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Prazeres Noturnos - Eloisa James
Prazeres Noturnos - Eloisa James
Capítulo
1
Londres,
mansão
dos
marqueses
de
Brandenbourg.
Dezembro
1804
Lady
Sophie
York,
única
filha
do
marquês
de
Brandenbourg,
tinha
rejeitado
o
pedido
de
matrimônio
de
um
barão,
dois
cavalheiros,
um
punhado
de
senhores
muito
convenientes
e
de
um
visconde
que
tinha
pedido
de
forma
muito
adequada
no
escritório
de
seu
pai
o
privilégio
de
obter
sua
mão.
Inclusive
descartou
um
marquês
em
metade
de
uma
caçada
e
ao
simples
senhor
Kissler
na
Ascot.
Outras
garotas
menos
afortunadas
não
podiam
entender
Sophie.
Nas
duas
últimas
temporadas
havia
feito
perder
as
esperanças
à
maioria
dos
homens
mais
procurados.
Mas
a
partir
de
agora
já
não
haveria
mais
pedidos
de
matrimônio
tanto
se
eram
oficiais
como
se
não.
As
más
línguas
iam
estar
de
acordo:
a
jovem
tinha
entregado
seu
afeto
a
um
homem
da
nobreza.
Lady
Sophie
seria
condessa
na
seguinte
temporada.
Olhou-‐se
no
espelho
e
fez
uma
careta
ao
pensar
nas
caras
de
curiosidade
e
as
numerosas
reverências
que
teria
que
suportar
no
baile
dos
Dewland.
Estremeceu
interiormente
com
uma
indecisão
totalmente
desacostumada
nela.
Não
sabia
se
estava
corretamente
vestida
para
o
anúncio
de
seu
compromisso.
Usava
um
vestido
de
seda
prateada;
era
possível
que
a
cor
lhe
permitisse
desaparecer
entre
a
multidão
de
mulheres
com
roupas
apertadas,
grandes
decotes
e
com
vivas
cores
que
abarrotavam
o
salão
de
baile.
O
cinza
prata
era
uma
cor
de
monjas,
pensou
divertida,
mas
uma
religiosa
desmaiaria
se
tivesse
que
usar
uma
roupa
como
esta,
era
de
uso
Império
com
o
corte
alto
e
umas
fitas
que
rodeavam
o
sutiã.
A
marquesa
de
Brandenbourg
entrou
na
habitação.
―
Esta
pronta
Sophie?
―
Sim,
mamãe
―
Ela
renunciando
à
ideia
de
trocar-‐se,
pois
já
iam
com
atraso.
A
marquesa
a
observou
entrecerrando
os
olhos.
Ela
usava
um
vestido
de
cetim
cinza
bordado
com
flores
que
se
parecia
muito
aos
que
estavam
de
moda
uns
vinte
anos
antes
quando
se
casou.
―
O
vestido
que
usa
é
indecente
―
Declarou
secamente.
―
Sim
mamãe.
Essa
era
a
sistemática
resposta
de
Sophie
as
ácidas
recriminações
de
sua
mãe.
Pegou
o
xale
e
seu
ridículo
e
se
dirigiu
para
a
porta.
prometido.
Eu
sabia
estar
em
meu
lugar,
mas
você
não
tem
nenhum
respeito
por
sua
posição.
A
seu
pai
e
a
mim
sempre
incomodou
seu
desavergonhado
comportamento.
Sophie
se
compadeceu
a
seu
pesar.
―
Nunca
fiz
nada
errado,
mamãe
o
mundo
se
veste
seguindo
a
moda
francesa
e
os
costumes
são
mais
livres
agora
que
em
seu
tempo.
―
Assumo
minha
parte
de
responsabilidade,
fechei
os
olhos
em
suas
extravagantes
escapadas
e
na
maioria
de
suas
faltas.
Mas
agora
vai
casar
e
o
que
é
perdoável
em
uma
impulsiva
jovenzinha
seria
inaceitável
para
uma
condessa.
―
De
que
falta?
Nunca
permiti
a
um
homem
que
tomasse
liberdades
comigo.
―
Sei
que
a
palavra
castidade
está
fora
de
moda,
mas
não
concordo
―
Respondeu
amargamente
a
marquesa
―
Suas
brincadeiras
fora
do
lugar
e
sua
paquera
fazem
que
pareça
mas
acessível
do
que
é
em
realidade.
De
fato,
Sophie,
suas
maneiras
são
as
de
uma
cortesã.
Sophie
permaneceu
uns
instantes
assombrada
e
indignada,
depois
respirou
profundamente.
―
Nunca
fiz
nada
errado,
mamãe―
Disse
com
firmeza.
―
Como
se
atreve
a
me
dizer
isso
quando
lady
Prestlefield
encontrou
Patrick
Foakes
e
a
você
abraçados?
Comporta-‐se
como
uma
rameira
e
deixa
que
te
surpreenda
a
pior
fofoqueira
de
toda
Londres.
Se
ao
menos
tivesse
estado
comprometida
com
ele…
Mas
beijos
roubados
no
salão
em
uma
noite
de
festa!
Envergonhou-‐me
muito
Sophie.
De
modo
que
insisto:
proíbo
você
que
dê
ao
conde
de
Slaslow
algo
mais
que
uma
demonstração
de
afeto.
Um
engano
mais
desse
tipo
e
sua
reputação
ficará
definitivamente
arruinada.
Além
disso,
o
conde
de
Slaslow
teria
todas
as
razões
do
mundo
para
anular
sua
proposta
se
suspeitasse
de
seu
dissipado
caráter.
―
Mamãe!
―
Chega!
―
Repetiu
a
marquesa
―
É
herdeira
de
seu
pai
e
ele
te
animou
a
seguir
esse
caminho.
Desde
dia
em
que
te
permitiu
aprender
todos
esses
idiomas
te
apoiou
com
uma
atitude
muito
pouco
digna.
Não
há
nada
mais
inconveniente
para
uma
dama
que
estudar
latim.
Interrompeu
com
um
gesto
o
protesto
de
sua
filha.
―
Afortunadamente
―
Continuou
―Tudo
acabou
bem.
Quando
for
condessa
estará
bastante
ocupada
por
sua
casa
para
se
colocar
nesses
inúteis
estudos.
Repentinamente
voltou
para
sua
preocupação
do
princípio.
―
Evidentemente,
se
tivesse
casado
com
Foakes,
todos
os
rumores
teriam
desaparecido
se
por
acaso
sozinhos,
mas
como
negou
sua
proposta
de
matrimônio,
sua
reputação
se
ressentiu.
Ninguém
quer
acreditar
que
foi
você
quem
o
rejeitou.
―
Não
podia
aceitar
―
Objetou
Sophie
―
Me
propôs
isso
somente
porque
lady
Prestlefield
entrou
no
salão.
É
um
libertino
e
seus
beijos
não
significam
nada.
―
Não
sei
muito
de
beijos
que
não
significam
nada
―
Declarou
a
marquesa
com
altivez
―
Eu
gostaria
que
minha
filha
tivesse
o
mesmo
sentido
comum
que
eu.
Que
importância
tem
que
Foakes
seja
um
libertino?
Igual
pode
resultar
um
marido
excelente.
E,
além
disso,
é
imensamente
rico
que
mais
pode
desejar?
Sophie
olhava
a
ponta
dos
sapatos
de
cetim.
Era
difícil
explicar
seu
ódio
para
os
mulherengos
sem
fazer
referência
a
seu
pai
que
perseguia
a
todas
as
jovens
francesas
exiladas.
Em
vista
da
crítica
situação
pela
que
atravessava
a
França
nesses
dias,
não
tinha
descansado
nos
últimos
anos.
―
Eu
gostaria
de
me
casar
com
um
homem
que
me
respeitasse
―
disse.
―
Te
respeitar!
Acredite-‐me,
não
escolheu
a
melhor
maneira
para
consegui-‐lo
filha.
Garanto-‐te
que
nem
um
só
homem
em
Londres
te
considera
uma
mulher
de
conduta
irreprovável.
Quando
eu
me
apresentei
em
sociedade,
escreviam-‐se
poemas
elogiando
minha
modéstia
mais
esses
versos
não
poderiam
aplicar
a
você.
Além
disso
―Concluiu
Heloise
com
amargura
―
Acho
que
é
digna
filha
de
seu
pai.
Os
dois
puseram
de
acordo
para
que
toda
a
nobreza
ria
de
mim.
Sophie
voltou
a
respirar
profundamente
porque
as
lágrimas
começavam
a
arder
nas
pálpebras.
Heloise
suavizou
um
pouco.
―
Não
quero
ser
muito
dura
mais
estou
preocupada
com
você,
Sophie.
Com
o
conde
de
Slaslow
terá
um
bom
marido.
Não
ponha
seu
compromisso
em
perigo,
por
favor.
O
aborrecimento
de
Sophie
se
esfumou
e
foi
substituído
por
uma
onda
de
culpa;
sua
mãe
tinha
tido
que
suportar
muitas
humilhações
em
público
por
culpa
da
atração
que
seu
marido
sentia
pelos
franceses.
E
agora
sua
filha
era
o
centro
das
falações.
―Não
pretendia
te
envergonhar,
mamãe
―
Disse
brandamente
―
Me
surpreendi
quando
lady
Prestlefield
me
encontrou
com
Patrick
Foakes.
―
Se
não
tivesse
estado
a
sós
com
ele,
não
teria
te
surpreendido
―
Contestou
sua
mãe
com
uma
lógica
esmagante
―
A
reputação
não
é
uma
coisa
para
tomar
a
brincadeira,
Sophie.
Nunca
me
tivesse
podido
imaginar
que
algum
dia
alguém
pudesse
pensar
que
minha
filha
era
uma
mulher
fácil
e,
entretanto
isso
é
o
que
se
diz
de
você.
Dizendo
isto
Heloise
saiu
da
habitação
fechando
a
porta
atrás
de
si.
Desta
vez
as
lágrimas
estiveram
a
ponto
de
transbordar.
Não
era
a
primeira
vez
que
a
marquesa
caía
sobre
um
membro
da
casa
como
se
fosse
um
anjo
vingador
saído
de
uma
tragédia
grega,
e
normalmente
Sophie
conseguia
fazer
caso
omisso
de
suas
amargas
recriminações.
Mas
esta
noite
sua
mãe
havia
tocado
um
nervo
sensível,
já
que
ela
mesma
se
dava
conta
de
que
estava
roçando
o
limite
das
regras.
Seus
vestidos
eram
os
mais
atrevidos
de
toda
Londres
e
sua
atitude
claramente
provocadora.
Tinha
ouvido
cem
vezes
os
versos
compostos
em
honra
de
sua
mãe:
Entre
um
milhar
de
jovens
virgens
eis
aqui
à
Diana
cujo
cabelo…
Ela
e
sua
mãe
tinham
o
mesmo
tom
de
cabelo
loiro,
mas
enquanto
que
os
cabelos
de
Heloise
emolduravam
sabiamente
sua
cara
recolhidos
em
um
impecável
coque,
os
cachos
de
Sophie
nunca
se
submetiam
às
forquilhas
e
as
fitas.
Se
por
acaso
fosse
pouco,
os
tinha
cortado
antes
que
o
resto
das
damas
inglesas
tivessem
a
coragem
de
seguir
a
moda
francesa.
Agora
todas
as
debutantes
tinham
adotado
esse
penteado,
de
modo
que
ela
tinha
decidido
deixar
que
crescesse
de
novo.
Mas
sua
mãe
não
sabia
quão
doloroso
foi
para
ela
rejeitar
o
pedido
de
matrimônio
de
Patrick
Foakes.
Deixou-‐se
cair
na
cama.
Recordava
o
baile
dos
Cumberland
do
mês
anterior.
A
excitação
que
sentiu
quando
ficou
claro
que
Patrick
a
cortejava.
O
tombo
que
deu
seu
coração
quando
seus
olhares
se
encontraram.
Ainda
podia
sentir
essa
estranha
emoção
ao
recordar
o
convite
de
seus
olhos
e
a
maneira
em
que
se
arqueou
sua
sobrancelha
direita
e
a
arrogância
de
sua
expressão.
Passou
a
noite
com
o
coração
pulsando
desenfreado
e
as
pernas
trementes.
Ele
exercia
tal
fascinação
sobre
ela
que
ela
esperava
com
impaciência
os
momentos
nos
quais
ele
aparecia
a
seu
lado,
e
quando
podia
ver
seu
cabelo
escuro
com
mechas
prateadas
no
outro
extremo
do
salão.
No
jantar,
rodeados
de
pessoas
sentadas
ao
redor
de
uma
mesa
redonda,
estremecia
cada
vez
que
suas
pernas
se
roçavam
ou
seus
braços
se
tocavam
acidentalmente.
Dançaram
juntos
uma
vez,
e
depois
outra.
Uma
terceira
vez
teria
equivalido
a
um
anúncio
de
seu
compromisso.
Sophie
não
tinha
pronunciado
palavra
durante
seu
segundo
baile.
Deu-‐lhe
medo
que
Patrick
adivinhasse
a
debilidade
que
se
apoderava
dela
cada
vez
que
se
juntavam
seguindo
os
passados
do
baile.
Quando
ele
pegou
seu
braço
para
levá-‐la
fora
do
salão
de
baile
como
se
fossem
procurar
um
copo
de
refresco,
e
depois
a
conduziu
a
um
salão
deserto,
ela
não
protestou.
Patrick
tinha
se
apoiado
na
parede
para
olhá-‐la
com
expressão
provocadora.
As
emoções
das
últimas
horas
deviam
haver
subido
ao
Sophie
à
cabeça,
já
que
lhe
devolveu
o
sorriso
comportando-‐se
como
a
mulher
fácil
que
diziam
que
era.
Patrick
a
tinha
pego
entre
seus
braços
em
um
gesto
que
parecia
inevitável.
Entretanto
a
paixão
de
seu
beijo
foi
uma
surpresa.
A
Sophie
já
a
tinham
beijado
antes,
tantas
vezes
que
sua
mãe
desmaiaria
se
tivesse
sabido,
mas
este
beijo
não
era
como
as
que
ela
conhecia
e
estava
acostumada.
Esse
beijo
foi
como
uma
tormenta
do
verão;
começou
brandamente
e
se
converteu
em
algo
ardente
com
uma
paixão
cheia
de
gemidos.
Patrick
tinha
levantado
a
cabeça
lançando
um
juramento
surpreso
e
procurou
de
novo
de
seus
lábios
ao
tempo
que
suas
mãos
acariciavam
as
costas
e
as
nádegas
dela.
Era
injusto
dizer
que
estavam
beijando
quando
lady
Prestlefield
entrou
nas
pontas
dos
pés
na
estadia.
Sim,
beijaram-‐se
uma
e
outra
vez,
mas
nesse
momento
estava
de
pé
frente
a
frente
e
Patrick
acariciava
com
um
dedo
seu
lábio
inferior.
Ela
o
olhava
desorientada,
sem
poder
pronunciar
uma
só
palavra
e
despojada
de
seu
sentido
comum.
―Porretes!
―
Murmurou
voltando
para
presente.
Podia
ouvir
a
voz
de
seu
pai,
e
sem
dúvida
estava
dizendo
que
se
apressasse.
Ela
sabia
exatamente
porque
ele
tinha
tanta
pressa,
acabava
de
lançar-‐se
à
conquista
de
uma
jovem
viúva,
a
senhora
Dalinda
Beaumaris,
e
devia
haver-‐se
chamado
com
ela
no
baile.
Esse
pensamento
reforçou
sua
decisão.
Não
importava
que
tivesse
chorado
todas
as
noites
desde
rejeitou
o
pedido
de
matrimônio
do
Patrick
um
mês
antes.
Ela
tinha
tido
razão.
Só
tinha
que
recordar
o
alívio
que
viu
em
seu
olhar
quando,
o
dia
posterior
ao
baile,
na
biblioteca,
ela
tinha
soltado
suas
mãos
das
dele
e
havia
dito
“não”
muito
educadamente.
Não
podia
esquecê-‐lo
nunca.
Não
ia
deixar
que
ele
rompesse
seu
coração
um
libertino
como
tinha
acontecido
a
sua
mãe.
Ela
não
se
converteria
em
uma
anciã
amargurada
à
força
de
ver
seu
marido
dançando
com
as
Dalindas
e
as
Luciennes.
Possivelmente
não
poderia
impedir
que
seu
marido
fornicasse
com
outras
mulheres,
mas
ao
menos
poderia
permanecer
indiferente
diante
suas
aventuras.
“Não
sou
idiota”,
pensou
Sophie
e
não
pela
primeira
vez.
Bateram
na
porta
e
se
levantou.
―Entre!
―
A
Sua
Senhoria
gostaria
que
se
reunisse
com
ele
lá
embaixo
―
Anunciou
Philippe,
um
dos
lacaios.
Sophie
não
se
fazia
de
iludida,
a
mensagem
tinha
sido
outro
“vá
chamar
a
essa
pesada”,
isso
o
que
realmente
deve
dizer
o
marquês.
Então
o
mordomo
fazendo
um
sinal
com
a
cabeça,
devia
ter
mandado
o
Philippe.
A
dignidade,
muito
francesa,
deste
último,
e
a
alta
opinião
que
tinha
de
seu
trabalho,
o
impediam
de
rebaixar-‐se
a
levar
esse
tipo
de
mensagem.
Ela
sorriu.
―
Diga
a
meu
pai
que
descerei
em
seguida,
por
favor.
Quando
Philippe
saiu,
ela
agarrou
seu
leque
e
se
deteve
um
momento
diante
o
espelho
de
sua
penteadeira.
A
imagem
que
viu
era
a
de
uma
mulher
que
tinha
inflamado
o
coração
de
dúzias
de
cavalheiros,
que
tinha
provocado
vinte
e
dois
pedidos
de
mão
e
infinidade
de
cumpridos
extravagantes.
Era
miúda,
chegava
pelos
cabelos
aos
ombros
de
Patrick,
e
o
leve
vestido
prateado
realçava
suas
formas,
especialmente
seus
seios
que
se
viam
mais
volumosos
sob
o
ajustado
sutiã.
Estremeceu.
Ultimamente
não
podia
olhar-‐se
a
um
espelho
sem
recordar
o
contato
do
musculoso
peito
de
Patrick.
Mas
tinha
que
sair.
Agarrou
o
xale
e
saiu
da
sala.
Capítulo
2
Pela
tarde,
o
dia
do
baile
dos
Dewland,
celebrou-‐se,
no
Ministério
de
Assuntos
Exteriores,
alguém
reuniu
especial
de
jovens
cavalheiros
presidida
pelo
ministro
em
pessoa.
Lorde
Breksby
estava
ficando
maior,
mas
ao
mesmo
tempo
cada
vez
se
sentia
mais
a
gosto
tendo
poder.
Deste
modo,
embora
recebesse
a
seus
visitantes
mediu
fundo
no
sofá
e
com
a
peruca
branca
que
se
empenhava
em
escorregar
para
um
lado
em
vez
de
ficar
quieta
em
seu
lugar,
não
tinha
nada
de
gracioso.
Lorde
Breksby
estava
em
Assuntos
Exteriores
sete
anos
e
via
o
mundo
como
se
fosse
um
teatro
de
marionetes
de
cujos
fios
ele
puxava.
Um
de
seus
principais
talentos,
sob
o
ponto
de
vista
de
William
Pitt
e
do
governo
inglês,
era
seu
dom
para
manipular
a
outros.
Como
disse
uma
noite
a
sua
mulher
quando
terminavam
a
sobremesa,
as
pessoas
tinham
que
usar
todos
os
meios
a
seu
alcance.
Lady
Breksby
tinha
assentido
com
cansaço
enquanto
pensava
com
uma
casa
de
campo,
perto
de
sua
irmã,
na
qual
pudesse
cultivar
rosas.
―
Inglaterra
a
infrautilizado
a
seus
nobres
―
Continuou
ele
―
Certamente,
os
aristocratas
tendem
a
levar
uma
vida
desordenada.
Não
tem
mais
que
recordar
a
quão
degenerados
rodeavam
a
Carlos
II…
Lady
Breksby,
enquanto,
pensava
na
nova
variedade
de
rosas
chamada
Princesa
Charlotte,
perguntando
se
poderiam
subir
pelas
paredes.
Podia
imaginar
a
fachada
sul
coberta
de
roseiras.
Lorde
Breksby
por
sua
parte,
pensava
nos
libertinos
de
antigamente.
Rochester
sem
duvida
foi
o
pior
de
todos
com
essas
perversas
poesias
sobre
as
prostitutas.
Era
um
degenerado,
e
tudo
porque
sua
vida
era
um
aborrecimento.
―
Mas
isso
forma
parte
do
passado
―
Concluiu
―
Os
jovens
de
hoje
em
dia
são
bastante
mais
úteis
se
souber
levar.
Têm
dinheiro
e
classe,
querida.
Isso
é
indispensável
quando
terá
que
tratar
com
estrangeiros.
Olhe
o
Selim
III,
por
exemplo,
dirige
o
Império
Turco,
querida.
Lady
Breksby
assentiu
educadamente
com
a
cabeça.
Pensando-‐o
bem,
dizia
a
si
mesma,
as
Princesas
Charlottes
são
muito
pesadas
para
subir.
As
melhores
tinham
corolas
pequenas,
como
esse
encantado
exemplar
que
cobria
a
entrada
da
senhora
Barnett.
Qual
era
seu
nome?
―
Esse
homem
está
deslumbrado
pelo
Napoleão
embora
invadisse
o
Egito
faz
apenas
seis
anos.
Acredita
que
é
Deus
pelo
que
dizem
dele.
Reconheceu-‐lhe
o
título
de
imperador,
e
agora,
inclusive
esta
pensando
em
trocar
seu
título
de
sultão
pelo
de
imperador.
Breksby
hesitou
se
tomava
a
sobremesa,
mas
depois
decidiu
não
fazê-‐lo;
os
coletes
já
lhe
estavam
um
pouco
estreitos.
Voltou
para
tema
que
o
preocupava.
―
Nós
temos
que
deslumbrar
também
o
Selim,
se
não
irá
da
mão
do
Napoleão
e
declarará
guerra
à
Inglaterra.
Mas
como
poderíamos
impressiona-‐lo?
Vamos
enviar
à
flor
e
nata
de
nossa
nobreza,
vamos
enviar
a
alguns
de
nossos
cavalheiros
mais
representativos.
Essa
é
a
solução.
Lady
Breksby
assentiu
docilmente.
―
É
uma
maravilhosa
ideia,
querido.
Finalmente
esta
conversa
teve
um
dobro
resultado.
Lorde
Breksby
fez
que
enviassem
uma
série
de
mensagens
através
de
Londres
e
lady
Breksby
escreveu
uma
carta
a
sua
irmã,
que
vivia
ainda
em
seu
povoado
natal
do
Hogglesdon,
para
pedir
que
fosse,
se
não
era
uma
moléstia,
até
a
casa
da
senhora
Barnett
para
perguntar
o
nome
de
sua
variedade
de
roseiras.
Lorde
Breksby
recolheu
os
frutos
de
sua
ideia
antes
que
sua
esposa
(por
desgraça
a
senhora
Barnett
tinha
morrido
e
sua
filha
ignorava
o
tão
desejado
nome
das
flores).
O
primeiro
em
chegar
ao
Ministério
de
Assuntos
Exteriores
foi
Alexander
Foakes,
conde
de
Sheffield
e
de
Downes.
Breksby
se
levantou
para
recebê-‐lo
cordialmente.
Tinha
enviado
uma
vez
Sheffield
a
Itália
um
ano
antes
para
uma
missão
muito
delicada
que
havia
realizado
de
forma
impecável.
―
Bom
dia
milorde
Como
se
encontram
suas
filhas
e
sua
encantadora
esposa?
―
Maravilhosas
―
Contestou
Alex
tomando
assento
―
Para
que
me
chamou?
Breksby
sorriu;
era
muito
maior
para
deixar-‐se
impressionar
por
esses
jovens
impetuosos.
Apoiou-‐se
no
respaldo
de
sua
poltrona
juntando
as
mãos.
―Preferiria
que
todo
mundo
estivesse
aqui
antes
de
começar
a
falar
―
disse
―
Mas
tenho
que
precisar
que
não
o
convoquei
para
encomendar
uma
missão
do
Governo.
Absolutamente.
Nós
não
gostamos
de
interferir
na
vida
privada
de
um
homem
que
tem
filhos
pequenos.
Alex
levantou
uma
sobrancelha.
―
Exceto
quando
terá
que
arrolar
algum
soldado.
Com
isto
estava
fazendo
alusão
à
prática
consistente
em
sequestrar
homem
jovens
para
enviá-‐los
à
frente
pelas
boas
ou
pelas
más.
―
Hum…
Mas
nunca
pressionamos
aos
nobres,
só
contamos
com
sua
generosidade
e
seu
patriotismo.
Alex
engoliu
uma
gargalhada
cética.
Breksby
era
uma
espécie
de
Maquiavel
ao
que
era
melhor
não
enfrentar.
―
Entretanto
sua
presença
aqui
não
é
um
capricho
já
que
tenho
que
propor
algo
a
seu
irmão
―
Anunciou
Breksby.
―
É
possível
que
o
interesse
―
Disse
Alex
sabendo
que
Patrick
estaria
encantado
de
aproveitar
a
oportunidade
de
viajar.
Tinha
voltado
para
a
Inglaterra
aproximadamente
um
ano
antes
e
parecia
estar
morto
de
aborrecimento.
Se
por
acaso
fosse
pouco
estava
especialmente
irascível
desde
que
Sophie
York
se
negou
a
casar
com
ele.
―
Isso
é
o
que
pensei
também
―Murmurou
Breksby.
―
Onde
tem
pensado
enviá-‐lo?
―
Espero
que
aceite
ir
ao
Império
Turco
no
verão
próximo.
Ouvimos
que
Selim
III
queria
ser
coroado
imperador
seguindo
Napoleão,
e
nós
gostaríamos
que
a
Inglaterra
esteja
representada
no
simulacro
de
cerimônia.
Como
é
impensável
enviar
os
filhos
do
rei
Jorge…
Elevou
os
olhos
ao
céu
ao
pensar
nos
descerebrados
príncipes
que
estavam
mais
tempo
bêbados
que
sóbrios.
Alex
assentiu.
Patrick
voltaria
da
viagem
com
um
navio
cheio
de
mercadorias
o
qual
parecia
uma
compensação
muito
justa.
―
Agora
bem,
quiser
puxar
você
a
esta
pequena
reunião
é
por
um
problema
de
título.
―
De
titulo?
―
Estranhou
Alex.
―
Exatamente.
Certamente
seu
irmão
representar
a
Inglaterra
adequadamente,
já
que
tem
meios
para
vestir
luxuosamente,
e
o
governo,
naturalmente,
encarregará-‐lhe
que
entregue
um
extraordinário
presente
a
Selim.
Tínhamos
pensado
em
um
cetro
encravado
de
rubis
parecido
ao
do
rei
Eduardo
II.
Acrescentaríamo-‐
lhe
mais
rubis
já
que
Selim
é
muito
vulgar
e
gosta
especialmente
dessa
pedra.
Mas
a
verdadeira
questão
é
o
que
pensará
de
Patrick
Foakes.
Dadas
as
delicadas
relações
entre
nossos
respectivos
países,
esse
é
um
ponto
importante.
―
Patrick
ganhou
a
avaliação
dos
chefes
da
Albânia
e
Índia
―
Fez
notar
Alex
―
Acho
inclusive
que
Ali
Pacha
lhe
suplicou
que
entrasse
em
sua
moradia
e
sabe
você
que
Albânia
está
cheia
de
turcos.
Não
acredito
que
tenha
o
menor
problema.
―
Não
entendeu
meu
amigo.
A
Selim
fascinam
os
títulos
daí
o
de
Imperador
Selim.
Alex,
que
olhava
fixamente
o
tapete,
levantou
a
cabeça
para
olhar
a
seu
interlocutor
diretamente
aos
olhos.
―
Pensou
em
outorgar
um
título
ao
Patrick.
Não
era
uma
pergunta,
e
um
grande
sorriso
iluminou
seu
rosto.
―
É
maravilhoso!
―
Exclamou.
―
Há
algumas
dificuldades
mais
se
podem
resolver
facilmente
―
Afirmou
lorde
Breksby.
―
Pode
ter
a
metade
de
minhas
propriedades
e
a
metade
de
meu
título
―
Declarou
Alex.
Alexander
Foakes,
como
conde
de
Sheffield
e
de
Downes
possuía
dois
domínios.
―
Querido
amigo!
―
Indignou-‐se
Breksby
―
Nunca
faríamos
tal
coisa!
Não
se
trata
de
partir
pela
metade
um
título
hereditário.
Mas
se
que
poderíamos
o
liberar
de
algum
de
seus
outros
títulos.
Alex
ficou
pensativo.
Não
só
era
conde
de
Sheffield
e
de
Downes,
mas
também
visconde
de
Spencer.
―
Estava
pensando
em
seu
título
ardem
Breksby.
Alex
estava
um
pouco
perdido.
―
Um
título
escocês?
―
Quando
sua
bisavó
se
casou
com
seu
bisavô,
o
título
de
seu
pai;
duque
de
Gisle;
extinguiu-‐se
já
que
era
filha
única.
―
É
obvio!
Alex
tinha
ouvido
falar
de
sua
bisavó
escocesa,
mas
nunca
lhe
ocorreu
que
o
título
tinha
desaparecido.
―
Eu
gostaria
de
pedir
ao
rei
que
concedesse
esse
título
a
seu
irmão.
Parece-‐me
que
o
motivo
está
justificado
já
que
se
trata
de
ganhar
Selim
para
a
causa
inglesa.
Se
não
se
sentisse
o
bastante
impressionado
por
nosso
embaixador
seria
capaz
de
nos
declarar
a
guerra
só
para
imitar
a
seu
querido
Napoleão.
Suponho
que
o
fato
de
que
Patrick
e
você
sejam
gêmeos
jogará
a
seu
favor.
Depois
de
tudo
é
o
mais
novo
só
por
uns
minutos
de
diferença.
Alex
assentiu
com
a
cabeça.
Já
que
Breksby
só
falava
de
seus
planos
quando
estava
seguro
de
que
iam
sair
bem,
dentro
de
uns
meses
Patrick
seria
duque
de
Gisle.
A
porta
se
abriu
dando
passagem
ao
mordomo
do
ministro
quem
anunciou:
-‐O
senhor
Patrick
Foakes,
o
conde
de
Slaslow,
lorde
Reginald
Petersham,
o
senhor
Peter
Dewland.
Breksby
não
perdeu
o
tempo
em
formalidades.
―Senhores,
os
fiz
vir
porque
cada
um
de
vocês
é
dono
de
um
excelente
navio.
―
Meu
Deus!
―
Exclamou
Braddon
Chatwin,
conde
de
Slaslow
―
Não
acredito
senhor,
a
menos
que
meu
administrador
o
tenha
comprado
sem
me
dizer
nada.
Lorde
Breksby
o
olhou
com
severidade.
Aparentemente
os
informes
que
tinha
recebido
sobre
a
capacidade
intelectual
de
Slaslow
não
tinham
sido
exagerados.
―
Ganhou
um
jogando
às
cartas
com…
Levantou
os
óculos
para
consultar
uma
folha
que
havia
sobre
seu
escritório.
―…
Um
tal
Sheridan
Jameson.
Um
comerciante
acredito.
―
Tem
razão!
―
Exclamou
Braddon
aliviado
―
Foi
uma
noite
que
nos
detivemos
em
uma
estalagem
no
caminho
da
Ascot.
Recorda-‐o
Petersham?
―
Lembro
que
jogou
―
Disse
Petersham.
―
E
ganhei
um
navio!
―
Acrescentou
Braddon
muito
contente.
―
O
governo
quer
requisitá-‐los?
―
Perguntou
Patrick
um
pouco
secamente.
Possuía
três
bons
navios
e
não
tinha
nenhum
desejo
de
desprender-‐se
deles.
―
Não,
não
―
Assegurou
lorde
Breksby
―
Nos
perguntávamos
se
algum
de
vocês
estaria
disposto
a
fazer
uma
viagem
ao
longo
da
costa
de
Gales
nos
próximos
meses.
Ordenamos
fazer
algumas
fortificações,
mas
já
sabem
quão
difícil
é
controlar
a
essa
gente.
Nunca
obedecem.
Os
outros
cinco
esperaram
que
continuasse.
―
Isso
é
tudo
senhores
―
Continuou
Breksby
―
Achamos
que
há
uma
pequena
possibilidade
de
que
Napoleão
queira
invadir
a
Inglaterra
desde
Gales.
irmão
não
aceitaria
converter-‐se
em
duque.
Mas
lorde
Breksby
nunca
fazia
nada
sem
ter
feito
averiguações;
sabia
que
Patrick
tinha
mais
dinheiro
que
a
maioria
dos
cavalheiros;
tanto
ou
mais
que
seu
irmão.
Também
sabia
que
não
tinha
nenhum
desejo
de
possuir
um
título.
Por
isso
sabia
nunca
tinha
demonstrado
a
menor
inveja
da
fila
de
seu
irmão
gêmeo.
Mas
Foakes
também
era
um
muito
bom
estrategista
que
se
encontrou
em
situações
delicadas
em
suas
viagens
pelo
Oriente.
Entendia
melhor
que
ninguém
a
admiração
sem
limites
que
Selim
III
sentia
pela
forma
de
vida
ocidental
e
especialmente
pelos
títulos
nobiliários.
―Não
se
verá
obrigado
a
fazer
uso
dele
―
Disse
com
deliberada
indiferença
―
Inclusive
poderá
renunciar
ao
título
quando
voltar
da
Turquia,
isso
nos
dá
igual.
Entretanto
preferiríamos
que
não
pusesse
a
missão
em
perigo
renunciando
agora
a
ele.
Patrick,
completamente
relaxado,
estava
pensando.
Com
as
mãos
unidas
pelas
pontas
dos
dedos,
o
ministro
observava
os
dois
irmãos.
Era
todo
um
espetáculo
ver
esses
atléticos
gêmeos,
com
seus
rostos
idênticos
e
o
rebelde
cabelo
com
mechas
prateadas.
Sentados
em
suas
poltronas
pareciam
dois
grandes
gatos
dormindo
a
sesta
ao
sol.
Mas
pensando
bem,
mas
bem
semelhavam
a
dois
tigres:
perigosos
e
preparados
para
saltar
em
qualquer
momento.
Quando
Patrick
por
fim
deu
de
ombros
dando
a
entender
que
aceitava
a
ideia
de
ter
um
título,
Breksby
sorriu.
―
Necessitaremos
uns
seis
meses
para
que
seja
oficial.
Você
deveria
chegar
a
Constantinopla
a
tempo
para
assistir
à
coroação.
Os
ourives
terminaram
o
cetro
em
abril,
de
modo
que
não
vejo
nenhum
problema
por
essa
parte.
―
Não
quero
que
se
faça
público
―
Disse
Patrick.
Entretanto
os
três
sabiam
que
se
transformasse
em
duque
de
Gisle,
não
se
falaria
de
outra
coisa
em
Londres.
Prudentemente,
o
ministro
não
respondeu;
levantou-‐se
e
rodeou
a
escrivaninha.
Os
dois
irmãos
se
levantaram
também
e
Breksby
lhe
acompanhou
à
porta
com
um
largo
sorriso
nos
lábios.
―
Posso
ser
o
primeiro?
“Sua
Graça”…
Fez
uma
reverência
enquanto
sua
absurda
peruca
caía
de
repente
para
a
direita.
Patrick
não
explodiu
até
que
estiveram
fora.
―
Pomposo
imbecil!
―
Estava-‐se
divertindo
como
um
louco
―
Deveria
deixar
que
enviasse
os
príncipes
reais
a
Turquia.
Alex
sorriu.
―
Isso
não
servirá
comigo
Patrick.
Morre
de
vontade
de
assistir
à
coroação.
Nunca
rechaçaria
uma
oportunidade
para
ir
a
Turquia.
Patrick
lhe
devolveu
o
sorriso.
―Tem
razão,
confesso.
Quando
estive
em
Lhasa
ouvi
falar
muito
de
Selim.
Passou
quatro
anos
viajando
através
do
Tibet,
a
Índia
e
Pérsia.
―
E
bem?
Como
é?
―
Terrivelmente
esnobe.
Naquela
época
estava
visitando
as
capitais
europeias
e
seu
pai
desesperava
ao
lhe
ver
adotar
os
costumes
ocidentais
e
levar
toda
classe
de
trajes
modernos
e
mulheres
a
Constantinopla.
―
Acredita
realmente
que
é
capaz
de
lançar
seu
exercito
seguindo
Napoleão?
―
É
possível.
Estavam
chegando
às
suas
carruagens.
―
Se
dá
conta,
irmãozinho,
que
a
partir
de
agora
seu
título
é
maior
que
o
meu?
―
Disse
Alex.
Patrick
pareceu
desconcertado
por
um
momento
e
depois
seus
olhos
brilharam
maliciosamente.
―
É
certo!
Sou
duque
e
você
só
é
conde.
Alex
se
pôs
a
rir.
Os
dois
irmãos
sempre
tinham
considerado
o
título
de
conde
como
uma
fonte
de
problemas.
―
Se
tivesse
sido
duque
faz
um
mês,
ela
teria
aceitado
casar
comigo
―
Continuou
Patrick
subitamente
sério.
Alex
sabia
de
quem
estava
falando
e
negou
com
a
cabeça.
―
Lady
Sophie
York
não
é
essa
espécie
de
mulher
Patrick.
Sophie
era
a
melhor
amiga
de
sua
esposa
e
duvidava
que
se
negasse
a
se
comprometer
com
Patrick
porque
este
carecesse
de
título.
―
Então
como
é
que
vai
casar
se
com
o
Braddon?
―
Perguntou
Patrick
irritado
―
Braddon!
―
Não
pensei
que
te
interessasse
tanto
o
futuro
de
Sophie.
Patrick
o
ignorou.
―
Braddon
é
gordo
e
estúpido
e,
além
disso,
tem
muito
menos
dinheiro
que
eu.
Mas
é
conde,
um
dos
membros
respeitados
da
aristocracia.
―
É
injusto.
Possivelmente
o
ama.
Patrick
gargalhou.
―
Amor!
Nenhuma
só
mulher
de
nosso
entorno
acredita
nessa
tolice
―
Exceto
Charlotte
possivelmente.
Alex
sorriu
ao
pensar
em
sua
mulher,
mas
repetiu:
―
Não
acreditei
que
se
preocupasse
tanto
do
futuro
de
lady
Sophie.
O
outro
elevou
os
ombros.
―
Dá-‐me
igual.
Que
faça
o
que
dê
vontade.
Mas
sou
um
mal
perdedor
e
você
sabe
melhor
que
ninguém.
Enfurece-‐me
pensar
que
fui
derrotado
porque
Braddon
tem
um
título
e
eu
não.
Alex
permaneceu
em
silêncio
uns
segundos.
Que
mais
podia
dizer?
Depois
de
todo
Sophie
York
possivelmente
tivesse
realmente
gana
de
ser
condessa.
―
Ira
ao
baile
dos
Dewland
esta
noite?
―Tinha
esquecido
―
Contestou
Patrick
―
Mas
vou
jantar
com
Braddon
e
certamente
ele
insistirá
em
ir
depois.
Espero
que
não
me
peça
que
seja
seu
padrinho
―
Acrescentou
com
uma
careta.
―
Tentarei
ir
―
Disse
Alex
dando
uma
palmada
nas
costas
a
seu
irmão
―
Espera
a
ver
a
cara
das
casamenteiras
quando
souberem
a
notícia.
Vai
se
transformar
no
partido
mais
desejado
de
Londres.
Patrick
estremeceu.
―
Razão
para
embarcar
imediatamente
para
Gales!
Capítulo
3
Quando
se
anunciou
a
chegada
de
Sophie
York
no
baile
dos
Dewland,
um
murmúrio
percorreu
o
salão.
Em
um
canto
as
amarguradas
solteironas
diziam
que
Sophie
era
uma
rebelde.
Outras
diziam
que
era
a
mulher
mais
formosa
da
Inglaterra.
Pequena
mas
voluptuosa.
Coquete
mas
filha
da
aristocrata
mais
estirada
do
país,
a
marquesa
de
Bradenbourg.
Os
ácidos
comentários
de
Heloise
tinham
estragado
a
reputação
de
mais
de
uma
jovem;
de
modo
que
os
comentários
da
marquesa
faziam
que
a
atitude
de
sua
filha
fosse
motivo
de
maior
diversão.
Sophie
se
deteve
no
alto
das
escadas
enquanto
seu
pai
se
internava
entre
as
pessoas
sem
dúvida
procurando
à
encantada
Dalinda.
A
marquesa
o
seguiu
rígida
com
uma
censura
que
não
se
atenuou
com
os
anos.
Percorreu
o
salão
com
o
olhar
convencendo
a
si
mesma
de
que
estava
tentando
ver
o
conde
de
Slaslow.
Mas
no
fundo
sabia
que
se
estava
despertando
nela
sua
debilidade
e
sua
falta
de
moral
como
dizia
sua
mãe,
já
que
estava
procurando
um
homem
de
costas
tão
largas
que
sempre
parecia
estar
a
desgosto
vestido
de
forma
elegante,
um
homem
com
o
cabelo
negro
e
mechas
prateadas.
Não
tinha
visto
Patrick
desde
que
rejeitou
sua
petição
de
matrimônio
e
não
o
via
entre
os
numerosos
convidados.
Sua
mãe,
ao
pé
das
escadas,
voltou-‐se
irritada.
―
Sophie!
―
Grunhiu.
Sophie
desceu
docilmente
e
Heloise
agarrou
seu
pulso.
―
Deixa
de
dar
espetáculo!
Os
jovens
cavalheiros
já
estavam
se
reunindo
ao
seu
redor
pedindo
com
olhadas
implorantes
que
concedesse
uma
dança.
Heloise
olhou
ameaçadora
antes
de
instalar-‐se
no
canto
das
matronas,
onde
só
as
mulheres
cujo
título
era
equiparável
a
sua
ferocidade,
tinham
direito
a
sentar.
Sophie,
despreocupada,
dividiu
seu
tempo
entre
todos
seus
admiradores,
mas
era
uma
estupidez
porque
dentro
de
dois
dias
como
muito,
o
Time
ia
publicar
a
seguinte
noticia:
O
conde
de
Slaslow
anuncia
suas
próximas
bodas
com
lady
Sophie
York,
filha
do
marquês
de
Brandenbourg.
A
cerimônia
terá
lugar
na
igreja
de
São
Jorge
e
a
apresentação
oficial
será
na
sala
capitular
da
ordem
da
Liga,
no
palácio
St
James.
Todo
mundo
se
surpreenderia
e
se
inteiraria
de
que
a
famosa
herdeira
já
havia
feito
sua
escolha.
Em
fevereiro
estaria
casada
com
Braddon
Chatwin
“o
conde
amável”
como
o
chamavam
algumas
vezes.
Braddon,
em
efeito,
era
amável,
e
seria
um
excelente
companheiro.
Sem
dúvida
amava
mais
a
seus
cavalos
que
a
qualquer
ser
humano,
mas
ao
menos
não
apostava
muito
nas
corridas.
E
parecia
ser
capaz
de
dar
afeto,
o
que
era
exatamente
o
que
Sophie
queria
que
tivesse
sua
união.
Teriam
formosos
meninos,
o
que
era
importante,
e
ele
manteria
a
suas
amantes
de
forma
discreta.
Sim,
disse,
dirigindo-‐se
para
a
pista
de
dança
com
seu
primeiro
par.
Braddon
era
amável
e
não
tinha
defeitos
importantes
de
modo
que
certamente
seriam
felizes.
A
noite
avançava
e
nem
seu
prometido
nem
“alguém
mais”
tinham
aparecido.
Sophie
dançava
com
sua
habitual
graça
e
só
os
mais
observadores
entre
os
cavalheiros
que
a
perseguiam
notaram
que
não
tinha
sua
costumeira
vivacidade.
Um
dandi
foi
secamente
recusado
quando
declarou
seu
amor
quando
era
famosa
por
suas
amáveis
respostas.
Dava
a
sensação
de
estaria
andando
sobre
uma
corda
bamba.
Deixou
de
procurar
uns
cabelos
escuros
com
fios
prateados.
Para
que?
Ia
converter
em
condessa
e
não
na
esposa
de
Patrick
Foakes.
No
jantar
esteve
acompanhada
pelo
filho
da
anfitriã,
Peter
Dewland,
um
elegante
e
doce
cavalheiro
que
conhecia
fazia
anos.
Era
um
alívio
porque
não
tinha
o
aspecto
de
acreditar
que
a
rainha
de
Londres
ia
cair
em
seus
braços
se
desejasse.
De
fato,
nunca
a
tinha
cortejado
e
isso
estava
bem.
―
Como
está
seu
irmão?
―
Perguntou
ela.
O
irmão
mais
velho
de
Peter
tinha
sido
gravemente
ferido
em
um
acidente
de
equitação
e
estava
três
anos
confinado
no
leito.
―
Seu
estado
vai
melhorando
―
Falou
Peter
com
um
grande
sorriso
―
Agora
está
seguindo
o
tratamento
de
um
médico
alemão
que
reside
na
Corte
ouviu
falar
dele?
Chama-‐se
Trankelstein.
Acreditei
que
se
tratava
de
um
enganador
mais
suas
massagens
parecem
estar
dando
resultado.
Agora
Quill
pode
sair
do
quarto
e
sofre
menos.
Passa
quase
todo
o
dia
no
jardim
porque
não
suporta
estar
encerrado.
Sophie
sorriu
de
verdade
pela
primeira
vez
em
toda
a
noite.
―
Isso
é
maravilhoso
Peter!
que
tinha
ouvido
sobre
um
próximo
enlace
confirmavam
essa
impressão.
Suspirou
extasiada
ao
recordar
a
maravilhosa
noite
que
passou
quando
anunciou
seu
próprio
compromisso
com
Thurlow,
reviveu
o
arrepio
de
prazer
que
percorreu
seu
corpo
quando
passeou
diante
do
resto
das
jovens
cujo
futuro
não
era
tão
seguro
como
o
seu.
Afastou
as
lembranças
e
entrou
na
biblioteca
para
apresentar
seu
filho
a
lady
Sophie.
Quill
não
era
como
Sophie
tinha
imaginado.
Recordava
vagamente
ter
visto
a
noite
dos
foguetes
um
rosto
muito
pálido
depois
do
cristal
de
uma
janela,
mas
o
que
tinham
diante
estava
bronzeado,
muito
mais
que
o
dos
jovens
cavalheiros
que
passavam
as
noites
jogando
e
os
dias
passeando
em
carruagens
fechadas.
Seus
traços
eram
finos,
um
pouco
marcados
pela
dor,
mas
era
muito
atraente
e
parecia
muito
inteligente.
Levantou
com
aparente
facilidade
para
lhe
beijar
a
mão,
mas
ela
adivinhou,
quando
ele
se
deixou
cair
na
poltrona,
que
havia
feito
um
grande
esforço.
Ela
se
sentou
em
seguida
para
não
o
incomodar,
em
um
pequeno
tamborete
ao
lado
da
lareira.
Peter
se
aproximou
da
outra
poltrona
enquanto
sua
mãe
se
dirigia
para
o
honorável
Sylvester
Bredbeck
quem
estava
ali
procurando
repouso
para
seu
pé
afligido
de
gota.
Quentin
olhava
Sophie
sem
a
menor
confusão.
―
Você
está
passando
bem
lady
Sophie?
―
Perguntou
arrastando
um
pouco
a
voz.
Ela
ruborizou
ligeiramente.
Podia
adivinhar
uma
sombra
de
sarcasmo
em
sua
entonação
e
não
se
sentia
com
humor
para
brincar.
A
realidade
era
que
as
respostas
brilhantes
que
estavam
de
moda
em
seu
ambiente,
pareciam
de
repente
haver-‐se
apagado
de
sua
mente.
―
Não
especialmente
―
Respondeu
com
franqueza.
―
Hmm…
Gostaria
de
descansar
um
pouco
dessa
necessária
alegria
e
jogar
uma
partida
de
backgamon?
Sophie
hesitou
um
momento.
As
damas
não
se
dedicavam
a
jogar
nos
bailes,
mas
ela
estava
acompanhada
pela
anfitriã
em
pessoa
e
precisava
apaziguar
um
pouco
seus
nervos.
Havia
poucas
possibilidades
de
que
Braddon
e
Patrick
aparecessem
na
biblioteca,
de
modo
que
poderia
desfrutar
de
um
breve
descanso
antes
de
voltar
com
outros
convidados.
―
Eu
adoraria.
Peter
ficou
em
pé
de
um
salto
para
ir
procurar
uma
mesinha
de
jogo.
Sophie
e
Quill
colocaram
em
silêncio
suas
fichas
enquanto
as
chamas
da
lareira
formavam
sombras
dançantes
sobre
as
paredes
forradas
de
madeira.
O
jogo
se
desenvolveu
depressa
até
que
Sophie
tirou
pela
segunda
vez
uma
dupla
nos
jogo
de
dados.
Quill
olhou
a
seu
irmão
com
olhos
brilhantes.
―
Isto
não
foi
uma
boa
ideia.
Tem
uma
sorte
incrível.
Sophie
sorriu.
Tirar
duplas
era
uma
de
suas
habilidades,
o
qual
deixava
louco
antigamente
ao
seu
avô
quando
ela
era
pequena.
Bebeu
um
gole
de
champanha.
De
repente
se
sentia
melhor,
a
biblioteca
era
um
bom
refugio.
Voltou
tirar
duplas
e
riu
enquanto
Quill
se
queixava,
depois
riu
a
gargalhadas
quando
terminou
a
partida
com
seis
duplas.
Esse
foi
o
momento
que
escolheram
os
dois
homens
que
ela
tinha
estado
procurando
toda
a
noite
para
entrar
na
biblioteca.
Braddon
acompanhado
de
seu
amigo
Patrick
Foakes.
Braddon
encantado
foi
ao
seu
encontro.
Mas
Patrick
se
deteve
na
porta.
O
cabelo
de
Sophie
brilhava
em
uma
mistura
de
tons
que
iam
do
vermelho
até
o
dourado
mais
puro.
Uns
cachos
escapavam
de
seu
penteado
parecia
ser
tão
suaves
como
a
seda.
Esteve
a
ponto
de
virar
sobre
seus
calcanhares.
Sophie
estava
rindo
e
brilhavam
seus
olhos…
Até
que
o
viu.
Nesse
momento
seu
sorriso
desapareceu
instantaneamente.
Braddon,
depois
de
ter
saudado
o
pequeno
grupo,
estava
olhando
com
beatifica
admiração
a
sua
futura
esposa.
Patrick
se
dirigiu
para
a
lareira;
não
ia
perder
o
sangue-‐frio
por
culpa
de
uma
coquete
que
se
negou
a
casar
com
ele
para
entregar-‐se
a
um
homem
que
tinha
um
título.
Tinha
o
que
queria;
estava
comprometida
com
o
único
conde
solteiro
que
havia
nessa
temporada.
E
tendo
em
conta
que
só
restava
um
duque
solteiro;
o
ancião
Siskind
que
tinha
oito
filhos;
Sophie
tinha
conseguido
o
prêmio
gordo.
A
menos
que
Patrick
se
convertesse
em
duque.
Seus
olhares
se
encontraram
e
depois
ela
afastou
os
olhos
tão
vermelha
como
a
taça
de
champanha
que
tinha
na
mão.
Braddon
tinha
ajoelhado
no
tapete
e
estava
voltando
a
colocar
as
fichas
em
seu
lugar
contente
ao
comprovar
que
sua
prometida
conhecia
esse
jogo.
Sophie
se
esforçou
para
sorrir.
De
sua
poltrona
de
respaldo
alto
Quill
tinha
visto
esticar-‐se
à
encantadora
lady
Sophie,
voltou-‐se
para
ver
a
causa
dessa
mudança.
Estendeu
a
mão
dizendo
um
pouco
sarcasticamente:
―
Patrick,
amigo,
meu.
Vêm
me
saudar.
―
Quill!
Patrick
esteve
junto
à
poltrona
com
grande
rapidez
com
seus
olhos
escuros
brilhando
de
prazer.
―
Acreditava
que
estava
preso
à
cama.
―
Assim
era
até
faz
uns
meses.
―
Tem
um
aspecto
estupendo.
―
Estou
vivo
―
Contestou
simplesmente
Quill.
Patrick
se
agachou
diante
dele.
―
Lembrei-‐me
de
você
quando
estive
na
Índia
e
um
marajá
ameaçou
decepar
se
não
me
ajoelhasse
diante
seu
ídolo.
Recordou-‐me
o
tirano
que
foi
no
colégio.
Sophie
não
podia
suportar
mais.
Agachado
desse
modo,
Patrick
estava
a
sua
altura,
justa
ao
seu
lado.
Instintivamente
admirou
suas
longas
pernas
cujos
músculos
se
notavam
através
das
estreitas
calças,
depois
se
voltou,
nervosa
como
um
cervo
e
se
afastou
do
tanto
como
permitia
seu
assento.
Patrick,
que
tinha
descoberto
que
ela
ainda
tinha
o
poder
de
comovê-‐lo,
estava
começando
a
sentir-‐se
incômodo.
Seu
suave
perfume
excitava
o
olfato,
uma
fragrância
inocente
e
ligeira
como
a
da
flor
da
cerejeira.
Seus
sentidos
estavam
começando
a
arder.
Tinha
desejo
de
tomar
Sophie
nos
ombros
e
levá-‐la
a
um
dormitório.
Levantou-‐se,
sério,
e
baixou
o
olhar
para
ela.
―
Ao
seu
serviço,
lady
Sophie
―
Disse
inclinando-‐se
―
Me
perdoe,
não
a
tinha
visto.
Ela
avermelhou.
É
obvio
que
a
tinha
visto.
Estava
petrificada
pelo
olhar
dele
e
se
limitou
a
fazer
um
gesto
com
a
cabeça;
era
incapaz
de
emitir
um
só
som.
Estava
tão
atraente
como
no
mês
anterior,
salvo
que
a
expressão
de
ternura
tinha
sido
substituída
por
uma
cheia
de
ironia.
Seus
cabelos
continuavam
em
desordem,
como
estava
de
moda
em
Londres,
mas
ele
devia
ter
cavalgado
ao
ar
livre
e
não
usava
produtos
cosméticos.
Eram
negros
como
o
ébano
e
tinham
umas
mechas
prateadas
como
se
a
lua
os
tivesse
acariciado.
Controlou-‐se
dizendo
que
parecia
uma
mulher
recém-‐saído
do
convento
sob
o
olhar
de
um
libertino.
E
a
viscondessa
Dewland,
embora
continuasse
falando
com
Sylvester
Bredbeck,
estava
os
olhando
atentamente.
Sophie
se
levantou
com
graça
e
dirigiu
um
sincero
sorriso
a
Quill.
Este
se
levantou
sua
vez
ajudando-‐se
com
o
braço
da
poltrona.
Fez-‐lhe
uma
reverência.
―Rogo
que
não
se
levante.
Era
comovedor
ver
Quill
com
o
rosto
crispado
pela
dor.
―
Eu
adoraria
voltar
a
vê-‐la,
lady
Sophie.
Conceder-‐me-‐á
você
a
revanche
o
dia
que
minha
sorte
melhore?
―
Com
muito
prazer.
―Voltou-‐se
para
Peter
e
deu
de
presente
um
brilhante
sorriso.
Depois
olhou
friamente
a
Patrick
e
logo
se
dirigiu
sossegadamente
para
Braddon.
―
Milorde.
Braddon
lhe
ofereceu
seu
braço,
ela
o
aceitou
e
atravessaram
juntos
a
sala.
Os
delicados
sapatos
prateados
de
Sophie
pisaram
nas
flores
escarlates
do
tapete
persa.
Ela
era
terrivelmente
consciente
dos
olhares
dos
dois
homens
que
a
seguiam.
Quill,
ainda
de
pé
e
Patrick,
com
um
semi
sorriso
cínico
que
dava
desejo
de
atirar
um
vaso
à
sua
cabeça.
Não
olharei
a
esse
infame
sedutor,
disse
a
si
mesma.
E
conseguiu.
Patrick
por
sua
parte
a
olhava
afastar-‐se
para
anunciar
seu
compromisso
com
uma
raiva
que
o
consumia.
Teria
gostado
de
atravessar
a
biblioteca,
agarrá-‐la
em
seus
braços
e
arrebata-‐la
de
Braddon.
Estava
seguro
de
que
só
necessitaria
um
momento
para
que
Sophie
se
transformasse
na
tremula
mulher
que
o
tinha
abraçado,
essa
mulher
cuja
emoção
parecia
ser
tão
real
que,
de
não
ter
sabido
era
uma
criatura
tão
frívola
tivesse
podido…
Tivesse
podido
o
que?
Peter
estava
se
desculpando
para
voltar
para
salão
de
baile,
mas
Patrick
não
fez
gesto
de
segui-‐lo.
Deixou-‐se
cair
no
tamborete
abandonado
por
Sophie
e
brincou
distraidamente
com
as
fichas
de
backgamon.
Quando
voltou
a
levantar
os
olhos,
topou
com
o
atento
olhar
de
seu
amigo.
Quentin
sempre
havia
possuído
um
perfeito
domínio
de
si
mesmo,
inclusive
quando
ambos
estavam
no
colégio.
Nessa
época
Patrick
se
enfurecia
frequentemente
e
se
lançava
sobre
seu
irmão
para
brigar,
mas
Quill
só
expressava
seu
aborrecimento
com
algumas
palavras
bem
dirigidas.
Apoiou-‐se
no
respaldo
de
sua
poltrona
de
couro
e
fechou
os
olhos.
―
Equivoco-‐me
ou
Braddon
já
te
levantou
uma
de
suas
amantes,
uma
atriz
ruiva?
―
Perguntou
sem
a
menor
malícia.
―
Arabella
Calhoun.
O
verão
passado.
Ainda
é
sua
amante.
Lady
Sophie
―
Acrescentou
Patrick
com
uma
espécie
de
raiva
―
Nunca
foi
uma
de
minhas
amantes.
Propus
matrimônio
a
ela
e
me
rejeitou.
Quill
voltou
a
abrir
os
olhos.
―
A
você?
Sob
o
olhar
divertido
de
seu
amigo,
Patrick
relaxou
um
pouco
e
acabou
por
sorrir.
―
Confesso
que
foi
um
duro
golpe.
―
Em
efeito,
com
todas
essas
mulheres
que
o
perseguem…
Peter
me
mantém
a
par
das
fofocas.
Das
bodas
de
seu
irmão;
faz
já
um
ano?
Parece
ser
que
se
transformaste
no
menino
mimado
da
alta
sociedade.
―Não.
―
Foge
com
cuidado
das
jovens
casadoiras.
Na
Índia
ficou
tão
rico
que
é
quase
uma
vulgaridade
―
Acrescentou
maliciosamente
Quill.
―
Jogamos?
―
Derrotado
pela
formosa
Sophie
York!
Tenho
que
pedir
a
minha
mãe
que
a
convide
para
tomar
chá.
―
Vai
estar
muito
ocupada
em
um
futuro
próximo
―
Disse
Patrick
com
indiferença
―
Suponho
que
neste
momento
devem
estar
recebendo
as
felicitações
de
todos.
―Tão
longe
chegou?
―
Sim.
Não
é
tola
Quill;
simplesmente
procurava
um
título.
―
Desgraçadamente
Braddon
é
completamente
estúpido.
Cansará
dele
antes
de
um
mês.
―
Jogamos?
―
Repetiu
Patrick
com
impaciência.
―
De
acordo.
Depois
das
pesadas
portas
de
carvalho
a
festa
estava
em
seu
apogeu,
mas
na
biblioteca
só
se
ouvia
o
ruído
do
jogo
de
dados
ao
se
chocar
contra
a
madeira.
Um
busto
de
Shakespeare
vigiava
de
acima
as
cabeças
inclinadas
dos
dois
amigos.
Depois
da
terceira
partida,
Patrick
rompeu
o
tranquilo
ambiente.
Dirigiu
a
seu
amigo
um
cáustico
olhar.
―
Devo
ir
dar
parabéns
ao
feliz
casal?
Quentin
permaneceu
imperturbável.
―
Vou
retirar-‐me,
esgotou-‐me
com
seus
problemas.
Capítulo
4
Os
lacaios
estavam
de
pé
a
ambos
os
lados
da
entrada
de
mármore
quando
Patrick
desceu
da
biblioteca.
A
mansão
estava
ficando
vazio
de
convidados
quando
uma
hora
antes
tinha
estado
cheia
com
o
rumor
das
conversas,
o
ruído
dos
sapatos
no
parquet
e
o
som
dos
instrumentos
de
música.
No
salão
de
baile,
as
velas
dos
spots
ainda
ardiam,
mas
as
do
candelabro
central
estavam
quase
apagadas.
A
imensa
sala
parecia
uma
caverna
com
alguns
grupos
aqui
e
lá
que
estavam
esperando
que
amanhecesse
aqueles
que
consideravam
que
uma
festa
era
um
fracasso
voltavam
para
suas
casas
antes
das
seis
da
manhã.
Certamente,
ela
já
se
foi.
Lady
Sophie
York
nunca
estava
entre
os
noctâmbulos;
não
estava
na
moda.
O
correto
era
ir
antes
que
aparecessem
os
primeiros
bocejos,
antes
que
os
mais
atrasados
estivessem
muito
bêbados.
Mas
Braddon…
Braddon
nunca
tinha
sabido
quando
era
apropriado
despedir-‐se,
o
pobre
estúpido.
Patrick
não
custou
o
encontrar,
derrubado
em
uma
poltrona
gesticulando
enquanto
falava
com
alguém
a
quem
Patrick
não
podia
ver.
Certamente
estariam
falando
de
cavalos,
pensou
Patrick
com
uma
onda
de
simpatia
para
seu
amigo.
O
querido
Braddon.
Era
uma
pena
que
a
Inglaterra
fosse
tão
pequena
e
que
as
mulheres
tivessem
que
escolher
entre
homens
que
se
conheciam
dos
seis
ou
sete
anos,
nos
corredores
do
colégio.
Apressou
o
passo
quando
por
fim
pôde
ver
o
interlocutor
do
Braddon.
―
Alex!
O
nome
ressoou
na
quase
deserta
habitação.
Seu
gêmeo
o
recebeu
com
um
sorriso.
―
Estava
te
esperando.
Um
chateio,
Braddon
se
lançou
a
uma
de
seus
divagações
cujo
segredo
só
ele
conhece.
Patrick
sentou
ao
lado
de
seu
irmão,
subitamente
tranquilizado.
Inclinado
para
frente,
Braddon
brilhavam
os
olhos
e
o
queixo
tremia
de
excitação.
―
Não
são
invisíveis,
Patrick,
é
a
realidade.
Por
fim
minha
vida
esta
completa
e
cheia.
Sorriu
e
cruzou
as
mãos
sobre
seu
colete
bordado.
―
Felicidades
―
Disse
brandamente
Patrick.
Braddon
não
pareceu
notar
a
ameaça
que
havia
na
voz
de
seu
amigo
e
continuou
entusiasmado:
últimos
convidados
começaram
a
dirigir-‐se
para
a
porta
para
ir
beber
outra
taça
antes
de
deitar-‐se.
Braddon
estava
muito
surpreso
pelo
insistente
olhar
de
Patrick
que
não
lhe
tirava
os
olhos
de
cima.
―
Bom
amigo
―
Se
defendeu
um
pouco
indignado
―
Faz
um
ano
que
a
mantenho,
não
pode
ter
acreditado
que
ficaria
com
ela
para
sempre.
Dava
uma
pensão
para
seis
meses
e
enviei
um
colar
de
esmeraldas.
Que
mais
quer
Patrick?
O
que
me
case
com
ela?
Patrick
abriu
a
boca
e
a
voltou
a
fechar.
Foi
Alex
quem,
tranquilamente,
tomou
a
palavra.
―
Eu
gostaria
que
me
falasse
da
tal
Madeleine.
Onde
a
conheceu?
O
olhar
desconfiado
de
Braddon
ia
de
um
gêmeo
a
outro.
―
Não
conhece
Madeleine
não
é?
É
minha
e
somente
minha
Foakes!
Patrick
sorriu
ironicamente.
―
Já
compartilhamos
mulheres,
muitas
mulheres
Braddon
não
te
parece?
―
Arabella
era
uma
coisa,
mas
Madeleine
é
algo
diferente.
É
somente
minha
e
para
sempre.
―
Curioso
―
Fez
notar
Alex.
Braddon
se
voltou
para
ele,
agressivo
como
um
cão
vigiando
seu
osso.
―
Nada
disso!
Meu
próprio
pai
manteve
a
sua
amante
durante
trinta
e
seis
anos,
sei
por
que
ainda
pago
suas
faturas.
E
não
me
importa
já
que
ela
é
bastante
amável.
E,
além
disso,
era
formosa,
ao
contrário
de
minha
mãe.
Às
vezes
vou
tomar
o
chá
com
ela
e
falamos
de
meu
pai.
―
Mas
sua
mulher,
sua
futura
esposa,
é
muito
formosa
―
Objetou
Alex.
―
Não
é
o
mesmo.
Braddon
falava
completamente
a
sério.
Estava
tentando
explicar
o
que
tinha
pensado
desde
que
seu
pai
lhe
apresentou
à
senhora
Burns.
O
anterior
conde
de
Slaslow
exigiu
que
tratasse
com
o
maior
respeito
a
essa
mulher
e
olhou
enfurecido
quando
não
saudou
o
bastante
rápido
a
sua
amante.
Então
Braddon
havia
feito
uma
reverência
como
se
estivesse
em
presença
do
rei
Jorge.
Logo
tinham
sentado
os
três
para
tomar
o
chá
e
tinha
admirado
a
luxuosa
decoração
e
os
jardins
que
se
viam
através
das
portas
janelas.
Ao
fim
viu,
em
cima
do
piano,
a
foto
de
um
menino
pequeno…
Seu
meio-‐irmão.
O
menino
tinha
morrido
aos
sete
anos,
disse
a
senhora
Burns.
Depois
desta
confissão,
o
conde
se
aproximou
dela
e
tinha
posto
as
mãos
sobre
os
ombros.
Estava
feliz.
―
Mas
terá
que
se
acostumar
a
sua
mãe
―
Ironizou
Patrick.
sucessivas
gravidezes.
Com
um
pouco
de
sorte
teremos
gêmeos
a
primeira
e
depois
já
não
teremos
que
voltar
a
nos
preocupar
com
o
assunto.
Não
te
parece
que
é
um
plano
genial
Patrick?
Este,
assombrado,
absteve-‐se
de
fazer
comentários.
Braddon
fez
uma
careta.
―
É
como
o
cão
de
hortelano
Patrick.
Como
o
cão
de
hortelano!
Cansou-‐se
da
Arabella.
Maldição!
Foi
deixando-‐a
em
minha
casa
sem
se
despedir
sequer.
E
voltou
seis
dias
depois.
Seis
condenados
dias!
O
que
queria?
E,
além
disso,
se
então
não
se
preocupava
por
que
te
incomoda
agora
que
a
eu
deixe?
―
Por
que
demônios
teria
que
me
importar?
―
Fulminou-‐o
Patrick
―
Não
tem
nada
haver
com
a
Arabella!
Braddon
ficou
em
pé
de
um
salto
e
deu
uns
passos
nervosos.
―
Então
porque
está
zangado
comigo?
Que
mais
te
dá
se
tomo
uma
amante
posto
que
não
conhece
Madeleine?
Patrick
entrecerrou
os
olhos.
―
Preocupo-‐me
com
o
modo
em
que
trata
Sophie
York
―
Disse
escolhendo
cuidadosamente
as
palavras.
―
Verdadeiramente
é
o
cão
de
hortelano!
―
Explodiu
Braddon
―
Sei
que
não
pediu
sua
mão.
Ouvi
dizer
que
a
tinha
beijado
e
que
depois
não
pareceu
o
bastante
boa
para
você.
Bem,
pois
eu
não
compartilho
seu
ponto
de
vista,
Patrick
Foakes.
Sophie
é
o
bastante
boa
para
mim.
Inclusive
o
rosto
de
Braddon
podia
expressar
dignidade
quando
lhe
provocava,
pensou
Alex
divertido.
Patrick
se
levantou
de
repente.
―
Estúpido
idiota!
―
Gritou
―
Pedi
sua
mão!
Pedi!
Fez-‐se
um
silêncio
durante
o
qual
Braddon
mordeu
o
lábio
inferior,
incrementando
assim
seu
parecido
com
um
buldogue.
―
Ofereceu-‐lhe
matrimônio?
Você?
E
ela
te
rejeitou?
Patrick
voltou
a
sentar-‐se
com
um
suspiro.
Como
podia
continuar
zangado
com
um
cretino
como
esse?
―
Exatamente.
Fui
a
sua
casa
no
dia
seguinte
às
dez
da
manhã
depois
de
ter
bebido
uma
taça
de
brandy
para
que
me
desse
coragem.
Arrumei
o
assunto
com
seu
pai,
mas
com
ela
não
funcionou.
Sentiu
uma
onda
de
ternura
ao
recordar
os
enormes
e
indecisos
olhos
de
Sophie.
Ela
não
tinha
esperado
sua
visita,
evidentemente;
o
qual
dizia
muito
a
favor
do
Patrick.
Mas
estava
ali
declarando
suas
intenções,
e
o
rechaçou.
Realmente
não
queria
saber
por
que
razão
o
fez.
―
Não
posso
acreditar!
―
Murmurou
Braddon
ainda
surpreendido
―
Eu,
Braddon
Chatwin,
roubei
uma
mulher
de
um
dos
irmãos
Foakes.
Arabella
não
conta
suponho
―
Acrescentou
antes
de
olhar
ao
Alex
―
Recorda
quando
voltou
da
Itália
e
te
falei
da
mulher
mais
formosa
de
Londres
com
a
qual
queria
me
casar?
Duas
semanas
depois
estava
comprometido
com
ela.
Alex
explodiu
em
gargalhadas.
―
Minha
esposa,
efetivamente.
Devo-‐lhe
isso
tudo
Braddon
―
Disse
ironicamente.
―
Sophie
York
recusa
Patrick
e
aceita
casar-‐se
comigo?
―
Repetia
Braddon
alucinado.
Um
pouco
mais
e
se
pôs
a
dar
saltos
de
alegria.
Patrick
levantou
os
olhos
ao
céu.
―
Senhores
―
Disse
Alex
―
Por
mais
apaixonante
que
seja
esta
conversa,
já
é
hora
de
que
eu
volte
para
minha
casa.
―
Para
que
não
briguem?
―
Zombou
Patrick.
Alex
lhe
respondeu
com
um
sorriso.
―
Charlotte
se
preocupa
se
voltar
tarde
e
Sarah
às
vezes
ainda
tem
que
mamar
pelas
noites.
―
Puaj!
―
Interveio
Braddon
―
Não
entendo
como
consente
que
sua
mulher
ela
mesma
alimente
a
sua
filha
Alex.
É
repugnante.
Franziu
o
cenho,
sinal
seguro
de
que
estava
pensando.
―
Nunca
permitirei
que
minha
Madeleine
faça
algo
assim,
garanto
isso.
Não
quero
que
se
converta
em
uma
vaca
leiteira.
―
Prefiro
não
me
dar
por
informado
de
que
acaba
de
chamar
a
minha
esposa
de
vaca
leiteira
―
Murmurou
Alex
cruzando
um
olhar
com
o
Patrick
―
Verei-‐te
no
jantar
de
amanhã?
―
É
obvio!
―
Cortou
Braddon
―
É
meu
padrinho
de
modo
que
tem
que
assistir
ao
jantar
de
compromisso.
Patrick
deu
de
ombros.
―
Por
que
não?
Tenho
vontade
de
ver
minha
sobrinha
criada
aos
seios
de
sua
mãe.
―
Puaj!
―
Repetiu
Braddon
―
Espero
que
Sophie
não
queira
alimentar
a
seus
filhos.
Não
permitirei.
Não
em
minha
casa.
É
asqueroso!
Alex
lançou
um
olhar
de
advertência
ao
seu
gêmeo.
Patrick
estava
fervendo
de
ira,
mas
seguiu
o
conselho
silencioso
de
seu
irmão.
O
modo
em
que
Braddon
pensava
tratar
a
sua
mulher
não
era
coisa
dele.
raça
em
vias
de
extinção.
Alex
subiu
a
sua
carruagem.
Patrick
renunciou
a
sua
ideia
de
dar
uma
volta
até
a
entrada
de
atores
do
Duke´s
Theater
e
ao
final
se
despediu
de
seu
carro.
Permaneceu
na
deserta
rua
vendo
como
este
se
afastava.
Começou
a
cair
uma
fina
chuva,
o
ar
cheirava
a
pó
e
a
excremento
de
cavalo;
fechou-‐se
bem
a
capa
e
caminhou
dando
passo
longos
pela
calçada.
Andar
lhe
relaxava
e
o
nó
que
tinha
no
estômago
desapareceu.
Patrick
tinha
passeado
pelas
cansativas
ruelas
de
Cantão
e
sob
as
arcadas
de
Bagdá.
Tinha
descansado
em
povos
de
montanha
no
Tibet.
Um
dia,
em
uma
rua
de
Lhassa,
ouviu
um
coro
de
bengalis,
uns
pequenos
pássaros
que
logo
trouxe
para
a
Inglaterra
e
que
se
converteram
em
moda
em
Londres.
Continuava
sem
precisar
dormir
muito
e
frequentemente
as
ideias
ocorriam
enquanto
andava.
Mas
agora,
em
vez
de
pensar,
via-‐o
todo
negro.
Só
recordando
a
suave
curva
do
seio
de
Sophie
York
sentia
que
se
esticava
de
desejo.
Continuou
andando
tentando
afasta-‐la
de
sua
mente.
Maldição!
Ele
tinha
uma
amante
na
Arábia
como
se
chamava?
Perliss.
Até
que
um
pachá
se
enamorou
dela
e
ela
dele.
Em
poucas
horas
se
transformou
em
uma
esposa
respeitada;
a
vigésima
quarta
ou
a
vigésima
quinta.
Isso
não
a
incomodou,
nem
sequer
quando
em
um
primeiro
momento
sentiu
falta
dos
talentos
e
as
longas
pernas
de
Perliss.
