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Densitometria óssea

DEFINIÇÃO

A densitometria óssea é um exame diagnóstico por imagem não invasivo que mede a
densidade mineral óssea (DMO) em uma ou mais áreas do corpo, geralmente a coluna lombar,
o quadril ou o antebraço. A DMO é uma medida da quantidade de minerais, principalmente
cálcio, presentes nos ossos, e é um indicador importante da força e saúde dos ossos.

Também conhecida como absormetria de raios-x de dupla energia (DEXA ou DXA), consiste em
expor uma parte do corpo a uma dose pequena de radiação ionizante para produzir imagens. O
principal objetivo do exame é avaliar a densidade mineral óssea e determinar se há
osteoporose ou está em risco de desenvolver a doença. A DMO é medida em unidades de
massa por área, geralmente gramas por centímetro quadrado (g/cm²), e é comparada com a
densidade mineral óssea média de uma pessoa saudável do mesmo sexo e idade. Essa
comparação é realizada pelo software do aparelho e é usada para gerar uma pontuação T, que
é um indicador da força dos ossos e do risco de fratura.

Um escore T de -1 ou superior é considerado normal, enquanto um escore T entre -1 e -2,5 é


indicativo de osteopenia (uma perda óssea menor que a osteoporose) e um escore T de -2,5 ou
inferior é diagnóstico de osteoporose. Além da pontuação T, o exame de densitometria óssea
também pode fornecer uma pontuação Z, que compara a densidade mineral óssea da pessoa
com a média da população da mesma idade e sexo.

É usada principalmente para diagnosticar e monitorar a osteoporose, bem como para avaliar o
risco de fraturas em pessoas com outras condições que afetam a densidade óssea, como a
osteopenia, doença de Paget e a artrite reumatoide.

Linha do tempo

1985 – Roetgen publica seus primeiros estudos sobre Raio X.

1987 – Denis J. publicou na revista Dental Cosmos um artigo intitulado “Um novo sistema para
a mensuração da opacidade óssea”, o que sugere a existência de um método predecessor,
porém não há referência conhecida na literatura.

1901 – Novamente na revista Dental Cosmos há uma publicação que que utiliza pela primeira
vez o termo “densitometria”.

1950 – Foi observado que o carpo (punho) era útil para estudo de massa óssea devido
apresentar poucos tecidos moles.

1963 – Jonh Cameron (físico) e James Sorenson desenvolvem a técnica de densitometria óssea.

1970 - Primeiros estudos sugeriram que a densidade mineral óssea (DMO) estava diretamente
relacionada ao risco de fraturas. Naquela época, as medições da DMO eram feitas utilizando
radiografias convencionais, o que era impreciso e pouco confiável.

1972 – Surge o primeiro densitômetro comercial, criado pela Universidade de Wisconsin –


Madison USA sob a tutela de Richard B. Mazess, fundador da Lunas Corporation.

1987 - A densitometria óssea por absorção de raios X de dupla energia (DXA) foi introduzida
como uma técnica mais precisa e confiável para medir a DMO.

1989 – Primeiro aparelho de densitometria óssea chega ao Brasil.


1992 – OMS avalia cientificamente a capacidade da densitometria óssea enquanto recurso
clínico.

1994 – OMS propõe que o diagnóstico de osteoporose seja estabelecido tendo como base os
resultados da densitometria óssea expressos em desvios padrão (T-scores).

Desde então, a densitometria óssea por DXA se tornou amplamente utilizada como uma
ferramenta para diagnosticar e monitorar a osteoporose.

Sobre o exame

A radiação recebida pelo paciente durante o exame é cerca de dez vezes menor que a
que ocorre quando se faz uma radiografia de coluna e cerca de cem vezes menor que a
recebida em uma Tomografia computadorizada. A dose de radiação que o operador
recebe, mantendo-se a um metro da mesa durante o funcionamento do aparelho está nos
mesmos níveis de uma radiação ambiental.

