátrica e seus riscos podem prejudicar
mudanças necessárias no estilo de vida dos pacientes.
A avaliação psicológica pré-operatória consiste em um processo psicodiagnóstico
que visa assegurar que o paciente, naquele momento, encontra-se em bom estado de
saúde mental, favorecendo sua participação ativa no período pós-operatório e que seja
capaz de seguir as orientações da sua equipe.
Nesse momento, deve ser feito um preparo psicoeducativo, cujo objetivo é que o
paciente obtenha o máximo de conhecimento a respeito das orientações que deverão ser
seguidas após a cirurgia e otimizar os resultados por toda a vida. Sabe-se que os pacientes
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que obtiveram informações detalhadas e corretas durante o preparo para a cirurgia


evoluem melhor no pós-operatório imediato porque estão mais preparados para passar
pelas etapas da restrição alimentar.
É importante que o profissional responsável pela avaliação psicológica pesquise
e estude sobre os tipos de procedimentos cirúrgicos, suas consequências e limitações no
pós-cirúrgico do paciente, informações importantes no aconselhamento/orientação dos
pacientes.
Contudo, apesar de atrativa, a cirurgia bariátrica encontra-se também relacionada
a dados negativos no pós-operatório, como suicídio, depressão, dumping, comportamento
antissocial entre outros. Dessa forma, tendo em vista as diferentes variáveis que envolvem
a obesidade e a dimensão da cirurgia, discute-se a necessidade de processos de avaliação
que alcancem maior quantidade possível de aspectos de vida da pessoa, bem como a
avaliação de seu repertório atual, à aquisição de comportamentos ao longo de sua vida
(mais precisamente seu comportamento alimentar) e suas condições para desenvolver um
novo repertório.
A não existência de um protocolo que sistematize esse processo, acaba por deixar
os profissionais sem um norte, restando ao pesquisador, apoiado em seus conhecimentos
e na sua experiência, questionar a relevância do que deve ser levado em conta para o
aconselhamento da intervenção bariátrica ou a restrição da mesma.
A avaliação deve levar em conta as condições psicológicas e emocionais do
paciente candidato à cirurgia bariátrica devido às mudanças psicossociais que o
procedimento acarretará. Sendo assim, considera-se necessário utilizar-se de técnicas e
procedimentos que possam mensurar e conscientizar o paciente, sobre os efeitos da
cirurgia na sua vida, especialmente em termos das mudanças em seu repertório
comportamental e as dificuldades que isso acarretará.
De modo geral, observa-se que o paciente que busca pelo procedimento bariátrico,
está na maioria das vezes, controlado pelo produto de sua obesidade, isto é, o sentimento
de exclusão em situações sociais, a baixa autoestima, o desejo da perda de peso rápida e
sem sofrimento, etc. Contudo, sob controle dessas variáveis são produzidas muitas vezes
expectativas irreais em relação à cirurgia. Em determinados casos, os pacientes
expressaram expectativas além do emagrecimento, como a resolução dos conflitos
interpessoais e conjugais, assim como mudanças de traços definidos de sua personalidade.
Assim, verifica-se a necessidade de avaliar essa expectativa do sujeito com relação ao
procedimento, seu repertório para lidar com a nova condição, bem como operacionalizar
a função deste comportamento na vida da pessoa, buscando diminuir os possíveis riscos
do pós-cirúrgico.
O foco do acompanhamento psicológico deve ser sempre preventivo e educativo.
É necessário considerar o aparecimento de novos fatores de estresse, como ansiedade,
ciúmes do parceiro, desejo de liberdade etc, após a cirurgia. Além disso, o paciente pode

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criar expectativas que não serão atingidas com a perda de peso, simplesmente porque
dizem respeito a certas frustrações ou imaturidade diante da vida.
Quanto mais informado sobre o processo e sobre si mesmo o cliente estiver, mais
chance de sucesso terá a cirurgia. A preparação, neste sentido, é peça fundamental, para
que o paciente após o processo de emagrecimento desenvolva repertório que possibilite
lidar com a nova contingência e seu novo corpo.
O psicólogo é solicitado a elaborar um documento psicológico (de acordo com a
Resolução CFP nº 06/2109), o laudo, a descrever: as condições sociais e emocionais do
paciente, a fim de propiciar diagnóstico e prognóstico para inferir aptidão ou não em
relação ao procedimento bariátrico, podendo encaminhar o cliente à cirurgia ou
aconselhar o acompanhamento psicoterápico antes de concretizar-se tal intervenção.
Após o processo de Avaliação Psicológica, deve ser realizada uma sessão onde
será feita a devolutiva dos aspectos avaliados, sendo importante que o psicólogo sinalize
ao cliente os aspectos fundamentais do tratamento, explicitando os pontos negativos e
positivos, informando e instruindo quanto ao procedimento cirúrgico e realizando a
entrega do laudo ou atestado psicológico, aconselhando ou desaconselhando à cirurgia.
Caso seja considerado apto ao procedimento cirúrgico, logo depois na etapa pós-
operatória indica-se acompanhamento psicoterápico individual e/ou em grupo, e uma
reavaliação psicológica.
O psicólogo assume diferentes papéis no momento da avaliação: é um
pesquisador, coletando dados; um educador, provendo informações; e, ainda, um
terapeuta, aumentando a motivação e gerenciando as emoções emergentes durante a
avaliação.
Torna-se importante que seja realizada, também, uma entrevista com um familiar,
cônjuge ou cuidador para a verificação de suporte socio familiar, auxiliar a adesão do
paciente ao tratamento e desmistificar a cirurgia.

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QUAIS ASPECTOS DEVEM SER AVALIADOS NO CANDIDATO À


CIRURGIA BARIÁTRICA?

A metodologia para a avaliação do candidato à cirurgia


bariátrica não pode ser baseada em fórmulas prontas, com a
indicação desta(s) ou daquela(s) técnica(s). O psicólogo deverá,
sim, estabelecer um processo de avaliação utilizando os
instrumentos que melhor forem atingir os objetivos traçados e
responder à pergunta inicial formulada, que de forma geral, deve
ser: O candidato tem condições psicológica para se submeter
a cirurgia e a todos os procedimentos posteriores, assim como adaptar-se a um novo
estilo de vida e relacionamento?
Para determinar a aptidão de um candidato à cirurgia bariátrica, diferentes
aspectos da vida do paciente são avaliados pelos psicólogos. Dentre os fatores
psicossociais merecedores de atenção podemos elencar: compreensão do paciente quanto
à operação e as mudanças de estilo de vida necessárias; expectativas quando aos
resultados; habilidade de aderir às recomendações operatórias; comportamento alimentar
(histórico de peso, dietas, exercício físico); comorbidades psiquiátricas (atuais e prévias);
motivos para realizar o procedimento cirúrgico; suporte social; uso de substâncias; status
socioeconômico; satisfação conjugal; funcionamento cognitivo; autoestima; histórico de
trauma/abuso; qualidade de vida e ideação suicida.
É importante considerar o significado da alimentação e da obesidade para a
família e para a pessoa, seus recursos para manejar limites e sentimentos de desconforto
e frustrações.
Considera-se importante então, nesse processo de avaliação, a verificação e
correta compreensão dos seguintes pontos:
➢ O objetivo do sujeito com a cirurgia – que expectativas tem, como encara
a obesidade, que benefícios imagina que a cirurgia irá trazer, o nível de
consciência dos riscos envolvidos;
➢ A condição de saúde em geral – física e psíquica;
➢ O estabelecimento de um prognóstico a partir da cirurgia (se for o caso da
indicação). Como o sujeito poderá se adaptar ao novo estilo de vida, as
possibilidades de transferência da compulsão, as tendências à ansiedade e
depressão.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o psicólogo e/ou o psiquiatra
que integram a equipe responsável pela avaliação multidisciplinar pré-operatória, devem
estar atentos para a ausência de uso de substâncias, bem como de quadros psicóticos ou
demenciais. Também são esses profissionais os responsáveis em certificar de que o
paciente possui nível intelectual e cognitivo de compreensão acerca dos riscos da

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operação e cuidados inerentes a esse procedimento no período do pós-operatório imediato


e em longo prazo.
As expectativas dos indivíduos após o procedimento são a perda de peso e o
controle e ou cura da obesidade. Também podem refletir o aumento de sentimentos de
esperança e diminuição dos sentimentos de menos valia, ou seja, melhorar a autoestima.
No entanto além desses sentimentos muitas vezes aparecem preocupações e ansiedades
relacionadas à realização da cirurgia, seu sucesso e sua permanência até o final da vida
sem retornar a engordar.
Há preocupações constantes como o retorno da obesidade o que pode muitas vezes
afeta o indivíduo pós procedimento, seja na sua saúde física e ou mental. Principalmente
nas pessoas que já possuíam alguma forma de sofrimento psíquico, não é raro encontrar
alterações comportamentais nesses sujeitos.
A obesidade muitas vezes vem acompanhada de comorbidades psiquiátricas e
entre elas a mais comum são os transtornos de depressivos.
O psicólogo, durante o processo de avaliação deve estar preparado para investigar
aspectos emocionais, psiquiátricos e cognitivos que podem influenciar o resultado da
operação. Para tal finalidade, a observação clínica, a entrevista clínica, a anamnese e a
testagem psicológica aparecem como recursos valiosos para a obtenção de informações
sobre o funcionamento psicológico do paciente.
Para tal finalidade, a entrevista clínica semiestruturada ampla e detalhada e a uma
bateria de testes psicométricos e projetivos aparecem como recursos valiosos para a
obtenção de informações sobre o funcionamento psicológico do paciente.
A entrevista semiestruturada é utilizada como forma de obter dados qualitativos
acerca da história e do repertório do paciente devendo avaliar informações como: peso,
dieta e histórico nutricional; comportamentos alimentares atuais; histórico médico;
entendimento dos procedimentos cirúrgicos, riscos e regime pós-operatório; motivação e
expectativas quanto ao resultado cirúrgico; relacionamentos e sistema de apoio;
funcionamento psiquiátrico; os recursos cognitivos para enfrentamento do pós-cirúrgico,
identificar as funções emocionais do comer, entre outros aspectos relevantes.
O comportamento, a presença de sintomas psiquiátricos, a compreensão quanto
ao procedimento cirúrgico, o comportamento alimentar, o nível de estresse, a presença de
ambiente estável e apoiador, as expectativas e os motivos que levaram à decisão quanto
à operação são aspectos geralmente investigados durante a entrevista psicológica,
conferindo caráter único à avaliação psicológica pré-cirúrgica, diferenciando-a das
avaliações psicológicas tradicionais.
A testagem psicológica visa obter medida objetiva do ajustamento psicológico do
paciente e de seu preparo para o procedimento, sendo considerada ferramenta
imprescindível de coleta de informações, para complementar os dados subjetivos
coletados durante a entrevista clínica.

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Apesar das informações disponíveis quanto à condução da avaliação psicológica,


incluindo os aspectos importantes a serem avaliados e os recursos mais utilizados, não há
delimitações de tempo em relação à duração do processo de avaliação pré-operatória.
Essa falta de clareza quanto à duração da avaliação psicológica gera incerteza em relação
ao número de sessões destinado a tal finalidade. Contudo, por conta da necessidade da
aplicação de testes psicológicos e da realização de entrevista clínica, infere-se que o
processo exija mais do que uma sessão.
Recomenda-se no mínimo 3 encontros (consultas), porém depende da escolha de
métodos e técnicas adequados à coleta de dados, análise do material, devolutiva e
elaboração do relatório. O número de encontros deve contemplar as condições
emocionais do paciente e do serviço. O profissional deve sempre facilitar o engajamento
do paciente no tratamento multidisciplinar em longo prazo.

A ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS E TESTES PSICOLÓGICOS


Em relação aos testes psicológicos, não se propõe uma bateria-padrão, sendo que
as escolhas dos instrumentos dependem de vários aspectos: quem formula o pedido, a
idade cronológica, o nível sociocultural e o grupo étnico do paciente, casos com déficit
sensorial ou comunicacional; o momento vital, o contexto espaço-temporal em que se
realiza.
Para a testagem psicológica formal, os
instrumentos de avaliação mais utilizados são os
inventários de sintomas e os testes de personalidade.
Segue bateria de testes psicológicos para a
avaliação, reforçando que a escolha depende, também, da
preferência e conhecimento do profissional. Os recursos
abaixo listados são, apenas, sugestões.
Personalidade e Projetivos:
▪ As Pirâmides Coloridas de Pfister;
▪ Palográfico;
▪ Bateria Fatorial de Personalidade (BFP);
▪ HTP – Técnica Projetiva de Desenho.

Inventários e Escalas:
▪ Escalas Beck: Inventário de Depressão Beck (BDI), Inventário de
Ansiedade Beck (BAI), Escala de Desesperança Beck (BHS), Escala de
Ideação Suicida Beck (BSI) – Desfavorável desde 11/04/2018 – estudos
de normatização vencidos;
▪ ISSL - Inventário de sintomas de stress para adultos de Lipp - Teste com
normas não favoráveis conforme parecer do Satepsi;
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▪ Inventário de Depressão de Beck (BDI-II);


▪ IPSF - Inventário de Percepção de Suporte Familiar;
▪ EPR – Escala dos Pilares da Resiliência;
▪ EBADEP-A Escala Baptista de Depressão Versão Adulto;
▪ Inventário Fatorial de Personalidade (IFP-II);
▪ Escala Baptista de Depressão – Versão Adulto (EBADEP-A);
▪ Escala de Avaliação da Impulsividade – Formas A e B (EsAvl-A e EsAvl-
B);
▪ Escala de Percepção do Suporte Social – Versão Adultos (EPSUS-A);
▪ Inventário de Habilidades Sociais 2 (IHS 2 Del Prette).

Inteligência (caso seja identificado dificuldades nas habilidades intelectuais no


paciente):
▪ Tese de Inteligência Geral – Não Verbal (TIG-NV);
▪ R-1 - Teste não Verbal de Inteligência;
▪ G-36 Teste não-verbal de inteligência;
▪ G-38 Teste não-verbal de inteligência.

Outros Instrumentos de Avaliação não restrito ao psicólogo:


o Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ANEXO I)
o Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26) (ANEXO II)
o Teste de investigação bulímica de Edimburgo (*) (ANEXO III)
o Questionário sobre a imagem corporal (BSQ) (ANEXO IV)
o Escala de Figuras de Stunkard - Figure Rating Scale (FRS) (ANEXO V)
o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (ANEXO VI)
o Anamnese Pré-Operatória (ANEXO VII)

Sugestões de atividades lúdicas:


❖ Diário Alimentar x Sentimentos (ANEXO VIII)
❖ Desenho: antes e depois da cirurgia
❖ Colagens: expectativas após cirurgia
❖ A história do meu corpo
❖ Carta para você: “após a cirurgia”.

Guia Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica


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O ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO PÓS-CIRÚRGICO


O acompanhamento psicológico no pós-cirúrgico é necessário para o bom
prognóstico, pois os fatores psicossociais e comportamentais influenciam a boa evolução
do paciente. Destacam-se as mudanças no comportamento alimentar exigidas pela
cirurgia e também as mudanças na imagem corporal proporcionadas pelo emagrecimento.
Em muitos casos o emagrecimento súbito incorre em quadros psiquiátricos, tais
como: sintomas depressivos, ansiedade, uso de substâncias, alterações comportamentais
e ideação suicida, dentre outras situações, associadas às mudanças emocionais que o
paciente vivencia com o novo estado físico e psíquico.
É a partir deste momento que começam a se apresentar, verdadeiramente, para
esses sujeitos os problemas que terão que enfrentar. Até o momento da cirurgia, por mais
que tenham sido orientados e esclarecidos quanto às dificuldades, estavam, digamos,
fascinados com a certeza de resolverem todos os seus problemas a partir da cirurgia,
como que num passe de mágica.
Ao passar por esse
marco, que é a cirurgia,
inicia-se uma fase de
intensos desafios, talvez até
maiores que antes, pois
todo o sistema defensivo
que era mantido em torno
da alimentação e da
obesidade fica impedido. O
sujeito deve, rapidamente, aprender a lidar com suas angústias através de outros meios.
Isso nem sempre é possível, deixando então abertos inúmeros canais patológicos.
Uma primeira reação que se apresenta na quase totalidade dos pacientes é o certo
"triunfar" sobre a condição anterior de obesidade. É como se todo o problema houvesse
sido derrotado pela cirurgia. Essa reação é intensamente reforçada pela perda de peso
visível, pelo reforço positivo dado pela equipe, pelos familiares e pelos demais pacientes.
Esse é um primeiro tempo definido pela própria equipe e pelos pacientes como de lua de
mel, dentro do qual a perda de peso é tão evidente e o reforço positivo da equipe e dos
pacientes é tão presente, que acaba compensando qualquer sofrimento. O paciente sente-
se na "vitrine da moda", e todo aquele sofrimento advindo da exclusão social, da rejeição
por ser gordo, da ferida narcísica que representa um corpo fora dos padrões, de repente
se reverte.
Contudo, como toda lua de mel, tal período vai pouco a pouco terminando. No
lugar dele, vão aparecendo outros sentimentos, que por vezes "parecem vir do nada": uma
angústia, uma sensação de tédio indefinida, um vazio, algo que fica faltando, sentimento
de tristeza, uma vontade de ficar beliscando, o tempo todo, alguma coisa, mas ainda assim
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a perda de peso continua visível, o trauma físico da cirurgia vai cicatrizando, uma coisa
equilibra a outra e a disposição de continuar lutando permanece.
O acompanhamento psicológico bariátrico consiste em encontros mensais para
tratar de assuntos relativos à evolução do paciente, solucionar possíveis dúvidas e rever
as orientações para as próximas etapas bariátricas.
Já a psicoterapia exige encontros mais frequêntes, geralmente semanais, e pode
ser indicada pelo profissional de saúde ou partir do desejo do próprio paciente para se
aprofundar e tratar de suas questões psicológicas, não necessariamente relacionadas à
cirurgia bariátrica.
Todas essas formas de tratamento psicológico são válidas e importantes para que
o paciente evolua da melhor forma.
Aspectos que se apresentam após a cirurgia que devem ser considerados no
tratamento psicológico:

Percurso do Paciente Acompanhamento Psicológico

Período pós-cirúrgico imediato:


paciente debilitado (estresse cirúrgico),
fase de recuperação, dor, desconforto,
adaptação à dieta liquida, perda de
autonomia momentânea, expectativas,
ansiedade e insegurança, tudo contribuiu
O acompanhamento psicológico é
para desestabilização psicológica e não
voltado geralmente para a adaptação aos
há um resultado visível quanto ao
novos hábitos.
emagrecimento.

Após 30 dias de dieta líquida segue-se a


adaptação à dieta sólida e novamente
inseguranças, medo de “intalar”.

Após três meses – fase da “lua-de-mel” Nesse período muitos pacientes


com a cirurgia, o emagrecimento começa desaparecem da psicoterapia por não
a ser notado por todos (elogios), aumento sentirem necessidade.
da disposição e do bem-estar, paciente Nesse momento estão se sentido tão bem
investe mais em si. como nunca antes: autossuficientes,
autoestima elevada e, às vezes, eufóricos.
Após 6 a 8 meses – perda de peso em Quando persistem, a psicoterapia trabalha
torno de 30%. Tudo é novidade (cruzar a nova imagem corporal e as

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pernas, caminhar sem ficar ofegante, repercussões dela na personalidade do


comprar roupas em lojas comuns, etc). indivíduo.

O corpo até então “ignorado” passa a


Conflitos básicos emergem e se não
estar em evidência e se torna alvo de
forem
observações e elogios. Dificuldades
tratados o paciente começa a se boicotar
emocionais que estavam encobertas pela
para evitar sofrimento.
gordura tendem a surgir.

Requer nova aprendizagem social.


Fase de grandes mudanças,
A exposição a determinadas situações de
multiplicidade de opções. Passa de uma
que antes era protegido pela obesidade
posição passiva para uma postura mais
gera ansiedade e angústia. Adaptações
participante e ativa na vida. Expõe-se
nos
mais física e emocionalmente
relacionamentos familiares, afetivos,
(sexualidade, competitividade, etc).
sexuais e profissionais.

Nesse momento a depressão pode se


instalar, pois, o objetivo foi alcançado,
Em torno de um ano – o peso se
mas, nem todos os problemas foram
estabiliza. Todos já se acostumaram com
resolvidos magicamente (relações
o significativo emagrecimento, diminuem
interpessoais conflituosas, problemas
os elogios, tudo entra numa rotina.
profissionais).

O boletim da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa (2008), que


avalia tecnologias em saúde, também especula acerca do risco de suicídio na população
que se submete à cirurgia bariátrica, aconselhando que se acompanhe o pós-operatório de
tais pacientes. Assim, mecanicamente impedido de comer, ou seja, de utilizar o alimento
como estratégia de fuga-esquiva, sem nenhum repertório alternativo para lidar com tal
contingência, enxerga no ato suicida uma alternativa extrema na classe de respostas de
fuga e esquiva.
Estressores produzidos tanto na esfera pessoal quanto produto das questões sociais
podem ser os principais motivadores do ato suicida, contendo diversas facetas, tais como:
a pressão social para rápida perda de peso, a falta de repertório para lidar com situações
de exposição social, a dificuldade em lidar com as mudanças físicas consequentes da
cirurgia e etc.
Desse modo, lidar com as mudanças advindas do processo cirúrgico é algo
complexo e que exige repertório alternativo por parte do obeso. Por isso, defende-se que
a avaliação deve ser criteriosa e que o acompanhamento psicoterápico pré e pós-cirúrgico,
deva incluir o desenvolvimento de repertórios no cliente, ajudando a diminuir o risco de
ideação suicida.
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A ameaça aparece quando a realidade de que o peso pode voltar


a aumentar, apesar da cirurgia, se impõe. É nesse momento – e aqui já
se passou 1 ano ou um pouco mais após a cirurgia – que o sintoma
"obesidade", que foi impedido pela cirurgia, pode, se não houve um
acompanhamento terapêutico satisfatório, começar a buscar novas vias
de expressão. Observa-se duas vias principais que podem se formar: a
via depressiva e a via da compulsão.
A primeira começa com sintomas vagos: sensação de vazio, perda de interesse por
coisas que anteriormente eram muito valorizadas, perda de eficiência no trabalho e
angústia. Pode, nos casos mais graves, encaminhar para transtornos depressivos.
A segunda via que pode se abrir é a da compulsão. Vê-se com muita frequência
que passado o primeiro momento de triunfo sobre o sintoma, o traço impulsivo, existente
já na base da personalidade do obeso começa, pouco a pouco, a se fazer presente e
pressionar o indivíduo em direção ao alimento. Instala-se o terror e o fascínio pelas
bolachas que dissolvem na boca, pelo biscoito de polvilho, pelo leite condensado, pelo
sorvete e o chocolate. Uma verdadeira batalha interna se impõe. Um descuido e o peso
começa a subir de novo.
O boletim expedido pela Anvisa (2008) cita uma situação denominada como troca
de compulsão, por parte do paciente obeso operado, do alimento para o abuso de drogas
lícitas ou ilícitas. Pode haver, também, abuso de álcool e outras drogas por parte destes
pacientes. A comida é tida como “fuga” de angústias e estados emocionais desagradáveis,
desse modo, ao passo que tais pacientes, submetidos à cirurgia bariátrica não podem
repetir este padrão comportamental frente às situações estressoras, observa-se que novos
repertórios de esquiva são selecionados, buscando-se uma saída rápida que amenizem
estados corporais desagradáveis, como ocorria na relação com alimento, pelo uso de
álcool e drogas. Nestes casos, as drogas oferecem o acesso ao reforço que a comida antes
propiciava, logo, o repertório de uso de tais substâncias pode ser selecionado.
Além disso, junto com a nova formatação corporal, as relações familiares e sociais
também sofrem alterações. Então, novos fatores estressores podem surgir. Casos de
ciúmes, rivalidades, desejos de liberdade etc. Ou o contrário, muitas vezes, as condições
de isolamento, depressão, baixa autoestima (dentre outros) permanece, mas agora sem a
possibilidade de utilização da comida como fonte de reforço e esquiva.
Aproximadamente 20% dos pacientes bariátricos falham no tratamento e
recuperam o peso (nos primeiros dois anos) = recidiva.
✓ Dificuldade de adaptação a nova imagem: não se reconhece;
✓ Insatisfação com flacidez da pele;
✓ Efeito Platô: peso corporal se estabiliza devido a adaptação do corpo a restrição
de alimento;
✓ Dificuldades relacionadas a alimentação e mudança de hábitos.
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CONHECENDO O PROCEDIMENTO BARIÁTRICO

CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO PARA CIRURGIA


As cirurgias bariátricas, independentemente da técnica a ser utilizada, estão
indicadas nas situações abaixo relacionadas.