Mas
Sophie
simplesmente
a
tinha
beijado.
E
uma
só
vez
antes
a
tinha
abraçado,
mas
isso
foi
quando
sua
cunhada
se
debatia
entre
a
vida
e
a
morte
no
quarto
continuo.
Essa
noite,
ele
se
emocionou
embora
ela
não
se
desse
conta.
Chorava
com
todas
suas
forças
pela
sorte
de
sua
amiga,
e
Charlotte
sobreviveu.
Patrick
tomou
com
calma.
Sophie
voltou
com
sua
família
um
dia
depois
do
nascimento
do
filho
de
Charlotte.
Como
sedutor
convencido,
não
a
seguiu
preferindo
esperar
a
que
a
nobreza
começasse
a
voltar
para
Londres
no
fim
de
novembro.
Mas
então,
quando
ele
transformou
à
Bela
Adormecida
em
uma
sensual
criatura
que
se
aconchegava
em
seus
braços,
o
tinha
rejeitado.
Não
é
que
ele
tivesse
realmente
gana
de
casar-‐se,
é
obvio,
mas
em
vista
das
circunstâncias…
Passaram
as
semanas
e
não
tinha
conhecido
a
nenhuma
outra
mulher
depois
de
sua
fracassada
oferta
de
matrimônio.
Não
deixava
de
pensar
em
Sophie
York.
disse
que
só
se
tratava
de
frustração
sexual.
Se
tivesse
um
pingo
de
sentido
comum
se
dirigiria
ao
Duke´s
Theater
para
ver
se
Arabella
aceitava
passar
umas
horas
em
sua
cama
em
lembrança
dos
bons
velhos
tempos.
Mas
suas
pernas
não
o
obedeciam
e
o
levavam
diretamente
para
sua
casa.
Demônios
se
deixava
que
Sophie
se
casasse
com
Braddon!
Teve
uma
odiosa
visão:
Braddon
tirava
o
colete
bordado
e
se
preparava
para
cumprir
com
seu
dever
conjugal.
Só
até
que
tivesse
um
filho.
O
que
ia
fazer
Sophie
depois?
Transformaria-‐se
em
uma
dessas
damas
desiludidas
que
escolhia
seus
amantes
entre
os
maridos
de
suas
amigas
ou
se
deitavam
com
o
jardineiro.
Ao
fim
chegou
a
sua
casa,
mas
o
passeio
não
tinha
operado
sua
magia
desta
vez.
Ainda
tinha
um
nó
na
garganta
e
os
punhos
apertados.
A
noite
do
compromisso…
Subiu
lentamente
os
degraus
do
alpendre,
passou
por
diante
do
mordomo
que
se
precipitou
imediatamente
depois
à
zona
dos
criados
para
meter-‐se
na
cama.
Patrick
entrou
em
seu
quarto
e
se
despediu
de
seu
ajudante
de
câmara.
O
jantar
que
celebrava
Charlotte
em
honra
de
Sophie.
Falarei
com
ela
―
Pensou.
Falar?
Séria
melhor
dizer
que
tinha
desejo
de
acariciar
os
botões
rosados
de
seus
voluptuosos
seios
e
apertá-‐la
contra
ele
em
um
sensual
contato
de
delicadas
curvas
e
um
musculoso
corpo
que
estavam
feitos
um
para
o
outro.
Terei-‐a,
disse-‐se.
Terei-‐a
e
ponto.
Essa
noite
lorde
Breksby
foi
se
deitar
muito
contente
consigo
mesmo.
Cruzou
os
braços
por
cima
de
sua
cabeça
coberta
com
um
gorro.
―
Já
vê
querida
―
Anunciou
a
sua
adormecida
mulher
―
Às
vezes
acredito
que
sou
um
gênio.
Lady
Breksby
respondeu
com
um
grunhido
de
modo
que
ele
decidiu
dormir.
Ele
sonhou
com
cetros
com
rubis
incrustados
e
ela
com
roseiras
trepadoras.
Patrick
sonhou
que
dançava
com
Sophie
levando
uma
insígnia
de
duque.
Sophie
sonhou
que
beijava
seu
futuro
marido,
Braddon
Chatwin
que
de
repente
se
transformava
em
coelho
e
se
afastava
dando
saltos.
Ela
se
sentiu
mais
bem
aliviada.
Alex
não
sonhou.
Estavam
saindo
os
dentes
de
Sarah
e
passou
a
metade
da
noite
chorando.
―
Temos
que
nos
felicitar
porque
tenha
bons
pulmões
―Disse
sua
esposa
às
três
da
manhã.
Alex
suspirou
e
voltou
uma
vez
mais
ao
quarto
da
menina.
Se
o
conde
de
Sheffield
sonhou
acordado
que
embarcava
em
companhia
de
seu
irmão
com
destino
ao
Império
Turco,
afastando-‐se
da
empapada
criatura
que
tinha
nos
braços,
quem
tivesse
podido
reprová-‐lo.
Capítulo
5
Sophie,
banhada,
maquiada
e
penteada,
dirigia-‐se
à
festa
de
seu
compromisso.
Estava
sozinha;
a
carruagem
a
deixaria
no
Sheffield
House
uma
hora
antes
que
chegassem
os
convidados
para
que
pudesse
conversar
um
momento
com
Charlotte.
Afundou-‐se
nas
cômodas
almofadas
de
veludo
cor
salmão.
Sua
mãe,
a
marquesa,
sempre
se
sentava
na
beira
do
assento
com
as
costas
retas
como
se
tivesse
engolido
uma
vassoura
e
se
agarrava
ao
cabo,
em
troca
Sophie
adorava
apoiar
as
costas
no
respaldo.
Sentia-‐se
deliciosamente
sensual
e
tinha
o
coração
leve
e
tudo
pela
absurda
razão
de
que
Patrick
Foakes
estaria
presente
no
jantar.
Veria-‐
lhe
e
possivelmente,
mas
tarde
poderia
dançar
com
ele.
Desejava-‐o
com
toda
sua
alma,
desse
modo
ele
poderia
e
quereria
abraçá-‐la.
A
carruagem
cabeceava
sobre
o
pavimento
e
virou
bruscamente.
Sophie
se
segurou
no
cabo
pensando
que
era
uma
desgraça
ser
tão
baixa
já
que
não
podia
alavancar-‐se
em
um
canto
como
faziam
os
homens,
e
André
conduzia
muito
depressa.
Tinha
posto
um
vestido
de
um
tom
bege
dourado
aproximando-‐o
mais
possível
ao
branco
que
sua
mãe
insistia
em
que
usasse.
A
cor
branca
era
o
que
usavam
quase
todas
as
jovens
casadoiras
de
Londres.
Branco
como
símbolo
de
inocência,
compromisso
e
virgindade.
Exasperada
começou
a
dar
leves
golpes
com
o
pé.
O
ouro
não
era
muito
virginal.
Como
se
titulava
a
obra
que
tinha
visto
na
semana
anterior?
Eros
vencido?
Não,
não
era
isso.
Cupido
derrotado?
Não,
era
Eros,
não
Cupido.
Cupido
era
o
deus
do
amor
e
Eros
o
do
desejo.
Em
qualquer
caso,
Eros
usava
uma
toga
curta
de
cor
ouro
pálido
quando
atravessou
o
cenário
apontando
às
pessoas
com
suas
douradas
flechas.
A
obra
era
muito
mau,
uma
dessas
tragédias
nas
quais
uma
piedosa
jovem
se
apaixona
por
um
libertino
por
culpa
de
Eros.
Ao
final
ela
acabava
atirando-‐se,
de
maneira
muito
pouco
convincente
segundo
Sophie,
do
alto
de
uma
ponte.
Isso
era
o
que
necessitava,
disse.
Um
pequeno
deus
vestido
com
uma
túnica
que
fizesse
jogo
com
seu
vestido
colocando
uma
flecha
no
coração
de
Patrick
Foakes.
Embora…
Agora
que
pensava,
isso
é
o
que
o
deus
havia
feito
com
o
libertino
da
obra.
E,
entretanto
o
homem
abandonou
à
heroína
e
a
seu
filho.
Sophie
sorriu;
seu
temor
não
era
que
Patrick
não
a
desejasse
isso
ela
podia
vê-‐lo
nos
olhos
dele
que
se
obscureciam
assim
que
a
via.
De
modo
que
não
necessitava
de
Eros,
a
sim
ao
Cupido.
Isso
era
Cupido
usando
uma
túnica
de
um
branco
virginal
atravessando
Patrick
Foakes
com
uma
de
suas
flechas.
Porque
uma
coisa
era
segura:
os
libertinos
nunca
se
apaixonavam
e
quando
o
faziam
era
por
pouco
tempo.
Respirou
profundamente.
O
sonho
de
que
Patrick
se
apaixonasse
por
ela
era
inalcançável.
Fosse
o
que
fosse
que
o
esperava
dela,
não
era
o
matrimônio.
Veria-‐lhe
essa
noite,
certo,
mas
seria
com
motivo
de
seu
compromisso
com
outro
homem.
Apesar
de
tudo
em
seu
interior
cantava
de
alegria.
Inclusive
seus
cabelos,
que
lhe
caíam
livremente
pelas
costas
em
elaborados
cachos,
sonhava
com
as
carícias
de
Patrick.
A
limusine
se
deteve
bruscamente
diante
da
mansão
dos
Sheffield,
os
cavalos
se
encabritaram
dando
coices
no
ar
com
os
cascos
antes
de
apoiá-‐los
de
novo
no
chão
com
um
tinido
de
arnês.
―
Será
melhor
que
o
senhor
não
te
veja
jogar
desse
modo
com
os
cavalos
André
―
Advertiu
o
lacaio
que
estava
ao
lado
do
chofer.
Saltou
ao
chão
para
abrir
a
porta
do
habitáculo.
Todos
sabiam
que
ela
não
se
queixaria
nunca
por
ter
tido
uma
viagem
tão
movimentada,
mas
a
marquesa
era
muito
severa
quando
queria.
Entretanto
Sophie
estava
um
pouco
dolorida
já
que
um
de
seus
ombros
tinham
se
chocado
contra
as
paredes
do
carro
e
tinha
saído
despedida
contra
o
assento
de
em
frente.
Aceitou
a
ajuda
do
criado
para
sair
do
veículo.
―
Philippe
―
Disse
―
Quer
por
favor
dizer
ao
André
que
tenho
a
sensação
de
ser
uma
jarra
de
creme
batida
para
transformá-‐la
em
manteiga?
Philippe
dissimulou
um
sorriso.
―
Certamente
milady,
transmitirei-‐lhe
a
mensagem.
Ela
subiu
rapidamente
as
escadas
de
mármore
de
Sheffield
House
e
se
deteve
para
sorrir
ao
mordomo
que
lhe
abriu
a
porta.
―
Como
está
você
McDougal?
―
Lady
Sophie,
você
está
especialmente
formosa
esta
noite.
Entregou-‐lhe
seu
casaco
de
veludo
e
o
olhou
interrogadoramente.
―
Poderá
encontrar
à
condessa
em
seus
aposentos
―
Informou
ele.
Olhou-‐a
enquanto
desaparecia
pela
escada,
era
uma
jovenzinha
muito
gentil,
pensou;
miúda
e
frágil
como
uma
fada,
mas
com
um
sorriso
que
podia
dar
calor
à
lua.
fez
bem.
―
Não
anda
com
rodeios!
―
Disse
Sophie
encontrando
o
olhar
de
sua
amiga
no
espelho.
Charlotte
deu
a
volta
no
tamborete
sem
preocupar-‐se
por
Marie
que
resmungou
algo
enquanto
recolhia
as
forquilhas
que
caíram
sobre
o
tapete.
―
Esta
segura
Sophie?
Completamente
segura?
Sophie
assentiu
enfrentando
seu
olhar
sem
vacilar.
Charlotte
continuou:
―
Por
que…
Bom,
Braddon
é
encantador
certamente,
mas
não
é
muito…
―
Bonito?
Interessante?
Inteligente?
―
Sugeriu
Sophie
com
uma
pequena
careta.
―
Como
pode
se
casar
com
ele?
―
Explodiu
sua
amiga
―
Não
entende
que
é
melhor
casar-‐se
com
alguém
atraente
ou
inteligente?
―Não
quero
me
casar
com
seu
cunhado
Charlotte
―
Explicou
pacientemente
Sophie
―
Reconhece
que
eu
sou
a
única
que
sei
o
que
é
melhor
para
mim.
Me
nego
a
me
casar
com
um
libertino.
―
Mas
Braddon
é
um
libertino!
Lembra
que
um
dia
me
disse
que
tinha
mais
amantes
que
clientes
um
advogado.
Os
olhos
de
Sophie
brilharam
divertidos.
―
Dá-‐me
igual
quantas
amantes
tenha.
Eu
gosto,
é
confiável,
não
é
sentimental
e
será
discreto
em
suas
aventuras
extraconjugais.
Ele
mesmo
me
prometeu
isso.
―
Quer
dizer
que
falou
de
suas
amantes.
Charlotte
estava
fascinada
e
horrorizada
de
uma
vez.
―
Foi
ele
quem
tirou
o
tema
e
confesso
que
me
surpreendi
um
pouco.
Mas
nossa
união
será
tranquila,
razoável
e
amistosa.
Quero
tranquilidade.
Isso
não
é
o
que
você
queria
por
isso
Alex
e
você
são
felizes
juntos.
Eu
desejo
um
matrimônio
onde
nenhum
dos
dois
membros
do
casal
esteja
cego
pela
paixão.
Recorda
como
se
comportou
Alex
contigo?
Hesitou
um
momento
antes
de
acrescentar:
―
Quando
te
viu
obrigada
a
ir
a
“Escócia”.
―
Não
é
necessário
ser
tão
sutil
―
Disse
Charlotte
com
ironia
―
De
acordo,
Alex
se
comportou
como
um
monstro.
Mas
isso
já
passou
e
agora…
Charlotte
se
olhou
no
espelho
enquanto
Marie
trançava
uma
fita
em
seu
cabelo.
Pensar
em
seu
marido
para
que
se
ruborizasse.
―Sei
ao
que
se
refere
―
Continuou
Sophie
com
uma
curiosa
mistura
de
indiferença
e
desespero
na
voz
―
Mas
amor
com
letras
maiúsculas
não
se
fez
para
mim.
Você
gostaria
que
eu
fosse
tão
feliz
como
você,
mas
cada
qual
encontra
a
felicidade
onde
pode.
Para
mim,
me
casar
com
um
homem
sentindo
pelo
a
mesma
paixão
que
você
sente
pelo
Alex,
não
me
parece
indispensável.
Seus
pais
são
felizes,
mas
os
meus
não.
Impediu
que
Charlotte
interviesse
dizendo
rapidamente:
―
Não
queria
ser
indiscreta
ao
me
referir
ao
matrimônio
de
seus
pais,
mas
todo
mundo
sabe
o
que
acontece
entre
os
meus.
Não
há
um
só
mês
no
que
meu
pai
não
apareça
no
Morning
Post
com
um
pseudônimo
ou
outro.
Minha
mãe
não
contrata
uma
só
francesa
que
tenha
menos
de
setenta
anos.
Isso
significa
que
despedimos
mais
criadas
das
que
sua
mãe
empregou
em
toda
sua
vida.
Charlotte
suspirou.
A
lógica
de
sua
amiga
era
incontestável,
mas
de
todos
os
modos
estava
equivocada.
―
Não
sei
que
têm
haver
seus
pais
com
que
escolha
entre
Braddon
ou
Patrick.
―
Eu
gosto
de
Braddon
―
Repetiu
Sophie
―
Nunca
me
apaixonarei
por
ele
de
modo
que
não
me
transformarei
em
uma
mulher
amargurada
como
minha
mãe
embora
se
preocupe
mais
por
suas
amantes
que
por
mim.
Com
o
Patrick…
Seria
diferente.
―
Sabe
que
vai
estar
aqui
esta
noite?
Sophie
levantou
a
cabeça
com
rapidez.
Até
esse
momento
tinha
estado
contemplando
seus
sapatos
dourados
movendo
nervosamente
o
pé.
―
Sim.
No
mais
profundo
de
seus
olhos
Charlotte
distinguiu
uma
dolorosa
confusão
que
lhe
arrancou
um
sorriso.
Possivelmente
as
formosas
teorias
de
Sophie
não
tivessem
importância.
Se
encontrasse
a
maneira
de
lançá-‐los
ao
um
nos
braços
do
outro
esta
noite…
Bateram
na
porta
e
entrou
uma
criada
sustentando
entre
seus
braços
o
vestido
dourado
como
se
estivesse
fazendo
uma
oferenda
a
uma
deusa
pagã.
―
Milady…
Fez
uma
torpe
reverencia.
―
Deus
meu
Bess!
―
Interveio
Marie
com
a
autoridade
de
um
membro
respeitado
do
pessoal,
justo
por
debaixo
do
mordomo
e
do
ajudante
de
câmara
do
conde
―
Tem
que
aprender
a
fazer
melhor
as
reverências
se
quer
se
transformar
em
donzela.
Vamos
vá!
Bess
não
a
fez
repetir
duas
vezes.
―
Venha
lady
Sophie.
A
aludida
se
levantou
e
Marie
começou
umedecendo
rapidamente
sua
fina
regata
para
que
pegasse
às
pernas,
depois
passou
o
vestido
pela
cabeça
com
cuidado
para
não
danificar
o
penteado.
A
seda
sussurrou
enquanto
caía
brandamente
ao
redor
de
seu
corpo.
Cheirava
a
flor-‐de-‐laranja
e
ao
calor
da
prancha.
―
Perfeito!
―
Exclamou
Marie
satisfeita
depois
de
abotoar
os
botões
das
costas
―
Se
me
conceder
um
minuto
enquanto
termino
de
pentear
a
minha
senhora,
ocuparei-‐me
de
pôr
em
ordem
seus
cachos.
―
Que
vestido
mais
bonito!
―
Comentou
Charlotte.
―
Obrigado,
é
de
Antonin
Careme.
Marie
colocou
as
últimas
forquilhas
no
penteado
de
Charlotte
quem
se
levantou
sentindo
a
cabeça
um
pouco
pesada.
Aproximou-‐se
da
donzela
que
estava
sentada
em
um
tamborete
para
pôr
seu
vestido
escarlate.
Esse
era
um
dos
inconvenientes
de
ser
tão
alta.
Bateram
na
porta,
Marie
foi
abrir
e
depois
fechou
rapidamente
a
porta
nos
narizes
da
pessoa
que
tinha
chamado.
―
Era
Keating,
milady;
diz
que
os
Heppleworth
chegaram.
Charlotte
estendeu
o
braço
e
Marie
pôs
no
seu
pulso
um
bracelete
de
rubis.
―
É
preciosa
Charlotte!
―
Exclamou
Sophie.
A
cor
vermelha
das
pedras
realçava
o
do
vestido
e
ficava
perfeito
com
seu
cabelo
moreno.
―
É
um
presente
de
aniversário
de
meu
amor
―
Brincou
Charlotte
―
Para
celebrar
nossa
tranquila
vida.
Baixamos
para
pôr
a
prova
nosso
encanto
com
os
homens
que
já
estão
aqui?
E
digo
todos
os
homens.
Sophie
se
olhou
rapidamente
no
espelho
e
puxou
seu
sutiã
para
que
tampasse
justo
a
rosada
auréola
de
seus
seios.
Charlotte
se
pôs
a
rir.
―Não
poderia
estar
mais
atraente
Sophie.
―Verdade
―
Respondeu
a
outra
com
os
olhos
brilhantes
de
malicia
―
É
que
não
sei
por
que
não
ia
ser
atraente
aos
homens,
a
final
de
contas
só
estou
comprometida,
não
morta.
―
Às
vezes
é
muito
francesa.
―Eu
gosto
de
muito
ser
francesa
de
noite.
O
resto
do
dia
posso
ser
muito
inglesa,
sobretudo
para
montar
a
cavalo.
E
logo,
a
partir
das
seis
da
tarde
me
visto
como
uma
francesa
e
penso
como
uma
francesa.
Charlotte
pensou
enquanto
desciam
as
escadas.
―
Até
que
ponto
se
comportará
como
uma
francesa
quando
estiver
casada?
Sophie
lhe
dirigiu
um
olhar
carregado
de
diversão.
―
Tenta
descobrir
se
serei
fiel
a
meu
marido?
―Sim.
―
Serei
porque
é
muito
complicado
enredar-‐se
em
relações
ilícitas.
Paquerarei,
é
obvio,
e
terei
um
pretendente
com
título.
Uma
dama
casada
tem
que
ter
admiradores;
mas
não
abrirei
as
portas
de
meu
dormitório
a
ninguém.
Para
que?
Encolheu
os
ombros
de
forma
encantadora.
O
gesto
era
tipicamente
francês,
pensou
Charlotte.
Mas
a
ignorância
de
Sophie
quanto
aos
prazeres
da
carne
era
muito
britânica.
Sorriu;
se
Patrick
se
parecia
nisso
a
seu
gêmeo,
faria
Sophie
compreender
o
que
estava
perdendo
levando
o
anel
de
Braddon
no
dedo.
Uma
vez
em
baixo
se
dirigiram
para
o
salão
amarelo,
onde
as
estavam
esperando
os
convidados.
―
Genial!
―
Sussurrou
Sophie
―
Este
salão
faz
jogo
com
meu
vestido.
Tinha
razão.
O
salão
amarelo
estava
pintado
em
cor
âmbar
pálido,
o
tapete
era
de
uma
cor
um
pouco
mais
escuro
o
qual
para
ressaltar
mais
sua
roupa.
Patrick
ainda
não
tinha
chegado.
Sophie
tinha
desenvolvido
um
sexto
sentido
no
que
se
referia
a
ele,
e
não
precisava
olhar
para
saber
que
não
estava
ali.
Braddon
se
apressou
a
ir
para
seu
lado
e
fez
uma
reverência.
Ele
se
inclinou;
ao
endireitar-‐se
de
novo
se
esticou
de
maneira
mecânica
o
colete
que
tinha
tendência
a
subir
por
sua
incipiente
barriga.
Sophie
baixou
educadamente
os
olhos.
Braddon
saudou
Charlotte
antes
de
oferecer
o
braço
a
sua
prometida
com
ares
de
importância.
Esta
noite
ia
apresentar
oficialmente
a
sua
futura
esposa
à
família
e
tinha
estudado
cuidadosamente
o
protocolo
que
devia
seguir.
―
Primeiro
minha
mãe
―
Murmurou
levando-‐a
até
o
outro
extremo
do
salão
―
Depois
minhas
irmãs
e
por
último
minha
avó,
porque
embora
tenha
um
caráter
espantoso
também
é
condessa
de
modo
que…
A
família
de
Braddon
era
muito
conhecida
e
só
os
mais
indulgentes
diziam
que
sua
avó
era
simplesmente
difícil.
Outros
diziam
dela
que
a
condessa
de
Slaslow
era
uma
bruxa.
Mas
Sophie
tinha
sobrevivido
vinte
anos
com
as
severas
reprimendas
de
sua
própria
mãe,
de
modo
que
não
era
fácil
pô-‐la
nervosa.
Braddon
se
deteve
diante
sua
mãe
nas
pontas
dos
pés
como
se
estivesse
preparado
para
fugir
o
mais
longe
possível
dela.
A
Sophie
a
condessa
pareceu
jovem
para
ter
essa
reputação;
milagrosamente
não
tinha
rugas
apesar
de
seus
cinquenta
anos
cumpridos.
Sophie
se
inclinou
com
uma
profunda
reverência.
A
condessa
se
levantou.
―Lady
Sophie
―
Disse
com
voz
melosa,
mas
tão
forte
que
se
ouviu
em
todo
o
salão
―
Agradecemos-‐lhe
muito
que
tire
nosso
pobre
Braddon
de
seu
celibato.
Deu
uma
olhada
assassina
a
seu
filho
e
este
retrocedeu
ligeiramente.
―Sábia
que
mais
de
três
jovens
o
rejeitaram
antes?
Em
que
estavam
pensando?
Mas
eram
muito
jovens.
Necessitava
de
uma
mulher
mas
amadurecida
para
apreciar
as
maravilhosas
qualidades
de
nosso
Braddon.
Bem
jogado!
Pensou
Sophie.
Em
tão
só
duas
frases,
a
condessa
tinha
conseguido
que
Braddon
parecesse
tolo
e
ela
uma
solteirona
desesperada.
―
Em
efeito
―
Murmurou.
Não
tinha
nenhum
desejo
de
brigar
com
a
mãe
de
seu
prometido.
―
E
como
está
sua
querida
mãe?
―Perguntou
a
condessa
com
um
sorriso
carregado
de
veneno.
―
Muito
bem,
obrigado.
Estou
segura
de
que
não
demorará
a
chegar.
―
Pobre
querida
―
Continuou
Prudence
Chatwin
―
Todos
sabemos
a
cruz
que
leva
em
cima.
Seu
pai…
Mas
bom
ponto
em
boca.
Sophie
mordeu
o
lábio.
―Tenho
que
te
apresentar
a
minhas
irmãs
―
Disse
rapidamente
Braddon
―
Perdoe
mãe.
Sophie
atravessou
lentamente
o
salão,
precisava
recuperar-‐se
antes
de
conhecer
as
irmãs
de
Braddon.
―
Não
pode
evitar
―
Explicou
este
envergonhado
―
Disse
tudo
o
que
lhe
passa
pela
cabeça
e…
―
E
o
que
passa
pela
cabeça
sempre
é
algo
desagradável
de
ouvir.
―
É
certo.
Mas
isso
não
significa
que
desaprove
minha
escolha
―
Precisou
ele
dando
uns
torpes
tapinhas
no
braço
dela
―
Na
semana
passada
me
disse
umas
cem
vezes
que
nunca
tivesse
pensado
que
o
faria
tão
bem.
O
que
acontece
é
que
não
é
consciente
do
que
diz
ou
que
não
se
dá
conta
do
efeito
que
produzem
suas
palavras;
algo
assim.
E
não
fui
rejeitado
por
três
mulheres
―
Concluiu
indignado
―
Só
foram
duas.
Você
aceitou
se
casar
comigo.
Sophie
sorriu
diante
desse
embaralhado
discurso.
―
Minha
mãe
não
é
muito
mais
tolerante
―
Disse.
Mas
não
chegava
ao
nível
desse
dragão,
acrescentou
para
si.
Estava
saudando
a
segunda
das
irmãs
de
Braddon
quando
notou
a
presença
de
Patrick.
Três
mulheres
que
estavam
ao
lado
da
porta
soltaram
umas
risadas
e
ela
se
esticou.
Não
daria
a
volta.
Sorriu
amavelmente
a
mais
jovem
estava
diante
dela.
Era
evidente
que
Margaret
tinha
tentado
domar
seu
cabelo
recolhendo-‐o
em
um
coque,
mas
umas
pequenas
e
lisas
mechas
lhe
caíam
ao
redor
do
rosto.
―
Lady
Sophie
―
Grunhiu
―
Quantos
filhos
pensa
dar
ao
chefe
de
nossa
família?
Sophie
deu
um
passo
para
trás
nervosa.
―
Ehh…
Não
sei.
Os
que
Deus
queira.
O
olhar
da
Margaret
se
adoçou.
―
Os
meninos
são
o
maior
presente
de
Deus.
Como
chefe
da
família,
o
conde
de
Slaslow
deve
ter
pelo
menos
cinco
ou
seis.
Nunca
se
sabe…
Entrecerrou
os
olhos
olhando
fixamente
a
cintura
de
sua
futura
cunhada.
―
Evidentemente
já
te
vi
dançar,
entretanto
nunca
tinha
pensado
em
ti
desse
ângulo.
Sophie
olhou
interrogadoramente
a
seu
prometido
mais
Braddon
evitou
olhá-‐la.
―
Tem
uns
quadris
largos
―
Disse
Margaret
quando
terminou
seu
exame
―
Certamente
terá
que
ter
filhos
o
antes
possível.
Sua
mãe
teve
problemas
para
procriar?
É
filha
única,
acredito,
a
menos
que
seus
irmãos
tenham
morrido.
―Não
que
eu
saiba.
Margaret
apertou
os
lábios.
―Bom,
não
nos
desesperemos.
Quando
seu
pai
mora
seu
título
desaparecerá
com
ele,
lady
Sophie,
de
modo
que
estou
segura
de
que
entende
a
importância
dessa
pergunta.
―
A
verdade
é
que
o
título
passará
a
meu
primo.
―
Um
primo
não
é
um
filho
―
Arreganhou
Margaret
com
severidade
―
Estou
segura
de
que
seu
pai
pensa
que
o
título
está
perdido.
Por
isso
ela
sabia,
pensou
Sophie,
a
seu
pai
dava
completamente
igual
o
título.
Se
tivesse
querido
um
filho,
tivesse
visitado
sua
esposa
depois
do
segundo
mês
de
matrimônio.
Ao
menos
essa
era
a
versão
de
sua
mãe.
―
É
muito
importante
―
Continuava
dizendo
Margaret
―
Começar
quanto
antes.
Não
é
muito
jovem
e
as
gravidezes
são
mais
difíceis
a
partir
de
uma
determinada
idade.
Sophie
sentia
calor
subindo
por
sua
coluna
vertebral.
―
Ainda
não
tenho
vinte
anos
―
Fez
notar
um
pouco
friamente
―
Poderei
dar
a
Sua
Senhoria
oito
ou
nove
fontes
de
alegria.
Dirigiu
a
seu
futuro
marido
um
sorriso
forçado.
―
Uma
atitude
excelente
―
Aprovou
Margaret
―
Eu
mesma
dava
a
meu
marido
um
filho
justo
nove
meses
depois
das
bodas
e
me
orgulho
de
ter
tido
sete
mais
em
outros
tantos
anos.
―
Deus
Santo!
―
Murmurou
Sophie.
Uma
voz
divertida
se
meteu
na
conversa.
―Lady
Sophie
não
poderia
escolher
um
exemplo
melhor,
senhora
Windcastle.
Estou
seguro
e
que
será
uma
companheira
muito…
Fértil
para
nosso
querido
Braddon.
Este
último
lançou
um
olhar
de
recriminação
a
seu
amigo.
―
Perdão,
perdão
―
Disse
Patrick
com
um
brilho
de
malícia
nos
olhos.
A
palavra
“fértil”
faz
pensar
em
uma
égua.
―
Absolutamente!
―
Exclamou
Margaret
―
Não
vejo
porque
deveria
ser
indecente
falar
de
meninos.
Muitas
mulheres
temem
as
gravidezes
e
o
que
acontece?
Que
a
linhagem
de
seus
maridos
desaparece.
O
título
desaparece.
Imagine
que
não
houvesse
um
conde
de
Slaslow!
―
Concluiu
com
tom
melodramático.
―
Em
efeito
―
Replicou
Patrick
com
voz
de
veludo
―
Lady
Sophie
poderia
opor-‐se
à
ideia
de
ter
filhos
e
isso
seria
um
desastre
para
os
Slaslow.
Braddon
estirou
seu
colete
enquanto
olhava
a
sua
prometida
que
parecia
estar
contendo
uma
gargalhada.
―
Vamos
saudar
minha
avó.
Mas
tudo
estava
em
ordem.
Capítulo
6
Sophie
passou
o
jantar
conversando
com
Braddon
que
estava
sentado
a
sua
direita
e
com
um
amigo
de
seu
prometido,
David
Marlowe
que
estava
a
sua
esquerda,
ignorando
com
decisão
Patrick
Foakes.
Estava
situado
bastante
longe
dela
na
longa
mesa,
mas
isso
não
impedia
que
o
visse
quando
virava
um
pouco
a
cabeça,
o
qual
se
permitiu
fazer
poucas
vezes.
David,
um
jovem
vigário
vindo
do
campo
para
o
evento,
era
um
homem
encantador.
―
Você
tem
coragem
se
for
casar
com
Braddon
―
Disse.
―Por
quê?
Sophie
bebeu
um
gole
de
champanha;
estava
deixando
deliberadamente
que
subisse
à
cabeça
já
que
as
pequenas
borbulhas
proporcionavam
uma
alegria
algo
fictícia,
mas
muito
agradável.
―
Braddon
no
colégio
era
uma
praga.
Tinha
que
colocar
à
força
as
disciplinas
na
cabeça
a
véspera
de
cada
exame.
O
maior
problema
eram
as
coisas
que
inventava.
Estiveram
a
ponto
de
expulsar
várias
vezes.
―Invenções?
―
Repetiu
ela
escutando
só
pela
metade.
No
outro
extremo
da
mesa
essa
insuportável
francesinha,
Daphne
Blanc,
estava
flertando
descaradamente
com
Patrick.
Sophie
começou
a
dar
leves
golpes
com
o
pé
no
chão
ao
ver
Daphne
inclinar-‐se
para
ele
e
lhe
roçar
o
braço
com
o
ombro.
David
seguia
lhe
falando.
―Por
exemplo,
um
dia,
Braddon
decidiu
fazer-‐se
passar
por
seu
tio
diante
de
senhor
Woolton,
um
dos
professores.
O
tio
de
Braddon
é
um
famoso
explorador
e
Woolton
tinha
comentado
o
muito
que
gostaria
de
conhecê-‐lo;
então
Braddon
teve
a
genial
ideia
de
disfarçar-‐se
para
lhe
fazer
acreditar
que
era
o
explorador
em
questão
aproveitando
para
cantar
os
louvores
de
seu
sobrinho
para
que
Woolton
se
comportasse
com
maior
indulgência
com
ele.
―
Isso
é
absurdo!
―
Respondeu
Sophie
interessada
a
seu
pesar
―
Quantos
anos
tinha?
―Treze
ou
quatorze
anos
―
Disse
David
rindo
―
Acredite,
tentamos
de
tudo
para
dissuadi-‐lo,
mas
Braddon
não
queria
renunciar.
Adorava
o
teatro,
essa
é
por
outra
parte
a
razão
pela
que
E…
―
Mordeu
a
língua.
Não
podia
dizer
a
uma
dama
que
seu
futuro
marido
escolhia
geralmente
suas
amantes
entre
as
atrizes.
―É
a
razão
pela
qual…?
―
Insistiu
Sophie
curiosa.
exatamente
o
tipo
de
pessoa
com
a
que
ela
não
queria
ter
nada
que
ver?
suas
costas.
―Alex!
Os
condes
entraram
no
salão
de
inverno
como
se
não
tivesse
acontecido
nada,
como
se
fosse
algo
normal
ele
sair
levando
nos
braços
a
sua
mulher
em
plena
festa.
Patrick
estava
apoiado
no
piano
enquanto
Daphne
Blanc
tocava
languidamente
olhando
para
ele
com
olhos
apaixonados.
Charlotte
beliscou
a
seu
marido.
―Vê?
Os
olhos
de
Alex
se
obscureceram
com
ternura.
―Seus
desejos
são
ordens,
condessa.
Como
sempre
―
Acrescentou
piscando
um
olho.
Enquanto
Braddon
se
inclinava
para
Sophie,
esta
se
deu
conta
de
que
Patrick
convidava
Daphne
para
dançar.
Braddon
e
Sophie
se
encaminharam
à
pista
guardando
uma
respeitosa
distância
e
ela
surpreendeu
a
expressão
aprovadora
de
sua
mãe.
De
repente
Braddon
a
fez
tropeçar.
―Sinto
lady
Sophie
―
Se
desculpou
sem
fôlego
―Foakes
é
muito
mau
bailarino,
sempre
foi.
Sophie
olhou
por
cima
de
seu
ombro;
Patrick
não
se
preocupava
com
o
resto
dos
casais,
em
efeito.
Sustentava
muito
alto
a
mão
de
Daphne
e
aos
passos
tradicionais
do
baile
acrescentava
uma
série
de
giros
que
os
levaram
até
o
outro
extremo
do
salão.
Uma
vez
ali
olhou
a
seu
acompanhante
rindo.
―
Dá-‐me
voltas
na
cabeça,
milorde
―
Queixou
Daphne
com
tom
melindroso.
Braddon
se
deteve
com
um
suspiro
de
alívio.
―
Já
está!
―
Disse
secando
a
testa
―
aqui
faz
calor,
você
gostaria
de
sair
fora?
Estou
seguro
de
que
ninguém
porá
nenhuma
objeção
dada
nossa
situação.
Sophie
o
olhou
com
incerteza.
―Nossa
situação
de
compromisso
―
Explicou
ele
pacientemente.
Estava
acostumado
a
que
não
o
entendessem
e
não
se
zangava
por
isso.
―De
acordo.
Dirigiram-‐se
para
o
terraço
como
a
maioria
dos
casais,
mas
quando
Sophie
viu
Patrick
acompanhando
solicitamente
à
senhorita
Blanc,
deu
meia
volta.
―Vêm
Braddon
―
Disse
rapidamente.
Ele
a
contemplou
estranhando;
ela
já
estava
rodeando
as
jardineiras
cheias
de
flores
e
se
dirigia
ao
jardim.
Ele
se
precipitou
atrás
dela.
para
a
esquerda
já
que
“ele”
estava
nessa
direção.
Lucien
Blanc
a
recebeu
amavelmente.
Era
um
de
seus
admiradores
preferidos,
mas
o
olhou
com
bastante
frieza.
Não
era
acaso
sua
irmã
a
que
estava
paquerando
agarrada
ao
braço
de
Patrick?
―Pobre
por
mim!
―
Exclamou
o
com
seus
olhos
castanhos
cheios
de
alegria
―Não
sei
por
que
tenho
caído
em
desgraça
com
minha
inglesa
preferida.
Diga-‐me
que
não
é
por
culpa
de
suas
próximas
bodas
lady
Sophie!
Meu
coração
sempre
estará
aos
seus
pés
casada
ou
não.
Ela
não
pôde
evitar
sorrir
diante
dessa
ridícula
galanteria.
Lucien
se
aproximou
mais
ela
e
seu
sotaque
para
que
suas
palavras
tivessem
maior
encanto.
―Deveria
você
saber,
lady
Sophie,
que
um
verdadeiro
francês
nunca
deixaria
que
uma
bobagem
como
o
matrimônio
lhe
impedisse
de
depositar
seu
coração
aos
pés
do
amor
de
sua
vida.
―Estou
segura
―
Replicou
ela
rindo
―
Mas
por
desgraça
somos
escravos
de
nossos
costumes.
―Que
chateio!
Ao
menos
me
prometa
que
me
conservará
como
admirador
incluso
quando
for
condessa.
Eu
o…
Foi
interrompido
por
Charlotte
que
estava
dando
tapinhas
nas
mãos.
―Me
escutem
todos
―
Disse
animada
―
Vamos
a
terminar
esta
festa
com
um
jogo
passado
de
moda
o
que
lhes
parece?
O
que
pareceria
brincar
de
esconderijo
a
ou
a
cobra
cega?
―
O
esconderijo,
esconderijo!
―
Exclamaram
várias
mulheres.
―De
acordo.
Charlotte
mostrou
um
comprido
lenço
de
seda
cor
escarlate.
―Lady
Sophie
será
quem
se
esconda
já
que
é
a
convidada
de
honra
desta
festa.
Quem
a
encontre
pegará
o
lenço
e
se
esconderá
a
sua
vez.
A
única
regra
é
responder
sinceramente
quando
alguém
pergunte
se
tiverem
o
lenço.
Fizeram-‐se
várias
perguntas
e
Charlotte
teve
que
explicar
as
regras
do
jogo
e
as
que
ela
tinha
acrescentado
como,
por
exemplo,
o
lenço.
Os
olhos
dos
jovens
brilhavam
já
que
lhes
ofereciam
um
montão
de
possibilidades
com
esse
tipo
de
distração.
Uns
lacaios
puseram
tochas
ao
longo
dos
caminhos
do
jardim
transformando-‐os
em
passeios
de
estrelas.
Charlotte
atou
o
lenço
ao
redor
do
pescoço
de
Sophie
e
murmurou
ao
seu
ouvido:
―
Se
dirija
ao
pavilhão
de
verão.
Sophie
não
estava
preocupada,
a
verdade
é
que
tinha
estado
esperando
este
momento
toda
a
noite.
Sentiu
seu
calor
através
da
leve
malha
do
vestido.
―Conhece
um
poema
que
diz:
“Seus
lábios
são
vermelhos,
suaves
e
deliciosos”?
Ele
continuava
brincando
com
seu
cabelo
de
seda.
―Conhece
esse
poema
Sophie?
―Não
―
Murmurou
ela.
Ele
jogou
a
cabeça
ligeiramente
para
trás
enquanto
sua
outra
mão
a
atraía
contra
seu
musculoso
corpo.
Ela
gemeu
quando
ele
pousou
os
lábios
na
garganta
que
lhe
oferecia.
―“Seus
lábios
são
cerejas
e
delas
têm
o
delicado
sabor”
―
Continuou
Patrick
pontuando
cada
palavra
com
um
beijo.
―É
esta
uma
das
“delícias
do
matrimônio”?
Sophie
tentava
em
vão
não
deixar-‐se
arrastar
pelo
torvelinho
de
sensações
que
a
invadia.
―Uma
delas.
Suas
mãos
estavam
agora
percorrendo
todo
seu
corpo,
suas
nádegas,
seus
quadris,
a
curva
generosa
de
seus
seios…
―Não
acredito
que…
Viu-‐se
amordaçada
por
um
beijo,
um
autoritário
beijo
carregado
de
promessas.
Instintivamente
se
abriu
para
ele
e
enterrou
suas
mãos
no
seu
cabelo.
Quando
Patrick
se
separou
dela
para
escutar
os
sons
que
vinham
de
Sheffield
House,
ela
se
inclinou
para
ele.
―É
um
tesouro
―
Sussurrou
ele
com
voz
um
pouco
rouca
―
Sophie…
Ela
sorriu.
―Um
tesouro
do
qual
você
tem
a
chave?
Ele
voltou
a
atraí-‐la
para
seu
corpo.
―É
curioso
―
Disse
―
Parece
que
continuam
jogando
embora
nós
tenhamos
o
lenço.
Em
efeito,
Sophie
podia
ouvir
ao
longe
os
gritos
de
alegria
dos
participantes.
Voltou
bruscamente
para
a
realidade.
―Não!
Podem
nos
ver.
Patrick
deixou
imediatamente
de
abraçá-‐la.
―Isso
é
o
único
que
se
preocupa
não
é?
Se
nos
encontrassem
juntos
te
veria
obrigada
a
se
casar
comigo.
Sophie
não
entendeu
o
significado
de
suas
palavras.
O
rosto
de
Patrick
estava
sob
um
raio
de
lua
que
acentuava
seus
traços
e
a
sombra
das
pestanas
nas
bochechas.
Não
pôde
evitar
lhe
acariciar.
―É
bonito
―
Murmurou.
Ele
se
soltou.
―Temo
lady
Sophie
que
seu
prometido
deve
estar
preocupado
por
você.
Seu
tom
era
cortês
mais
estava
apertando
os
dentes.
Ela
esteve
a
ponto
de
protestar
mais
não
o
fez.
Ele
tinha
razão.
A
expressão
de
Patrick
se
endureceu
e
atou
o
lenço
no
braço.
―
Desfrutei
destes
momentos
com
você
condessa.
Como
de
costume.
Com
estas
palavras
se
afastou.
Sophie
estremeceu
na
suavidade
da
noite
e
duas
lágrimas
caíram
por
suas
bochechas.
Senhor
ela
tinha
feito!
Acabava
de
danificar
sua
vida
apaixonando-‐
se
por
um
libertino.
Outras
duas
lágrimas
seguiram
o
caminho
das
primeiras.
Ao
menos
ele
nunca
saberia.
Ninguém
saberia
jamais.
A
partir
desse
momento
arrumaria
para
que
todo
Londres
se
convencesse
de
que
estava
loucamente
apaixonada
por
Braddon;
porque
se
alguém
chegasse
a
descobrir
o
que
sentia
por
Patrick
morreria
de
vergonha.
Ao
voltar
do
jardim,
encontrou-‐se
com
duas
mulheres
que
falavam
excitadas
de
lenços
e
de
beijos
roubados.
Entraram
as
três
juntas
na
casa,
mas
as
gargalhadas
de
Sophie
soavam
falsas
aos
seus
próprios
ouvidos.
Com
a
rapidez
própria
do
clima
inglês,
uma
tromba
de
água
caiu
sobre
as
tochas
e
os
criados
fecharam
rapidamente
as
portas.
Braddon,
sentado
ao
lado
de
sua
mãe,
viu
Sophie
chegar
com
evidente
alívio.
―
Milorde
―
Disse
ela
dedicando
um
deslumbrante
sorriso.
―Lady
Sophie
―
Respondeu
―
Esta
começando
outro
baile.
Quer
que
dancemos?
Ao
dar
os
primeiros
complicados
passos,
ela
teve
um
instante
de
dúvida.
Uma
vida
inteira
com
esse
tipo
de
diversões
a
esperava.
Nada
deixava
supor
que
a
barriga
de
Braddon
desapareceria
depois
das
bodas.
Para
falar
a
verdade
certamente
chegaria
a
ter
a
corpulência
de
seu
defunto
pai.
Levantou
os
olhos
para
seu
amistoso
olhar.
Ela
se
dispunha
a
dizer
seus
argumentos
quando
uma
voz
muito
séria
interrompeu
a
conversa.
A
marquesa
de
Brandenbourg
se
plantou
diante
deles
com
o
peito
palpitando
de
indignação.
―
Esta
festa
é
de
péssimo
gosto!
―
Declarou.
Sophie
se
voltou
instintivamente
para
seu
pai,
mas
este
estava
tranquilamente
sentado
com
o
Sylvester
Bredbeck.
Comportou-‐se
de
forma
admirável
toda
a
noite
pelo
que
ela
tinha
podido
observar.
Braddon
se
levantou
rapidamente
para
ceder
seu
assento
a
sua
futura
sogra,
esta
se
sentou
apesar
do
evidente
desejo
que
tinha
de
voltar
para
sua
casa.
―Ninguém
pode
encontrar
à
senhorita
Daphne
Blanc
―
Disse
com
acidez
―
E
tampouco
o
irmão
do
anfitrião,
Patrick
Foakes.
A
última
vez
que
os
viram
foi
no
jardim
―
Acrescentou
lançando
um
avesso
olhar
a
sua
filha
―
Mas
depois
disso
desapareceram.
Braddon,
quem
tinha
ouvido
falar
da
aventura
entre
Daphne
e
Patrick,
apressou-‐se
a
responder:
―Estou
seguro
de
que
não
demoraram
em
aparecer.
Sophie
olhava
fixamente
suas
mãos
crispadas
em
cima
dos
joelhos.
―Em
minha
opinião
essa
jovem
não
será
o
bastante
estúpida
para
negar-‐se
a
casar-‐se
com
Foakes
―
Continuou
a
marquesa
agressivamente.
Estava
fora
de
si
só
pensando
que
sua
filha
pode
colocar-‐se
em
dúvida
com
um
indivíduo
cujo
passatempo
favorito
eram
as
mulheres.
Sophie
notou
contra
ela
o
reconfortante
ombro
do
Braddon
que
tinha
aproximado
uma
cadeira.
―
Patrick
me
disse
que
lady
Sophie
o
tinha
rejeitado,
o
qual
me
parece
uma
sorte
para
mim.
Agarrou
as
mãos
cruzadas
da
jovem
e
as
moveu
para
soltá-‐las,
as
beijando
afetuosamente.
A
marquesa
lançou
um
olhar
aprovador.
Era
um
menino
muito
amável.
De
fato
Heloise
recordava
os
que
tinham
cortejado
a
ela
antes
que
se
casasse.
O
coração
de
Sophie
estava
enlouquecido,
Patrick
ia
casar
se
com
essa
provocadora
da
Daphne.
―Mamãe
está
começando
a
doer
minha
cabeça.
Permite
que
lorde
Slaslow
me
acompanhe
até
em
casa?
Heloise
a
olhou
com
severidade
perguntando
se
sua
filha
iria
estragar
o
compromisso
fazendo
algo
que
incomodasse
ao
conde.
Mas
não,
Sophie
efetivamente
estava
pálida
e
parecia
cansada,
o
qual
a
preocupou
como
a
qualquer
mãe.
―Sim.
E
será
pior
quando
houver
filhos,
as
duas
estarão
continuamente
em
nossa
casa.
É
absolutamente
necessário
que
vamos
em
busca
da
liberdade.
Braddon
estava
um
pouco
perdido,
só
entendia
o
que
pintava
a
liberdade
em
tudo
isto.
―Não
entendo
porque
necessito
uma
enorme
capa
negra.
―Para
que
ninguém
te
reconheça
quando
me
sequestrar.
As
pessoas
se
fixam
na
roupa,
com
uma
capa
e
uma
barba
falsa
poderia
ser
qualquer
um.
Fez-‐se
um
silêncio.
―Certamente
é
o
certo
―Continuou
ele
―Mas
continuo
sem
entender
por
que…
―Se
não
fugirmos
―
Disse
Sophie
―
É
melhor
que
não
nos
casemos.
A
verdade
é
que
se
não
te
apresentar
em
minha
casa
amanhã
a
meia
noite
não
me
casarei
contigo
Braddon
Chatwin.
Molesto,
Braddon
pensou
que
ao
fim
e
ao
cabo
sua
prometida
tinha
uma
veia
histérica,
e
além
disso
ia
enrugar
lhe
o
veludo
da
jaqueta
de
tanto
apertar
seu
braço.
Entretanto
temia
a
reação
de
sua
mãe
se
soubesse
que
Sophie
tinha
quebrado
o
compromisso.
E
além
já
imaginava
a
si
mesmo
disfarçando-‐se
e
colando
uma
barba
falsa
no
rosto.
Era
algo
muito
divertido.
Ninguém
o
olharia
com
condescendência
nem
chamaria
de
estúpido
enquanto
estivesse
disfarçado.
―
Não
fique
nervosa
―
Disse
por
fim
―
De
acordo,
ali
estarei.
Sophie
pressentiu
que
tinha
que
terminar
rapidamente
antes
que
ele
tivesse
tempo
de
arrepender-‐se
ou
de
falar
do
assunto
com
algum
de
seus
amigos.
―Esperarei
amanhã
―
Declarou
―
Amanhã
a
meia-‐noite.
Mas,
sobretudo
não
diga
nada
a
ninguém
porque
poderia
estragar
tudo.
Arrumarei
tudo
para
pôr
uma
escada
debaixo
de
minha
janela.
Quando
chegar,
envolto
em
sua
enorme
capa
negra,
subirá
para
me
buscar
e
me
sequestrara.
Braddon
estava
fascinado
diante
da
ideia
de
subir
por
uma
escala
com
a
capa
voando
ao
vento
e
levar
uma
mulher
entre
seus
poderosos
braços.
E
como
de
todas
as
formas
ia
se
casar
com
Sophie
para
que
ia
discutir?
―De
acordo
―
disse
―
meia-‐noite.
A
carruagem
se
deteve
e
um
lacaio
foi
a
abrir
a
portinhola.
Braddon
desceu
sentindo-‐se
mais
homem
que
nunca.
Ofereceu
a
mão
a
Sophie
quem
a
tomou
com
confiança.
Na
escada
de
mármore
se
deteve
um
degrau
por
cima
do
para
ficar
a
sua
mesma
altura.
―
É
meu
herói
―
Murmurou.
Orgulhoso,
ele
se
inclinou
para
roçar
respeitosamente
seus
lábios
antes
de
voltar
a
subir
ao
veículo.
Sophie
entrou
em
sua
casa,
cansada
mais
satisfeita.
O
que
importava
a
ela
se
Patrick
Foakes
casava
com
essa
francesa
que
tinha
arrojado
a
seus
pés?
Uma
vez
casada
não
voltaria
a
pensar
nele,
nem
em
seus
perturbadores
olhos,
nem
em
suas
acariciadoras
mãos.
Nunca
mais!
Em
Sheffield
House,
uma
corrente
de
excitação
percorreu
o
salão
quando
as
pessoas
viram
entrar
Patrick
Foakes
acompanhado
de
seu
irmão
o
conde.
A
senhorita
Daphne
Blanc
continuava
sem
aparecer.
Barbara
Lewnstown,
que
se
vangloriava
de
ser
a
melhor
amiga
de
Daphne,
já
estava
imaginando
casada
com
o
honorável
Patrick
Foakes.
―
Patrick
―
Exclamou
―
Onde
está
minha
querida
Daphne?
Ele
parecia
ser
especialmente
indiferente
quando
respondeu:
―
Mal
tínhamos
saído
quando
um
inseto
entrou
no
seu
olho.
Começou
a
inchar
muito
e
Charlotte
a
levou
para
lhe
pôr
um
unguento.
Não
parecia
estar
afetado
pela
horrível
sorte
de
Daphne.
A
desventurada
não
poderia
deixar-‐se
ver
durante
uma
semana
ou
possivelmente
mais.
Capítulo
7
Braddon
Chatwin
despertou
no
dia
seguinte
rodeado
por
um
delicioso
aroma
de
aventura.
Bigodes
e
capas
negras
tinham
enchido
seus
sonhos.
Depois
recordou.
Lady
Sophie
queria
que
a
raptasse
e
insistia
em
que
devia
disfarçar-‐se
ameaçando
não
casar
com
ele
se
não
aparecia
a
meia-‐noite.
Tentou
com
muito
esforço
entender
todo
o
assunto.
À
luz
do
dia
parecia
uma
coisa
de
loucos.
Se
refugiassem
na
Gretna
Green
todo
mundo
pensaria
que
se
deitaram
juntos.
Felizmente,
pensou
Braddon
satisfeito,
ela
não
tinha
pensado
nisso.
As
mulheres
de
alta
linhagem
não
sabiam
nada
sobre
sexo
de
modo
que
Sophie
ignorava
o
que
diriam
as
pessoas
sobre
sua
fuga.
Mas
dado
que
nada
os
impedia
de
casar
tranquilamente
em
St.
George
quatro
meses
mais
tarde,
outros
tirariam
desagradáveis
conclusões.
Não
era
como
se
fosse
um
matrimônio
por
amor.
Puxou
o
cordão
para
chamar
o
criado
pedindo
que
levassem
chocolate
e
cruzou
os
braços
por
cima
da
cabeça.
O
que
necessitava
agora
era
urdir
um
plano
genial
para
sortear
a
sua
futura
esposa.
Em
outras
palavras
para
desbaratar
os
planos
dela
já
que
por
nada
do
mundo
faria
algo
tão
estúpido
como
casar
na
Escócia
quando
não
era
obrigado
a
fazê-‐lo.
Além
disso,
a
viagem
levaria
pelo
menos
dois
ou
três
dias
para
ir
e
outros
tantos
para
voltar.
Ir
a
Escócia
no
mês
de
dezembro!
Certo
que
não
tinha
caído
nem
um
só
floco
de
neve
este
ano,
mas
não
era
questão
de
que
abandonasse
“sua”
Madeleine
embora
só
fosse
por
uma
semana.
A
simples
lembrança
da
jovem
dava
vontade
de
sair
da
cama.
Entristeceu-‐se.
Madeleine
não
saltaria
de
alegria
se
ele
fosse
vê-‐la,
era
de
uma
castidade
exasperante.
A
verdade
era
que
não
parecia
ceder
nem
com
suas
apaixonadas
cartas,
nem
com
os
presentes
que
recusava
sistematicamente,
nem
a
nenhum
de
seus
esforços
para
convertê-‐la
em
sua
amante
por
toda
vida.
Havia
dito
que
essa
situação
não
a
interessava
e
ponto.
Tinha
sido
inútil
que
explicasse
que
uma
jovem
de
sua
posição
não
podia
esperar
fazer
um
bom
matrimônio
já
que
isso
não
parecia
preocupá-‐la.
Não
deixava
de
dar
voltas
na
mente
enquanto
tomava
o
chocolate.
Possivelmente
Madeleine
estivesse
preocupada
com
seu
futuro.
O
posto
de
cortesã
não
era
dos
mais
seguros
e
sem
dúvida
não
acreditava
que
ele
a
fosse
conservar
para
sempre.
Possivelmente
deveria
chamar
a
seu
advogado
para
que
redigisse
um
contrato
que
assegurasse
a
ela
uma
boa
renda.
Então
ela
entenderia
que
se
tratava
de
uma
relação
duradoura
e
não
de
um
capricho.
De
todas
as
formas
o
verdadeiro
problema
era
conseguir
que
lady
Sophie
cedesse
deixando
acreditar
que
era
ela
quem
dirigia
o
jogo.
Se
enviasse
uma
mensagem
ela
romperia
imediatamente
o
compromisso.
Braddon,
que
tinha
três
irmãs
maiores,
tinha
conhecido
muitas
mulheres
histéricas
e
tinha
a
sensação
de
que
sua
prometida
estava
a
ponto
de
ficar
incontrolável.
Não,
era
necessário
que
fosse
a
sua
casa
a
meia-‐noite…
Mas
não
para
ir
a
Gretna
Green.
Ao
fim
se
levantou.
Não
deveria
ter
pensado
em
Madeleine
já
que
sabia
que
não
poderia
fazer
nada
direito
até
que
não
a
tivesse
visto
e
tivesse
roubado
um
beijo,
caso
que
o
pai
dela
não
estivesse
nos
arredores
do
estábulo,
já
que
o
homem
estava
muito
atento.
Qualquer
pensaria
que
estava
vigiando
a
uma
verdadeira
dama
pela
maneira
em
que
reprovava
Braddon
por
tentar
arruinar
sua
reputação
e
outras
bobagens
pelo
estilo.
Braddon
não
conseguia
fazê-‐lo
entender
que
uma
mulher
que
vivia
na
parte
superior
de
um
estábulo
não
tinha
uma
reputação
que
preservar
e
que
devia
fazer-‐se
com
uma.
Quando
Kesgrave
foi
vesti-‐lo,
Braddon
o
fez
partícipe
de
sua
divertida
reflexão,
mas
o
mordomo,
como
de
costume,
permaneceu
impassível
e
se
limitou
a
perguntar
se
desejava
colocar
a
jaqueta
azul.
Braddon
suspirou.
Felizmente
era
de
caráter
amável,
com
todos
esses
estúpidos
que
o
rodeavam.
―
Não
Kesgrave―
Respondeu
―
A
malva.
Vou
dar
um
passeio
a
cavalo.
―
Antes
de
tomar
o
café
da
manhã?
―
Perguntou
o
mordomo
com
expressão
desaprovadora.
Era
uma
maldição
que
os
criados
o
conhecessem
desde
que
era
um
bebê,
pensou
Braddon.
―
Vou
sair
―
Insistiu
à
defensiva.
Uma
vez
que
esteve
preparado,
deslizou
ao
exterior
como
um
menino
saindo
às
escondidas
e
se
dirigiu
a
cavalo
para
os
estábulos
do
pai
de
Madeleine.
O
enorme
edifício
estava
tranquilo
a
essa
hora
da
manhã.
Mas
tarde
os
homens
se
reuniriam
sob
os
altos
carvalhos
do
pátio
para
olhar
os
moços
de
estábulo
quando
tirassem
os
puros
sangues
de
impressionantes
peitos.
Desceu
pesadamente
de
seus
arreios
e
lançou
as
rédeas
a
um
guri
que
andava
pelos
arredores
esperando
ganhar
algum
xelim.
Dirigiu-‐se
ao
vasto
edifício.
Madeleine
quase
nunca
ia
aos
estábulos
pela
tarde
por
culpa
de
sua
“reputação”.
Braddon
estava
bem
contente
por
isso
já
que
significava
que
não
havia
competição
com
o
resto
dos
homens
que
frequentavam
o
lugar.
Avançou
com
o
passar
do
corredor
que
cheirava
a
linimento.
Quando
havia
esse
aroma,
Madeleine
não
estava
longe
já
que
era
ela
a
que
se
ocupava
das
pequenas
lesões
dos
animais.
Ela
estava
no
último
box
ajoelhada
com
a
pata
de
uma
égua
dobrada
diante
ela.
Certamente
o
tinha
ouvido
chegar,
mas
não
deu
a
volta.
Continuou
falando
brandamente
ao
animal
enquanto
aplicava
o
unguento.
Braddon,
nervoso,
balançava-‐se
primeiro
em
um
pé
e
logo
no
outro.
―Milorde
―
Disse
ela
sem
o
olhar
―
Se
não
se
incomoda
poderia
segurar
a
cabeça
de
Gracie
enquanto
a
curo?
―Como
sabe
que
sou
eu?
Ela
olhou
por
cima
do
ombro.
―Você
vem
todos
os
dias
a
esta
hora,
milorde.
―Humm.
O
tom
não
era
muito
amável,
acaso
Madeleine
não
desejava
vê-‐lo?
Foi
agachar
ao
seu
lado.
―O
que
aconteceu?
―Uma
entorse
na
pata
direita.
Braddon
aproveitou
para
aproximar-‐se
um
pouco
mais.
―Milorde!
Parecia
contrariada.
Hoje
ia
ficar
sem
beijo.
Por
que
tinha
que
enamorar-‐se
de
uma
francesa
com
um
gênio
endiabrado
e
a
moral
de
uma
monja?
Não
era
tão
formosa
como
Arabella,
a
amante
que
tinha
roubado
de
Patrick
no
ano
anterior.
A
verdade
é
que
a
olhando
objetivamente,
era
mais
bem
baixa
e
vulgar.
Entretanto
o
coração
acelerava
assim
que
a
via.
Inclinado
para
ela
podia
ver
seu
amplo
seio.
Arriscou-‐se
pôr
uma
mão
em
cima
do
ombro.
―Não!
Surpreso,
cruzou
seu
olhar
com
os
olhos
enfurecidos
de
sua
amada.
―
Por
que
não?
―
Ele
perguntou.
Ela
ficou
em
pé
de
um
salto
puxando
sua
saia
de
lã.
Seu
sotaque
francês
era
mais
pronunciado
do
habitual
como
sempre
que
estava
zangada.
―Não
tente
“enliar-‐me”
―Enliar?
Quer
dizer:
enredar.
―
Isso
é
o
que
disse
―
Se
impacientou
ela.
O
que
ia
fazer
com
esse
aristocrata
tão
bobo?
Como
podia
trabalhar
de
um
modo
adequado
quando
ele
a
seguia
a
todas
as
partes
boquiaberto
de
admiração
e
se
interpunha
sem
cessar
em
seu
caminho?
Ele
a
agarrou
em
seus
braços
tão
rapidamente
que
ela
não
teve
tempo
de
pedir
ajuda
antes
que
os
lábios
de
Braddon
se
abatessem
sobre
os
seus.
Ao
mesmo
tempo
a
fez
sair
do
box
de
Gracie,
demonstrando
assim
contrariamente
o
que
diziam
seus
amigos,
era
capaz
de
fazer
duas
coisas
de
uma
vez.
A
seu
pesar,
Madeleine
se
deixou
levar
por
um
instante.
A
vida
tinha
sido
muito
dura
nos
últimos
anos.
Era
uma
maravilha
sentir-‐se
segura
entre
os
braços
dele.
Dava
a
sensação
de
que
a
protegeria
de
qualquer
desgraça.
Entretanto
se
revolveu
e
o
afastou
quando
ele
murmurava
coisas
ao
ouvido.
Certamente
mais
promessas
sem
sentido.
Entendeu
o
sentido
geral
de
suas
palavras.
Seu
admirador
era
o
que
sua
mãe
tivesse
chamado
um
libertino.
Só
queria
comprometê-‐la,
mas
não
casar-‐se
com
ela.
Ele
voltou
a
prendê-‐la
entre
seus
braços.
―Não
esteja
tão
triste
Madeleine.
Odeio
vê-‐la
tão
triste.
Confusa,
olhou
os
azuis
olhos
dele.
―Não
estou
triste,
só
é
que
por
um
momento
recordei
a
minha
mãe.
―
Parecia
estar
triste
―
Insistiu
Braddon.
―Sinto
falta
dela!
―
Soltou
Madeleine
contra
sua
vontade.
Não
queria
compartilhar
seus
sentimentos
com
esse
depravado.
Braddon
beijou
uma
orelha.
―
Algum
dia
você
será
mãe
Madeleine,
terá
seus
próprios
filhos
e
esquecerá.
Ela
respirou
fundo.
―
Não
se
você
sai
com
a
sua
―
Contestou
―
Quer
me
converter
em
uma
cortesã
e
essas
mulheres
nunca
têm
filhos;
não
podem
permitir-‐
se
esse
luxo
levando
essa
vida.
Ele
sorriu.
Era
o
sentido
comum
francês
o
que
estava
falando.
―Teremos
filhos
―Prometeu
―
Soube
assim
que
a
vi.
Nunca
antes
tinha
desejado
ter.
A
jovem
se
tranquilizou.
Esse
nobre
inglês
era
exatamente
o
tipo
de
homem
que
ela
desejava.
Um
pouco
tolo,
sem
dúvida,
mas
com
um
coração
de
ouro.
E,
além
disso,
era
tranquilizador
e
de
uma
estatura
imponente.
Para
ela
um
homem
devia
ser
imponente.
Ela
saberia
como
evitar
que
ficasse
em
perigo.
Mas
não!
Ela
não
se
transformaria
na
amante
de
ninguém
nem
sequer
embora
tivesse
que
permanecer
virgem
o
resto
de
sua
vida.
Afastou-‐lhe
―Fora!
Vá!
Braddon
custava
entendê-‐lo.
Ela
estava
furiosa
de
novo.
―É
possível
que
me
veja
obrigado
a
me
ausentar
uns
dias.
Pareceu
que
ela
se
sentia
decepcionada.
―Melhor.
Desse
modo
poderei
trabalhar.
Não.
Não
estava
decepcionada.
Fez
o
silêncio.
―Onde
estará?
―
Perguntou
ela
finalmente.
―Tenho
que
fugir.
Bom,
lady
Sophie
quer
que
a
rapte
mais
eu
não
quero.
De
modo
que
subirei
por
uma
escada
para
ir
procurá-‐la,
mas
não
a
levarei
a
Gretna
Green.
Além
disso,
ninguém
foge
no
inverno.
O
coração
de
Madeleine
pulsava
dolorosamente
em
seu
peito.
―De
verdade
lady
Sophie
deseja
que
a
rapte?
―Sim.
Não
estou
seguro
de
que
seja
tão
apropriada
para
mim
como
disse.
Teve
uma
crise
nervosa
ontem
de
noite
e
disse
que
se
não
ia
raptar
a
meia-‐noite
não
casaria
comigo.
Ela,
apesar
do
peso
que
oprimia
seu
coração
esteve
a
ponto
de
tornar
a
rir
ao
ver
a
expressão
de
causar
pena
do
Braddon.
―Não
posso
voltar
a
começar
Madeleine…
Maddie!
Tinha
conseguido
voltar
a
abraçá-‐la
e
lhe
estava
falando
contra
o
cabelo.
―Teria
que
voltar
a
começar
desde
começo
―Continuou
ele
―Teria
que
voltar
a
ir
ao
Almack´s
par
tentar
encontrar
uma
mulher
mais
ou
menos
razoável.
Não,
é
melhor
conservar
Sophie.
Simplesmente
tenho
que
encontrar
o
modo
de
raptá-‐la
sem
raptá-‐la.
Ao
menos
não
parecia
muito
enrabichado
de
sua
futura
esposa,
pensou
Madeleine.
―Você
opina
que
não
acreditará?
―
Arrisca
que
rompa
o
compromisso.
Quarenta
minutos
depois,
Braddon
tinha
a
perna
da
calça
esquerda
rasgada
de
cima
abaixo
e
pensava
vagamente
na
reação
que
teria
Kesgrave.
Houve
um
momento
tenso
quando
Braddon
se
negou
a
mostrar
sua
perna
nua
a
Madeleine
e
insistiu
em
colocar
ele
mesmo
a
primeira
capa
de
ataduras.
Ela
se
vingou
do
fazendo
uma
talagem
digna
de
um
elefante.
A
verdade
é
que
quando
saiu
do
estábulo
apoiando-‐se
no
ombro
dela,
tinha
a
sensação
de
ter
quebrado
a
perna
realmente.
―
Não
acredita
que
colocou
muito?
―
Perguntou
preocupado.
―Não.
Sua
perna
está
muito
quebrada.
Se
você
fosse
um
cavalo
teríamos
imobilizado.
Braddon
deu
umas
moedas
ao
guri
que
estava
vigiando
a
seu
cavalo.
―
Ponha
em
um
box
e
chame
um
faetón.
O
pirralho
o
olhava
com
curiosidade.
―
Se
machucou
milorde?
Braddon
deu
um
xelim
mais.
―
O
faetón
―
Repetiu.
―Em
seguida.
O
menino
se
precipitou
para
a
rua
deixando
o
cavalo
preso
em
uma
estaca.
―Espero
que
não
o
deixe
esquecido
aqui
―
Disse
Braddon
que
estava
segurando
sua
bota
com
a
ponta
dos
dedos.
Kesgrave
o
mataria
se
encontrava
restos
de
graxa
em
uma
bota,
tivesse
ou
não
a
perna
quebrada.
―
Não
se
preocupe
―Contestou
Madeleine
―
O
porei
em
lugar
seguro.
Ele
a
olhou
com
ternura.
―
Te
amo
sabe?
Ela
ficou
imóvel.
―Cale-‐se!
Se
meu
pai
ouve…
Você
fala
muito
alto!
Ele
deu
de
ombros.
―Estou
ferido
de
modo
o
que
ele
poderia
me
fazer?
E,
além
disso,
é
verdade,
Maddie,
te
amo.
―
Você
não
é
mais
que
um
libertino
―
Disse
ela
com
dureza
―Diz
me
ama
porque
não
cedo
a
seus
desejos.
Chegaram
à
rua
onde
estava
esperando
uma
carruagem
com
a
portinhola
aberta.
Madeleine
deu
a
volta
para
voltar
para
estábulo
sem
dizer
nada
mais.
De
repente
ocorreu
uma
ideia
e
voltou
a
dar
a
volta.
―Terá
que
voltar
para
ver-‐me
quando
quiser
que
tire
a
tala.
A
menos
que
confesse
a
seu
ajudante
de
câmara
que
é
falsa.
―
Isso
não!
Kesgrave
não
tem
nenhum
senso
de
humor.
Não
direi
a
ninguém.
Madeleine…
Ela
estava
frente
a
ele,
formosa
e
sensual,
com
seus
cabelos
castanhos
aos
que
a
luz
poeirenta
do
pátio
punha
reflexos
dourados.
―Obrigado
por
sua
ajuda.
Ela
dedicou
um
deslumbrante
sorriso.
―
É
normal
que
uma
cortesã
se
assegure
de
que
seu
senhor
não
se
case.
Rompeu
a
rir
ao
ver
sua
expressão
de
desgosto.
―
Você
não
é
uma
simples
cortesã
―
Protestou.
―Não
sou
uma
cortesã
absolutamente!
―
Declarou
ela
antes
de
desaparecer
na
sombra
do
edifício.
Dali
observou
Braddon
que
estava
entrando
no
faetón
praguejando
contra
a
talagem
muito
pesada
que
se
chocava
contra
a
portinhola.
Felizmente
não
quebrado
de
verdade
a
perna
porque
isso
teria
provocado
uma
dor
de
mil
demônios.
Era
muito
difícil
para
ela
não
pena
ao
ver
a
longa
figura
dele
subindo
no
carro.
Certamente
seria
maravilhoso
ser
sua
amante.
Maddie
sacudiu
a
cabeça
e
recordou
a
pobre
Gracie
a
qual
tinha
abandonado
sem
terminar
de
curar.
Em
efeito,
pobre
Gracie.
A
égua
tinha
devorado
o
resto
do
unguento
preparado
para
sua
perna
e
quando
o
pai
do
Madeleine
chegou
encontrou
a
sua
filha
repreendendo
à
égua
com
uma
inundação
de
pragas
em
francês.
Capítulo
8
Patrick
contemplou
seu
amigo
com
incredulidade
antes
de
romper
a
rir
sem
nenhuma
alegria.
―
É
sua
noiva,
vá
você
procurá-‐la.
Braddon
o
olhava
com
expressão
suplicante.
Patrick
era
o
único
amigo
no
qual
podia
confiar.
Apontou
sua
perna
com
um
enorme
gesso
que
estava
repousando
em
cima
de
um
tamborete.
―
Não
posso
subir
por
uma
escada
neste
estado,
maldição!
Patrick
deu
de
ombros.
―Então
não
a
rapte.
―Esse
é
o
problema
―
Gemeu
Braddon
―Não
posso
fugir.
Se
trouxer
lady
Sophie
aqui
ela
comprovará
que
estou
ferido
e
que
a
escapada
é
impossível.
Estou
em
uma
condenada
confusão
Patrick,
e
necessito
que
me
ajude.
―Escreva
uma
nota.
―Deixará-‐me
plantado.
É
um
pouco
histérica
sabe?
Ontem
de
noite
me
disse
que
se
não
fosse
procurá-‐la
não
se
casaria
comigo
nunca.
Já
sei!
―
Exclamou
de
repente
―Já
sei
por
que
se
comporta
como
um
urso
resmungão,
também
seu
vai
se
casar?
Com
Daphne
Blanc
não
é
certo?
Patrick
lhe
lançou
um
olhar
assassino.
―
Não
seja
mais
tolo
do
que
já
é
Braddon.
―
Odeio
quando
fala
com
essa
frieza.
É
mais
casca
grossa
que
seu
irmão.
Não
compreendo
o
que
te
incomoda
tanto.
Todo
mundo
estava
falando
de
seu
desaparecimento
sob
a
lua
com
a
senhorita
Blanc
ontem
de
noite.
―
Ontem
de
noite
antes
que
fosse?
―
Exatamente.
Acredita
que
minha
mãe
não
notou
que
tinham
ido
dar
um
passeio
e
que
não
voltaram?
―
Caiu
um
inseto
nos
olhos
dela
e
ficou
inchado
―
Respondeu
distraidamente
Patrick
―
Quando
ouviu
falar
desse
suposto
matrimônio?
Antes
ou
depois
de
que
Sophie
te
propor
uma
conclusão
tão
rápida
de
seu
compromisso?
―
Não
vai
se
liberar
assim
tão
fácil
―
Protestou
Braddon
―
Sophie
sugeriu
a
fuga
muito
antes
que
provocasse
esse
escândalo.
Já
disse
Patrick,
possivelmente
esta
é
a
primeira
vez
que
fui
capaz
de
roubar
uma
mulher
dos
irmãos
Foakes,
mas
ela
me
adora
realmente.
Interrompeu-‐se
um
momento,
pensativo.
sua
reputação
fugindo
o
que
mais
lhe
dava?