O exame consiste numa amostragem óssea do osso esponjoso e compacto das áreas
avaliadas onde os objetivos são:

 Avaliar o grau de osteopenia e/ou osteopenia;


 Indicar a probabilidade de fratura;
 Possibilitar a obtenção da curva de perda óssea através do tempo (quando a
avaliação é feita periodicamente);
 Auxiliar no tratamento médico.

Indicações

 Mulheres de idade igual ou superior a 65 anos;


 Mulheres na pós- menopausa, ainda que abaixo de 65 anos, e homens entre 50 e
70 anos, com fatores de risco;
 Homens com idade igual ou superior a 70 anos;
 Indivíduos com história de fratura por fragilidade;
 Indivíduos com doença ou condição associada à baixa massa óssea ou à perda
óssea;
 Indivíduos usando medicamentos associados à baixa massa óssea ou perda óssea;
 Indivíduos em tratamento para osteoporose, para monitorar a eficácia do
tratamento;
 Indivíduos que não estejam realizando
tratamento, nas quais a identificação de
perda de massa óssea possa determinar
a indicação do tratamento.

A técnica baseia-se na atenuação, pelo corpo do


paciente, de um feixe de radiação gerado por
uma fonte de raio X com dois níveis de energia.
Este feixe atravessa o indivíduo no sentido
póstero-anterior e é captado por um detector.
Um programa calcula a densidade de cada
amostra a partir da radiação que alcança o
detector em cada pico de energia.
ANATOMIA E FISIOLOGIA ÓSSEA

O osso é um tecido conjuntivo especializado que forma, juntamente com a cartilagem, o


sistema esquelético. O osso é formado por um tecido esponjoso mais leve (trabecular),
que é revestido por uma camada externa rígida conhecida como osso compacto (cortical).

O osso trabecular está presente principalmente nas vértebras, crânio, pélvis e porção ultra
distal do rádio; já o osso cortical predomina nos ossos longos, colo femoral e rádio distal.

O osso é uma estrutura dinâmica, continuamente renovada e reconstruída, sendo também,


sensível a influências metabólicas, nutricionais e endócrinas.

Esses tecidos cumprem três funções:

 Mecânica;
 Protetora, de órgãos vitais e medula óssea;
 Metabólica, com reserva íons principalmente cálcio e fósforo, para a manutenção
da homeostase sérica, essencial a vida.

Constituição

PERIÓSTEO: Tecido conjuntivo fibroso que reveste a superfície externa do osso, exceto as
superfícies articulares(que são revestidas por cartilagem hialina).

ENDÓSTEO: Tecido conjuntivo delicado que reveste as cavidades do osso, incluindo os


espaços e cavidades medulares.

Além dessa matriz, o tecido ósseo apresenta células especializadas:

OSTEÓCITOS - são células situadas no interior das lacunas da matriz.

OSTEOBLASTOS - são células relacionadas à síntese da parte orgânica da matriz e estão


localizados na sua periferia.

OSTEOCLASTOS - são células móveis, ocorrendo, portanto, em várias partes do tecido.


ANATOMIA DAS PARTES AVALIADAS

Coluna lombar:

A coluna lombar é composta pelas cinco vértebras inferiores da coluna vertebral, L1 a L5. Essas
vértebras são as maiores e mais fortes da coluna vertebral e suportam o peso do corpo. O
exame de densitometria óssea da coluna lombar geralmente é realizado nas vértebras L1 a L4.

Fêmur:

O fêmur é o osso mais longo do corpo humano e está localizado na coxa. Ele se conecta à pelve
na articulação do quadril e ao joelho na articulação do joelho. A densitometria óssea do fêmur
geralmente é realizada no colo do fêmur, que é a região próxima à articulação do quadril, ou no
trocânter maior, que é a saliência óssea na lateral do fêmur.
Antebraço:

O antebraço é a região do braço entre o cotovelo e o punho e é composto por dois ossos, o
rádio e a ulna. O exame de densitometria óssea do antebraço geralmente é realizado no terço
distal do rádio, que é a extremidade mais próxima do punho.