• Em relação à massa corpórea:


IMC > 40, independentemente da presença de comorbidades e com falha
documentada de tratamentos conservadores prévios (perda insuficiente ou recuperação
de peso) realizados durante pelo menos dois anos;
IMC entre 35 e 40 na presença de comorbidade desencadeadas ou agravadas pela
obesidade e com falha documentada de tratamentos conservadores prévios (perda
insuficiente ou recuperação de peso) realizados durante pelo menos dois anos;
IMC entre 30 e 35 na presença de comorbidade que tenham obrigatoriamente a
classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. Também
obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por
um(a) endocrinologista. A equipe cirúrgica e a instituição hospitalar
envolvidas devem manter registro de “indicação especial por
comorbidade grave” nestes casos, anexando documento emitido por
especialista na área respectiva da doença (cópia no prontuário médico
e com o cirurgião).
Índice de Massa Corpórea (IMC): índice utilizado para se
relacionar peso e altura. Calculado pela fórmula: I.M.C. = peso (kg) /
altura 2 (m)
Tabela de IMC

Categoria IMC
Abaixo do peso Abaixo de 18,5
Peso normal 18,5 – 24,9
Sobrepeso 25,0 – 29,9
Obesidade Grau I 30,0 – 34,9
Obesidade Grau II 35,0 – 39,9
Obesidade Grau III 40,0 e acima

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➢ Peso Saudável equivale ao peso Normal.


São usuais as seguintes denominações:
✓ Obesidade grau I: obesidade leve
✓ Obesidade grau II: obesidade moderada
✓ Obesidade grau III: obesidade grave ou mórbida
✓ Paciente com IMC acima de 50: super obeso

• Em relação ao tempo da doença:


Apresentar IMC e comorbidades em faixa de risco há pelo menos 2 anos e ter realizado
tratamentos convencionais prévios e ter tido insucesso ou recidiva do peso, através de
dados na história clínica. Essa exigência não se aplica: em casos de pacientes com IMC
maior que 50 e para pacientes com IMC entre 35 a 50 com doenças de evolução
progressiva ou risco elevado.

• Em relação à idade:
Abaixo de 16 anos: não há estudos suficientes que corroborem esta indicação,
com exceção aos casos de Prader-Wille ou outras síndromes genéticas similares, quando
a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que, nessa faixa etária, os riscos
sejam avaliados por 2 cirurgiões bariátricos e pela equipe multidisciplinar. A operação
deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar por
longo prazo o paciente. Por outro lado, não há dados seguros também que contraindiquem
os procedimentos ou comprovem haver prejuízos aos pacientes submetidos a cirurgias da
obesidade nesta faixa etária.
Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o
responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar.
Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.
Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar,
considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios
do emagrecimento. Levar em conta na escolha do procedimento limitações orgânicas da
idade, como dismotilidade esofágica e osteoporose. Não há contraindicação formal em
relação a essa faixa etária isoladamente.

Características adicionais obrigatórias a todos pacientes:


✓ Ausência de causas secundárias da obesidade;
✓ Capacidade intelectual para compreender todos os aspectos do
tratamento;
✓ Compromisso com o seguimento pré e pós-operatório;
✓ Ausência de dependência química a álcool e/ou drogas ilícitas;
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✓ Ausência de distúrbio psicótico grave (consulta com psiquiatra se


necessário) ou história de tentativa de suicídio nos últimos 12 meses.

CONTRAINDICAÇÕES E CONDIÇÕES ADVERSAS


As situações abaixo configuram condições adversas à realização dos atuais
procedimentos cirúrgicos para controle da obesidade:
✓ Risco anestésico classificado como ASA IV.
✓ Hipertensão portal com varizes esofagogástricas.
✓ Limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar
adequado.
✓ Quadro de transtorno psiquiátrico atual não controlado, incluindo-se
uso de álcool ou drogas ilícitas.
✓ Insuficiência orgânica grave;
✓ Doença neoplásica, infecciosa e inflamatória em atividade.
✓ Observação: Quadros psiquiátricos graves, porém sob controle, não
contraindicam os procedimentos.
Além das contraindicações mencionadas anteriormente,
outros fatores que podem adiar ou indeferir a operação envolvem:
falta de compreensão quanto aos riscos, benefícios e resultados do
procedimento cirúrgico; resistência em aderir às recomendações pós-
operatórias; múltiplas tentativas de suicídio ou tentativa de suicídio
recente; sintomas ativos de transtorno obsessivo-compulsivo e de
transtorno bipolar; estressores de vida severos; uso de nicotina.
Um aspecto polêmico quanto à cirurgia bariátrica é a compulsão alimentar ou
binge eating, visto que as opiniões se encontram divididas quanto a este quesito. Alguns
defendem que a compulsão alimentar pode sofrer remissão após o procedimento e,
portanto, não deve ser compreendida como contraindicação, mas como fator a ser
avaliado com atenção. Outros apontam que apenas uma parte dos pacientes com
compulsão alimentar anterior à operação retorna a esse comportamento e que, novamente,
a compulsão não deve ser vista como contraindicação, mas como um tópico a ser
abordado antes da operação.
Grande parte das pesquisas ressaltam que pacientes com compulsão alimentar não
devem ser tratados cirurgicamente até que o comportamento alimentar seja normalizado
através de terapia. Outros autores apontam apenas a bulimia nervosa como clara
contraindicação cirúrgica, mas não a compulsão alimentar.
Orienta-se que a ingestão de álcool seja restrita e até mesmo proibida, visto que a
absorção do álcool torna-se mais rápida, podendo levar a um quadro de dependência.
PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO

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Consultas pré-operatórias: Cirurgião(ã), Clínico(a) ou Cardiologista, Psiquiatra,


Psicólogo(a) e Nutricionista.
Informações na Fase Preparatória: recomenda-se que o paciente e seus familiares
tenham amplo acesso às informações sobre os riscos, benefícios e opções de técnicas
cirúrgicas. Estas devem ser fornecidas em consultas detalhadas com a equipe
multidisciplinar ou através de reunião preparatória com a equipe responsável.
Consentimento Informado: A utilização do Consentimento Informado no pré-
operatório de cirurgias bariátricas é obrigatória.
O paciente tabagista deve parar de fumar pelo menos 8 a 12 semanas antes da
cirurgia para minimizar o risco de complicações tromboembólicas e infecciosas. A
suspensão de contraceptivos orais e terapia de reposição hormonal por 1 mês antes da
cirurgia reduz o risco de tromboembolismo.
Mulheres em idade reprodutiva devem ser aconselhadas a utilizar um método
contraceptivo seguro para prevenir gestação até estabilizar o peso no pós-operatório, pelo
menos nos primeiros 12 meses de pós-operatório, não
havendo consenso em relação à segurança dos
contraceptivos orais após cirurgia bariátrica. Mulheres em
idade fértil devem realizar um beta-hCG.
Relações sexuais liberadas após o 20º dia do pós-
operatório.

TÉCNICAS CIRÚRGICAS
As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento. Existem três
procedimentos básicos em cirurgia bariátrica e metabólica, que podem ser feitos por
abordagem aberta, por videolaparoscopia, robótica e mais atualmente (ainda em
protocolo de estudo) por procedimento endoscópico, teoricamente menos invasiva, mais
confortável ao paciente, mas que ainda não se sabe de fato o alcance de seus resultados
em perda de peso e em perfil de paciente.
Os procedimentos são didaticamente divididos e classificados em:
Restritivos: são procedimentos que diminuem a quantidade de alimentos que o
estômago é capaz de receber, restringem a quantidade e induzem a sensação de saciedade
precoce. Existem cirurgias que são procedimentos puramente restritivos, que não alteram
a fome do paciente e os procedimentos que são restritivos e metabólicos, pois além de
induzir à saciedade precoce reduzem também o grau de fome.
Disabsortivas: são cirurgias que teoricamente alteram pouco o tamanho e a
capacidade do estomago em receber alimentos. Alteram drasticamente a absorção dos
alimentos a nível de intestino delgado, conhecidas como cirurgias de by-pass intestinal
ou cirurgias de desvio intestinal.
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Na verdade, são cirurgias que por causarem um grande desvio intestinal, por
reduzirem o tempo do alimento no trânsito pelo intestino delgado reduzem a capacidade
de absorção do mesmo, com isso, por diminuição de absorção acabam induzindo ao
emagrecimento.
As cirurgias disabsortivas podem ser também puramente intestinais, ou seja, não
alteram o tamanho do estomago (hoje em dia em desuso) ou também pode acrescentar
uma parte metabólica, ao se realizar também uma parte gástrica ao procedimento
intestinal, deixando de ser puramente disabsortiva. São cirurgias em que o paciente deve
estar ciente da necessidade e da importância do controle dos micronutrientes (vitaminas).
Técnicas mistas: são consideradas as cirurgias de ouro, são cirurgias que
apresentam elevados índices de satisfação, excelente controle das doenças associadas,
excelente manutenção do peso perdido a longo prazo. São as cirurgias mais realizadas no
Brasil e no mundo. Essa técnica causa uma restrição na capacidade de receber o alimento
pelo estômago que se encontra pequeno e possui um desvio curto do intestino com
discreta má absorção de alimentos. E conhecida como cirurgia de yy-pass gástrico ou
cirurgia de fobi-capella.
Cirurgia Laparoscópica: técnica cirúrgica em que se realiza a mesma cirurgia
através de pequenos orifícios, nos quais se introduz longas pinças cirúrgicas e se realiza
o procedimento através de uma televisão ou monitor cirúrgico. É considerada
“minimamente invasiva”, aplicável em todas as técnicas cirúrgicas a videolaparoscopia
representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina.
No tratamento da obesidade, as cirurgias do gênero se diferenciam da
convencional, aberta (laparotomia), em função do acesso utilizado. Na cirurgia aberta, o
médico precisa fazer um corte de 10 a 20 centímetros no abdômen do paciente. Na
videolaparoscopia são feitas de quatro a sete mini incisões de 0,5 a 1,2 centímetros cada
uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo.
Das quase 60 mil cirurgias bariátricas realizadas em 2010 no Brasil, 35% foram
feitas via videolaparoscopia. A taxa de mortalidade média é de apenas 0,23% – abaixo do
índice de 1% estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) –, contra 0,8% a
1% da cirurgia aberta (laparotomia). Vale lembrar que, em algumas situações, raras, o
cirurgião pode precisar converter a videolaparoscopia em cirurgia aberta. Essa decisão é
baseada em critérios de segurança e só pode ser tomada durante o ato operatório.
As vantagens são inúmeras, com as técnicas de videolaparoscopia, menos dor no
pós-operatório, menos complicação na ferida operatória, menor índice de infecção, tempo
de internação hospitalar e recuperação mais rápida pós-operatória, rápido retorno as
atividades laborais, menor incidência de hérnias incisionais, além de esteticamente
superior, com a mesma eficácia da laparotomia.
São aprovadas no Brasil quatro modalidades diferentes de cirurgia bariátrica e
metabólica (além do balão intragástrico, que não é considerado cirúrgico):

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Bypass Gástrico (gastroplastia com desvio intestinal “Y de Roux”)


Estudado desde a década de 60, o by-pass gástrico é a
técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a
75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e,
principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia
perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse
procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do
estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do
intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão
saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor
ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao
emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças,
como a hipertensão arterial.
Uma curiosidade: a costura do intestino que foi desviado
fica com formato parecido com a letra Y, daí a origem do nome.
Roux é o sobrenome do cirurgião que criou a técnica.