Trazia
absolutamente
sem
cuidado,
de
modo
que
bem
podia
subir
por
essa
condenada
escada.
Braddon
que
não
deixava
de
olhá-‐lo
sentiu
renascer
suas
esperanças.
―
Vai
fazê-‐lo!
―
Exclamou
―
Eu
sabia,
Patrick.
Sabia
que
podia
contar
contigo.
Maldição
velho
é
realmente
um
bom
amigo.
”Meu”
amigo!
―
Mas
bem
um
louco,
quer
dizer.
Quanto
tempo
tem
que
usar
o
gesso?
―Uns
quinze
dias.
―
Acreditei
que
se
necessitavam
seis
semanas
para
que
o
osso
soldasse
―
Disse
Patrick.
―Pode
ser
que
tenha
razão.
Mas
agora
seria
melhor
que
fosse.
Sophie
espera
a
meia-‐noite
e
faltam
vinte
minutos.
Patrick
agarrou
o
ouriço
negro
que
Braddon
estendia.
Dividia-‐se
em
duas
partes:
uma
barba
e
um
bigode.
Braddon
entregou
um
frasquinho.
―Toma,
esta
é
a
cola.
Pode
usar
o
espelho
da
lareira.
Patrick
desentupiu
o
frasco
e
franziu
o
nariz.
―Não!
―
Disse.
―
Ao
menos
ponha
a
capa
―
Suplicou
Braddon
―Tem
capuz.
Assim
ela
não
verá
quem
é
antes
que
estejam
fora.
Não
quero
que
comece
a
gritar
e
desperte
toda
a
casa;
provavelmente
se
sentirá
contrariada
ao
ver
que
é
você
quem
vai
procura-‐la
e
não
eu.
Isso
era
ficar
curto!
―Ademais
―Continuava
―
Necessitará
uma
capa
para
envolvê-‐la
uma
vez
que
estejam
no
chão.
Não
deve
sujar
a
reputação
de
minha
futura
esposa
se
mostrando
com
ela
na
metade
da
noite.
Patrick
esboçou
um
sorriso
francamente
divertido.
―Pede
que
entre
no
quarto
de
sua
prometida
e
que
leve
ela
em
uma
carruagem
sem
que
saibam
seus
pais
e
se
preocupa
por
sua
reputação?
Jogou
a
capa
sobre
os
ombros
e
se
olhou
ao
espelho.
―
Meu
Deus,
pareço
uma
caricatura
da
Morte
da
Idade
Média!
Só
me
faltam
o
cinturão
feito
de
corda
e
uma
foice!
Braddon
mordeu
o
lábio
inferior.
―A
reputação
de
Sophie
não
sofrerá
nenhum
dano
se
ninguém
os
ver.
Envolverá-‐a
com
a
capa
até
que
estejam
no
carro
para
que
ninguém
possa
ver
seu
rosto.
Quer
dizer,
caso
haja
alguém
na
rua
a
estas
horas.
o
capuz.
Por
fim
ele
passou
a
outra
perna
e
saltou
ao
interior
do
quarto.
Não
disse
nada
se
limitando
a
apoiar-‐se
na
janela.
―
Suponho
estará
se
perguntando
por
que
não
estou
preparada
para
fugir
com
você
―
Começou
Sophie
―
A
razão
pela
que
pedi
que
subisse
até
aqui,
lorde
Slaslow,
é
que
me
comportei
como
uma
tola.
Vai
se
zangar
comigo,
mas
não
posso
descer
por
essa
escada
com
você.
Nem
esta
noite…
Nem
nunca.
Tentava
distinguir
o
rosto
de
Braddon
em
vão.
A
capa
era
um
chateio.
―Me
senti
muito
desgraçada
todo
o
dia,
não
parava
de
dar
voltas
na
cabeça.
Não
queria
lhe
mandar
uma
simples
mensagem,
mas
não
posso
fugir.
E
tampouco
quero
me
casar.
Ao
ouvir
estas
palavras,
seu
prometido;
cuja
elevada
estatura
era
quase
preocupante;
cruzou
os
braços.
―
Por
quê?
―
Limitou-‐se
a
perguntar.
―Sei
o
importante
que
é
para
você
casar-‐se
por
causa
de
sua
mãe,
e
o
sinto
de
verdade,
mas…
Não
estaria
bem.
Ficou
em
silêncio
muito
incômoda.
Entretanto
o
silêncio
de
seu
companheiro
a
obrigou
a
continuar,
e
todas
as
coisas
que
a
tinham
obcecado
no
transcurso
do
dia
saíram
desordenadas
por
sua
boca.
―Olhe,
acreditei
que
poderíamos
nos
levar
bem
casados
por
que…
Porque
não
nos
amamos.
Isso
não
é
de
tudo
certo,
já
que
tenho
uma
grande
estima
por
você,
Braddon…
Ehh…
Lorde
Slaslow.
Mas
nós…
Eu
não
sinto
por
você
o
tipo
de
sentimentos
que
uma
esposa
deve
sentir
por
seu
marido.
Silêncio.
―
Não?
―disse
ele.
―
Não.
―
Ah.
Decididamente
a
voz
de
Braddon
era
estranha,
mas
grave
do
habitual
e
com
um
sotaque
de
veludo
que
a
punha
nervosa.
Possivelmente
porque
era
a
primeira
vez
que
se
encontravam
a
sós
além
do
jardim.
Essa
lembrança
reforçou
sua
determinação.
―
Recorda
quando
se
negou
a
me
beijar
ontem
de
noite
porque
não
pensava
em
mim
“desse
modo”?
Bem,
pois
um
marido
deveria
pensar
“desse
modo”
em
sua
esposa
―
Concluiu
com
atrevimento.
Nenhuma
resposta.
Depois
o
homem
com
agilidade,
franqueou
os
poucos
passos
que
lhe
separavam
da
cama.
Sophie,
apesar
de
seus
esforços
não
conseguia
ver
sua
cara.
Ele
a
agarrou
pela
nuca
e
se
inclinou
para
ela.
―
Provemos
―
Murmurou.
E
seus
lábios
desceram
sobre
os
de
Sophie
com
firmeza.
―OH…
Braddon
a
estava
empurrando
para
trás,
ou
possivelmente
estivesse
caindo
ela
sozinha.
A
boca
de
Sophie
se
ofereceu
de
maneira
espontânea
e
sentiu
um
repentino
calor
em
seu
interior.
Ninguém
a
tinha
beijado
assim
além
de
Patrick.
Então,
disse
Patrick
Foakes
não
tinha
nada
de
especial
já
que
outro
homem
podia
despertar
nela
as
mesmas
sensações.
Depois,
simplesmente,
deixou
de
pensar.
Patrick
tampouco
pensava,
por
fim
a
tinha
onde
tinha
sonhado:
em
uma
cama,
e
a
tontura
que
experimentava
não
deixava
pensar
em
anda
mais.
Beijou-‐a
até
que
ela
começou
a
tremer
de
desejo,
com
os
dedos
afundados
em
seus
cachos
escuros.
Deitado
sobre
ela
cobriu-‐a
de
pequenos
beijos,
leves
como
asas
de
mariposa
que
lhe
arrancaram
uns
suaves
gemidos.
Ela
tentou
levá-‐lo
para
sua
boca,
mas
ele
seguia
provocando-‐a
beijando
a
face.
Depois
voltou
a
tomar
seus
lábios
enquanto
acariciava
seus
seios
por
debaixo
da
camisola.
Um
som
estrangulado
saiu
do
mais
profundo
dela
e,
entretanto…
Entretanto
ela
não
queria
sentir
isto
com
Braddon.
Inclusive
embora
o
fosse
capaz
de
despertar
nela
o
desejo
(o
qual
a
assombrava)
não
queria
casar-‐se
com
ele.
Assim
que
se
afastou
murmurando:
―
Não.
Os
lábios
dele
a
perseguiram
e
sua
língua
fez
correr
pelas
veias
dela
fogo
líquido.
―Não,
não,
não.
Finalmente
encontrou
forças
para
afastá-‐lo
e
se
sentou
olhando
fixamente
diante
ela.
Seu
prometido
ficou
deitado
sobre
um
lado
com
o
busto
levantado.
―
Isto
não
muda
nada
Braddon
―
Disse
ela
ofegando
―
Não
sei
por
quê…
Porque
temos
feito
isto,
mas
não
desejo
me
casar
contigo.
Ele
estava
acariciando
os
cachos
que
caíam
como
uma
cascata
pelas
costas.
Ao
ver
que
ele
não
dizia
nada
se
voltou
a
lhe
olhar.
E
seu
coração
deixou
de
pulsar.
O
capuz
deslizou
e
a
fraca
luz
da
lua…
Seu
corpo
já
sabia
que
não
era
Braddon,
mas
agora
ela
podia
ver
as
largas
pestanas,
os
cabelos
negros
e
prateados,
seu
queixo
caiu…
Sua
mente
começou
a
assimilar
o
que
seu
corpo
tinha
sabido
desde
o
começo.
Emitiu
um
ligeiro
suspiro
como
o
de
um
menino
dormindo.
Patrick
sorriu
languidamente
sem
deixar
de
acariciar
seu
cabelo.
Depois
a
jogou
brandamente
para
trás.
―
Prometo
―
Murmurou
em
seu
ouvido
―
Que
eu
penso
em
“desse
modo”
Sophie.
Sua
língua
brincava
com
o
delicado
lóbulo
da
orelha
dela,
provocando
um
incêndio
em
seu
interior.
Ela
relaxou
quando
ele
tomou
sua
face
entre
as
mãos
para
beijá-‐la
de
novo.
Tudo
estava
bem,
era
algo
completamente
natural.
Ela
já
não
pensava
em
disfarces,
nem
em
fugas,
nem
em
compromissos,
nem
em
matrimônios.
Quando
passeou
suas
pequenas
mãos
pela
face
dele,
Patrick
também
relaxou.
Sophie
estava
oferecendo
com
o
encanto
eterno
da
mulher
seduzindo
seu
sedutor.
Com
uma
espécie
de
grunhido,
ele
rodou
sobre
ela
e
ela
gemeu
sob
seu
peso.
Ele
separou
imediatamente.
―
Lamento
querida,
tinha
esquecido
quão
frágil
é.
Sophie
não
se
tomou
a
moléstia
de
responder.
Ela
desejava
sentir
esse
musculoso
corpo
em
cima
dela
e
lhe
agarrou
pelos
ombros
oferecendo
seus
lábios.
Apoiado
em
um
joelho,
Ele
se
lançou
ao
descobrimento
de
seu
corpo,
despindo
seus
seios.
―
Sophie
É
tão
formosa...
Tanto!
Sua
boca
seguiu
o
caminho
de
suas
mãos.
Agora
ela
se
arqueava
contra
ele
sussurrando
incoerências
que
atiçavam
seu
desejo.
Ele
levantou
sua
camisola
e
acariciou
os
sedosos
cachos
de
seu
sexo.
Ela
se
esticou
e
o
segurou
pelo
pulso.
―
O
que
esta
fazendo?
Estava
tremendo
por
efeito
da
paixão,
mas
também
tremia
de
medo
e
ele
ficou
quieto
sem
retirar
os
dedos.
Ela
permitiu
que
a
deliciosa
sensação
se
apoderasse
dela
e
levantou
para
seu
olhar
carregado
de
desejo.
―
Não
farei
nada
que
você
não
goste
carinho
―
Disse
ele
depositando
pequenos
beijos
em
sua
face
antes
de
apoderar-‐se
de
sua
boca
ao
tempo
que
seus
dedos
se
afundavam
nela
fazendo
que
perdesse
a
cabeça.
―
Meu
Deus!
―
Murmurou
ela
de
repente
―Está
fazendo
amor.
Patrick
fechou
um
instante
os
olhos
para
poder
resistir
a
onda
de
paixão
que
ameaçava
lhe
arrastar.
Depois
a
beijou
no
nariz.
―Isto
não
funcionará.
Não
parece
que
sejamos
da
mesma
talha.
Patrick
se
incorporou
sobre
os
cotovelos.
Capítulo
9
Na
outra
ponta
do
corredor,
a
mãe
de
Sophie
estava
sentada
muito
reta
em
sua
majestosa
cama.
Heloise
dormia
sozinha
desde
que
descobriu
seu
marido
nos
braços
de
uma
das
donzelas,
dois
meses
depois
de
suas
bodas.
Proibiu
categoricamente
seu
acesso
a
seu
dormitório
e
o
marquês
assentiu
a
contra
gosto.
Após
os
únicos
ruídos
que
turvavam
seu
sonho
eram
os
de
seu
marido
quando
voltava
na
metade
da
noite.
Puxou
o
cordão
de
veludo
situado
na
cabeceira.
A
marquesa
odiava
incomodar
aos
criados
a
horas
inoportunas
mas
normalmente
dormia
como
um
tronco,
sinal
de
que
tinha
a
consciência
tranquila
como
dizia
seu
marido
em
tom
de
recriminação.
De
modo
que
se
tinha
despertado
ferrosamente
tinha
que
ter
sido
por
uma
boa
razão.
Tinha
ouvido
uma
espécie
de
ofego
e
logo
um
grito;
estava
segura.
Possivelmente
estivessem
roubando
a
alguém
sob
a
janela
de
sua
casa
e
se
sentia
obrigada
a
ir
em
ajuda
do
desventurado.
Voltou
a
chamar.
Por
fim
apareceu
sua
donzela
um
pouco
assustada
e
bastante
despenteada.
Fez
uma
reverência
bastante
pouco
convencional.
―Sim
milady?
―
Ouvi
um
ruído!
―
Declarou
Heloise
friamente
―
Diga
a
Caroll
que
vá
ver
imediatamente
o
que
esta
acontecendo
na
rua.
A
criada
fez
outra
reverência
antes
de
desaparecer.
Heloise
se
manteve
imóvel
olhando
fixamente
o
dossel
rosa
da
cama.
Uma
espantosa
ideia
passou
por
sua
mente.
E
se
seu
marido
tinha
decidido
trazer
mulheres
a
Brandenbourg
House?
Agora
que
pensava
tinha
parecido
ouvir
a
voz
de
uma
mulher.
Sim,
era
uma
mulher.
Isso
lhe
recordou
o
dia
que
a
segunda
donzela
começou
a
trabalhar
no
vestíbulo
sem
avisar;
Heloise
ainda
se
zangava
ao
pensar
nisso.
A
duquesa
de
Beaumont
acabava
justamente
de
chegar
para
tomar
o
chá
e
isso
supôs
uma
humilhação
que
recordaria
até
o
dia
de
sua
morte.
Pensar
na
duquesa
a
levou
a
acordar-‐se
de
Braddon
Chatwin
quem
segundo
parecia
recordar
tinha
algum
tipo
de
parentesco
com
ela.
O
homem
era
educado,
um
pouco
tolo,
de
acordo,
mas
que
homem
não
era?
E
pertencia
a
uma
boa
família.
Seria
muito
agradável
ter
uma
relação
próxima
com
a
duquesa
de
Beaumont.
Ouviu
passos
apressados
no
corredor.
―Milady
miúda
historia!
Caroll
encontrou
uma
escada
colada
ao
muro
da
casa
no
jardim.
Interrompeu-‐se
pensando
que
era
melhor
que
o
mordomo
fosse
quem
dissesse
à
marquesa
que
a
escada
estava
apoiada
justo
debaixo
da
janela
de
Sophie.
Heloise,
depois
de
colocar
a
bata
com
decisão,
dirigiu-‐se
ao
hall
e
depois
aos
aposentos
de
seu
marido.
Estava
segura
de
que
a
escada
ia
dar
diretamente
à
janela
de
seu
marido.
Até
aí
tinham
chegado
as
coisas:
o
marquês
levava
mulheres
a
seu
dormitório
subindo
por
uma
escada
do
mesmo
modo
que
um
vulgar
libertino
teria
se
metido
em
um
bordel.
Assim
se
viu
totalmente
desconcertada
quando
encontrou
a
seu
marido
dormindo
placidamente
e
completamente
sozinho.
Se
por
acaso
fosse
pouco,
a
janela
de
seu
dormitório
estava
fechada
e
por
sua
maneira
de
roncar
devia
ter
bebido
muito.
Era
evidente
que
não
esperava
visitas.
Aproximou-‐se
para
despertá-‐lo.
―
Temos
ladrões
George.
Ladrões.
O
marquês
se
levantou
de
um
salto
com
uma
mecha
de
cabelo
caindo
sobre
os
olhos.
Heloise
se
sobressaltou
George
tinha
envelhecido
sem
que
ela
se
desse
conta?
Seu
cabelo
negro
tinha
agora
mechas
brancas
e
recém-‐despertado
tinha
o
aspecto
de
um
ancião.
Mas
suas
pernas
ainda
eram
longas
e
musculosas,
constatou
quando
ele
se
levantou
para
colocar
algo
em
cima.
Aparentemente
seguia
dormindo
sem
camisola.
Dirigiu-‐se
ao
vestíbulo
e
se
precipitou
para
a
parte
traseira
da
casa.
Caroll
a
reteve
segurando
seu
braço.
―
Milorde…
Algo
em
seu
tom
congelou
o
sangue
do
marquês.
―A
escada
―
Continuou
o
mordomo
―
A
escada
ficou
debaixo
da
janela
de
lady
Sophie.
―
A
escada
ficou
―
Repetiu
o
marquês
perplexo
―
ficou?
Não
pode
falar
inglês
como
todo
mundo
Caroll?
O
aludido
se
absteve
de
recorda-‐lo
de
suas
origens
francesas
e
se
limitou
a
responder
com
firmeza:
―
A
parte
alta
da
escada
está
apoiada
contra
o
quarto
de
lady
Sophie,
milorde
―
Acrescentou
com
certa
satisfação
―
A
janela
está
aberta.
George
permaneceu
um
instante
boquiaberto.
vestidos,
mas
logo
pensava
que
estava
ficando
velho
e
que
minhas
ideias
estavam
passadas
de
moda.
que
terminou
muito
tarde.
Arrastou-‐a
ao
seu
dormitório.
encantado
com
a
notícia.
Abriu
a
portinhola
da
carruagem
e
os
marqueses
subiram
ao
rapidamente.
escada
se
separou
da
parede
e
desapareceu
em
silêncio.
―
Por
desgraça
―
Murmurou
contra
sua
boca
―
Parece
que
agora
é
iminente
que
me
vejam.
Ela
não
respondeu.
Seus
dedos
estavam
explorando
as
musculosas
costas
de
Patrick
enquanto
ele
a
beijava
apaixonadamente.
Com
inapetência,
ele
se
incorporou
e
se
passou
uma
mão
pelo
cabelo.
―
Devo
ir,
meu
amor.
É
a
mulher
mais
formosa
que
vi
em
minha
vida.
―
Entretanto
quando
me
neguei
a
me
casar
contigo
o
mês
passado,
pareceu
imensamente
aliviado.
―
Você
acredita?
Estava
mas
bem
ofendido,
se
por
acaso
quer
saber.
―
Oh…
Isso
explicava
porque
Patrick
tinha
subido
pela
escada
em
vez
de
Braddon.
Não
gostava
de
muito
a
ideia
de
que
seu
futuro
dependesse
de
uma
rivalidade
infantil
entre
dois
homens,
mas
estava
muito
feliz
para
preocupar-‐se
de
verdade.
―
Além
disso,
por
que
me
rejeitou?
Uma
sombra
nublou
os
olhos
de
Sophie.
―
Não
foi
você.
Eu
estava…
Enfim…
Eu
não
via
as
coisas
como
são
na
realidade.
Pensava…
Não
sei
o
que
pensava.
Fui
uma
covarde
―
Confessou.
Patrick,
que
estava
pondo
as
calças,
voltou-‐se
a
olhá-‐la,
surpreso.
Covarde?
Estava
a
ponto
de
pedir
que
explicasse
quando
lhe
perguntou:
―
Como
vai
sair?
Tiraram
a
escala.
―
Pelas
escadas,
naturalmente
―
Respondeu
Ele
com
uma
altivez
herdada
de
sua
aristocrática
família
―
Sentiria
saudades
que
seu
mordomo
se
atrevesse
a
me
fazer
perguntas
sobre
minha
presença
na
casa.
―
Onde
acredita
que
foram
meus
pais?
―
Acredito
que
passeassem
um
bom
momento
e
depois
voltarão
aqui.
Farão
um
montão
de
perguntas
quando
se
levantar
amanhã,
querida.
E
imagino
que
sua
mãe
estará
zangada
com
seu
pai.
―
Isso
é
normal
―
Fez
notar
Sophie.
Patrick
a
olhou
com
expressão
inquisitiva.
―
Ele
se
deita
com
muitas
mulheres
―
Explicou
ela.
Ele
se
sentou
na
beira
da
cama,
disfarçado
com
a
enorme
capa
do
Braddon.
Ela
o
olhou
adormecida.
―
Mamãe
é
muito
sensível
com
o
assunto
das
amantes.
Mas
não
se
preocupe,
eu
não
direi
nada.
―
Espero
que
não
seja
muito
duro
para
você―
Zombou
ele.
Ela
estava
quase
adormecida.
―
Tudo
estará
bem
Patrick.
Não
sou
o
tipo
de
mulher
que
faz
cenas.
Agora
que
vou
casar
contigo
não
vou
começar
a
choramingar.
Patrick,
com
os
olhos
entrecerrados,
olhou-‐a
enquanto
dormia.
Acabava
de
dar-‐se
conta
de
que
ela
não
tinha
nenhuma
confiança
em
sua
fidelidade.
Acariciou
a
sedosa
juba;
certamente
tinha
doído
quando
ele
tirou
sua
virgindade,
mas
não
se
queixou.
Nisso
não
tinha
sido
covarde.
Entretanto
não
confiava
nele
por
quê?
O
que
é
o
que
ela
tinha
ouvido
contar
dele?
Certamente
alguma
historia
sobre
sua
conduta
antes
que
seu
pai
o
enviasse
ao
estrangeiro.
Entretanto
tinha
aceitado
casar-‐se
com
Braddon
cuja
reputação
não
era
melhor
que
a
sua.
Mas
estava
esquecendo
que
ela
queria
converter-‐se
em
condessa.
Bem,
pois
agora
seria
duquesa.
Patrick
apertou
os
dentes.
Inclusive
embora
antes
não
tivesse
querido
casar-‐se
com
ele,
agora
não
tinha
outra
escola.
Ela
era
dele.
Com
a
graça
silenciosa
de
um
felino
se
dirigiu
para
a
penteadeira
e
agarrou
o
colar
de
pérolas
que
Sophie
tinha
usado
a
outra
noite
metendo-‐lhe
no
bolso.
Depois
abandonou
o
dormitório
fechando
brandamente
a
porta
atrás
dele.
Desceu
as
escadas
sem
tentar
dissimular
o
som
de
suas
botas
sobre
o
mármore.
Caroll
tinha
deixado
Philippe
de
guarda
no
vestíbulo
com
a
missão
de
receber
aos
marqueses
quando
voltassem.
O
lacaio
abriu
os
olhos
de
assombro
ao
ver
um
desconhecido
com
uma
capa
negra
atravessando
tranquilamente
o
vestíbulo.
Abriu-‐lhe
a
porta
inconscientemente.
Patrick
dirigiu
a
ele
ao
passar
um
olhar
divertido.
―Eu
não
estive
aqui.
Philippe
assentiu
com
a
cabeça.
Não
em
vão
tinha
nascido
na
França.
―
Entretanto
é
possível
que
um
ladrão
se
introduzisse
na
casa
―
Anunciou
Patrick.
―
Um
ladrão
milorde?
―
Desgraçadamente.
Há
um
ladrão
em
Londres
que
vem
com
uma
escada,
põe-‐na
debaixo
das
janelas
abertas
e
rouba
as
joias
que
estão
sobre
as
penteadeiras.
É
muito
provável
que
tenha
estado
aqui
esta
noite.
Ao
Philippe
entraram
suores
frios.
Que
se
supunha
que
devia
fazer?
O
aristocrático
olhar
lhe
punha
um
arrepio.
―
Possivelmente
devêssemos
chamar
à
polícia
―
Sugeriu
fracamente.
Viu-‐se
recompensado
com
um
frio
sorriso.
―
Essa
seria
uma
boa
ideia
―
Disse
Patrick
descendo
os
degraus
do
alpendre.
Subiu
em
uma
carruagem
que
o
esperava
não
longe
de
ali
e
Philippe
se
atreveu
por
fim
a
olhar
o
bilhete
que
lhe
tinha
deslizado
na
mão.
―Merda!
O
desconhecido
acabava
de
lhe
dar
mais
dinheiro
do
que
ganhava
em
um
ano;
o
suficiente
para
tirar
sua
irmã
pequena
da
família
em
que
estava
servindo
e
pô-‐la
como
aprendiz
em
uma
loja
de
peles.
Experimentou
uma
imensa
gratidão.
Depois
se
dirigiu
correndo
à
zona
dos
criados
recordando
a
história
do
ladrão
da
escada.
Foi
por
isso
que
quando
uma
extremamente
contrariada
marquesa
e
seu
marido
voltaram
para
sua
casa
uma
hora
mais
tarde,
encontraram
com
todas
as
luzes
da
mansão
acesas
e
vários
policiais
diante
de
sua
porta.
Heloise
desceu
do
carro
completamente
desorientada.
Sua
filha
estava
ali,
vestida
apressadamente
e
com
o
cabelo
recolhido
com
uma
singela
fita.
Era
evidente
que
não
fugiu.
Seu
marido
a
empurrou
pondo
uma
mão
na
sua
cintura.
―
O
que
está
acontecendo
aqui?
―
Perguntou
o
com
tom
autoritário.
Os
olhos
do
chefe
de
polícia
brilharam
ao
ver
que
por
fim
aparecia
o
dono
da
casa.
―
houve
um
roubo
―
Declarou
Grenable
dando-‐se
importância.
―
Um
roubo?
―Sim
milorde.
Roubaram
a
sua
filha
um
colar
de
pérolas
de
grande
valor.
―
Pérolas?
A
marquesa
parecia
chateada.
―Sim
milady.
Desapareceu
um
colar
de
pérolas
―
Insistiu
Grenable
antes
de
voltar-‐se
para
o
marquês
―
Já
houve
antes
roubos
desse
tipo.
Encontramos
as
marcas
de
uma
escada
sob
a
janela
de
sua
filha
e
numerosos
rastros
de
sapatos,
de
modo
que
acredito
que
se
trata
de
uma
banda
de
malfeitores.
Um
deles
subiu
sem
fazer
ruído
pela
escada
e
se
apoderou
do
colar
que
estava
em
cima
da
penteadeira
pedindo
a
gritos
que
o
roubassem
―
Anuiu
dirigindo-‐se
Sophie
agachou
a
cabeça
confusa.
Estava
começando
a
entender
o
que
acontecia,
depois
das
sucessivas
surpresas
da
última
hora.
Encontrou-‐se
sozinha
na
cama,
despertada
bruscamente
por
uma
histérica
Simone.
A
donzela
aparentemente
tinha
comprovado
que
tinham
roubado
na
casa
ou
possivelmente
tinha
sido
um
lacaio;
não
estava
segura.
Entretanto
a
surda
dor
que
sentia
entre
as
pernas
a
tinha
distraído
do
desaparecimento
do
colar.
E
Patrick
tinha
desaparecido
sem
nem
sequer
despedir-‐se
pelo
que
ela
podia
recordar.
A
voz
de
Grenable,
um
homem
baixinho
e
gordinho
com
uma
suja
barba,
tirou-‐a
de
seus
devaneios.
―Terei
que
interrogar
a
sua
filha.
Não
entendo
porque
estava
aberta
sua
janela
quando
a
donzela
diz
que
ela
a
fechou
antes
de
retirar-‐se.
Sophie
engoliu
seco.
Sua
mãe
a
estava
olhando
com
o
cenho
franzido
e
inclusive
seu
pai
tinha
uma
expressão
severa.
Parecia
estar
representando
uma
obra
sem
haver
aprendido
o
papel.
―
Necessitava
um
pouco
de
ar
―
Disse
com
voz
tremente.
Ao
surpreender
um
olhar
de
admiração
nos
olhos
de
seu
pai,
desfez-‐se
em
lágrimas.
Chorava
porque
Patrick
não
se
despediu
dela
e
porque
estava
assombrada
por
haver-‐se
deixado
seduzir
tão
facilmente.
Grenable,
incômodo
por
havê-‐la
posto
nesse
estado
derrubou
seus
nervos
em
seus
subordinados.
O
marquês
ficou
imediatamente
ao
lado
de
sua
filha.
Heloise
foi
um
pouco
mais
lenta
em
reagir,
estranhava
ao
ver
Sophie
chorando,
o
qual
não
fazia
que
ela
soubesse
desde
que
tinha
seis
ou
sete
anos.
―
É
a
impressão
―
Disse
George
cruzando
seu
olhar
com
a
de
sua
esposa
―
É
aterrador
pensar
que
um
criminoso
pôde
penetrar
em
seu
dormitório
na
metade
da
noite.
Heloise
olhou
Grenable
com
ferocidade
e
este
retrocedeu
um
passo.
―
Não
vejo
realmente
como
minha
filha
poderia
lhe
ajudar
a
deter
o
ladrão
―
Declarou
com
tom
cortante
―
Sugiro
que
melhor
investigue
pelos
arredores.
A
marquesa
tinha
razão,
pensou
o
policial
enquanto
ela
levava
a
sua
filha.
Essa
janela
aberta
simplesmente
tinha
parecido
algo
estranho.
Seria
melhor
que
voltasse
para
o
Bow
Street
e
enviasse
uma
descrição
do
colar
aos
melhores
peritos.
―
Sei,
que
seja
―
Disse
ao
marquês
―
Não
tenho
nada
mais
que
fazer
aqui.
Entretanto,
milorde,
devo
lhe
advertir
que
as
possibilidades
de
encontrar
o
colar
são
poucas.
O
marquês,
notavelmente
tranquilo,
apertou
a
mão
de
Grenable.
―
Faça
tudo
o
que
possa.
Não
serei
eu
quem
critica
aos
agentes
da
polícia.
São
vocês
muito
eficientes
quando
se
trata
de
deter
os
malfeitores.
―
Sim.
Esforçamo-‐nos
milorde.
Grenable
podia
estar
agradecido
a
sua
boa
estrela.
Ao
menos
esse
par
do
reino
não
formaria
um
escândalo
se
não
encontravam
o
colar,
pensou
aliviado.
O
mordomo
da
família,
Caroll,
sentiu-‐se
ainda
mais
aliviado
quando
se
deu
conta
de
que
não
lhe
foram
despedir
por
haver-‐se
atrevido
a
sugerir
que
lady
Sophie
fugiu.
―
Não
de
mais
voltas
Caroll
―
Disse
amavelmente
o
marquês
―
Era
uma
dedução
lógica.
Mas
eu
já
disse
que
lady
Sophie
estava
segura
em
sua
cama
não
é
assim?
É
uma
lástima
que
sua
mãe
e
eu
não
nos
inteirássemos
do
roubo
quando
fomos
ao
baile.
Enfim,
o
mais
importante
é
que
lady
Sophie
estivesse
em
seu
dormitório.
Bem,
boa
noite
Caroll.
O
marquês
se
afastou
esfregando
as
mãos.
Estranho
comportamento
para
um
homem
que
acabava
de
perder
uma
jóia
de
tanto
valor
pensou
o
mordomo.
Mas
possivelmente
para
ele
só
se
tratasse
de
uma
bagatela.
Capítulo
10
Na
manhã
seguinte,
enquanto
chegava
a
Brandenbourg
House,
Patrick
Foakes
estava
um
pouco
cansado.
Tinha
estado
em
pé
quase
toda
a
noite.
Braddon
tinha
tomado
muito
mal
a
notícia
da
ruptura
de
seu
compromisso;
sua
veemente
reação
tinha
surpreendido
inclusive
Patrick.
Nunca
esqueceria
o
momento
em
que
Braddon
deu
procuração
de
uma
garrafa
de
porto
para
romper
a
engessa
da
perna.
Tinha
acreditado
que
seu
amigo
ficou
louco
mais
simplesmente
estava
muito
zangado.
Sempre
ficava
nervoso
quando
se
tratava
de
sua
mãe,
pensou
Patrick
enquanto
esperava
no
vestíbulo,
e
o
matrimônio
de
Braddon
era
algo
prioritário
para
Prudente
Chatwin.
O
mordomo
dos
Brandenbourg
voltou
e
lhe
fez
uma
majestosa
reverência.
―
O
marquês
o
receberá
na
biblioteca.
A
estadia
não
tinha
mudado
nada
desde
sua
última
visita
no
mês
anterior.
Excetuando
possivelmente
a
atitude
do
marquês
de
Brandenbourg.
A
vez
anterior
tinha
sido
recebido
calorosamente;
Patrick
recordava
ter
se
surpreendido
ver
tão
contente
quando
tinha
posto
a
reputação
de
sua
filha
em
dúvida
na
festa
da
noite
anterior.
Mas
agora,
o
olhar
de
George
era
frio
como
o
fio.
Quando
Patrick
entrou
na
biblioteca,
o
marquês
se
despediu
de
Caroll
fazendo
um
gesto
com
a
cabeça
e
os
dois
homens
permaneceram
em
silêncio
até
que
o
mordomo
teve
fechado
as
pesadas
portas
de
carvalho.
Patrick
sustentou
o
olhar
zangado
de
seu
futuro
sogro
enquanto
este
se
dirigia
para
ele.
―
Vim
para
pedir
a
mão
de
sua
filha
―
Anunciou
com
calma.
Então
George
fechou
o
punho
e
o
golpeou.
O
murro
alcançou
em
plena
mandíbula
e
foi
seguido
imediatamente
por
outro
ao
lado
do
olho.
Patrick
recuou,
agarrou-‐se
ao
escritório
e
depois
se
endireitou.
O
marquês
ofegava.
―
Não
acreditei
que
me
deixasse
fazê-‐lo
―
Disse
simplesmente.
―
Merecia
isso.
George
se
sentia
um
pouco
ridículo.
Já
tinha
passado
da
idade
das
brigas.
Dirigiu-‐se
para
um
casal
de
poltronas
que
havia
ao
lado
da
lareira
e
se
deixou
cair
em
um
deles
sem
tão
sequer
voltar-‐se
para
olhar
se
Patrick
o
seguia.
O
jovem
se
sentou
na
outra
poltrona.
―
Ontem
subi
por
essa
escada
para
ajudar
a
sua
filha
a
fugir
com
o
conde
de
Slalom
―
Disse
tranquilamente.
O
rosto
do
marquês
avermelhou
ainda
mais
se
isto
era
possível.
―
Pelo
amor
de
Deus!
O
que
está
me
contando
agora?
―Fugia
―
Prosseguiu
Patrick
fechando
os
olhos
―
Foi
ideia
de
lady
Sophie
e
ela
queria
levar
a
cabo
seu
plano.
Entretanto
Slaslow
se
opunha
à
ideia
e
quando
ontem
quebrou
uma
perna,
pediu-‐me
que
levasse
a
sua
filha
à
casa
de
sua
avó.
Ali
ele
esperava
convencê-‐la
de
que
um
rapto
não
era
nem
desejável
nem
adequado
em
vista
de
seu
estado.
O
marquês
continuava
em
silêncio.
―
Quando
cheguei
ao
dormitório
de
lady
Sophie
ela
já
tinha
decidido
romper
seu
compromisso
com
Slaslow.
―
Assumo
que
agora
―
Interveio
ironicamente
George
―
Ela
terá
mudado
de
opinião
sobre
sua
oferta
de
matrimônio.
―
Isso
acredito,
em
efeito.
―
Isto
vai
provocar
um
bom
escândalo.
―
Menos
que
se
sua
filha
fugisse
com
o
conde
de
Slaslow
―
Respondeu
Patrick.
George,
com
o
coração
em
um
punho,
contemplava
as
chamas
da
lareira.
Não
só
Sophie
tinha
quebrado
o
compromisso
com
um
conde,
mas
sim,
além
disso,
ia
ver-‐se
obrigada,
se
ele
não
se
equivocava,
a
casar-‐se
rapidamente.
―
Não
durará
muito
―
Continuou
Patrick
―Vou
levar
a
minha
esposa
para
fazer
uma
viagem
de
noivos
muito
comprida.
Quando
voltarmos,
a
alta
sociedade
sem
dúvida
terá
encontrado
outro
escândalo
ao
que
fincar
o
dente.
―
Mas
o
que
vou
dizer
a
minha
esposa?
Vai
fazer
muitas
perguntas
sobre
a
precipitação
destas
bodas,
sobretudo
depois
do
anúncio
do
compromisso
de
Sophie
com
outro
homem.
―
Por
que
não
dizer
a
verdade?
―
Céus
não!
Heloise
parece
uma
mulher
dura
mais
na
realidade
é
bastante
ingênua.
Seria
um
duro
golpe
para
ela
inteirar-‐se
de
que
nossa
filha
foi
seduzida
antes
do
matrimônio.
Patrick
experimentou
um
grande
sentimento
de
culpa.
À
luz
do
dia
ele
mesmo
se
surpreendia
por
seu
comportamento.
O
que
era
que
se
aconteceu
com
ele?
O
que
tinha
Sophie
para
desencadear
nele
uma
paixão
assim?
Tinha
quebrado
todas
as
regras
que
o
tinham
ensinado
da
infância.
―
Diga
à
marquesa
que
se
trata
de
um
matrimônio
por
amor.
―
Um
matrimônio
por
amor!
―
Riu
George
―Minha
mulher
nunca
acreditou
nessa
estupidez!
―
Então
por
que
evitou
que
me
visse
na
cama
de
lady
Sophie
na
passada
noite?
―Já
disse
isso;
ela
não
teria
podido
suportar.
Haveria
dito
que
Sophie
se
parecia
comigo.
―
Cuidarei
bem
dela
―
Prometeu
Patrick.
―
Esta
bem,
está
bem
―
Grunhiu
o
marquês
―
Sempre
pensei
que
ela
seria
feliz
contigo,
embora
esperava
que
se
casasse
com
um
moço
mais
tranquilo.
Braddon
e
você
se
parecem
muito
não
é
certo?
Os
dois
são
uns
malditos
libertinos.
Patrick
conteve
um
sorriso.
Era
uma
divertida
acusação
vinda
do
homem
que
mais
rumores
provocava
entre
a
alta
sociedade.
Nem
sequer
tentou
convencê-‐lo
de
que
não
tinha
intenção
alguma
de
ter
uma
amante
depois
de
casar-‐se
com
Sophie.
As
aventuras
extraconjugais
de
George
demonstravam
que
no
fundo
os
libertinos
nunca
se
reformavam.
―
Minha
esposa
tem
um
gênio
endemoninhado
―
Continuou
o
marquês
―
E
algumas
vezes
Sophie
viu
mais
do
que
deveria.
Patrick
se
levantou
sem
que
nada
em
sua
atitude
revelasse
o
interesse
que
despertavam
as
palavras
do
marquês.
―
É
uma
boa
garota
minha
Sophie.
George
se
dirigiu
para
a
campainha
para
ordenar
que
dissessem
a
Sophie
que
fosse
à
biblioteca.
―
É
uma
boa
garota
―
Repetiu
―
Me
tirou
de
um
montão
de
apuros
quando
sua
mãe
se
transformava
em
uma
Fúria.
―
Como
conseguia
Sophie
ajudá-‐lo
nessas
circunstâncias?
―
Perguntou
Patrick.
―
Punha
um
sorriso
mais
doce
que
o
mel
e
dizia
que
eu
a
tinha
levado
às
corridas
ou
algo
pelo
estilo.
Acredita
que
possa
ter
urdido
a
fuga
por
minhas
indiscrições?
Admitiu-‐o
em
sua
cama
ontem
de
noite
porque
eu
sou…
―
Assumo
toda
a
responsabilidade
do
acontecido.
Lady
Sophie
é
inocente.
Não
tinha
nem
ideia
do
que
podia
acontecer
quando
entrei
em
seu
dormitório.
―
De
verdade?
Ela…
As
portas
se
abriram
deixando
passar
ao
Caroll.
―Milorde?
―
Diga
a
lady
Sophie
que
se
reúna
conosco.
Caroll
olhou
ao
visitante
com
curiosidade.
Todo
mundo
sabia
que
tinha
pedido
a
mão
de
lady
Sophie
e
que
o
tinha
rejeitado.
Também
sabiam
que
tinha
anunciado
seu
compromisso
com
o
conde
de
Slaslow,
de
modo
que
não
entendia
o
que
fazia
Foakes
na
casa.
Sophie
desceu
lentamente
as
escadas
embelezada
com
um
vestido
de
manhã
de
pescoço
alto
e
adornado
com
flores
de
tecido.
Era
um
traje
que
só
tinha
usado
uma
vez
antes
de
esquecer-‐se
dele
já
que
era
muito
conservador.
Mas
esta
manhã,
terrivelmente
confusa,
queria
demonstrar
a
Patrick
e
a
seu
pai
que
não
era
uma
mulher
leviana
embora
se
comportou
como
tal
a
noite
anterior.
Pela
enésima
vez
desde
que
se
despertou
sentiu
que
ruborizava.
Não
sabia
se
atreveria
a
entrar
na
biblioteca.
O
que
devia
estar
pensando
seu
pai?
Tinha
um
doloroso
nó
no
estômago,
mas
não
havia
forma
de
escapar:
Caroll
já
estava
abrindo
as
portas
da
biblioteca
e
seu
pai
estava
dentro.
Levantou
seus
olhos
para
ele
a
contra
gosto
e
o
que
leu
em
seu
rosto
lhe
deu
um
pouco
de
coragem.
Não
parecia
estar
a
ponto
de
expulsá-‐la
de
casa.
―
Sophie
―
Disse
zangado
―
Parece
que
deve
se
casar
com
o
Patrick
Foakes
em
vez
de
fazê-‐lo
com
o
conde
de
Slaslow.
Ela
agachou
a
cabeça.
―
Sim
papai.
―
Vamos
ter
que
encontrar
a
forma
de
dizer
a
sua
mãe
―
Suspirou
o
marques
―
Como
acabo
de
dizer
a
Foakes,
não
quero
que
ela
saiba
a
verdade
porque
morreria
de
vergonha.
―Sim
papai.
―
Bem.
Vou
deixá-‐los
as
sós
―
Grunhiu
George
―
Mas
não
muito
tempo
―
Trovejou
surpreendendo
o
olhar
divertido
de
seu
futuro
genro.
Será
que
nada
perturbava
a
esse
menino?
Tinha
um
olho
quase
completamente
fechado
e
estava
formando
um
hematoma
na
mandíbula,
mas
parecia
estar
tão
as
suas
largas
como
sempre.
Era
muito
irritante.
George
saiu
da
biblioteca
quase
afogando
de
indignação.
Ela
fez
uma
profunda
inspiração
mais
estava
muito
envergonhada
para
levantar
a
cabeça.
Ouviu
que
Patrick
se
dirigia
para
ela.
―
Esta
preciosa
esta
manhã
Sophie.
Uma
nova
Sophie
para
falar
a
verdade,
tímida,
pudica…
Ela
olhou
por
fim
com
um
brilho
perigoso
nos
olhos.
―
Não
zombe
de
mim!
Ele
a
agarrou
pelo
queixo.
―
Por
quê?
Nosso
matrimônio
não
funcionará
se
formos
incapazes
de
rir
um
do
outro,
meu
amor.
Ela
vacilou
ao
ver
as
marcas
no
rosto
dele.
―
O
que
te
aconteceu
Patrick
―
Perguntou
acariciando
sua
têmpora.
―
O
que
merecia
nada
grave.
Agarrou
os
dedos
dela
e
os
levou
aos
lábios
beijando
depois
a
palma
de
sua
mão
com
ternura.
―
Pedi
de
forma
oficial
sua
mão
a
seu
pai
disse
maliciosamente.
―
De
verdade?
Decididamente
sua
mente
não
funcionava
bem
esta
manhã.
―
Quer
casar-‐se
comigo
lady
Sophie?
Apenas
o
escutava.
A
boca
de
Patrick
estava
acariciando
o
centro
da
palma
de
sua
mão
e
suas
pernas
se
converteram
repentinamente
em
algodão.
―
Sim
―
Respondeu
ela
em
voz
muito
baixa.
Ele
franziu
o
cenho.
―
Sinto
muito
que
nossa
atividade
de
ontem
de
noite
tenha
impedido
de
escolher
a
seu
futuro
marido
mais
estou
seguro
de
que
nos
daremos
razoavelmente
bem,
tão
bem
como
o
haveria
feito
com
o
Braddon.
O
que
queria
dizer
com
isso?
Como
ela
ia
ser
“razoável”
vivendo
sob
o
mesmo
teto
que
ele?
Compartilhando
a
mesma
cama?
Só
de
pensar
estremecia
de
antecipação.
O
que
ela
desejava
era
que
a
agarrasse
de
novo
entre
seus
braços.
Como
se
ele
tivesse
adivinhado
seus
pensamentos,
atraiu-‐a
para
si.
―
Sophie
―
Insistiu
―
Quero
me
desculpar
por
te
impedir
que
se
case
com
o
Braddon.
Sei
que
tinha
muita
vontade
de
ser
uma
condessa.
Sem
lhe
dar
tempo
a
responder
se
apoderou
de
seus
lábios
apaixonadamente.
Ela
não
protestou.
Enquanto
ele
brincava
com
seus
cachos
e
as
fitas
de
seu
cabelo
desfazendo
todo
o
trabalho
de
Simone,
ela
se
fundiu
com
ele
tremendo
e
jogou
os
braços
ao
pescoço.
Quando
sua
língua
tocou
timidamente
a
do
Patrick,
ele
lançou
um
juramento
e
recuou
um
passo.
O
pai
de
Sophie
havia
sentido
divertido
se
houvesse
visto
nesse
estado.
Já
não
havia
nada
de
civilizado
nele.
Seus
olhos
estavam
obscurecidos
de
desejo,
custava
respirar
e
em
quão
único
podia
pensar
era
em
tombá-‐la
sobre
o
tapete
para
fazer
amor.
―
Meu
Deus!
―
Disse
passando
uma
mão
pelo
cabelo.
Encontrou-‐se
com
o
olhar
um
pouco
perdido
de
Sophie
e
depois
pousou
seus
olhos
em
sua
boca
e
foi
incapaz
de
conter-‐se.
Apertou-‐a
contra
a
evidência
de
seu
desejo.
―
Tem
que
se
casar
comigo
imediatamente
―
Resmungou
―
Morrerei
se
não
puder
te
levar
ao
meu
dormitório.
Sophie
sorriu
e
deslizou
de
novo
um
braço
ao
redor
de
seu
pescoço.
―
Não
vejo
porque
não
podemos
esperar
uns
meses
―
Disse
com
voz
melosa
acariciando
seus
lábios
com
o
dedo.
―
Esquece
isso
meu
amor
―
Replicou
Patrick
―
Estamos
obrigados
a
fazê-‐lo.
―
Por
culpa
disto?
―
Perguntou
ela
provocadora
esfregando-‐se
mais
contra
ele.
―
Não!
―
Gemeu
ele.
―Então
por
quê?
Ele
a
afastou
com
suavidade.
―Mantenha
a
uma
distância
adequada,
pequena
provocadora.
Pela
passada
noite
evidentemente.
Poderia
estar
grávida
Sophie.
Ela
avermelhou.
―Um
filho…
Certamente
ela
sabia,
tinha
ouvido
sua
mãe
queixar-‐se
muitas
vezes
da
ausência
de
seu
pai
na
habitação
de
matrimônio
e
do
fato
de
que
ela
não
tivesse
tido
outro
filho.
Isso
por
não
falar
das
conversas
mais
cruas
das
donzelas
que
falavam
sem
descanso
de
distintos
métodos
anticoncepcionais.
―Teremos
que
ser
mais
prudentes
no
futuro.
Espero
que
não
seja
como
a
irmã
de
Braddon
que
está
obcecada
com
a
ideia
de
ter
filhos.
Ela
vacilou.
Não
estava
obcecada,
mas…
O
que
é
o
que
ele
queria
dizer?
É
obvio
que
ela
queria
ter
filhos!
E
todos
os
homens
desejavam
ter
filhos
varões
não?
Inclusive
Braddon
havia
dito
que
precisava
ter
um.
―
Não
te
interessa
ter
filhos
milorde?
―Pelo
amor
de
Deus,
me
chame
Patrick!
Depois
do
que
acontecido
entre
nós…
Sophie
se
ruborizou
ao
ver
o
brilho
malicioso
dos
olhos
dele.
―
Não,
os
meninos
não
me
interessam
especialmente
―
Continuou
dizendo
―Me
dá
igual
não
ter
nenhum.
―
Mas…
Nem
sequer
um
herdeiro?
Ele
esboçou
seu
sedutor
sorriso.
―
Não
tenho
um
título
que
conservar
de
modo
que
para
que
preocupar-‐se?
Além
disso,
meu
irmão
tem
dois
filhos
e
terá
mais
estou
seguro.
De
modo
que
haverá
muitos
membros
de
minha
família
para
herdar
minha
fortuna.
Sophie
estava
desconcertada.
―
Não
quer
ter
filhos?
Patrick
a
agarrou
da
mão
para
levá-‐la
até
um
sofá
e
se
sentou
a
seu
lado.
―
Tem
muito
desejo
de
ser
mãe?
Se
for
assim
sinto
ainda
mais
o
que
passou
ontem
à
noite.
Acreditava
que
compartilhava
a
atitude
de
Braddon
nesse
aspecto.
Que
eu
saiba
a
poucas
mulheres
de
sua
condição
gostam
dos
meninos.
Sophie
já
não
sabia
que
dizer.
Possivelmente
deveria
confessar
a
pontada
de
inveja
que
sentia
cada
vez
que
via
Charlotte
com
sua
filha.
―
Sempre
acreditei
que
teria
filhos
―
Disse
com
uma
voz
quase
inaudível.
Patrick
tentou
ver
seus
olhos
mais
ela
olhava
com
obstinação
o
desenho
de
sua
saia.
―
Possivelmente
possamos
ter
um
―
Admitiu
ele
ao
fim
―
Não
quero
ser
um
déspota
Sophie.
Se
você
quer
ter
um
filho,
teremos.
Só
um?
Como
filha
única
sempre
tinha
sonhado
tendo
uma
família
numerosa.
Certamente
não
dez
filhos
como
tinha
afirmado
diante
da
irmã
de
Braddon,
mais
desejava
ter
mais
de
um.
Ela
tinha
passado
toda
sua
infância
na
creche
sem
ninguém
que
brincasse
com
ela.
Mas
o
certo
era
que
tinha
arruinado
todos
seus
planos
em
vinte
e
quatro
horas.
Tinha
jurado
a
se
mesma
não
casar-‐se
nunca
com
um
vivedor
e
ia
se
casar
com
o
pior
dos
libertinos.
E,
além
disso,
só
teria
um
filho.
Levantou
a
vista
e
seus
olhos
se
encontraram
com
o
sombrio
olhar
dele
e
se
decidiu
de
tudo.
Era
melhor
casar-‐se
com
Patrick
embora
tivesse
que
o
compartilhar
com
outras
mulheres.
E
se
só
tinha
que
ter
um
filho,
que
assim
fosse.
Amaria-‐lhe
de
tal
modo
que
nunca
se
sentiria
abandonado.
Patrick
parecia
estar
esperando
com
ansiedade
e
dirigiu
um
sorriso
tranquilizador.
―De
acordo,
um
filho
Patrick.
O
soltou
um
enorme
suspiro
de
alívio.
A
morte
de
sua
mãe
a
consequência
de
um
parto
lhe
afetou
profundamente
ao
contrário
que
a
seu
irmão
Alex.
Patrick
estava
apavorado
diante
a
ideia
de
ver
sua
esposa
com
os
dores
do
parto.
Alex
em
troca,
inclusive
depois
de
fazer
visto
Charlotte
às
portas
da
morte
quando
nasceu
Sarah,
pensava
ter
mais
filhos,
ele
por
sua
parte
não
ia
arriscar
a
vida
de
sua
mulher
para
ter
filhos.
Sob
seu
ponto
de
vista
não
merecia
a
pena.
Apertou
as
mãos
do
Sophie
entre
as
suas.
―
Você
gostaria
de
fazer
um
cruzeiro
em
meu
veleiro
como
viagem
de
núpcias
querida?
Temo
que
Napoleão
não
nos
deixará
ir
ao
continente.
De
repente
ela
afastou
as
mãos.
―Não
tinha
que
se
casar
com
Daphne
Blanc?
―
Perguntou-‐lhe.
Ele
levantou
uma
sobrancelha.
―
A
francesinha?
Pode
que
a
tenha
comprometido
mais
te
comprometi
muito
mais
não?
Ela
o
olhou
com
surpresa.
―
Pelo
amor
de
Deus!
―
Exclamou
Patrick
―
É
obvio
que
não
comprometi
Daphne
Blanc.
Caiu
um
inseto
nos
olhos
e
terá
que
curar-‐
se.
Se
tivesse
estado
comprometido
com
Daphne
não
teria
ficado
em
seu
quarto
na
noite
passada
Sophie.
Ela
esboçou
um
sorriso
cheio
de
incerteza.
Sentia-‐se
feliz
de
saber
que
Patrick
não
tinha
tido
intenção
de
casar-‐se
com
Daphne,
mas
não
acreditava
a
segunda
parte
do
que
havia
dito.
É
obvio
que
teria
ficado
em
seu
quarto.
Depois
de
tudo
ela
tinha
se
jogado
em
seu
pescoço.
Os
detalhes
da
noite
anterior
voltavam
para
a
mente
com
força.
Em
que
estaria
ela
pensando
para
pedir
a
um
homem
que
a
fosse
procurar
a
seu
dormitório?
Certamente
tinha
perdido
a
cabeça.
Mas
para
falar
a
verdade
a
quem
ela
esperava
era
Braddon
e
este
nem
sequer
tinha
desejo
de
beijá-‐la.
Com
ele
não
teria
acontecido
isto.
Patrick
a
olhava
com
um
sentimento
de
frustração.
Era
evidente
que
lhe
considerava
um
homem
capaz
de
comprometer
a
duas
mulheres
na
mesma
semana.
Ela
sorria
mais
seus
olhos
mostravam
uma
total
falta
de
confiança
nele.
Bem,
pois
teria
que
aprender
a
confiar!
―
O
que
te
parece
na
quinta-‐feira
dia
quinze?
―
Sugeriu
ele.
―Tão
cedo?
Patrick
estava
tão
surpreso
como
ela
por
suas
palavras.
Não
haveria
nenhum
perigo
por
esperar
um
mês
ou
inclusive
seis
semanas,
mas
tinha
muita
vontade
de
ter
Sophie
para
ele
sozinho.
―
De
todos
os
modos
será
um
escândalo.
Por
que
não
nos
casar
e
sair
de
lua
de
mel
antes
que
a
alta
sociedade
compreenda
que
quebrou
seu
compromisso
com
Braddon?
Sophie
permaneceu
pensativa.
―Terei
que
enviar
uma
mensagem
ao
conde
de
Slaslow.
Ele
sorriu.
―Sim,
em
efeito
é
geralmente
uma
cortesia
informar
ao
noivo
de
que
vai
se
casar
com
outro.
Mas
não
esta
obrigada
a
fazê-‐lo.
Eu
já
disse
ontem
à
noite.
―
Ontem
à
noite!
Contou
tudo?
―
Não.
Simplesmente
lhe
expliquei
que
tinha
decidido
se
casar
comigo
melhor
que
com
ele
―
Disse
cortante.
Ela
teve
frio
de
repente.
―
Sinto
muito
―
se
desculpou
ele
―
Não
queria
insinuar
que
se
gabou…
Como
reagiu?
Patrick
entrecerrou
os
olhos.
Acaso
lamentava
Sophie
não
casar-‐se
com
Braddon?
Possivelmente
seu
amigo
tinha
tido
razão
ao
dizer
que
estava
louca
por
ele.
―
Evidentemente
estava
contrariado.
Mas
maldição
Sophie,
nós
não
podemos
fazer
nada!
―
Exclamou
levantando-‐a
do
sofá
―
Você
é
minha,
não
posso
te
entregar
ao
Braddon.
Não
é
possível
voltar
atrás.
Os
olhos
de
Sophie
se
encheram
de
lágrimas.
Estava
esgotada
pela
falta
de
sono
e
pelo
girou
incompreensível
que
estava
dando
a
conversa.
Quando
Patrick
a
atraiu
para
sim,
lhe
ofereceu
seus
lábios
para
que
a
consolasse.
―
Me
beije,
por
favor,
―
Sussurrou
ela.
Sem
fazer-‐se
de
rogado
ele
a
empurrou
contra
um
assento
de
respaldo
alto
e
sentiu
como
respondia
apaixonadamente
a
suas
carícias.
Ele
desfrutou
de
seus
suspiros
de
prazer
e
de
seu
abraço.
Finalmente
o
amor
que
ela
sentia
por
Braddon
carecia
de
importância.
Alguém
deu
um
discreto
golpe
na
porta
e
se
separaram.
Patrick
contemplou
o
rosto
ruborizado
de
Sophie,
seus
lábios
inchados
e
seus
trêmulos
dedos.
As
arrumaria
de
algum
modo
para
que
ela
se
apaixonasse
por
ele
e
para
que
esquecesse
Braddon,
prometeu
a
si
mesmo,
atenuando
desse
modo
a
culpa
que
sentia
por
havê-‐la
despojado
de
sua
virgindade.
Uns
minutos
depois,
quando
a
jovem
tinha
subido
a
falar
com
sua
mãe,
ele
se
sentou
ao
lado
do
marquês
para
falar
dos
termos
do
contrato
de
matrimônio.
Deu
algumas
cifras
que
fizeram
que
os
olhos
do
marquês
se
abrissem
incrédulos.
―
Senhor!
Acaso
é
um
nabab?
―Um
pouco
parecido
―
Respondeu
Patrick
lacônico.
George
nunca
tinha
desejado
de
maneira
especial
que
sua
filha
se
casasse
com
uma
fortuna;
para
ele
era
mais
importante
que
seu
genro
fosse
de
boa
família
e
que
a
amasse.
Entretanto
nenhum
pai
poderia
deixar
de
estar
feliz
ao
comprovar
que
sua
filha
ia
viver
na
opulência.
―
Vou
pedir
a
meu
notário
que
ponha
tudo
por
escrito
―
Concluiu
George
―
Lamento
ter
te
batido
―
Falou
constrangido.
―
Eu
mereci
―
Repetiu
Patrick
com
um
sorriso
―
Felizmente
tenho
um
tio
que
é
arcebispo
e
vou
pedir
uma
licença
especial
esta
mesma
tarde.
O
marquês
se
surpreendeu.
―
Uma
licença?
―
Decidi
que
a
melhor
maneira
de
evitar
os
inconvenientes
de
um
escândalo
era
nos
casar
o
mais
depressa
possível
e
abandonar
Londres
para
fazer
uma
comprida
viagem
de
núpcias.
―
Já
vejo
―
Disse
George
quem
em
realidade
não
via
nada
absolutamente.
―
Todos
consideraram
um
matrimônio
por
amor
―
Explicou
pacientemente
Patrick.
―
Já
vejo.
Patrick
vacilou
um
momento
sem
saber
se
devia
falar
com
ou
futuro
sogro
do
título
que
sem
dúvida
ia
lhe
conceder
o
Parlamento.
Finalmente
decidiu
esperar
ao
anúncio
oficial.
Inclinou-‐se
diante
do
marquês.
―
Posso
voltar
a
lhe
visitar
amanhã
milorde?
―
É
obvio.
Veem
jantar
para
então
já
terei
os
contratos
redigidos.
Depois
poderá
se
casar
com
minha
filha
quando
quiser.
―
Obrigado
milorde.
Capítulo
11
Sophie
abriu
a
porta
do
quarto
dos
meninos
para
encontrar
Charlotte,
condessa
de
Sheffield,
sentada
em
um
tamborete
perto
da
lareira,
enquanto
que
uma
pequena
lhe
penteava
os
escuros
cachos.
―
Pippa!
Ai,
querida!
Tem
que
ser
mais
suave
se
quer
se
transformar
em
donzela.
Sophie
rompeu
a
rir.
―
Não
te
parece
que
Pippa
tem
muita
ambição
Charlotte?
A
jovem
condessa
se
virou
contente.
―
Olhe
quem
veio
a
nos
ver
Pippa
―
Exclamou.
A
“futura
donzela”
soltou
a
escova
e
se
lançou
contra
as
pernas
de
Sophie.
―
Lady
Sophie!
Lady
Sophie!
Esta
pegou
à
filha
de
Charlotte
nos
braços.
―
Se
continuar
crescendo
deste
modo,
Pippa,
não
poderei
te
levar
nos
braços.
A
menina
se
agarrava
a
seu
pescoço.
―
Sabe
que
logo
vou
fazer
três
anos
lady
Sophie?
―
De
verdade?
E
eu
que
pensava
que
seu
aniversário
demoraria
um
tempo
ainda.
Até
que
o
verão
viesse
e
se
voltasse
a
ir.
―
O
verão
chegará
logo
―
Respondeu
a
pequena
muito
séria
―
Quase
estamos
no
Natal
e
logo
já
é
verão.
Sophie
voltou
a
sorrir.
―
Como
é
que
sabe
tanto
Pippa?
A
pequena
se
pavoneou
muito
orgulhosa.
―
Às
vezes
teria
gostado
de
nascer
pássaro,
sobretudo
uma
andorinha,
mas
mamãe
diz
que
gosta
mais
assim.
Estava
puxando
a
beira
de
seu
vestido
rosa.
Sophie
beijou
a
ponta
do
seu
nariz
e
a
deixou
no
chão.
―
De
modo
Charlotte
que
prefere
que
sua
filha
use
um
vestido
a
penas.
Pippa
se
deixou
cair
sobre
o
tapete
aos
pés
de
Charlotte.
―
As
mamães
são
assim,
lady
Sophie.
Gostam
que
seus
filhos
tenham
vestidos
e
que
não
se
sujem.
Já
verá
quando
você
os
tenha!
―
E
se
for
um
menino?
―
Um
menino?
Pippa
franziu
o
cenho
desconcertada.
No
quarto
dos
meninos
não
se
falava
muito
de
meninos.
enrugado.
―
Boa
ideia!
―
Exclamou
―
Quando
disser
que
vai
casar
de
verdade
porei
meu
melhor
vestido
e
serei
muito
boa.
A
porta
da
creche
se
abriu
dando
passagem
a
Katie
com
um
bebê
meio
adormecido
nos
braços.
―
Aqui
esta
o
pequeno
tesouro,
milady
―
Disse
em
voz
baixa
―
Acaba
de
despertar.
Charlotte
se
levantou
para
pegar
à
pequena.
―
É
a
hora
de
comer
carinho.
Quanto
a
você
Sophie
York,
acredito
que
temos
que
falar.
E
se
fôssemos
tomar
o
chá
em
meu
salãozinho?
―Sim!Sim!Eu
também!
―
Gritou
Pippa.
―
Acredito
querida
que
Katie
necessita
que
a
penteiem.
A
menina
foi
procurar
seu
pente
dividida
entre
o
desejo
de
descer
com
lady
Sophie
e
o
de
praticar
sua
afeição
preferida:
a
barbearia.
―
Olhe
como
esta
seu
vestido
lady
Pippa
―A
repreendeu
a
babá.
Pippa
alisou
a
saia.
―
No
princípio
tive
cuidado
Katie,
mas
depois
me
esqueci.
―
Ah
Meu
Deus!
―
Exclamou
a
babá
―
Estou
completamente
despenteada
e
não
tinha
me
dado
conta.
Felizmente
aqui
está
lady
Pippa
para
remediá-‐lo.
Sentou-‐se
em
um
tamborete,
tirou
a
touca
e
a
menina
começou
a
tirar
as
forquilhas
de
seu
cabelo.
Sophie
se
agachou
a
seu
lado.
―Você
gostaria
de
vir
comigo
algum
dia?
Iríamos
comer
sorvetes.
―
Sim
lady
Sophie.
Papai
diz
que
os
sorvetes
são
meu
vício.
Você
sabe
o
que
quer
dizer?
―
Significa
que
você
gosta
de
muito
de
sorvetes?
―
E
qual
é
seu
vício
lady
Sophie?
Pippa
a
olhava
com
seus
enormes
olhos
negros
enquanto
levantava
as
sobrancelhas
tão
parecidas
com
as
de
seu
pai
e
às
de
seu
tio.
O
desejo
de
ter
uma
filha
como
você,
pensou.
―Sophie
também
adora
os
sorvetes
―
Disse
Charlotte
da
porta
―
E
já
é
suficiente
vício!
Fazendo
um
gesto
amistoso
Sophie
a
seguiu
pelas
escadas.
Uma
vez
no
salãozinho,
Charlotte
se
instalou
em
uma
cadeira
de
balanço
para
dar
de
mamar
a
Sarah
enquanto
Sophie
passeava
nervosa.
O
lugar
não
tinha
nada
de
convencional
ao
contrário
que
muitos
outros.
Certamente
não
era
ali
onde
Charlotte
trabalhava;
já
que
sua
oficina
de
pintura
estava
no
segundo
andar;
mas
era
também
uma
sala
cálida
onde
os
livros
nem
sempre
estavam
bem
colocados
nas
estantes
e
às
vezes
havia
papéis
disseminados
pelo
chão
perto
da
lareira.
Um
lugar
que
admitia
a
inconveniência
de
uma
condessa
alimentando
ela
mesma
a
sua
filha
sem
tomá-‐la
moléstia
de
retirar-‐se
ao
seu
dormitório.
Por
fim
Charlotte
levantou
o
olhar
para
sua
amiga
com
os
olhos
brilhantes
de
excitação.
―
E?
Sophie
olhava
o
bebê
que
estava
comendo
com
seus
dedinhos
agarrados
a
renda
do
espartilho.
―
E?
―
Repetiu
ela
brincalhona
―
Rompi
com
o
Braddon.
―
OH
Sophie,
é
maravilhoso!
Braddon
não
era
o
bastante
inteligente
para
você.
Nunca
teria
te
compreendido,
tem
uma
ideia
muito
atrasada
já
sabe.
Você
o
teria
assustado
e
escandalizado.
É
amável,
de
acordo,
mas
não
é
um
homem
para
você.
―
E
quem
seria
segundo
você?
―
Perguntou
Sophie
maliciosamente.
Charlotte
guardou
silêncio
prudentemente.
Se
sua
amiga
não
queria
casar
com
Patrick,
era
muito
livre,
embora
ela
pensasse
que
eram
feitos
um
para
o
outro.
―
Oh
meu
Deus!
―
Sophie
fingiu
que
se
lamentava
―
Temo
que
você
não
goste
de
meu
novo
prometido.
―
Seu
novo
prometido?
―Não
acreditará
que
a
mulher
mais
famosa
de
Londres,
depois
que
você
se
reformou
e
deixou
de
criar
escândalos,
aceitaria
permanecer
sem
um
prometido
nem
um
só
segundo.
Sophie
riu
e
realizou
uns
passos
de
baile.
―
É
obvio
que
não
deixei
Braddon
até
que
não
tive
a
alguém
para
o
substituí-‐lo.
Charlotte
fez
uma
careta.
―
Deixa
de
ser
tão
cínica
Sophie.
Essa
não
é
você
e
odeio
quando
finge
ser
tão
superficial.
―
Perdoe
―
Disse
Sophie
sorrindo
―
Não
queria
me
comportar
assim.
Interrompeu-‐se.
Incomodava
ter
que
confessar
que
ia
casar
com
Patrick
depois
de
ter
dito
tantas
vezes
que
não
queria
fazê-‐lo.
Aproximou-‐se
rapidamente
à
cadeira
de
balanço
e
se
inclinou
sobre
Sarah.
―
Que
orelhinha
mais
encantadora!
Charlotte
sorriu
e
Sophie
conteve
o
fôlego
esperando
que
sua
amiga
fizesse
mais
perguntas
sobre
o
precipitado
das
bodas.
Apressou-‐se
a
continuar.
―
Mamãe
insiste
em
umas
bodas
por
todo
o
alto
embora
meu
pai
tentasse
tirar
essa
ideia
da
cabeça.
Esta
convencida
de
que
é
a
única
maneira
de
me
liberar
da
vergonha
social.
As
donzelas
já
estão
costurando
cobertores
rosa
para
os
cavalos
porque
mamãe
quer
que
os
convites
se
enviem
como
Deus
manda.
Charlotte,
enquanto
isso
estava
tirando
suas
próprias
conclusões.
―
Pelo
amor
de
Deus
Sophie
―
Disse
sorrindo
―
Até
Henrietta
Hindermaster
quando
rompeu
seu
compromisso
com
o
duque
de
Siskind,
esperou
três
meses
antes
de
casar-‐se
com
o
mordomo
de
seu
pai.
Sophie
notou
que
avermelhava.
Tinha
adotado
uma
atitude
sofisticada
desde
muito
tempo
que
era
surpreendente
comprovar
até
que
ponto
tinha
medo
do
escândalo.
Ela
cujos
vestidos
provocavam
comentários
quase
desde
seu
primeiro
baile!
Charlotte
sorriu
com
simpatia.
―
Pobre
Sophie!
Só
faltaria
que
Patrick
tivesse
subido
até
seu
balcão
para
te
raptar.
Sua
amiga
ficou
ainda
mais
vermelha
e
Charlotte
exclamou:
―
Fez?
Sophie
estava
debatendo
entre
uma
crise
de
risada
e
um
embaraço
cada
vez
maior.
Levantou-‐se
jogando
o
cabelo
para
trás.
Ao
ver
que
não
dizia
anda,
Charlotte
entrecerrou
os
olhos.
―
Quero
saber
tudo,
Sophie
York!
Patrick
evitava
cuidadosamente
o
olhar
de
seu
irmão
enquanto
tentava
decidir
o
que
lhe
diria.
Maldição!
Por
que
não
tinha
perguntado
a
Sophie
o
que
pensava
dizer
a
Charlotte?
Tinha
a
impressão
de
que
as
mulheres
contavam
tudo,
mas
isso
significava
que
ela
daria
de
presente
os
ouvidos
de
sua
amiga
com
os
detalhes
que
tinha
precipitado
suas
bodas.
Os
gêmeos,
sentados
no
vestuário
da
sala
de
boxe
a
qual
iam
de
maneira
regular,
estavam
descansando
depois
de
um
assalto
com
seu
treinador.
Lavaram-‐se
e
um
lacaio
estava
esperando
para
ajudá-‐los
a
se
vestir,
já
que
por
exemplo
os
homens
que
colocavam
recheio
na
roupa
necessitavam
que
alguém
se
assegurasse
de
que
os
recheios
ficavam
bem.
O
certo
era,
pensou
Billy
Lumley,
que
esses
dois
não
necessitavam
nenhum
recheio,
mas
era
possível
que
de
todos
os
modos
lhe
dessem
uma
gorjeta.
De
modo
que
esperava
pacientemente
com
os
casacos
na
mão.
Patrick
estirou
suas
largas
pernas
e
fez
um
gesto
ao
criado
para
que
se
afastasse
um
pouco.
Alex,
que
estava
pondo
uma
camisa
limpa,
lançou-‐lhe
um
olhar
interrogativo.
―
Caso-‐me
dentro
de
seis
semanas
―
Disse
por
fim
Patrick
com
a
sombra
de
um
sorriso
―
Pensei
que
você
gostaria
de
estar
presente.
Fez-‐se
o
silêncio.
―
Daphne
Blanc?
―
Perguntou
ao
fim
Alex
com
tom
neutro.
―
Não.
A
que
você
tinha
elegido
para
mim,
Sophie
York.
Alex
sorriu
abertamente.
―
Eu
gosto
muito,
e
a
mamãe
também
teria
gostado.
―
Sim.
Permaneceram
uns
instantes
em
silêncio
pensando
em
sua
mãe,
na
maneira
em
que
ela
entrava
rindo
no
quarto
dos
meninos
para
pegá-‐
los
entre
seus
braços
e
encher
de
beijos.
Até
que
morreu
dando
a
luz
a
um
pequeno
que
nasceu
morto.
Então
tinham
encontrado
com
seu
pai,
um
homem
taciturno
afligido
pela
gota
que
não
tinha
demorado
muito
em
lhes
mandar
a
um
pensionato
e
que
durante
as
férias
mandava
a
casa
de
quem
queria
acolhê-‐los.
Alex
foi
o
primeiro
em
levantar-‐se.
―
Por
que
tão
rápido?
―
Um
desejo.
―
Um
desejo?
Alex
fez
um
gesto
a
Billy
para
que
trouxesse
o
casaco
e
o
pôs
sem
a
menor
dificuldade
para
grande
decepção
do
moço.
―
Olhe
quem
fala!
―
Respondeu
Patrick
dando
ao
lacaio
uma
generosa
gorjeta.
―
E
depois?
―
Perguntou
Alex
com
os
olhos
brilhando
divertidos.
―
Iremos
de
cruzeiro
ao
longo
da
costa
com
Lark.
―
Ao
longo
da
costa?
―
De
lá
poderei
observar
discretamente
as
fortificações
de
Breksby
em
Gales.
O
momento
não
me
parece
tão
mau.
Alex
fez
uma
pequena
careta.
―
A
ideia
de
que
Napoleão
pudesse
invadir
Gales
é
ridícula.
Caso
que
Napoleão
tenha
suficientes
navios,
se
dirigirá
mais
bem
para
Kent
ou
Sussex.
Só
tem
navios
de
fundo
plano.
Dirigir-‐se-‐á
diretamente
desde
Bolonha
ao
Kent.
Patrick
deu
de
ombros.
―
De
todas
as
maneiras
é
uma
excelente
desculpa
para
fazer
uma
viagem
de
núpcias.
―
Para
isso
não
se
necessita
uma
desculpa
Patrick.
Alex
tinha
estragado
sua
viagem
de
núpcias
por
um
estúpido
ciúme.
―
Não
cometa
o
mesmo
engano
que
eu
―
Acrescentou.
Patrick
sorriu.
―
Não
se
preocupe.
E
além
eu
não
farei
um
matrimônio
como
o
seu
Alex.
Estou
seguro
de
que
sairá
bem
mais,
recorda
que
Sophie
queria
casar-‐se
com
Braddon
Chatwin.
Não
acredito
que
entre
nós
se
produza
uma
tensão
emocional
similar
à
sua.
Alex
levantou
uma
sobrancelha
com
surpresa.
