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[9:18] Há componentes do comportamento humano que a gente não pode atribuir a uma
arbitrariedade, a uma diversidade cultural. Existia muito essa ideia do universal /cultural,
olha como isso aparece em todas as culturas então deve set alguma coisa que faz parte da
nossa natureza e de novo essa ideia natureza como diferente da cultura e eu tinha uma
resistência quando lia isso vários artigos e eu ficava “mas eu acho que isso tem uma
influência da cultura”.
[23:20] Isso é toda uma outra discussão de como é que a gente olha pros problemas, porque
mesmo com uma perspectiva evolucionista, você pode ter uma visão antropocêntrica,
mesmo da evolução a gente pode entender as especificidades cognitivas humanas como
muito superiores a de outras espécies; a gente tá cansado de ver na literatura, uma
cognição mais complexa, maior inteligência. E olhar para outra especies também com essa
compreensão hierárquica, mas tendo ai sim como modelo, como padrão - o padrão é a
característica humana e esse é o ápice e vamos olhar quem chega perto disso. [24:20] Então
a gente vê muito isso em cognição espacial, uma ideia de que a espécie humana tem uma
capacidade de orientação de navegação perfeita. Como se o nosso cérebro fosse o gps.
Traçasse mapas, afinal fomos capazes de fazer mapas, somos cartógrafos, geógrafos só que
a gente esquece q foi um ou outro na verdade é essa a grande característica, peculiaridade
humana incrível em relação a muitas outras espécies essa nossa cognição partilhada, um é o
gênio mas ai ele pode ensinar, ele pode partilhar, ai isso fica parecendo uma característica
humana. [25:41] A gente não tem essa capacidade tão superior em termos de resultado, o
que a gente fez de todas essas espécies migratórias, que percorrem a terra toda, é uma
capacidade de navegação elaboradíssima. [26:01]Então a ideia que a gente defende mais
modernamente para o estudo da cognição é de novo esse olhar para os problemas
adaptativos a cognição também sofre e sofreu evolução por seleção natural ou outros
processos, mas a gente tem diferentes mecanismos cognitivos que são ajustados ao
ambiente de adaptação de cada espécie, de cada organismo então não há um superior ou
inferior se é eficiente para a solução dos problemas adaptativos daquela espécie. [26:50]
Então é isso que é relevante, mais importante de estudar então como é que cada espécie
processa as informações do ambiente, armazena e age sobre essas informações, como é
que cada espécie se comporta. [27:09] Cognição nesse sentido não é consciência. É o nome
q a gente da para esse processamento das informações do ambiente pelo sistema nervoso
tanto da percepção quanto na ação, então até o nome dessa área de estudo eh percepção e
ação não tem necessariamente uma cognição q está enstalada dentro do cérebro e isolada
do ambiente e que faz um raciocínio anterior a ação então tem umas pessoas q acham q o
macaco prego senta olha as pedras olho o coco duro e reflete sobre qual é a melhor solução
depois q ele consegue fazer isso o outro olha e fala ah essa é a solução perfeita e ele vai lá e
faz a mesma coisa. [28:08] Não é isso, é uma solução que se constrói a partir de , agindo
sobre os elementos do ambiente sobre as pedras que vão se transformando em
ferramentas sobre esses alimentos duros agindo com o repertorio comportamental que é
muito próprio, que a gente pode dizer que é inato, então o macaco prego faz parte do
repertório motor deles isso que a gente chama de forrageamento percussivo eles batem
tudo o que eles vão comer, mesmo coisas moles, eles vão fazendo isso e de repente meio
por acaso quebra ai repete aquilo. [28:54] Um bichinho que cresce num ambiente como
esse em que comportamento já tá instalado, ele fica mais canalizado para essa ação a sua
cognição nesse sentido, a percepção do que é importante para a quebra ela vem mais
rápido, porque ele já tá exposto àquilo, tem vários adultos, não é ele que tá descobrindo
sozinho já tem um monte de parceiros sociais que estão fazendo isso ali, então ele começa a
ouvir o som e ele pode comer restinhos daquela comida deliciosa que sai, então ele fica
atraído para aquele lugar e a percepção dele fica canalizada para aquela ação e para aqueles
restinhos ai ele começa a repetir os mesmos movimentos não porque ele esteja imitando ou
naquele momento ele fala: ah isso que é importante, mas ele tá repetindo os movimentos
do mesmo jeito quando a gente quando alguém boceja a gente boceja ou se tem alguém
dançando você começa a dançar. Então tem alguém fazendo esse movimento de quebra
levantar o corpo com as mãozinhas descendo a pedra o outro começa a fazer a mesma
coisa, mas é nesse contágio, e com isso esse comportamento que parece refletir uma
inteligência humana. [30:17] Ai a gente mostra como isso se desenvolve com muita ação e
repetição, e ai isso é de fato um modelo super interessante pra gente entender processos
cognitivos humanos e processos de aprendizagem {por quê?} [30:33] porque a gente
percebe que também para nossa espécie a colocação de problemas deve passar por essa
percepção e ação, pouquíssimas pessoas são o Eistein e não sei quanto treinamento ele teve
que ter para pensar.
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