Banda Gástrica Ajustável


Criada em 1984 e trazida ao Brasil em 1996, a
banda gástrica ajustável representa hoje menos de 1% dos
procedimentos realizados no País e praticamente se
encontra abandonada.
Apesar de não promover mudanças na produção de
hormônios como o by-pass, essa técnica é bastante segura
e eficaz na redução de peso (50% a 60% do excesso de
peso inicial), o que também ajuda no tratamento de todas
as doenças.
Um anel de silicone inflável e ajustável é instalado
ao redor do estômago, que aperta mais ou menos o órgão,
tornando possível controlar o esvaziamento do estômago.
E uma técnica puramente restritiva e tem contra ela a
presença do anel, que é uma prótese, podendo a qualquer
momento apresentar problemas e complicações decorrentes de sua presença na cavidade
abdominal.

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Gastrectomia Vertical
Também conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de camisa. Esse
procedimento e considerado restritivo e metabólico e nele o estômago é transformado em
um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros
(ml).
Essa intervenção também provoca uma boa perda
de peso, comparável à do by-pass gástrico e maior
que a proporcionada pela banda gástrica ajustável.
É um procedimento que já é feito há mais de 20
anos, tem boa eficácia sobre o controle da
hipertensão e de doenças dos lipídeos (colesterol
e triglicérides).
Atualmente vem crescendo muito o número de
cirurgiões que acreditam nos resultados desta
técnica, inclusive para controle do diabetes.
Estima-se que em pouco tempo será a cirurgia
mais feita no Brasil e no mundo.

Duodenal Switch
É a associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal.
Nessa cirurgia, 60% do estômago são retirados, porém a anatomia básica
do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas.
O desvio intestinal reduz a absorção dos nutrientes, levando ao
emagrecimento. Criada em 1978, a técnica corresponde a 5% dos
procedimentos e leva à perda de 75% a 85% do excesso de peso inicial.

Terapia auxiliar – Balão Intragástrico


Reconhecido como terapia auxiliar para preparo pré-operatório,
trata-se de um procedimento não cirúrgico, realizado por
endoscopia para o implante de prótese de silicone, visando
diminuir a capacidade interna gástrica e com isso provocar
saciedade precoce.
O balão é preenchido com 500 ml de líquido azul, chamado de
azul de metileno e que em caso de vazamento ou rompimento será expelido pela urina
que ficara com a cor verde ou azul clara. O paciente pode ficar com o balão por um
período médio de seis a oito meses. É indicado para pacientes com sobrepeso que não

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possuem indicação de cirurgia ou nos super obesos que estejam no pré-operatório (IMC
acima de 50 kg/m2).

O paciente com aderência ao acompanhamento pós-operatório poderá ser


submetido à cirurgia plástica reparadora do abdômen, das mamas e de membros,
conforme as orientações para indicação de cirurgia plástica reparadora pós-cirurgia
bariátrica. Tipos: mamoplastia, abdominoplastia, torsoplastia, excesso de pele no braço e
coxa.

BENEFÍCIOS DA CIRURGIA BARIÁTRICA


Maior controle do peso corporal promovido pela cirurgia
bariátrica promove melhora das comorbidades relacionadas à
obesidade, do estado psicossocial e da qualidade de vida. O
paciente submetido à Cirurgia Bariátrica frequentemente evolui com melhora de diabetes
mellitus tipo 2, hipertensão arterial, função cardíaca, perfil lipídico, função respiratória,
doenças do sono, doença articular degenerativa, infecções, refluxo gastroesofágico,
mobilidade, estase venosa, esteatoepatite não alcoólica, asma, síndrome dos ovários
policísticos, infertilidade e complicações gestacionais, embora o risco de neonato com
baixo peso ou prematuro seja maior em mulheres operadas. Há possibilidade de remissão
de sintomas de ansiedade e depressão, melhora no funcionamento sexual, aumento no
nível de atividade.
A perda média de 61% do excesso de peso se relaciona à melhora de diabetes,
hipertensão, síndrome de apneia obstrutiva do sono e dislipidemia. A perda de 20 a 30
kg, mantida após dez anos, ocasiona à redução das comorbidades e da taxa de mortalidade
para menos de 1% em pacientes com IMC superior a 40 kg/m2.

COMPLICAÇÕES
As complicações pós-operatórias mais comuns de todas as
técnicas descritas são tromboembolismo pulmonar, deiscência da
sutura, fístulas, estenoses, infecções e hemorragia (mais comuns
no pós-operatório precoce), hérnia interna e obstrução intestinal
(mais comuns no pós-operatório tardio). Nas técnicas
disabsortivas há maior risco de se desenvolver diarreia com
flatulência excessiva e desnutrição proteica, mais anemia
ferropriva, deficiência de vitaminas e doenças osteometabólicas são comuns.
A Síndrome de Dumping é uma complicação comum, ocorre quando há a
passagem do conteúdo gástrico para o intestino de forma muito rápida gerando sintomas
desagradáveis.

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- Síndrome Precoce: 30 a 60 minutos após alimentação. Sintomas: diarreia,


náuseas, cefaleia e rubor.
- Síndrome Tardia: 1 a 3 horas após alimentação. Sintomas: hipoglicemia,
dificuldades de concentração, redução da consciência, fome e perspiração (eliminação
grande de suor).
- Evitar: açúcar e carboidratos, mastigação adequada, fracionamento de
refeições, evitar ingestão de líquido com refeições e aumento no consumo de fibras.

Outras complicações e manifestações clínicas comuns na cirurgia bariátrica:


✓ Distúrbios ácido-básicos (acidose metabólica, cetoacidose);
✓ Hiperproliferação bacteriana (Distensão abdominal, pseudo-obstrução,
diarreia noturna, artralgia);
✓ Anormalidades eletrolíticas (Hipocalcemia, hipokalemia,
hipomagnesemia, hipofosfatemia);
✓ Deficiência vitamínica (Deficiência de vitaminas A, D, E e K, Deficiências
de ácido fólico e de vitamina B12, anemia);
✓ Deficiência de ferro (anemia que pode necessitar de ferro endovenoso e
transfusão);
✓ Osteoporose (fraturas);
✓ Deficiência de tiamina (Síndrome de Wernicke-Korsakoff);
✓ Deficiência de vitamina B12 (Neuripatia periférica e anemia).
Os pacientes no pós-operatório devem ser regularmente seguidos por meio de
consultas ambulatoriais, orientações nutricionais e exames laboratoriais para detectar
precocemente alterações metabólicas e nutricionais.

ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PÓS-CIRÚRGICO


I. Pós-operatório imediato
Após liberação do jejum, inicia-se dieta líquida em uma fase de adaptação. A
introdução dos alimentos é feita gradativamente, iniciando com água, chás, sucos, sopas
e leite, sendo que o paciente é orientado a ingerir pequenas porções por vez. No momento
da alta hospitalar o paciente deve estar recebendo dieta líquida, fracionada em 15
refeições/dia, com aproximadamente 1000 kcal/dia (2 l/dia), e deverá mantê-la durante
aproximadamente 30 dias.

II. Pós-operatório tardio:


Após o primeiro mês a alimentação deve progredir para pastosa durante 1 mês, e
depois ara geral, fracionada em 6 a 7 refeições/dia, de acordo com a tolerância e as

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necessidades individuais. A evolução de cada paciente é variável e a escolha de cada


alimento deve ser acompanhada cuidadosamente para evitar desconforto digestivo como
dor, náuseas e vômitos. Considerando que a alimentação passa a ser mais consistente,
deve-se orientar mastigar exaustivamente os alimentos.

Orientações complementares:

❖ Mastigar bem os alimentos;


❖ Evitar o hábito de “beliscar”;
❖ Consumir carnes magras;
❖ Incluir na rotina habitual frutas, verduras e legumes;
❖ Dar preferência para carboidratos integrais (pão integral, arroz integral);
❖ Evitar frituras e alimentos gordurosos;
❖ Atenção com o consumo de doces, principalmente preparações com alta
densidade calórica, tais como, milkshake, sorvete, brigadeiro, etc;
❖ Evitar o consumo de bebida alcoólica/ não consumir;
❖ Realizar atividade física com frequência;
❖ Fazer acompanhamento regular com equipe multidisciplinar.

Um assunto que provoca muita discussão


atualmente é o aumento de peso após certo tempo de
realização da cirurgia.
Isso pode acontecer em cerca de 10% a 15%
dos pacientes e na grande maioria dos casos ocorre
quando o paciente não assume hábitos saudáveis
recomendados, que foram orientados desde antes da operação, como a adoção de dieta
menos calórica e mais nutritiva, além da prática de exercícios físicos.

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PROTOCOLO CLÍNICO DE COESAS (COMISSÃO DAS ESPECIALIDADES


ASSOCIADAS) DA SBCBM (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA
BARIÁTRICA E METABÓLICA) SOBRE A ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA
NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE

Elaborado por 13 psicólogas da COESAS da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica


e Metabólica, documento tem o objetivo de promover melhorias nos serviços prestados
pelos profissionais de psicologia, tanto no pré quanto no pós-operatório, além de
fomentar pesquisas na área

Num cenário crescente da obesidade e cirurgias bariátricas, 13 psicólogas da


COESAS – Comissão das Especialidades Associadas, da SBCBM, acabam de elaborar
um protocolo clínico em psicologia, para orientar os profissionais desta área que atuam
no segmento de cirurgia bariátrica. Entre as recomendações destaque para o número
mínimo de três consultas com o psicólogo no pré-operatório; inscrição de pelo menos
dois anos no Conselho Regional de Psicologia e título de especialista em Psicologia
Clínica e/ou Psicologia Hospitalar e embasamento técnico-científico consistente e
atualizado em Psicologia, obesidade, transtornos alimentares e Cirurgia Bariátrica e
Metabólica.

O protocolo foi estruturado em três fases: pré-operatória, transoperatória e


internação e pós-operatória e follow-up. Em cada etapa as profissionais detectaram os
principais objetivos a serem alcançados para que o paciente tenha total adesão ao
tratamento e as metodologias e intervenções que devem ser aplicadas da maneira que
tanto o paciente quanto os familiares respondam positivamente a cada fase, contribuindo
com o êxito da cirurgia.

O material para elaboração do protocolo foi compilado entre março de 2013 e


novembro de 2014, a partir dos relatos das experiências clínicas com pacientes bariátricos
das psicólogas participantes, além de referências bibliográficas. O resultado final foi
apresentado e aprovado durante o III Fórum de Psicologia Bariátrica de COESAS,
ocorrido paralelamente ao XVI Congresso da SBCBM, no Rio de Janeiro em novembro
passado (quadro abaixo).