―
Ela
desejava
o
título
de
Braddon
―
Insistiu
Patrick.
―
E
que
opina
de
seu
título
de
duque?
―
Não
contei.
―
Como
que
não
contou?
Esta
acaso
esperando
à
noite
de
núpcias?
―
Não
especialmente.
Simplesmente
o
assunto
não
veio.
Irei
sozinho
a
Turquia
e
não
acredito
que
Sophie
esteja
muito
interessada
por
algo
que
ocorrerá
dentro
de
perto
de
um
ano.
Alex
o
olhou
de
esguelha.
―
Está
seguro
de
que
quer
se
casar
Patrick?
―
Se
tiver
que
pôr
a
corda
no
pescoço
por
que
não
com
Sophie
York?
A
avaliação
e
ela
é…
―
Incrivelmente
formosa
―
Terminou
seu
irmão.
―
Certo
―
Admitiu
Patrick
sorrindo
ao
pensar
em
sua
prometida.
―
E
extremamente
inteligente.
―
Sim,
a
sua
maneira
um
pouco
ligeira
e
mundana.
Será
uma
excelente
companheira.
―
Ligeira?
―
Exclamou
Patrick
rindo
―
Algum
dia
irmãozinho
peça
que
te
fale
de
suas
aulas
de
idiomas.
―
Tenho
que
ir
―
Disse
Patrick
nervoso.
Aproximava-‐se
a
hora
do
jantar
com
sua
noiva
e
seus
futuros
sogros.
Não
estava
especialmente
contente
com
a
perspectiva
do
jantar,
mas
logo
tomaria
Sophie
entre
seus
braços,
com
seus
lábios
com
sabor
a
morango
e
seus
pequenos
gemidos
de
prazer.
Era
necessário
que
recordasse
a
si
mesmo
porque
estava
fazendo
a
tolice
de
colocar
a
corda
no
pescoço,
precisamente
ele
que
tinha
jurado
que
nunca
cairia
nessa
armadilha.
―De
modo
que
acredita
que
seu
matrimônio
será
como
um
tranquilo
lago
durante
uns
sessenta
anos
―
Disse
Alex
piscando
um
olho
enquanto
saíam
do
salão
de
boxe
―De
fato
será
tão
tranquilo
que
Sophie
apenas
se
dará
conta
de
que
você
vai
estar
vários
meses
na
Turquia.
E
lhe
dirá
até
mais
tarde
alegremente
como
se
fosses
passar
uma
semana
caçando?
―O
coração
e
a
beleza
são
duas
coisas
diferentes
―
Replicou
Patrick
―
Me
acredite,
frequentei
a
criaturas
de
sonho
durante
anos
e
meu
coração
nunca
sofreu.
―De
acordo,
é
um
sábio
―
Ironizou
seu
irmão
―
Já
veremos.
Aceitaria
uma
aposta?
―Sobre
que?
―Seu
coração.
Eu
aposto
quinhentas
coroas
que
daqui
a
um
ano,
confessará
estar
louco
por
sua
esposa.
―
Jamais
aceitaria
dinheiro
de
um
louco
apaixonado
como
você
―
Replicou
Patrick
com
uma
breve
gargalhada
―
Que
você
tenha
transformado
em
um
homem
de
uma
suscetibilidade
exasperante,
não
quer
dizer
que
eu
deva
seguir
o
mesmo
caminho.
―Então
não
corre
nenhum
risco
aceitando
a
aposta.
―Entregarei
as
quinhentas
coroas
a
uma
obra
de
caridade
em
seu
nome
―
Disse
Patrick
suavemente
―
Porque
não
tem
mais
oportunidades
de
ganhar
esta
aposta
que
de
me
ver
dormir
em
camisola
ou
pedindo
esmola.
Alex
não
podia
esconder
sua
diversão.
―Se
esquece,
querido
irmão,
de
que
te
vi
em
companhia
de
Sophie.
A
deseja
de
tal
forma
que
baba
assim
que
a
vê.
Quando
me
entregar
às
quinhentas
coroas,
comprarei
uma
camisola
com
renda
de
Bruxas.
Capítulo
12
Seis
semanas
mais
tarde,
Sophie
continuava
tendo
a
impressão
de
que
as
bodas
iam
muito
rápidas.
Seu
vestido
de
noiva
tinha
sido
ajustado
pela
décima
vez.
Cinco
costureiras
se
ocupavam
de
uma
vez
dela
como
se
tratasse
do
vestido
de
uma
rainha.
Suspirou.
Se
este
tivesse
sido
um
dia
normal,
teria
estado
trabalhando
durante
uma
ou
duas
horas.
Dirigiu-‐se
para
seu
escritório
e
jogou
uma
olhada
a
ao
manual
de
gramática
turca
que
estava
no
lugar
onde
as
demais
damas
punham
os
convites
e
as
cartas.
Estava-‐o
agarrando
quando
sua
mãe
entrou
na
sala.
―Sophie,
acredito
que…
Interrompeu-‐se
―Outro
de
seus
livros
estrangeiros?
―Sim
mamãe.
―Como
pude
eu
ter
uma
filha
tão
carente
de
cérebro?
Não
se
dá
conta
de
que
uma
mulher
casada
deve
renunciar
a
essas
criancices?
Os
idiomas
são
bobagens
infantis
às
quais
deve
renunciar,
ao
igual
ao
resto
dos
estudos.
Sophie
vacilou.
―
Talvez
Patrick
não
se
importe
que
eu
fale
alguns
idiomas.
Parece-‐
me
que
é
um
homem
muito
pormenorizado.
―Não
diga
tolices
Sophie.
Os
homens
odeiam
às
sabichonas
e
com
razão.
As
mulheres
cultas
são
mortalmente
aborrecidas.
Sophie
conteve
a
resposta
que
tinha
na
ponta
da
língua.
Ela
era
sem
dúvida
uma
das
mulheres
mais
eruditas
de
Londres
e,
entretanto
a
seus
pretendentes
nunca
tinha
parecido
aborrecida.
―Senhor!
―
Grunhiu
a
marquesa
―
Lamento
ter
deixado
você
continuar
com
isso.
Sophie
viu
como
se
movia
sua
mãe
nervosa
pela
estadia
colocando
as
quinquilharias
em
seu
lugar.
Nunca
tinha
estado
contente
com
a
inclinação
de
sua
filha
pelos
idiomas,
mas
a
tinha
autorizado
a
aprender
francês,
italiano,
galés,
depois
alemão
e
por
último
turco,
já
que
Sophie
tinha
tido
a
sorte
de
conhecer
um
emigrado
turco
através
de
seu
professor
de
alemão.
―Eu
não
sou
completamente
estúpida
―
Continuou
a
marquesa
abrindo
o
armário
e
franzindo
o
cenho
ao
ver
os
vestidos
de
sua
filha
―
Seu
pai
tenta
me
enganar,
mas
entendo
porque
este
matrimônio
deve
celebrar-‐se
a
toda
rapidez.
De
modo
que
evitaremos
as
explicações
habituais
que
uma
mãe
dá
a
sua
filha
sobre
a
noite
de
núpcias.
Sophie
estava
de
uma
vez
envergonhada
e
coibida.
―De
todas
as
formas
―
Continuava
Heloise
com
um
suspiro
―
Isso
não
é
o
importante.
Eu
gostaria
de
te
dar
alguns
conselhos
para
que
seu
matrimônio
fosse
diferente
do
meu,
mas
não
sei
que
te
dizer.
Sophie
notou
que
as
lágrimas
lhe
alagavam
os
olhos.
―Tudo
está
bem
mamãe.
Heloise
se
deixou
cair
em
um
sofá
de
respaldo
alto.
―Não,
tudo
não
está
bem
Sophie.
Eu
estraguei
meu
casamento
com
seu
pai.
Depois
de
todos
estes
anos
nos
que
o
fiz
responsável
por
tudo,
estou
começando
a
me
perguntar
se
eu
tivesse
podido
reagir
de
forma
diferente.
Possivelmente
fui
muito
severa.
Sophie
se
sentou
frente
a
sua
mãe.
Ela
tinha
chegado
à
mesma
conclusão:
se
a
marquesa
tivesse
fechado
os
olhos
com
as
infidelidades
de
seu
marido,
os
dois
teriam
sido
mais
felizes,
e
ela
provavelmente
hoje
teria
irmãos.
―Não
podia
―
Murmurou
Heloise
―Não
fui
educada
assim
e
me
casei
com
apenas
dezoito
anos.
Você
tem
vinte
e
é
ainda
mais
despreocupada
que
eu.
Rogo
isso
Sophie,
suplico
isso,
afaste
a
vista
quando
seu
marido
paquere
com
outras
mulheres.
O
acolha
em
sua
cama
sem
pigarrear.
Não
faça
nada
que
possa
o
zangar
como,
por
exemplo,
delatar
seu
talento
para
os
idiomas.
Sophie
tentou
tranquiliza-‐la.
―Tentarei
mamãe.
Nunca
direi
a
Patrick
que
falo
outra
coisa
que
não
seja
inglês
e
nunca
farei
nenhuma
recriminação
se
deitar
com
outras
mulheres.
Sei
positivamente
que
vou
me
casar
com
um
libertino.
―
Ignora
suas
infidelidades
―
Insistiu
a
marquesa
com
um
brilho
de
inquietação
no
olhar
―
O
verdadeiro
prazer
no
matrimônio
são
os
filhos.
Sophie
esboçou
um
sorriso.
―Teria
gostado
de
te
dar
os
irmãos
que
tanto
precisava
Sophie
―
Exclamou
sua
mãe
apaixonadamente
―
Lembra-‐se?
Pedia-‐me
isso
a
gritos.
Mas
que
podia
eu
fazer?
Seu
pai
e
eu
já
não
nos
falávamos
e
eu
não
sabia
como
remediar
a
situação.
Só
tínhamos
um
ponto
em
comum:
você,
Sophie.
Acredite,
os
meninos
podem
representar
um
laço
importante
entre
seu
marido
e
você,
se
o
orgulho
não
se
interpuser.
―
Patrick
só
quer
ter
um
filho,
mamãe
―
Disse
Sophie.
Heloise
digeriu
a
informação.
―
Lamento
muito
por
você.
Sei
o
muito
que
você
gosta
dos
meninos.
Então
cuida
muito
bem
dele.
Perguntou-‐se
alguma
vez
porque
era
tão
estrita
escolhendo
as
suas
amigas?
Sophie
agachou
a
cabeça.
Ela
nunca
tinha
podido
ir
visitar
outras
crianças,
e
sua
babá
tinha
a
ordem
de
afastar
a
tudo
o
que
se
aproximasse
dela
quando
davam
seus
breves
passeios.
―Tinha
que
te
proteger
Sophie.
Você
era
minha
única
filha.
Heloise
voltava
controlar-‐se.
―Mas
não
é
o
numero
de
filhos
que
importa,
e
sim
o
prazer
que
obtenha
de
seu
matrimônio.
Uma
união
como
a
minha;
com
amargura
por
parte
de
um
e
com
indiferença
por
parte
do
outro;
é
pior
que
um
matrimônio
sem
filhos.
A
marquesa
ruborizou
ligeiramente
antes
de
continuar:
―
Para
falar
claramente,
não
negue
nunca
a
seu
marido
o
acesso
a
sua
cama.
Eu
não
deveria
ter
jogado
a
seu
pai
de
meu
quarto.
Fui
uma
tola
caprichosa.
Agora,
quase
aos
quarenta
anos,
daria
tudo
por
poder
voltar
atrás.
Não
faça
como
eu
Sophie.
Seja
qual
seja
sua
amargura,
não
a
demonstre
nunca
a
Patrick
e
não
o
expulse
de
seu
leito.
A
menos
que
esteja
esperando
um
filho.
―
Prometo
isso
mamãe
―
Disse
docilmente
Sophie.
Simone,
a
donzela,
estava
entrando
no
quarto
seguida
de
um
exército
de
criadas
carregadas
de
papel
de
seda.
Fez
uma
reverência.
―
Peço
perdão
milady,
mas
estamos
prontas
para
fazer
a
bagagem
de
lady
Sophie.
Heloise
se
levantou
acariciando
o
cabelo
de
sua
filha.
―
Não
poderá
evitar
apaixonar-‐se
por
você,
querida.
Estou
segura
de
que
meus
conselhos
serão
inúteis.
Sophie
sorriu,
mas
depois
de
que
sua
mãe
saiu,
permaneceu
um
momento
quieta,
apertando
com
força
o
livrinho
forrado
de
couro.
Heloise
como
esposa,
tinha
cometido
o
engano
de
rejeitar
uma
situação
sobre
a
que
não
exercia
nenhum
controle.
Em
outras
palavras;
se
Patrick
se
fixava
em
outras
mulheres,
ela,
Sophie,
devia
fingir
que
não
se
dava
conta.
Lorde
Breksby
estava
dando
leves
golpes
com
os
dedos
em
cima
de
seu
escritório,
manifestando
um
nervosismo
pouco
habitual
nele.
―É
uma
vergonha!
Um
homem
baixinho
vestido
de
forma
vulgar
o
olhou
divertido.
―Napoleão
sempre
foi
um
aporrinho
―
Assentiu.
―Muito
mais
que
isso!
―
Grunhiu
Breksby
que
estava
se
afogando
de
raiva
―
Como
espera
sair
desta?
―
Foi
uma
sorte
que
tenhamos
descoberto
tudo
―
Fez
notar
seu
interlocutor.
Breksby
suspirou.
―Será
melhor
que
fale
com
o
Patrick
Foakes.
―Pelo
que
eu
sei,
Foakes
está
preparando
sua
viagem
de
núpcias…
Ao
longo
da
costa.
Era
evidente
que
o
homenzinho
sabia
por
que
Patrick
tinha
escolhido
fazer
essa
viagem.
―Em
efeito.
Condenação!
―Para
que
o
advertir?
O
homenzinho
baixou
as
pálpebras.
Sabia
mais
das
atuações
secretas
dos
distintos
governos
que
o
muito
mesmo
Breksby.
Era
exasperante
mais
certo.
―
Como
poderia
permanecer
calado?
Vai
correr
um
risco
muito
grande,
e
se
o
cetro
chegar
a
explodir…
―
O
cetro
só
explodirá
se
permitirmos
que
o
substituam.
O
cetro
é
a
chave
e
Foakes
não
o
tem.
Nós
sim.
Dirigiu-‐se
para
a
porta.
―É
melhor
não
correr
o
risco
de
que
conte
algo
a
sua
esposa
―
Disse
antes
de
sair
―
Os
homens
apaixonados
são
perigosos.
Breksby
contemplou
a
porta
fechada.
Voltou-‐se
a
sentar,
tirou
uma
folha
de
papel
e
redigiu
uma
mensagem
dirigida
ao
honorável
Patrick
Foakes,
rasgando-‐a
um
segundo
depois.
O
outro
homem
tinha
razão.
Era
irritante,
sempre
tinha
razão,
mas…
Pode
que
o
melhor
fosse
enviar
o
cetro
tal
qual.
Se
o
entregassem
ao
Foakes
só
uma
hora
antes
que
este
o
desse
de
presente
a
Selim,
o
risco
seria
grandemente
menor.
Um
cetro
armadilha!
Que
ideia
tão
absurda!
Mas
se
Foakes
levava
uma
coisa
assim
à
coroação
de
Selim,
e
explodia,
o
resultado
seria
catastrófico
para
a
Inglaterra.
Selim
se
sentiria
gravemente
insultado,
caso
que
conseguisse
sobreviver
à
explosão.
Ficaria
imediatamente
do
lado
de
Napoleão
e
declararia
guerra
à
Inglaterra.
Capítulo
13
Sophie
despertou
muito
cedo,
e
saiu
da
cama
para
ir
ver
como
amanhecia
através
da
janela.
Que
se
supunha
que
devia
fazer
na
manhã
do
dia
de
suas
bodas?
Dormir
aconselharia
sua
mãe.
Dormir
para
estar
em
boa
forma.
Mas
ela
não
podia
dormir.
Seu
coração
pulsava
com
força.
Apoiou-‐se
na
janela
pela
qual
tinha
entrado
Patrick
em
seu
quarto
repetindo-‐se
uma
vez,
mas
que
não
estava
cometendo
um
equívoco.
Se
um
se
fixava
ainda
podia
ver
as
marcas
da
escada.
Uma
grande
carreta
passou
pela
rua,
levavam-‐na
dois
homens,
sujos
depois
de
uma
noite
de
trabalho.
A
cidade
estava
despertando.
No
Covent
Garden
os
vendedores
ambulantes
deviam
estar
pondo
seus
postos,
os
vendedores
de
pássaros
estariam
abrindo
suas
casas
de
jogo
clandestino
em
Spitalfields.
Quando
era
menina
adorava
ver
as
fileiras
de
cotovias
e
vendedores.
Agora
em
troca,
o
pensar
nas
pequenas
jaulas
cheias
de
pássaros
dava
vontade
de
chorar.
―Não
seja
idiota!
―
Disse
em
voz
alta.
Por
que
estava
fazendo
um
drama
de
seu
casamento
como
se
alguém
a
estivesse
obrigando
a
casar-‐se?
Abraçou
a
si
mesma.
Desejava
Patrick,
queria-‐o
como
Julieta
a
Romeo.
Mas,
sem
dúvida,
já
que
ela
tinha
vivido
uma
noite
de
amor
maravilhosa
antes
de
casar-‐se
com
ele.
Então
porque
se
preocupava?
Apoiou
a
testa
no
frio
cristal.
Duas
carretas
giraram
na
esquina
da
rua
e
o
primeiro
faetón
da
manhã
passou
cabeceando
pelo
pavimento.
Qualquer
outra
manhã
ela
haveria
feito
soar
a
campainha
para
que
trouxessem
uma
xícara
de
chocolate
quente
e
depois
teria
estudado
durante
duas
horas
antes
de
tomar
um
banho.
Por
um
momento
esteve
a
ponto
de
deixar-‐se
tentar
pelo
livro
de
gramática
turca,
mas
recordou
as
palavras
de
sua
mãe.
Isso
eram
distrações
infantis.
No
exterior
a
governanta
estava
escolhendo
verduras
em
uma
carreta
ambulante
que
se
deteve
diante
da
porta.
Apesar
de
tudo,
a
marquesa
lhe
tinha
dado
alguns
bons
conselhos,
pensou
Sophie.
Patrick
nunca
se
inteiraria
que
ela
estudava
idiomas
se
isso
tinha
que
o
contrariar.
Quanto
ao
de
negar
o
acesso
a
sua
cama…
Não
tinha
nenhum
desejo
de
fazer
tal
coisa.
O
importante
era
não
deixar
que
adivinhasse
que
ela
sentia
um
absurdo
carinho
por
ele.
Se
o
ignorava,
ela
poderia
desempenhar
o
papel
de
esposa
conhecedora,
que
permite
que
seu
marido
pule
a
suas
cercas.
Mas
se
congelava
só
de
pensar
na
humilhação
que
sentiria
se
algum
dia
ele
chegasse,
a
saber,
até
que
ponto
ela
o
amava.
―
Não
direi
nunca
―
Murmurou.
Um
pouco
mais
tranquila,
deu-‐se
conta
de
que
tinha
encolhidos
de
frio
os
dedos
dos
pés
e
correu
a
refugiar-‐se
debaixo
das
mantas.
Quando
voltou
a
abrir
os
olhos,
o
sol
entrava
em
torrentes
no
quarto.
Virou-‐se
sobre
as
costas.
Tinha
estado
sonhando
em
italiano,
coisa
que
não
acontecia
desde
que
tinha
começado
a
estudar
esse
idioma
quatro
anos
antes.
Um
curioso
sonho
cujos
detalhes
lhe
escapavam.
Tratava-‐se
de
um
baile
de
máscaras
e
ela
estava
disfarçada
de
cigana
com
um
chapéu
de
palha
preso
sob
o
queixo.
Fez
uma
careta.
O
baile
de
máscaras
ia
começar.
Puxou
resolutamente
do
cordão
e
se
levantou.
Heloise
tinha
um
nó
no
estômago
enquanto
contemplava
os
assistentes
reunidos
na
igreja
de
St.
George,
essa
quarta-‐feira
às
três
da
tarde.
Fez
recontagem
seus
parentes
e
dos
de
Patrick,
os
quais
se
limitavam
a
um
irmão,
Alex,
e
a
uma
tia.
Embora
não
fossem
muito
numerosos
se
via
muito
bem.
O
tio
de
Patrick
celebraria
a
cerimônia
e
a
tia,
Henrietta
Collumer,
ocupava
um
lugar
de
honra
ao
lado
da
mãe
da
noiva.
―Deixe
de
dar
volta
Heloise!
―
Disse
Henrietta
com
a
autoridade
que
lhe
conferiam
seus
oitenta
anos
―
Não
se
preocupe,
todos
estão
aqui.
Acreditam
que
este
é
o
casamento
por
amor
do
século.
Heloise
a
olhou
com
uma
profunda
antipatia
perguntando-‐se
ao
mesmo
tempo
se
podia
permitir-‐se
zangar
com
essa
velha
devota.
Não.
Limitou-‐se
a
voltar-‐se
para
o
altar.
Havia-‐se
sentido
feliz
ao
saber
que
o
conde
de
Slaslow
seria
o
padrinho
de
Patrick,
já
que
isso
faria
emudecer
às
más
línguas.
Slaslow
parecia
um
pouco
mal-‐humorado,
mas
ele
era
assim.
Em
realidade
estava
convencida
de
que
Sophie
seria
mais
feliz
com
Patrick
Foakes.
Este
último
estava
no
alto
da
nave,
com
seu
gêmeo,
impertérrito.
Ao
contrário
de
Braddon
Chatwin
que
se
balançava
de
um
lado
a
outro
sobre
seus
pés,
os
irmãos
Foakes
estavam
quietos
como
estátuas.
Um
murmúrio
percorreu
a
igreja
e
apareceu
Sophie
com
uma
mão
apoiada
no
braço
de
seu
pai.
Heloise
tinha
convencido
a
sua
filha
de
que
o
vestido
fosse
branco
e,
sob
a
difusa
luz
das
vidraças,
parecia
inocente,
frágil
e
quase
irreal.
Ninguém
teria
podido
imaginar
que
era
uma
mulher
que
atraía
ao
escândalo
como
se
fosse
um
ímã.
Inclusive
as
línguas
mais
viperinas
deviam
estar
perguntando-‐se
porque
esse
matrimônio
se
celebrava
com
tanta
precipitação.
O
cabelo,
com
botões
de
rosas
brancas
entrelaçados,
caía-‐lhe
em
cascata
pelas
costas.
Parecia
uma
princesa
russa
ou
uma
fada
saída
de
um
conto
irlandês.
Seu
vestido
de
cetim
cor
marfim
de
corte
alto
estava
adornado
com
uma
sobrecapa
que
terminava
em
uma
cauda.
As
mangas
eram
curtas,
o
decote
pouco
pronunciado
e
usava
luvas
longas
de
cetim.
Quando
Antonin
Careme
lhe
mostrou
o
vestido
ela
gemeu
dizendo
que
pareceria
uma
matrona.
Certamente
era
sem
dúvida
o
vestido
mais
discreto
que
tinha
usado
desde
que
foi
apresentada
em
sociedade.
Mas
as
hábeis
mãos
de
Careme
tinham
acrescentado
uma
nota
encantadora
e
original:
renda
dourada
no
sutiã
e
na
borda
da
cauda.
Esse
homem
sabia
como
fazer
formosa
a
uma
mulher.
Com
a
renda,
da
mesma
cor
que
seu
cabelo,
Sophie
era
como
um
maravilhoso
ícone
de
ouro
e
marfim.
Um
ícone
blasfemo,
certamente,
já
que
os
homens
congregados
não
a
olhavam
com
respeito
precisamente,
e
sim
com
o
desejo
impresso
nos
olhos.
Ao
Patrick
cortou
a
respiração
quando
a
viu
ir
para
ele
com
as
pálpebras
entreabertas.
Não
os
abriu
até
que
o
marquês
e
ela
chegaram
ao
altar.
Então,
por
um
breve
instante,
seus
olhares
se
encontraram
e
Sophie
ruborizou.
E
nos
lábios
de
Patrick
apareceu
um
sorriso
e
se
apoderou
dele
um
intenso
calor.
Ao
menos
sabia
por
que
se
casava.
Nunca
havia
sentido,
nem
sentiria
jamais,
um
desejo
como
o
que
Sophie
despertava
nele.
Apesar
da
presença
do
sacerdote,
agarrou-‐a
da
mão.
O
bispo
o
olhou
com
reprovação
baixou
suas
hirsutas
sobrancelhas.
Richard
tinha
aceitado
celebrar
as
bodas
em
lembrança
de
seu
irmão,
o
pai
de
Patrick.
Deus
era
testemunha
do
que
haviam
feito
passar
seus
filhos!
Mas
Sheffie
haveria
sentido
feliz
de
assistir
a
esse
matrimônio.
―
Os
casemos
e
se
tranquilizaram
―
Acostumava
a
dizer.
Ele
não
tinha
seguido
seu
próprio
conselho
já
que,
em
vez
de
consertar
para
eles
um
matrimônio
de
conveniência,
tinha
mandado
a
um
ao
continente
e
ao
outro
ao
oriente.
Teve
a
sorte
de
lhes
ver
retornar
sãos
e
salvos.
Entretanto
Richard
não
tinha
tido
ocasião
de
lhes
ver
depois
da
morte
de
seu
irmão.
Colocou
bem
o
habito
que
tinha
um
fastidioso
costume
de
deslizar-‐
se
para
trás
e
mover-‐se
como
um
navio
em
meio
de
uma
tempestade.
―
Meus
queridos
amigos
―
Disse
―Estamos
aqui
reunidos
sob
o
olhar
de
Deus…
Sophie
começou
a
tremer
enquanto
a
voz
do
bispo
enchia
a
nave.
Patrick
continuava
segurando
a
mão
e
ela
sentia
um
desejo
de
querer
fugir
correndo.
Sua
nova
vida
se
estendia
diante
dela,
cinza
e
vazia,
marcada
pela
humilhação
e
a
tristeza
de
ver
seu
marido
divertindo-‐se
com
outras
mulheres.
Richard
prosseguiu
com
a
cerimônia,
dando-‐se
conta
de
que
Patrick
conservava
a
mão
de
Sophie
entre
as
suas.
Bom
as
pessoas
pensariam
que
era
um
gesto
muito
romântico,
e
isso
era
fundamental
para
que
vissem
com
bons
olhos
um
matrimônio
tão
pouco
convencional.
Voltou
para
seu
sobrinho.
O
muito
patife
tinha
umas
sobrancelhas
que
davam
o
aspecto
de
um
demônio
incluso
nesse
sagrado
lugar.
Por
fim
se
dirigiu
à
mulher:
―Quer
tomar
a
este
homem
como
marido,
viver
com
ele…
Mas
Sophie
tinha
a
cabeça
cheia
de
imagens
de
sua
mãe
desfeita
em
lágrimas,
recordava
todas
as
mentiras
que
seu
pai
havia
dito,
imaginava
um
matrimônio
estragado
pelas
traições…
Olhou
a
Patrick
com
um
olhar
carregado
de
angústia.
A
pressão
em
sua
mão
se
fez
mais
forte,
como
se
ele
estivesse
lendo
seus
pensamentos,
e
a
olhou
com
a
risada
dançando
em
seus
olhos.
Então
Sophie
levantou
os
ombros
e
respondeu
com
voz
clara:
―Quero.
Ao
menos
Patrick
entrava
em
uma
família
normal,
pensou
o
bispo.
As
mulheres
tinham
que
ser
pequenas
e
frágeis.
Sim,
as
miúdas
e
frágeis
eram
as
melhores
esposas.
Richard
fechou
o
livro
de
orações.
A
cerimônia
tinha
terminado.
―Eu
os
declaro
marido
e
mulher
―
Concluiu
endireitando
o
habito.
Os
lábios
de
Sophie
se
moveram
mais
não
saiu
deles
nenhum
som.
Richard
franziu
o
cenho,
acaso
a
recém-‐casada
tinha
soltado
uma
praga
em
francês?
Não,
impossível,
era
muito
bem
educada
para
praguejar
no
idioma
que
fosse.
―
Pode
beijar
a
noiva
―
Ele
disse
jovialmente
a
seu
sobrinho.
Patrick
a
olhou.
Ela
levantou
os
olhos
para
ele,
uns
olhos
de
uma
cor
azul
tão
escura
que
quase
pareciam
negros.
Por
um
momento
se
surpreendeu
a
reticência
que
leu
neles,
mas
depois
a
atraiu
para
si.
Ela
permaneceu
passiva
entre
seus
braços,
com
os
lábios
rígidos,
e
indiferentes.
Maldição,
pensou,
tinha
que
conseguir
lhe
arrancar
um
romântico
beijo
para
reforçar
a
ideia
de
que
a
razão
da
precipitada
bodas
se
devia
a
que
era
um
matrimônio
por
amor.
Apertou-‐a
mais
se
fazendo
mais
exigente
e
repentinamente
ela
cedeu
fundindo-‐se
contra
ele.
A
cabeça
dele
começou
a
dar
voltas
e
uma
onda
de
desejo
o
invadiu.
Separaram-‐se
ao
fim
e
se
olharam
fixamente.
Patrick,
assombrado,
respirava
com
dificuldade.
Sophie
pensava
na
maneira
desavergonhada
que
se
apertou
contra
ele.
Teria
notado
alguém
que
tremiam
suas
pernas?
Ouviu-‐se
um
murmúrio
entre
os
assistentes.
Os
membros
da
alta
sociedade
estavam
acostumados
a
ver
os
recém-‐casados
atravessar
a
nave
central
ao
som
das
trompetistas
e
não
perdendo
o
tempo
olhando-‐se.
―
Céus,
diria-‐se
que
é
um
verdadeiro
matrimônio
por
amor
―
Sussurrou
Penélope
Luster
a
sua
melhor
amiga
―
Ele
a
olha
de
uma
maneira
que
me
dá
vertigem.
―
Não
diga
tolices
Penélope
―
Respondeu
sua
amiga
―
Assim
é
exatamente
como
o
a
olhava
quando
os
vi
juntos
em
meu
baile
recentemente.
Acredite-‐me,
isso
não
tem
nada
que
ver
com
o
amor.
Mas
você
não
pode
sabê-‐lo
já
que
nunca
esteve
casada.
Chateada,
Penélope
fez
uma
careta.
Sarah
Prestlefield
era
uma
robusta
matrona
de
mais
de
cinquenta
anos
e
Penélope
estava
disposta
a
apostar
que
lorde
Prestlefield
nunca
a
tinha
olhado
como
Patrick
acabava
de
olhar
a
sua
esposa.
―
Não
importa
―
Declarou
―
Para
mim
é
o
casal
mais
romântico
do
mundo.
Lady
Prestlefield
soprou
com
incredulidade.
―Direi,
Sarah
―
Insistiu
Penélope
―
Que
terá
que
ser
tola
para
pensar
que
uma
mulher
em
posse
de
todas
suas
faculdades
mentais
possa
preferir
Slaslow
diante
de
Patrick
Foakes.
Sarah
pôs
uma
expressão
de
exasperação.
―Você
que
é
tola,
Penélope.
Slaslow
é
conde.
Nenhuma
mulher
em
seu
são
julgamento
trocaria
por
um
filho
menor
embora
fosse
tão
rico
como
Foakes.
Os
recém-‐casados
estavam
atravessando
o
corredor
central
da
igreja
e
Patrick
sustentava
a
sua
esposa
contra
ele
reforçando
a
convicção
de
Penélope.
O
conde
de
Slaslow
ia
justo
atrás
deles
e
seu
parecido
com
um
buldogue
a
fez
estremecer.
Para
Penélope,
os
ardentes
olhos
de
Patrick
eram
muito
mais
interessantes
que
a
gordinha
imagem
de
Braddon.
Riqueza
e
título
careciam
de
importância
ao
lado
da
sensualidade
que
Patrick
transbordava.
―Olhe!
―
Sussurrou
lady
Prestlefield
―
Quill
Dewland
anda
outra
vez.
Acreditava
que
os
médicos
tinham
condenado
a
permanecer
na
cama.
Penélope
só
jogou
uma
indiferente
olhada
a
Quill,
para
voltar
rapidamente
para
olhar
ao
jovem
casal.
Pesavam
as
portas
que
acabavam
de
abrir
e
os
Foakes
estavam
de
pé
no
alto
das
escadas.
Um
raio
de
sol
caía
sobre
a
noiva
fazendo-‐a
parecer
uma
fina
chama
dourada.
Patrick
se
inclinou
uma
vez
mais
para
beijá-‐la.
―
Você
pode
pensar
o
que
quiser
―
Disse
a
sua
amiga
―
Mas
é
realmente
um
matrimônio
por
amor.
E
me
dá
completamente
igual
o
que
pensem
outros.
Penélope
era
normalmente
mais
tranquila,
mas
podia
ser
teimosa
como
uma
mula.
―
Muito
bem
Penélope,
muito
bem
―
Murmurou
lady
Prestlefield
―Estou
de
acordo
contigo.
E
já
sabe
o
que
gostam
a
Maria
dos
romances.
Olha-‐a,
está
chorando
em
seu
lenço.
Lady
Maria
Sefton
era
uma
das
damas,
mas
influentes
da
alta
sociedade.
Deste
modo,
Patrick
Foakes
pôde
casar-‐se
precipitadamente
com
a
mulher
mais
formosa
de
Londres
e
sair
bem
amparado.
Em
vez
de
lhes
voltar
às
costas
sussurrando
desagradáveis
comentários,
a
alta
sociedade
estava
radiante
e
felicitava
a
si
mesma
por
sua
própria
generosidade.
Eram
um
casal
tão
encantador!
Braddon
também
engoliu
sua
amargura.
―Foi
como
Romeu
e
Julieta
―
Respondeu
lorde
Winkle
que
no
baile
que
seguiu
à
cerimônia
perguntou
se
não
odiava
Patrick
por
ter
roubado
a
noiva
―
Não
podia
me
interpor
entre
eles.
Como
Tristan
e…
Interrompeu-‐se
sem
saber
o
que
dizer.
Como
raios
se
chamavam
os
amantes
que
tinha
estudado
no
colégio?
―Quereria
me
acompanhar
de
volta
com
minha
mãe
milorde?
Braddon
se
mordeu
o
lábio
inferior.
a
senhorita
Commonweal
tinha
deixado
de
falar
e
depois
ele
estava
cada
vez
mais
zangado.
A
conversa
entre
Sophie
e
Braddon
não
era
a
melhor
maneira
de
convencer
às
pessoas
de
que
a
este
último
dava
igual
a
ela
tivesse
quebrado
o
compromisso.
Além
de
que
estavam
falando?
Sissy,
terrivelmente
molesta,
olhava-‐se
as
pontas
de
seus
sapatos
rosas.
Todos
puderam
ouvir
de
repente
a
voz
do
conde
Slaslow
que
dizia
quase
gritando:
―Além
me
deve
isso!
Depois
Sissy
se
deu
conta
de
que
Patrick
tinha
saído
de
seu
mutismo
e
estava
sorrindo
amavelmente.
Certamente
tinha
ouvido
Slaslow
mais
não
parecia
estar
preocupado.
―
Quer
dançar?
―
Perguntou
ele
agarrando-‐a
pelo
braço
para
levá-‐
la
para
a
pista
de
baile.
―Bom…
Olhou
a
Braddon
e
a
Sophie
que
estava
discutindo.
―Não
preferiria
dançar
com
sua
esposa?
O
sorriso
de
Patrick
se
fez
um
pouco
mais
longínqua.
―Certamente
que
não,
já
que
quero
dançar
com
você.
Dizendo
isto
levou
a
pesada
mulher
até
a
fileira
de
bailarinos.
Sissy,
completamente
vermelha,
encontrou-‐se
na
pista
com
Patrick,
completamente
segura
de
que
eram
o
centro
de
todas
os
olhares.
―
Meu
Deus!
Devo
estar
completamente
vermelha
―
Murmurou.
Patrick
elevou
uma
sobrancelha
com
ironia.
―Não.
Por
quê?
Deveria
estar?
―Sim!
Estou
dançando
com
o
noivo
e
sua
reputação,
e
sua
esposa…
―Senhorita
Cecilia…
Ou
posso
chamá-‐la
Sissy?
Ao
ver
que
ela
assentia,
ele
continuou:
―Asseguro-‐lhe,
Sissy,
que
dentro
de
um
ano
poderemos
dançar
nesta
mesma
sala
sem
que
ninguém
o
note.
Ela
franziu
o
cenho.
―
Por
que
dentro
de
um
ano?
―
Dentro
de
um
ano
os
dois
levaremos
já
tempo
casados,
e
Deus
sabe
que
ninguém
disposta
atenção
a
duas
pessoas
casadas
que
dançam
juntas.
―Oh,
eu…!
―
Balbuciou
Sissy
―
De
todas
as
formas,
eu
não
estarei
casada.
A
triste
expressão
dela
despertou
a
compaixão
de
Patrick.
―Já
verá
como
sim.
―Não…
Ela
estava
tão
desamparada
que
surpreendeu
a
se
mesma
lhe
contando
seus
piores
temores.
―Sempre
me
apaixono
por
homens
que
minha
mãe
não
gosta
e,
como
ela
diz,
eles
não
vão
nunca
bater
a
minha
porta.
Interrompeu-‐se
bruscamente,
confusa
por
ter
falado
de
um
modo
tão
vulgar,
mas
Patrick
se
limitou
a
rir
enquanto
a
olhava
com
tanta
gentileza
que
lhe
deu
um
tombo
o
coração.
―Vou
lhe
dar
um
conselho.
Escolha
o
homem
que
você
queira.
Depois,
cada
vez
que
fale
com
ele,
o
olhe
diretamente
nos
olhos.
Não
importa
o
que
ele
diga
inclusive
se
for
completamente
estúpido,
diga
que
acaba
de
dizer
algo
muito
interessante.
Os
jovens
são
tímidos
e
terá
que
os
animar.
Sissy
o
escutava
fascinada.
―Você
acha?
Entretanto
minha
mãe
sempre
me
diz
que
não
tenho
que
deixar
que
se
faça
o
silêncio
em
uma
conversa.
De
modo
que
muitas
vezes
me
encontro
falando
sozinha.
―Deixe
que
sejam
os
homens
quem
fale.
Adoram
o
som
de
sua
própria
voz.
E
não
lhes
demonstre
nunca
o
que
sabe.
Quando
estiver
casada
poderá
falar
tanto
como
queira
sobre
as
correntes
marinhas
se
isso
é
o
que
deseja.
Tinham
chegado
ao
final
da
fila
e
estavam
voltando
dando
voltas
até
que
Patrick
a
deixou
diante
de
sua
mãe.
Ele
se
inclinou
solenemente.
―Foi
um
prazer
dançar
com
você,
senhorita
Commomweal.
Ela
fez
uma
reverência.
―Obrigado,
senhor.
Ele
se
inclinou
para
lhe
dizer
ao
ouvido.
―E
livre-‐se
dessas
plumas,
Sissy.
Piscando
um
olho
desapareceu
enquanto
a
jovem
repetia
suas
palavras
em
sua
mente.
Depois
se
deu
conta
de
que
sua
mãe
estava
sorrindo.
―Querida
―
Disse
―
Gostaria
de
te
apresentar
a
Fergus
Morgan.
O
senhor
Morgan
acaba
de
voltar
de
uma
comprida
viajem
pelo
estrangeiro.
O
homem
que
a
saudou,
com
seus
olhos
azuis
e
sua
ligeira
calvície,
era
bastante
simpático.
―
Me
disseram
que
é
você
uma
grande
leitora
―
Disse
um
pouco
nervoso.
―Certamente!
―
Interveio
sua
mãe
―
Não
há
quem
ganha
a
Cecilia
lendo.
―
Minha
mãe
exagera,
temo
―
Protestou
brandamente
Sissy
olhando
diretamente
nos
olhos
do
Fergus.
―
É
uma
pena
―
Replicou
este
franzindo
o
cenho
―
Porque
tinha
intenções
de
criar
um
grupo
de
poesia.
Acabo
de
voltar
da
Alemanha
onde
os
clubes
de
poesia
fazem
furor
entre
as
pessoas
jovem.
―É
uma
ideia
muito
interessante!
―
Exclamou
Sissy
com
os
olhos
brilhantes.
E
era
sincera.
O
homem
se
pavoneou.
―
Permite-‐me
que
seja
seu
acompanhante
no
jantar,
senhorita
Commonweal?
Depois
deste
baile
é
obvio…
Sissy
sorriu
e
esteve
a
ponto
de
responder
que
era
um
“projeto
extremamente
interessante”.
―
Com
muito
prazer.
Assim
poderá
me
falar
um
pouco
mais
sobre
esses
clubes
de
poesia.
No
outro
extremo,
ao
lado
de
uma
coluna,
Braddon
e
Sophie
discutiam
acaloradamente.
Ele
tinha
iniciado
a
conversa
com
tom
autoritário.
―
Sophie―
Havia
dito
―
Tem
que
escutar
atentamente
o
que
te
vou
dizer…
Ela
olhou
surpreendida.
―
Necessito
sua
ajuda
―
Continuou
ele
com
um
pouco
menos
de
segurança
em
se
mesmo.
Ela
sorriu.
Era
tão
feliz
que
tivesse
ajudado
a
qualquer.
―
Eu
adoraria
te
ajudar.
Ele
relaxou
um
pouco.
―Olhe
Sophie,
já
sabe
que
tenho
que
me
casar
rapidamente.
Ela
assentiu
com
simpatia.
―
Bem,
pois
encontrei
à
mulher
com
a
que
quero
me
casar.
Engoliu
seco;
estava
chegando
à
parte
mais
difícil.
―
O
problema
―
Continuou
―
É
que
Maddie;
Madeleine;
não
é
uma
dama.
Sophie
o
pensou
um
momento
e
depois
abriu
os
olhos
assombrada.
―
É
um
homem?
comecem
a
fazer
perguntas
sobre
ela.
―Está
louco
―
Murmurou
ela
fascinada
por
sua
determinação
―
Não
vai
funcionar.
As
pessoas
não
podem
transformar-‐se
em
membro
da
aristocracia
francesa
da
noite
para
o
dia.
―
Não
vejo
porque
não
―
Insistiu
Braddon
pondo
a
expressão
de
teimosia
de
um
buldogue
que
sua
família
tanto
temia
―
Não
é
nada
difícil
ser
uma
dama.
E,
além
disso,
Madeleine
é
francesa,
ninguém
pode
esperar
que
se
comporte
exatamente
igual
às
damas
inglesas.
Há
muitos
nobres
franceses
em
Londres
e
apostaria
a
que
a
metade
deles
são
uns
impostores.
Sophie,
em
efeito,
tinha
ouvido
seu
pai
dizer
o
mesmo.
―
Isso
não
resolve
o
problema
de
transformar
a
sua
amiga
em
uma
dama.
―Ela
o
é
por
natureza!
―
Afirmou
Braddon
―
Não
será
muito
difícil
Sophie.
Ensine-‐a
vestir-‐se,
a
agitar
um
leque,
esse
tipo
de
coisas.
Pode
fazê-‐lo
e
além
me
deve
isso.
Você
me
abandonou
e
não
quero
voltar
a
pedir
a
mão
de
uma
mulher
que
me
não
me
importa
nada.
―Não
fui
eu
quem
quebrou
a
perna
―
Objetou
ela
olhando
especificamente
a
perna
dele.
―
Vou
começar
com
sua
educação,
Sophie.
Ensinarei
tudo
o
que
sei,
mas
não
poderei
dizer
o
que
minha
mãe
repetiu
a
minhas
irmãs
durante
anos.
Tem
que
me
ajudar.
A
amo!
Patrick
estava
dando
voltas
pelo
salão
de
baile
enquanto
ia
em
direção
a
sua
esposa
e
Chatwin,
mas
o
detinham
sem
cessar
os
convidados
para
felicitar.
Quase
tinha
chegado
a
seu
objetivo
quando
lorde
Breksby
apareceu
diante
dele
como
uma
serpente
de
uma
caixa.
―
Parabéns,
milorde
―
Disse
―
E
meu
agradecimento.
Ouvi
dizer
que
ia
fazer
um
pequeno
cruzeiro
ao
longo
da
costa
e
suponho
que
de
vez
em
quando
olhará
para
terra
não?
Patrick
o
saudou.
―
Certamente.
―
Estou
impaciente
por
ouvir
o
que
tiver
que
me
dizer
sobre
as
fortificações
quando
voltar.
E
espero
que
seu
casamento
não
seja
um
obstáculo
para
sua
viagem
ao
estrangeiro
no
ano
que
vem.
Patrick
deu
de
ombros.
―Certamente
que
não
―
Disse
com
altivez.
O
ministro
baixou
o
tom.
―
Então
quando
voltar
de
sua
lua
de
mel
terei
que
lhe
falar
do
presente
de
que
falamos.
filho
estava
destinado
à
Igreja.
Mas
muitas
vezes
me
confundiram
com
um
membro
do
Parlamento
e
inclusive
uma
vez
tomaram
por
um
conde
veneziano.
Deu
um
tapinha
na
mão
de
Sophie
com
mais
calidez
da
que
tinha
mostrado
durante
a
cerimônia.
―
É
você
uma
mulher
encantadora,
querida.
Realmente
encantadora.
Estou
seguro
de
que
Patrick
e
você
serão
muito
felizes.
Os
poucos
curiosos
que
estavam
perto,
não
perderam
nem
um
ápice
da
cena.
Se
tivesse
havido
algo
raro
nesse
matrimônio,
o
bispo
não
se
mostrou
tão
entusiasmado.
―
Não
sentará
nada
bem
ao
bispo
se
nascer
um
menino
dentro
de
sete
meses
verdade?
―Zombou
lady
Skiffing.
Esta
se
alimentava
de
fofocas
e
o
que
mais
feliz
a
fazia
era
destruir
a
reputação
de
alguém.
Sarah
Prestleffield
finalmente
tinha
decidido
apoiar
a
teoria
de
sua
amiga
Penélope,
quer
dizer
que
a
urgência
desse
matrimônio
se
devia
ao
amor
e
não
por
uma
conduta
escandalosa.
―
Só
alguém
mal
intencionado
poderia
sugerir
algo
assim
―
Decretou
―
lady
Sophie
realmente
se
casou
por
amor,
e
embora
isto
não
seja
frequente
entre
a
nobreza,
nenhum
de
nós
se
atreveria
a
insinuar
que
esses
queridos
meninos
se
casam
por
outra
razão
que
não
seja
essa.
Lady
Skiffing
não
estava
convencida,
mas
lady
Prestlefield
tinha
uma
fila
superior
a
dela,
de
modo
que
mudou
de
assunto.
―
Sabe
que
a
senhora
Yarlblossom,
a
vida
que
vive
no
Chiswick,
orgulha-‐se
de
ter
a
um
príncipe
índio
entre
seus
pretendentes?
Sarah
Prestlefield
ficou
fascinada.
―
Refere-‐se
à
louca
que
tem
dezesseis
cachorros
mulherengos?
Durante
esse
tempo,
Sophie
se
voltou
sossegada
seu
marido,
cujo
olhar
desprendia
tais
promessas
que
não
pôde
evitar
olhar
ao
bispo
para
ver
se
tinha
interceptado
a
mensagem.
―
Não
se
preocupe
por
tio
Richard
―
Sussurrou
Patrick
ao
ouvido.
Agarrou-‐a
pela
cintura
e
ela
se
perguntou
se
sempre
lhe
produziria
o
mesmo
efeito.
O
simples
contato
de
sua
mão
para
ela
tremer.
―
Já
é
hora
de
que
nos
retiremos
querida
―
Disse
com
voz
rouca.
Ela
deu
um
pulo.
―
Nos
retirar?
É
obvio
sabia
que
ela
e
Patrick
abandonariam
juntos
o
baile.
Levaram
suas
malas
essa
mesma
manhã
e,
se
Simone
tinha
podido
controlar
seu
medo
à
água,
já
devia
estar
a
bordo
do
Lara.
O
bispo
seguia
com
sua
obsessão.
―
Pode
que
não
haja
suficientes
tijolos
a
bordo
Patrick.
Terá
que
ir
procurar
alguns
em
seguida.
Sim,
seria
melhor
que
fossem
imediatamente
para
arrumar
todos
os
detalhes
antes
de
embarcar.
Apesar
de
seu
nervosismo,
Sophie
não
pôde
evitar
sorrir.
O
bispo
estava
tão
preocupado
como
ela
mais
por
um
algo
totalmente
distinto.
―Minha
mãe!
―
Exclamou
de
repente
olhando
ao
seu
redor.
Patrick
a
agarrou
por
um
braço.
―
Esta
esperando
ao
lado
da
porta
para
te
dizer
adeus.
Charlotte
a
abraçou
e
lhe
disse
algo
ao
ouvido.
Sophie
se
endireitou.
―
Não
ouvi
o
que
me
disse.
Sua
amiga
se
inclinou
de
novo
e
o
repetiu.
Sophie
ficou
escarlate,
mas
conseguiu
assentir.
―O
que
lhe
disse?
―
Perguntou
Alex
a
sua
mulher
enquanto
contemplavam
como
se
afastava
o
casal.
Charlotte
se
voltou
para
seu
marido
com
os
olhos
brilhantes
de
desejo.
―
Ah!
―
Disse
ele
com
voz
profunda
―
Poderia
repetir
isso
ao
meu
ouvido
também?
Ela
assentiu
com
a
cabeça,
maliciosamente.
Quando
Sophie
e
Patrick
chegaram
à
porta,
os
pais
da
noiva
os
estavam
esperando.
Sophie
fez
uma
reverência.
Heloise,
com
os
olhos
cheios
de
lágrimas
olhou
a
loira
cabeça
que
se
inclinava
diante
ela.
Pegou-‐a
em
seus
braços.
―
Filha
―
Disse
em
francês
―Seja
feliz
carinho.
Desejo-‐te
toda
a
felicidade
do
mundo
em
sua
vida
como
esposa.
―Serei
feliz,
mamãe.
Seu
pai
a
apertou
contra
se
antes
de
estreitar
a
mão
de
Patrick.
―
Cuida
bem
de
nossa
pequena
―
Ele
disse.
Tinha
uma
expressão
algo
rígida
mais
parecia
estar
radiante
de
alegria.
Sophie
lhe
beijou
na
testa.
―
Não
se
preocupe
papai,
tudo
ficará
bem.
Quando
franquearam
a
porta,
a
marquesa
afogou
em
um
soluçou.
George
a
olhou
assombrado
e
depois
lhe
rodeou
os
ombros
com
o
braço.
―
Não
se
preocupe
Heloise.
Patrick
é
um
homem
honesto
e
de
confiança.
Capítulo
14
Sophie
estava
dormindo
profundamente
quando
se
viu
empurrada
brandamente
contra…
Contra
o
que?
A
cama
se
balançava
ao
ritmo
das
ondas.
Ela
tinha
o
nariz
colocado
entre
os
finos
lençóis
que
cheiravam
a
limão,
mas
o
aroma
se
confundia
com
o
aroma
de
mar.
Abriu
os
olhos
para
descobrir
o
mais
luxuoso
camarote
que
tinha
visto
em
sua
vida;
ou
melhor,
dizendo
imaginado
já
que
nunca
antes
tinha
posto
os
pés
em
um
veleiro.
Patrick
tinha
comprado
à
cama
na
Índia.
Era
uma
cama
em
forma
de
quarto
cujo
lado
aberto
tinha
duas
colunas
ao
longo
das
quais
estavam
pintadas
umas
grinaldas
de
flores
vermelhas.
Seguiu
o
desenho
com
o
olhar.
Logo
esqueceu
das
flores
já
que
muito
perto
dela
descansava
um
musculoso
braço.
Sophie
sorriu.
Patrick
estava
deitado
de
barriga
para
baixo
com
a
cara
volta
para
o
outro
lado.
Ela
só
podia
ver
seu
cabelo
negro
e
prata.
Parecia
que
estava
nu
e,
avermelhando,
deu-‐se
conta
de
que
ela
tampouco
usava
nada
em
cima.
Atrevidas
imagens
da
noite
passada
voltaram
a
mente
despertando
um
formigamento
em
seu
ventre
e
em
seus
joelhos.
O
lençol
deixava
ver
o
poderoso
torso
de
Patrick
e
recordou
a
forma
em
que
ela
se
segurou
a
seus
ombros
e
arqueado
contra
seu
peito,
e
como
tinha
gemido,
rogado
e
suplicado.
Sem
fazer
ruído
levantou
para
admirar
seu
marido
cuja
dourada
pele
se
amoldava
aos
músculos.
Ele
se
voltou
de
repente
com
um
pequeno
grunhido
e
os
lençóis
deslizaram
um
pouco
mais.
Sophie,
instintivamente
cobriu
o
peito;
mas
Patrick
não
despertou
e
se
tranquilizou
um
pouco.
Deus
que
formoso
era!
Contemplou-‐lhe
admirada.
As
pestanas,
tão
escuras
como
as
arqueadas
sobrancelhas,
davam
sombra
a
suas
bochechas.
Com
desfaçatez
deixou
que
seu
olhar
vagasse
pelo
magnífico
corpo;
depois
de
tudo
era
seu
marido.
Avermelhou
ainda
mais
ao
pensar
nas
atividades
de
Patrick
durante
a
noite.
Ainda
não
iria
procurar
a
outra
mulher,
pensou
ela,
e
relaxou
um
pouco.
Acariciou
com
a
ponta
dos
dedos
a
curva
de
seus
quadris.
Debaixo
estava
“a
coisa”
que
ela
desejava
ver
a
luz
do
dia.
Levantou
o
lençol
uns
centímetros
e
estava
inclinando
para
olhar
quando
ouviu
uma
risada
afogada.
Antes
que
tivesse
tempo
de
saber
que
estava
acontecendo
se
encontrou
cravada
ao
colchão
como
se
fosse
uma
tartaruga
a
que
tinham
dado
a
voar,
pensou
indignada.
Os
escuros
olhos
do
Patrick
brilhavam
divertidos.
―Está
muito
tempo
acordado?
―
Bastante
―
Respondeu
o
com
uma
voz
profundamente
sensual.
Beijou-‐a
nos
lábios
e
ela
estremeceu
de
prazer.
―
O
suficiente
para
saber
que
minha
jovem
esposa
também
estava
acordada.
Suficiente
tempo
para
ver
como
tampava
com
o
lençol
seus
formosos
seios.
Deus
meu
Sophie,
sabe
o
maravilhosos
que
são
seus
seios?
Ela
baixou
o
olhar
para
seus
generosos
seios.
―
Vão
muito
bem
com
a
moda
francesa
―
Murmurou.
Que
supunha
que
tinha
que
responder?
Nunca
tinha
preocupado
de
verdade
por
esse
tema.
Mas
a
boca
de
Patrick
baixou
para
brincar
com
eles
e
ela
não
pôde
conter
um
gemido.
Ele
deslizou
um
joelho
entre
suas
pernas
enquanto
sussurrava
coisas
ao
ouvido.
Só
mas
tarde,
quando
o
lençol
renunciou
a
sua
função
e
se
encontrou
enrugado
no
chão,
Sophie
pensou
em
perguntar
o
que
havia
dito
―
Tombada
sobre
um
lado,
começou
a
desenhar
no
torso
de
seu
marido.
―O
que
disse
de
meus
seios?
Ao
Patrick
pesavam
as
pálpebras.
Fazer
amor
com
sua
mulher
lhe
dava
quase
gana
de
chorar.
Devia
ser
o
ritual
do
matrimônio,
pensou.
Saber
que
alguém
ia
estar
com
a
mesma
mulher
pelo
resto
de
sua
vida
devia
ser
a
razão
que
convertia
uma
coisa
agradável
em
algo
mágico.
―
Mmm?
―
Disse
atraindo-‐a
para
ele.
Ela
repetiu
a
pergunta
um
pouco
timidamente.
Ele
abriu
um
olho.
―Disse
que
eram
majestosos?
Ela
assentiu.
―Depois.
―Não
me
lembro.
Possivelmente
devesse
olhá-‐los
outra
vez
a
ver
se
me
volta
a
memória.
Tombou-‐a
sobre
as
costas
e
ficou
de
modo
que
seus
olhos
ficassem
à
mesma
altura
que
essas
duas
frutas
amadurecidas.
Os
montes
e
os
sopesou
com
as
mãos.
―Disse
que
eram
tão
grandes
como
maçãs
silvestres?
―Não
―
Sussurrou
Sophie.
―
De
todos
os
modos,
não
têm
a
cor
apropriada
―
Disse
em
tom
de
conversa
―
As
maçãs
são
vermelhas
como
todo
mundo
sabe,
e
seus
seios
são
brancos
como
o
leite
com
só
uma
pincelada
de
rosa.
Estava
brincando
com
a
ponta
endurecida
e
custava
respirar.
―
Você
disse
que
eram
melhores
que
o
vinho?
desta
vez
acariciou
o
mamilo
com
a
língua.
―Não.
―Então
que
têm
o
sabor
do
mel.
―Não
acredito
que
fosse
isso
―
Replicou
Sophie
em
voz
muito
baixa.
―
Disse
que
sua
pele
é
mais
suave
que…
Sem
ocorrer
nada
mais
que
dizer
apanhou
o
pequeno
botão
rosado
com
a
boca.
Quando
levantou
a
cabeça,
ela
tinha
os
olhos
velados
pelo
desejo.
―
Agora
nos
temos
que
ocupar
do
outro,
verdade?
Ela
o
puxou
para
lhe
fazer
subir
para
ela
fazendo
caso
omisso
de
seus
divertidos
protestos.
―Espera
mulher
insaciável.
Acabo
de
me
lembrar
do
que
disse
exatamente.
Parecia
tão
curiosa
com
minha
anatomia
quando
despertei
esta
manhã,
que
simplesmente
te
ofereci
a
oportunidade
de
satisfazer
sua
sede
de
conhecimentos.
Sophie
avermelhou,
mas
deixou
que
seu
olhar
percorresse
o
peito
de
Patrick,
depois
seu
ventre
plano.
E
mas
abaixo
ainda.
Seus
dedos
seguiram
o
caminho
de
seus
olhos.
―
Mmm
―
Murmurou
ela.
―O
que
significa
esse
“Mmm”?
A
mão
de
Sophie
estava
deixando
um
rastro
ardente
em
sua
pele.
Quanto
a
ela,
tinha
perdido
o
fio
da
conversa.
―
Para
completar
minha
educação
―
Disse
―
Ainda
tenho
que
fazer
algumas
investigações.
Desta
vez
foi
sua
boca
que
seguiu
o
caminho
anterior.
―
Já
basta
de
investigações!
―
Grunhiu
ele
com
a
voz
alterada.
Agarrou-‐a
entre
seus
braços
para
arrastá-‐la
a
um
torvelinho
de
prazer.
Quando
Patrick
e
Sophie
por
fim
apareceram
na
ponte
da
embarcação,
o
sol
já
estava
alto
no
céu.
país?
Sophie
negou
com
a
cabeça.
―Tente
adivinhá-‐lo.
Ela
pensou.
Seu
conhecimento
dos
idiomas
era
tão
acadêmico
que
lhe
custava
imaginar-‐se
a
se
mesma
em
terras
estrangeiras.
―“Onde
posso
encontrar
um
agente
da
polícia?”
―
Arriscou-‐se.
Ele
levantou
os
olhos
ao
céu.
―
Me
acredite,
as
forças
da
ordem
são
frequentemente
mais
uma
complicação
que
outra
coisa.
―“Poderia
me
dizer
onde
há
uma
estalagem?”
―Não.
Ele
ofereceu
outro
gomo
da
laranja.
―“Faria-‐me
a
honra
de
aceitar
este
modesto
presente
de
minha
parte
e
de
meu
país,
gentil
dama?”
Ela
rompeu
a
rir.
―Sei
dizê-‐lo
em
quatorze
idiomas
―
Precisou
ele
―
Desgraçadamente
a
única
coisa
que
sei
dizer
em
galês,
de
modo
que
teremos
que
nos
conformar
com
o
inglês.
Sophie
engoliu
seco.
Era
muito
tarde
para
revelar
que
ela
falava
galês
perfeitamente.
Patrick
se
equivocou
sobre
o
motivo
de
seu
nervosismo.
―
Não
é
muito
grave,
querida.
Todos
os
galeses
falam
inglês.
E
os
que
não
o
falam
fariam
melhor
em
aprendê-‐lo.
E
também
fariam
bem
em
aprender
francês
―
Acrescentou
―
Algumas
pessoas
acreditam
que
Napoleão
vai
enviar
tropas
desde
o
Brest,
passado
ao
largo
da
Cornualha
para
atracar
em
Gales
agarrando
aos
ingleses
pelas
costas.
―Ah,
Bonaparte!
Custava
concentrar-‐se
porque
ele
já
estava
de
novo
acariciando
seus
lábios
com
outro
pedaço
de
laranja.
―Não
nos
preocupemos
com
ele.
O
Lark
é
uma
dos
navios
mais
rápidos
que
há.
Napoleão
só
tem
navios
de
quilha
plana.
―O
Lark
é
um
veleiro
de
Baltimore?
Patrick
a
olhou
com
surpresa.
―Sim,
sua
quilha
tem
forma
de
V
e
esta
concebida
para
atravessar
as
ondas.
Sophie
notou
que
a
irritação
se
sobrepunha
à
surpresa
de
seu
marido.
―Acaso
acredita
que
não
sei
ler?
O
Time
leva
falando
dos
estaleiros
navais
do
Fells
Point
há
pelo
menos
cinco
anos.
Ele
engoliu
sem
dar-‐se
conta
o
gomo
de
laranja
que
queria
lhe
dar
a
ela.
―Não
sei
quase
nada
da
educação
das
mulheres
inglesas.
Minha
mãe
morreu
quando
eu
era
menino
e
depois
não
passei
muito
tempo
na
Inglaterra.
―Sei
―
Grunhiu
―
E
quando
voltou
não
se
relacionou
com
damas.
Patrick
se
pôs
a
rir.
―Para
falar
corretamente
―
A
provocou
―
Não
pode
dizer
que
não
fossem
damas,
mas
sim
não
eram
damas
adequadas.
Gostava
de
muito
a
viva
inteligência
e
a
acerada
língua
de
sua
esposa.
Empurrou-‐a
contra
o
corrimão
e
amoldou
seu
corpo
ao
dela.
Ela
o
olhou
com
inveja.
―Esteve
em
quatorze
países?
―
Pelo
menos.
―Como
eu
gostaria
de
viajar!
Eu
adoraria
conhecer
o
Oriente.
―O
que
é
que
fazem
as
damas
da
alta
sociedade
todo
o
dia?
Ao
Sophie,
de
novo,
custava
se
concentrar
no
que
dizia.
―Vão
de
visita…
Recebem…
―Parece
muito
aborrecido.
E
que
mais?
―Vão
de
lojas.
―
Por
quê?
Os
quadris
de
Patrick
se
moviam
lentamente.
―Patrick,
podem
nos
ver!
―Não
há
nada
que
ver
―
Afirmou
ele
pondo
os
dois
braços
ao
redor
dela
sobre
o
corrimão
―O
que
compram?
―Chapéus
e
vestidos
―
Disse
vagamente
Sophie.
Não
era
uma
perita
no
tema
já
que
ela
sempre
chamava
Antonin
Careme
para
que
fosse
vê-‐la
a
sua
casa.
―Quer
dizer
que
vão
às
compras
todos
os
dias?
―Eu
não!
―
Defendeu-‐se
ela.
Depois
recordou
que
Patrick
era
um
libertino.
Embora
pretendesse
o
contrário
devia
estar
a
par
das
atividades
das
mulheres
acaso
não
se
passava
o
tempo
as
cortejando?
―Como
bem
sabe
as
damas
só
pensam
em
suas
coisas
―
Disse.
―
De
verdade?
Novamente
a
estava
empurrando
com
os
quadris
e
ela
começou
a
arder
por
dentro.
Deu
um
tombo
no
coração
ao
pensar
o
que
estava
abandonando
por
este
matrimônio;
seus
estudos.
No
mais
profundo
de
si
mesma
não
se
resignou
a
converter-‐se
em
uma
matrona
cuja
principal
ocupação
seria
visitar
as
lojas
de
Bond
Street.
Certamente
era
importante
andar
bem
vestida,
mas
era
muito
mais
apaixonante
aprender
coisas
novas.
Patrick
a
observava
um
pouco
desconcertado.
O
que
podia
haver
na
forma
de
passar
o
dia
de
uma
mulher
que
a
entristecia
tão
de
repente?
―A
minha
muito
adequada
esposa
gostaria
de
tomar
um
banho?
―
Perguntou
acariciando
sua
testa
com
um
beijo
―
Porque
ao
seu
muito
adequado
marido
gostaria
de
manter
uma
conversa
com
o
capitão.
O
olhar
de
Sophie
voltou
a
mostrar
alegria.
―Com
supremo
prazer!
Ele
a
liberou
a
contra
gosto.
Uma
vez
de
volta
no
camarote,
enviou
a
uma
esverdeada
Simone
a
procurar
água
quente
e
depois
ficou
imóvel
com
as
costas
pega
à
porta
de
nogueira.
O
camarote
era
luxuoso,
todos
os
móveis,
exceto
as
cadeiras,
estavam
agarrados
à
parede
ou
ao
chão,
e
estas
últimas
se
podiam
pendurar
de
uma
rampa
se
fazia
mal
tempo.
E,
além
disso,
estava
sozinha.
Não
havia
tornado
a
estar
sozinha
desde
que
se
casou
com
Patrick.
Suspirou
desfrutando
do
silêncio.
Simone
voltou
com
dois
membros
da
tripulação
que
levavam
uns
pesados
cubos
de
água
quente.
Em
pouco
tempo
a
banheira
de
cobre
que
estava
cravada
em
um
canto
do
camarote,
esteve
cheia
de
água
perfumada
com
flores
de
cerejeira,
e
Sophie
enviou
à
enjoada
donzela
de
volta
ao
seu
próprio
camarote.
Relaxou
no
banheiro
pensando
no
dia
anterior.
Nesse
momento
não
tinha
tido
tempo
de
pensar
e,
entretanto
havia
muitas
coisas
nas
quais
fazê-‐lo.
Por
exemplo,
tinha
que
pensar
no
que
ia
fazer
com
Braddon.
Seu
plano
era
irrealizável;
jamais
a
filha
de
um
adestrador
de
cavalos
poderia
fazer-‐se
passar
por
uma
aristocrata
francesa.
Sophie
tinha
visto
sua
mãe
fazer
picadinho
da
filha
de
um
comerciante.
Uma
jovem
podia
ser
dócil,
formosa,
ter
sido
educada
nos
melhores
colégios;
isso
não
importava;
Heloise
e
suas
amigas
eram
os
juízes
mais
severos
do
mundo.
Dissecavam
a
conversa
da
jovem
em
questão,
o
modo
em
que
se
abanava
e
baixava
os
olhos
e
ao
final
averiguavam
qual
era
seu
ponto
débil.
Era
impossível!
Decidiu
Sophie.
Tinha
que
convencer
Braddon
de
que
renunciasse
à
ideia
a
toda
custo.
Tinha
que
abandonar
a
ideia
de
casar-‐se
com
Madeleine.
Acabou
dando-‐se
conta
de
que
a
água
já
se
esfriou;
saiu
da
banheira,
enrolou-‐se
em
uma
toalha
e,
sem
pensá-‐lo,
pegou
sua
gramática
turca.
Com
um
sorriso
de
felicidade
mergulhou
no
estudo
dos
verbos.
―
Seni
seviyorum
―
Murmurou
―“Amo-‐te”,
Seni
seviyor
“te
ama”.
Sacudiu
a
cabeça
e
se
dispôs
a
dizer
frases
mais
completas.
Estava
desobedecendo
a
sua
mãe
e
era
uma
sensação
maravilhosa.
Não
era
estranho
que
Braddon
a
tivesse
escolhido
para
educar
Madeleine.
Ela
mesma
tinha
sido
educada
pela
mais
rígida
das
instrutoras:
a
marquesa
de
Brandenbourg.
O
que
Heloise
não
soubesse
sobre
etiqueta,
é
que
não
precisava
saber.
Com
um
sentimento
de
culpa,
Sophie
deixou
o
livro
se
por
acaso
Patrick
aparecia
pelo
camarote.
Um
homem
nunca
aceitaria
a
uma
esposa
que
soubesse
mais
que
ele,
isso
era
o
que
lhe
havia
dito
muitas
vezes
sua
mãe.
Suspirou
ao
recordar
a
confissão
de
seu
marido
respeito
da
ignorância
em
questão
de
idiomas.
Certamente
a
marquesa
tinha
razão.
Pobre
Heloise!
Passou
anos
tentando
fazer
que
abandonasse
seus
estudos,
especialmente
os
de
latim.
―
O
latim
senta
às
mulheres
tão
mal
como
as
barbas
―
Dizia
pálida
de
ira.
Mas
George
se
pôs
de
parte
de
sua
filha
e
esta
passava
as
manhãs
recitando
os
declínios.
Sophie
voltou
a
pensar
nos
conselhos
de
sua
mãe
os
quais
levavam
sempre
ao
mesmo:
encontrar
um
marido.
A
Madeleine
de
Braddon
teria
que
esforçar-‐se
muito
se
quisesse
obter
resultados.
Afastou
Braddon
e
sua
Dulcinea
de
sua
cabeça
e
retomou
a
gramática.
Com
um
pouco
de
sorte
teria
tempo
de
familiarizar-‐se
com
a
conjugação
dos
verbos
em
passado
antes
que
Patrick
voltasse.
Quando
este
retornou
esperava
encontrar
a
sua
esposa
de
mau
humor.
Segundo
o
que
tinham
contado,
às
recém
casadas
horrorizava
ficar
sozinhas,
sobretudo
quando
se
viam
privadas
do
prazer
de
tomar
o
chá
com
suas
amigas
e
ir
fazer
compras.
E
tinha
estado
ausente
três
horas.
Entretanto
descobriu
Sophie
tranquilamente
sentada
em
uma
poltrona,
vestida
com
um
encantador
robe
de
seda.
Casou-‐se
com
uma
verdadeira
beleza;
os
cachos
dela,
ainda
úmidos,
caíam
em
cascata
sobre
seus
ombros
e
seus
olhos
tinham
reflexos
azuis
marinho.
―
Onde
está
sua
donzela?
―
Perguntou.
Ela
olhou
com
olhos
brilhantes.
―
Simone
está
enjoada,
de
modo
que
a
mandei
a
descansar
a
seu
camarote.
Patrick
engoliu
seco.
A
sua
esposa
devia
estar
muito
dolorida
para
continuar
com
os
exercícios
sensuais
que
tinham
começado
pela
manhã.
Agachou-‐se
diante
ela.
Sophie
sorriu.
Sentia-‐se
maravilhosamente
feliz.
O
matrimônio
era
agradável
e
tinha
conseguido
dominar
os
verbos
turcos.
Conservava
em
sua
memória
uma
frase:
Seni
sevdi
“eu
o
amava”.
Deliberadamente
se
inclinou
para
frente
deixando
que
o
robe
se
abrisse
um
pouco.
―
Sabe
Patrick
que
não
existe
uma
palavra
equivalente
a
“deshabillé”
em
inglês?
Os
olhos
do
se
obscureceram.
―O
que
quer
dizer
“roupão”?
―Nu
ou
semi
desnudo.
Também
pode
dizer
“negreje”.
Ele
aumentou
a
abertura
do
robe
e
percorreu
a
garganta
dela
com
pequenos
beijos.
―
Minha
erudita
esposa
está
me
ensinando
uma
nova
palavra.
O
que
significa
“negligé”?
Sophie
riu
acariciando
seus
musculosos
ombros.
―
Como
se
não
tivesse
comprado
centenas
em
sua
vida!
Patrick
levantou
a
cabeça.
―
Por
que
tem
que
ser
minha
própria
esposa
a
que
me
chame
libertino?
Ele
havia
dito
a
última
palavra
em
francês
e
lhe
felicitou
por
seu
sotaque.
―Eu
não
sou
um
libertino
―
Continuou
ele
sempre
em
francês
―
E
não
comprarei
nenhuma
“negligé”
para
outra
mulher
que
não
seja
a
minha.
Sophie
fechou
os
olhos.
Era
incrivelmente
erótico
ouvir
Patrick
falando
em
francês.
Ela
mesma
não
aprendeu
a
falar
inglês
até
os
seis
anos
e
o
francês
era
o
idioma
mais
próximo
ao
seu
coração.
O
coração
pulsava
enlouquecido
e
se
inclinou
para
acariciar
os
lábios
dele.
Capítulo
15
―
Não
há
mais
que
falar
Braddon,
não
farei!
Em
Londres,
o
conde
de
Slaslow,
estava
ocupado
no
assunto
que
lhe
obcecava
desde
que
o
Lark
tinha
soltado
amarras
duas
semanas
antes.
Estava
suplicando
a
Madeleine.
―
Mas
o
que
podemos
perder
por
tentar
carinho?
Ela
estava
escovando
Gracie
e
nem
sequer
levantou
a
vista.
―Não
é
correto.
Está
pedindo
que
minta.
Ela
apertava
os
dentes
como
o
mesmo
Braddon
fazia
quando
teimava
com
algo.
Ele
levantou
os
olhos
ao
céu.
―Não
acredita
que
o
fim
justifica
os
meios?
―Justifica
o
que?
Como
sempre,
quando
Madeleine
não
entendia
algo
seu
sotaque
francês
se
fazia
mais
pronunciado.
―Justifica
os
meios
―
Repetiu
ele
um
pouco
envergonhado
―
é
uma
expressão
que
quer
dizer,
que
um
pode
mentir
um
pouco
para
chegar
a
obter
o
resultado
que
deseja.
―Isso
não
é
o
que
dizem
os
filósofos
franceses.
Jean
Jacques
Rousseau
diz
que
os
selvagens
são
inocentes
e
não
mentem
nunca.
Braddon
se
esforçava
por
ignorar
os
encontros
que
às
vezes
Madeleine
lhe
lançava.
Excitou-‐se
até
chegar
ao
extremo
de
acariciar
sua
bochecha.
Ultimamente
ela
se
transformou
em
uma
verdadeira
ditadora
e
não
tinha
permitido
nem
um
só
beijo.
Madeleine
foi
ao
outro
lado
do
box
para
que
a
robusta
Gracie
se
interpusesse
entre
eles.
―Por
favor,
Maddie,
por
favor.
Quero
que
seja
minha
condessa
―
Murmurou
Braddon
―
Que
tenha
meus
filhos,
que
viva
em
minha
casa.
Não
quero
te
abandonar
pela
manhã
para
voltar
para
minha
casa.
Entende?
Quero
que
seja
minha
esposa
e
não
minha
amante!
―
Nem
sempre
se
pode
ter
tudo
o
que
se
deseja
―
Disse
Madeleine
cuja
expressão,
entretanto
se
suavizou.
Começou
a
escovar
Gracie
um
pouco
menos
energicamente.
Ele
olhou
o
pedacinho
de
pescoço
que
se
podia
ver
sob
o
lenço
engomado
desejando
poder
provar
sua
pálida
pele.
―Só
serão
três
semanas,
Maddie.
Dentro
de
três
semanas
a
conhecerei
em
um
baile
e
me
apaixonarei
perdidamente
por
você
e
nos
casaremos
com
uma
permissão
especial
como
fez
Patrick
e
Sophie.
Depois
ninguém
mais
fará
perguntas
sobre
seu
passado.
Será
a
condessa
de
Slaslow
e
ninguém
discute
as
origens
de
uma
condessa.
Pela
primeira
vez
ela
pareceu
vacilar.
―Não
serei
capaz
de
fazê-‐lo
―
Disse
apoiando
a
testa
contra
o
ventre
da
égua
―
Não
sou
uma
aristocrata,
Braddon,
só
sou
a
filha
de
um
adestrador
de
cavalos.
Ele
já
podia
sentir
o
aroma
da
vitória.
―
Desde
quando
os
adestradores
de
cavalos
citam
Diderot
e
Rousseau?
Seu
pai
tem
mais
livros
que
sela
de
montar.
Ela
olhou
diretamente
nos
olhos.
―
É
certo
que
recebi
uma
boa
educação.
Sei
ler,
mas
isso
não
me
transforma
em
uma
dama.
Não
sei
dançar
nem
sei
me
comportar
como
uma
lady.
Sou
capaz
de
curar
uma
fratura
mais
nuca
aprendi
a
usar
uma
agulha.
Braddon
passou
por
debaixo
do
pescoço
da
égua
para
ir
a
seu
lado.
―Não
se
subestime
Madeleine.
É
mais
uma
dama
que
muitas
das
mulheres
que
conheço.
O
bordado
é
uma
tolice,
minhas
irmãs
são
uma
nulidade
nisso
e
minha
mãe
sempre
está
se
queixando.
Não
tocam
nem
harpa
nem
a
espineta
e
cantam
horrorosamente.
Não
são
essas
coisas
que
fazem
uma
dama.
Dirigiu-‐lhe
um
implorante
olhar.
―Nega-‐se
a
entender,
Braddon.
E
minhas
roupas?
Eu
não
sou
nada
elegante
e
lady
Sophie
sempre
está
na
moda.
Ela
lia
às
vezes
o
Morning
Post
e
ali
se
falava
dos
lugares
aonde
lady
Sophie
ia
habitualmente
e
descreviam
seus
trajes.
A
ideia
de
conhecê-‐la
aterrorizava
Madeleine,
de
modo
que
a
perspectiva
de
tê-‐la
como
professora
de
protocolo
e
maneiras
muito
mais.
―Sophie
se
encarregará
de
tudo!
―
Respondeu
Braddon
com
indiferença
―
Darei
dinheiro
para
que
a
vista.
Gracie
o
obrigava
a
estar
pego
ao
Madeleine.
―
É
impossível!
―
Gritou
ela
exasperada
golpeando
a
égua
com
a
mão.
Esta
recuou
os
apertando
mais
um
contra
o
outro.
―O
que
está
fazendo?
Desta
vez
ela
parecia
estar
realmente
furiosa.
―
Se
aparte!
Sei
o
que
pretende
pedaço
de
libertino.
A
modo
de
resposta
ele
a
abraçou.
―
Te
amo
Maddie.
Te
amo
e
te
desejo.
Suplico
carinho,
faz
por
mim
para
que
possamos
nos
casar.
―Não!
―
Se
obstinou
ela
tentando
soltar-‐se.
Braddon
estava
colado
aos
seus
quadris
de
um
modo
totalmente
indecente.
―
Bem,
casarei
contigo
de
todos
os
modos
―
Disse
com
tranquila
determinação
―
Viveremos
na
Escócia
ou
na
América.
Não
me
importa
enquanto
possamos
estar
juntos.
Madeleine
sentiu
um
tombo
no
coração.
―Não
pode.
É
conde
e
o
expulsariam
da
sociedade.
Ele
a
abraçou
com
mais
força.
―Estou
falando
serio
―
Murmurou
ele
esfregando
sua
bochecha
contra
o
cabelo
dela
―
Não
me
casarei
com
ninguém
mais
que
contigo
e
se
negar
a
fingir
que
é
uma
aristocrata
me
casarei
contigo
pelo
que
é.
―Sua
família
renegará
você!
―
Disse
ela
horrorizada.
―
Dá-‐me
igual
minha
família
―
Respondeu
ele
sem
hesitar.
―Sua
mãe…
De
repente
Braddon
era
completamente
feliz.
―Não
sentirei
falta
dela.
―Não,
não,
não.
Não
posso
permitir
que
fizesse
um
sacrifício
assim.
―Não
será
um
sacrifício
Maddie.
E
não
se
preocupe
de
todas
as
formas
nosso
filho
herdará
o
título.
―Mas,
será
considerado
um
paria!
Ele
deu
de
ombros.
―Possivelmente
para
então
a
alta
sociedade
já
tenha
esquecido
tudo
e
se
não
for
assim
o
que
importa?
Madeleine
se
entristeceu.
Sua
prática
memória
não
era
capaz
de
fazer
caso
omisso
do
futuro
como
para
Braddon.
Ir
viver
na
América?
Devia
estar
louco.
Todo
mundo
sabia
que
esse
continente
estava
habitado
por
criminosos
e
selvagens.
Apesar
do
que
dizia
Rousseau,
ela
não
acreditava
que
os
índios
só
pensassem
em
fazer
o
bem.
―
Não
―
Disse
―
Se
há
uma
só
possibilidade
de
que
nosso
filho
nasça
com
a
aprovação
da
alta
sociedade,
devemos
tentar.
Embora
para
isso
eu
tenha
que
mentir
e
aprender
a
me
comportar
como
uma
dama.
Braddon
se
apoderou
de
sua
boca
murmurando
palavras
de
amor
contra
seus
lábios.
Ela
o
afastou.
―
Oh
não!
Está
esquecendo
de
meu
pai.
Ele
nunca
estará
de
acordo.
Ele
acariciou
suas
costas
para
tranquiliza-‐la
insistindo
nas
nádegas.
―
Nos
casemos
esta
noite
Maddie.
Iremos
à
fronteira
e…
Ela
se
soltou
e
franziu
o
cenho
de
um
modo
encantador.
―É
um
degenerado!
―Exclamou
―
Só
Deus
sabe
por
que
desejo
me
casar
contigo!
Ele
voltou
a
agarrá-‐la
entre
seus
braços.
―É
certo
isso?
Deseja?
Vai
casar
comigo?
Maddie…
Apoderou-‐se
de
sua
boca
apaixonadamente.
Ela
sentiu
um
intenso
calor
que
subia
dos
joelhos
ao
seio.
Possivelmente
seu
Braddon
não
fosse
o
mais
inteligente
dos
homens,
mas
seus
beijos
a
deixavam
tonta
como
o
melhor
dos
vinhos.
Quando
o
Lark
fez
sua
primeira
escala
na
costa
galesa,
Patrick
e
Sophie,
sentados
na
ponte,
estavam
desfrutando
de
um
estranho
momento
de
agradável
temperatura
e
ela
estava
ganhando
em
seu
marido
no
backgamon.
―
Não
é
justo!
―
Queixou-‐se
ele
―
Sua
única
estratégia
é
a
de
tirar
duplas
na
metade
das
vezes.
Sophie
sorriu.
―
Meu
avô
efetivamente
dizia
que
esse
era
meu
único
talento
no
jogo.
Patrick
lançou
um
olhar
de
admiração.
―Defende-‐se
muito
bem
no
xadrez,
querida.
―Ora!
Você
ganha
duas
vezes
de
cada
três.
―Sim,
mas
normalmente
ganho
sempre,
e
nunca
antes
tinha
ganhado
de
nenhuma
mulher
―
Acrescentou
ele
um
tom
algo
molesto.
―Rompe
meu
coração,
querido
Patrick,
vê-‐lo
sofrer
desse
modo.
Ele
lhe
mostrou
os
dentes.
―É
uma
bruxa,
mulher.
Uma
esposa
bruxa.
Sophie
lambeu
deliberadamente
os
lábios.
―Vejamos
Que
feitiço
poderia
te
lançar?
Ele
não
pôde
evitar
acariciar
sua
boca
com
um
dedo.
―Tem
os
lábios
mais
desejáveis
do
mundo,
minha
bruxa.
Ela
capturou
o
dedo
de
Patrick
em
sua
boca,
com
os
olhos
brilhantes.
―Possivelmente
foi
você
quem
me
enfeitiçou.
Patrick
estava
levantando
quando
alguém
tossiu
discretamente
a
suas
costas.
Patrick
pegou
uma
luneta
e
viu
uma
enseada
estreita
e
profunda
invisível
a
simples
vista.
Mais
atrás
brilhavam
umas
luzes
no
que
parecia
ser
um
grande
edifício.
―Pode
ser
que
seja
um
antigo
monastério
―
Disse
a
Hibbert.
O
capitão
dirigiu
também
para
ali
a
luneta.
―Servirá
―
Disse
com
seu
laconismo
habitual.
Foi
pegar
no
leme
já
que
não
confiava
em
ninguém
para
fazer
a
delicada
manobra
de
levar
ao
Lark
em
um
porto
desconhecido.
Patrick
foi
ao
camarote
assobiando.
Esteve
a
ponto
de
bater
mais
depois
pensou
melhor.
Com
um
pouco
de
sorte
surpreenderia
Sophie
tomando
um
banho.
Entretanto
a
encontrou
sentada
em
sua
poltrona
favorita
lendo.
Ela
não
ouviu
que
abria
a
porta
e
ele
permaneceu
uns
instantes
contemplando-‐a.
Enquanto
lia,
absorta
na
leitura,
movia
os
lábios.
Pobrezinha,
pensou
ele.
A
educação
que
recebiam
as
mulheres
era
tão
rudimentar
que
ainda
lhe
custava
ler
sem
mover
os
lábios.
Por
fim
ela
ouviu
o
som
das
botas
no
piso
quando
ele
se
aproximou.
Deu
um
pequeno
grito,
saltou
de
seu
assento
e
depois
se
voltou
a
sentar
com
expressão
contrariada.
―Assustou-‐me!
―Esperava
te
encontrar
em
“deshabillé”.
Ela
pôs
um
sorriso
compungido.
―O
que
estava
fazendo?
―Estava
te
esperando
―
Contestou
ela
inocentemente.
―
Não
minta
Sophie.
Estava
lendo.
E
mais,
está
sentada
em
cima
do
livro.
Ela
o
olhou
tranquilamente.
―
É
certo.
Recordou
o
que
seu
antigo
companheiro
de
classe,
David,
havia-‐lhe
dito
sobre
seu
marido.
Patrick
detestava
as
mentiras,
qualquer
espécie
de
mentira.
Mas
se
descobrisse
do
que
estava
fazendo
em
realidade,
zangaria-‐se
com
ela.
Patrick
pensou
que
ela
estava
lendo
uma
novela
romântica
e
não
queria
que
ele
soubesse,
de
modo
que
se
afastou
com
tato.
Mas,
enquanto
trocava
de
camisa,
viu-‐a
pela
extremidade
do
olho,
guardando
cuidadosamente
o
livro
em
uma
gaveta.
Era
possível
que
Heloise
nunca
tivesse
permitido
que
sua
filha
lesse
verdadeira
literatura,
pensou,
e
teria
um
ataque
de
apoplexia
se
a
encontrava
com
uma
novela.
Certamente
era
culpa
da
muito
estirada
marquesa
que
sua
filha
tivesse
dificuldades
para
ler.
Tenho
que
falar
com
Sophie
prometeu.
Não
posso
ter
uma
esposa
que
se
envergonha
de
ler
ou
que
pensa
que
as
novelas
são
imorais.
―
Deveria
chamar
a
Simone
―
Disse
―
Logo
atracaremos.
Há
um
antigo
monastério
onde
poderemos
passar
a
noite.
Espero
que
tenham
uma
cama
cômoda
porque
dormir
a
bordo
do
Lark
vai
ser
um
pouco
movido.
Preferiria
que
nos
enfrentássemos
à
tormenta
em
terra
firme.
Sophie
o
olhava
com
atenção.
Um
momento
antes,
quando
havia
feito
notar
que
estava
sentada
em
cima
do
livro
tinha
uma
expressão
muito
rara,
como
se
soubesse
que
se
tratava
de
uma
gramática
turca
e
lhe
desse
igual.
Mas
devia
estar
equivocada.
Chamou
a
Simone
e
Patrick
lhe
deu
um
beijo
na
testa.
―Veem
a
ponte
quando
quiser
ler,
querida―
Disse
ele.
Assim
que
ele
se
foi,
ela
escolheu
um
vestido
abrigado
do
armário.
Patrick
frequentemente
a
chamava
“querida”
e,
embora
ela
soubesse
que
era
um
apelativo
normal
entre
maridos,
cada
vez
que
o
fazia
lhe
tremiam
as
pernas
e
os
olhos
lhe
alagavam
de
lágrimas.
Um
pouco
mais
tarde,
Simone
fez
irrupção
no
camarote,
despenteada
e
com
as
bochechas
avermelhadas.
―Temos
que
ir
senhora!
John
diz
que
está
levantando
o
vento
e
que
o
céu
esta
escurecendo.
―Obscurecido
―
A
corrigiu
Sophie
que
só
se
pôs
as
meias.
―
Como
se
diga,
tem
uma
cor
muito
má
e
John
diz
que
terá
que
abandonar
o
navio.
Simone
tinha
pego
afeto
ao
John,
o
segundo,
e
se
gabava
de
saber
muito
de
navegação.
Com
um
suspiro,
a
jovem
assentiu
e
Simone
lhe
pôs
o
vestido
apressadamente.
―Não
há
tempo
para
penteá-‐la
bem
―
Continuo
atando
o
cabelo
de
sua
senhora
em
um
rudimentar
coque.
A
donzela
tinha
acabado
por
sobrepor-‐se
a
seu
enjoo
mais
não
queria
ficar
no
navio
com
mau
tempo
por
anda
do
mundo.
O
Lark
certamente
se
soltaria
de
suas
amarras
lançando-‐se
sobre
as
ondas,
para
acabar
no
oceano,
estava
segura
disso.
Em
poucos
minutos
tinha
posto
um
casaco
sobre
os
ombros
de
Sophie,
tinha-‐lhe
dado
um
agasalho
de
pele
e
a
tinha
empurrado
para
a
porta.
Na
ponte,
os
marinheiros
arriavam
as
velas
e
asseguravam
os
mastros.
Sophie
foi
reunir
se
com
Patrick
perto
da
amurada.
O
céu
parecia
um
tafetá
furta-‐cor,
coberto
com
estrias
amarelas,
e
as
nuvens
só
eram
umas
tênues
sombras.
O
vento
soprava
com
força.
Patrick
estava
dominado
pela
excitação.
―Vê
esse
céu
plúmbeo
Sophie?
O
vento
está
soprando
mais
entre
as
borrascas
o
ar
é
pesado
e
está
quieto.
Ela
sentiu.
Estava
contente
de
que
o
Lark
tivesse
soltado
a
âncora.
Ouviu-‐se
um
ruído
surdo
e
um
grito.
A
tripulação
tinha
jogado
um
barco
ao
mar.
―
Agora
vem
o
mais
difícil
―
Disse
Patrick
alegremente
―
Sua
donzela
e
você
têm
que
descer
pela
escada
de
corda.
Não
podemos
ir
até
a
borda
porque
não
há
suficiente
profundidade.
Ela
se
inclinou
para
olhar
o
lado
do
navio
pelo
qual
caía
a
escada
de
corda
de
uma
forma
que
impressionava.
Por
outra
parte,
a
água
tinha
uma
cor
cinzenta
que
prometia
um
banho
gelado
a
qualquer
que
caísse.
―Te
levarei
―
Propôs
ele.
―Não!
―
Protestou
Sophie
―
Descerei
sozinha.
Simone!
A
donzela
estava
completamente
aterrorizada.
―Se
descer
por
essa
escada
sem
gritar,
sem
desmaiar
e
sem
cair
ou
pedir
ajuda,
darei
de
presente
o
vestido
de
baile
com
rosas
de
tecido
―
Ela
disse.
―
Aquele
que
tem
uma
cauda?
Sophie
assentiu
com
a
cabeça.
No
rosto
da
criada
apareceu
uma
expressão
de
determinação.
Sem
hesitar
mais,
aproximou-‐se
e
permitiu
que
um
marinheiro
a
colocasse
na
parte
superior
da
escada.
Começou
a
descer
com
valentia.
Sophie
esperou
a
que
ela
tivesse
chegado
ao
bote
e
estivesse
sentada
para
dirigir-‐se
a
sua
vez
para
a
escada.
Dispunha-‐se
a
passar
uma
perna
por
cima
da
amurada
quando
uns
grandes
braços
a
rodearam.
―
E
você
não
quer
nenhuma
recompensa
por
não
gritar?
Sophie
sorriu.
―Me
daria
de
presente
um
de
seus
coletes
bordados?
―O
único
que
possuo
quem
bordou
foi
minha
tia
Henrietta
com
azulejos
e
campainhas.
É
terrivelmente
vistoso
e
muito
grande
para
você.
―
Meu
Deus!
―
Gemeu
Sophie
―
Temo
que
tenha
razão,
não
tenho
coragem
para
descer
por
essa
escada,
sobretudo
quando
o
prêmio
é
tão
deficiente.
―
Endiabrada!
Patrick
mordiscou
sua
orelha
e
ela
se
apoiou
em
seu
sólido
peito.
Uma
doce
calidez
a
invadia
a
pesar
o
vento
que
golpeava
suas
bochechas.
―
De
modo
que
a
roupa
não
é
o
suficientemente
atraente
para
minha
esposa.
―
Eu
adoro
os
adornos!
―
Protestou
Sophie.
―Entretanto
não
passa
horas
se
arrumando
e
não
fala
de
maneira
interminável
sobre
rendas
e
demais
estupidezes.
Pareceriam
o
suficientemente
estimulantes
uns
beijos?
―Acredito
que
os
tenho
grátis
―
Fez
notar
ela
com
doçura.
―É
certo.
Peça-‐me
o
que
queira
então,
e
darei
isso.
―Muito
bem
―
Disse
ela
tentando
ignorar
a
língua
que
lhe
acariciava
a
orelha
―
Gostaria
muito…
Não
encontrava
nada
que
pudesse
dizer
em
voz
alta.
Quando
Patrick
a
tocava
desfazia
seu
cérebro.
―A
senhorita
francesa
está
devolvendo
até
o
primeiro
mingau,
senhor
―
Anunciou
um
marinheiro
apontando
o
bote.
Em
efeito,
Simone
estava
inclinada
em
cima
da
água
e
gemia
de
maneira
atroz.
Sophie
se
aproximou
do
homem
da
tripulação
para
descer,
mas
Patrick
a
reteve.
―Espera.
Ele
passou
uma
perna
por
cima
do
primeiro
barrote
da
escada,
agarrou-‐se
e
estendeu
o
outro
braço.
―Posso
descer
sozinha
―
Protestou
ela.
―Não
―
Disse
ele
com
um
tom
que
não
admitia
réplica.
Diante
seu
tom
autoritário,
entregou
o
agasalho
a
um
marinheiro
e
depois
hesitou
de
novo.
―Não
vejo
porque
não
posso
fazer
sem
ajuda
―
Grunhiu.
Mas
já
o
marinheiro
a
tinha
posto
nas
mãos
de
seu
marido
quem
sustentou
seu
miúdo
corpo
contra
o
seu
e
desceu
pela
escada
de
corda
sem
esforço
aparente.
―Sinto
muito
―
Ele
se
desculpou
―
É
minha
mulher.
Depositou-‐a
no
bote
e
ela
se
sentou
ao
lado
de
Simone
que
continuava
vomitando.
―
A
tripulação
não
vem?
―
Perguntou
a
Patrick.
estava
olhando
fixamente
ao
Hankford
com
o
cenho
franzido.
―Está
retendo
alguém
contra
sua
vontade?
Feriu
alguém?
Patrick
a
seguiu
dando
um
suspiro.
Ao
final
das
escadas
se
abriu
uma
enorme
porta
de
carvalho.
Entrou.
O
interior
não
se
parecia
em
nada
a
uma
guarida
de
ladrões.
Em
realidade
estava
tão
vazia
como
uma
cripta.
O
galês
se
desfez
de
suas
roupas
e
estava
de
pé
ao
lado
da
grande
lareira
de
pedra.
Patrick
se
dirigiu
para
ele.
―E
bem?
Você
vai
desvendar
o
seu
terrível
segredo?
―
Perguntou
um
pouco
irritado.
John
Hankford
o
olhou
indeciso.
―
Aqui
não
acontece
nada
errado,
nada
absolutamente.
Isto
é
só
um
hospital.
Patrick
riu.
―Então
porque
nos
pediu
que
guardemos
silêncio?
De
repente
ele
entendeu.
―Por
Deus,
temos
caído
em
um
ninho
de
simpatizantes
de
Bonaparte!
John
ficou
imediatamente
à
defensiva.
―Não
somos
partidários
dos
franceses,
nada
disso.
Mas
tampouco
somos
dos
ingleses.
A
única
coisa
que
fazemos
é
curar
a
uns
poucos
meninos
que
saiam
feridos
e
fugiram
da
guerra.
―Desertores.
Como
chegaram
até
aqui?
―
Perguntou
secamente
Patrick.
―
Estavam
em
um
hospital
abandonados
aos
duvidosos
cuidados
de
um
médico
bêbado
e
estavam
morrendo
como
moscas.
Então
o
mais
jovem
deles
colocou
a
tantos
como
pôde
em
um
barco
e
se
foram.
É
só
um
punhado
de
meninos.
Dois
deles
mal
têm
quatorze
anos.
Os
franceses
os
deixam
morrer.
―
Que
horror!
―
Exclamou
Sophie
―
É
maravilhoso
o
que
você
faz
senhor
Hankford.
Dirigiu-‐lhe
um
cálido
sorriso
ao
galês.
―São
desertores
Sophie
―
Recordou
seu
marido
com
firmeza.
Possivelmente
fossem
ou
possivelmente
fossem
soldados
franceses
em
plena
forma
que
fingiam
estar
feridos.
Ela
deu
de
ombros.
―São
garotos
e
estão
sofrendo.
Quem
podia
reprovar
nada
ao
senhor
Hankford
por
curá-‐los?
Patrick
conhecia
menos
a
uma
dúzia
de
pessoas
que
estariam
muito
interessadas
em
ter
conhecimento
desse
refúgio
de
bonapartistas1,
e
o
primeiro
de
todos,
Breksby.
Essa
era
precisamente
o
tipo
de
situação
que
preocupava
os
ingleses
até
o
ponto
de
lhes
obrigar
a
levantar
fortificações
na
costa
de
Gales.
Mas
para
que
serviam
as
fortificações
se
um
grupo
de
iluminados
simplesmente
convidava
os
franceses
a
ir
se
refugiar
ali?
―Já
sabe
querida
Sophie
―
Disse
com
condescendência
―
Que
a
Inglaterra
declarou
guerra
a
França
mês
passado.
―É
obvio,
todos
sabemos
―
Replicou
ela
com
uma
encantadora
ruga
entre
os
olhos
―
Não
tinham
outra
escolha
depois
de
que
Addington
decidiu
ficar
com
Malte.
Isso
pôs
fim
ao
tratado
de
paz.
Patrick
sorriu.
Decididamente,
sua
esposa
não
deixava
de
lhe
surpreender.
Ela
já
se
estava
dirigindo
para
John.
―
Você
teria
a
amabilidade
de
nos
deixar
visitar
seu
hospital?
Não
sei
nada
de
medicina
―
Anuiu
rapidamente
―
Mas
sei
falar
francês.
Os
olhos
do
homem
se
iluminaram.
―
De
verdade?
É
uma
sorte.
Eu
sei
algumas
palavras
e
o
sacerdote
também,
igual
a
minha
mãe.
E
o
menino
que
os
trouxe
até
aqui,
Henri,
fala
um
pouco
de
inglês.
Entretanto
há
muitas
coisas
que
não
podemos
entender.
Um
sacerdote?
Perguntou-‐se
Patrick.
Um
sacerdote
estava
metido
em
atividades
antipatrióticas…
Entretanto
se
Hankford
e
sua
mãe
curavam
a
uns
soldados
franceses
sem
falar
seu
idioma,
então
não
deviam
ser
uns
verdadeiros
simpatizantes
de
Bonaparte.
Sophie
seguia
Hankford
para
uma
porta
camuflada.
―Estarei
encantada
de
falar
com
seus
pacientes
―
Disse.
John
parecia
duvidar.
―Peço
que
me
desculpe,
possivelmente
não
deveria
deixar
que
entrasse
no
hospital,
senhora.
E
se
seu
marido
decidisse
falar
de
tudo
isto
e
como
resultado
cortam
a
cabeça
de
meus
meninos?
―Dei
minha
palavra,
amigo!
―
Respondeu
Patrick
com
altivez.
―Que
assim
seja
―
Disse
Hankford.
Abriu
a
porta
para
que
passassem
Patrick
e
Sophie
seguidos
de
Simone.
1
O
bonapartismo
é
uma
ideologia
política
de
origem
francesa,
inspirada
na
ação
de
Napoleão
Bonaparte.
Em
sentido
estrito,
o
bonapartismo
visa
colocar
um
membro
da
família
de
Napoleão
no
trono
imperial
da
França.
Em
sentido
amplo,
os
bonapartistas
são
partidários
de
um
estado
nacional
autoritário,
centralizado,
liderado
por
um
chefe
fundador
de
dinastia.
O
sistema
repousa
sobre
a
fusão
das
elites
e
a
adesão
popular.
Esse
tipo
de
sistema
se
instala
quando
nenhuma
classe
ou
grupo
da
sociedade
tem
poder
suficiente
para
ser
hegemônico,
deixando
a
um
líder
suficientemente
habilidoso
o
poder
de
mediar
as
diversas
forças
sociais.
Passaram
sob
uma
arcada
que
conduzia
a
um
vasto
salão,
fechado
com
uma
cortina
branca.
Patrick
a
levantou
e
viram
uma
fileira
de
camas
nos
quais
estavam
deitados
os
feridos.
Alguns
deles
tinham
a
cabeça
enfaixada,
outros
as
pernas
e
muitas
destas
estavam
amputadas.
A
maioria
nem
sequer
os
olharam.
Uma
mulher
baixa
e
gordinha
levantou
os
olhos
e
depois
voltou
sua
atenção
à
compressa
que
estava
pondo
no
peito
de
um
dos
soldados.
A
cor
tinha
desaparecido
do
rosto
de
Sophie
e
seu
marido
passou
o
braço
ao
redor
dos
ombros.
―Deus
meu
Patrick,
são
meninos!
―As
feridas
os
fazem
parecer
mais
jovens
―
Disse
ele
brandamente.
―Não!
Este
daqui
não
pode
ter
mais
de
quatorze
anos.
Patrick
olhou
na
direção
que
assinalava
o
dedo
tremente
dela.
Ele
já
tinha
visto
feridas
parecidas
na
cabeça
e
duvidava
que
o
menino
tivesse
uma
oportunidade
de
sobreviver.
Repentinamente,
um
adolescente
ficou
diante
eles
com
os
braços
cruzados
sobre
o
peito
e
vestido
com
um
uniforme
francês
feito
farrapos.
―O
que
estão
fazendo
aqui?
―
Perguntou
com
um
forte
sotaque.
Seu
olhar
era
penetrante
e
parecia
bastante
mais
perigoso
que
John
Hankford
ao
qual
olhou
de
esguelha.
―
Por
que
os
deixou
entrar?
―Seu
navio
está
ancorado
no
porto.
Vão
passar
a
noite
aqui,
Henri.
Tinha
que
lhes
dizer…
Patrick
olhou
divertido
o
galês,
renunciado
definitivamente
a
acreditar
que
o
homem
estivesse
misturado
em
um
complô
de
Napoleão.
Era
evidente
que
o
garoto
francês
o
tinha
dominado.
Sophie
fez
uma
reverência.
―
Você
é
com
toda
segurança
o
jovem
que
teve
a
coragem
de
salvar
a
seus
companheiros
de
infortúnio
―
Disse
com
uma
voz
cheia
de
admiração.
O
adolescente
examinou
atentamente
à
formosa
dama
que
estava
falando
com
ele.
―Limitei-‐me
a
colocá-‐los
em
um
barco
―
Respondeu
ele
―
Estavam
morrendo
e
tinham
as
feridas
cheias
de
moscas.
Mas
não
pude…
Não
pude
subir
todos
a
bordo.
―Salvou
a
dez
―
Interveio
Patrick.
Henri
se
voltou
para
ele.
Patrick
fez
uma
inclinação
com
a
cabeça.
―Felicidades
Henry.
Foi
muito
valente.
Pela
primeira
vez
desde
que
tinham
entrado
ali,
o
menino
pareceu
um
pouco
confundido.
―Meu
nome
é
Henri
―
Corrigiu.
Inclinou-‐se
fazendo
uma
leve
mais
perfeita
reverência.
Patrick
levantou
uma
sobrancelha
em
direção
a
sua
mulher.
Estava
seguro
de
que
Henri
não
era
um
qualquer.
―Quantos
anos
têm?
―
Perguntou.
―Quase
treze.
―Diabo!
―
Exclamou
Patrick
aborrecido
―Um
soldado
de
doze
anos?
―Não,
eu
era…
Não
se
qual
é
a
palavra
inglesa.
Eu
levava
a
bandeira,
ia
me
transformar
em
soldado
aos
quatorze
anos.
Sophie
se
agarrou
ao
braço
de
seu
marido.
Era
evidente
que
Henri
tinha
caído
sob
seu
encanto
já
que
a
olhava
com
acanhamento.
―Quer
que
os
apresente?
―
Propôs
fazendo
um
gesto
em
direção
aos
feridos.
Sophie
respondeu
em
francês
o
que
acabou
de
conquistá-‐lo.
Convidou-‐lhes
a
dar
uma
volta
pela
sala,
dizendo
o
nome
de
cada
soldado.
Patrick
observou
um
momento.
O
menino
devia
ter
uns
três
ou
quatro
anos
quando
os
franceses
guilhotinaram
os
nobres.
E
não
tinha
podido
aprender
a
fazer
reverência
de
um
camponês.
―Como
Henri
chegou
ao
monastério?
―
Perguntou
o
Hankford.
―Minha
mãe
e
eu
somos
membros
da
Família
do
Amor.
Ouviu
falar
dela?
Patrick
assentiu.
Quem
não
conhecia
a
Família
do
Amor,
esse
grupo
religioso
holandês
que
muitas
vezes
tinha
sido
acusado
de
adultério
e
de
nudismo
do
reinado
da
Isabel
I?
Olhou
à
enfermeira
que
havia
terminando
de
pôr
o
emplastro
e
estava
tampando
o
ferido
com
o
lençol.
Certamente
não
tinha
o
aspecto
de
ser
uma
mulher
adúltera.
―Não
sabia
que
continuava
existindo
―
Disse
prudentemente.
―Sim
que
existir,
ao
menos
em
Gales
―
Respondeu
Hankford
desanimado
―
Meu
avô
se
converteu
em
membro
dela
em
1731.
Comprou
este
monastério
esperando
poder
estabelecer
uma
comunidade.
Mas
se
casou
com
minha
avó
a
qual
não
gostava
do
grupo
e
os
jogou
a
todos.
Agora
ele
já
morreu,
mas
continuamos
formando
parte
da
Família
do
amor.
Não
podíamos
nos
negar
a
ajudar
a
estes
jovens
quando
o
mar
nos
trouxe.
Rodearam
o
cabo
e
chegaram
a
nossa
enseada.
Como
disse,
não
podíamos
abandoná-‐los
a
sua
sorte
porque
o
governo
lhes
tinha
executado.
E
à
Família
do
Amor
não
gosta
de
muito
as
execuções
do
governo.
E
com
razão!
Pensou
Patrick.
Muitos
membros
desse
grupo
tinham
sido
condenados
à
morte
pelo
governo
inglês
no
transcurso
do
século
anterior.
Entretanto
podia
ir
esquecendo-‐se
de
que
fosse
produzir
uma
invasão
dos
franceses
desse
monastério.
Jantaram
em
uma
grande
mesa
na
cozinha.
Florent,
que
tinha
desembarcado
do
Lark,
estava
sentado
em
um
extremo
em
frente
da
Simone.
Sophie
se
sentou
em
um
banco
seguida
de
Henri
que
já
não
a
deixava
nem
a
sol
nem
a
sombra.
Patrick
a
olhava
fascinado.
Se
a
sociedade
de
Londres
pudesse
ver
sua
rainha
nesse
momento!
Tinha
o
cabelo
revolto
já
que
tirou
o
chapéu
e
o
tinha
deixado
cair
em
qualquer
parte,
e
seus
olhos
brilhavam
de
excitação
diante
a
ideia
de
jantar
com
seus
criados
em
um
monastério
do
século
XI.
Capítulo
16
No
dia
seguinte
pela
manhã,
Sophie
despertou
muito
cedo.
Saiu
da
cama
sem
fazer
ruído
para
não
despertar
Patrick
que
estava
dormindo
enroscado
nos
lençóis
que
cheiravam
um
pouco
a
mofo.
O
chão
de
pedra
estava
frio
e
se
apressou
a
colocar
o
vestido
que
usava
no
dia
anterior,
sem
a
ajuda
da
Simone.
Depois
calçou
as
botas
de
cano
longo,
pegou
o
casaco
e
saiu
do
quarto.
Assim
que
ela
saiu,
Patrick
abriu
os
olhos
e
olhou
as
travessas,
cheios
de
dúvidas,
que
estavam
quatro
metros
por
cima
de
sua
cabeça.
Não
importava
o
que
fizesse
para
conquistá-‐la,
sua
pequena
esposa
não
cedia.
Embora
ele
não
fosse
o
libertino
que
ela
pensava,
suas
antigas
amantes
tinham
jurado
amor
eterno
assim
que
a
relação
avançou
até
o
ponto
que
tinha
chegado
com
Sophie.
Franziu
o
cenho.
Isso
soava
muito
arrogante.
Tinha
acreditado
que
Sophie
esqueceria
sem
problemas
Braddon,
o
homem
com
o
que
estava
prometida.
E
nunca
tinha
desejado
todas
essas
declarações
de
amor
que
tão
facilmente
obtinha
das
outras
mulheres.
Mas
desta
vez
era
diferente.
Emitiu
um
grunhido
de
frustração.
Queria
ouvir
essas
palavras
saindo
dos
lábios
de
Sophie.
Senhor
tinha
caído
na
armadilha!
Apanhado
pelas
tradicionais
palavras
do
matrimônio
e
por
seu
obsessivo
desejo.
A
sombra
de
um
sorriso
suavizou
seus
traços.
Depois
de
tudo,
ela
era
sua
mulher,
e
se
ele
estava
pego
em
uma
armadilha,
ela
também.
O
que
importava
que
não
dissesse
as
palavras
de
amor
que
ele
estava
desejando
ouvir?
Pode
que
não
as
pensasse,
e
também
era
possível
que
as
que
as
tinham
pronunciado
antes
que
ela
só
fizessem
para
lhe
agradar.
Depois
recordou
a
sua
esposa
arqueando-‐se
contra
ele,
com
a
respiração
entrecortada.
Em
realidade
ela
sim
que
dizia
o
que
sentia
embora
não
o
fizesse
com
palavras.
E
além
para
que?
Tinham
uma
relação
honesta
sem
falsas
promessas.
Sentou
na
cama
com
nova
determinação.
Acabaria
por
arrancar
essas
palavras
de
Sophie,
já
que,
embora
fossem
umas
frases
carentes
de
valor,
queria
ouvi-‐la
quando
as
dissesse.
Precisava
as
ouvir.
Por
que…
Preferiu
vestir-‐se
e
sair
antes
que
enfrentar
esse
“porque”.
Por
que
o
que
alguma
vez
tinha
dependido
de
ninguém
precisava
escutar
palavras
de
amor
de
uma
mulher?
Era
desconcertante.
Tomou
o
café
da
manhã
na
cozinha.
Florent
tinha
ao
seu
redor
toda
uma
corte
de
galesas
que
não
entendiam
nada
dos
que
dizia
mais
que
babavam
de
admiração
o
vendo
romper
os
ovos
com
uma
só
mão;
um
de
seus
maiores
lucros.
O
céu
que
podia
ver
depois
do
tecido
encerado
que
fazia
às
vezes
de
cortina,
parecia
estar
em
calma
de
novo.
A
tormenta
já
tinha
passado
e
Patrick
tinha
pressa
por
voltar
para
a
Lark
para
comprovar
se
tinha
sofrido
danos
durante
a
tempestade.
Reuniu-‐se
com
Sophie
na
sala
de
padres,
onde
estava
falando
com
a
mãe
de
Hankford.
Henri,
evidentemente,
estava
colado
a
ela.
―O
jovem
Henri
pegou
carinho
a
sua
esposa
―
Disse
a
voz
de
Hankford
atrás
dele
―
Não
deixa
de
dizer
coisas.
Sobre
sua
mãe,
sobre
tudo…
―O
que
fará
você
uma
vez
que
Henri
e
os
outros
se
recuperaram?
O
galês
parecia
preocupado.
―Não
sei
exatamente.
Alguns
deles
já
estão
o
bastante
bem
para
ir,
mas
não
sei
onde
os
enviar.
Não
há
muitos
franceses
nesta
região
de
modo
que
os
descobririam
em
seguida.
E
não
podem
voltar
para
seu
país
porque
se
converteriam
em
bola
de
canhão.
Patrick
suspirou.
―
Os
envie
a
Londres.
Hankford
deu
uma
olhada
desconfiado.
―
Os
envie
a
Londres
―
Repetiu
Patrick
―
E
lhes
encontraremos
trabalho.
Londres
está
cheio
de
franceses,
ninguém
se
fixará
neles.
Os
azuis
olhos
de
Hankford
se
iluminaram.
―
Isso
é
muito
amável
de
sua
parte
senhor.
Muito,
muito
amável.
Sua
dama
ofereceu
o
mesmo
mais
disse
que
não
porque
temia
que
você
não
gostasse.
Como
diz
a
Bíblia,
é
o
homem
quem
manda
na
casa.
É
verdadeiramente
muito
amável
por
sua
parte.
Patrick
atravessou
a
sala
com
uma
pergunta
lhe
rondando
na
cabeça.
Não
havia
dito
John
que
sua
mãe
só
falava
gaélico
e
um
pouco
de
francês?
Então
em
que
idioma
estava
falando
com
o
Sophie?
Entretanto
quando
se
uniu
às
duas
mulheres,
a
senhora
Hankford
já
havia
tornado
com
seu
paciente.
Sophie
o
recebeu
com
um
sorriso.
―
Bom
dia
Patrick.
Assegurei
a
Henri
que
estaríamos
muito
felizes
se
viesse
conosco.
―
Senhor
―Cortou
Henri
―Eu
lhe
disse
que
você
não
gostaria
que
fosse
seu
convidado,
mas
possivelmente
possa
me
dar
um
trabalho
nos
estábulos.
Patrick
olhou
ao
adolescente
cujo
pequeno
rosto
refletia
sua
angústia.
Preparou-‐se
para
sofrer
uma
decepção,
mas
seus
olhos
cinza
seguiam
estando
carregados
de
orgulho.
―
Eu
adoraria
te
conhecer
melhor
―
Replicou
Patrick
―
Mas
como
convidado
e
não
como
moço
de
estábulos.
Henri
negou
com
a
cabeça.
―Não
estou
pedindo
caridade,
tenho
que
pagar
pelo
alojamento.
―Quem
era
seu
pai
Henri?
O
menino
ficou
rígido.
―Não
tem
importância
porque
morreu
quando
eu
era
muito
pequeno.
Criou-‐me
o
senhor
Pairie,
um
pescador.
―Quem
te
ensinou
a
fazer
reverências?
―
Perguntou
Sophie.
―Tinha
uma
babá
inglesa,
mas
morreu
igual
a
minha
mãe.
Henri
era
o
filho
de
um
cavalheiro,
isso
saltava
à
vista.
Possivelmente
fosse
possível
encontrar
a
sua
família
em
Londres.
―Sabe
qual
era
o
sobrenome
de
seu
pai?
―
Insistiu
Patrick
com
tom
amável
mais
firme.
―Latour
―
Disse
Henri
de
má
vontade
―
O
conde
de
Saboya.
Sophie
se
inclinou
para
lhe
agarrar
as
mãos.
―Eu
gostaria
de
muito
que
viesse
a
Londres
conosco.
Às
vezes
me
sinto
sozinha
e
você
seria
muito
boa
companhia.
Patrick
dissimulou
um
sorriso.
Sophie
sozinha?
Henri
levantou
rapidamente
seus
olhos
rodeados
de
largas
pestanas
antes
de
voltar
a
olhar
ao
chão.
―Acredito…
Meu
lugar
não
está
em
uma
formosa
mansão
―
Murmurou
com
uma
voz
próxima
ao
pranto
―Meu
pai
não
poderá
corresponder
a
sua
amabilidade.
―
Seria-‐me
muito
útil
―
Interveio
Patrick
―
Me
ausento
de
casa
com
frequência
e,
como
minha
esposa
acaba
de
dizer,
muitas
vezes
se
encontra
sozinha.
Você
poderia
ser
seu…
Ajudante.
Henri
mordeu
o
lábio
inferior.
―Não
pode
voltar
a
França
―
Insistiu
Sophie
―E
tampouco
pode
ficar
eternamente
neste
monastério.
Como
o
menino
não
parecia
estar
convencido
de
tudo,
Patrick
tomou
a
substituição.
―É
o
que
seu
pai
teria
desejado.
despedidas.
Mary
me
ensinou
o
gaélico.
Patrick
a
olhou
entrecerrando
os
olhos.
Enojado
e
fascinado
ao
mesmo
tempo,
Patrick
insistiu:
―O
que
fez?
mulheres
inteligentes.
Nunca
antes
Patrick
tinha
permanecido
um
dia
inteiro
na
ponte
sem
ela.
Tinha-‐o
decepcionado.
A
ideia
de
que
ela
tivesse
podido
passar
seu
tempo
com
uma
lavadeira
devia
lhe
pôr
os
cabelos
de
ponta.
Isso
por
não
mencionar
seu
conhecimento
do
gaélico.
Abriu
a
escotilha
e
impulsivamente
atirou
ao
mar
a
gramática
turca.
Não
podia
inteirar-‐se
Patrick
de
que
ela
falava
sete
idiomas.
Quando
as
sombras
começaram
a
apoderar
do
camarote,
suspirou
com
tristeza.
O
pior
era
que
ela
em
seu
interior
tinha
desejado
que
ele
se
inteirasse
de
seu
talento.
Inclusive
tinha
desejado
vangloriar-‐se
de
seus
conhecimentos
diante
dele
porque
estava
muito
orgulhosa
deles.
Engoliu
sua
decepção.
Patrick
era
como
todos
os
homens,
e
ela
tinha
aprendido
que
as
decepções
de
uma
esposa
não
deviam
envenenar
as
relações
do
casal.
Terei
que
aceitá-‐lo
e
esquecer-‐se
disso.
O
mesmo
se
podia
aplicar
tanto
às
coisas
grandes
como
às
pequenas,
aos
idiomas
e
às
amantes.
Patrick
apareceu
por
fim
na
hora
do
jantar,
bastante
envergonhado
por
seu
comportamento.
O
Lark
balançava
brandamente
com
as
ondas.
No
dia
seguinte
poderia
ir
inspecionar
as
fortificações
que
estavam
fazendo.
Passou
todo
o
dia
pilotando
o
navio,
admirado
pela
habilidade
de
Henri
para
fazer
nós
marinhos,
consultando
o
jornal
de
bordo
do
capitão,
e
todo
isso
sem
deixar
de
olhar
em
direção
à
escada
com
a
esperança
de
ver
Sophie
aparecer.
Mas
ela
não
tinha
subido
e
ele
sentia
falta
dela.
Nenhum
dos
marinheiros
se
moveu
quando
o
chefe,
sem
poder
suportar
mais,
abandonou
a
ponte
para
dirigir-‐se
para
seu
camarote.
Hibbert
tinha
ensinado
a
não
mostrar
nenhuma
reação
diante
qualquer
comportamento
pouco
frequente.
Mas
Sophie
não
estava
esperando,
estava
profundamente
adormecida
na
cama.
Surpreso,
Patrick
pôde
ver
os
restos
de
lágrimas
em
suas
bochechas.
Simplesmente
tinha
pensado
que
se
ela
desejasse
vê-‐lo
se
reuniria
com
ele.
Agora
se
odiava
por
isso
e
se
perguntou
por
que
não
tinha
ido
procura-‐la.
Ela
despertou
quando
ele
lhe
acariciou
o
cabelo.
―O
que
significa
isto?
―
Perguntou
ele
um
pouco
carrancudo
acariciando
suas
bochechas
ainda
úmidas.
Ela
sorriu.
―Senti-‐me
um
pouco
triste
esta
tarde,
isso
é
tudo.
Já
sabe
que
as
lágrimas
são
privilégio
das
mulheres.
Houve
um
pequeno
silêncio.
―Não,
não
―
Assegurou
ela
negando
veementemente
com
a
mão
―
Nada
mais.
Ele
rodou
sobre
suas
costas
atraindo-‐a
contra
seu
peito.
―Estou
encantado
de
ter
uma
esposa
que
sabe
tanto
―
Disse
pensativo
―
Amanhã
atracaremos
ao
redor
de
uma
semana.
Dormiremos
em
uma
estalagem
e
poderá
regatear
com
o
hospedeiro.
Ela
estava
à
beira
das
lágrimas.
―Ficou
triste
quando
a
sua
mãe
morreu?
―Sim.
Eu
estava
muito
unido
a
ela.
Alex
chamava
meu
pai
para
ter
longas
reuniões
com
ele
já
que
era
o
maior,
de
modo
que
eu
tinha
a
nossa
mãe
para
mim
sozinho.
Consideravam-‐no
como
um
prêmio
de
consolação
por
não
ser
o
herdeiro.
Alex
teria
dado
tudo
por
poder
passar
tanto
tempo
como
eu
com
ela
e
os
dois
sabíamos.
Uma
lágrima
deslizou
pela
bochecha
de
Sophie;
não
podia
suportar
a
imagem
do
pequeno
Patrick
órfão.
―Chorou
muito?
―
Perguntou
com
voz
afogada.
Patrick
não
notou
nada,
estava
perdido
em
suas
lembranças.
Ao
desaparecimento
de
sua
mãe
seguiu
uma
semana
de
pesadelo.
―Se
chorei?
Sim.
Todas
as
lágrimas
que
tinha
no
corpo.
No
dia
anterior
a
sua
morte
eu
não
tinha
levado
bem.
Tinha
contado
mentiras
e
ela
me
repreendeu
como
merecia.
Mas
ninguém
pensou
que
o
parto
fosse
ser
difícil
já
que
quando
nascemos
Alex
e
eu,
todo
se
desenvolveu
bem.
Essa
noite
a
estive
esperando.
Sempre
vinha
a
nos
dar
um
beijo
de
boa
noite
e
eu
sabia
que
ela
já
não
estava
zangada
comigo.
Mas
não
veio.
As
lágrimas
de
Sophie
caíam
sem
parar.
―Então
me
levantei.
Levantei-‐me
e
saí
ao
corredor
de
camisola.
Ela
sempre
vinha!
Entretanto,
não
cheguei
muito
longe.
―O
que
aconteceu
Patrick?
Sem
se
dar-‐se
conta
ele
a
apertou
mais
contra
si.
―Ouvi-‐a
gritar,
então
voltava
para
a
cama
e
escondi
a
cabeça
debaixo
do
travesseiro.
Ao
dia
seguinte
acreditei
que
tinha
tido
um
pesadelo.
Mas
ela
estava
morta.
―Que
horror!
Ele
se
incorporou
para
olhá-‐la.
Sua
bela
esposa
soluçava
como
se
estivesse
rompendo
o
coração.
―O
que
é
o
que…?
Não
chore
carinho,
já
terminou.
Ela
sem
embargou
continuou
chorando
escondendo
o
rosto
em
sua
camisa
e
o
beijou
seus
cabelos.
Por
fim
se
tranquilizou
e
permitiu
que
Patrick
secasse
suas
bochechas.
―Sinto
―
Se
desculpou
um
pouco
envergonhada
―
Hoje
estou
de
um
humor
um
pouco
melancólico.
Avermelhou
ao
pensar
em
todas
as
mentiras
que
lhe
havia
dito.
A
realidade
é
que
sabia
muito
bem
de
onde
vinha
toda
essa
tristeza.
―É
porque
fiquei
na
ponte
todo
o
dia?
―
Preocupou-‐se
ele.
―Não,
não.
Só
é
que
tinha
vontade
de
chorar.
Certamente
Sophie
ia
ter
logo
o
período,
pensou
Patrick.
Bom,
era
melhor
que
desse
de
chorar
em
vez
de
atirando
tudo
o
que
tinha
à
mão
como
fazia
Arabella.
Esta
última
cada
mês
rompia
uma
figura
de
porcelana
atirando-‐lhe
à
cabeça.
―É
regular?
―
Perguntou.
―Regular?
Patrick
estava
um
pouco
incômodo.
―Regular…
Nessas
coisas
de
mulheres.
Sophie
ruborizou
ao
entender
ao
que
se
referia.
―Ehh…
sim,
mas
ou
menos…
Não
especialmente.
―Ah!
Irregular
―
Disse
ele
com
suficiência
―
Seguro
que
era
por
ser
virgem.
Agora
que
está
casada
se
regularizará.
Ela
abriu
muito
os
olhos.
―Como
sabe
isso?
Ele
ignorou
a
pergunta.
―Temos
que
falar
claramente
Sophie,
porque
a
regularidade
é
o
melhor
método
para
evitar
uma
gravidez.
―A
que
se
refere?
―
Há
alguns
dias
no
ciclo
nos
que
um
casal
pode
fazer
amor
sem
arriscar
a
ter
um
bebê
―
Explicou
ele
―
E
para
os
dias
perigosos
há
outros
métodos.
Não
podemos
seguir
nos
comportando
como
uns
amantes
irresponsáveis.
Assim
que
apareça
sua
próxima
menstruação,
diga-‐me
e
estabeleceremos
um
calendário.
―Nunca
falei
disso
com
ninguém
―
Disse
ela
com
tom
cortante
―
E
ninguém
nunca
me
pediu
esse
tipo
de
detalhes.
―Antes
não
estava
casada
―
Fez
notar
Patrick
―
Acredita
que
a
terá
amanhã?
―Não
tenho
nem
ideia
―
Disse
ela
secamente.
Ele
preferiu
mudar
de
assunto.
―E
se
jantarmos
na
cama?
―
Sugeriu
―Te
darei
de
comer.
Ela
arqueou
as
sobrancelhas.
―Hum!
―Quero
me
casar
com
este
homem!
―
Interveio
Madeleine
a
quem
davam
igual
os
prejuízos
masculinos
sobre
o
numero
de
cavalos
e
a
fila
dos
condes.
―Não
se
casará
com
ele
se
pensa
te
levar
a
América!
―
Decretou
seu
pai.
―
Então
ficaremos
na
Inglaterra
e
fingirei
ser
uma
aristocrata
francesa
―
Concluiu
a
jovem
sempre
prática
―
A
amiga
de
Braddon
me
ensinará
tudo
o
que
deva
saber,
irei
a
um
baile,
ao
parecerá
que
tem
caído
um
raio
em
cima
e
tudo
arrumado.
Garnier
fez
uma
careta.
―E
se
alguém
descobre
o
engano?
―
Perguntou
sombrio
ao
Braddon.
―
Casarei-‐me
imediatamente
com
Madeleine.
Por
outra
parte
eu
gostaria
de
me
casar
já.
Minha
família
não
pode
impedir
isso
e
me
dá
completamente
igual
minha
reputação
entre
a
alta
sociedade.
Garnier
fez
um
gesto
de
aprovação
com
a
cabeça.
―Poderia
se
fazer
passar
pela
filha
do
marquês
de
Flammarion
―
Disse
têm
a
mesma
idade.
―Que
maravilhosa
ideia!
―
Exclamou
ela
antes
de
explicar
a
Braddon:
Meu
pai
trabalhou
para
o
marquês
e
sua
família.
Eu
era
muito
jovem
quando
abandonamos
a
França
para
recordar,
mas
meu
pai
me
falou
muito
de
sua
propriedade
no
Limousin
e
de
sua
casa
de
Paris.
O
marquês
era
um
pouco
raro
e
não
o
via
muito,
mas
sua
mulher
era
muito
formosa
e
elegante.
―E
a
família
desse
senhor?
Londres
está
cheio
de
emigrantes
franceses
e
todos
parecem
conhecer-‐se.
―Ninguém
conhece
a
família
do
marquês.
A
marquesa
às
vezes
ia
a
Paris,
mas
o
marquês
e
sua
filha
nunca
saíam
do
campo.
―Perfeito
―
Disse
Braddon
aliviado
―
Não
terá
que
falar
muito
Madeleine.
Depois
de
tudo,
se
a
filha
do
marquês
tinha
sua
idade
quando
a
revolução
não
deve
recordar
grande
coisa.
Suponho
que
o
marquês
já
não
esta
neste
mundo.
Não
é
provável
que
venha
a
Londres?
Garnier
negou
com
a
cabeça.
Mas
Madeleine
não
estava
totalmente
convencida.
―Como
poderei
fingir
que
sou
a
filha
da
marquesa
de
Flammarion?
―
Gemeu
―
Sempre
me
disse
o
elegante
e
perfeita
que
era
a
marquesa.
Se
as
pessoas
a
conhecer
lhes
bastará
um
só
olhar
para
ver
que
não
tenho
nada
em
comum
com
ela.
de
volta.
―
Por
que
não
dirigimos
aos
artesãos
que
estão
trabalhando
no
cetro?
―
Sugeriu
A
Toupeira.
―
Impossível.
O
aroma
que
reinava
no
diminuto
alojamento
da
Toupeira
era
tão
nauseantes
que
Foucault
se
via
obrigado
a
respirar
pela
boca
o
qual
lhe
dava
uma
expressão
curiosa.
―Os
joalheiros
que
contrataram
ao
princípio
foram
despedidos
e
estou
seguro
de
que
os
novos
serão
menos
complacentes
que
nosso
querido
Clemper.
―Pode
que
tenha
razão.
Então
o
que
diremos
a
Foakes
quando
voltar?
―Abordaremos-‐os
como
se
fôssemos
embaixadores
da
corte
do
Selim.
―OH!
Fez-‐se
o
silêncio.
―Você
fala
turco
―
Continuou
Foucault
agitando
um
lenço
de
renda
diante
de
seu
nariz
―
Recordo
que
essa
foi
uma
das
condições
para
lhe
contratar.
―Um
pouco
―
Respondeu
A
Toupeira
sem
muito
entusiasmo
―
Minha
mãe
me
ensinou.
Foucault
se
absteve
de
responder
que
possivelmente
a
mãe
da
Toupeira
não
era
uma
grande
professora.
―
Bu
minha
massa?
―
Me
traduza
isso,
por
favor.
A
voz
era
suave
mais
deixava
adivinhar
uma
vontade
de
ferro.
A
Toupeira
admitiu
o
desafio.
―“É
uma
mesa?”
―
Arriscou.
Foucault
sorriu
e
o
outro
relaxou.
―Não
terá
que
falar
muito.
Eu
me
apresentarei
como
um
enviado
de
Selim,
e
eu
falo
turco
muito
bem.
Você
vigiará
a
casa
de
Foakes
nos
próximos
dias.
Eu
gostaria
de
falar
com
ele
assim
que
retorne.
E
enquanto
poderia
fazer
averiguações
entre
os
empregados
da
casa,
no
pouco
provável
caso
de
que
nossa
amistosa
tira
de
contato
não
saia
bem.
Os
olhos
da
Toupeira
brilharam.
Esse
idioma
se
que
o
entendia.
―De
acordo
―
Disse
alegremente.
Foucault
voltou
para
sua
carruagem
que
esperava
diante
a
casa,
com
um
fino
sorriso
nos
lábios.
Capítulo
17
O
Lark
chegou
em
março,
uma
terça-‐feira
de
noite,
depois
de
uma
ausência
de
seis
semanas.
O
honorável
Patrick
Foakes
e
sua
tripulação
tiveram
que
esperar
meia
hora
antes
de
desembarcar
para
maior
diversão
dos
descarregadores
que
esperavam
nos
moles.
Não
se
reprimiram
admirando
Sophie
cuja
frágil
silhueta
e
loiros
cachos
eram
típicos
de
uma
bonita
inglesa.
Uma
modesta
e
tranquila
dama
inglesa.
O
qual
não
era.
O
Lark
tinha
a
bordo
a
uma
rebelde.
Sophie
tinha
embarcado
para
Gales
muito
decidida
a
não
ajudar
Braddon.
Entretanto,
quando
chegou
ao
mole,
deu-‐se
conta
que
quão
único
a
esperava
ali
era
dias
vazios
e
cujos
únicos
entretenimentos
seriam
ir
a
algum
chá
ou
ir
às
compras,
e
então
teve
uma
revelação:
Heloise
se
vangloriava
de
poder
distinguir
a
uma
dama
de
longe.
Quem
melhor
que
Sophie
para
enganar
à
alta
sociedade
fazendo
que
a
filha
de
um
cuidador
de
cavalos
passasse
por
aristocrata?
Acabou-‐se
o
seguir
estudando
uns
idiomas
que
nunca
teria
a
oportunidade
de
falar.
Converteria-‐se
em
uma
artista
como
sua
amiga
Charlotte.
Ia
criar
a
uma
aristocrata
francesa.
Seria
uma
demonstração
vivente
da
educação
inculcada
por
Heloise,
sem
que
esta
última
soubesse.
Sua
mãe
possuía
uma
moral
muito
estrita
para
permitir
que
uma
usurpadora
atravessasse
os
sagrados
muros
da
alta
sociedade.
Entretanto
ainda
ficava
por
resolver
um
problema
de
grande
envergadura:
Patrick.
Não
sabia
o
que
opinaria
do
assunto,
às
vezes
dizia
a
si
mesma
que
o
desafio
e
o
risco
pareceriam
um
pouco
divertido,
mas
em
outras
ocasiões
acreditava
que
se
oporia
totalmente
a
essa
pequena
farsa.
Essa
noite,
Patrick,
Sophie
e
Henri
estavam
terminando
um
jantar
tardio,
quando
ela
perguntou:
―Você
e
Braddon
não
tinham
o
costume
de
inventar
personagens
quando
estavam
no
colégio?
Patrick
levantou
os
olhos.
Nesse
preciso
instante
ele
estava
perguntando
se
sua
esposa
tinha
esquecido
Braddon.
Aparentemente
não
era
assim.
―Tolices
de
adolescentes―
Disse
―
Por
quê?
―Por
nada.
Estava
imaginando
quando
foram
meninos
os
dois.
Isto
ia
de
mal
a
pior!
Pensou
Patrick,
por
que
ia
sua
mulher
a
imaginar
o
Braddon
de
menino
se
não
era
porque
estava
impaciente
por
vê-‐lo
de
novo?
―Que
tipo
de
tolices?
―
Interveio
Henri
com
os
olhos
brilhantes
de
curiosidade.
―Braddon
sempre
tentava
enganar
aos
professores
fazendo-‐se
passar
por
outra
pessoa.
Henri
deu
de
ombros.
Isso
não
parecia
muito
divertido.
―Desculpam-‐me?
―
Perguntou.
Pouco
a
pouco
ia
retomando
as
ocupações
normais
de
um
menino
de
sua
idade,
afastado
como
estava
dos
horrores
da
guerra.
Passou-‐se
a
tarde
nos
estábulos
e
um
moço
de
estábulo
tinha
proposto
ir
ver
um
bezerro
com
duas
cabeças
de
noite.
―
Braddon
tinha
êxito
com
seus
disfarces?
―
Continuou
Sophie
quando
Henri
tinha
abandonado
a
sala
de
jantar.
Seu
marido
elevou
os
olhos
ao
céu.
―Nunca!
―Pobre…
Certamente
Braddon
continuava
em
sua
linha
tentando
fazer
que
sua
futura
mulher
fingisse
pertencer
à
nobreza.
Era
evidente
que
Patrick
se
negaria
a
participar
da
nova
ocorrência
de
seu
amigo
e,
o
que
era
ainda
pior,
a
ideia
parecia
uma
loucura
se
tinham
em
conta
os
fracassos
que
tinha
tido
anteriormente.
Ao
Patrick
não
gostava
de
nada
a
expressão
preocupada
de
sua
esposa.
Por
que
se
interessava
ela
por
esse
bom
para
nada?
―Braddon
mentiu
―
Declarou
ele
bruscamente.
Ao
Sophie
surpreendeu
o
desprezo
que
destilava
sua
voz.
―Mentiu?
A
que
se
refere?
―É
um
pouco
fraco
mentalmente
e
custa
distinguir
a
verdade
da
mentira.
Ela
olhou
com
expressão
interrogante,
mas
ele
não
tinha
desejo
de
dar
mais
explicações,
na
realidade
estava
cada
vez
de
pior
humor.
A
única
forma
de
sentir-‐se
melhor
era
estar
a
sós
com
sua
mulher,
de
modo
que
foi
se
sentar
no
encosto
da
poltrona
de
Sophie.
Tirou
as
forquilhas
do
seu
cabelo
e
as
deixou
cair
sobre
o
tapete.
Devagar,
muito
devagar,
os
dourados
cachos
se
desenrolaram
sobre
os
ombros
dela.
E
quando
terminou
de
passar
os
dedos
por
seu
cabelo,
quando
se
ocupou
dos
botões
do
vestido,
ela
já
se
esqueceu
do
Braddon
e
seus
problemas.
De
modo
que
Patrick
se
desgostou
muito
quando
comprovou
que
a
primeira
mensagem
que
chegava
ao
dia
seguinte
pela
manhã
era
do
conde
de
Slaslow.
―Que
demônios
quer?
―
Grunhiu
sendo
a
perfeita
imagem
de
um
marido
ciumento.
Sophie
lhe
olhou
sentida
saudades.
―Só
está
sendo
cortês.
Está
me
convidando
a
dar
um
passeio.
Desde
quando
Braddon
era
tão
educado,
que
frequentemente
dava
amostras
de
uma
negligência
nesse
aspecto
que
roçava
a
grosseria?
―Não
está
livre!
―
Decretou.
―Ah
não?
Sophie
não
podia
acreditar
que
Patrick
fosse
do
tipo
possessivo;
era
muito
adulador,
mas
pouco
acreditável.
Cruzou
os
braços.
―Há
alguma
razão
pela
que
não
queira
que
veja
Braddon?
―Não
é
uma
boa
ideia.
―Sou
uma
mulher
casada
―
Recordou
Sophie
―
Ninguém
poderá
dizer
nada
se
passear
pelo
parque
com
um
solteiro.
―Mas
você
esteve
comprometida
com
esse
solteiro!
―Mas
apesar
de
tudo
me
casei
contigo.
Espero
que
não
acredite
que
vou
ter
uma
aventura
com
Braddon.
Visto
assim,
Patrick
devia
reconhecer
que
não,
que
ele
não
pensava
que
Sophie
pudesse
ser
infiel,
nem
com
o
Braddon,
nem
com
nenhum
outro;
já
que
sua
pequena
esposa
era
muito
honesta.
―
Tá
―
Disse
com
a
sensação
de
ter
perdido
a
batalha
―
Pode
vê-‐lo
tanto
como
queira.
Que
seja
seu
admirador,
se
o
desejar.
―Não
acredito
―
Contestou
ela
tranquilamente
―
Um
admirador
tem
que
ser
capaz
de
dizer
duas
frases
seguidas
não
te
parece?
Brilhavam-‐lhe
os
olhos
e
ele
se
tranquilizou
um
pouco.
―Se
precisar
manter
uma
conversa
complicada,
sempre
tem
a
seu
marido
―
Acrescentou
brincalhona.
Patrick,
com
um
grunhido
de
diversão,
tentou
agarrá-‐la,
mas
ela
já
tinha
saído
pela
porta.
Ele
pegou
a
nota
de
Braddon
que
ela
tinha
abandonado
em
cima
da
mesa,
e
que
decididamente
não
era
a
mensagem
de
um
homem
apaixonado:
Preciso
vê-‐la.
Passarei
para
te
buscar
com
o
landot
às
quatro
da
tarde.
A
palavra
“landó”
estava
mal
escrita.
Teve
que
reconhecer
que
não
estava
sendo
razoável.
Mas
Sophie
seguia
sem
dizer
que
o
amava
e
nem
sequer
parecia
passar
pela
imaginação.
Enfim,
tinham
passado
juntos
seis
semanas
em
uma
total
intimidade
e
ela
não
dava
mostras
de
ir
declarar
seus
sentimentos.
Voltou
a
aparecer
na
porta.
―Ademais
―
Disse
―
Insisto
em
que
meus
admiradores
falem
francês.
Tinha
um
brilho
malicioso
nos
olhos.
Patrick
tinha
descoberto,
regozijado,
que
podia
fazer
que
se
desfizesse
dizendo
umas
poucas
palavras
em
francês.
O
sorriso
do
Sophie
despareceu.
―Estava
lendo
minha
correspondência
Patrick?
―
Perguntou,
com
repentina
frieza.
Ele
se
deu
conta
de
que
seguia
tendo
a
carta
de
Braddon
na
mão
e
a
soltou
como
se
queimasse.
―
Por
que
precisa
vê-‐la?
Ela
se
enrijeceu.
―Não
é
um
encontro.
E,
além
disso,
não
te
importa.
Patrick
apertou
as
mandíbulas.
A
culpa
que
sentia
por
ter
sido
um
intrometido,
fez
que
sua
resposta
fora
mais
brusca
do
que
tivesse
querido.
―Importa-‐me
muitíssimo!
É
minha
mulher
e
me
preocupo
com
sua
reputação.
―Quer
dizer
que
minha
reputação
se
resentirá
se
me
virem
no
parque
com
Braddon?
―Parece
que
já
está
quase
pelos
chãos.
Agora
que
estamos
casados
todos
esperam
que
me
dê
muito
desgosto.
―Muito
desgosto
―
Repetiu
lentamente
Sophie
―
Tão
má
reputação
acredita
que
tenho?
―Importa-‐me
um
nada
sua
reputação!
O
que
me
importam
são
os
motivos
de
Braddon.
Não
vejo
o
que
poderia
querer
um
notório
libertino
de
uma
mulher
casada,
além
do
que
é
evidente.
―Certamente
os
libertinos
sabem
o
que
querem
―
Disse
Sophie
com
desprezo
―
Entretanto
Braddon
não
se
interessava
muito
por
mim
quando
estávamos
comprometidos
e
estou
segura
de
que
agora
já
está
tudo
terminado.
―
Braddon
esta
um
pouco
mal
da
cabeça
―
Exclamou
ele
passando
uma
mão
pelo
cabelo
com
nervosismo
―
Não
quero
que
te
arraste
por
nenhuma
razão.
Quero
dizer
que
conheço
suas
intenções:
é
muito
rasteiro
por
sua
parte
querer
andar
pelo
jardim
de
seu
melhor
amigo.
―Essa
é
uma
afirmação
incrivelmente
vulgar
―
Replicou
ela
friamente
―
Mas
já
que
te
põe
nesse
plano
me
deixe
que
te
recorde
que
foi
você
quem
andou
pelo
jardim
de
Braddon.
―
É
normal
que
me
faça
perguntas
sobre
suas
intenções!
―
Gritou
Patrick
fora
de
si
―
Disse
que
ele
não
teve
desejo
de
te
beijar,
mas
você
não
pode
dizer
o
mesmo
não
é
certo?
Ao
Sophie
deu
um
tombo
o
coração.
―O
que
quer
dizer?
―Isto:
Braddon
afirmou
que
você
queria
fugir
com
ele
porque
o
amava
com
loucura.
É
uma
pena
que
foi
eu
quem
subiu
pela
escada
nessa
famosa
noite.
A
ira
se
apoderou
de
Sophie.
―Atreve-‐se
a
insinuar
que
te
seduzi?
Você,
de
quem
todo
mundo
sabe
que
é
um
verdadeiro
dom
Juan?
O
tipo
de
homem
que
perverteu
à
prometida
de
seu
melhor
amigo?
Não
tem
direito
a
falar!
Eu
tinha
decidido
romper
o
compromisso
e
você
sabe.
Esperou
muito
tempo
antes
de
dizer
quem
era!
―Uma
dama
não
convida
um
homem
a
ir
a
seu
dormitório
se
não
ter
intenções
de
entregar-‐se
a
ele.
E
você
não
lutou
quando
fui
a
sua
cama.
Ardia-‐lhe
a
garganta.
-‐Sim!
―
Disse,
dividida
entre
a
vontade
de
gritar
e
a
de
chorar
―
Te
empurrei
até
que
tirou
o
capuz.
―Tenta
que
acredite
que
cedeu
porque
era
eu
que
estava
disfarçado?
Isso
é
um
pouco
forte!
―É
a
verdade.
―Então
espera
que
acredite
que
se
casou
comigo
por
amor?
Patrick
estava
avançando
para
ela,
silencioso
e
perigoso
como
um
felino.
―Vejamos
―
Continuou
ele
―
Estava
tão
apaixonada
por
mim
que
se
negou
a
se
casar
comigo
e
suplicou
a
outro
homem
que
te
raptasse?
―Nunca
disse
isso!
―Disse
que?
―Nunca
disse
que
me
casei
contigo
por
amor
―
Lançou
ela
cruelmente.
Patrick
estava
muito
perto
dela,
perto
até
o
ponto
de
ver
as
lágrimas
que
tremiam
em
seus
olhos.
A
ira
o
abandonou
de
repente.
―Então
se
casou
comigo
pelo
sexo
―
Disse
um
pouco
mais
tranquilo
―
Parece
que
os
dois
caímos
na
mesma
armadilha.
Sophie
se
sentiu
desconcertada
por
um
momento,
mas
depois
se
recuperou.
Não
em
vão
tinha
presenciado
centenas,
milhares,
de
cenas
similares
em
sua
casa.
―Não
tenho
nenhuma
aventura
com
o
conde
de
Slaslow,
nem
decidi
ter
―
Declarou.
―Bem
―
Disse
Patrick.
Ele
já
estava
perguntando
por
que
motivo
estavam
brigando.
―E
nunca
tive
intenções
de
seduzir
Braddon
embora
tivesse
sido
ele
quem
entrasse
em
meu
dormitório
em
seu
lugar.
―
Isso
quero
acreditar.
―Uma
coisa
mais
―
Continuou
Sophie
friamente
―
Pode
que
me
casasse
contigo
pelo
sexo,
mas
nunca
te
farei
perguntas
sobre
as
mulheres
que
deseja;
e
é
possível
que
algum
dia
ambos
procuremos
distração
em
outro
lugar,
mas
eu
nunca
lerei
suas
cartas,
e
não
vou
tolerar
que
você
leia
as
minhas.
―Perfeito.
Não
te
farei
perguntas
e
você
não
fará
perguntas.
Bonito
matrimônio
está
pintando
meu
amor.
Branca
como
um
lençol,
ela
girou
os
calcanhares
e
se
foi.
A
raiva
se
apoderou
novamente
de
Patrick
como
um
fogo
que
todo
o
devorava.
―Deus!
―
Jurou.
Uma
coisa
estava
clara:
ele
não
ia
tolerar
que
Sophie
pudesse
procurar
outras
“distrações”.
Nem
com
Braddon
nem
com
nenhum
outro.
Deteve-‐se
em
seco.
Inconscientemente
tinha
começado
a
seguir
Sophie
pelas
escadas,
mas
deu
meia
volta
e
se
dirigiu
para
a
porta
para
sair.
Começou
a
caminhar
para
o
rio
asperamente.
Trinta
minutos
mais
tarde
se
sentia
bastante
melhor.
Certamente
Sophie,
tinha
admitido
que
se
casasse
com
ele
pelo
sexo,
mas
sabia
que
ela
nunca
teria
um
amante.
Sua
integridade
era
um
dos
aspectos
de
sua
personalidade
que
mais
gostava.
Isso,
e
o
fato
de
que
ela
fora
umas
vezes
tão
vulnerável
e
outras
uma
mulher
de
mundo.
Entretanto,
se
retornava
nesse
momento
a
sua
casa,
chegaria
às
três
da
tarde,
e
ela
pensaria
que
ele
estava
esperando
a
visita
de
Braddon,
quando
ele
dava
completamente
igual
com
quem
ela
ia
passear,
recordou
a
si
mesmo.
Seria
melhor
que
fosse
ao
seu
escritório,
onde
as
mensagens
de
seu
administrador,
Henry
Foster,
foram
acumulando
durante
sua
viagem.
De
todos
os
modos,
mudando
de
opinião,
subiu
a
um
carro
de
aluguel
e
ordenou
ao
chofer
que
o
levasse
até
o
ministério
de
Assuntos
Exteriores.
Era
melhor
ir
ver
que
era
o
que
preocupava
tanto
Breksby
para
lhe
enviar
duas
mensagens
enquanto
sabia
que
estava
em
Gales.
A
visita
não
fez
nada
para
subir
sua
moral.
Breksby
tomou
com
calma
a
notícia
de
que
as
fortificações
não
estavam
terminadas.
Já
o
esperava.
―Estamos
muito
agradecidos,
milorde,
por
ter
levado
a
bom
fim
sua
missão.
Patrick
inclinou
a
cabeça.
―Isso
é
tudo?
―Não,
não!