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Estrutura do Protocolo

Protocolo da assistência psicológica no tratamento cirúrgico da obesidade: fases,


principais objetivos e metodologias e intervenções
Fases Principais objetivos Metodologias e
intervenções

₋ Identificar o paciente: histórico da obesidade e ₋ Avaliação psicológica


tratamentos; história de vida e familiar (doenças, individual: observação
hábitos, crenças, regras); histórico psiquiátrico e de clínica, entrevista
variáveis que possam prejudicar o sucesso do semiestruturadai,
tratamento (uso de álcool e outras drogas, aplicação de testes
tabagismo, transtornos psiquiátricos); impacto da e/outros instrumentos e
cirurgia, principalmente em casos de técnicas de
psicopatologias; psicodiagnósticoii,
₋ Levantar fatores psicossociais: hábitos alimentares observância das contra-
saudáveis e não saudáveis (adaptativos, e não indicações iii;
adaptativos); motivação para mudanças; ₋ Psicoeducação:
características de personalidade, expectativas com orientações e
Avaliação pré- o tratamento; função do alimento e da obesidade; informações gerais
condições emocionais e estratégias de sobre a Cirurgia
operatória Bariátrica
enfrentamento para lidar com as mudanças
e preparo provocadas e exigidas pela cirurgia; ₋ Atuação em Equipe
comportamentos protetores e de risco; Multiprofissional:
psicoeducacional
₋ Promover autoconhecimento ao paciente Reuniões de
sobre sua relação com a alimentação (função, ideias, Orientaçãoiv, Discussão
fantasias, crenças, hábitos) e facilitar adaptação ao de casos,
tratamento; Encaminhamentos e
₋ Investigar a rede de apoio social do paciente e Pareceres;
propor intervenções para obter apoio compatível ₋ Entrevista com
com as necessidades do paciente e do tratamento; familiares;
₋ Oferecer informações e orientações aos pacientes e ₋ Elaboração de relatório
familiares a fim de promover: participação ativa e conforme Resolução
adesão ao tratamento (pré e pós-operatório), CFP nº 007/2003;
expectativas realistas e reflexões sobre as ₋ Entrevista devolutiva e
transformações que ocorrerão após a cirurgia entrega de relatório.
bariátrica a curto, médio e longo prazo.
Trans-operatória ₋ Favorecer a expressão de emoções e sentimentos; ₋ Acompanhamento
₋ Minimizar a ansiedade e o estresse desencadeados; hospitalar (Centro
(fase facultativa ₋ Auxiliar na compreensão do ato cirúrgico, cirúrgico e Internação);
ou opcional, pois proporcionar um clima de segurança; ₋ Orientação familiar;
depende da ₋ Facilitar a comunicação entre paciente, familiares ₋ Orientação à equipe de
organização do e equipe de saúde. saúde.
serviço)

₋ Ampliar o autoconhecimento do paciente e ₋ Acompanhamento


familiares para facilitar a compreensão e psicológico individual
adaptação ante as mudanças provocadas e exigidas ou em grupo;
Pós-operatória pela cirurgia (hábitos, imagem corporal); ₋ Psicoeducação:
₋ Estimular autocuidado, motivação e adesão ao orientações e
e tratamento e às orientações da equipe; informações gerais
₋ Avaliar a evolução da adaptação ao novo estilo de sobre o pós-operatório;
follow-up vida (prevenção de deficiências nutricionais e ₋ Orientação familiar;
reganho de peso); ₋ Psicoterapia.
₋ Auxiliar o paciente na retomada ou
desenvolvimento de projetos de vida após a
cirurgia;

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₋ Facilitar no manejo de estressores cotidianos e na


busca de qualidade de vida.

i
Sugerida a utilização de um roteiro de entrevista semiestruturada baseado nos objetivos descritos na fase pré-
operatória.
ii
A aplicação e a escolha de testes psicológicos e outros instrumentos ficam a critério do psicólogo. No caso do
uso de testes psicológicos, orienta-se a consulta ao Satepsi, do Conselho Federal de Psicologia; para uso de outros
instrumentos, sugere-se aqueles já validados para a população brasileira. No anexo 1 consta uma lista de testes e
instrumentos de uso corrente pelos profissionais de psicologia que atuam nesse contexto e/ou citados na literatura.
iii
Conforme as legislações, as contraindicações psicológicas são: limitação intelectual significativa em pacientes
sem suporte familiar adequado; quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso abusivo de álcool
ou drogas ilícitas. No entanto, quadros psiquiátricos graves sob o controle não são contraindicações absolutas à
cirurgia. Todavia necessitam de avaliação e acompanhamento psiquiátrico contínuo.
iv
Conforme recomendação das legislações, o paciente e seus familiares devem ter amplo acesso às informações
sobre os riscos, benefícios e opções de técnicas cirúrgicas fornecidas em consultas detalhadas com a equipe
multidisciplinar ou através de reunião preparatória com a equipe responsável.

Na fase pré-operatória, recomenda-se um mínimo de três encontros (consultas).


Todavia, destaca-se que a tarefa de avaliar depende de planejamento prévio com escolha
dos métodos e técnicas adequados para a coleta de dados, análise do material, entrevista
devolutiva e elaboração do relatório. Assim, o número de encontros deve contemplar a
habilidade e a experiência do profissional, a acessibilidade e as condições emocionais
do paciente, bem como as condições do serviço.
Enfatiza-se que a execução de intervenções psicológicas eficazes, em cada fase,
favorece o estabelecimento de condições oportunas para o compromisso pessoal do
indivíduo com a sua escolha e com as repercussões do emagrecimento em sua vida. Para
isso, deve-se privilegiar intervenções que o motivem a aderir ao tratamento
multidisciplinar em longo prazo.

Outras Recomendações:

Profissional de Psicologia
Considerando a especificidade da população assistida e da terapêutica, e o
compromisso ético-profissional da Psicologia, recomenda-se que os (as) psicólogos (as)
que atuam nesse contexto sejam inscritos há pelo menos dois anos no Conselho Regional

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de Psicologia de sua jurisdição, possuam título de especialista2 em Psicologia Clínica e/ou


Psicologia Hospitalar, embasamento técnico-científico consistente, atualizado, não só em
Psicologia, mas também em obesidade, transtornos alimentares e cirurgia bariátrica e
metabólica.
A presença de equipe multiprofissional na assistência ao paciente sugere que o
preparo psicológico seja realizado pelos psicólogos dessa mesma equipe. Sendo assim,
recomenda-se aos cirurgiões bariátricos que encaminhem os candidatos à cirurgia
bariátrica para o psicólogo de sua equipe. Nos casos em que o candidato tenha sido
preparado por profissional de psicologia não pertencente à equipe, recomenda-se pelo
menos uma consulta com a (o) psicóloga (o) da equipe a fim de realizar e alinhar o preparo
psicológico dentro das especificidades do respectivo serviço.

Encaminhamento para avaliação e acompanhamento psiquiátrico


Faz-se necessário encaminhamento para avaliação e acompanhamento psiquiátrico
nos quadros psiquiátricos graves (depressivos, psicóticos, alimentares, de
abuso/dependência de drogas), assim como nos casos de limitação intelectual
significativa como o de Prader Willi.

2
Quanto ao Título de Especialista, o mesmo deve ser reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Recomenda-se consulta à Resolução CFP nº
013/2007.
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REFERÊNCIAS

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.


Diretrizes brasileiras de obesidade 2016 / ABESO - Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. – 4.ed. - São Paulo, SP. Disponível
em: < http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/92/57fccc403e5da.pdf>. Acesso em
19 de maio de 2019.

CAPITAO, Cláudio Garcia; SCORTEGAGNA, Silvana Alba; BAPTISTA, Makilim


Nunes. A importância da avaliação psicológica na saúde. Aval. psicol., Porto Alegre, v.
4, n. 1, p. 75-82, jun. 2005. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712005000100009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 13 maio 2019.

CARMO, Isabel do; FAGUNDES, Maria João; CAMOLAS, José. Cirurgia


bariátrica. Revista Portuguesa de Cirurgia, [S.l.], n. 4, p. 43-50, mar. 2008. ISSN
2183-1165. Disponível em:
<https://revista.spcir.com/index.php/spcir/article/view/264>. Acesso em: 14 maio 2019.

FLORES, Carolina Aita. Avaliação psicológica para cirurgia bariátrica: práticas


atuais. ABCD, arq. bras. cir. escavação. São Paulo, v. 27, supl. 1, p. 59-62,
2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
67202014000600059&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 de maio de 2019.

JUSTINO, Yara; BARBOSA, Anna Paula Sampaio; PIMENTEL, Felipe. Avaliação


psicológica para submissão ao procedimento bariátrico sob um enfoque analítico
comportamental. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v. 18, n. 2, p. 335-347, ago.
2017. Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
00862017000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 13 maio 2019.

LEAL, Cristiano Waihrich; BALDIN, Nelma. O impacto emocional da cirurgia


bariátrica em pacientes com obesidade mórbida. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
81082007000300013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 maio de 2019.

Machado, Adriane Picchetto; MORONA, Valéria Cristina. Manual de Avaliação


Psicológica – Curitiba: Unificado, 2007.

MAGDALENO JR., Ronis; CHAIM, Elinton Adami; TURATO, Egberto


Ribeiro. Palavras psicológicas de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica. Rev.
psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 1, p. 73-78, 2009. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
81082009000100013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de maio de 2019.

MOLINER, J. de. & RABUSKE, M. M. (2008). Fatores biopsicossociais envolvidos na


decisão de realização da cirurgia bariátrica. Psicologia: Teoria e Prática, 10(2), 44-60.
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MUNHON, Maiara de Lima; MIGOTT, Ana Maria Bellani. Alterações Psicológicas em


Indivíduos Submetidos à Cirurgia Bariátrica. Revista Brasileira de Obesidade,
Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. V. 11. N.66. p. 403-411. Nov./Dez. 2017.

PAEGLE, Isabel Cristina Malischesqui. Uso do protocolo no serviço de psicologia e


avaliação psicodinâmica em candidatos à cirurgia bariátrica. Dissertação (mestrado
em Psicologia da Saúde) – Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade
Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2009. Disponível em: <
http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1427/1/Isabel%20Cristina%20Mal.pdf>.
Acesso em 19 de maio de 2019.

Protocolo de Funcionamento do Centro de Cirurgia Bariátrica do Hospital das


Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. Disponível em:
<http://www.sef.usp.br/wp-content/uploads/sites/273/2017/05/protocolo.pdf>. Acesso
em 13 maio de 2019.

SILVA, Adriana Aparecida de Andrade e. Cirurgia Bariátrica – Como o Psiquismo


Significa esse Corte no Corpo. Brasília, 2006. Disponível em: <http://newpsi.bvs-
psi.org.br/tcc/540.pdf>. Acesso em 15 de maio de 2019.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Consenso Bariátrico. 2008.


Disponível em:
<http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1425665481consenso_bariatrico.pdf>.
Acesso em 19 de maio de 2019.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Disponível em:


<https://www.sbcbm.org.br/psicologia/>. Acesso em 13 de maio de 2019.

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ANEXO II

ECAP
ESCALA DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA
(BINGE EATING SCALE-BES)
Autores: Gormally J, Black S, Daston S, Rardin D. (1982).

Nome:
_________________________________________________________________
Data: ___/___/___

Lista de verificação dos hábitos alimentares


Instruções:
Você encontrará abaixo grupos de afirmações numeradas. Leia todas as afirmações em
cada grupo e marque, nesta folha, aquela que melhor descreve o modo como você se sente
em relação aos problemas que tem para controlar seu comportamento alimentar.
1.
( )1. Eu não me sinto constrangido com meu peso ou o tamanho do meu corpo quando
estou com outras pessoas.
( )2. Eu me sinto preocupado em como pareço para os outros, mas isto normalmente, não
me faz sentir desapontado comigo mesmo.
( )3. Eu fico mesmo constrangido com a minha aparência e o meu peso, o que me faz
sentir desapontado comigo mesmo.
( )4. Eu me sinto muito constrangido com o meu peso e, frequentemente, sinto muita
vergonha e desprezo por mim mesmo. Tento evitar contatos sociais por causa desse
constrangimento.
2.
( )1.Eu não tenho nenhuma dificuldade para comer devagar, de maneira apropriada.
( )2. Embora pareça que eu devore os alimentos, não acabo me sentindo empanturrado
por comer demais.
( )3. Às vezes tendo a comer rapidamente, sentindo-me então, desconfortavelmente cheio
depois.
( )4. Eu tenho o hábito de engolir minha comida sem realmente mastiga-la. Quando isto
acontece, em geral me sinto desconfortavelmente empanturrado por ter comido demais.