Pela
primeira
vez
pelo
que
Patrick
podia
recordar
Breksby;
o
eficaz
e
pedante
lorde
Breksby;
parecia
cansado
e
preocupado.
―O
outro
problema,
é
o
do
presente
―
Disse.
Houve
um
silêncio
durante
o
qual
o
ministro
voltou
a
considerar
a
ideia
de
esconder
de
Foakes
a
tentativa
de
sabotagem.
―
Sim?
―
Impacientou-‐se
este.
Tinha
decidido
que
tinha
que
voltar
para
sua
casa
antes
que
Sophie
saísse
com
Braddon.
Podia
mostrar-‐se
indulgente
e
possivelmente
convidar
a
seu
amigo
a
unir-‐se
a
eles
para
jantar.
Isso
demonstraria
a
sua
querida
esposa
que
lhe
dava
completamente
igual
saber
com
quem
saía
de
passeio.
―Tem
havido
alguns
problemas
com
o
presente
que
queremos
enviar
a
Selim
por
sua
coroação―
Lançou
Breksby.
É
possível
que
haja
um
complô
para
roubar
o
cetro.
Evidentemente,
temos
a
intenção
de
vigiá-‐lo
de
perto.
Resistimos
a
pôr
a
você
em
perigo
tendo
em
conta
o
interesse
que
o
cetro
acordada
entre
os
ladrões,
de
modo
que
pensamos
em
fazê-‐lo
chegar
de
outro
modo.
O
mensageiro
o
entregará
umas
horas
antes
da
cerimônia.
―De
verdade
acredita
que
alguém
poderia
tentar
roubá-‐lo?
―Exatamente.
O
tom
não
convidava
a
fazer
perguntas
e
Patrick
se
absteve
de
fazer.
―Tinha
pensado
sair
para
a
Turquia
a
princípios
de
setembro
―
Disse
―
Acho
que
seu
representante
não
terá
problemas
para
reunir-‐
se
comigo
em
Constantinopla
―Em
efeito.
Patrick
se
levantou.
―Fica
ainda
o
assunto
de
seu
título,
senhor
Foakes
―
Disse
Breksby
amavelmente.
Patrick
voltou
a
sentar
fervendo
de
impaciência.
Sophie
ia-‐se.
―Já
iniciei
o
processo
―
Continuou
o
ministro
―
E
devo
lhe
informar
de
que,
até
agora,
só
recebi
respostas
favoráveis.
Patrick
assentiu
e
Breksby
afogou
um
suspiro.
Doía-‐lhe
na
alma
ter
que
conceder
um
título
de
duque
a
um
homem
que
evidentemente
não
o
necessitava.
―A
única
dúvida
que
se
expõe
é
decidir
se
o
futuro
ducado
de
Gisle
será
ou
não
hereditário.
Interrompeu-‐se
de
novo,
mas
Patrick
permaneceu
em
silêncio.
Maldição
pensou
o
ministro,
esse
homem
não
era
normal.
Qualquer
pessoa
teria
insistido
para
que
seu
filho
herdasse
o
título.
―Arrumarei
para
que
assim
seja
―
Concluiu.
Patrick
sorriu.
Breksby
era
um
bom
homem
e
se
dava
conta
de
que
ele
não
lhe
demonstrava
nenhuma
gratidão.
―Agradeço
imensamente
os
esforços
que
faz
por
mim,
milorde.
Como
tantos
outros
antes
dele,
Breksby
caiu
sob
o
feitiço
de
seu
sorriso.
―Juro
que
só
tento
cumprir
com
meu
dever
―
Disse:
―Estou
seguro
de
que
meu
filho,
se
algum
dia
tiver
um,
o
agradecerá
ainda
mais
que
eu.
Quando
Patrick
se
despediu,
lorde
Breksby
estava
muito
contente
consigo
mesmo.
Tinha
tido
razão
ao
não
confiar
a
Foakes
que
temiam
que
se
produzisse
uma
substituição
do
cetro.
O
mesmo,
por
outra
parte,
não
acreditava
muito.
Por
que
ia
se
tomar
a
moléstia
Napoleão
de
encher
de
explosivos
um
cetro?
Era
algo
muito
sofisticado.
O
mais
seguro
era
que
não
acontecesse
nada.
Quando
Patrick
abandonou
o
ministério,
o
céu
ameaçava
tormenta.
Certamente
Braddon
e
Sophie
já
tinham
saído
de
modo
que
desceu
as
enormes
escadas
que
chegavam
até
Tâmesis
para
contemplar
suas
águas
cinzentas.
Logo
parou
um
carro
de
aluguel
perguntando-‐se
que
raios
tinha
na
cabeça
para
abandonar
assim
seus
negócios.
Normalmente,
depois
de
estar
uns
dias
ausente,
apressava-‐se
a
ir
a
seus
armazéns,
mas
seis
semanas
de
matrimônio
tinham
bastado
para
esquecer-‐se
de
suas
responsabilidades.
Assim
que
chegou
aos
moles,
seu
encarregado
foi
para
ele
com
expressão
de
profundo
alívio.
―Por
são
Jorge!
Estou
muito
contente
de
lhe
ver,
senhor.
Imediatamente
Patrick
se
viu
absorvido
por
um
torvelinho
de
problemas.
Um
de
seus
navios
tinha
naufragado
no
Madras
com
um
carregamento
de
algodão.
Seu
correspondente
no
Ceilão
tinha
enviado
uma
mensagem
urgente
referente
ao
chá
negro.
Foster
tinha
a
impressão
de
que
o
capitão
do
Rosmery
lhes
enganava
com
um
carregamento
de
açúcar.
Patrick
começou
a
trabalhar.
Ali,
nos
poeirentos
escritórios
nas
que
ressonavam
os
gritos
e
os
golpes
dos
moles
próximos,
não
havia
uma
esposa
que
incomodasse
nem
olhares
de
recriminação,
nem
remorsos
de
consciência.
Tomou
um
ligeiro
jantar
e
continuou
trabalhando
até
bem
entrada
a
noite.
Sophie
olhou
com
desconfiança
para
a
rua
antes
de
montar
no
landó
de
Braddon,
mas
não
havia
sinais
de
seu
marido.
Apesar
das
lágrimas
que
queimavam
sua
garganta,
era
completamente
proprietária
de
si.
Aceitou
sem
vacilar
conhecer
pai
de
Madeleine
no
dia
seguinte.
―Depois,
se
vier
bem
à
senhorita
Garnier
―
Acrescentou
―
Poderíamos
nos
ver
uma
ou
duas
vezes
à
semana.
Braddon
assentiu
entusiasmado.
―Só
com
uma
condição
―
Precisou
ela.
Ele
se
esticou.
Já
conhecia
esse
olhar
de
determinação
e
sabia
que
anunciava
problemas.
―Tudo
o
que
queira
―
Disse
entretanto.
―
Que
meu
marido
não
se
inteire.
―Patrick?
Refere
a
Patrick?
―Pois
claro
que
refiro
a
Patrick!
―
Replicou
ela
secamente
―
Pelo
que
saiba
só
tenho
um
marido.
―Mas,
mas…
Braddon
estava
desconcertado.
―
Por
que
em
nome
do
Céu?
Patrick
sempre
participou
de
meus
planos
embora
não
sempre
gostasse.
―Se
ele
se
inteira
não
poderei
me
ocupar
da
senhorita
Garnier
―
Decretou
―
É
pegar
ou
largar.
Entretanto
a
obstinação
era
para
o
Braddon
como
uma
segunda
pele.
―Escuta
Sophie,
Como
vai
explicar
suas
ausências?
O
que
pensará
Patrick?
Ela
deu
uma
olhada
gelada.
―Os
maridos
não
são
cães
guardiães.
Minha
mãe
faz
o
que
quer
com
seu
tempo
livre.
Houve
uns
segundos
de
silencio
durante
os
quais
Braddon
se
perguntou
se
seria
prudente
lhe
recordar
que
seus
pais
não
eram
um
modelo
de
felicidade
conjugal.
―Minha
mãe
não
tivesse
podido
ausentar-‐se
com
regularidade
todas
as
semanas
sem
que
meu
pai
se
preocupasse
―
Disse
em
troca.
―Estou
segura
de
que
Patrick
e
eu
não
teremos
nenhum
problema
com
isso
―
Afirmou
Sophie
―
Duvido
que
ele
tenha
interesse
na
maneira
em
que
passo
as
tardes,
mas
embora
assim
fosse,
direi-‐lhe
que
vou
visitar
os
meninos
doentes
de
Bridewell.
―Bridewell!
Patrick
nunca
aceitaria
que
fosse
ali
―
Exclamou
surpreso.
O
hospital,
em
efeito,
estava
situado
em
um
bairro
pouco
recomendável.
Ela
arqueou
uma
sobrancelha.
―
Vai
maltratar
à
senhorita
Garnier
deste
modo?
Deveria
saber
que
as
damas
visitam
com
regularidade
Bridewell
e
brincam
com
os
órfãos.
O
pessoal
do
hospital
está
muito
agradecido.
―
Meu
Deus!
Estas
segura
Sophie?
Por
que
não
dizer
a
Patrick?
Seria
muitíssimo
mais
simples.
―Nada
disso.
E
se
disser
algo
não
levantarei
nem
um
dedo
por
Madeleine.
Ele
suspirou.
―De
todos
os
caprichos
estúpidos…
―Se
te
parecer
estúpido
busque
a
outra
pessoa
para
que
te
ajude.
Mulheres!
Pensou
Braddon.
Sempre
estavam
dispostas
a
levantar
as
patas
como
os
cavalos
selvagens.
―De
acordo
―
Disse
conciliador.
Estou
seguro
de
que
tem
razão.
A
verdade
é
que
Patrick
não
pareceu
muito
entusiasmado
com
meu
último
plano.
De
fato,
quanto
mais
pensava
na
reação
de
seu
amigo
ao
ver
sua
“perna
quebrada”,
mas
se
alegrava
de
que
não
soubesse
nada
de
sua
última
ideia.
Nunca
poderia
esquecer
a
expressão
de
Patrick
quando
o
golpeou
o
gesso,
nem
a
bronca
que
lhe
caiu
em
cima.
Acreditou
que
ia
ficar
surdo.
―Sim,
tem
razão
―
Repetiu
com
renovado
vigor
―
É
melhor
que
ninguém
saiba.
Você,
o
pai
de
Madeleine
e
eu
é
suficiente.
Nesse
momento
Sophie
agitou
a
mão.
―
Pare!
Estou
vendo
Charlotte
e
Alex.
Braddon
puxou
as
rédeas
e
Alex
situou
sua
calesa
ao
lado
do
landó.
―Bonito
carro!
―
Disse
Braddon.
Sempre
tinha
estado
mais
unido
ao
Patrick
que
a
seu
gêmeo,
o
qual
lhe
intimidava
um
pouco.
Patrick
tinha
um
temperamento
forte,
mas
nos
olhos
do
Alex
se
via
um
brilho
de
aço
inquietante.
―Onde
está
Patrick?
―
Perguntou
alegremente
Charlotte.
Sophie
se
limitou
a
mover
a
cabeça,
segura
de
que
seu
silêncio
diria
a
sua
amiga
que
algo
não
ia
bem.
A
resposta
do
Charlotte
foi
imediata.
―Quer
vir
jantar
conosco
esta
noite
Sophie?
Esta
se
inclinou
para
vê-‐la
melhor
a
pesar
do
enorme
corpo
de
Braddon.
―Estarei
encantada
Charlotte,
mas
não
sei
quais
são
os
planos
de
Patrick.
Chegamos
ontem
à
noite.
―Estão
recém-‐casados
―
Interveio
Alex
―Estou
seguro
de
que
Patrick
te
seguiria
ao
fim
do
mundo.
Enquanto
isso,
Charlotte,
temos
que
voltar
para
casa.
Alguns
estão
apanhados
por
suas
mulheres,
mas
as
que
nos
põem
os
horários
são
nossas
filhas.
E
esta
é
o
momento
em
que
Pippa
e
Sarah
se
reúnem
conosco
no
salão.
Sua
esposa
enrugou
o
nariz.
―Pobrezinha!
Pippa
chega
completamente
arrumada
e
triste
e
a
obrigamos
a
comportar-‐se
como
uma
dama
durante
meia
hora.
Então
nos
vemos
as
oito?
Sophie
assentiu.
Já
que
Patrick
não
tinha
voltado
as
oito,
deixou
uma
nota
com
o
mordomo
para
que
a
entregasse,
depois
deu
boa
noite
a
Henri
e
ordenou
ao
chofer
que
a
levasse
a
casa
de
seu
cunhado.
Ao
chegar
se
obrigou
a
não
contar
nada
da
briga
a
Charlotte,
embora
houvesse
feito
muito
bem,
mas
não
desejava
que
sua
amiga
soubesse
que
Patrick
se
casou
com
ela
somente
pelo
sexo.
Apesar
de
tudo
tinha
que
conservar
um
pouco
de
dignidade.
A
conversa
versou
sobre
o
último
dente
de
Sarah
e
sobre
os
soldados
franceses
que
se
estavam
recuperando
no
Gales.
Só
quando
Alex
se
retirou
a
seu
escritório,
as
duas
mulheres
tiveram
ocasião
de
falar.
Charlotte
não
andou
com
rodeios.
―O
que
aconteceu?
Brigaram?
Sophie
se
sentou
no
sofá
com
um
nó
na
garganta.
―OH
Charlotte!
―
Disse
fingindo
indiferença
―Já
me
conhece,
tenho
muito
mau
caráter.
Sua
amiga
a
olhou
diretamente
aos
olhos.
―Sophie!
―
Grunhiu
ameaçadora.
―Não
sei
onde
esta
―
Sophie
endireitando
os
ombros
―
Suponho
que
está
passando
a
noite
com
sua
amante.
―Tolices!
Não
tem
nenhuma
amante
e
você
é
tola
se
não
te
der
conta
de
que
só
tem
olhos
para
você.
―Brigamos
por
causa
de
Braddon.
―Braddon?
Como
em
nome
de
Deus
pode
alguém
brigar
por
sua
causa?
―Convidou-‐me
a
dar
um
passeio
e
Patrick
não
queria
que
eu
aceitasse.
―
Meu
Deus!
Deve
estar
ciumento.
Que
estranho!
Intercambiaram
um
sorriso
cúmplice.
―
Ciumento
de
Braddon!
―
Continuou
Charlotte
―
Os
homens
às
vezes
são
completamente
estúpidos.
Braddon,
o
alegre
vividor
roubando
de
Patrick
sua
formosa
e
jovem
esposa!
Pôs-‐se
a
rir.
―Se
trata
de
zelos
―
Disse
―Basta
que
deixe
de
ver
Braddon,
isso
é
tudo.
Como
Sophie
tinha
prometido
a
este
que
não
falaria
com
ninguém
de
Madeleine,
limitou-‐se
a
assentir
diante
do
sábio
conselho.
Quando
voltou
para
sua
casa,
Clement,
o
mordomo,
pegou
seu
casaco
perguntando
se
queria
tomar
um
refresco.
Ela
disse
que
não
e
ele
devolveu
a
mensagem
que
o
havia
deixado
para
o
Patrick.
―Já
que
milorde
não
retornou
―
Disse
fazendo
uma
reverência
enquanto
ela
se
dirigia
para
as
escadas.
Eram
as
onze
e
meia,
Sophie
tinha
ficado
em
casa
de
Charlotte
todo
o
possível
com
a
esperança
de
que
Patrick
chegasse
antes
dela.
parece
a
vida
de
casado?
Braddon
estava
de
muito
bom
humor.
Madeleine
ia
se
transformar
em
sua
esposa
e
o
mundo
era
maravilhoso.
Patrick
lhe
lançou
um
olhar
gelado.
―Para
um
homem
condenado
a
levar
correntes,
não
está
muito
mal.
―Condenado
a
levar
correntes?
Braddon
não
tinha
direito
a
simular
surpresa,
pensou
Patrick,
já
que
estava
tentando
lhe
roubar
a
sua
esposa.
―Escolheu
a
uma
das
mulheres
mais
formosas
de
Londres,
sem
dúvida
a
mais
bela
de
todas,
e
fala
de
correntes?
―Poderia
ser
pior
―
Replicou
Patrick
lacônico
―
Como
não
tem
nem
irmãos
nem
irmãs,
suponho
que
não
terei
que
suportar
uma
abundante
descendência.
Ao
Sophie
deu
a
impressão
de
que
lhe
acabavam
de
dar
uma
punhalada.
―É
um
pouco
duro
não?
Braddon
golpeou
os
bolsos
procurando
a
tabaqueira.
―Provou
minha
nova
mistura?
―
Perguntou
para
trocar
de
tema
―
Leva
cinamomo.
―Eu
não
gosto
do
sabor
das
rosas
no
tabaco
―
Resmungou
Patrick
apertando
os
dentes.
Braddon
agarrou
um
beliscão
de
tabaco.
―Acredita
que
Sophie
vai
demorar?
Os
cavalos
estão
esperando
na
rua.
―Não
tenho
nem
a
menor
ideia.
Braddon
elevou
as
sobrancelhas.
―Não
parece
um
alegre
recém-‐casado
Patrick.
―Sim,
estou
alegre.
Sentia-‐se
muito
incrivelmente
cansado.
Tinha
trabalhado
no
armazém
a
metade
da
noite,
depois
tinha
voltado
para
sua
casa
para
ficar
adormecido
na
biblioteca
com
um
copo
de
conhaque
na
mão.
―Segue
tendo
a
intenção
de
pôr
uma
casa
a
sua
amante?
―
Perguntou
sem
muito
interesse.
―Não.
Ehh…
A
verdade
é
que
nos
separamos.
Braddon
evitava
cuidadosamente
o
olhar
de
Patrick
quem
tinha
uma
desconcertante
maneira
de
averiguar
quando
estava
mentindo.
Patrick
levantou
uma
sobrancelha
com
ironia.
Estava
Braddon
envergonhado?
Deveria
estar
já
que
aparentemente
se
desfeito
de
sua
amante
para
substituí-‐la
por
Sophie.
Os
dois
homens
se
voltaram
para
ouvir
que
ela
descia
as
escadas.
Usava
um
precioso
vestido
cor
rosa
pálido
e
olhou
a
seu
marido
com
expressão
amistosa.
―Bons
dias
―
Disse
amavelmente.
Não
havia
restos
de
amargura
em
sua
voz.
Aceitou
o
braço
que
o
oferecia
Braddon
e
sorriu
a
Patrick.
―Verei-‐te
mais
tarde?
Ele
negou
com
a
cabeça;
não
porque
tivesse
algo
planejado
para
o
jantar,
mas
sim
porque
queria
ver
se
conseguia
incomodá-‐la.
Não
teve
êxito.
―Então
também
te
desejo
boa
noite
―
Disse
ela
antes
de
afastar-‐se
em
direção
à
porta
em
companhia
do
Braddon.
―Maldição!
―
Xingou
Patrick.
―Voltou
para
a
biblioteca,
onde
tinha
passado
a
noite.
Enquanto
subia
no
landó,
Sophie
mordia
os
lábios
para
conter
o
terrível
desejo
de
voltar
a
esconder-‐se
em
seu
quarto.
Mas
ao
final
a
tarde
foi
muito
agradável.
Quando
se
perguntou
se
deveria
aceitar
ou
não
a
petição
de
Braddon,
não
tinha
pensado
nem
por
um
momento
na
jovem
da
que
ele
se
apaixonou.
A
filha
de
um
criador
de
cavalos?
Impossível!
Entretanto
Madeleine
demonstrou
ser
maravilhosa,
muito
francesa,
cheia
de
praticamente
e
muito
divertida.
Riram
como
loucas
enquanto
falavam
de
etiqueta.
A
Madeleine
pareciam
ridículas
algumas
coisa
que
Sophie
sempre
tinha
considerado
normais.
―Mas
por
que
tenho
que
fingir
que
não
acontece
nada
se
alguém
me
atirar
a
sopa
em
cima?
―Porque
é
assim.
Pode
que
algum
dia
uma
duquesa
bêbada
te
salpique
de
molho
de
carne.
Essas
coisas
acontecem,
eu
já
presenciei.
Pois
bem,
inclusive
enquanto
esta
secando
o
rosto,
tem
que
fingir
que
não
acontece
nada.
―Que
tolice!
―
Exclamou
Madeleine
rindo
de
forma
contagiosa.
Depois
de
tudo
não
era
tão
difícil
ensinar
bons
maneiras.
Madeleine
possuía
uma
graça
inata
que
simplificava
a
tarefa.
Sophie
lhe
ensinou
a
fazer
a
reverência
para
trás,
e
ao
final
da
tarde,
o
fazia
à
perfeição.
Sophie
ficou
boquiaberta.
―Eu
necessitei
semanas
de
ensaios
para
conseguir
este
resultado
Madeleine
―
Exclamou.
Esta
sorriu.
Capítulo
18
―Posso
fazer
―
Estava
dizendo
A
Topeira
―
Só
necessitarei
uns
minutos.
O
menino
passa
o
dia
no
estábulo.
Ele
senhor
Foucault
não
respondeu
e
seu
companheiro
não
pôde
saber
se
gostava
dessa
oportunidade
ou
não.
―
O
repito
senhor,
tenho
o
menino
na
palma
da
mão.
Eu
disse
que
conhecia
um
cavalo
capaz
de
contar
até
cinco.
Chamarei-‐lhe
fora
da
casa,
meterei-‐o
em
meu
carro
e
já
está.
―Já
está
O
que?
―Bem,
porque
teremos
ao
filho
da
família.
À
Toupeira
dava
a
sensação
de
que
estava
sobre
areias
movediças.
―Se
por
“filho
da
família”
entende
que
Henri
é
o
filho
natural
de
Foakes,
equivoca-‐se.
Esse
menino
é
um
francês,
um
guri
das
ruas
que
o
recolheu
Deus
sabe
onde.
―Mas
o
querem
muito
não?
Dizem
que
vão
pôr
um
tutor
a
semana
próxima
e
que
na
primavera
o
vão
enviar
a
um
colégio
de
categoria.
Terá
que
agir
depressa,
mas
o
tenho
na
palma
da
mão
―
Repetiu
A
Topeira
―
Se
o
querem
o
suficiente
para
pôr
um
tutor,
também
pagarão
um
resgate
para
recupera-‐lo.
Sigo
acreditando
que
é
um
bastardo
de
Foakes.
―Não
queremos
um
resgate
―
Protestou
Foucault
começando
a
dar
amostras
de
irritação
―
Não
se
inteirou
que
nada
importante
enquanto
conversa
com
todo
mundo
nos
estábulos?
―Parece
que
estão
zangados.
A
lua
de
mel
já
acabou.
Ele
permanece
fora
de
casa
todas
as
noites
trabalhando
até
o
amanhecer,
nunca
entra
em
seu
dormitório
e
ela
sai
frequentemente
com
outro
nobre.
Diz
que
ela
queria
casar-‐se
com
ele,
mas
que
aconteceu
algo
e
lhe
deixou.
―Interessante,
mas
não
muito
útil
―
Resmungou
Foucault
―
Me
conceda
o
prazer
de
sua
companhia
dentro
de
quinze
dias
a
partir
da
terça-‐feira;
iremos
juntos
visitar
o
Patrick
Foakes.
Você
se
fará
passar
por
um
tal
Bayrak
Mustafá
e
fingirá
não
saber
falar
inglês.
Parece-‐lhe
bem?
Sem
esperar
resposta,
Foucault
sacudiu
as
calças
e
desapareceu.
Patrick
estirou
suas
longas
pernas
em
seu
camarote
do
Drury
Lane
e
olhou
à
mulher
sentada
diante
dele.
Se
até
para
pouco
tempo,
lady
Sophie,
a
encantadora
filha
do
marquês
do
Brandenbourg,
tinha
estado
solicitada,
parecia
que
ao
converter-‐se
na
esposa
do
honorável
Patrick
Foakes,
ia
converter
se
na
menina
mimada
da
alta
sociedade.
Sempre
estava
rodeada
de
admiradores.
As
jovens
casadoiras
eram
perfeitas,
mas
os
cavalheiros
temiam
ser
apanhados
no
matrimônio
mostravam
mais
interesse
em
uma
em
particular;
em
contrapartida
podiam
permitir-‐se
dizer
coisas
mas
atrevidas
às
mulheres
casadas.
A
fresca
risada
de
Sophie
se
ouviu
de
novo.
Seus
admiradores
estavam
inclinados
sobre
ela
como
salgueiros
em
uma
tormenta;
sem
dúvida
estavam
tentando
olhar
por
seu
decote,
pensou
Patrick
amargamente.
Ela
usava
um
vestido
de
noite
que
deixava
ver
o
nascimento
de
seus
seios.
―Esse
vestido
não
é
muito…
Fechado
para
ir
ao
teatro?
―
Tinha
perguntado
quando
ela
entrou
no
salão
colocando
as
luvas.
Tinha-‐lhe
arrojado
um
provocador
olhar.
―Algumas
vezes
eu
gosto
de
ir
tampada.
Isso
faz
que
as
pessoas
deseje
destampar.
Patrick
não
tinha
sabido
que
responder.
Só
vendo
seu
seio
a
tinha
desejado
e
se
apressou
a
pôr
um
xale
sobre
os
ombros
empurrando-‐a
para
a
porta
antes
que
ela
notasse
a
evidência
de
seu
desejo.
Mas
que
estava
fazendo?
Ela
era
sua
esposa.
Não
parecia
zangada
por
sua
briga,
e,
entretanto
ele
passou
os
últimos
dias
passeando
pelos
bairros
com
pior
fama
de
Londres
em
lugar
de
dedicar-‐se
a
seduzir
a
sua
própria
mulher
em
sua
própria
cama
como
deveria
ter
feito.
Inspirou
profundamente.
Encontrava-‐se
atrás
da
barreira
formada
pelos
cavalheiros
que
estavam
ao
redor
de
Sophie
para
admirar
a
redondez
de
seus
seios
sob
o
revelador
vestido.
Cruzou
as
pernas.
Essa
condenada
obra,
Um
cristão
convertido
em
turco,
não
demoraria
para
voltar
a
começar.
O
cristão
em
questão
estava
demorando
uma
eternidade
em
converter-‐se
em
turco
e
isso
lhe
deixava
muito
tempo
ao
para
pensar
em
sua
mulher.
Ao
menos,
o
final
do
teatro
faria
desaparecer
a
todos
essas
moscas
azuis
do
camarote.
Braddon,
naturalmente,
encontrava-‐se
entre
eles,
e
Patrick
estava
começando
a
lhe
odiar
com
toda
sua
alma.
Sophie
era
consciente
de
cada
gesto
de
seu
marido
embora
evitasse
cuidadosamente
voltar-‐se
para
ele.
Nesse
momento,
ela
estava
rindo
enquanto
com
o
leque
golpeava
ligeiramente
o
pulso
de
Lucien
Blanc.
Ele
era
um
de
seus
favoritos
já
que
suas
galanterias
não
iam
muito
longe.
Lucien
lhe
agarrou
a
mão
para
levar
aos
lábios.
não
confiava
absolutamente
em
Lucien.
Maldição!
Disse
se
não
tomava
cuidado
ia
terminar
como
a
mãe
de
Sophie
que
só
aceitava
em
sua
casa
francesas
feias
e
velhas.
Sophie
estava
falando
em
voz
baixa
com
Lucien,
mas
Patrick
tentou
recuperar
um
pouco
de
bom
julgamento.
Todo
mundo
sabia
que
Lucien
era
fiel
à
memória
de
sua
falecida
esposa,
de
modo
que
essa
paquera
não
era
mais
que
um
jogo.
Molesto,
levantou-‐se
e
saiu
do
camarote.
Para
que
ficar
aí,
olhando
como
outros
homens
cortejavam
a
sua
mulher?
Estava
obcecado,
pensou
afastando-‐se
dando
passos
longos
pelo
corredor.
Obcecado
pelo
ciúme.
Por
exemplo,
onde
tinha
estado
ela
essa
mesma
tarde?
Braddon
tinha
ido
procurar
às
duas
em
ponto
e
havia
a
trazido
de
volta
às
sete,
bem
a
tempo
para
ir
ao
teatro.
E
o
mesmo
tinha
acontecido
na
sexta-‐feira
anterior.
Patrick
estava
fervendo
de
raiva,
mas
se
sentia
incapaz
de
exigir
que
dissesse
o
que
fazia
pelas
tardes
com
o
Braddon.
De
repente
recordou
que
Sophie
era
como
uma
gota
de
água:
clara,
honesta
e
sincera.
Quando
ele
fazia
amor
no
navio,
por
exemplo,
sua
resposta
sempre
era
deliciosamente
sincera.
Ela
nunca
acreditou
obrigada
a
fazer
falsas
declarações
de
amor
apoiadas
unicamente
no
desejo.
Mas
não
era
esse
o
traço
de
sua
honestidade
que
ele
mais
gostava,
confessou
a
si
mesmo.
Para
acabar
de
arrumá-‐lo
tudo,
colocou-‐se
em
uma
situação
interior
tão
complicada
que
não
podia
decidir-‐se
a
entrar
no
quarto
de
Sophie
e
agarrá-‐la
entre
seus
braços.
Sua
diminuta
esposa
dormia
sozinha.
Se
tão
só
ela
demonstrasse
aborrecimento
ou
tristeza,
se
demonstrasse
que
sentia
sua
falta;
seria
mais
fácil
abordar
o
tema.
Mas
ela
seguia
sendo
agradável
e
amistosa.
Dá-‐lhe
completamente
igual
se
estiver
ao
seu
lado
ou
não,
pensou.
Deu
a
volta
e
voltou
ao
camarote.
Já
era
suficiente
vagando
pelas
ruas
durante
a
noite
ou
que
trabalhasse
até
horas
indecentes
como
para
que
agora
a
abandonasse
no
camarote
tentando
encontrar
uma
paz
que
não
ia
encontrar.
Quando
afastou
a
pesada
cortina
de
veludo
só
ficavam
Braddon
e
Sophie.
O
“cristão”
devia
haver-‐se
convertido
por
fim
já
que
no
cenário
se
estava
desenvolvendo
uma
batalha
e
o
cristão
lutava
com
uma
cimitarra.
Braddon
e
Sophie
formavam
um
bom
casal,
teve
que
reconhecer
Patrick.
Seus
cabelos
tinham
a
mesma
cor
e
entre
eles
se
notava
um
ambiente
de
cumplicidade
e
camaradagem
que
não
gostava
de
nada
absolutamente.
Foi
sentar
se
à
direita
de
sua
mulher.
Ao
lhe
ver,
Braddon
se
levantou
e
depois
se
deteve
um
momento
atrás
de
sua
cadeira
e
lhe
deu
um
golpe
amistoso
no
ombro.
―Missão
comprida
Patrick.
Minha
mãe
está
esperando.
Em
efeito,
a
condessa
de
Slaslow,
instalada
em
um
camarote
justo
em
frente
do
dele,
estava
olhando
com
persistência
a
seu
filho.
Está
furiosa
porque
ainda
não
encontrei
uma
noiva
―
Anuiu
Braddon
sombriamente.
Esquecendo
o
muito
que
detestava
seu
antigo
amigo,
Patrick
lhe
dedicou
um
sorriso
de
compaixão.
Enquanto
a
obra
seguia
seu
curso
em
meio
de
um
comprido
entrechocar
de
espadas,
um
pensamento
coerente
se
abriu
passo
na
mente
de
Patrick.
Braddon
nunca
tinha
sabido
guardar
um
segredo;
e
seu
comportamento
com
Sophie
não
lhe
produzia
nenhum
sentimento
de
culpa.
Entretanto
isso
não
explicava
o
fato
de
que
sua
mulher
desse
tão
pouca
importância
à
ausência
de
seu
marido
em
sua
cama.
De
modo
que
diabos
faziam
Sophie
e
Braddon
no
transcurso
de
seus
intermináveis
passeios
se
não
se
tinham
uma
aventura
amorosa?
Um
pouco
depois,
essa
mesma
semana,
Patrick
levantou
a
vista
de
seus
livros
de
contas
para
descobrir
a
seu
irmão
de
pé
diante
de
seu
escritório.
―Alex!
Se
Alex
se
surpreendeu
ao
ver
seu
gêmeo,
normalmente
pouco
expressivo,
tropeçar
em
seu
afã
por
ir
abraça-‐lo,
não
o
demonstrou.
―Justamente
queria
falar
contigo
―
Disse
Patrick.
Alex
compôs
um
meio
sorriso.
―
Me
deixe
adivinhar.
Estragou
seu
matrimônio
como
só
os
Foakes
sabem
fazê-‐lo
e
você
gostaria
de
me
pedir
ajuda.
―Para
nada!
―
Respondeu
Patrick
muito
seguro.
―Vamos
lá!
Não
acreditará
que
arrastei
Charlotte
até
Londres
com
este
horrível
tempo
para
que
mande
a
passeio?
Patrick
franziu
o
cenho.
―Não
pedi
que
viesse
―
Fez
notar.
―Não
precisava.
Curiosamente,
embora
os
gêmeos
fossem
incapazes
de
sentir
cada
um
a
dor
física
do
outro,
sempre
sabiam
imediatamente
se
um
ou
outro
estavam
preocupados.
Quando
o
matrimônio
do
Alex
esteve
a
ponto
de
ir-‐se
ao
ar
ao
Patrick
doeu
o
estômago
durante
meses.
―Vamos
Patrick!
―
Animou
seu
irmão.
Houve
um
momento
de
silêncio.
―De
acordo
―
Disse
Patrick
ao
fim
dirigindo-‐se
para
a
janela
para
olhar
sem
vê-‐la,
a
chuva
de
março
que
golpeava
o
vidro
―
Estraguei
meu
matrimônio
como
só
os
Foakes
sabem
fazê-‐lo,
mas
não
acredito
que
você
possa
fazer
nada.
Alex,
calado,
deixou-‐lhe
continuar.
―Não
compartilhamos
o
dormitório
e
não
sei
como
arrumá-‐lo.
―Foi
sua
escolha
ou
dela?
―Meu
Deus!
Mas
não
foi
realmente
uma
escolha.
Não
sei
como
aconteceu.
Discutimos
por
uma
tolice
e
essa
noite
não
voltei
para
casa.
―Grave
erro
―
Cortou
Alex.
―Fui
aos
armazéns,
não
perseguir
mulheres.
―O
conselho
que
poderia
te
dar
é
que
não
abandone
sua
casa
até
que
as
brigas
não
resolvam.
As
mulheres
não
perdoam
nunca
isso.
Charlotte
me
arrancaria
os
olhos
se
eu
fizesse
um
pouco
parecido.
―Esse
é
o
problema.
Sophie
parecia
não
importar
de
modo
que
ao
dia
seguinte
de
noite
tampouco
voltei
para
casa.
Alex
parecia
surpreso.
―É
absurdo
―
Continuou
seu
irmão
―
Pelo
eu
esperava
que
houvesse
uma
reação
por
sua
parte.
Entretanto
ela
se
mostra
muito
cortês,
e,
para
falar
a
verdade,
acredito
que
lhe
dá
completamente
igual
se
a
busque
de
novo
a
seu
dormitório
ou
não.
Alex
franziu
o
cenho.
―Gostava
de
fazer
amor
contigo?
―Isso
me
parecia
pelo
menos.
Não,
estou
seguro.
E
Deus
é
testemunha
de
que
eu
adorava.
Mas
agora…
Já
faz
mais
de
duas
semanas.
Ela
me
recebe
tão
amavelmente
como
se
passássemos
todas
as
noites
juntos.
Seu
humor
é
excelente
eu
faça
o
que
faça.
―Então
tem
que
falar
claramente
do
tema
com
ele
―
Sugeriu
Alex.
Patrick
pareceu
abatido.
―Como
pode
perguntar
a
uma
mulher
que
parece
estar
satisfeita,
se
tiver
notado
a
ausência
de
seu
marido
em
sua
cama?
Não
parece
estar
de
maneira
nenhuma
desgostada.
―E
como
você
sabe?
Tenta
entender.
Vá
ver
ele
inclusive
embora
não
fale
abertamente
do
que
te
tem
preocupado,
vai
ao
seu
quarto.
Fez-‐se
um
pequeno
silêncio.
―Poderia
entrar
lá
―
Admitiu
ao
fim
Patrick.
―Não
tem
nada
que
perder.
―Suponho
que
tem
razão.
―
Já
disse
que
a
ama?
Patrick
lançou
a
seu
irmão
um
olhar
assassino.
―É
obvio
que
não!
―Entretanto
essa
é
a
verdade.
Se
não
fosse
assim
não
se
incomodaria
tanto
que
Sophie
sentisse
menos
entusiasmo
menos
que
você
pelos
prazeres
conjugais.
―Entusiasmo!
Não
entende
―
Ladrou
Patrick
―Está
encantada
levando
a
vida
de
uma
condenada
monja!
Maldição,
não
sei
por
que
não
se
meteu
em
um
convento!
―Nem
saberá
até
que
não
entre
em
seu
dormitório.
Quanto
a
mim,
estou
pensando
como
vou
gastar
minhas
quinhentas
coroas.
Seria
melhor
que
fosse
fazendo
à
ideia
de
dormir
com
uma
camisola
de
renda.
―Por
todos
os
diabos!
Que
demônios…
―Nem
sequer
aguentou
um
ano
―
Recordou
ironicamente
Alex
―
Lembra-‐se?
Apostei
contigo
quinhentas
coroas
a
que
estaria
louco
por
sua
mulher
antes
que
acabasse
o
ano.
Só
tem
casado
umas
poucas
semanas
e
já
está
caído.
Voltou
a
ficar
sério
para
acrescentar:
―
Por
que
não
diz
a
Sophie?
Diga
que
a
ama.
Patrick
olhou
a
seu
irmão
com
os
olhos
carregados
de
dor.
―Não
é
algo
recíproco
Alex.
Ela
não
me
necessita,
vive
muito
bem
com
todos
os
homens
que
giram
a
seu
redor
durante
todo
o
dia.
Braddon
virtualmente
vive
conosco.
Alex
lhe
rodeou
os
ombros
com
um
braço.
―Voltaremos
para
Londres
dentro
de
umas
semanas,
mas
você
pode
vir
a
nos
ver
o
Downes
quando
quiser,
sabe.
Patrick
tentou
sorrir.
―Obrigado.
―Tenho
que
ir
procurar
Charlotte.
Quer
fazer
umas
compras
antes
que
voltemos
para
campo.
Esta
noite
visitará
seus
pais.
Você
gostaria
que
nós
dois
aproveitássemos
para
jogar
uma
partida
de
bilhar?
Patrick
assentiu
e
Alex
se
deteve
na
porta.
O
rosto
do
Henri
delatava
uma
sincera
simpatia
por
ela.
Moveu
a
cabeça
de
um
lado
a
outro
sem
tentar
dissimular
o
que
todos
pensavam,
quer
dizer,
que
naturalmente
Patrick
tinha
uma
amante.
Entretanto
cuidou
muito
de
revelar
o
que
pensavam
de
suas
frequentes
saídas
com
o
conde
de
Slaslow.
Sophie
fez
uma
profunda
inspiração.
A
conversa
não
era
muito
adequada
para
um
adolescente.
―Poderia
descobrir
―
Propôs
Henri
―Está
tarde
seguirei
o
senhor
Foakes
como
se
fosse
um
detetive
e
saberei
o
que
faz.
―Nada
disso
Henri!
―
Respondeu
Sophie
o
olhando
com
afeto
―
Vamos
esquecer
desta
conversa.
Não
deveríamos
ir
ver
o
leão
da
Bolsa?
Henri
assentiu;
mas
na
refeição
da
noite
se
deslizou
de
novo
no
quarto
com
tal
expressão
que
Sophie
adivinhou
imediatamente
que
algo
não
funcionava.
―O
que
aconteceu
Henri?
Ele
se
aproximou
dela.
―
Segui-‐lhe,
lady
Sophie,
embora
você
me
proibisse
isso.
Tem…
Acreditei
que
o
tinha
perdido
no
Bond
Street,
mas
depois
saiu
de
uma
casa.
Lady
Sophie,
o
senhor
Foakes
realmente
tem
uma
amante.
O
coração
dela
deu
um
tombo.
―Isso
não
está
bem
Henri
―
Disse
de
forma
automática.
Não
deveria
haver
seguido.
Deu-‐se
conta
surpreendida
de
que
não
lhe
tremia
a
voz.
O
menino
estava
visivelmente
surpreso.
Adorava
Sophie
e
a
traição
de
Patrick
chocava
frontalmente
com
sua
lealdade.
―Está
errado!
―
Exclamou
com
paixão
―
Eu
vou
dizer!
Essa…
Essa
mulher
alta
com
o
cabelo
negro…
Puaf!
É
um
monstro
comparada
com
você!
Sophie
esteve
a
ponto
de
sorrir
ao
evocar
a
imagem.
De
modo
que
Patrick
tinha
uma
amante
morena.
Sem
dúvida
se
tratava
de
uma
relação
anterior
a
seu
matrimônio
que
não
tinha
considerado
romper.
―Não
esteve
bem
que
o
seguisse
―
Repetiu
―Sobretudo
para
ver
se
tinha
uma
amante.
Ele
sentiu
um
pouco
de
remorso.
―Mas
é
que
eu
não
queria
acreditar
nos
outros
quando
diziam
que
o
senhor
Foakes
era
um
libertino.
Seu
pequeno
rosto
estava
deformado
pela
ira.
―As
coisas
são
assim,
Henri
―
Disse
gentilmente
Sophie
pondo
as
mãos
em
cima
dos
ombros.
Isso
não
põe
em
perigo
um
matrimônio.
Simplesmente,
é
assim.
Pouco
momento
depois
começaram
para
jantar.
Sophie
se
sentia
muito
desgraçada.
Nunca
tinha
tido
nem
a
menor
oportunidade
de
conquistar
o
coração
de
Patrick.
Uma
mulher
morena
tinha
chegado
antes
dela
e
certamente
estavam
compartilhando
um
jantar
romântico
já
que
ele
não
tinha
aparecido
essa
noite.
Permaneceu
acordada
até
as
três
da
manhã
rezando
por
que
Patrick
se
reunisse
com
ela
na
cama.
Por
fim
o
ouviu
chegar,
agradecer
a
seu
ajudante
de
câmara
e
meter-‐se
em
sua
própria
cama.
Sophie
pôde
comprovar
até
que
ponto
ele
estava
adormecido,
já
que
se
levantou
nas
pontas
dos
pés
e
entreabriu
a
porta
que
comunicava
os
dois
dormitórios.
Devia
estar
esgotado,
mas
ela
não
conseguia
zangar-‐se
realmente.
Quão
único
sentia
era
medo.
Embora
tivesse
negado
a
falar
de
suas
menstruações
com
o
Patrick
quando
estavam
a
bordo
do
Lark,
via-‐se
obrigada
a
admitir
que
não
as
tivesse
tido
desde
que
ele
subiu
pela
escada
até
seu
dormitório.
Decididamente
era
igual
a
sua
mãe.
Uma
gravidez
nada
mais
casar-‐se
e
um
matrimônio
fracassado.
O
bebê
já
tinha
modificado
ligeiramente
seu
corpo;
seus
seios
eram
maiores
e
seu
ventre
tinha
uma
ligeira
curva
que
secretamente
adorava.
Dormia
até
bem
entrada
a
manhã,
mas
a
única
pessoa
que
o
tinha
notado
era
sua
donzela.
Logo
estaria
gorda
e
disforme.
Patrick,
que
já
tinha
outras
distrações
em
outra
parte,
não
voltaria
nunca
para
entrar
em
seu
quarto.
Começou
a
soluçar
contra
o
travesseiro,
nem
tanto
por
causa
das
escapadas
de
seu
marido
como
por
não
alegrá-‐lo
suficiente
pela
chegada
desse
filho
tão
desejado.
Era
muito
cedo.
Patrick
perderia
todo
o
interesse
por
ela
e
além
só
queria
ter
um
filho.
Agora
já
não
teria
nenhuma
razão
para
ir
a
ela;
o
qual
significava
anos
inteiros
de
um
matrimônio
similar
ao
que
tinha
tido
sua
mãe.
Veria
seu
marido
nos
jantares
e
depois
ele
iria,
assistiriam
às
festas
no
campo
onde
a
anfitriã
automaticamente
lhes
atribuiria
quartos
separados
e
inclusive,
algumas
vezes,
inclusive
em
pisos
distintos.
Por
desgraça,
cada
vez
que
via
o
Patrick,
um
intenso
calor
se
apoderava
dela,
um
desejo
que
a
aturdia,
e
tanto,
mas
humilhante
por
quanto,
evidentemente,
não
era
recíproco.
Essa
noite
a
Sophie
custou
um
enorme
esforço
não
deslizar-‐se
na
cama
de
seu
marido.
O
orgulho
foi
em
sua
ajuda.
Ia
jogar-‐se
nos
braços
de
um
homem
que
acabava
de
sair
dos
braços
de
outra
mulher?
E
se
ele
a
rejeitasse?
E
se
ele
cheirava
ao
perfume
de
outra
mulher?
De
modo
que
permaneceu
onde
estava,
em
seu
próprio
dormitório.
Capítulo
19
No
dia
seguinte
pela
manhã,
Sophie
fez
um
esforço
para
pensar
atentamente
na
situação.
Certo,
que
seu
marido
tinha
abandonado
sua
cama
para
ir
a
de
uma
cortesã,
mas
tinha
que
estar
bem
com
ele,
do
contrário
seu
filho
ia
sofrer
as
consequências.
E
mas
valia
que
as
pessoas
acreditasse
que
não
se
importavam
as
aventuras
de
seu
marido.
Qualquer
manifestação
de
ciúmes
por
sua
parte
desencadearia
o
tipo
de
comentários
depreciativos
que
perseguida
sempre
a
seus
pais.
Querida
mamãe
―
Escreveu
em
seu
melhor
papel
de
cartas
―
Espero
que
papai
e
você
estejam
tendo
uma
temporada
agradável
no
campo.
Seu
relato
da
festa
da
primavera
da
senhora
Braddle
me
divertiu
muito.
Patrick
esta
muito
ocupado
neste
momento
de
modo
que
não
podemos
ir
visita-‐los
mas
agradeço
muito
seu
convite.
Londres
está
virtualmente
deserto
nesta
época,
mas
eu
passo
muito
tempo
com
Madeleine
Cornille,
a
filha
de
marquês
de
Flammarion.
Tem
que
conhecê-‐la
assim
que
volte
para
a
cidade,
estou
segura
de
que
te
parecerá
encantadora.
Henri
está
bem
é
muito
amável
por
sua
parte
que
se
interesse
por
ele;
está
muito
excitado
com
a
ideia
de
passar
o
próximo
trimestre
no
Harrow.
Patrick
o
levará
a
semana
que
vem.
Tentarei
encontrar
os
copos
que
me
pede
e
lhe
enviarei
imediatamente.
Sua
filha
que
te
quer
Sophie.
Remoeu
um
pouco
a
consciência
quando
fechou
o
envelope
antes
de
entregar
a
um
lacaio.
Se
a
marquesa
se
inteirava
de
que
estava
grávida
acudiria
imediatamente
a
vê-‐la.
Heloise,
ao
ler
a
carta,
franziu
o
cenho.
Sophie
falava
pouco
de
seu
marido
e
se
perguntou
se
estaria
imaginando-‐se
coisas
ou
se
o
matrimônio
de
sua
filha
não
estava
danificando.
―O
que
sabe
de
Patrick
Foakes,
George?
―
Perguntou
essa
mesma
noite.
―Perdão
querida?
―Patrick
Foakes
é
um
descarado?
Heloise
acostumava
a
chamar
as
coisas
por
seu
nome,
pensou
George.
Escolheu
as
palavras
com
cuidado.
―
Quando
era
jovem
sua
conduta
não
era
exemplar.
―Não
me
importa
sua
juventude
―
Cortou
ela
com
impaciência
―Acredita
que
mantém
uma
amante?
Por
isso
George
sabia
da
alta
sociedade
era
possível.
Seu
silêncio
foi
suficiente
resposta.
―Sabia
―
Murmurou
a
marquesa
―
Aconselhei
a
Sophie
que
se
casasse
com
um
libertino.
Que
estúpida
fui!
George
despediu
do
lacaio
com
gesto
e
se
aproximou
de
sua
mulher
ajudando-‐a
a
levantar-‐se.
―Possivelmente
Sophie
se
pareça
com
sua
mãe,
querida.
Heloise
estava
assombrada
e
a
beijou
nos
lábios.
―Sua
mãe
sabe
como
conquistar
um
libertino
―
Esclareceu
ele.
―Vamos
George
―
Repreendeu
ela
―
Não
pensará
que
me
vai
arrastar
até
a
cama
dizendo
isso.
Suas
formosas
amigas
possivelmente
se
esqueciam
de
jantar
para…
Fornicar
contigo,
mas
eu
não.
Voltou-‐se
a
sentar
mantendo
as
costas
muito
retas.
―E
chama
para
que
venham,
por
favor,
―
Grunhiu
―
Parece
que
Philippe
abandonou
seu
posto.
George,
sorrindo,
voltou
para
seu
lugar.
Adorava
essas
escaramuças
com
a
marquesa.
Ela
era
mais
teimosa
que
uma
mula.
―Não
se
preocupe
muito
por
nossa
pequena
Sophie
―
Disse
para
tranquiliza-‐la
servindo
uma
porção
de
bolo
de
damasco
―Tem
a
cabeça
bem
posta
sobre
os
ombros.
―É
um
otimista
sem
remédio,
George
―
Replicou
Heloise
com
os
olhos
cheios
de
carinho.
Capítulo
20
O
senhor
Foucault
sorriu
mostrando
seus
brancos
e
bicudos
dentes.
―Recorde
que
você
só
fala
turco.
A
Toupeira
assentiu.
Dado
o
conhecimento
que
tinha
desse
idioma
seria
melhor
que
fingisse
ser
mudo.
Foucault
desceu
da
carruagem
e
se
dirigiu
para
a
porta
aberta
da
residência
de
Patrick
Foakes;
com
seu
colete
a
raias,
seus
cabelos
cortados
e
o
lenço
de
renda
que
tinha
na
mão,
era
a
imagem
mesma
da
elegância.
Por
desgraça
esse
não
era
o
caso
de
seu
companheiro,
embora
este
também
usasse
um
colete
a
raias.
Uns
minutos
depois,
Foucault
explicava
ao
Patrick
que
eram
os
representantes
da
corte
do
grande
sultão
Selim
III.
Patrick
os
saudou
com
muita
cerimônia.
―Sinto-‐me
muito
honrado
de
conhecê-‐lo
―
disse.
Estava
acostumado
aos
formalismos
internacionais
e
se
esperava
ao
menos
meia
hora
dando
rodeios.
―Lamento
dizer
que
meu
acompanhante,
Bayrak
Mustafá,
ainda
não
domina
seu
idioma.
É
alguém
muito
próximo
a
Selim
e
é
muito
leal.
Sabe
você
falar
turco
senhor?
―Por
desgraça
não
―
Respondeu
Patrick
inclinando-‐se
diante
da
A
Toupeira
antes
de
voltar
sua
atenção
de
novo
ao
Foucault
―
Posso
lhes
oferecer
um
refresco?
Foucault
se
voltou
para
o
Bayrak
Mustafá
e
disse
algo
em
turco.
Patrick
observou
a
cena
com
interesse.
Temia
que
Foucault
fosse
um
impostor,
mas
parecia
falar
o
turco
perfeitamente.
Entretanto,
por
seu
modo
de
falar,
não
se
dirigia
ao
outro
homem
como
se
fosse
seu
igual.
Bayrak
Mustafá
devia
ser
uma
espécie
de
esbirro.
Este
último
assentiu
com
a
cabeça
e
respondeu
em
turco.
―Meu
amigo
e
eu
―
Traduziu
Foucault
com
seu
tom
parcimonioso
―
Estaremos
encantados
de
conhecê-‐lo
melhor.
Patrick
puxou
o
cordão
para
chamar.
―Fala
você
perfeitamente
o
turco
―
Disse
a
Foucault
―Minhas
felicitações.
O
homem
agitou
seu
lenço.
―Ah!
Notou
que
não
sou
turco
de
nascimento,
senhor.
Patrick
lhe
olhou
lhe
animando
a
continuar
e
o
prosseguiu:
―Conheci
meu
estimado
Selim
quando
ele
estava
viajando
pela
França
em
1788.
Descobrimos
que
tínhamos
muitas
coisas
em
comum.
Sorriu
já
que
em
parte
era
certo.
Conheceu
estúpido
do
Selim
quando
este
último
se
arrastava
por
Paris
perseguindo
a
algo
com
saias
que
cruzava
com
ele
e
procurando
briga.
Entretanto
a
explicação
que
deu
era
suficiente
para
Patrick
quem
também
tinha
conhecido
ao
Selim.
O
francês
era
exatamente
o
tipo
de
indivíduo
que
gostava
do
turco.
―Quando
aconteceram
os
terríveis
sucessos
que
obrigaram
ao
Selim
a
romper
suas
relações
com
Francia
―
Continuou
Foucault
―
Me
suplicou
que
não
o
abandonasse.
A
verdade
é
que
o
querido
Mustafá
é
meu
devoto
servidor.
Esperamos
as
mensagens
de
Selim
e
mandamos
o
que
nos
pede.
Por
exemplo,
adora
as
botas
de
montar
a
cavalo,
e
as
melhores
as
fabricam
na
Inglaterra.
Olhou
seu
próprio
calçado
com
carinho.
―
Selim
se
inteirou
que
você
ia
a
Turquia
para
sua
coroação;
que
será
uma
maravilhosa
cerimônia;
e
naturalmente,
disse-‐me
que
gostaria
que
eu
lhe
conhecesse.
Deu
um
delicado
gole
de
ratafía.
Patrick
estava
perguntando
o
que
Foucault
queria
dele,
parecia
estar
ligeiramente
tenso
e
isso
o
punha
em
guarda.
Quanto
a
seu
acompanhante,
tinha
todo
o
aspecto
de
um
valentão.
Foucault
parecia
ser
uma
espécie
de
fornecedor
de
Selim
e
Patrick
teria
posto
a
mão
no
fogo
a
que
o
que
enviava
ao
sultão
não
sempre
eram
botas
inglesas.
Mas
não
era
o
momento
de
interrogá-‐lo.
Depois
de
dizer
um
considerável
número
de
banalidades,
o
homem
por
fim
chegou
à
medula
do
assunto.
―
Eu
adoraria
assistir
à
coroação
do
querido
Selim
―
Disse
―
Desgraçadamente
minha
presença
é
indispensável
aqui
em
Londres.
Com
isso
dava
a
entender
que
o
esperavam
nas
melhores
casa,
entretanto
Patrick
nunca
o
tinha
visto
em
nenhuma
reunião
da
alta
sociedade.
―Nessas
condições
―
Prosseguiu
Foucault―
Me
perguntou
se
você
teria
a
amabilidade
de
levar
de
minha
parte
um
modesto
presente
para
o
sultão.
Ou
possivelmente
devesse
dizer
para
o
imperador.
Não
quero
que
meu
estimado
Selim
ache
que
esqueci
dele
em
tão
assinalada
ocasião.
Patrick
reprimiu
um
suspiro.
Evidentemente
Foucault
queria
assegurar-‐se
de
que
seria
bem
recebido
na
Turquia
se
via
obrigado
a
abandonar
a
Inglaterra.
Cada
vez
estava
mais
convencido
de
que
o
homem
era
um
estelionatário
ou
possivelmente
inclusive
um
criminoso.
Apesar
de
tudo
assegurou
que
estaria
encantado
de
levar
seu
presente
e
que
o
entregaria
em
mãos
ao
muito
mesmo
Selim
de
sua
parte.
Ao
fim
o
visitante
se
foi
deixando
depois
do
um
aroma
de
perfume
e
a
promessa
de
retornar
dois
meses
depois
com
o
presente.
―Ao
Selim
adora
os
rubis
―
Concluiu
antes
de
despedir
―
Estou
pensando
em
encarregar
um
tinteiro
encravado
de
rubis.
As
dúvidas
de
Patrick
minguaram.
O
próprio
Brecksby
havia
dito
o
mesmo
sobre
a
inclinação
do
Selim
por
esse
tipo
de
pedras;
e
não
precisava
saber
como
as
ia
arrumar
Foucault
para
conseguir
o
dinheiro
para
pagar
um
presente
assim.
Olhou
sem
vê-‐la,
a
porta
fechada.
Por
volta
de
dias
que
não
pensava
na
coroação
de
Selim,
mas
agora
tomava
uma
aparência
muito
diferente.
Teria
que
deixar
Sophie
estaria
ausente
vários
meses
e
a
sua
volta
ela
virtualmente
viveria
com
Braddon.
Essa
noite,
enquanto
seu
ajudante
de
câmara
colocava
bem
a
jaqueta
nos
ombros,
Patrick
tomou
uma
decisão.
Alex
tinha
razão,
estava
se
comportando
como
um
colegial.
Ele
queria
que
sua
mulher
se
apaixonasse
por
ele
e
certamente
abandonar
seu
leito
não
era
a
melhor
maneira
de
conseguir.
Quando
entrou
no
salão,
Sophie
estava
olhando
pela
janela,
vestida
com
um
singelo
vestido
verde
claro
de
seda.
A
sala
estava
mal
iluminada
já
que
tinha
começado
a
chover
de
repente
e
os
criados
ainda
não
tinham
tido
tempo
de
acender
os
candelabros.
A
roupa
que
usava
não
era
provocadora,
o
decote
não
era
grande
e
inclusive
tinha
um
xale
posto
sobre
os
braços
nus.
Patrick
se
sentiu
subjugado
uma
vez
mais
por
sua
beleza.
―Esta
noite
Henri
janta
conosco?
Ela
se
sobressaltou
e
se
voltou
para
ele.
―Não,
o…
Ele
atravessou
o
salão
com
grande
rapidez
e
a
levantou
em
seus
braços.
Ela
gritou
e
o
xale
deslizou
enquanto
Patrick
se
apoderava
de
seus
lábios
com
paixão.
Ela
se
ofereceu
a
ele
como
se
nunca
tivessem
deixado
de
beijar-‐se.
Em
seu
interior
se
produziu
um
verdadeiro
incêndio.
Ele
havia
retornado,
tinha
voltado
para
ela.
Tudo
se
misturou
em
seu
interior;
gratidão,
amor,
desejo;
enquanto
se
derretia
entre
os
braços
dele.
Muito
lentamente
ele
a
soltou.
Desenhou
com
o
dedo
a
linha
do
lábio
inferior
dela
olhando-‐a
com
seus
olhos
escuros
e
expressão
indecifrável.
Sophie
não
se
atrevia
a
pronunciar
uma
só
palavra.
Agora
que
Patrick
tinha
recordado
repentinamente
que
tinha
uma
esposa
as
perguntas
se
amontoavam
em
seus
lábios.
Onde
passa
as
noites?
Sua
amante
estava
ocupada
esta
noite?
Ele
continuava
em
silêncio
de
modo
que
acabou
por
balbuciar:
―
Foi
muito…
Muito…
Agradável
Patrick.
Como
ele
continuava
sem
dizer
nada,
segurou
seu
braço
e
se
dirigiram
para
a
sala
de
jantar.
Patrick
estava
aturdido.
Quando
Sophie
estava
entre
seus
braços
se
sentia
cheio
de
alegria.
Quando
ela
se
apertava
contra
ele,
Ele
se
sentia
maravilhosamente
bem.
Mas
quando
o
olhava
com
essa
expressão
dizendo
que
seus
beijos
eram
“agradáveis”
tinha
desejo
de
largar
e
não
voltar
nunca.
Durante
o
jantar
bebeu
três
vezes
mais
do
normal.
Cada
vez
que
olhava
Sophie,
sentada
frente
a
ele,
consumia-‐lhe
o
desejo
e
se
apoderava
do
copo
de
vinho.
Era
incapaz
de
pensar
em
outra
coisa
que
não
fosse
o
que
ia
fazer
quando
acabasse
essa
interminável
janta.
Ela
tinha
recolhido
descuidadamente
o
cabelo
e
umas
mechas
caíam
pelo
rosto
até
os
ombros.
Uma
mecha
rebelde
inclusive
posou
no
respaldo
da
cadeira
de
tal
modo
que
parecia
pálido
âmbar
sobre
uma
madeira
quase
negra.
Clement
trocou
o
prato
de
pedaços
de
boi
por
cabrito.
Sophie
se
remexia
em
seu
assento
como
se
estivesse
sentada
sobre
um
formigueiro.
Observada
por
seu
marido,
sentia-‐se
de
uma
vez
incômoda
e
excitada.
A
chuva
golpeava
a
janela
fazendo
impossível
a
conversa
e
por
outra
parte
o
talento
natural
de
Sophie
para
falar
parecia
havê-‐la
abandonado.
E
além
cada
tema
que
tentava
abordar
era
cortado
pela
raiz
pelas
monossilábicas
respostas
de
Patrick.
Estava
procurando
desesperadamente
um
tema
que
pudesse
interessar
quando
ele
declarou:
―
Ontem
Alex
veio
à
cidade.
tomou
conta
dela.
Com
um
ligeiro
movimento
deslizou
entre
a
mesa
e
seu
marido.
Ele
se
sobressaltou
quando
ela
se
inclinou
para
passar
a
língua
por
seus
lábios.
Instintivamente
a
sentou
em
seus
joelhos.
Ela
estava
perdida
em
muita
sensualidade
reforçada
por
semanas
de
abstinência.
Gemeu
sob
o
apaixonado
beijo
de
Patrick
quem
se
dava
conta,
vagamente,
de
que
sua
dócil
e
“agradável”
pequena
esposa,
estava
rasgando
sua
camisa
em
metade
da
sala
de
jantar.
Clement
ou
um
lacaio
podiam
entrar
em
qualquer
momento.
Entretanto
a
deixou
fazer
para
não
romper
o
encanto.
Sophie
se
apertava
contra
ele
e
ele
tinha
metido
uma
mão
sob
o
vestido
arrancando
pequenos
gemidos
de
prazer.
Deu-‐se
conta
de
que
estava
a
ponto
de
tombá-‐la
de
costas
sobre
o
tapete
e
possuí-‐la
ali
mesmo.
Levantou-‐a
nos
braços
e
passou
sem
dizer
nada
diante
o
lacaio
que
se
colocou
atrás
da
porta.
O
homem
certamente
seria
capaz
de
entender
se
por
acaso
só
que
não
era
necessário
que
levasse
a
sobremesa.
Patrick
subiu
rapidamente
a
escada
e
Sophie
apoiou
a
cabeça
em
seu
ombro
como
se
quisesse
esconder-‐se.
Mas
na
realidade
estava
acariciando
sua
pele
com
a
língua
o
deixando
louco
de
desejo.
Assim
que
ele
teve
fechado
a
porta
do
quarto
com
um
chute,
ela
se
desprendeu
de
seus
braços
e
tirou
a
roupa
sem
preocupar-‐se
nem
pelos
botões
nem
pelos
colchetes.
Ela
estava
ali,
a
mulher
com
a
que
o
sonhava
todas
as
noites.
Com
uma
espécie
de
uivo
se
lançou
sobre
ela
e
a
empurrou
para
a
cama.
Em
vez
de
passar
os
braços
ao
redor
do
seu
pescoço,
ela
se
dedicou
a
lhe
desabotoar
as
calças.
Patrick
acabou
de
tirá-‐la
e
sem
se
importar
de
tirar
os
calções,
agarrou-‐a
pelos
quadris
e
a
penetrou
de
um
só
golpe.
Ela
gritou
enquanto
se
arqueava
para
ele.
Mas
tarde
Sophie
despertou
ao
notar
que,
pondo
uma
mão
nas
nádegas,
seu
marido
a
atraía
para
ele.
E
quando
começou
a
despontar
a
alvorada,
foi
Patrick
quem
abriu
os
olhos
para
encontrar-‐se
com
o
encantador
corpo
de
sua
esposa
inclinado
sobre
ele.
Encontrou-‐se
com
seu
olhar
azul
e
respondeu
com
um
sorriso.
O
administrador
de
Patrick
chegou
pontualmente
as
onze
e
esteve
dando
passeio
pelo
escritório
durante
meia
hora
até
que
o
estirado
mordomo
foi
avisar
de
que
o
senhor
não
estava
disponível.
Antonin
Careme
esperou
em
vão
lady
Sophie
para
a
prova
de
seu
novo
traje.
Os
Foakes
não
se
encontraram
no
café
da
manhã.
Não
cruzaram
por
acaso
no
vestíbulo,
nem
assistiram
juntos
à
posta
em
cena
da
bruxa
conquistada
que
se
representava
no
Covent
Garden.
Porque
não
se
separaram.
A
fome
que
torturava
Patrick
só
se
viu
saciada
depois
de
várias
horas
de
carícias
e
jogos.
O
desespero
que
abateu
sobre
Sophie
se
apaziguou
pelo
inesgotável
ardor
de
seu
marido.
Não
falaram
de
nada
importante,
mas
o
mundo
tinha
voltado
para
a
normalidade
e
eles
estavam
revivendo
a
intimidade
que
conheceram
a
bordo
do
Lark.
Patrick
chamava
a
si
mesmo
estúpido
por
ter
acreditado
que
sua
esposa
era
indiferente
as
suas
ausências.
Tinha
tido
muitas
amantes
ávidas
de
sexo,
mas
nenhuma
delas
tinha
o
desejo
alegre
e
maravilhoso
de
sua
mulher.
Pediu-‐lhe
perdão
em
silêncio.
Capítulo
21
Na
manhã
seguinte
Patrick
e
Sophie
se
separaram
com
um
último
beijo.
Nas
acomodações
dos
criados,
na
zona
comum,
soaram
dois
sinos
ao
mesmo
tempo.
―Estão
chamando
Keating
―
Anunciou
Clement
―E
a
ti
também
Simone.
Esta
levantou
os
olhos
ao
céu
abandonando
seu
croissant.
―Por
fim
o
senhor
a
deixa
sair
da
cama.
Espero
que
ainda
seja
capaz
de
andar.
Keating
lhe
lançou
um
severo
olhar.
―Não
se
fala
assim
do
senhor
―
Trovejou.
Simone
mostrou
a
língua
a
suas
costas.
―Hipócrita!
―Resmungou
―
O
que
acredita
que
fez
seu
adorado
senhor
na
cama
todo
o
dia
de
ontem?
Jogar
xadrez?
Sophie
recebeu
a
sua
donzela
com
um
amplo
sorriso.
―
Pode
se
encarregar
de
que
me
preparem
um
banho?
Vestirei
o
traje
de
amazona
verde.
Simone
dissimulou
um
sorriso.
Não
era
necessário
perguntar
que
tinham
estado
fazendo
os
senhores,
bastava
ver
a
alegria
de
lady
Sophie.
Ela
teria
falado
do
bebê
a
seu
marido?
A
donzela
suspeitava
desde
para
algum
tempo,
mas
parecia
não
haver-‐se
dado
conta.
Olhou
ao
seu
redor.
Certamente
daria
de
presente
uma
jóia
a
lady
Sophie
quando
se
inteirasse
da
notícia.
Possivelmente
uns
diamantes.
Dizia-‐se
que
era
muito
rico.
Sophie,
por
sua
parte,
era
tão
feliz
que
lhe
pareceu
estar
flutuando
até
que
chegou
Braddon.
Tinha
que
ensinar
Madeleine
como
comportar-‐se
durante
uma
comida.
Por
uma
vez,
Braddon
teve
permissão
para
assistir
à
lição.
Normalmente
o
jogavam
já
que
se
passava
o
tempo
contemplando
seu
amor
ou,
o
que
era
ainda
pior,
as
arrumava
para
sentar-‐se
a
seu
lado.
―Homens!
―
Exclamava
Madeleine
com
sua
franqueza
habitual
―
Só
pensam
em
beijar
as
mulheres.
Todo
o
dia.
Meu
pai
me
disse
isso.
Nunca
me
deixou
me
relacionar
com
os
homens
que
foram
aos
estábulos
porque
tinha
medo
de
que
tentassem
me
roubar
algum
beijo.
―Como
conheceu
então
Braddon?
―Perguntou
Sophie.
―Mm
―
Grunhiu
ele
pouco
convencido.
Sentou-‐se
ao
lado
de
Madeleine,
em
frente
de
Sophie.
―Tem
razão,
Maddie.
Volta
a
fazê-‐lo!
Madeleine
se
pôs
a
rir.
acumulados
sobre
seu
escritório.
Entre
as
faturas
e
as
cartas
de
seus
distintos
encarregados
no
estrangeiro
se
deslizava
a
visão
da
pequena
mão
que
tinha
tido
que
se
separar
de
seu
ombro
quando
se
levantou
essa
manhã.
Sophie
tinha
suspirado
antes
de
dar
a
volta
com
o
pescoço
da
leve
camisola
aberta.
Havia-‐lhe
custado
muito
deixá-‐la.
A
porta
da
biblioteca
se
abriu
de
repente
e
levantou
o
olhar,
molesto.
O
pessoal
tinha
ordens
de
não
o
incomodar,
mas
não
se
tratava
nem
de
seu
secretário
nem
de
um
lacaio.
Sua
esposa
entrou
e
fechou
a
porta
atrás
dela.
Aproximou-‐se
dele
sem
fazer
ruído.
Ele
parecia
estar
tão
surpreso
que
ela
esteve
a
ponto
de
recuar,
mas
apesar
de
tudo
chegou
até
a
poltrona
e
apoiou
a
mão
em
seu
braço.
Ele
tinha
subido
as
mangas
e,
sem
dar-‐se
conta,
acariciou
sua
pele.
―Não
tinha
um
encontro
com
o
Braddon?
Era
sexta-‐feira,
e
as
sextas-‐feiras
ela
habitualmente
os
passava
com
o
Braddon,
até
o
ponto
que
ele
em
seu
interior
o
apelidava
“o
dia
do
Slaslow”
―
Cancelei
―
Ela
disse
―
O
que
está
fazendo?
―Estou
trabalhando.
Ela
levantou
uma
sobrancelha
e
deu
uma
olhada
aos
papéis.
―Estou
comprovando
a
fatura
do
último
carregamento
que
chegou
da
Rússia
―
Continuou
ele.
―O
que
vai
fazer?
―
Perguntou
ela
com
sincera
curiosidade.
Inclino-‐se
sobre
a
fileira
de
cifras.
―A
que
corresponde
isto?
―
Perguntou
assinalando
um
número.
―Aos
samovares.
Compramos
quatorze.
Sophie
suspirou.
―
Eu
adoraria
ir
a
Rússia!
―De
verdade?
Seus
olhos
brilhavam.
―Tem
lido
as
crônicas
da
viagem
a
Sibéria
do
Kotzebue?
―Não.
Patrick
depositou
a
pluma
no
tinteiro
e
se
apoiou
no
respaldo
para
observá-‐la.
Pelo
geral
às
damas
inglesas
Bath
parecia
o
fim
do
mundo.
Entretanto,
ali
estava
Sophie,
com
todo
o
aspecto
de
ser
uma
dama
como
Deus
manda,
com
seu
vestido
de
musselina
branca,
um
traje
perfeitamente
confeccionado,
nem
provocador
nem
extravagante.
Deu-‐se
conta,
e
não
pela
primeira
vez,
de
que
ela
tinha
trocado
seu
estilo
depois
de
seu
matrimônio.
Não
se
queixava
já
que
lhe
bastava
vislumbrando
uma
pequena
porção
de
sua
rosada
pele
para
que
se
apoderasse
dele,
o
desejo.
Inclinou-‐se,
interrompendo
Sophie
em
sua
descrição
das
aventuras
do
senhor
Kotzebue,
e
a
sentou
sobre
seus
joelhos.
Ela
não
se
debateu,
ao
contrário,
seus
olhos
tomaram
um
tom
violeta
muito
prometedor.
Ele
se
apoderou
de
seus
lábios
sem
lhe
dar
tempo
de
protestar.
De
todos
os
modos
ela
não
pensava
fazê-‐lo.
Entregou-‐se
a
ele
como
se
esse
tipo
de
intimidade
se
transformasse
em
uma
segunda
natureza
para
ela,
como
se
já
estivesse
acostumada
à
onda
de
desejo
que
ameaçava
afogando-‐a.
Ele
a
aproximou
mais
ao
seu
corpo
enquanto
liberava
um
de
seus
seios.
Quando
brincou
com
o
rosado
mamilo,
ela
teve
a
sensação
de
que
se
desfazia
e
se
agarrou
a
seus
ombros.
O
mundo
desapareceu
e
só
ficaram
as
sensações.
Não
protestou
quando
a
mão
livre
de
Patrick
subiu
ao
longo
de
sua
perna.
Depois
ele
se
deteve
e
Sophie
abriu
os
olhos.
Estava
meio
tombada
sobre
a
escrivaninha
e
a
camisa
de
Patrick
estava
aberta
deixando
ver
seu
musculoso
peito.
Não
sabia
se
tinha
sido
ela
quem
a
tinha
desabotoado
―Sem
calcinhas?
―
Ele
perguntou.
Ela
mal
podia
ver
como
era
possível
que
ele
estivesse
tão
tranquilo
quando…
Quando…
―Sim
―
Respondeu
estremecida.
―
Por
quê?
―
Perguntou
ele
com
um
tom
que
queria
aparentar
indiferença.
Certamente
que
se
imaginava
por
que!
Era
sexta-‐feira,
o
dia
de
Braddon.
Certamente
ela
nunca
usava
calcinhas
as
sextas-‐feiras.
Sua
mão
ficou
imóvel
de
novo
e
algo,
no
silêncio
que
se
produziu,
alertou
Sophie.
Patrick
olhava
a
sua
formosa
esposa.
Sua
esposa.
A
sua.
Não,
a
sua,
não!
Ela
se
levantou
e
passou
as
mãos
pela
cintura
apertando
os
lábios
contra
sua
pele.
―
Quando
era
pequena,
ouvi
um
dia
a
minha
babá
falando
com
uma
de
quão
criadas
ia
casar
se.
Supunha-‐se
que
eu
não
estava
escutando,
mas
o
fazia
de
todas
as
formas.
A
babá
dizia
que
se
queria
agradar
a
seu
marido
de
vez
em
quando
devia
esquecer-‐se
de
usar
roupa
intima.
Sua
voz
baixou
uma
oitava.
―
Esta
manhã,
gostaria
de
não
usá-‐la.
Mas
evidentemente,
como
Simone
me
estava
vestindo,
tive
que
pôr.
Patrick
era
dolorosamente
consciente
do
fôlego
de
Sophie
sobre
seu
peito
e
dos
pequenos
beijos
que
ia
dando
à
medida
que
falava.
―
Então
―
Continuou
―
Esperei
que
ela
se
fosse,
tirei
as
calcinhas
e
as
tornei
a
dobrar
exatamente
igual
a
como
o
faz
ela
antes
das
guardar
na
cômoda.
Desse
modo
não
se
inteirará.
De
todas
as
formas,
durante
o
café
da
manhã
recordei
que
ela
era
a
que
se
ocupava
de
me
despir
todas
as
noites.
O
que
vai
pensar
quando
vir
que
perdi
minhas
calcinhas?
Patrick
sentiu
um
imenso
alívio.
Esta
era
sua
Sophie.
O
bastante
francesa
para
usar
calcinhas
(que
as
inglesas
consideravam
muito
atrevidas),
mas
também
o
bastante
inglesa
para
temer
a
reação
de
sua
donzela
se
não
as
usava.
―Então
―
Sussurrou
Sophie
―
Quis
descobrir
o
que
você
podia
fazer
a
respeito.
Ele
a
levantou
e
rodeou
sua
cintura
com
as
pernas
instintivamente.
Depois
a
levou
a
divã
e
se
ajoelhou
a
seu
lado
cheio
de
alegria.
Olhou-‐a
com
os
olhos
brilhantes
de
felicidade
e
depois
lhe
beijou
as
pálpebras
enquanto
levantava
suas
saias
até
a
cintura.
Ela
estava
inchada
e
era
doce,
o
mais
doce
que
tinha
provado
em
sua
vida,
e
cada
uma
de
suas
carícias
ia
acompanhada
de
um
rogo
sussurrado
e
de
um
gemido
de
prazer.
Ele
sorria
contendo
o
fogo
que
ameaçava
queimando.
Sua
pequena
esposa
tinha
ido
a
ele
sem
calcinhas
e
ele
não
ia
apressar-‐se.
Foi
fechar
a
porta
com
chave
e
se
despiu
tombando-‐se
depois
em
cima
de
Sophie.
Ele
a
provocava
mais
e
mais,
desfrutando
de
seus
suspiros
de
prazer
até
que
ela
abriu
os
olhos
e
gritou:
―Patrick!
Ele
inclinou
a
cabeça
para
acariciar
seus
lábios
sem
deixá-‐la
chegar
ao
orgasmo.
De
repente
ela
se
afastou
o
empurrando
sobre
o
amplo
divã.
Os
olhos
dela
tinham
um
brilho
tão
diabólico
como
os
seus.
Os
dois
riram
cheios
de
malícia
e
de
desejo.
Ela
se
sentou
escarranchada
sobre
ele.
―Vejamos
se
você
gosta
disso
―Murmurou
ela
contra
sua
boca.
Esfregava-‐se
contra
ele
com
lascívia
e
ao
olhá-‐la
lhe
cortou
o
fôlego.
Ela
se
pôs
a
rir.
Encontrou
seus
mamilos
e
os
agarrou
entre
seus
lábios
do
mesmo
modo
que
ele
fazia
às
vezes
com
ela
e
logo
depois
deslizou
pelo
divã
cuidando
de
não
precipitar
as
coisas.
Agarrou
a
ereção
dele
entre
as
mãos
e
depositou
nele
um
ligeiro
beijo.
―
Sophie!
Ela
se
animou,
acariciou-‐lhe
com
a
ponta
da
língua
e
abriu
a
boca.
Viu-‐se
recompensada
por
um
gemido
rouco.
Então
mordeu
com
cuidado
como
ele
parecia
gostar.
Desta
vez
não
obteve
um
gemido
e
sim
um
verdadeiro
grito.
Ele
rodou
até
o
chão
tão
rapidamente
que
não
lhe
deu
tempo
a
reagir,
e
se
encontrou
tombada
sobre
o
grosso
tapete
com
o
vestido
suspenso
e
as
pernas
ao
redor
da
cintura
de
Patrick.
Os
dois
se
mergulharam
na
dança
selvagem
dos
amantes.
Explodiram
juntos
com
um
grande
grito
antes
de
cair
um
sobre
o
outro,
esgotados.
Patrick
rodou
a
um
lado
arrastando
Sophie
com
ele.
Ela
ainda
tremia
e
lhe
custava
respirar.
―Patrick?
―Mmm.
―Você
não
gostou
que
te…
mordiscasse?
―
Eu
adorei.
―Tenho
que
te
confessar
uma
coisa.
Não
fui
completamente
sincera
contigo.
Ele
a
escutava
distraído.
―
Não
te
interrompi
porque
já
havia
resolvido
o
problema
de
minhas
calcinhas.
Só
queria
te
seduzir.
Não
pensei
em
outra
coisa
em
toda
a
manhã.
Patrick
a
abraçou.
Era
maravilhoso
fazer
amor
com
sua
esposa
sobre
uma
montanha
de
faturas,
sobre
um
divã
e
sobre
o
tapete
da
biblioteca.
Era
maravilhoso
ter
uma
esposa
que
só
tinha
pensado
nisso
toda
a
manhã.
Só
depois,
pela
tarde,
uma
ideia
passou
por
sua
mente.
Estava
revivendo
o
momento
no
que
levantou
a
saia
de
Sophie,
voltou
a
pensar
na
voluptuosidade
de
seus
seios.
Pensou
que
estavam
mais
cheios
e
se
perguntou
se
era
devido
a
suas
carícias.
―Tanto
tempo
faz?
Ele
se
suavizou
um
pouco.
Ela
foi
chamar.
―
Então
vou
chamar
a
Simone,
é
a
hora
de
meu
banho.
Foakes.
Por
que
lhe
enviava
uma
mensagem
como
esse
essa
noite?
Acaso
não
podia
esperar
até
o
dia
seguinte?
E
porque
a
nota
lhe
chegava
da
sala
de
boxe
em
vez
de
fazer
da
casa
do
Foakes?
Jennings
não
estava
tranquilo.
Temia
que
Patrick
tivesse
um
filho
fora
do
matrimônio.
As
coisas
sempre
ficavam
difíceis
quando
havia
no
meio
filhos
ilegítimos.
E
sabia
algo
disso
já
que
sua
assinatura
tinha
a
honra
de
ocupar-‐se
dos
assuntos
da
família
real.
No
caminho
de
volta,
Patrick
recordou
a
desagradável
maneira
em
que
tinha
deixado
a
sua
esposa.
De
novo
tinha
perdido
o
sangue-‐frio.
Felizmente
Sophie
não
se
zangou.
A
menos
que…
Recordou
seu
rosto
sorridente
enquanto
mantinha
aberta
a
porta
de
seu
dormitório.
Uma
vez
em
casa
subiu
diretamente
pelas
escadas
para
ir
vê-‐la.
A
noite
era
úmida
e
bastante
fria
para
que
houvesse
um
fogo
aceso
na
lareira.
Ela
estava
sentada
perto
da
lareira
vestida
com
uma
fina
camisola
de
cambraia.
Ele
foi
sentar
se
na
outra
poltrona
e
esticou
as
pernas.
Sophie
lhe
sorriu,
mas
seus
olhos
tinham
uma
cor
azul
escura
e
o
olhavam
com
desconfiança.
Sabia
interpretar
seus
olhares.
―Peço-‐te
perdão
―
Disse.
Ela
assentiu.
―Haveria-‐lhe
isso
dito,
se
tivesse
perguntado.
Tinha
as
mãos
crispadas
sobre
os
joelhos.
Na
realidade
estava
rígida
de
ira
mais
que
podia
dizer?
Se
abrisse
a
boca
ia
gritar
reprovando
sua
brutalidade
para
com
seu
filho
não
nascido
e
sua
estupidez
em
geral.
Era
melhor
calar-‐se.
Cruzou
os
dedos
com
tanta
força
que
ficaram
brancos.
―Viu
a
algum
médico?
Ela
levantou
os
olhos
surpresa.
―Não.
―Vou
te
buscar
um.
Poucos
minutos
depois
se
levantou,
pegou
sua
esposa
em
seus
braços
e
voltou
a
sentar
conservando-‐a
sobre
seus
joelhos.
Ela
não
demorou
a
relaxar
contra
seu
peito.
―Uma
esposa
e
um
filho
―
Murmurou
ele.
Fechou
os
braços
ao
redor
dela
como
assim
pudesse
protegê-‐la
melhor,
e
permaneceram
assim
muito
tempo
antes
de
ir
deitar.
Capítulo
22
Em
princípios
de
maio,
a
nobreza
começou
a
voltar
para
Londres.
As
aldavas
voltaram
a
pôr
nas
portas
de
carvalho
e
tiraram
as
capas
dos
móveis.
As
governantas
trabalhavam
em
excesso
contando
as
velas
e
comprovando
o
estado
de
lençóis
e
toalhas.
Os
mordomos
se
queixavam
da
irresponsabilidade
dos
jovens
e
enviavam
mensagens
desesperados
às
agências
de
emprego.
Lady
Fiddlesticks
necessita
quatro
lacaios
para
a
semana
que
vem.
Se
não
tiver
duas
boas
donzelas,
preferivelmente
do
campo,
a
governanta
do
barão
Piddlesford
vai
ficar
louca.
Lady
Brimticky
procura
dois
lacaios
a
jogo;
a
mesma
cor
de
cabelo,
a
mesma
altura,
a
mesma
corpulência;
para
ir
à
traseira
de
sua
limusine.
Prefere-‐os
morenos.
Abstê-‐los
ruivos.
A
temporada
estava
a
ponto
de
começar.
As
damas
chamavam
as
costureiras
escolhidas
e
se
passavam
horas
rodeadas
de
alfinetes.
Os
cavalheiros
iam
a
seus
alfaiates
e
compravam
botas
novas,
tão
brilhantes
que
poderiam
haver-‐se
atado
as
gravatas
refletidos
nelas.
Os
mais
atrevidos,
ou
os
mais
gordos,
provavam-‐se
os
novos
cheios
para
os
ombros
e
as
pernas
que
seus
lacaios
tinham
comprado
de
forma
anônima.
Com
as
panturrilhas
devidamente
reforçadas,
foram
se
passar
um
momento
no
Whites
ou
à
Câmara
dos
Lordes.
No
espaço
de
uma
semana,
Piccadilly
e
o
bairro
da
Bolsa
se
encheram
de
carruagens
de
todo
tipo.
Altos
faetones
percorriam
High
Park.
Os
vendedores
de
fruta
do
Covent
Garden
exibiam
uma
alegre
expressão
e
os
vendedores
de
lavanda
ofereciam
seu
Ramos
aos
passeantes
do
Mayfair.
Henri
foi
enviado
ao
Harrow
para
passar
o
trimestre
provido
de
um
novo
guarda-‐roupa
e
muito
orgulhoso
com
os
xingamentos
que
tinham
ensinado
os
moços
dos
estábulos.
Seus
olhos
brilhavam
de
antecipação.
Com
a
força
da
juventude
tinha
afastado
de
sua
mente
as
terríveis
lembranças
da
guerra
e
estava
preparado
para
a
aventura
do
colégio.
Sophie
e
Madeleine
já
estavam
terminando
com
suas
lições.
Madeleine
era
perfeita,
assimilava
os
ensinos
como
se
fosse
uma
esponja
e
sabia
sobre
a
nobreza
britânica
mais
do
que
Sophie
se
incomodou
nunca
em
aprender.
Os
aspectos
mais
difíceis
da
vida
de
um
aristocrata
já
não
tinham
segredos
para
ela;
sabia
como
pôr
em
seu
lugar
a
um
criado
impertinente,
usava
o
leque
como
se
fosse
uma
arma
enquanto
se
mantinha
tranquila,
movia-‐se
pela
pista
de
baile
como
peixe
na
água.
Vestida
à
última
moda
francesa,
parecia
formar
parte
da
família
real.
Então
por
que
eu
não
sou
feliz?
Perguntava-‐se
Sophie.
Seu
objetivo
estava
completo,
mas
pra
lá
de
qualquer
esperança;
Madeleine
seria
uma
perfeita
condessa.
Essa
noite
Patrick
e
ela
celebravam
um
jantar
na
qual
a
jovem
seria
lançada
à
sociedade.
Mas
Patrick…
Depois
de
que
falou
com
o
médico,
não
voltou
a
mencionar
o
bebê.
―É
o
doutor
Lambeth
―
Havia
dito
―
Amanhã
virá
te
visitar.
―
Ia
consultar
o
médico
de
Charlotte
―
Tinha
replicado
ela.
―O
médico
de
Charlotte?
Está
louca?
Ela
esteve
a
ponto
de
morrer
no
parto.
Ela
se
absteve
de
responder
que,
por
isso
ela
sabia
os
problemas
de
Charlotte
não
tinham
sido
em
modo
algum
provocados
pelo
médico,
mas
não
valia
a
pena
discutir.
Ao
fim
e
ao
cabo
não
era
algo
muito
importante.
―Como
é
que
escolheu
o
doutor
Lambeth?
―Não
fui
eu.
Segundo
meu
advogado,
que
consultou
as
estatísticas,
ele
é
quem
tem
em
seu
haver
menos
mulheres
mortas
dando
a
luz.
Sophie
tinha
estremecido
sem
dizer
nada.
Depois
da
visita
do
médico
tinha
compartilhado
com
Patrick
suas
conclusões:
não
havia
razões
para
alarmar-‐se.
Ele
se
limitou
a
assentir
com
a
cabeça.
Jantavam
juntos,
tomavam
o
café
da
manhã
juntos,
mas
nunca
falavam
do
menino
que
crescia
em
seu
interior.
Uma
ou
duas
vezes
disse
a
si
mesma
que
ele
devia
pensar
no
bebê,
já
que
o
agarrava
sua
cintura
como
se
a
estivesse
medindo;
mas
apesar
de
tudo
não
comentava
nada
e,
quando
ela
tirava
o
tema,
ele
tirava
outro
ou
abandonava
a
estadia.
―Não
quer
este
bebê
―
Murmurou
Sophie
para
si
mesma
com
o
olhar
cheio
de
angústia
e
as
mãos
cruzadas
sobre
seu
ventre.
Em
realidade
não
era
nada
novo,
Patrick
nunca
tinha
escondido
seus
sentimentos
respeito
desse
assunto.
Possivelmente
estava
amargurado
porque
já
não
podiam
fazer
amor,
disse-‐se.
Sua
mãe
tinha
decretado
que
nesse
estado,
um
matrimônio
devia
abster-‐se
de
fazer
amor.
Quando
Sophie
o
mencionou,
Patrick
assentiu
em
silêncio
e
não
voltou
a
tocá-‐la.
Sophie
não
sabia
como
confessar
que
não
tinha
nem
a
menor
intenção
de
fazer
caso
aos
conselhos
de
sua
mãe.
Ao
menos
deveriam
consultar
o
doutor
Lambeth.
Entretanto
era
muito
tímida
para
dizer-‐lhe.
Patrick
oferecia
o
braço
para
acompanhá-‐la
à
sala
de
jantar,
olhava-‐a
agradado
mas
sem
luxúria,
e
se
davam
as
boa
noite
de
maneira
formal
diante
a
porta
dela.
Sophie,
por
sua
parte,
surpreendia
a
si
mesma
olhando
as
largas
e
musculosas
pernas
de
seu
marido
com
desejo.
Teria
gostado
de
lhe
acariciar
as
costas,
sonhava
com
seus
beijos
e
sentindo
suas
mãos
nela.
Mas
era
muito
pudica
para
lançar-‐se
a
seu
pescoço,
e,
além
disso,
ele
parecia
totalmente
indiferente.
Devia
ter
acudido
de
novo
aos
braços
de
sua
amante
morena,
já
que
uma
ou
duas
vezes
por
semana
voltava
para
dormitório
ao
amanhecer.
Pode
que
não
gostasse
de
vê-‐la
engordar,
ela
se
olhava
no
espelho
de
corpo
inteiro
de
seu
dormitório
e
odiava
o
que
via.
Seus
seios
eram
muito
grandes
e
também
seu
ventre.
Enojada,
dava
as
costas
ao
espelho.
No
parque,
onde
as
carruagens
das
cortesãs
se
misturavam
com
os
da
alta
sociedade,
Sophie
procurava
com
o
olhar
alguma
beleza
morena
e
comparava
a
elegante
esbelteza
dela
com
sua
figura
cada
vez
mais
arredondada
e
seus
brilhantes
cabelos
com
seu
vulgar
cabelo
loiro.
Mas
ela
era
inteligente,
pensava
para
consolar-‐se
nos
piores
momentos
de
desânimo.
De
modo
que
começou
a
pôr
essa
inteligência
ao
serviço
dos
jantares
que
organizava
com
seu
marido.
Lia
o
Time,
o
Morning
Post,
peças
de
teatro
e
panfletos,
e
deste
modo
suas
recepções
se
convertiam
em
amenos
períodos
nos
quais
se
debatiam
os
grandes
problemas
da
época.
Os
êxitos
militares
de
Napoleão
no
leste
ou
as
novas
leis
sociais
a
favor
dos
operários.
Falava
com
Patrick
de
suas
importações
e,
de
noite,
sonhava
com
grandes
navios
navegando
entre
Londres
e
a
Índia.
Os
únicos
temas
que
não
abordavam
eram
o
bebê
e
os
ecos
de
sociedade
do
Morning
Post.
O
jornal
parecia
estar
obcecado
pelos
adultérios
e
Sophie
só
lia
essas
páginas
para
tentar
averiguar
onde
Patrick
passava
as
noites.
Mas
seu
nome
não
era
mencionado
nunca
e
concluiu
que
ele
era
mais
discreto
que
seu
pai,
o
marquês.
Por
outra
parte
não
tinha
dúvidas
na
forma
que
passava
as
noites.
Como
se
tinha
ficado
em
Londres
não
tinha
que
fazer
nenhum
preparativo
para
passar
a
temporada.
Antonin
Careme
já
havia
feito
elegantes
vestidos
de
grávida
destinados
a
dissimular
o
engrossamento
de
seu
ventre,
mas
ela
engordava
muito
rapidamente
e
logo
foi
impossível
esconder
a
evidência.
Charlotte
notou
assim
que
a
viu
essa
noite
e
deu
um
grito
de
alegria.
―Sophie!
Por
que
não
me
escreveu
para
me
dizer
isso.
Quando
Alex
entrou
no
salão
uns
minutos
depois,
encontrou
com
as
duas
cunhadas
falando
animadamente.
Lançou
um
rápido
olhar
à
Sophie
antes
de
voltar-‐se
para
seu
gêmeo.
Este
não
pôde
conter
um
sorriso
ao
cruzar
seu
olhar.
Não
porque
estivesse
feliz
pelo
futuro
nascimento;
negava-‐se
inclusive
a
reconhecer
que
existisse;
mas
de
todas
as
formas
estava
bastante
orgulhoso.
Alex
lhe
aplaudiu
as
costas
em
uma
atitude
muito
masculina.
―Parece
que
as
coisas
vão
melhor.
―Continuamos
sem
dormir
no
mesmo
quarto
―Respondeu
Patrick
encolhendo
de
ombros
―
Por
causa
do
estado
de
Sophie,
de
modo
que
já
é
um
progresso.
Alex
pareceu
surpreso.
―Que
ideia
mais
insuportável!
E
que
opina
o
médico?
―Não
perguntei,
mas
é
Sophie
que
está
grávida.
Se
ela
não
quiser
não
vou
forçá-‐la.
A
voz
de
Patrick
era
tão
tensa
que
a
seu
irmão
deu
uma
volta
no
estômago.
―A
meu
modo
de
ver
isso
são
só
tolices
passadas
de
moda.
Como
se
chama
o
médico?
―David
Lambeth.
Disseram-‐me
que
é
o
melhor
de
Londres.
―Pelo
amor
de
Deus
Patrick,
não
estrague
seu
matrimônio!
Quartos
separados
forçosamente
afastam
ao
casal.
E
acredite
isso
não
tem
sentido.
―É
Sophie
quem
tem
que
decidir.
De
todos
os
modos
este
será
nosso
único
filho.
Não
vou
correr
o
risco
de
deixá-‐la
grávida
de
novo.
Alex
franziu
o
cenho.
―Sophie
é
jovem
e
está
cheia
de
saúde.
Estou
seguro
de
que
tudo
sairá
bem.
Madeleine
por
sua
parte
se
sentiu
imensamente
aliviada.
Voltou-‐se
para
o
jovem
que
estava
ao
seu
lado
e
seus
olhos
escuros
se
encheram
de
simpatia
ao
ver
que
Quentin
Dewland
custava
muito
permanecer
de
pé.
Com
sua
inata
gentileza
rompeu
imediatamente
uma
das
regras
que
lhe
tinham
ensinado;
aquela
que
dizia
que
uma
jovem
nunca
se
sentava
antes
que
o
fizessem
seus
maiores;
e
declarou
que
estava
um
pouco
cansada.
Uns
segundos
depois
estava
sentada
ao
lado
do
Quentin
que
deu
um
suspiro
de
alívio.
―Uma
garota
encantadora
―
Apreciou
George
ao
passar
ao
lado
de
sua
filha
―Deste-‐te
conta
do
que
fez
pelo
mais
velho
dos
Dewland?
Foi
um
bonito
detalhe.
E
também
ela
é
bonita;
hoje
em
dia
há
muitas
mulheres
que
só
som
pele
e
ossos.
Sophie
lhe
lançou
um
olhar
desconfiado.
Esperava
que
não
se
dedicasse
a
cortejar
Madeleine.
Nesse
momento
estava
dirigindo
um
olhar
paternal
e
ela
começou
a
rezar
em
silêncio.
Se
seu
pai
chegasse
a
interessar-‐se
por
Madeleine,
sua
mãe
odiaria
imediatamente
a
pobre
mulher.
―Nunca
tinha
ouvido
falar
do
marquês
de
Flammarion
e
você?
―
Perguntou
o
honorável
Sylvester
Bredbeck,
um
homenzinho
com
uma
enorme
afeição
aos
rumores.
―Eu
sim
―
Respondeu
Heloise
com
firmeza,
que
apreciava
de
conhecer
toda
a
aristocracia
francesa
―
O
marquês
levava
uma
vida
muito
retirada
e
nunca
o
conheci
pessoalmente.
Não
recordo
muito
bem
onde
se
encontravam
suas
propriedades.
Acredito
que
era
no
Limousin.
―Hoje
em
dia
não
se
é
muito
cuidadoso.
Heloise
se
arrepiou.
Acaso
pretendia
insinuar
Sylvester
que
sua
filha
podia
convidar
a
uma
farsante?
Bredbeck
surpreendeu
o
olhar
zangado
dela
e
recuou.
―Não
queria
sugerir
nada
desagradável
sobre
a
filha
do
marquês,
dado
que
é
uma
amiga
de
sua
família.
―A
verdade
é
esta,
senhor
―
Disse
secamente
a
marquesa
―
Lady
Madeleine
é
uma
aristocrata
dos
pés
à
cabeça
e
isso
se
nota
a
primeira
vista.
Se
fosse
uma
farsante
teria
dado
conta
em
seguida,
mas
posso
afirmar
que
não
é.
Sylvester
assentiu
energicamente
com
a
cabeça.
Não
queria
zangar
Heloise
quem
para
falar
a
verdade
o
atemorizava.
Além
disso,
a
jovem
lhe
parecia
encantadora.
―Entendeu-‐me
mau,
querida.
Não
estava
duvidando
das
origens
de
lady
Madeleine.
Estava
falando
em
geral.
Com
sua
inteligência,
terá
podido
notar
que
há
mais
nobres
franceses
em
Londres
do
que
jamais
houve
em
Paris,
nem
sequer
quando
Luis
XIV
estava
no
trono.
Heloise
se
acalmou.
―Nisso,
senhor,
tem
toda
a
razão.
Não
ouviu
dizer
―
Acrescentou
baixando
a
voz
―Que
o
chamado
conde
de
Vissale
só
é
um
aventureiro?
A
senhora
Meneval
me
confiou
que
ela
suspeitava
que
fosse
o
professor
de
música
dos
filhos
do
verdadeiro
conde.
Os
olhos
do
Sylvester
brilharam.
―Não
me
diga!
Imagine
que
falei
com
o
suposto
conde
não
faz
nenhuma
semana!
Sophie
se
uniu
a
eles.
―Agora
que
todos
chegaram,
poderíamos
ir
a
sala
de
jantar.
Mas
Sylvester
Bredbeck
ainda
tinha
uma
pergunta
que
formular.
―Onde
está
ele
agora?
Procurando
trabalho
na
academia
de
música?
―A
senhora
Meneval
me
disse
que
fugiu
da
Inglaterra
Respondeu
Heloise
―Certamente
foi
a
América.
Parece
que
muitos
criminosos
e
muitos
impostores
vão
a
esse
lugar.
―
Meu
Deus!
―
Exclamou
Sophie
―
De
que
estão
falando
vocês
dois?
―
Sua
mãe
é
muito
amiga
da
senhora
do
Meneval
―
Explicou
Bredbeck
―
E
estava
me
contando
umas
saborosas
histórias
sobre
alguns
franceses
que
fingem
ser
o
que
não
são.
Conhece
a
senhora
do
Meneval?
Sophie
negou
com
a
cabeça.
―Quem
é?
―Sophie!
―
Disse
a
marquesa
indignada
―
Te
falei
dela
faz
poucos
dias.
Evidentemente
não
estava
prestando
atenção.
Ela
formava
parte
da
corte
do
Luis
XVI
e
conhece
pessoalmente
a
todos
os
que
eram
importantes
em
Paris.
Agora
está
em
Londres
e
uma
de
suas
ocupações
mais
desagradáveis
é
desmascarar
a
quão
farsantes
pululam
por
nosso
país
fazendo-‐se
passar
por
nobres
franceses.
A
jovem
abriu
muito
os
olhos.
Era
necessário
que
Madeleine
evitasse
encontrar-‐se
com
a
temível
mulher
a
qualquer
preço.
Mas
já
Heloise
se
levantou
para
reunir-‐se
com
seu
marido
que
a
estava
esperando.
Sophie
tinha
situado
a
sua
protegida
entre
Quentin
e
lorde
Reginald
Petersham.
Ao
Quentin
nunca
ocorreria
divertir-‐se
a
custa
de
uma
dama
e
Reginald,
que
ia
aborrecer
ao
Madeleine
com
intermináveis
tolices,
era
igual
de
inofensivo.
Braddon
não
tinha
sido
convidado
já
que
Sophie
temia
que
se
esquecesse
de
fingir
e
dirigisse
ao
Madeleine
algumas
sorrisinhos
cúmplices.
Entretanto
devia
reconhecer
que
se
estava
tomando
essa
pequena
farsa
muito
a
sério.
Era
o
quem
tinha
insistido
em
que
Madeleine
se
apresentasse
com
uma
acompanhante,
a
senhora
Trevelyan,
viúva
de
um
bispo
que
a
sua
vez
era
o
irmão
pequeno
de
um
duque
e
era
muito
respeitada
pela
alta
sociedade.
Passava
nesse
momento
por
um
buraco
econômico
e
tinha
aceito
encantada
o
converter-‐se
na
acompanhante
de
uma
jovem
francesa,
íntima
amiga
de
Sophie
Foakes,
e
isso
dava
ao
Madeleine
uma
aparência
muito
adequada.
Uma
vez
que
todo
mundo
esteve
em
seu
lugar,
Sophie
se
sentiu
tão
nervosa
que
não
pôde
provar
o
linguado.
Procurou
o
olhar
de
seu
marido,
além
dos
quatro
candelabros,
no
outro
extremo
da
mesa.
Ele
estava
falando
com
lady
Skiffing.
Sophie
tinha
convidado
a
tantos
fofoqueiros
como
tinha
podido.
Se
estes
conheciam
Madeleine
em
casa
dos
Foakes,
sob
o
olhar
atento
da
marquesa
do
Brandenbourg,
nunca
se
permitiriam
pôr
em
dúvida
os
origens
da
jovem
francesa.
E
parecia
que
estava
funcionando.
Lady
Skiffing
sorria
candidamente
ao
Patrick,
lady
Prestlefield
murmurava
sobre
as
últimas
extravagâncias
do
príncipe
de
Gales,
do
qual
se
suspeitava
que
tinha
acumulado
mais
de
setenta
mil
libras
de
dívidas.
Nenhuma
das
duas
parecia
sentir
a
menor
reticência
respeito
de
Madeleine.
Esta
fazia
perfeitamente
o
papel
de
uma
jovem
nascida
e
criada
na
mais
alta
sociedade.
Em
realidade,
enquanto
estava
ocupada
recordando
os
conselhos
de
Sophie,
não
tinha
tanto
medo.
Nesse
momento
estava
contando
cuidadosamente.
Nove
minutos,
dez…
Era
o
momento
de
lhe
sorrir
educadamente
a
lorde
Petersham
e
de
voltar-‐se
para
a
esquerda,
para
Quentin
Dewland.
Maravilha
das
maravilhas,
este
acabava
de
terminar
sua
conversa
com
Chloé
Holland.
Deviam
parecer
um
grupo
de
bailarinos,
pensou
Madeleine
divertida.
Todos
giravam
a
cabeça
de
um
lado
a
outro
ao
mesmo
tempo.
―Se
você
me
permitir
―
Disse
Quentin
―
O
que
opina
de
nós
lady
Madeleine?
Os
jantares
ingleses
são
muito
sérios
e
as
pessoas
não
se
diverte
nada.
Madeleine
lhe
sorriu.
―Estava
pensando
agora
mesmo
que
devíamos
parecer
um
balé
muito
bem
treinado.
Todos
os
bailarinos
fazem
os
mesmos
movimentos
ao
mesmo
tempo;
e
aqui
estamos
nós
girando
nossas
cabeças
de
uma
vez.
A
diversão
brilhava
nos
tristes
olhos
do
Quentin.
―Visto
assim,
mas
pareceríamos
marionetes.
Ela
inclinou
a
cabeça
graciosamente.
―Nunca
seria
tão
mal
educada
para
chamar
marionetes
a
elite
da
sociedade
de
Londres.
Quentin
explodiu
em
gargalhadas
atraindo
a
atenção
de
lady
Skiffing,
de
lady
Prestlefield
e
do
honorável
Sylvester
Bredbeck.
Lady
Skiffing
franziu
o
cenho.
―Lady
Madeleine
poderia
encontrar
a
alguém
melhor
que
Quentin
Dewland
―
Fez
notar
ao
Patrick
―
É
certo
que
um
dia
será
visconde
mais
não
se
pode
evitar
duvidar
de
sua
virilidade.
Embora
pareça
muito
recuperado
de
seu
acidente,
acredito
que
seu
pai
as
arrumou
para
que
se
case
com
uma
rica
herdeira
da
Índia.
Patrick
conteve
o
desejo
de
pô-‐la
em
seu
lugar.
Sophie
parecia
desejar
muito
que
a
noite
se
desenvolvesse
com
êxito,
de
modo
que
não
ia
zangar
se
com
os
convidados,
nem
sequer
embora
lady
Skiffing
fosse
uma
bruxa.
De
modo
que
compôs
uma
expressão
amistosa.
―Quentin
é
um
de
meus
melhores
amigos.
Asseguro-‐lhe
que
lady
Madeleine
não
poderia
fazer
nada
melhor
que
aceitar
casar-‐se
com
ele
no
caso
de
que
ele
o
propor.
Lady
Skiffing
soprou
com
desaprovação.
―Confunde-‐me
senhor
―
Disse
―Todo
mundo
recorda,
naturalmente,
que
quando
seu
irmão
se
foi
ao
estrangeiro
muitos
pensaram
que
seria
você
quem
herdaria
o
título
e
entretanto,
aqui
estão
os
dois.
Com
um
sorriso
satisfeito,
girou-‐se
para
o
marquês
do
Brandenbourg
que
estava
sentado
a
sua
direita.
Tocado!
Pensou
Patrick
com
uma
pontada
de
admiração.
Ela
tinha
conseguido
lhe
recordar
que
era
o
filho
menor
e
que
não
tinha
título.
Por
enésima
vez
se
perguntou
a
razão
que
tinha
levado
Sophie
a
reunir
pessoas
tão
díspar
em
seu
primeiro
jantar
oficial.
Certamente,
Quentin
parecia
estar
encantado
tendo
como
vizinha
de
mesa
Madeleine,
e
era
uma
sorte,
já
que
ele
quase
nunca
abandonava
sua
casa.
Também
era
muito
agradável
ver
o
Will
Holland
e
a
seu
adorável
esposa
Chloé.
E,
pelo
menos,
Braddon
não
tinha
sido
convidado.
Mas
porque
em
nome
de
Deus
tinha
convidado
a
essa
viaja
bruxa
de
lady
Skiffing?
E
ao
Sarah
Prestlefield,
a
mulher
que
tinha
entrado
no
salão
dos
Cumberland
no
momento
no
que
o
estava
beijando
ao
Sophie?
Suspirando,
voltou-‐se
para
Heloise
quem
estava
bicando
seu
prato
de
capão
mentido
com
aspecto
contrariado.
―
Quer
que
ordene
que
lhe
tirem
o
prato?
―
Propôs
ele.
A
marquesa
se
sobressaltou
ligeiramente.
Uma
dama
nunca
se
sobressaltava
porque
nunca
estava
imersa
em
seus
pensamentos,
mas
sim
sempre
estava
concentrada
na
conversa
de
seus
vizinhos
de
mesa.
―Estava
pensando
no
bebê
de
Sophie
―
Disse.
Agora
tocou
o
turno
a
Patrick
de
surpreender-‐se.
Sophie
e
ele
tinham
chegado
a
uma
espécie
de
acordo
tácito;
não
falavam
do
tema
e
inclusive
havia
dias
nos
que
ele
se
esquecia
completamente
de
que
ela
estava
grávida.
Como
por
exemplo
esta
noite.
Sophie
presidia
um
extremo
da
mesa
como
uma
estrela
no
alto
da
árvore
de
Natal.
Não
parecia
absolutamente
que
estivesse
esperando
um
filho,
simplesmente
estava
tão
maravilhosa
que
ao
lhe
caía
a
baba.
―Não
estou
segura
de
como
agir
apropriadamente
―
Continuou
a
marquesa.
―Parece-‐me
que
faz
suas
comidas
de
forma
regular.
―Acredito
que
os
banhos
de
leite
a
fortaleceriam
―
Insistiu
Heloise
intranquila
―
Mas
se
nega
a
tomá-‐los.
E
quando
lhe
aconselho
que
comer
laranjas,
que
são
muito
boas
para
a
digestão,
também
se
nega
a
fazê-‐lo.
―
Não
tem
nenhum
problema
digestivo
espero
―
Disse
Patrick
um
pouco
envergonhado
de
não
haver-‐se
preocupado
nunca
disso.
―Não
acredito.
Entretanto
eu
gostaria
que
comesse
uma
laranja
cada
dia
e
que
bebesse
um
copo
de
algo
amargo
uma
vez
à
semana.
―Algo
amargo!
―É
muito
bom
para
a
saúde
―
Decretou
a
marquesa.
―Não
sabia
―
Contestou
seriamente
Patrick.
Calaram-‐se
por
um
instante
e
depois
Heloise
voltou
a
falar
sobre
sua
filha
indicando
que
deveria
comer
grão
tão
frequentemente
como
fosse
possível.
Patrick
olhava
a
sua
mulher.
Era
uma
grande
dama,
muito
distinta
da
sensual
criatura
que
tinha
conhecido
no
camarote
do
Lark.
No
pescoço
e
as
orelhas
se
pôs
diamantes
que
realçavam
a
seda
cor
nata
de
seu
vestido.
No
teto
brilhava
um
castiçal
de
cristal
que
ele
havia
trazido
da
Itália
e
o
cristal
se
movia
brandamente
balançado
pelas
correntes
de
ar
provocadas
pelo
ir
e
vir
dos
criados,
respondendo
ao
brilho
dos
diamantes
que
a
sua
vez
enfatizavam
o
brilho
natural
do
Sophie.
Patrick
engoliu
seco.
Se
havia
lago
que
estivesse
proibido
em
um
jantar,
era
ele
contemplar
à
própria
esposa
até
notar
que
lhe
apertava
a
calça.
Por
que,
perguntou-‐se,
nunca
tinha
perguntado
por
sua
saúde?
Por
que
nunca
falavam
do
bebê
que
ela
levava
em
seu
interior?
Escutou
distraído
à
marquesa
que
estava
outra
vez
com
os
banhos
de
leite.
―O
direi
a
Sophie
―
Disse
com
sua
expressão
mais
séria.
Era
consciente
da
separação
que
estava
produzindo
entre
ele
e
sua
mulher,
mas
estava
preso
em
uma
armadilha.
Estava
aterrorizado
e
não
queria
pensar
no
bebê
porque
isso
era
o
mesmo
que
pensar
no
parto.
Doente
de
ciúmes,
não
desejava
tampouco
pensar
no
que
fazia
Sophie
com
o
Braddon
durante
suas
largas
escapadas
pelas
tardes
e
entretanto
pensava
no
Braddon
umas
cinquenta
vezes
ao
dia.
Então
acabava
por
passear
sem
rumo
pelas
ruas
toda
a
noite
esmigalhado
por
suas
duas
obsessões:
o
medo
e
o
ciúmes.
Pensando
friamente,
sabia
que
não
acontecia
nada
entre
eles
mas
às
vezes
lhe
assaltavam
as
dúvidas.
Sophie
recebia
Braddon
com
um
sorriso
cheio
de
afeto
e
além
o
encontravam
em
todas
partes;
se
foram
ao
teatro,
ali
estava,
se
iam
à
ópera,
ali
estava
também.
Certamente
Sophie
lhe
punha
a
par
do
que
ia
fazer.
E
por
quê?
Para
que
pudesse
dar
de
presente
a
seu
antigo
prometido
esse
sorriso
de
uma
exasperante
intimidade?
Para
que
Braddon
pusesse
a
mão
sobre
seu
braço
até
que
Patrick
tinha
desejos
de
explodir
de
ira?
Sentiu
que
estava
pondo
vermelho
de
cólera
e
se
forçou
a
tranquilizar-‐se.
Se
não
era
correto
que
os
cavalheiros
desejassem
a
suas
mulheres
em
pleno
jantar,
tampouco
deviam
torturar-‐se
com
perguntas
sem
resposta.
Olhou
a
Heloise
mais
seus
dez
minutos
tinham
terminado
e
ela
estava
conversando
com
o
Peter
Dewland.
Com
um
pouco
de
tristeza
se
dirigiu
a
lady
Skiffing
quem
teve
a
amabilidade
de
não
lhe
reprovar
sua
falta
de
atenção.
―Sua
esposa
está
especialmente
radiante
apesar
de
seu
estado
―
Disse
―
Espero
que
a
partir
de
agora
descanse.
É
muito
pouco
habitual
dar
um
jantar
nesse
estado.
Em
meus
tempos
as
mulheres
permaneciam
na
cama
pelo
menos
durante
seis
meses;
mas
hoje
em
dia
parece
que
se
fazem
o
que
querem.
Patrick
assentiu.
A
verdade
é
que
tinha
esquecido
que
se
supunha
que
as
mulheres
não
se
exibiam
em
público
durante
os
últimos
meses
de
gravidez.
Voltou
a
olhar
a
sua
esposa
quem
nesse
momento
levantou
a
vista.
Ela
ruborizou
ao
cruzar
seu
olhar
com
a
dele
e
ele
levantou
o
copo
para
brindar.
Com
um
ligeiro
sorriso
nos
lábios,
Sophie
respondeu
levantando
seu
copo
também.
Nos
olhos
de
Patrick
se
via
o
brilho
de
desejo
que
a
ela
tanto
gostava.
Obrigou-‐se
a
deixar
de
lhe
olhar.
Não
era
o
momento
para
paquerar,
e
se
voltou
para
Alex
descobrindo
que
este
a
estava
olhando
com
um
sorriso.
Sem
dúvida
tinha
surpreendido
a
expressão
do
Patrick.
Inclinou-‐se
para
ela.
―Sabe
―
Disse
em
voz
baixa
―
Que
estou
muito
contente
de
que
seja
minha
cunhada,
lady
Sophie?
―Obrigado.
Muito
mais
tarde,
Sophie
e
Patrick
por
fim
se
encontraram
sozinhos
no
salão.
Ela,
cansada,
deixou-‐se
cair
sobre
um
sofá.
―A
reunião
foi
um
êxito,
querida
esposa
―Disse
Patrick.
Ela
levantou
os
olhos
para
ele
e
lhe
dedicou
um
sorriso.
―Obrigado.
Madeleine
se
comportou
a
perfeição
não
acredita?
Ele
pareceu
um
pouco
surpreso.
―Certamente!
É
encantadora.
Sophie
não
podia
explicar
que
estava
muito
orgulhosa
por
ser
a
responsável
por
tal
perfeição;
ninguém
tivesse
podido
imaginar
nem
por
um
segundo
que
não
formava
parte
da
aristocracia.
―Dói-‐te
o
estômago?
―
Perguntou
ele.
Foi
o
turno
dela
de
surpreender-‐se.
―Não,
nada.
Ficou
ao
lado
de
minha
mãe
verdade?
Disse
algo
sobre
banhos
de
leite?
Ele
respondeu
com
um
sorriso.
―E
de
coisas
amargas?
―
Prosseguiu
ela
com
um
estremecimento
fingido
―
Odeio
as
bebidas
amargas!
Patrick,
rindo,
ofereceu
a
mão
para
ajudá-‐la
a
levantar-‐se.
―Lady
Skiffing
diz
que
deve
descansar.
Sophie
o
olhou
com
compaixão.
―
Devem
ter
te
deixado
louco.
Lamento
muito.
Ele
a
pegou
pelo
braço
e
a
levou
até
as
escadas.
―É
hora
de
ir
deitar.
Sua
voz
era
profunda
e
sedutora
mais
sua
expressão
permanecia
indecifrável.
Na
porta
do
quarto,
ela
se
voltou
um
pouco
indecisa.
―
Boa
noite
Patrick.
Ele
esboçou
um
sensual
sorriso
e
ela
se
surpreendeu
tanto
que
quase
deu
um
salto.
―
Por
que
não
fico
de
donzela
esta
noite?
Ela
abriu
a
boca
mais
não
soube
o
que
dizer.
Ele
estava
tão
perto
dela
que
podia
notar
seu
calor.
―
Minha
mãe…
―
Começou
a
dizer.
―
Sua
mãe
não
disse
que
estivesse
proibido
beijar.
Apoderou-‐se
de
seus
lábios
em
um
beijo
cheio
de
paixão,
empurrou-‐a
ao
interior
do
dormitório
e
a
obrigou
a
sentar-‐se
diante
da
penteadeira
enquanto
indicava
a
Simone
que
se
retirasse.
Desfez
seu
penteado
rapidamente
e
as
forquilhas
voaram
em
todas
as
direções,
contra
o
espelho,
sobre
os
joelhos
dela
e
sobre
o
tapete.
Ela
se
pôs
a
rir.
―Parece
a
crina
de
um
pônei.
O
olhar
de
Patrick
se
obscureceu
e
acariciou
brandamente
o
pescoço.
Ela
estremeceu.
―Se
você
fosse
um
pônei
―
Sussurrou
―
Te
levaria
para
cavalgar
comigo.
Ela
avermelhou
e
ele
esteve
a
ponto
de
gemer
de
desejo.
―
Sophie
não
sei
se
poderei…
Agarrou
um
dos
seios
dela
com
a
mão.
Ela
não
podia
evitar
sorrir.
Era
maravilhoso
dar-‐se
conta
de
que
ele
não
era
indiferente.
―
Então
não
te
incomoda
me
ver
gorda?
―
Perguntou
com
uma
nota
de
ansiedade
na
voz.
―
Gorda?
Tem
as
curvas
onde
deveria
ter,
Sophie,
e
há
suficiente
para
me
deixar
louco.
―Me
beije
Patrick
―
Murmurou
ela.
Ele
se
deixou
cair
a
seus
pés
e
se
apoderou
de
sua
boca,
jogou
os
braços
ao
pescoço.
Depois
de
um
bom
momento
a
voltou
a
pôr
sobre
o
tamborete
já
que
ela
se
pôs
de
joelhos
a
seu
lado.
Olharam-‐se
em
silêncio.
―
Vou
morrer
―
Disse
ele
depois
em
tom
de
conversa.
Sophie
mordeu
o
lábio
inferior
com
seus
pequenos
e
brancos
dentes.
―Sinto
Patrick,
mas
mamãe
insistiu
muito…
Fez-‐se
um
silêncio.
―Mas
é
possível
―
Continuou
―
Que
pudéssemos
vê-‐lo
como
outra
das
estúpidas
ideias
como
os
banhos
de
leite
e
as
bebidas
amargas.
Ele
morria
de
vontade
de
aceitar.
―É
melhor
que
nos
aguentemos
―
Replicou
sem
embargo
―
Depois
de
tudo
só
vai
acontecer
uma
vez
de
modo
que
sobreviverei.
Sophie
se
absteve
de
confessar
que
ela
não
sobreviveria.
―Bem
―
Suspirou
Patrick
―
Voltarei
para
minha
solitária
cama.
Ela
se
levantou
tão
rápido
que
esteve
a
ponto
de
atirar
o
tamborete.
―
Se
quer…
Poderia
dormir
aqui.
Bom,
poderíamos
dormir
juntos.
Ele
demorou
tanto
tempo
em
responder
que
ela
se
ruborizou
envergonhada.
―Sophie
―
Disse
ele
―
Você
não
entende.
Ela
negou
com
a
cabeça.
―
Olhe
um
momento
por
debaixo
de
minha
cintura,
meu
amor.
Ela
obedeceu.
Ele
usava
umas
ajustados
calças,
como
exigia
a
moda,
e
ela
em
seguida
afastou
a
vista.
―
Não
posso
dormir
a
seu
lado
Sophie
porque
não
poderia
pregar
olho.
De
modo
que
vou
tombar
no
outro
lado
dessa
parede
e
a
lutar
contra
o
desejo
de
atirar
a
porta
abaixo.
Se
dormisse
contigo,
seria
capaz
de
tudo.
Ela
sorriu.
Não
importava
se
Patrick
passava
de
vez
em
quando
uma
noite
com
sua
amante,
o
que
realmente
importava
é
que
ainda
não
se
cansou
dela.
Capítulo
23
―Não
pode
deixá-‐lo!
―
Dizia
Braddon
com
medo
na
voz.
―Porque
não?
Madeleine
esteve
perfeita
ontem
à
noite
e
não
sei
que
mais
poderia
lhe
ensinar.
Sophie
abriu
sua
sombrinha
porque
ele
tinha
vindo
a
procurá-‐la
em
seu
faetón
e
o
sol
dava
totalmente.
―-‐Sem
ti
não
saberemos
que
convites
aceitar
―
Insistiu
ele.
―Tolices!
Já
falamos.
Nas
próximas
semanas
Madeleine
aceitará
oito
ou
nove
convites.
Cada
uma
dessas
vezes
a
cortejará
de
modo
evidente
e
depois
anunciará
o
compromisso
no
baile
de
lady
Greenleaf.
―Mas
porque
se
nega
a
nos
ajudar
a
partir
de
agora?
―Bem
―
Se
irritou
Sophie
―
Se
de
verdade
quer
saber,
eu
gostaria
de
ficar
em
minha
casa
a
partir
de
agora.
Eu
gostaria
de
desfrutar
de
um
pouco
mais
de
meu
marido.
Patrick
seguia
ausentando-‐se
pelas
noites
os
dias
que
ela
tinha
passado
à
tarde
com
Braddon
e
ela
queria
seduzi-‐lo
o
bastante
como
para
que
esquecesse
a
sua
amante
morena.
―Você
disse
que
Patrick
não
gostaria
disto
―
Respondeu
―Esta
molesto
por
nossos
passeios
não
é
certo?
Agora
que
o
penso,
esta
bastante
seco
comigo
ultimamente.
―Não
me
disse
nada
―
Contestou
ela
tranquilamente
―
Nem
sequer
sei
se
tiver
dado
conta.
―Nesse
caso
não
tem
nenhuma
razão
para
deixar
de
ver
Madeleine.
Ela
voltou
a
lhe
olhar.
O
faetón
estava
entrando
no
Water
Street,
dirigindo-‐se
sossega
os
estábulos
do
senhor
Garnier,
quando
ela
havia
dito
claramente
que
não
desejava
ir.
―Ordeno
que
detenha
o
carro
lorde
Slaslow.
Ele
se
encolheu
um
pouco
se
alegrando
por
não
haver-‐se
casado
com
uma
mulher
tão
autoritária.
―Braddon!
Pareceu
estar
ouvindo
a
voz
de
sua
mãe.
Puxou
as
rédeas.
―
Por
que
quer
que
siga
visitando
Madeleine
todas
as
semanas?
―
Perguntou
ela.
―
Porque
se
você
não
está,
ela
se
negará
a
me
ver.
Maldição,
já
nem
sequer
me
beija!
―Bom,
verá-‐a
esta
noite.
E
dentro
de
dez
dias
poderá
levá-‐la
ao
parque
ou
a
uma
reunião
pela
tarde,
devidamente
acompanhada,
naturalmente.
Braddon
exibia
sua
expressão
contrariada.
―Não
seja
idiota
―
Acrescentou
ela
―
Agora
eu
gostaria
de
voltar
para
minha
casa.
―Tenho
medo,
Sophie.
Tinha
ouvido
bem?
Aparentemente
sim,
já
que
ele
a
estava
olhando
com
olhos
de
cão
espancado.
―Necessitamos
que
nos
ajude
até
o
final
Sophie.
Três
semanas.
Acredite-‐me
que
não
é
fácil.
Tenho
medo
de
ficar
como
um
estúpido
e
que
todo
mundo
se
inteire
de
quem
é
Madeleine
e…
Senhor!
Quando
inventei
esta
farsa
só
pensava
em
Madeleine
e
em
mim
mesmo.
Só
faz
uns
dias
que
me
dava
conta
do
que
minha
mãe
faria
se
descobrisse.
―Não
sei
que
mais
posso
ensinar
a
Madeleine
―
Repetiu
Sophie.
―
Um
pouco
mais
de
aperfeiçoamento.
Minha
mãe
é
uma
víbora,
sabe,
mas
não
merece
ter
um
filho
como
eu.
Se
minha
pequena
mentira
não
funcionar,
não
se
atreverá
a
voltar
a
sair
à
rua.
Essa
era
a
pura
verdade.
―Poderia
ter
pensado
antes.
―Sei
―
Disse
ele
desesperado
―
Mas
não
estava
em
condições
de
pensar
com
clareza.
―
Certo,
Irei
―Suspirou
ela.
No
dia
seguinte
de
manhã,
levantou-‐se
com
um
sentimento
de
satisfação.
Madeleine,
acompanhada
da
senhora
Trevelyan,
tinha
assistido
a
uma
noitada
musical
e
todo
mundo
tinha
notado
o
muito
que
gostava
ao
conde
de
Slaslow.
Ele
estava
sentado
ao
seu
lado
durante
a
segunda
parte
do
recital
e
lhe
tinha
devotado
champanha.
Como
a
alta
sociedade
seguia
desde
por
volta
de
três
anos
os
esforços
de
Braddon
para
encontrar
uma
esposa
adequada,
todos
compreenderam
que
a
formosa
Madeleine
Cornille
era
a
nova
destinatária
de
suas
ambições
matrimoniais.
Em
seguida
começaram
as
apostas
no
White´S.
Madeleine
concederia
sua
mão
ou
o
abandonaria
no
último
momento
como
tinha
feito
lady
Sophie?
Braddon
estava
aliviado.
Não
se
tinha
ouvido
nem
a
menor
alusão
a
respeito
das
origens
da
filha
do
marquês
de
Flammarion.
De
fato,
ninguém
sabia
ainda,
mas
Braddon
e
Madeleine
pensavam
causar
ainda
mais
sensação
essa
noite.
Dirigiram-‐se
ao
baile
que
celebrava
lady
Commonweal
com
ocasião
do
compromisso
de
sua
filha
Sissy,
e
Madeleine
ia
permitir
que
Braddon
fosse
seu
acompanhante
durante
o
jantar.
Às
nove,
Patrick
ainda
não
tinha
ido
procurar
Sophie
para
levá-‐la
ao
baile
e,
depois
de
ter
esperado
um
tempo,
ela
ordenou
vir
à
limusine
e
subiu
nela
mantendo
a
cabeça
alta.
No
momento
no
que
entrava
no
salão
de
baile,
o
duque
do
Cumberland
estava
na
porta
e
a
olhou
como
de
costume
com
expressão
admirada
e
amistosa.
Estava
majestoso
com
sua
grande
echarpe
azul
sujeito
com
uma
medalha
de
honra
concedida
pelo
rei
uns
anos
antes.
―
Ouvi
dizer
que
agora
você
é
duquesa,
querida
―
Disse
pousando
seus
úmidos
lábios
no
dorso
de
sua
mão.
―Perdão,
Sua
Graça?
―É
você
duquesa
não
é?
Vejamos,
duquesa
de
Gisle!
Sim,
isso.
Não
me
disse
muito,
mas
de
todas
as
formas
me
inteirei
de
que
a
nominação
tinha
passado
ao
Parlamento
esta
tarde.
Ao
ver
a
expressão
de
desconcerto
de
Sophie,
o
duque
sorriu.
Isso
confirmava
os
rumores
que
falavam
da
desavença
no
matrimônio
de
Foakes.
Assim
que
ela
tivesse
posto
seu
filho
no
mundo,
disse,
o
marido
se
afastaria.
―O
Parlamento
concedeu
um
título
a
seu
esposo
―
Explicou
―
O
nomearam
duque
de
Gisle,
de
modo
que
você
é
a
duquesa
de
Gisle.
Instintivamente,
Sophie
deu
um
passo
atrás.
―Oh
sim,
é
obvio!
―
Murmurou
―
Tinha
esquecido.
Obrigado
por
me
recordar
isso
Sua
Graça.
A
humilhação
que
estava
sentindo
em
seu
interior
não
escapou
ao
olhar
de
Cumberland.
De
maneira
nenhuma
podia
guardar
para
si
essa
saborosa
notícia:
Patrick
Foakes
não
se
tomou
a
moléstia
de
anunciar
a
sua
esposa
que
ia
se
transformar
em
duque.
Patrick
não
apareceu
no
baile
e,
ao
cabo
de
uma
hora,
ela
voltou
para
sua
casa.
A
notícia
se
estendeu
como
um
rastro
de
pólvora
e
ela
não
queria
seguir
ouvindo
cada
passo
que
dava
como
a
gente
a
chamava
“Sua
Graça”:
―
Onde
está
o
duque
esta
noite,
Sua
Graça?
Que
honra!
Qualquer
um
saberia
que
o
título
não
lhe
interessa!
Uma
vez
em
casa,
dirigiu-‐se
à
biblioteca.
Ali
estava
Patrick
comodamente
instalado
lendo
um
livro.
―Não
é
necessário
que
fique
nervosa
―
Replicou
Patrick
que
também
começava
a
perder
os
nervos
―
Queria
se
casar
com
um
homem
que
tivesse
título,
se
não
recordar
mal.
Bom,
pois
agora
meu
título
é
mais
importante
que
o
do
Braddon.
Fez-‐se
o
silêncio.
Sophie
procurava
desesperadamente
uma
resposta
adequada
a
esse
ultrajante
ataque.
―
Por
que
acredita
que
queria
me
casar
com
um
homem
que
tivesse
título?
―
Perguntou
ao
fim.
Ele
deu
de
ombros.
―Sempre
soube.
Não
ia
dar
se
de
superior
dizendo
que
Braddon
estava
gordo
e
era
pouco
inteligente.
Além
disso,
cada
vez
estava
mais
seguro
de
que
sua
mulher
sentia
um
verdadeiro
afeto,
se
não
amor,
por
esse
estúpido.
Por
outra
parte,
Braddon,
a
sua
maneira,
era
encantador.
Sophie
tinha
o
coração
em
um
punho.
Não
podia
entender
o
raciocínio
de
seu
marido.
Voltou
a
sentar.
―Teria
a
amabilidade
de
me
explicar
porque
razão
o
Parlamento
te
concedeu
um
titulo
de
duque?
Duque
de
Gisle,
se
não
me
equivocar.
―Este
outono
tenho
que
ir
em
qualidade
de
embaixador
ao
império
Turco.
―Ao
império
Turco?
Tem
algo
que
ver
com
o
Selim
III?
Ao
Patrick
não
sentiu
saudades
a
erudição
de
sua
esposa.
Era
notavelmente
culta,
pelo
menos
desde
que
se
casaram,
tinha
aprendido
isso.
―Este
outono?
―
Continuou
ela
entrecerrando
os
olhos
―
Bem,
não
se
preocupe
conosco
―
Acrescentou
sarcástica
―
Voltarei
para
a
casa
de
minha
mãe.
Colocou
uma
mão
protetora
sobre
o
ventre.
―Certamente
que
não!
―
Irritou-‐se
Patrick.
―
Por
quê?
Se
por
acaso
não
o
recorda
o
bebê
nascerá
no
princípio
do
outono.
―Pareceria
estranho.
Sophie
lhe
fuzilou
com
o
olhar.
―Pereceria
estranho
―Repetiu
em
tom
gelado
―
Suponho
que
passa
muito
tempo
preocupando-‐se
pelo
que
dizem
outros
sobre
nosso
matrimônio
Sua
Graça.
Patrick
avermelhou.
―Lamento
muito
não
ter
dito
nada
sobre
o
título,
Sophie.
Não
acreditou
necessário
acrescentar
nada
mais
além
disso
o
que
tivesse
podido
dizer?
Que
efetivamente
se
esqueceu
desse
estúpido
título?
Entretanto
a
sua
mulher
os
títulos
não
pareciam
estúpidos.
Só
terei
que
ver
a
cena
que
estava
montando.
―Agora
é
duquesa,
não
pode
simplesmente
se
alegrar
por
isso?
Ela
olhava
fixamente
as
costas
de
seu
marido
quem
se
virou
para
a
lareira.
Alegrar-‐se?
Seu
matrimônio
era
um
desastre,
pior
do
que
tinha
imaginado.
―Em
efeito,
possivelmente
seja
melhor
que
vá
viver
com
sua
mãe
―
Grunhiu
ele
dando
um
chute
nas
lenhas
―
Estarei
ausente
vários
meses.
Isso
era
o
fim,
pensou
Sophie.
Nem
sequer
sua
mãe
tinha
sido
enviada
por
seu
marido
de
volta
com
sua
família.
Patrick
parecia
ter
esquecido
que
ela
existia,
do
contrário
não
era
possível
que
tivesse
esquecido
advertir
a
de
que
ia
converter
se
em
duque.
E
o
nascimento
de
seu
filho
não
era
importante
para
ele
já
que
nem
sequer
ia
estar
na
Inglaterra
no
momento
do
parto.
Com
lágrimas
nos
olhos,
engoliu
seco
antes
de
levantar-‐se
e
abandonar
tranquilamente
a
biblioteca.
Qualquer
discussão
ia
ser
inútil.
Só
o
orgulho
lhe
permitiu
manter
a
cabeça
alta
diante
os
criados
nas
semanas
seguintes.
Assistia
com
certa
satisfação
ao
êxito
de
Madeleine,
mas
Patrick
voltava
cada
vez
mais
tarde
pelas
noites.
Enviou
uma
mensagem
a
Charlotte
para
que
a
acompanhasse
às
recepções
já
que
seu
marido
já
não
ia
com
ela.
Alex
a
olhou
com
seus
escuros
olhos
tão
parecidos
e
de
uma
vez
tão
diferentes
dos
de
Patrick,
mas
nem
ele
Charlotte
perguntaram
por
que
seu
marido
não
ia
às
festas
de
Londres.
Sophie
encontrou
um
pouco
de
coragem
no
silencioso
apoio
de
sua
amiga.
Só
Heloise
pediu
explicações.
Sophie
estava
tomando
o
chá
com
ela
recusando
a
insinuação
de
comer
um
pouco
de
grão
cada
semana
pelo
bem
do
bebê,
quando
sua
mãe
cruzou
as
mãos
sobre
os
joelhos
e
a
olhou
aos
olhos.
―É
pelos
idiomas
querida?
―
Perguntou
com
as
costas
retas
como
sempre.
―Os
idiomas?
―São
os
idiomas
que
lhe
afastaram
que
seu
marido?
Sophie
ruborizou.
―Não,
mamãe.
Bom,
não
acredito.
―Não
acredita?
―Quando
o
descobriu
no
Gales,
pareceu…
―É
minha
culpa!
―
Exclamou
Heloise
angustiada
―
Não
deveria
ter
deixado
que
seu
pai
tivesse
a
última
palavra
quanto
a
sua
educação.
Seus
conhecimentos
são
o
que
afastou
ao
Patrick
de
você
não
é
certo?
Sophie
negou
com
a
cabeça.
―Não
acredito
mamãe.
Não
se
preocupa
muito
por
mim,
de
todas
as
formas.
Esquece-‐se
de
que
existo.
―Isso
é
impossível
―
Disse
simplesmente
a
marquesa.
Sophie
sorriu.
Fossem
quais
fossem
seus
defeitos,
sua
mãe
a
apoiava
de
forma
incondicional.
―Não
é
tão
terrível,
mamãe,
de
verdade.
Quase
me
dá
igual.
E
Patrick
tem
suas
próprias
distrações.
Não
se
dá
conta
se
eu
estiver
ou
não
ali.
Inclusive
sugeriu
que
me
instalasse
em
sua
casa
porque
tem
que
ir
ao
império
Turco
como
embaixador.
―Seu
pai
se
encarregará
de
arrumar
este
assunto!
Ou
seja
que
Foakes
se
acredita
que
pode
livrar-‐se
de
sua
esposa
como
de
um
fardo
de
roupa
suja?
E
o
bebê?
Dito
por
sua
mãe
parecia
ainda
pior.
Notou
que
os
olhos
lhe
enchiam
de
lágrimas.
Desde
fazia
um
tempo
não
fazia
mais
que
chorar.
―Suplico-‐lhe,
mamãe
não
podemos
deixar
as
coisas
como
estão?
Por
favor
não
diga
nada
a
papai.
Heloise
ficou
ao
lado
de
sua
filha
no
sofá
e
a
pegou
nos
seus
braços.
―Não
se
preocupe
carinho.
Pensa
só
em
você
e
no
bebê.
Estaremos
muito
contentes
de
tê-‐la
aqui
este
outono.
―Nunca
fiz
nenhuma
cena
por
causa
da
amante
de
Patrick,
mas
não
serviu
que
nada.
Já
não
volta
para
casa
para
jantar.
E
além
não
falamos.
Não
sabia
que
era
duque,
não
sabia
que
tinha
que
ir
a
Turquia,
justo
no
momento
que
tem
que
nascer
nosso
filho.
―Não
o
voltaremos
a
mencionar
―
Prometeu
Heloise.
Sentaram-‐se
bem
e
a
marquesa
voltou
para
seu
assento
do
qual
contemplou
a
sua
formosa
filha,
que
agora
era
duquesa
de
Gisle.
―
Já
te
disse
quão
orgulhosa
estou
de
ti?
Sophie
soltou
uma
risada
que
mais
parecia
um
soluço.
De
que
podia
estar
orgulhosa
sua
mãe?
Sua
filha
as
tinha
arrumado
para
fazer
um
pesadelo
de
seu
matrimônio.
―Estou
orgulhosa
de
você
―Continuou
Heloise
com
veemência
―
Porque
esta
demonstrando
sua
excelente
educação.
Sei
o
cruel
que
os
que
presumem
de
ser
amigos
podem
chegar
a
ser
quando
um
matrimônio
se
vai
a
rivalidade;
entretanto
você
se
comporta
com
elegância
em
qualquer
situação.
Estou
orgulhosa
de
você.
Sophie
conteve
suas
lágrimas.
Era
uma
estranha
herança
que
passava
da
mãe
à
filha:
manter-‐se
direitas
sobre
as
ruínas
de
seu
matrimônio.
―Obrigado
mamãe
―
Disse
com
voz
afogada.
Capítulo
24
No
dia
seguinte,
Sophie
mal
tinha
terminado
de
assear-‐se
quando
Clement
anunciou
a
visita
de
lady
Madeleine
Cornille.
Dirigiu-‐se
ao
salão
um
pouco
preocupada,
tinha-‐a
visto
no
dia
anterior
e
não
havia
dito
que
ia
visitá-‐la.
Com
sua
paciência
habitual,
Madeleine
esperou
que
Sophie
estivesse
comodamente
instalada;
o
qual
não
era
coisa
fácil;
para
ir
diretamente
o
grão.
―
Decidi
deixar
de
fingir
―
Disse
com
voz
clara
e
tranquila.
Sophie
se
estremeceu.
―
Por
quê?
―Não
é
honesto.
Não
posso
fazer
um
matrimônio
apoiado
em
uma
mentira.
Pode
imaginar
a
si
mesma
fingindo
ser
outra
pessoa
pelo
resto
de
sua
vida?
―-‐Mas
não
será
obrigada
a
fazê-‐lo.
Uma
vez
casada
será
a
condessa
de
Slaslow
e
ninguém
se
preocupará
de
suas
origens.
―Eu
saberei
―
Replicou
Madeleine
―Teremos
filhos
e
o
que
lhes
diremos?
Em
que
momento
confessarei
ao
meu
filho
que
sou
uma
mentirosa
e
uma
farsante?
Quantos
anos
terá
quando
descobri
de
que
cresci
em
um
estábulo
e
que
ele
deverá
temer
sempre
que
as
pessoas
descubram
a
verdade?
E
seu
avô
se
transformará
no
chefe
dos
estábulos
de
Braddon?
Não,
nunca
poderia
fazer
algo
assim
a
meu
pai.
Tudo
isto
não
se
sustenta
em
pé,
estivemos
loucos
ao
acreditar
que
o
faria.
As
lágrimas
alagaram
os
olhos
de
Sophie.
―Lamento
muito
―
Disse
―Eu
não
queria
fazê-‐lo.
Madeleine
também
estava
chateada.
―
Você
não
tem
culpa
Sophie!
Estou
muito
agradecida
por
tudo
o
que
me
ensinou
e
também
por
sua
amizade.
Mas
Braddon
e
eu
estivemos
vivendo
em
um
mundo
de
fantasia.
Nunca
poderíamos
ser
felizes
com
um
matrimônio
apoiado
em
uma
farsa.
―Não
pode
estar
segura
―
Protestou
Sophie
―Braddon
te
ama
muito.
―
O
amor
não
é
suficiente.
―Certo.
Ela
amava
Patrick
e
entretanto
seu
matrimônio
estava
vindo
abaixo.
―Então
que
vai
fazer?
―
Perguntou.
ao
mordomo,
muito
bom
para
julgar
às
pessoas,
não
gostava
de
muito
esses
dois
personagens.
Foucault
não
quis
ouvir
as
desculpas
de
Sophie.
―É
um
prazer
conhecer
alguém
tão
elegante
―
Disse
beijando
sua
mão
―
As
inglesas
às
vezes
se
vestem
de
um
modo
que
corresponde
a
uma
mulher
de
mais
idade.
Ao
Sophie
custou
não
estremecer
com
o
contato
de
sua
flácida
boca.
Quando
Foucault
apresentou
a
seu
acompanhante,
não
soube
se
o
saudar
em
turco.
Conhecia
o
bastante
o
idioma
para
manter
uma
conversa,
mas
deu
medo
fazer
o
ridículo,
de
modo
que
disse
umas
palavras
de
bem-‐vinda
em
inglês
que
o
senhor
Foucault
se
ocupou
de
traduzir.
Não
custou
a
entender,
entretanto
a
resposta
de
Mustafá
foi
bastante
mas
estranha,
de
fato
pelo
que
ela
sabia,
o
que
disse
não
tinha
nenhum
sentido.
Sua
frase,
acompanhada
de
uma
profunda
reverência,
parecia
uma
frase
de
uma
canção
infantil.
Mas
devia
estar
equivocada
já
que
o
senhor
Foucault
não
mostrou
nenhuma
surpresa
e
o
traduziu
em
uma
frase
convencional.
A
curiosidade
de
Sophie
se
viu
incrementada
ao
ver
que
o
senhor
Foucault
parecia
querer
dirigir
a
conversa
para
a
moda,
mas
depois
de
um
momento,
ela
conseguiu
voltar
sua
atenção
ao
senhor
Mustafá.
―Lamento
muito
que
seu
acompanhante
tenha
que
manter-‐se
à
margem
da
conversa
―
Disse
amavelmente
―
Quer
perguntar
que
lhe
parece
Londres
comparada
com
a
grande
Constantinopla?
Se
Foucault
pareceu
um
pouco
contrariado,
compôs
rapidamente
um
largo
sorriso.
―É
muito
considerada
de
sua
parte
Sua
Graça
―
Ronronou
―Mas
já
abusamos
bastante
de
seu
tempo,
de
modo
que
vamos
despedir-‐nos.
―Por
favor
―
Insistiu
ela
com
o
mesmo
tom
encantador
―
Me
concedam
uns
minutos
mais.
Constantinopla
me
fascina.
Ele
se
dirigiu
a
Mustafá
e
Sophie
escutou
atentamente
enquanto
conservava
um
rosto
inexpressivo.
Foucault
traduziu
corretamente
a
pergunta
mais
a
resposta
do
outro
foi
uma
confusão
de
palavras
carentes
de
sentido.
E
se
ela
não
estava
equivocada,
só
utilizava
essenciais
e
nenhum
verbo.
Se
por
acaso
fosse
pouco,
o
que
depois
traduziu
Foucault
não
tinha
nada
que
ver.
Segundo
o
Mustafá
preferia
mil
vezes
Londres
antes
que
Constantinopla.
―
Me
perdoe,
Sua
Graça,
agora
é
absolutamente
necessário
que
vamos.
Acredito
que
ao
duque
parecerá
muito
divertido
em
tinteiro.
Suplico-‐lhe
que
o
recorde
que
a
tampa
deve
permanecer
selada
durante
toda
a
viagem
até
o
império
Turco.
que
se
esperava
não
ter
que
pôr
a
minha
esposa
em
perigo
pelo
simples
prazer
de
me
reproduzir.
irmão
pendia
de
um
fio.
―Acredito
que
Sophie
está
no
princípio
do
sétimo
mês
―
Estimou
sem
nenhum
resto
de
recriminação
na
voz
―
Disse
a
Charlotte
que
deixaria
de
sair
depois
do
baile
de
lady
Greenleaf
de
amanhã
de
noite.
Patrick
não
tinha
imaginado
que
Sophie
deixaria
de
sair
o
resto
da
temporada.
―Acompanharei-‐a.
―Suponho
que
é
inútil
que
te
aconselhe
que
mantenha
uma
conversa
com
sua
esposa.
―Tentarei
Alex.
Essa
noite,
Clement
bateu
na
porta
de
Sophie
para
informar
de
que
o
duque
ia
jantar
em
casa.
Como
estava
duas
ou
três
semanas
sem
fazê-‐lo,
o
mordomo
pensava,
e
com
razão,
que
era
melhor
avisar
à
duquesa
de
que
não
ia
jantar
sozinha.
Sophie
estava
colocando
um
bracelete.
Simone
a
olhou
brevemente
e
afastou
com
rapidez
o
olhar.
Todo
o
pessoal
sabia,
naturalmente,
que
os
senhores
tinham
vidas
separadas.
De
fato,
Simone
e
o
ajudante
de
câmara
de
Patrick,
Keating,
discutiam
acaloradamente
sobre
as
ocupações
do
duque
pelas
noites.
Keating
afirmava
que
seu
senhor
não
estava
de
farra,
enquanto
que
Simone
dizia
que
ele
tinha
uma
amante
em
alguma
parte
da
cidade.
As
brigas
eram
tão
encarniçadas
que
Keating
tinha
levado
uma
vez
à
sala
dos
criados
uma
das
jaquetas
do
Patrick
para
demonstrar
que
não
cheirava
a
perfume
nem
a
pós
de
arroz,
e
que
não
havia
nela
nenhum
cabelo
feminino.
Sophie
imperturbável,
terminou
de
fechar
o
bracelete
como
se
Clement
não
houvesse
dito
nada.
Usava
um
vestido
de
noite
cor
verde
com
uma
espécie
de
avental
sobre
o
ventre.
Vacilou
um
momento
diante
do
espelho.
Sentia-‐se
horrorosa,
pensou
desejando
ordenar
que
subissem
uma
bandeja
ao
seu
quarto.
Mas
se
armou
de
coragem
e
desceu
lentamente
as
escadas
esforçando-‐se
em
compensar
o
excesso
de
peso
que
a
para
vencer-‐se
para
frente.
Patrick
a
estava
esperando
embaixo.
Ela
sorriu
educadamente
e
aceitou
seu
braço
para
ir
a
sala
de
jantar.
Começou
a
comer
mecanicamente.
―Não
é
a
segunda
vez
que
Clement
nos
serve
grão
esta
semana?
―
Perguntou
Patrick
estranhando.
―Em
efeito
―
Assentiu
Sophie
tragando
com
esforço
outra
colherada
―Certamente
minha
mãe
falou
com
ele.
Como
podia
saber
o
que
na
terça-‐feira
tinha
servido
Clement?
Quando
ele
voltou
essa
noite
ela
já
levava
dormindo
muito
tempo.
Tinha
acabado
por
deixar
de
esperar
a
que
voltasse,
já
que
necessitava
mais
dormir
que
comprovar
que
seu
marido
raras
vezes
voltava
antes
do
amanhecer.
Tomou
uma
nova
colherada
que
teve
sabor
de
serragem.
―Acompanharei-‐te
à
festa
de
lady
Greenleaf
amanhã
de
noite,
se
o
desejar,
haverá
muita
gente.
Sophie
assimilou
a
notícia.
Seu
marido
estava
jantando
com
ela
e
estava
se
oferecendo
acompanhá-‐la
ao
baile?
Ao
ver
que
ela
não
dizia
nada,
continuou:
―Pode
que
se
divirta
saber
que
há
apostas
no
White´s
sobre
se
Braddon
se
declarará
a
sua
amiga
Madeleine
na
próxima
semana
ou
não.
Ela
seguia
calada
e
ele
se
amaldiçoou
em
silêncio.
É
obvio
que
Sophie
não
se
alegraria
precisamente
de
saber
que
Braddon
ia
casar
com
outra,
em
vista
de
seus
sentimentos
para
ele.