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3.
( )1. Eu me sinto capaz de controlar meus impulsos para comer, quando eu quero.
( )2. Eu sinto que tenho falhado em controlar meu comportamento alimentar mais do que
a média das pessoas.
( )3. Eu me sinto totalmente incapaz de controlar meus impulsos para comer.
( )4. Por me sentir tão incapaz de controlar meu comportamento alimentar, entro em
desespero tentando manter o controle.
4.
( )1. Eu não tenho o hábito de comer quando estou chateado.
( )2.Às vezes, como, quando estou chateado mas, frequentemente, sou capaz de me ocupar
e afastar minha mente da comida.
( )3.Eu tenho o hábito regular de comer quando estou chateado mas, de vez em quando,
posso usar alguma outra atividade para afastar minha mente da comida.
( )4.Eu tenho o forte hábito de comer quando estou chateado. Nada parece me ajudar a
parar com esse hábito.
5.
( )1. Normalmente quando como alguma coisa é porque estou fisicamente com fome.
( )2. De vez em quando como alguma coisa por impulso, mesmo quando não estou
realmente com fome.
( )3. Eu tenho o hábito regular de comer alimentos que realmente não aprecio para
satisfazer uma sensação de fome, mesmo que fisicamente eu não necessite de comida.
( )4. Mesmo que não esteja fisicamente com fome, tenho uma sensação de fome em minha
boca que somente parece ser satisfeita quando eu como um alimento, tipo um sanduíche,
que enche a minha boca. Às vezes, quando eu como o alimento para satisfazer minha
“fome na boca”, em seguida eu o cuspo, assim não ganharei peso.
6.
( )1. Eu não sinto qualquer culpa ou ódio de mim mesmo depois de comer demais.
( )2. De vez em quando sinto culpa ou ódio de mim mesmo depois de comer demais.
( )3. Quase o tempo todo sinto muita culpa ou ódio de mim mesmo depois de comer
demais.
7.
( )1. Eu não perco o controle total da minha alimentação quando estou em dieta, mesmo
após períodos em que como demais.
( )2. Às vezes, quando estou em dieta e como um alimento proibido, sinto como se tivesse
estragado tudo e como ainda mais.
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( )3. Freqüentemente, quando como demais durante uma dieta, tenho o hábito de dizer
para mim mesmo: “agora que estraguei tudo, porque não irei até o fim”. Quando isto
acontece, eu como ainda mais.
( )4. Eu tenho o hábito regular de começar dietas rigorosas por mim mesmo,mas quebro
as dietas entrando numa compulsão alimentar. Minha vida parece ser “uma festa” ou “um
morrer de fome”.
8.
( )1. Eu raramente como tanta comida a ponto de me sentir desconfortavelmente
empanturrado(a) depois.
( )2. Normalmente, cerca de uma vez por mês, como uma tal quantidade de comida que
acabo me sentindo muito empanturrado.
( )3. Eu tenho períodos regulares durante o mês, quando como grandes quantidades de
comida, seja na hora das refeições, seja nos lanches.
( )4. Eu como tanta comida que, regularmente, me sinto bastante desconfortável depois
de comer e, algumas vezes, um pouco enjoado.
9.
( )1. Em geral, minha ingesta calórica não sobe a níveis muito altos, nem desce a níveis
muito baixos.
( )2. Às vezes, depois de comer demais, tento reduzir minha ingesta calórica para quase
nada, para compensar o excesso de calorias que ingeri.
( )3. Eu tenho o hábito regular de comer demais durante a noite. Parece que a minha rotina
não é estar com fome de manhã, mas comer demais à noite.
( )4. Na minha vida adulta tenho tido períodos, que duram semanas, nos quais
praticamente me mato de fome. Isto se segue a períodos em que como demais. Parece que
vivo uma vida de “festa” ou de “morrer de fome”.
10.
( )1. Normalmente eu sou capaz de parar de comer quando quero. Eu sei quando “já
chega”.
( )2. De vez em quando, eu tenho uma compulsão para comer que parece que não posso
controlar.
( )3. Frequentemente tenho fortes impulsos para comer que parece que não sou capaz de
controlar, mas, em outras ocasiões, posso controlar meus impulsos para comer.
( )4. Eu me sinto incapaz de controlar impulsos para comer. Eu tenho medo de não ser
capaz de parar de comer por vontade própria.
11.
( )1. Eu não tenho problema algum para parar de comer quando me sinto cheio.

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( )2. Eu, normalmente, posso parar de comer quando me sinto cheio, mas, de vez em
quando, comer demais me deixa desconfortavelmente empanturrado.
( )3. Eu tenho um problema para parar de comer uma vez que eu tenha começado e,
normalmente, sinto-me desconfortavelmente empanturrado depois que faço uma refeição.
( )4. Por eu ter o problema de não ser capaz de parar de comer quando quero, às vezes
tenho que provocar o vômito, usar laxativos e/ou diuréticos para aliviar minha sensação
de empanturramento.
12.
( )1. Parece que eu como tanto quando estou com os outros (reuniões familiares, sociais),
como quando estou sozinho.
( )2. Às vezes, quando eu estou com outras pessoas, não como tanto quanto eu quero
comer porque me sinto constrangido com o meu comportamento alimentar.
( )3. Frequentemente eu como só uma pequena quantidade de comida quando outros estão
presentes, pois me sinto muito embaraçado com o meu comportamento alimentar.
( )4. Eu me sinto tão envergonhado por comer demais que escolho horas para comer
demais quando sei que ninguém me verá. Eu me sinto como uma pessoa que se esconde
para comer.
13.
( )1 Eu faço três refeições ao dia com apenas um lanche ocasional entre as refeições.
( )2. Eu faço três refeições ao dia, mas, normalmente, também lancho entre as refeições.
( )3. Quando eu faço lanches pesados, tenho o hábito de pular as refeições regulares.
( )4. Há períodos regulares em que parece que eu estou continuamente comendo, sem
refeições planejadas.
14.
( )1. Eu não penso muito em tentar controlar impulsos indesejáveis para comer.
( ). Pelo menos, em algum momento, sinto que meus pensamentos estão “pré-ocupados”
com tentar controlar meus impulsos para comer.
( )3. Frequentemente, sinto que gasto muito tempo pensando no quanto comi ou tentando
não comer mais.
( )4. Parece, para mim, que a maior parte das horas que passo acordado estão “pré-
ocupadas” por pensamentos sobre comer ou não comer. Sinto como se eu estivesse
constantemente lutando para não comer.

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15.
( )1. Eu não penso muito sobre comida.
( )2. Eu tenho fortes desejos por comida, mas eles só duram curtos períodos de tempo.
( )3. Há dias em que parece que eu não posso pensar em mais nada a não ser comida.
( )4. Na maioria dos dias, meus pensamentos parecem estar “pré-ocupados” com comida.
Sinto como se eu vivesse para comer.
16.
( )1. Eu normalmente sei se estou ou não fisicamente com fome. Eu como a porção certa
de comida para me satisfazer.
( )2. De vez em quando eu me sinto em dúvida para saber se estou ou não fisicamente
com fome. Nessas ocasiões é difícil saber quanto eu deveria comer para me satisfazer.
( )3. Mesmo que se eu pudesse saber quantas calorias eu deveria ingerir, não teria ideia
alguma de qual seria a quantia normal de comida para mim.

AVALIAÇÃO

( ) Sem compulsão;

( ) Compulsão moderada;

( ) Compulsão grave.

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AVALIAÇÃO

ECAP
Escala de Compulsão Alimentar Periódica

Autores: Gormally J, Black S, Daston S, Rardin D. (1982).

Tradutores: Freitas S, Appolinario JC. (2001).

A BES é um questionário auto-aplicável, adequado para discriminar indivíduos


obesos de acordo com a gravidade da compulsão alimentar periódica (CAP). A escala
é constituída por uma lista de 16 itens e 62 afirmativas, das quais deve ser
selecionada, em cada item, aquela que melhor representa a resposta do indivíduo.

A cada afirmativa corresponde um número de pontos de 0 a 3, abrangendo desde a


ausência ("0") até a gravidade máxima ("3") da CAP.

GRADE DE CORREÇÃO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0
2=0 2=1 2=1 2=0 2=1 2=1 2=2 2=1 2=1 2=1 2=1 2=1 2=0 2=1 2=1 2=1
3=1 3=2 3=3 3=0 3=2 3=3 3=3 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2
4=3 4=3 4=3 4=2 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3

O escore final é o resultado da soma dos pontos de cada item.

• Pontuação menor ou igual a 17 sem compulsão;


• Pontuação entre 18 e 26 compulsão moderada;
• Pontuação maior ou igual a 27 compulsão grave.

É válido como um instrumento de rastreamento. Sugere-se que seja


utilizado o escore de 17 como ponto de corte para que se obtenha
sensibilidade suficiente, e que o diagnóstico seja, sempre que possível,
confirmado por uma entrevista clínica.

INDICAÇÃO DE TRATAMENTO

O tratamento é indicado quando o paciente apresenta compulsão moderada ou grave.

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ANEXO III
TESTE DE ATITUDES ALIMENTARES (EAT-26) - Versão em Português
EAT (R) David M. Garner & Paul E. Garfinkel (1979), David M. Garner et al., (1982)

Nome:
Idade: Peso: Altura:

Por favor, responda as seguintes questões: Sempre Muitas Às Poucas Quase Nunca
vezes vezes vezes nunca
1 - Fico apavorada com a ideia de estar engordando. O O O O O O

2 - Evito comer quando estou com fome. O O O O O O

3 - Sinto-me preocupada com os alimentos. O O O O O O

4 - Continuar a comer em exagero faz com que eu sinta que não O O O O O O


sou capaz de parar.

5 - Corto os meus alimentos em pequenos pedaços. O O O O O O

6 - Presto atenção à quantidade de calorias dos alimentos que eu como. O O O O O O

7 - Evito, particularmente, os alimentos ricos em carboidratos (ex. pão, O O O O O O


arroz, batatas, etc.)

8 - Sinto que os outros gostariam que eu comesse mais. O O O O O O

9 - Vomito depois de comer. O O O O O O

10 - Sinto-me extremamente culpada depois de comer. O O O O O O

11 - Preocupo-me com o desejo de ser mais magra. O O O O O O

12- Penso em queimar calorias a mais quando me exercito. O O O O O O

13 – As pessoas me acham muito magra. O O O O O O

14 - Preocupo-me com a ideia de haver gordura em meu corpo. O O O O O O

15 - Demoro mais tempo para fazer minhas refeições do que as outras O O O O O O


pessoas.

16 – Evito comer alimentos que contenham açúcar. O O O O O O

17 - Costumo comer alimentos dietéticos. O O O O O O

18 – Sinto que os alimentos controlam minha vida. O O O O O O

19 - Demostro auto-controle diante dos alimentos. O O O O O O

20 – Sinto que os outros me pressionam para comer. O O O O O O

21 - Passo muito tempo pensando em comer. O O O O O O

22 – Sinto desconforto após comer doces. O O O O O O

23 - Faço regimes para emagrecer. O O O O O O

24 – Gosto de sentir meu estômago vazio. O O O O O O

25 - Gosto de experimentar novos alimentos ricos em calorias O O O O O O

26 – Sinto vontade de vomitar após as refeições. O O O O O O

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42

ANEXO IV

Teste de investigação bulímica de Edimburgo (*)

1. Qual é a sua altura? ____________


2. Qual é o seu peso atual? ___________
3. Qual é o peso máximo que você já apresentou? ___________
4. Qual é o peso mínimo que você já apresentou? ___________
5. Qual é, no seu entender, seu peso ideal? _______________

6. Você se sente em relação a seu peso:


( ) muito gordo(a) (5) ( ) abaixo do peso (2)
( ) gordo(a) (4) ( ) muito abaixo do peso (1)
( ) médio(a) (3)

7. Você tem períodos menstruais regulares?


( ) sim ( ) não

8. Com que frequência você, em média, faz as seguintes refeições?


Todos 5 dias/ 3 dias/ 1 dia/
Nunca
os dias sem. sem. sem.
Café da manhã 1 2 3 4 5
Almoço 1 2 3 4 5
Jantar 1 2 3 4 5
Lanches entre as
refeições
1 2 3 4 5

9. Você alguma vez teve uma orientação profissional com a finalidade de fazer regime ou ser
esclarecido(a) quanto à sua orientação?
( ) sim ( ) não

10. Você alguma vez foi membro de alguma sociedade ou clube para emagrecimento?
( ) sim ( ) não

11. Você alguma vez teve algum tipo de problema alimentar?


( ) sim ( ) não

12. Caso sim, descreva com detalhes:


____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

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1. Você tem um padrão de alimentação diário regular?

( ) sim ( ) não

2. Você segue uma dieta rígida?

( ) sim ( ) não

3. Você se sente fracassado quando quebra sua dieta uma vez?

( ) sim ( ) não

4. Você conta as calorias de tudo o que come, mesmo quando não está de dieta?

( ) sim ( ) não

5. Você já jejuou por um dia inteiro?

( ) sim ( ) não

*6. Se já jejuou, qual a frequência?

( ) dias alternados(5) ( ) de vez em quando(2)


( ) 2 a 3 vezes por semana(4) ( ) somente 1 vez(1)
( ) 1 vez por semana(3)

*7. Você usa alguma das seguintes estratégias para auxiliar na sua perda de peso?

De vez 1x/ 2 a 3x/ 2 a 3x/


x dia Nunca Diariamente 5 ou +
em quando sem. sem. sem.
tomar
comprimidos
0 2 3 4 5 6 7
tomar
diuréticos
0 2 3 4 5 6 7
tomar
laxantes
0 2 3 4 5 6 7
vômitos 0 2 3 4 5 6 7
8. O seu padrão de alimentação prejudica severamente sua vida?

( ) sim ( ) não

9. Você poderia dizer que a comida dominou sua vida?

( ) sim ( ) não

10. Você come sem parar até ser obrigado (a) a parar por sentir-se mal fisicamente?

( ) sim ( ) não

11. Há momentos em que você só consegue pensar em comida?

( ) sim ( ) não

12. Você come moderadamente com os outros e depois exagera quando sozinho(a)?

( ) sim ( ) não

13. Você sempre pode parar de comer quando quer?

( ) sim ( ) não

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14. Você já sentiu incontrolável desejo para comer e comer sem parar?

( ) sim ( ) não

15. Quando você se sente ansioso(a), tende a comer muito?

( ) sim ( ) não

16. O pensamento de tornar-se gordo(a) o(a) apavora?

( ) sim ( ) não

17. Você já comeu grandes quantidades de comida muito rapidamente (não uma refeição)?

( ) sim ( ) não

18. Você se envergonha de seus hábitos alimentares?

( ) sim ( ) não

19. Você se preocupa com o fato de não ter controle sobre o quanto você come?

( ) sim ( ) não

20. Você se volta para a comida para avaliar algum tipo de desconforto?

( ) sim ( ) não

21. Você é capaz de deixar comida no prato ao final de uma refeição?

( ) sim ( ) não

22. Você engana os outros sobre quanto come?

( ) sim ( ) não

23. Quanto você come é determinado pela fome que sente?

( ) sim ( ) não

24. Você já teve episódios exagerados de alimentação?

( ) sim ( ) não

25. Se sim, esses episódios deixaram você se sentindo mal?

( ) sim ( ) não

26. Se você tem episódios, eles ocorrem só quando está sozinho (a)?

( ) sim ( ) não

*27. Se você tem esses episódios, qual a frequência?

( ) quase nunca (1) ( ) 1 vez por mês (2)


( ) uma vez por semana (3) ( ) 2 a 3 vezes por semana (4)
( ) diariamente (5) ( ) 2 a 3 vezes por dia (6)

28. Você iria até as últimas consequências para satisfazer um desejo de alimentação exagerado?

( ) sim ( ) não

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29. Se você come demais, você se sente muito culpado (o)?

( ) sim ( ) não

30. Você já comeu escondido (a)?

( ) sim ( ) não

31. Seus hábitos alimentares são o que você poderia considerar normais?

( ) sim ( ) não

32. Você se considera alguém que come compulsivamente?

( ) sim ( ) não

33. Seu peso flutua mais que 2,5 quilogramas em uma semana?

( ) sim ( ) não

Avaliação de resultados
1. Escala de gravidade:
1.1. Itens 6, 7, 27 = maior que 5 _ significativo
maior ou igual a 10 _ grande intensidade

2. Escala de sintomas
2.1. Itens 1, 13, 21, 23, 31 _ pontua-se não
2.2. Outros itens _ pontua-se sim

2.3. Total:
2.3.1. Máximo escore = 30
2.3.2. Maior ou igual a 20 _ escore elevado, presença de comportamento alimentar compulsivo, grande
possibilidade de bulimia.
2.3.3. Entre 10 e 19 _ escore médio, sugere padrão alimentar não usual, mas não estão presentes todos os
critérios para bulimia. Deve ser seguido de entrevista.

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46

ANEXO V

Questionário sobre a imagem corporal (BSQ)

Autores: Cooper e colaboradores (1987); Tradutores: Di Pietro, Xavier e Silveira


(2003).

Nome: _______________________________________________

Data: ______/______/______

Idade: _______ anos Peso: ________ kg Altura: __________ cm IMC: _______

Gostaríamos de saber como você vem se sentindo em relação à sua aparência nas últimas
quatro semanas. Por favor leia cada questão e faça um círculo apropriado. Use a legenda
abaixo:
1. Nunca 4. Frequentemente
2. Raramente 5. Muito frequentemente
3. Às vezes 6. Sempre

Por favor, responda a todas as questões.

Nas últimas quatro semanas:

1. Sentir-se entediada faz você se preocupar com sua


1 2 3 4 5 6
forma física?
2. Você tem estado tão preocupada com sua forma física a
1 2 3 4 5 6
ponto de sentir que deveria fazer dieta?
3. Você acha que suas coxas, quadril ou nádegas são
1 2 3 4 5 6
grande demais para o restante de seu corpo?
4. Você tem sentido medo de ficar gorda (ou mais gorda)? 1 2 3 4 5 6
5. Você se preocupa com o fato de seu corpo não ser
1 2 3 4 5 6
suficientemente firme?
6. Sentir-se satisfeita (por exemplo após ingerir uma
1 2 3 4 5 6
grande refeição) faz você sentir-se gorda?
7. Você já se sentiu tão mal a respeito do seu corpo que
1 2 3 4 5 6
chegou a chorar?
8. Você já evitou correr pelo fato de que seu corpo
1 2 3 4 5 6
poderia balançar?
9. Estar com mulheres magras faz você se sentir
1 2 3 4 5 6
preocupada em relação ao seu físico?

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10. Você já se preocupou com o fato de suas coxas


1 2 3 4 5 6
poderem espalhar-se quando se senta?
11. Você já se sentiu gorda, mesmo comendo uma
1 2 3 4 5 6
quantidade menor de comida?
12. Você tem reparado no físico de outras mulheres e, ao
1 2 3 4 5 6
se comparar, sente-se em desvantagem?
13. Pensar no seu físico interfere em sua capacidade de se
concentrar em outras atividades
1 2 3 4 5 6
(como por exemplo, enquanto assiste à televisão, lê ou
participa de uma conversa)?
14. Estar nua, por exemplo, durante o banho, faz você se
1 2 3 4 5 6
sentir gorda?
15. Você tem evitado usar roupas que a fazem notar as
1 2 3 4 5 6
formas do seu corpo?
16. Você se imagina cortando fora porções de seu corpo? 1 2 3 4 5 6
17. Comer doce, bolos ou outros alimentos ricos em
1 2 3 4 5 6
calorias faz você se sentir gorda?
18. Você deixou de participar de eventos sociais (como,
por exemplo, festas) por sentir-se mal 1 2 3 4 5 6
em relação ao seu físico?
19. Você se sente excessivamente grande e arredondada? 1 2 3 4 5 6
20. Você já teve vergonha do seu corpo? 1 2 3 4 5 6
21. A preocupação diante do seu físico leva-lhe a fazer
1 2 3 4 5 6
dieta?
22. Você se sente mais contente em relação ao seu físico
quando de estômago vazio 1 2 3 4 5 6
(por exemplo pela manhã)?
23. Você acha que seu físico atual decorre de uma falta de
1 2 3 4 5 6
autocontrole?
24. Você se preocupa que outras pessoas possam estar
1 2 3 4 5 6
vendo dobras na sua cintura ou estômago?
25. Você acha injusto que as outras mulheres sejam mais
1 2 3 4 5 6
magras que você?
26. Você já vomitou para se sentir mais magra? 1 2 3 4 5 6
27. Quando acompanhada, você fica preocupada em estar
1 2 3 4 5 6
ocupando muito espaço

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(por exemplo, sentado num sofá ou no banco de um


ônibus)?
28. Você se preocupa com o fato de estarem surgindo
1 2 3 4 5 6
dobrinhas em seu corpo?
29. Ver seu reflexo (por exemplo, num espelho ou na
vitrine de uma loja) faz você sentir-se 1 2 3 4 5 6
mal em relação ao seu físico?
30. Você belisca áreas de seu corpo para ver o quanto há
1 2 3 4 5 6
de gordura?
31. Você evita situações nas quais as pessoas possam ver
seu corpo (por exemplo, 1 2 3 4 5 6
vestiários ou banhos de piscina)?
32. Você toma laxantes para se sentir magra? 1 2 3 4 5 6
33. Você fica particularmente consciente do seu físico
1 2 3 4 5 6
quando em companhia de outras pessoas?
34. A preocupação com seu físico faz-lhe sentir que
1 2 3 4 5 6
deveria fazer exercícios?

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49

ANEXO VI
Escala de Figuras de Stunkard - Figure Rating Scale (FRS)
Autores: Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1983); adaptação
para o português: Scagliusi e colaboradores (2005).
Nome: ________________________________________________________
Data: _____/_____/_____

Observe a figura abaixo.

Figura 1.

Escreva a palavra eu embaixo daquela que melhor representa você atualmente.


Escreva a palavra ideal embaixo daquela que você gostaria de ser.

Pontuação
Insatisfação corporal: é calculada como a discrepância entre o número da
figura escolhida como atual e o número da figura escolhida como ideal (isto é, figura
eu figura desejável). Quanto mais próximo de zero for o resultado, menor a
insatisfação. Quanto maior, mais o entrevistado quer ter um corpo menor que o atual,
e vice-versa.
Superestimativa do tamanho corporal: a figura 3 corresponde ao IMC de
20kg/m² e a figura 6 corresponde ao IMC de 30kg/m². Quando um entrevistado com
IMC < 20kg/m² escolhe, como representativa do tamanho atual, figura igual ou
maior do que a 4, ou quando um entrevistado com IMC <30kg/m² escolhe figura
igual ou maior do que a 6, pode-se afirmar que superestima seu tamanho corporal.

Almeida et. al (2005) utiliza as figuras propostas por Stunkard, Sorensen & Schulsinger,
1983, classifica as figuras em: 1 e 2 = não obesidade; 3 = sobrepeso; 4 e 5 = obesidade
grau I; 6 e 7 = obesidade grau II; 8 e 9 = obesidade grau III.

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50

ANEXO VII
Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

É provavelmente o instrumento mais utilizado mundialmente, possuindo versões em


diversas línguas e países. Já foi validado para a população brasileira. Fornece informações
sobre diferentes parâmetros cognitivos, contendo questões agrupadas em sete categorias,
cada uma delas planejada com o objetivo de avaliar "funções" cognitivas específicas
como a orientação temporal (5 pontos), orientação espacial (5pontos), registro de três
palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), recordação das três palavras (3pontos),
linguagem (8 pontos) e capacidade construtiva visual (1 ponto). O escore do MEEM pode
variar de um mínimo de 0 pontos, o qual indica o maior grau de comprometimento
cognitivo dos indivíduos, até um total máximo de 30 pontos, o qual, por sua vez,
corresponde a melhor capacidade cognitiva.