Aspirou
profundamente.
―Poderíamos
ir
de
excursão
ao
campo
no
domingo,
se
fizer
bom
dia.
Seria
mais
fácil
para
ele
falar
com
ela
se
estivessem
sozinhos
em
vez
de
estar
na
sala
de
jantar
com
dois
lacaios.
Ela
levantou
de
repente
a
cabeça
entrecerrando
os
olhos
e
com
expressão
furiosa.
―Não
é
necessário
que
finja
que
não
acontece
nada
e
que
me
convide
a
fazer
uma
excursão
ao
campo
―
Exclamou
encolerizada.
Patrick
fez
um
gesto
com
a
cabeça
a
Clement,
o
qual
fez
sair
aos
lacaios
antes
de
abandonar
ele
também
o
comilão.
―
Por
quê?
―
Perguntou
cheio
de
assombro
ao
ver
diante
dele
a
uma
desconhecida
Sophie
cheia
de
ira.
Ela
se
levantou
e
atirou
o
guardanapo
em
cima
da
mesa.
―Nunca
me
queixei
quando
saía
para
sair
com
sua
amante.
Não
reprovei
isso
nenhuma
só
vez.
Se
quiser
ir
vê-‐la
vá!
Mas
depois
não
venha
me
buscar
como
se
eu
fosse
um
brinquedo
que
abandona
ou
não
conforme
te
dá
vontade.
Suponho
que
esperava
me
ver
sorrir
agradecida
por
ir
passar
um
dia
ao
campo
contigo,
maravilhada
porque
decidiu
passar
comigo
umas
migalhas
de
seu
tempo.
melhor
vagar
pelas
ruas
de
Londres
que
estar
perto
de
sua
formosa,
desejável
e
longínqua
esposa.
Levou-‐a
até
a
pista
de
baile.
Ao
menos
podia
evitar
a
humilhação
de
que
a
vissem
chorando
por
culpa
de
um
homem
ao
qual
ela
tinha
abandonado.
Dançaram
em
silêncio.
Sophie
afastou
a
cabeça
para
que
Patrick
não
notasse
que
seu
aborrecimento
tinha
desaparecido.
Sentia-‐se
humilhada
ao
dar-‐se
conta
de
que
estava
disposta
a
perdoar
uma
vez
mais
o
libertino
com
o
que
se
casou
e
que
indubitavelmente
sempre
seria
assim.
Amava-‐o
tanto!
Jantaram
com
outros
casais
ao
redor
de
uma
grande
mesa
redonda.
Em
metade
do
jantar,
Sophie
se
levantou
enquanto
Patrick
se
foi
a
procurar
uma
taça
de
frieira.
―Por
favor
Sissy,
diga
a
meu
marido
que
fui
ao
salão
das
damas.
Sissy
a
olhava
com
a
mesma
compaixão
com
que
para
todo
mundo
desde
fazia
algum
tempo.
Provavelmente
sabia
onde
Patrick
passava
as
noites.
Era
assombroso
que
ninguém
tivesse
falado
ainda
da
mulher
morena.
Afastou-‐se
sem
voltar
a
cabeça
e
não
viu
seu
marido
que
voltava
com
a
frieira
que
tinha
pedido.
Entretanto
não
se
podia
passar
a
noite
escondida
e
Patrick
a
encontrou
um
pouco
depois.
Pediu
um
segundo
baile
que
felizmente
era
uma
dança
camponesa
que
não
favorecia
a
proximidade.
Estava
executando
de
forma
mecânica
as
distintas
figuras
do
baile
quando
viu
uma
cena
que
fez
que
o
coração
desse
um
tombo.
Sua
mãe,
Heloise,
estava
acompanhando
ao
Madeleine
para
uma
mulher
francesa
de
certa
idade,
tratava-‐se
sem
nenhum
gênero
de
dúvida
da
senhora
de
Meneval,
famosa
por
desmascarar
aos
farsantes.
Sem
duvidar,
soltou
a
mão
de
seu
marido
e
atravessou
a
pista
de
baile.
Patrick
ficou
paralisado.
As
damas
bem
educadas
não
abandonavam
seus
pares
em
metade
do
baile!
Sacudiu
a
surpresa
e
se
lançou
em
sua
perseguição.
Mas
Sophie
chegou
muito
tarde.
Estava
rodeando
ao
último
grupo
de
gente
quando
viu
Madeleine
fazendo
uma
reverência
diante
a
senhora
de
Meneval.
Sophie
jurou
entre
dentes.
Heloise
lhe
estendeu
a
mão.
―Querida,
veem
saudar
a
senhora
de
Meneval,
acabo-‐lhe
de
apresentar
a
nossa
querida
Madeleine.
Com
o
coração
em
um
punho,
Sophie
se
aproximou.
Dentro
de
um
minuto
a
senhora
de
Meneval
ia
desmascarar
Madeleine
destruindo
para
sempre
seus
formosos
planos
com
o
Braddon.
Patrick
já
estava
ao
seu
lado
e
lhe
lançou
um
olhar
cheia
de
pânico.
Que
diabos
estava
acontecendo?
Sua
esposa
parecia
estar
aterrada
diante
a
perspectiva
de
conhecer
uma
anciã
dama
francesa
vestida
de
seda
negra.
Certamente
seu
perfil
era
o
de
uma
águia,
mas
não
até
o
ponto
de
provocar
um
ataque
de
medo.
Além
disso,
a
senhora
parecia
estar
mais
bem
emocionada.
Acaso
isso
que
tinha
nos
olhos
não
eram
lágrimas?
Pois
sim,
a
senhora
de
Meneval
estava
chorando.
Derramou
uma
lágrima,
uma
sozinha,
e
soltou
sua
bengala
para
agarrar
as
mãos
do
Madeleine.
―Madeleine!
Querida
Madeleine!
Acreditei
que
tinha
morrido!
Joguei
muito
de
menos
a
sua
mãe
e
agora
você
está
aqui.
É
seu
vivo
retrato.
Recordo-‐te,
querida.
Tinha
cinco
anos
quando
sua
mãe
te
levou
a
Paris
só
para
assistir
a
um
baile.
Adorava
o
baile!
Sophie
permanecia
em
silêncio
e
Madeleine
também.
As
duas
olhavam
à
senhora
de
Meneval
como
se
lhe
tivessem
saído
chifres,
mas
a
anciã
não
se
deu
conta.
Estava
secando
os
olhos
com
o
lenço
de
renda.
―É
tão
formosa
como
sua
mãe
quando
eclipsava
a
todas
as
damas
da
corte.
Parece-‐me
estar
vendo
diante
mim
a
minha
querida
Hélene
outra
vez.
Tem
seus
olhos,
seu
cabelo
e
sua
figura.
Estou
voltando
a
ver
como
se
fosse
ontem,
ao
rei
Luis
olhando
seu
decote.
Maria
Antonieta
se
zangava
mais
não
podia
dizer
nada
porque
sua
mãe
tinha
uma
conduta
irreprovável.
Era
uma
mulher
modesta
que
nunca
queria
destacar.
Não
era
culpa
dela
se
Luis
a
achava
muito
atraente.
Por
fim
se
deu
conta
da
expressão
de
surpresa
do
Madeleine.
―Alguma
vez
já
lhe
disseram
o
muito
que
te
parece
com
ela,
minha
querida
menina?
―
Meu
pai
o
diz
frequentemente,
senhora
―
Respondeu
lentamente
Madeleine.
Braddon
chegou
atrás
dela
e
lhe
roçou
o
cotovelo.
―Acredito
que
esta
é
minha
dança
―
Disse
fazendo
uma
reverência.
―Braddon!
―
Exclamou
Madeleine
esquecendo
todas
as
normas
de
comportamento
que
tinha
aprendido
―
A
senhora
de
Meneval
diz
que
me
pareço
muito
a
minha
mãe.
Ele
permaneceu
por
um
instante
boquiaberto
e
Sophie
deixou
de
respirar
―
Vai
dizer
uma
tolice,
pensou.
Sua
mão
apertou
o
braço
de
Patrick
quem
não
entendia
a
razão
de
seu
nervosismo.
Felizmente
a
senhora
de
Meneval
falou
antes
que
o
fizesse
Braddon.
menina,
embora
seja
casada
com
um
inglês.
Inclusive
sem
a
fortuna
de
seu
pai.
Pôde
trazer-‐se
algo
a
Inglaterra?
casada
com
um
criador
de
cavalos
querida.
Não
podia
estar
na
Corte.
―Não
o
entendeu?
Meu
pai
é
esse
marquês
tão
estranho
que
aprendeu
a
ferrar
cavalos.
Quando
me
trouxe
para
a
Inglaterra
abriu
um
estábulo.
Por
isso
me
disse
que
me
fizesse
passar
pela
filha
do
marquês
de
Flammarion.
Nesse
momento
me
pareceu
algo
raro
que
aceitasse
tão
facilmente
a
farsa.
―Quer
dizer
que
realmente
é
a
filha
dessa
dama?
Os
azuis
olhos
do
Braddon
traíam
sua
confusão.
―Meu
pai
é
o
marquês
de
Flammarion
―
Explicou
pacientemente
Madeleine
―
Quando
condenaram
a
minha
mãe,
ele
fugiu
comigo
a
Inglaterra
e
uma
vez
aqui,
abriu
uns
estábulos.
Ele
ficou
mudo
de
assombro
por
um
momento.
―
Você
é
nobre?
Ela
assentiu
enquanto
as
lágrimas
caíam
pelas
bochechas.
―E
minha
mãe,
Braddon.
Ele
acariciou
o
cabelo
dela.
―Seu
já
sabia
que
tinha
morrido
Maddie.
―Sim,
mas
não
desse
modo.
Guilhotinada.
―Essa
anciã
tem
razão,
Maddie,
sua
mãe
se
sentiria
muito
orgulhosa
de
você
neste
momento.
Conseguiu
aprender
tudo
o
que
teria
gostado
de
te
ensinar
e
se
transformaste
na
mulher
mais
formosa
que
conheço.
Ela
escondeu
o
rosto
no
ombro
de
Braddon.
―Te
amo.
―De
verdade?
É
isso
certo
Madeleine?
Ela
soltou
uma
tremente
gargalhada.
―Sim.
―Oh
Maddie!
Se
case
comigo
Maddie,
suplico-‐lhe
isso.
―Já
aceitei
fazê-‐lo
―
Respondeu
ela
recuperando
algo
de
seu
bom
humor.
―Não.
Refiro-‐me
a
que
se
case
comigo
imediatamente.
Amanhã.
―Quer
me
raptar?
―Por
ti
seria
capaz
de
subir
por
uma
escada
―
Disse
muito
sério.
Desta
vez
Madeleine
não
pôde
conter
as
gargalhadas.
―Durmo
no
andar
de
baixo,
Braddon
―
Respondeu
―
Não,
não
posso
fazê-‐lo.
A
meu
pai
não
gostaria,
mas
talvez
podemos
nos
casar
muito
em
breve.
―Amanhã.
―Amanhã
não.
―Depois
de
amanhã.
―Não.
Capítulo
25
No
dia
seguinte,
Sophie
entrou
em
seu
vestidor
cheia
de
renovada
energia.
Até
esse
momento
se
limitou
a
ocupar
esse
aposento,
mas
a
partir
de
agora
queria
que
fosse
realmente
dela.
As
paredes
estavam
decoradas
com
enormes
rosas
que
semelhavam
nuvens,
mas
isso
não
a
incomodava
muito,
o
que
a
incomodava
era
o
busto
de
uma
mulher
nua
que
estava
em
uma
das
paredes
e
que
estava
totalmente
fora
do
lugar.
Chamou
um
lacaio
e
depois
começou
a
tirar
os
livros
que
estavam
em
uma
estante
sob
a
janela.
Tratava-‐se
de
uma
estranha
mistura
de
tomos
que
tratavam
temas
tão
distintos
como
a
bruxaria
ou
o
milagre
da
máquina
de
vapor.
Quando
bateram
na
porta,
disse
bom
dia
sem
dar
a
volta.
―
Gostaria
que
levasse
esses
livros
ao
apartamento
de
cobertura
―
Disse
―
E
também
que
se
leve
a
essa…
Pessoa
―
Acrescentou
assinalando
o
busto.
Mas
era
Patrick
quem
estava
atrás
seu
rosto
muito
sério.
―Devia
ser
mais
prudente
Sophie.
Espero
que
não
pense
levantar
esses
livros.
Ela
limpou
as
poeirentas
mãos
no
vestido
amarelo
claro
sem
preocupar-‐se
pelas
manchas
escuras
que
deixou
nele,
e
olhou
a
seu
marido
tentando
eliminar
o
sarcasmo
de
sua
expressão.
Depois
de
tudo,
tinha
transportado
um
montão
de
livros
no
mês
anterior
sem
que
ele
soubesse.
Assinalou
os
volumes
disseminados
pelo
chão.
―Esses
não
pesam,
são
principalmente
ensaios.
―
Por
que
quer
levar
o
busto
ao
apartamento
de
cobertura?
Representa
a
Galatea,
uma
divindade
do
mar.
―Não
quero
mulheres
nuas
aqui.
―Olhe
―
Disse
ele
dirigindo-‐se
sossegado
ao
busto
―
Tem
um
véu
que
lhe
cobre
o
seio
esquerdo.
É
bastante
bonito.
Ela
deixou
cair
outro
montão
de
livros
a
seus
pés.
―Muito
bem
―
Disse
―
Ele
irá
ao
apartamento
de
cobertura.
Alex
me
disse
que
não
devia
te
deixar
sair
sem
alguém
que
te
acompanhasse
―
Anuiu
depois
de
um
breve
silencio
―
A
partir
de
agora
eu
gostaria
que
me
avisasse
quando
pegasse
a
carruagem,
para
poder
te
acompanhar.
Sophie
apertou
os
lábios.
De
modo
que
havia
um
motivo
para
a
súbita
aparição
de
seu
marido
e
se
chamava
Alex.
―
Decidi
deixar
de
sair,
de
modo
que
não
te
incomodarei
muito
frequentemente.
Patrick
estava
completamente
desconcertado.
Não
soube
que
dizer.
Seu
irmão
lhe
tinha
aconselhado
que
falasse
com
Sophie,
mas
não
sabia
do
que.
Certamente
tinha
metido
a
pata
porque
ela
ficou
rígida.
Vacilou
um
instante,
inclinou-‐se
para
despedir-‐se
e
abriu
a
porta
no
momento
que
um
criado
se
dispunha
a
chamar.
Voltou-‐se.
―Sophie
você
gostaria
de
trocar
o
papel
das
paredes?
Ao
as
rosas
pareciam
enormes
cogumelos.
Ela
dirigiu
um
tenso
sorriso.
―Não,
é
bastante
alegre,
mas
desejaria
comprar
alguns
móveis
se
não
for
inconveniente.
―Quer
que
nos
ocupemos
disso
esta
tarde?
―Já
veremos
dentro
de
uns
dias.
Mas
Patrick
estava
desejando
fazer
algo
por
ela
e
fazê-‐lo
em
seguida.
―Está
segura
de
que
você
não
gostaria
de
dar
um
passeio
pelo
parque?
―Completamente
segura,
obrigado.
―Quer
que
mande
uma
nota
a
sua
mãe
ou
ao
Charlotte
para
lhes
pedir
que
venham
a
ver-‐te?
―Não,
obrigado
Patrick.
Era
evidente
que
estava
desejando
que
ele
se
fosse
e
isso
é
o
que
fez
perguntando-‐se
que
é
o
que
podia
gostar
uma
mulher
grávida.
Enviou
a
um
lacaio
para
que
se
ocupasse
de
levar
a
Galatea
ao
apartamento
de
cobertura,
depois
enviou
a
outro
a
comprar
três
ramos
de
rosas.
Se
as
rosas
gostava
de
por
que
não
encher
a
casa
com
elas?
Sophie
colocou
a
estante
a
seu
gosto.
Gostava
de
muito
respeitar
uma
ordem
lógica,
de
maneira
que
começou
pelas
obras
em
alemão,
depois,
por
ordem
alfabética,
francês,
gaélico,
holandês,
italiano
e
português.
Assim
que
tivesse
uma
oportunidade,
prometeu
a
se
mesma,
voltaria
a
comprar
uma
gramática
turca.
Na
hora
da
comida,
Patrick
se
ofereceu
de
novo
acompanhá-‐la
onde
ela
quisesse,
e
ela
de
novo
declinou
a
oferta.
Estava
cansada
e
lhe
doíam
as
costas.
―Conheci
senhor
Foucault
e
a
seu
amigo,
Bayrak
Mustafá
―
Disse
ela
de
repente
rompendo
o
tenso
silêncio
que
reinava
na
sala
de
jantar
―
Vieram
trazer
o
tinteiro.
Não
gostei
muito,
Patrick.
Ele
levantou
a
vista
do
pêssego
que
estava
cortando
cuidadosamente.
Estava
perdido
em
uma
fantasia
na
qual
Sophie
lhe
sorria
como
antes.
―O
senhor
Foucault?
Efetivamente,
não
é
muito
simpático.
―Não
é
uma
questão
de
simpatia
―
Replicou
ela
sentindo
um
imenso
cansaço
―
Entendo
um
pouco
o
turco
e
seu
amigo
não
falava
bem.
O
senhor
Foucault
sim
que
sabe
falá-‐lo
mais
as
duas
vezes
que
Mustafá
falou
foi
algo
ininteligível.
―Ininteligível?
Todas
as
reticências
que
havia
sentido
quando
os
conheceu
voltaram
com
força,
de
tal
modo
que
nem
sequer
reparou
no
fato
de
que
mulher
soubesse
falar
turco.
―Sabia
que
havia
algo
estranho
neles
―
Murmurou
―
Maldição,
deveria
haver
o
comentado
imediatamente
ao
Breksby!
Sophie
não
sabia
a
que
se
referia
mais
estava
muito
cansada
para
preocupar-‐se.
Quando
acabou
de
comer
subiu
a
seu
dormitório
sem
dar-‐se
conta
de
que
Patrick,
ao
pé
das
escadas,
olhava-‐a
preocupado.
Dormiu
a
sesta,
mas
a
hora
de
jantar
ainda
estava
mais
cansada,
de
modo
que
decidiu
pedir
que
subissem
uma
bandeja
com
o
jantar.
Já
era
o
bastante
difícil
sair
da
cama
como
para
em
cima
enfrentar
a
seu
marido.
De
modo
que
ele
jantou
sozinho
(outra
vez
amadureço,
ia
ter
que
falar
seriamente
com
Florent)
perguntando
se
Sophie
o
estava
evitando
ou
se
realmente
estava
indisposta.
Durante
toda
a
noite
resistiu
os
desejos
de
interessar-‐se
por
sua
saúde
e,
quando
ao
fim
se
rendeu,
ela
estava
profundamente
adormecida.
Olhou-‐a
um
momento,
dando-‐se
conta
de
sua
palidez
e
as
sombras
escuras
sob
os
olhos,
pô-‐lhe
uma
mão
sobre
o
ventre,
mas
ela
não
se
moveu.
―Boa
noite
―
Sussurrou.
Depois
retirou
rapidamente
sua
mão,
incômodo.
Abandonou
a
casa
e
seus
pés
lhe
levaram
às
ruas
pelas
que
tantos
passeios
tinha
dado
ultimamente.
Pela
manhã
Sophie
não
se
sentia
melhor.
Conseguiu
de
milagre
levantar-‐se
da
cama
para
ir
até
a
poltrona.
Perguntou-‐se
se
ia
ser
igual
durante
os
dois
próximos
meses.
―Lamento
―
Declarou
ele
―
Por
alguma
razão
desconhecida
seu
filho
não
sobreviveu.
Só
posso
dizer
que
é
a
vontade
de
Deus.
―
Acompanho-‐o
―
Disse
Sophie.
O
doutor
Lambeth
não
protestou,
não
era
muito
habitual
que
os
clientes
lhe
acompanhassem
até
a
porta,
mas
ela
não
estava
bem.
Fez
um
último
tento.
―De
verdade
não
quer
que
fale
com
seu
marido?
―De
verdade.
O
agradeço
―
Respondeu
ela
sempre
cortês.
Desceram
juntos
as
escadas
de
mármore,
o
médico
com
seus
cabelos
ruivos
e
seus
olhos
cansados
e
Sophie
mais
formosa
que
nunca.
Seu
rosto
tinha
perdido
a
palidez
e
tinha
umas
manchas
vermelhas
nas
bochechas
que
teria
alertado
Lambeth
se
tivesse
fixado
nela.
Mas
ele
já
estava
pensando
no
resto
da
jornada.
Tinha
que
ir
visitar
uma
viscondessa,
mãe
de
quatro
filhas
que
provavelmente
ia
dar
a
luz
esse
mesmo
dia.
Tudo
ia
bem,
mas
se
a
criança
resultava
ser
outra
menina,
ia
encontrar
se
entre
as
mãos
a
uma
mãe
histérica.
Isso
por
não
falar
da
reação
do
marido.
Capítulo
26
Sophie
se
despediu
do
doutor
Lambeth
como
se
tudo
estivesse
bem.
Quando
estava
a
ponto
de
subir
de
novo
a
sua
habitação,
Patrick
saiu
da
biblioteca.
―Não
vai
me
dizer
o
que
opina
o
médico?
―Sim,
mas
tarde.
―Não!
Vêm
por
favor.
Eu
gostaria
de
saber
por
que
chamou
Lambeth.
Sophie
olhou
a
seu
redor,
não
havia
nenhum
criado
à
vista.
―Agora
não.
Vou
a
meu
dormitório.
―Sophie!
O
grito
deveu
ouvir-‐se
até
nas
cozinhas.
Sophie
desceu
uns
degraus
detendo-‐se
no
terceiro.
―
Ele
disse…
Disse…
Não
podia
dizê-‐lo,
era
incapaz
de
repetir
as
palavras
do
médico.
―
disse
que
voltaria
amanhã.
Isso
era
uma
verdade
pela
metade.
Estava
sofrendo
terrivelmente;
precisava
refugiar-‐se
em
seu
quarto,
longe
do
rosto
inquisitivo
do
Patrick.
Doía-‐lhe
a
cabeça
muitíssimo.
―
Você
não
desejava
a
esse
bebê
―
Se
ouviu
dizer
a
se
mesma
como
se
as
palavras
chegassem
de
muito
longe.
Agarrou-‐se
aos
passamanes.
O
que
estava
acontecendo?
Patrick
parecia
estar
furioso,
estava-‐lhe
dizendo
algo
mais
não
chegava
nenhum
som.
Seu
coração
pulsava
com
mais
força
que
a
dor
de
cabeça
e
parecia
que
esta
lhe
ia
explodir.
Apertou
com
mais
força
o
corrimão.
Patrick
estava
gritando.
Clement
apareceu
a
suas
costas
assombrada.
Sophie
se
esforçou
para
concentrar-‐se
no
que
lhe
estava
dizendo
seu
marido.
Olhou-‐lhe.
Os
olhos
dele
brilhavam
de
desprezo,
pensou
ela.
―O
que
está
dizendo?
―
Estava
dizendo
indignado
―Como
pode
dizer
algo
assim?
Desejo
a
esse
bebê!
Ela
esboçou
um
sorriso.
Parecia-‐lhe
que
a
cabeça
lhe
ia
separar
do
corpo.
Em
qualquer
caso
a
dor
se
estava
atenuando.
―Sei
que
não
deseja
ter
filhos
―
Replicou
ela
brandamente
como
se
estivesse
dirigindo
a
um
menino.
―Por
Deus
Sophie
de
que
está
falando?
―
Você
estava
muito
contente
quando
se
casou
comigo
o
recorda?
Porque
certamente
eu
era
como
minha
mãe
e
não
teria
que
suportar
a
uma
família
numerosa.
Mas
eu
não
sou
como
ela.
Essa
ideia
para
que
sentisse
a
cabeça
mais
ligeira.
Patrick
acabava
de
dar-‐se
conta
de
que
Clement
estava
ali
e
lhe
lançou
um
olhar
assassino
que
o
enviou
imediatamente
à
zona
dos
criados.
Tentou
tranquilizar-‐se.
Sophie
não
sabia
o
que
estava
dizendo.
Estava
grávida
e
as
mulheres
nesse
estado
nunca
atuavam
com
lógica.
―De
que
está
falando?
―
Perguntou
articulando
cuidadosamente
cada
palavra
como
se
ele
também
se
estivesse
dirigindo
a
uma
menina.
Ela
estava
assombrada.
Teria
dado
tudo
porque
a
conversa
terminasse
e
pudesse
ir
deitar-‐se.
―Disse
o
Braddon,
e
eu
o
ouvi,
que
já
que
era
necessário
que
pusesse
os
grilhões,
estava
bastante
satisfeito
de
que
fosse
comigo
porque
certamente
eu
seria
virtualmente
estéril,
ao
igual
a
minha
mãe,
e
que
assim
não
te
veria
rodeado
por
um
montão
de
meninos.
Fez-‐se
um
pesado
silêncio.
―Agora
já
posso
ir
deitar?
Começou
a
recuar
lentamente
pela
escada.
Agora
já
estava
segura
de
que
a
cabeça
lhe
tinha
desprendido
dos
ombros
e
o
coração
lhe
pulsava
com
tanta
força
que
estava
aturdida.
Pôs
com
cuidado
o
pé
sobre
o
degrau
seguinte.
Seguia
obstinada
ao
corrimão
mas
dava
medo
dar
as
costas
a
Patrick.
Ele
falou
novamente,
com
voz
rouca.
―Não
o
pensava
de
verdade,
Sophie.
De
novo
ouvia
ao
longe
como
através
de
um
pacote
de
algodão.
―Certamente
tenha
razão
―
Murmurou
movendo
a
cabeça.
Ele
estava
desesperado.
Sua
mulher
estava
recuando
diante
ele
com
um
sorriso
nos
lábios.
A
seus
pés
se
estava
abrindo
um
buraco
sem
fundo.
Ela
tinha
acreditado
todas
as
coisas
horrorosas
que
ele
havia
dito;
não
era
de
estranhar
que
não
se
apaixonou
por
ele,
que
o
olhasse
como
se
fosse
o
demônio
em
pessoa.
―Sophie!
―
Gritou
com
toda
a
força
de
seus
pulmões
―Deus
meu
Sophie,
quero
a
esse
bebê!
Não
o
ouviu.
Só
ouviu
o
tom
furioso
de
sua
voz
e
foi
muito.
Sentiu-‐
se
feliz
ao
sentir
que
uma
enorme
escuridão
enchia
sua
cabeça,
afogando
a
dor
e
fazendo
que
seus
dedos
soltassem
o
corrimão.
Patrick
deu
um
salto
cheio
de
pânico.
Ela
estava
oscilando
e
caía
para
frente.
Tudo
parecia
estar
acontecendo
em
câmara
lenta.
Ela
caiu
como
um
pulso
de
trapo
com
os
joelhos
no
penúltimo
degrau
e
seu
ventre
inchado
se
chocando
contra
a
madeira.
Patrick
conseguiu
segurar
sua
cabeça
impedindo
que
se
golpeasse
contra
o
mármore.
Deu-‐lhe
a
volta
com
muito
cuidado.
Além
das
duas
manchas
vermelhas
nas
bochechas,
sua
cara
tinha
uma
palidez
mortal.
Estava
ardendo
de
febre
e
estava
completamente
inerte.
Ele
não
ouvia
outra
coisa
que
seu
próprio
sangue
lhe
zumbindo
nos
ouvidos.
Necessitava
ajuda.
―Clement!
O
mordomo
esteve
ali
em
uns
segundos.
Só
tinha
ido
ao
outro
lado
da
porta.
―Chama
o
médico!
Clement
viu
Sophie
sem
vida
e
olhou
ao
duque
cheio
de
horror.
―O
doutor
Lambeth!
Já!
A
recriminação
que
podia
apreciar
no
olhar
de
Clement
era
um
reflito
no
seu
próprio.
Beijou
as
pálpebras
de
sua
mulher,
mas
esta
seguia
sem
reagir.
―Sophie
―
Sussurrou
―
vou
levá-‐la
ao
seu
quarto.
Levantou-‐a
nos
braços
e
a
cabeça
de
Sophie
desabou
sobre
seu
ombro.
Seu
ventre
parecia
ainda
mais
volumoso.
Senhor!
Se
tivesse
acontecido
algo
ao
bebê…
O
coração
lhe
pulsou
com
mais
força.
Quando
Simone
chegou
correndo
ele
já
a
tinha
despido
e
estava
pondo
uma
camisola.
Ela
o
ajudou
em
silêncio.
Uma
vez
que
Sophie
esteve
deitada
e
com
os
lençóis
até
o
queixo,
ele
se
voltou
para
a
donzela
cheio
de
desespero.
―O
que
posso
fazer?
―Não
se
moveu
nem
falou?
Patrick
negou
com
a
cabeça.
―Não
recuperou
o
conhecimento
depois
de
cair?
―Não!
―Para
começar
temos
que
esfriá-‐la.
Esta
ardendo
em
febre,
a
pobre.
Ele
foi
dar
uma
ordem
a
um
lacaio
e
uns
minutos
depois
Simone
refrescava
as
têmporas
de
sua
senhora.
Não
podendo
suportar
estar
sem
fazer
nada,
ele
lhe
arrebatou
o
pano
das
mãos
e
se
sentou
no
bordo
da
cama.
―Acorda
Sophie
―
Ordenou
em
voz
baixa.
Ao
cabo
de
uns
minutos
ela
abriu
os
olhos.
―Dói-‐me.
―Sinto
muito.
Sinto
muito
ter
gritado
desse
modo.
Ele
estava
balbuciando
de
puro
alívio.
Sophie
estava
franzindo
o
cenho.
―Dói-‐me.
―Tem
febre
querida.
Não
se
preocupe,
o
doutor
Lambeth
logo
estará
aqui.
―Não!
Não!
Não
deixe
que
venha!
Se
vier
acontecerá!
―Não
vai
acontecer
nada
querida
―
A
tranquilizou
Patrick
enquanto
seguia
umedecendo
sua
frente.
―Não
vai
poder
evitá-‐lo
―
Sussurrou
ela
com
seus
olhos
azul
escuro
fixos
nele
―
dentro
de
nada
me
odiará.
As
lágrimas
caíam
pelas
bochechas.
Ao
Patrick
deu
um
tombo
o
coração
ao
pensar
que
ela
estava
delirando.
Ela
tinha
dado
a
volta.
―Dói-‐me!
―
Gritou.
Simone
entregou
outro
pano
e
ele
continuou
refrescando
seu
rosto
que
estava
ardendo.
Às
vezes,
Sophie
abria
os
olhos
e
murmurava
frases
apenas
audíveis.
Ele
umedeceu
sua
testa
até
que
o
travesseiro,
sob
sua
cabeça,
esteve
empapado.
Já
não
sabia
que
mais
o
que
fazer.
Enviou
a
outros
lacaios
a
casa
do
doutor
para
que
lhe
ordenassem
que
fosse
imediatamente.
Quando
por
fim
abriu
a
porta,
lançou-‐lhe
ao
médico
um
olhar
que
tivesse
intimidado
a
alguém
mais
inexperiente.
Mas
o
doutor
Lambeth
tinha
tido
que
as
ver-‐se
com
muitos
pais
furiosos,
especialmente
certo
visconde
que
acabava
de
dar
a
bem-‐vinda
ao
mundo
a
sua
quinta
filha;
e
parecia
que
os
maridos
às
vezes
se
comportavam
de
um
modo
totalmente
incoerente.
Aproximou-‐se
para
pôr
dois
dedos
na
testa
da
doente.
―Febre
―
Disse
antes
de
girar-‐se
para
o
Patrick
―
Já
começou?
―
Que
começou?
―O
aborto
―
Soltou
secamente
o
médico.
Patrick
ficou
imóvel
com
a
sensação
de
que
alguém
acabava
de
lhe
cravar
uma
adaga.
―O
aborto.
Está
você
seguro
de
que
vai
perder
o
bebê?
―Sim.
―Não!
Patrick
compreendeu
que
não
conseguiria
lhe
convencer.
envolto
em
uma
mantilha.
A
enfermeira
permaneceu
em
silêncio.
―Fora!
―
Grunhiu.
Ela
fava
soltou
suas
mãos
e
estava
enrugando
nervosamente
o
lençol.
Sentindo-‐se
miserável
olhou
a
Patrick
nos
olhos
e
se
surpreendeu
ao
ver
a
intensa
dor
que
leu
neles.
―Você
não
fez
nada.
Fui
eu
quem
te
atemorizou
e
provoquei
sua
queda
nas
escadas.
Ela
negou
com
a
cabeça.
Só
tinha
vagas
lembranças
dos
últimos
dias.
―As
escadas?
―Caiu
e
isso
provocou
um
aborto.
Sinto
―
Repetiu.
―
Não
―
Protestou
―
Não
lembro
nada
da
escada,
mas
o
bebê
já
tinha
deixado
de
viver
conforme
me
disse
o
doutor
Lambeth.
Sentia-‐
me
tão
doente
que
não
entendi
bem.
Entretanto
soube
antes
que
o
médico
dissesse
por
que
já
não
notava
que
movesse
―
Acrescentou
com
voz
rota.
―Ela
―
Retificou
Patrick.
―Ela?
―Era
uma
menina,
Sophie.
Uma
preciosa
menina.
Quer
dizer
que
não
morreu
pela
queda?
Ela
assentiu
com
a
cabeça.
Patrick
escondeu
a
face
sob
a
colcha
sacudido
por
dilacerantes
soluços.
De
repente
notou
dois
finos
braços
lhe
rodear
os
ombros.
―Não,
meu
amor,
não
―
Murmurava
Sophie
―Não
foi
sua
culpa
nem
minha.
Não
estava
preparada
para
viver,
isso
é
tudo.
Ele
se
tranquilizou.
A
alegria
estava
começando
a
misturar
com
a
dor.
―Volta
a
se
deitar
―
Disse
empurrando-‐a
com
suavidade
contra
os
travesseiros.
―Viu-‐a?
―
Perguntou
ela
com
voz
apenas
audível.
―Era
uma
preciosa
menina
que
se
parecia
com
você.
Eu
disse
o
muito
que
a
queria.
As
lágrimas
de
Sophie
se
fizeram
mais
abundantes
e
Patrick
as
secou
com
ternura.
Ela
levantou
uma
mão
tremula
para
atraí-‐lo
para
ela
e,
com
muita
precaução,
ele
se
deitou
a
seu
lado.
Ela
apoiou
a
cabeça
em
seu
ombro
suspirando.
―Onde
está?
―Está
enterrada
na
cripta
familiar.
Eu
não
queria
te
deixar
e
pedi
e
Alex
e
Charlotte
a
levaram
a
Downes.
Está
perto
de
minha
mãe…
A
minha
mãe
adorava
os
bebês.
Esfregou
a
bochecha
contra
o
cabelo
de
Sophie.
Capítulo
27
Nos
dias
seguintes
Sophie
permaneceu
na
cama
sem
mal
tocar
a
comida
preparada
especialmente
para
ela
por
Florent.
Patrick
lhe
fez
companhia
durante
horas,
lendo
em
voz
alta
seus
livros
preferidos,
os
ecos
de
sociedade
do
Morning
Post
e
as
notícias
internacionais
do
Time.
Ela
em
realidade
não
escutava;
durante
uns
minutos
prestava
atenção
mas
logo
a
realidade
caía
em
cima
como
uma
laje
e
silenciosas
lágrimas
caíam
por
suas
bochechas.
Então
Patrick
deixava
o
livro,
secava-‐lhe
as
bochechas
e
a
abraçava
com
força.
Outras
vezes,
ela
se
limitava
a
olhar
fixamente
a
parede
enquanto
sentia
um
grande
vazio
em
seu
interior.
Sua
mãe
ia
vê-‐la
todos
os
dias
e
lhe
augurou
outras
gravidezes.
Seu
pai
também
foi
vê-‐la
e
permaneceu
um
bom
momento
em
silencio
ao
lado
de
sua
cama.
―Lamento
muito
que
não
tenhamos
tido
mais
filhos
―
Disse
por
fim
―
Se
tivesse
sido
assim
agora
teria
uma
irmã
para
te
ajudar
nesta
situação.
Sophie
o
olhou
com
os
olhos
cheios
de
lágrimas.
―Isso
não
mudaria
nada
papai.
―Sua
mãe
e
eu
cometemos
muitos
enganos.
Eu
fui
um
estúpido.
Acaso
havia
deixado
de
perseguir
a
outras
mulheres?
Sophie,
que
durante
toda
sua
vida
tinha
desejado
que
isso
acontecesse,
deu-‐se
conta
de
que
já
não
lhe
importava
nada.
―Está
bem
papá
―
Murmurou.
George,
depois
de
uma
breve
vacilação,
com
o
rosto
tenso,
abandonou
o
quarto.
Por
fim,
ao
cabo
de
umas
semanas,
Sophie
deixou
de
sangrar
e
o
doutor
Lambeth
julgou
que
já
estava
o
bastante
recuperada
para
levantar-‐se.
Meteu-‐se
em
um
banheiro
de
água
quente
que
tinha
preparado
Simone
cuidando
de
não
olhar
esse
corpo
que
tanto
detestava,
um
corpo
incapaz
de
guardar
a
um
bebê.
Patrick
entrou
no
momento
em
que
Simone
entregava
ao
Sophie
uma
toalha
quente.
Sophie,
que
atuava
como
se
fosse
um
robô,
nem
sequer
se
deu
conta
de
que
seu
marido
estava
ali.
Ele
indicou
a
Simone
que
se
retirasse
e
fez
sentar-‐se
ao
Sophie
em
um
tamborete
diante
da
lareira.
Depois
começou
a
secar
seu
comprido
cabelo.
A
apatia
de
Sophie
o
preocupava
muito
embora
o
médico
assegurasse
que
era
algo
normal.
O
que
podia
saber
ele?
Não
era
próprio
do
caráter
vivaz
e
alegre
de
Sophie.
O
coração
de
Patrick
se
enchia
de
angustia
ao
ver
o
rosto
inexpressivo
e
esses
olhos
vazios.
Estava-‐lhe
dizendo
coisas
sem
importância
quando
a
vozinha
dela
lhe
interrompeu:
―Quero
ir
a
casa
de
Charlotte.
Quero
ver
a
tumba.
Ele
ficou
paralisado
e
logo
voltou
para
sua
tarefa
de
secar
seu
cabelo.
―Partiremos
em
direção
a
Downes
amanhã
pela
manhã
―
Prometeu
ele.
―Quero
ir
agora
mesmo
―
Disse
ela
em
um
tom
que
não
admitia
réplica.
Ele
deixou
cair
a
toalha
para
ajoelhar-‐se
frente
a
ela.
―Não
me
rejeite,
Sophie
―
Implorou
com
voz
estrangulada.
―Não
estou
te
rejeitando
Patrick.
Simplesmente,
eu
gostaria
de
estar
a
sós
a
primeira
vez
que
visse
a
tumba.
Os
olhos
do
Patrick
tinham
olheiras
devido
ao
cansaço.
―Por
quê?
―Sou
sua
mãe.
Era
sua
mãe
―
Retificou.
―Eu
era
seu
pai
―Respondeu
ele.
―Levei-‐a
em
meu
interior
durante
meses!
―
Gritou
Sophie
―E
preciso
lhe
pedir
perdão.
―Perdão,
por
quê?
―Eu…
Todo
seu
corpo
estava
tremendo.
―Era
meu
corpo,
entende?
―Não.
De
que
está
falando?
As
lágrimas
apareceram
de
novo.
Patrick,
ao
obrigá-‐la
a
dar
explicações,
estava-‐lhe
fazendo
perder
o
controle
que
tanto
lhe
custava
manter.
―Não
pude
conservá-‐la
com
vida,
traí-‐a.
―Não
foi
sua
culpa―
Disse
ele
com
ternura
acariciando
sua
bochecha.
Ela
se
afastou.
―Quero
ir
sozinha
―
Insistiu
―
Necessito…
―Não
foi
culpa
sua
―
Patrick
sacudindo-‐a
brandamente
pelos
ombros
―
Não
estava
preparada
para
vir
ao
mundo.
Sophie
recorda?
Foi
você
quem
me
disse
isso.
Não
foi
sua
culpa,
simplesmente
era
muito
fraca.
Disse
recordando
suas
noites
em
claro
―
Estou
inteirada
de
sua
amante.
A
mulher
morena.
Não
reprovo
isso
―Se
apressou
a
acrescentar
―
Eu
já
sabia
que
as
coisas
seriam
assim,
mas
não
podia
entender
porque
me
doía
tanto.
O
abraço
de
Patrick
se
fez
mais
forte;
levantou-‐lhe
o
queixo
e
a
olhou
aos
olhos.
―Isso
não
é
certo
―
declarou
―
Deus
é
testemunha
de
que
nunca
desejei
a
outra
mulher
desde
que
te
beijei
pela
primeira
vez
no
baile
dos
Cumberland.
Sophie
lhe
olhava
sem
saber
se
lhe
acreditar
ou
não.
―Não
fiz
amor
com
ninguém
mais
―
Continuou
ele
―
E
não
há
nenhuma
mulher
morena
em
minha
vida.
Pelo
amor
de
Deus,
se
nem
sequer
olhei
a
nenhuma!
Só
penso
em
ti
e
em
seu
corpo.
Querida,
se
equivocou
ao
acreditar
que
eu
era
um
libertino
não
o
entende?
―Isso
significa
que
ainda
deseja…?
―Deus,
sim!
Sophie
apoiou
a
cabeça
no
ombro
de
seu
marido.
Estava
totalmente
confusa,
mas
tinha
uma
coisa
clara:
Patrick
a
desejava.
Isso
significava
que
voltaria
a
ir
a
sua
cama
assim
que
ela
estivesse
completamente
recuperada,
que
fariam
amor,
que
possivelmente
pudessem
ter
outro
filho.
Seu
corpo
e
sua
mente
se
relaxaram
instintivamente.
―Realmente
pensa
isso?
―
Perguntou
com
voz
apagada
―
De
verdade
deseja
fazer
amor
comigo?
Não
se
cansou
de
mim?
―Cansado?
Maldição,
Sophie,
de
onde
tiraste
essa
absurda
ideia?
―Acreditava
que
tinha
uma
amante.
Passava
muitas
noites
fora,
Patrick.
Ele
baixou
os
olhos.
―Sofria
―
Confessou.
Não
podia
decidir-‐se
a
tirar
o
tema
das
saídas
dela
as
sextas-‐feiras.
Apesar
do
ciúme
que
lhe
torturavam,
não
queria
ouvir
Sophie
falando
de
seus
sentimentos
por
Braddon.
Não
poderia
suportá-‐lo
embora
estava
seguro
de
que
não
o
tinha
enganado.
De
que
serviria
fazer
que
confessar
que
estava
apaixonada
por
outro
homem?
Ela
era
sincera,
não
o
tinha
traído,
e
não
acreditava
ter
direito
a
exigir
que
lhe
amasse,
e
menos
tendo
em
conta
que
virtualmente
a
tinha
obrigado
a
casar-‐se
com
ele.
Mas
Sophie
esperava
mais
explicações.
―
Por
que
sofria?
Eu
estava
aí,
te
esperando.
O
que
podia
ele
responder?
“Não
queria
vê-‐la,
jantar
contigo,
e
te
falar
porque
sabia
que
não
era
a
mim
a
quem
amava”?
Ela
ia
zombar
dele
se
dissesse.
―Não
sei
o
que
fazia
―
Reconheceu
ao
fim
com
voz
apenas
audível
―
Mas
não
tinha
uma
amante,
juro.
Pelo
geral
andava
sem
descanso
pelas
ruas.
Outras
vezes
passava
a
noite
em
meu
escritório
nos
moles.
Ela
não
podia
deixar
de
lhe
acreditar.
―Alegro-‐me
―
Murmurou
―Mas
sei
que
não
vai
durar
para
sempre,
mas…
―Maldição
Sophie!
―
Explodiu
ele
―
O
que
te
faz
pensar
que
sou
tão
canalha?
O
que
lhe
disseram
de
mim?
Ela
compreendeu
de
repente
que
acabava
de
lhe
insultar.
―Não
é
você,
Patrick.
Sei
como
são
os
matrimônios,
ou
pelo
menos
os
homens.
Não
poderá
te
conformar
com
a
mesma
mulher
para
toda
a
vida,
entretanto
não
serei
uma
esposa
molesta.
Não
o
fui
até
agora
não
é
certo?
Nunca
me
queixei
de
suas
ausências.
―É
certo
―
Grunhiu
ele
apertando
os
dentes
―
Tinha
a
sensação
de
que
te
dava
igual
se
eu
estava
aqui
ou
não.
Ao
Sophie
deu
um
tombo
o
coração.
―Eu
o
único
que
queria
é
que
não
se
sentisse
prisioneiro.
―
Por
que
tinha
medo
de
que
fosse
assim
não
voltasse
a
ir
a
dormitório?
Patrick
começava
a
compreender.
Ela
assentiu
e
o
continuou
com
suavidade:
―Eu
não
sou
seu
pai,
carinho.
E
você
não
é
a
sua
mãe.
Estou
completamente
seguro
de
que
te
visitarei
cada
noite
até
que
tenha
pelo
menos
oitenta
anos.
Inclusive
acredito
que
vou
queimar
sua
cama
para
que
só
tenhamos
uma
para
os
dois.
O
que
te
parece?
Ela
estava
um
pouco
aturdida.
―Por
quê?
―Porque
desejo
dormir
contigo
todas
as
noites
Sophie.
Nunca
falamos
o
suficiente.
Deveríamos
havê-‐lo
feito,
todas
essas
noites
nas
que
eu
caminhava
ao
azar
pelas
ruas,
pensando
só
em
fazer
amor
contigo.
Tampouco
agora
se
atreveu
a
mencionar
Braddon.
Sim,
teria
que
falar
disso,
mas
quando
ela
se
encontrasse
melhor,
quando
o
mesmo
se
recuperou
um
pouco
de
todas
essas
emoções.
Então
seria
capaz
de
suportar
a
verdade.
O
importante
nesse
momento
era
que
ela
desejava
lhe
ter
ao
em
sua
cama.
Beijou-‐lhe
as
pálpebras
com
ternura.
―
Fui
um
estúpido.
Poderá
me
perdoar?
Permitirá
que
durma
contigo
os
próximos
sessenta
anos?
Ela
acariciou
a
bochecha.
―Sim.
Oh
sim!
Ele
roçou
seus
lábios
e
foi
ela
quem
se
aproximou
para
lhe
dar
um
beijo
que
falava
mais
de
amor
que
de
desejo.
Ele
levantou
a
cabeça.
―Devo
te
dizer
uma
coisa,
Sophie.
Ela
se
mordeu
o
lábio
com
nervosismo.
―Quero
ter
um
filho
―
Continuou
ele
―
Desejava
a
esse
menino
mas
que
a
nada
no
mundo.
Fez-‐se
um
breve
silêncio.
―Então
porque
foi
tão
cruel?
Por
que
disse
essas
coisas
tão
horríveis?
―Minha
mãe…
Patrick
se
interrompeu
e
se
esclareceu
garganta.
―Não
queria
que
minha
esposa
corresse
a
mesma
sorte
que
minha
mãe.
É
ridículo,
sei,
mas
depois
de
sua
morte,
Alex
e
eu
ficamos
sozinhos.
Durante
as
férias
iam
a
casa
de
quem
queria
nos
acolher.
Isso
era
melhor
que
voltar
com
nosso
pai
a
uma
enorme
casa
vazia.
Então
jurei
a
mim
mesmo
que
nunca
teria
filhos
e
antes
de
te
conhecer
nunca
os
desejei.
Ela
passou
os
braços
ao
redor
do
pescoço.
―Mas
eu
gostaria
de
muito
ter
os
seus
―
Continuou
―
Teremos
outro
filho,
Sophie.
Preocuparei-‐me
muito
por
você,
isso
será
inevitável,
mas
teremos
tantos
como
você
deseje;
três,
quatro
ou
inclusive
dez.
Deu-‐lhe
uma
volta
no
coração
ao
recordar
que
essa
era
a
cifra
que
havia
dito
ao
Braddon.
Ele
estava
dando
pequenos
beijos
no
pescoço,
em
silêncio,
por
temor
a
que
escapassem
palavras
de
amor.
Patrick
havia
dito
que
a
desejava,
que
nunca
ia
dormir
com
outra
mulher,
que
queria
ter
filhos.
Ela
devia
conformar-‐se
com
isso.
Apesar
de
suas
boas
intenções,
não
pôde
evitar
sussurrar:
―Te
amo.
Te
amo.
Patrick
levantou
seu
queixo.
―-‐Não
está
obrigada
a
dizer
tal
coisa,
Sophie.
Conheço
seus
sentimentos.
Teremos
outros
filhos.
Surpreendida
e
envergonhada,
ela
se
afastou.
Ele
conhecia
seus
sentimentos?
Apesar
de
todos
seus
esforços
por
escondê-‐los
o
sempre
tinha
sabido
que
ela
estava
apaixonada
por
ele?
Sentia-‐se
profundamente
humilhada,
entretanto
deixou
cair
a
cabeça
sobre
seu
ombro.
Sim,
amava-‐lhe.
Estava
louca
por
ele.
Patrick
por
sua
parte
tinha
a
sensação
de
que
o
estavam
apunhalando.
Tinha
esperado
ouvir
dizer
essas
palavras
e
agora
se
dava
conta
de
que
não
queria
as
ouvir.
Não
queria
um
amor
que
só
era
gratidão
por
sua
promessa
de
ter
mais
filhos.
Não
desejava
o
laço
que
se
formou
entre
eles
da
morte
da
menina;
ou,
em
qualquer
caso;
não
queria
que
chamasse
a
isso
“amor”.
Desejava
que
Sophie
sentisse
a
mesma
ardente
paixão
que
consumia,
que
tivesse
a
certeza
de
que
se
voltaria
louca
se
algo
lhe
acontecia.
―Sophie
―
Sussurrou
contra
seu
cabelo,
com
um
nó
na
garganta.
Ela
esperou,
mas
o
foi
incapaz
de
dizer
nada
mais
e
quando
voltou
a
falar
foi
trocar
completamente
de
tema.
―Segue
querendo
ir
ao
Downes
hoje?
Ela
fez
uma
profunda
inspiração.
―Sim,
por
favor.
―
Vou
preparar
tudo,
poderei
me
reunir
contigo
dentro
de
uns
dias?
Ela
escondeu
a
cara
em
seu
pescoço.
―Vem
agora
Patrick.
Vem
comigo
―
Disse
com
voz
ligeiramente
tremula.
Ele
se
apoderou
de
seus
lábios.
―Irei.
Sempre
irei
contigo
vá
aonde
vá.
Quando
Sophie
despertou
uns
dias
depois,
em
uma
grande
cama
em
Downes
Manor,
teve
a
sensação
de
que
estava
curada.
Sua
filha,
a
filha
dos
dois,
já
não
estava,
mas
teriam
outros
filhos.
E
seu
marido
estava
deitado
ao
seu
lado
sobre
a
colcha,
coberto
com
uma
incrível
camisola
de
renda
que
seu
irmão
tinha
exigido
que
colocasse,
por
alguma
desconhecida
razão.
Seu
rosto
estava
um
pouco
abatido
e
a
barba
obscurecia
seu
queixo,
mas
entretanto,
nunca
lhe
tinha
parecido
mais
atraente.
Capítulo
28
Alguém
estava
acariciando
seu
nariz.
Com
uma
flor,
conforme
pôde
comprovar
Sophie
ao
abrir
os
olhos.
Sorriu
adormecida.
―Dormi
muito?
―Algumas
horas
―
Respondeu
seu
marido
com
um
terno
olhar.
Ela
se
espreguiçou
e
sentiu
o
comichão
da
grama
sob
suas
omoplatas,
enquanto
Patrick
se
dedicava
a
contemplar
seus
seios
que
esticavam
o
vestido
de
algodão.
A
margarida
baixou
ao
longo
de
seu
pescoço.
―Esse
sutiã
necessita
algum
adorno
―
Disse
orvalhando
sobre
ela
uma
chuva
de
pétalas
brancas.
Ela
estremeceu.
Patrick
estava
um
pouco
despenteado.
Certamente
ele
também
ficou
adormecido
depois
da
comida
campestre
regada
com
vinho.
Por
volta
de
já
dois
meses
que
estavam
ali
depois
de
Londres
com
o
coração
destroçado
pela
dor.
Tinham
escolhido
uma
singela
lápide
para
sua
filha
e
tinham
gravado
nela
seu
nome,
Frances,
e
umas
palavras:
Nossa
filha
adorada.
Logo,
um
dia,
Charlotte
e
Sophie
tinham
ido
plantar
campainhas
de
inverno
com
o
conseguinte
aborrecimento
do
jardineiro
que
pensava
que
as
damas
não
deviam
manchar
as
mãos
de
terra.
Não
retornaram
a
Londres,
o
pensar
em
sua
residência
londrino,
cheia
de
lembranças
de
dias
em
silêncio
e
noites
sem
dormir,
não
a
atraía,
de
modo
que
se
instalaram
em
uma
das
casas
da
mansão
como
dois
pássaros
feridos.
Era
o
tempo
da
convalescença.
A
cálida
presença
de
Charlotte
e
Alex
lhes
reconfortava
e
Downes
Manor
já
não
era
a
triste
residência
que
Patrick
conheceu
quando
era
menino.
Quando
terminou
o
trimestre,
Henri
se
reuniu
com
eles
para
grande
alegria
de
Pippa
e
após
toda
a
casa
ressonava
com
suas
risadas.
Mas
o
mais
importante
é
que
em
qualquer
lugar
que
fosse
Sophie,
Patrick
estava
com
ela,
não
a
deixava
carregar
com
nada
mais
pesado
que
sua
costura.
Pelas
noites
se
despedia
da
Simone
para
lhe
pentear
o
mesmo
seu
sedoso
cabelo.
Dormiam
entrelaçados
com
a
face
de
Patrick
pega
ao
pescoço
de
Sophie.
Se
ela
se
dava
a
volta
enquanto
dormia,
ele
em
seguida
a
voltava
a
aproximar
dela.
Não
queria
abandoná-‐la
nem
sequer
quando
dormia.
fez
um
silêncio
como
se
o
tempo
se
deteve.
Já
não
ouvia
nem
as
cigarras
nem
o
zumbido
das
abelhas.
O
mundo
se
limitava
aos
olhos
azuis
de
sua
esposa.
―É
isso
certo?
―
Disse
por
fim.
Sophie
tinha
ruborizado
ligeiramente
e
apoiou
as
mãos
nas
bochechas
de
seu
marido.
―Certamente.
Por
que
parece
tão
surpreso?
Acreditei
que
sabia.
―Acreditava
que
amava
Braddon.
―A
Braddon?
Ela
abriu
os
olhos
assombrada.
―Como
poderia
estar
apaixonada
por
Braddon?
Ele
está
louco
por
Madeleine!
―Isso
não
te
impede
de
amá-‐lo
―
Insistiu
ele.
Era
o
momento
indicado
para
esclarecer
coisas.
Sophie
começava
a
cair
das
nuvens.
―De
onde
tirou
essa
incrível
ideia?
―Incrível?
―
Disse
Patrick
com
ironia
―
Braddon
afirmava
que
você
o
adorava
e
essa
é
a
impressão
que
dava.
Insistiu
em
fugir
com
ele,
pelo
amor
de
Deus!
E
quando
anunciou
seu
compromisso
com
Madeleine,
você
chorou.
―Chorei?
Sophie
estava
tentando
fazer
memória.
―Não,
não
chorei
pelo
compromisso
de
Braddon,
porque
francamente,
dá-‐me
completamente
igual
se
se
casar
ou
não.
Pensou
por
um
momento.
―E
ele
te
disse
que
eu
estava
apaixonada
por
ele?
Ele
assentiu
e
os
olhos
azuis
do
Sophie
se
obscureceram.
―Que
arrogante,
miúdo
imbecil!
Eu?
Apaixonada
por
ele?
Ao
Patrick
o
coração
dançava
de
alegria.
―Vejamos
―
A
provocou
―
Se
mal
não
recordo,
disse-‐me
que
estava
louca
por
ele.
―Pagará-‐me
isso!
―
Gritou
antes
de
explodir
em
gargalhadas
―
Como
vingança
contarei
a
Madeleine
assim
que
voltem
de
sua
viagem
de
núpcias.
―Eu
gosto
muito
de
Madeleine
―
Murmurou
Patrick
―
Onde
a
conheceu?
―Deve
ser
no
baile
dos
Cumberland.
Ele
negou
com
a
cabeça.
―Impossível.
Disse-‐me
que
seu
primeiro
baile
tinha
sido
o
que
deu
lady
Commonweal
para
celebrar
o
compromisso
do
Sissy,
e
você
convidou
para
jantar
ao
Madeleine
muito
antes
disso.
Sophie
afastou
a
face.
Odiava
mentir
e
optou
por
lhe
dizer
uma
verdade
pela
metade.
―Certamente
foi
Braddon
quem
me
apresentou
a
ele,
mas
já
não
sei
quando.
―Braddon…
Patrick
desfrutava
de
uma
excelente
memória,
o
qual
lhe
tinha
resultado
muito
útil
em
seus
negócios
e
então
recordou
uma
frase
que
havia
dito
Braddon:
“Madeleine
é
diferente;
ela
é
somente
minha
e
para
sempre”
Estava
se
referindo
a
sua
futura
amante,
quão
jovem
tinha
substituído
a
Arabella.
Pensava
comprar
uma
casa
no
Mayfair,
queria
tê-‐la
perto.
Uma
luz
se
fez
em
seu
cérebro.
Braddon
tinha
metido
Sophie
a
um
de
seus
estúpidos
planos,
e
este,
socialmente
ao
menos,
era
perigoso.
Mas
ao
menos
era
com
Madeleine
com
quem
ela
passava
as
sextas-‐
feiras.
Com
Madeleine,
a
amante
de
Braddon.
―Ensinou-‐lhe
a
comportar-‐se
em
sociedade
não
é
isso?
Sophie
esboçou
um
sorriso
pesaroso.
―Não
necessitou
muitas
lições.
Ele
aspirou
profundamente.
―Eu
acreditava
que
passava
as
tardes
com
Braddon.
―Bom,
isso
é
certo
―
Respondeu
ela
distraidamente
―
Mas
a
maior
parte
do
tempo
não
podíamos
estar
com
ele
porque
se
comportava
como
um
cão
raivoso.
Não
conseguia
manter-‐se
a
mais
de
vinte
centímetros
de
Madeleine.
Patrick
a
abraçou
pensando
em
quão
estúpido
tinha
sido.
―Não
estaria…
Sim!
Estava
com
ciúmes!
Acusou
Sophie.
Ele
pensou
por
um
momento
em
negá-‐lo,
mas
tinham
prometido
ser
sinceros
um
com
o
outro.
―Estava
doente
de
ciúmes
―
Confessou
contra
seus
lábios―
Quase
morro.
―Mas
eu
acreditava
que
você
tinha
uma
amante.
―A
propósito
―
Disse
ele
com
curiosidade
―Quem
era
a
beleza
morena
com
a
qual
acreditava
que
eu
mantinha
uma
relação?
Sophie
ainda
se
estava
deleitando
com
os
ciúmes
de
seu
marido.
―Charlotte
sugeriu
que
estava
ciumento
de
Braddon
mas
eu
não
podia
acreditá-‐lo.
maravilhosa
do
mundo.
Passou
uma
mão
pelo
cabelo
negro
e
lhe
ofereceu
de
novo
seus
lábios.
―Sinto
muito
―
Voltou
a
dizer
ele
com
voz
rouca
―
Estava
com
ciúmes.
Depois
ficou
grávida
e
tive
muito
medo.
Não
estou
acostumado
a
ter
medo.
Estava
furioso
e
completamente
aterrorizado,
de
modo
que
em
quão
único
pensava
era
em
me
manter
afastado
de
você.
O
beijo
de
Sophie
foi
um
perdão
silencioso
e
ficaram
muito
momento
olhando-‐se
nos
olhos.
―Nunca
te
deixarei
prometeu
Patrick
―Se
isso
chegar
a
ocorrer
gritarei
como
uma
arpía.
O
que
te
parece?
―Aceito
o
trato.
Entretanto
se
que
é
muito
inteligente
para
ser
uma
esposa
tranquila.
Ela
sorriu.
―Ciumento
de
meu
êxito
com
Madeleine?
―
Zombou
ela
―
Minha
próxima
meta
é
fazer
que
o
duque
de
Gisle
se
converta
em
um
duque
digno
desse
nome.
―De
verdade?
E
que
é
o
que
não
funciona
com
o
duque
de
Gisle?
―Não
é
consciente
de
sua
fila.
Sua
limusine
esta
simplesmente
forrada
de
seda
azul,
sem
o
menor
brasão
à
vista.
E
nem
sequer
possui
sua
própria
mistura
de
tabaco.
―Odeio
o
tabaco.
―
Não
importa
―
Replicou
ela
alegremente
―
Todos
os
duques
têm
sua
própria
mistura
de
tabaco
que
ninguém
mais
pode
comprar.
―
Eu
acredito
que
seu
verdadeiro
problema
é
a
duquesa.
Patrick
a
estava
acariciando
e
todo
o
corpo
dela
estremeceu.
―A
duquesa
conhece
muito
bem
as
regras
de
etiqueta
―
Murmurou
―
Eu
fiz
uma
condessa,
da
filha
de
um
criador
de
cavalos.
―Mas
mentiu
ao
duque
―
Ele
objetou.
Em
seus
olhos
havia
um
brilho
de
seriedade
que
a
alertou.
―Não
podia
te
falar
de
Madeleine
―
Se
defendeu.
―Não
se
trata
disso
―
Disse
ele
passando
a
mão
pelo
cabelo
e
despenteando-‐os
mais
do
que
estavam
―
Lembra
que
me
falou
dos
relatos
de
viagem
de
Kotzebue
na
Sibéria?
Ela
se
incorporou
sobre
os
ombros
intrigada.
―Uma
tarde
em
meu
escritório
―Ele
insistiu.
Ela
ruborizou.
―Ah
sim!
―Fui
a
uma
livraria
a
comprar
um
exemplar.
―Bom,
o
italiano
não
conta
porque
se
parece
ao
francês.
―Deveria
haver
suspeitado
―
Suspirou
com
um
brilho
divertido
nos
olhos―
Quantos
mais?
―
Um
pouco
de
português
e
de
holandês.
―Um
pouco?
Plantou-‐lhe
um
beijo
na
boca.
―Isso
quer
dizer
que
fala
sem
problemas?
―NÃO,
não!
―Se
apressou
a
retificar
Sophie
―
Não
pudemos
encontrar
a
ninguém
para
que
eu
pudesse
praticar
o
holandês,
de
modo
que…
―Isso
é
tudo?
Ela
o
olhou
com
os
olhos
cheios
de
angústia.
―Está
zangado?
Ele
pareceu
sinceramente
surpreso.
―
Por
que
deveria
estar
meu
amor?
Eu
adoro
viajar
e
você
é
uma
perita
em
idiomas.
Ao
contrário,
parece-‐me
que
tenho
uma
sorte
incrível.
E
estou
especialmente
feliz
de
que
saiba
turco.
Ela
o
interrogou
em
silêncio.
―Pensava
que
iria
sem
você?
Ela
assentiu.
―Não
seria
feliz
longe
de
você
―Disse
ele
―
Não
quero
voltar
a
dormir
sozinho
nunca
mais,
de
modo
que
no
próximo
mês
viajaremos
juntos
até
o
império
Turco.
―É
maravilhoso,
Patrick!
―
Exclamou
ela.
―
Bem―
Concluiu
ele
deixando
vagar
as
mãos
sobre
ela.
Ela
segurou
os
pulsos.
―Você
importa
que
fale
todos
esses
idiomas?
Os
olhos
de
Patrick
estavam
cheios
de
promessas.
―Dá-‐me
igual
em
que
idioma
me
fale
Sophie,
enquanto…
―Enquanto?
―-‐Enquanto
me
deixe
te
amar
de
manhã,
tarde
e
noite.
―
Só?
―
E
para
sempre.
―Suspeitava
―
Disse
ela
rindo.
―Também
tem
que
me
perdoar
por
meus
silêncios.
Ela
se
levantou
um
pouco.
―Eu
também
calava.
Tinha
medo.
Queria
evitar
a
qualquer
preço
as
amargas
brigas
de
meus
pais.
Mas
pode
que
um
educado
silêncio
seja
ainda
pior.
Ele
se
mostrou
de
acordo.
―No
mesmo
instante
em
que
volte
a
tomar
por
costume
sair
com
Braddon
poderá
comprovar
que
recuperei
a
voz.
―E
se
você
voltar
a
vir
para
casa
ao
amanhecer
―
Disse
ela
com
severidade
fingida
―
Me
converterei
em
uma
arpía
e
te
atirarei
coisas
à
cara.
Ele
sorriu.
―Uma
coisa
mais:
vai
ter
que
me
dar
ao
menos
cinco
filhos.
Ela
permaneceu
por
um
momento
incapaz
de
pronunciar
uma
palavra.
Seus
olhos
se
encheram
de
lágrimas.
―De
verdade
o
deseja
Patrick?
―Morrerei
de
medo
e
certamente
me
comportarei
como
um
tirano
mas
eu…
Quis
à
pequena
Frances
do
instante
que
a
vi.
Temos
que
ter
outro
filho.
As
lágrimas
de
Sophie
transbordaram
em
seus
olhos
e
ele
a
pegou
novamente
em
seus
braços.
―Sou
um
idiota
―
Disse
ele
com
ternura
―
Seria
melhor
que
te
fizesse
pensar
em
outra
coisa.
Bebeu
suas
lágrimas,
mas
suas
mãos
empreenderam
um
caminho
muito
menos
inocente
ao
longo
de
sua
coxa.
Umas
nuvens
brancas
se
moviam
no
céu
completamente
azul,
não
longe
zumbiam
as
abelhas
e
os
pássaros
cantavam
alegremente.
Sophie
fechou
os
olhos
e
acariciou
as
costas
de
seu
marido,
feliz
ao
sentir
que
este
se
estremecia
com
suas
carícias.
Epílogo
Dezembro
1807
Sophie
despertou
sobressaltada
e
se
sentou
na
cama.
A
única
luz
que
havia
no
quarto
era
a
da
lareira.
Ainda
adormecida,
olhou
as
chamas
que
se
refletiam
na
parede.
Para
calor
embora
o
inverno
estivesse
sendo
especialmente
duro.
Depois
ouviu
de
novo:
um
gorjeio
seguido
de
uma
risada
baixa.
Entrecerrando
os
olhos
pôde
ver
a
poltrona
de
balanço
ao
lado
da
lareira,
que
se
movia
brandamente.
―Patrick?
―Estamos
aqui.
Sorrindo
colocou
os
travesseiros
contra
a
cabeceira
da
enorme
cama
de
mogno.
Patrick
e
ela
tinham
sido
alojados
na
suíte
real
de
um
palácio
na
Turquia,
e
ele
tinha
negociado
para
conseguir
comprar
a
cama
do
pachá.
Ao
voltar
ele
cumpriu
sua
promessa
e
fez
tirar
a
cama
do
quarto
dela.
―Esta
é
a
única
cama
em
que
a
partir
de
agora
dormiram
a
duquesa
de
Gisle
e
seu
amante
esposo
―
Havia
dito
tombando-‐a
sobre
a
colcha
de
seda
―
Se
algum
dia
tem
alguma
boa
razão
para
me
jogar,
deve
saber
que
dormirei
diante
da
porta,
no
chão.
Sophie
tinha
rido
e
após
compartilhavam
essa
cama
feita
para
um
rei.
Ouviu-‐se
outro
balbuceio.
―Patrick,
não
deveria
ter
feito.
Entretanto
era
difícil
ficar
séria
diante
da
risada
do
bebê.
―Não
quererá
voltar
a
dormir
depois
de
ter
estado
brincando
contigo
―
Disse.
―Sim,
quererá
―
Respondeu
Patrick
com
a
voz
cheia
de
carinho
―
Voltará
a
dormir
em
seguida,
não
é
meu
coração?
Para
dar
gosto
a
mamãe.
A
menina
emitiu
um
alegre
gritinho.
―É
a
hora
de
comer?
Com
certeza
que
sim.
Levantou-‐se
e
se
dirigiu
para
a
cama
com
um
pacote
envolto
nos
braços.
Sophie
só
podia
ver
um
pequeno
punho
que
se
movia.
Patrick,
enquanto
andava,
esfregava
seu
nariz
contra
o
de
sua
filha.
―Ai!
―
Gemeu
quando
a
mãozinha
desta
puxou
seu
cabelo.
―Katherine?
―
Perguntou
Sophie.
―
Desde
quando
as
mães
não
reconhecem
seus
filhos?
―
Replicou
seu
marido
fingindo
severidade
enquanto
depositava
à
criança
nos
braços
de
sua
mãe
―
Está
pequena
preciosidade
é
Ella,
evidentemente.
Ela
estava
se
voltando
para
sua
mãe
na
expectativa.
―Toma
carinho
―
Disse
ela
abrindo
a
camisola.
Patrick
se
sentou
na
beira
da
cama,
comovido.
―Katherine
está
dormindo
profundamente.
Quando
Nancy
trouxe
Ella,
disse
que
esperava
que
Katherine
dormisse
toda
a
noite
de
um
puxão.
―Que
otimista!
―É
uma
boa
qualidade
para
uma
babá.
Mas
se
dá
conta
de
que
a
otimista
Nancy
não
prevê
que
Ella
durma
toda
a
noite
logo.
Sophie
contemplou
a
sua
filha
que
se
alimentava
com
avidez.
―
É
uma
comilona.
Não
quer
dormir
por
temor
de
perder
uma
comida.
―Ou
uma
brincadeira
―
Acrescentou
Patrick
―
Gosta
de
brincar
inclusive
quando
tem
fome.
―Acredito
que
quer
alcançar
a
sua
irmã
que
era
maior
que
ela
quando
nasceu.
―
Passou
os
três
últimos
meses
fazendo-‐o.
Olhe
o
tamanho
que
tem.
Depois
de
que
subisse
a
se
deitar
chegou
uma
mensagem
―
Acrescentou
ele
mudando
de
tema.
―Minha
mãe?
―Sim.
Heloise
foi
mãe
de
novo.
A
mãe
e
o
filho
se
encontram
bem.
George
diz
que
o
parto
só
durou
quatro
horas
de
modo
que
acredito
que
sua
mãe
se
parece
com
você,
querida.
Depois
de
todas
as
preocupações
que
tinham
ido
crescendo
à
medida
que
se
aproximava
o
parto,
as
gêmeas
tinham
nascido
tão
depressa
que
o
doutor
Lambeth
nem
sequer
teve
tempo
de
tirar
Patrick
da
habitação,
de
modo
que
este
último
pôde
sustentar
Katherine
em
seus
braços
quando
o
médico
com
uma
risada
de
surpresa,
apanhou
a
cabeça
de
Ella
que
se
precipitava
a
reunir-‐se
com
sua
irmã
no
mundo
dos
vivos.
Patrick
ainda
tinha
o
coração
cheio
de
alegria
cada
vez
que
o
recordava.
―Tenho
um
irmão
ou
uma
irmã?
―
Perguntou
Sophie.
―
Foi
um
menino.
Imagino
que
seu
pai
deve
estar
no
sétimo
céu.
―Nunca
se
preocupou
muito
a
sua
cessão
ao
título.
―Bem,
entretanto
tem
um
herdeiro.
Alexander
George,
futuro
marquês
de
Brandenbourg.
começar
a
chorar,
de
modo
que
a
peguei
nos
braços
e
trouxe
às
duas.
―Ella
deveria
estar
na
cama
―
Disse
Sophie
com
severidade
fingida.
Patrick
não
se
incomodou
em
responder.
Limitou-‐se
a
olhar
à
menina.
―Será
uma
verdadeira
beleza,
Sophie.
Terei
que
jogar
a
seus
admiradores
a
chutes.
Sophie,
estava
olhando
pensativa
a
que
tinha
ela.
As
gêmeas
se
pareciam
como
duas
gotas
de
água,
tinham
herdado
as
sobrancelhas
arqueadas
do
pai
e
o
cabelo
loiro
veneziano
de
sua
mãe.
Por
um
breve
instante
se
perguntou
se
Frances
teria
sido
tão
formosa
como
suas
irmãs.
Patrick
lhe
deu
um
beijo
na
têmpora.
―Era
preciosa,
querida,
mas
diferente.
Tinha
suas
sobrancelhas.
Os
olhos
de
Sophie
se
nublaram
e
se
apoiou
no
ombro
de
seu
marido
quem
a
rodeou
com
o
braço
livre.
―Não
chore
―
Disse
com
carinho.
Seus
olhares
se
cruzaram
carregadas
de
tristeza
pela
garotinha
que
nunca
deixariam
de
amar.
E
também
carregados
de
amor
um
pelo
outro
e
pelas
duas
novas
vidas
que
lhes
uniam
ainda
mais.
―Tenho
a
sorte
de
ter
um
marido
que
adivinha
meu
pensamento
―
Disse
esfregando-‐se
contra
ele
como
um
gatinho.
Patrick
esboçou
um
sorriso
cheio
de
suficiência.
Em
três
anos
de
matrimônio
tinha
aprendido
a
interpretar
os
olhares
de
Sophie.
Algumas
vezes
não
gostava
porque
se
deu
conta
de
que
não
podia
dissimular
o
menor
de
seus
sentimentos.
―Uma
boa
esposa
sempre
deve
saber
o
que
esta
pensando
seu
marido
―
Declarou
ele.
―Esta
pensando
no
café
da
manhã?
―Não.
Katherine
emitiu
um
sonoro
arroto
e
relaxou
nos
braços
de
sua
mãe
com
um
suspiro
satisfeito.
―Será
melhor
que
leve
elas
ao
quarto
dos
meninos
―
Disse
Patrick
Quando
voltou,
Sophie
não
tinha
dormido.
Contemplou
a
sua
formosa
mulher.
―Agora
já
adivinha
o
que
estou
pensando?
―Pode…
Já
sei!
Está
pensando
no
Sophie!
Patrick
tinha
posto
a
seu
novo
navio
o
nome
de
sua
mulher.
Ele
deitou
ao
lado
dela.
―O
Sophie
atraca
amanhã
depois
de
ter
estado
na
China.
Estou
desejando
subir
a
bordo.
FIM