O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) foi projetado para ser uma avaliação clínica
prática de mudança do estado cognitivo em pacientes geriátricos. Examina orientação
temporal e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção) e evocação, cálculo,
praxia, e habilidades de linguagem e viso -espaciais. Pode ser usado como teste de rastreio
para perda cognitiva ou como avaliação cognitiva de beira de leito. Não pode ser usado
para diagnosticar demência.

Pode ser aplicado por clínico, profissionais de outras áreas ou pessoa leiga após rápido
treinamento e demanda em torno de 5-10 minutos para ser completado

O MEEM inclui 11 itens, dividido em 2 seções. A primeira exige respostas verbais a


questões de orientação, memória e atenção, a segunda leitura e escrita e cobre habilidades
de nomeação, seguir comandos verbais e escritas, escrever uma frase e copiar um desenho
(polígonos). Todas as questões são realizadas na ordem listada e podem receber escore
imediato somando os pontos atribuídos a cada tarefa completada com sucesso. O escore
máximo é 30.

O ponto de corte mais frequentemente utilizado para indicar comprometimento cognitivo


que merece investigação posterior é 24. Mas abaixo veremos algumas tabelas de estudo
sobre as pontuações.

Pontos Classificação
Escolaridade Pontos
<10 Comprometimento Grave
Analfabeto 20
1-4 anos 25 10 -15 Comprometimento
Moderado
5-8 anos 26,5
15 (ponto de corte Comprometimento Leve
9-11 anos 28 Déficit Cognitivo) (Escolaridade > 4 e
>11 anos 29 MEEM <= a 24)
Brucker (2003) (Escolaridade <= 4 e
MEEM <= a 17
Maia (2006)
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51

MINI EXAME do ESTADO MENTAL

Paciente examinado: ______________________________________________________ Data ______________

Mini-Mental State Examination


FOLSTEIN ,.F., FOLSTEIN S.E., McHUGH P.R. “Mini-mental state”. A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J PONTO
Psychiatr Res, v.12, p.189-198, 1975;
BERTOLUCCI P.H.F. et al. O mini-exame do estado mental em um população geral. Impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr, v. 52, p.1-7, 1994.
BRUCKI et al. Sugestão para o uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr, v. 61, p. 777-781 , 2003.
Orientação Temporal (que dia é hoje ? pergunte os itens omitidos)
dia ( ), mês ( ), ano ( ), dia da semana ( ), manhã / tarde ( )
Orientação Espacial (onde você está ? pergunte os itens omitidos)
país ( ), estado ( ), cidade ( ), local ( ), andar ( )
Registro de objetos (nomeie clara e lentamente 3 objetos e peça ao paciente para repetir)
“Agora, preste atenção. Eu vou dizer três palavras e o(a) Sr(a) vai repeti-las quando eu terminar. Certo? As palavras são: CANETA
[pausa], CHAVE [pausa], RELÓGIO [pausa]. Agora, repita as palavras para mim. [Permita cinco tentativas, mas pontue apenas a
primeira]”
caneta ( ), chave ( ), relógio ( )
Atenção de Cálculo (diminuir 7 de 100 sucessivamente ou soletrar MUNDO ao contrário)
“Gostaria que o Sr(a) subtraísse 7 de 100 e do resultado subtraísse 7. Então, continue subtraindo 7 de cada resposta até eu mandar parar.
Entendeu? [pausa] Vamos começar: quanto é 100 menos 7? [Dê um ponto para cada acerto] Se não atingir o escore máximo,
peça: Soletre a palavra MUNDO. Corrija os erros de soletração e então peça: Agora, soletre a palavra MUNDO de
trás para frente. [Dê um ponto para cada letra na posição correta. Considere o maior resultado]”
93 ( ), 86 ( ), 79 ( ), 72 ( ), 65 ( ) ou O ( ), D ( ), N ( ), U ( ), M ( )
Recordar Objetos (peça para relembrar os 3 objetos citados anteriormente e não forneça pista)
caneta ( ), chave ( ), relógio ( )
Denominação (aponte para o relógio e pergunte “O que é isto ?”. Repita com um lápis)
relógio ( ), lápis ( )
Repetição (repetir a frase “casa de Ferreiro, espeto de pau” ou “nem aqui, nem ali, nem lá”)
repetição correta na 1ª tentativa ( )
Comando Verbal (dê o comando: pegue o pedaço de papel, dobre-o ao meio e coloque-o no chão
“Agora ouça com atenção porque eu vou pedir para o Sr(a) fazer uma tarefa: [pausa] Pegue este papel com a mão direita [pausa], com
as duas mãos dobre-o ao meio uma vez [pausa] e em seguida coloque-o no chão.)”
pegar o papel ( ), dobrar ao meio ( ), colocar no chão ( )
Comando Escrito (mostrar um pedaço de papel com a frase “Feche os olhos”)
Por favor, leia isto e faça o que está escrito no papel. Mostre ao examinado a folha com o comando: FECHE OS OLHOS
fechou os olhos ( )
Escrita (peça para escrever uma frase)
“Peça: Por favor, escreva uma frase. Se o paciente não responder, peça: Escreva sobre o tempo. [Coloque na frente do paciente um
pedaço de papel em branco e lápis ou caneta]”
Sentença com sujeito + verbo e que faça sentido ( )
Desenho (copiar o desenho da interseção de 2 pentágonos)
Peça: Por favor, copie este desenho. [Apresente a folha com os pentágonos que se intersecionam
figura com 10 cantos e 2 linhas de interseção ( )
TOTAL (máximo = 30)

Interpretação:
Somar um 1 ponto para cada um dos itens ( ) respondidos corretamente e registrar o total na coluna da direita.
É considerado NORMAL, conforme tabela abaixo
BRUCKI et al Pontuação Mínima NORMAL
analfabetos 11
1 a 4 anos de escolaridade 16
5 a 8 anos de escolaridade 19
9 a 11 anos de escolaridade 22
igual ou superior a 12 anos 22
CONCLUSÃO:

Local e data Assinatura

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ANEXO VII
Anamnese Pré-Operatória

Data_____/______/______

Nome: _______________________________________________________________________

Data de nascimento: ____/____/____ Idade: ______________

Profissão: _____________________________________________________________________

Escolaridade: __________________________________________________________________

Estado civil: ________________________________________________

Número de filhos e idade dos mesmos: _____________________________________________

Endereço: ____________________________________________________________________

Telefone: ____________________________ e-mail: __________________________________

Telefone de um familiar: ____________________________________ (___________________)

Médico: ______________________________________________________________________

Peso ________________ Altura ________________ IMC ____________________

Tipo de cirurgia prevista e data da mesma: __________________________________________

_____________________________________________________________________________

1) Já fez psicoterapia? Se a resposta for positiva fale o porquê e quando?

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

2) Tem algum problema de saúde? Está em tratamento? Faz uso de alguma medicação?
(clínico ou psiquiátrico)
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

3) Quando você começou a engordar? Por quê?


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Consegue relacionar algum fato ou situação vivida ao momento que começou a


engordar? (após se casar, se separar, após falecer alguém importante, após o
nascimento de algum filho, após ficar desempregado, na adolescência, na época de
procurar emprego.......)

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

4) Como é a sua alimentação? (doces, bolachas, comidas prontas, comida preparada na


hora, controlada, saudável, em casa, em frente à TV, horários...)
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

5) Em quais momentos você descuida de sua alimentação?


_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

6) Você se considera: ( ) ansioso(a) De 0 a 10, quanto ansioso ( )

( ) impulsivo(a) ( ) nervoso(a) ( ) depressivo(a)

( ) com pouca tolerância a frustração ( ) discriminado

( ) com baixa auto-estima ( ) preocupado demais ( ) impotente

( ) resolvedor dos problemas dos outros ( ) rejeitado

7) Na família há história de:

OBESIDADE ( ) DEPRESSÃO ( ) ALCOOLISMO ( )


DROGAS ( ) SUICÍDIO ( ) DOENÇA MENTAL ( )
Quem?
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8) Já tentou suicídio?
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9) Tem parentes obesos ou que fizeram ou fazem tratamento para obesidade?


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10) Você já teve depressão? Quando?

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11) Faz ou fez uso de alguma medicação para depressão ou ansiedade? Qual?

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12) Você já teve síndrome do pânico? ( ) SIM ( ) NÃO

13) Tem algum medo, mania ou desconfiança sem causa real? ( ) SIM ( )NÃO

14) Percebe em que momento come ou belisca mais? Qual alimento?

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15) Já fez uso de medicação para o emagrecimento?


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16) Quais outros métodos você usou para favorecer o emagrecimento?


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17) Faz uso de laxativos? (Diuréticos, supositórios para perder peso) Como você se sente
após o uso destes laxativos? Provoca vômitos após comer? Como se sente antes e
depois?
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18) Você costuma beber bebidas alcoólicas? Qual frequência?


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19) Qual o máximo de peso que já atingiu?


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20) Qual o mínimo de peso que já teve, por quanto tempo?


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21) Você consegue seguir dieta?


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22) Como é a sua relação com a comida?


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23) Tem o hábito de programar o que vai comer?


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24) Prepara as próprias refeições? Se não, quem prepara? Costuma comer fora?
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25) Acorda de madrugada para comer? (atacar a geladeira)


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26) Resiste a comer e depois que começa tem dificuldades de parar?


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27) Só para de comer quando já está passando mal?


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28) Quando algo não dá certo você costuma comer? Para se acalmar, quando está triste,
etc.
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29) Aprecia exercícios? Quais? Quantas vezes por semana?


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30) Você costuma se olhar no espelho? Tirar fotos?


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31) Já fez ou faz acompanhamento nutricional? Teve quais resultados?


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32) Já vivenciou o falecimento de pessoas significativas? Quem? Como foi essa fase para
você?
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33) Se for casado(a) ou namorar: Como está o relacionamento? Se não for, como se sente
sozinho?
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34) Tem vida sexual ativa? Como a define atualmente e antes?

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35) Já sofreu abuso sexual? Como se sente atualmente em relação a esse acontecimento?
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_______________________________________________________________________

36) Já abortou? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ESPONTÂNEO ( ) PROVOCADO


Com qual idade? _______

37) O que representa a gordura para você?


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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

38) Qual a sua expectativa quanto à cirurgia? O que pode mudar em sua vida após a
realização da mesma?
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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

39) Como fez a opção pelo tratamento cirúrgico?


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40) Conhece alguém que já realizou a cirurgia? Se sim, como esta pessoa está?
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41) Você se sente determinado e seguro para realizar a cirurgia?


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42) Já realizou algum tipo de cirurgia? Como foi o processo anestésico?


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43) O que seus familiares pensam a respeito da cirurgia? Recebe o apoio de quem para
realizar a cirurgia? Alguém vai te ajudar no pós-operatório? Quem?
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_______________________________________________________________________

44) Como imagina que será para você seguir a dieta no pós-operatório?
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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

45) Como você se imagina daqui a 6 meses?


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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

46) Fez curso pré-operatório? _________________________________________________

47) Está ciente dos riscos e complicações assim como os benefícios da mesma? O que acha
sobre essas possibilidades?

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

48) Você está ciente e concorda com a importância de ter acompanhamento pré e pós-
cirúrgico antes e após o procedimento cirúrgico?

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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

49) Observações e pontuações do terapeuta:


_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Eu, __________________________________________________________________________
portador do RG nº __________________________ e CPF nº ____________________________,
confirmo todas as informações passadas e estou ciente das orientações recebidas pelo(a)
psicólogo(a) nessa entrevista.

Sem mais,

______________________________________

Assinatura do(a) paciente

______________________________________

Assinatura do(a) psicólogo(a)

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ANEXO VIII
DIÁRIO ALIMENTAR X SENTIMENTOS

Nome: ______________________________________________________

Dia da Qtd. de Situação Pensamentos Emoção Estratégias


semana/ alimentos e (onde e com O que pensou (o que (o que fez depois?)
data/ hora líquidos quem estava?) antes de comer? sentiu?)

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