PRINCIPAIS PATOLOGIAS ÓSSEAS ASSOCIADAS

OSTEOPENIA: Condição relacionada a perda de


massa nos ossos, que ocorre de forma gradual.
Esse estado pode levar a situações mais graves,
como a osteoporose.

OSTEOPOROSE: Condição na qual os ossos se


tornam frágeis e quebradiços. O corpo absorve e
substitui o tecido ósseo constantemente. Na
osteoporose, a nova criação óssea não acompanha a
remoção da camada óssea anterior.
REALIZANDO O EXAME

Orientações pré-procedimento

 Verificar se a altura e peso do paciente estão dentro dos limites do equipamento;


 Identificar a etnia do paciente;
 Nunca realizar a densitometria óssea depois de exames com contrastes
radiográficos;
 O paciente não poderá tomar cálcio no dia do exame;
 Para densitometria de corpo inteiro, o paciente deve suspender a ingestão de água
3 horas antes do exame;
 Pacientes grávidas não devem realizar o procedimento;
 No caso de pacientes do sexo feminino, com idade superior a 45 anos que tenham
alguma dúvida quanto à possibilidade de estar na menopausa (ex. estar usando
DIU Mirena, antecedente de histerectomia etc.), o médico deverá ser consultado.
As pacientes ooforectomizadas estão tecnicamente na menopausa;
 Verificar se o (a) paciente tem exame anterior. Em caso positivo, o(a) paciente
deverá entregar o exame anterior para comparação;
 Pedir ao (à) paciente que tire os sapatos e qualquer tipo de metal que possa
interferir no exame, tais como: fivelas, botões, sutiãs com aro metálico, roupas com
zíperes, colchetes etc;
 Posicionar corretamente o(a) paciente.

Contraindicações

 Gravidez;
 Ingestão recente de meio de contraste oral;
 Exame recente de medicina nuclear.

Impossibilidade de se manter em posição decúbito dorsal na mesa de exames sem se


movimentar durante tempo do exame. Alguns equipamentos têm a opção de modos de
scan rápidos (fast scan) que reduzem o tempo de aquisição.

Posicionamento e critérios de análise

Coluna lombar em AP:

Os parâmetros de aquisição e processamento do exame de Coluna Lombar devem seguir


os protocolos do fabricante. Esses protocolos diferem em detalhes de um
fabricante/modelo para outro, mas, em geral, a aquisição é feita com o paciente deitado
em decúbito dorsal na mesa de exame e com a parte inferior das pernas apoiadas em um
suporte que é fornecido com o equipamento.

O apoio das pernas tem a finalidade de reduzir a lordose e alinhar os espaços entre os
discos vertebrais com o feixe de raios X, melhorando a visualização da separação das
vértebras individuais na imagem. Com o uso do laser, deve-se posicionar corretamente
onde a varredura será iniciada e, além disso, a coluna deve ficar perfeitamente centralizada
no campo de visão.
- Coluna deve estar
centrada e retificada.

- As cristas ilíacas
devem aparecer um
pouco e devem estar
alinhadas.

- Visualização do
último par de costelas
e parte de T12.

- Ausência de ar.

- Ausência de
artefatos: metais e /
ou próteses de silicone
nas mamas e / ou
glúteos.

Devem ser, portanto, utilizadas todas as vértebras avaliadas (L1 até L4) e, apenas excluída
uma ou mais vértebras que estejam afetadas por alterações morfológicas e estruturais ou
artefatos. Três vértebras devem ser usadas se não for possível usar quatro, e duas se não
for possível usar três.

A utilização de classificação diagnóstica não deve ser realizada baseando- se em uma única
vértebra. Se apenas uma vértebra lombar for avaliável, após excluídas as demais, o
diagnóstico deverá ser baseado em outro sítio esquelético válido.

Vértebras anatomicamente anômalas podem ser excluídas da análise se: forem claramente
anômalas e/ou não avaliáveis dentro da resolução do sistema empregado ou se for
observada diferença de mais de um desvio padrão (T-Score) entre a vértebra em questão e
a adjacente.

Quando for excluída alguma vértebra, a Densidade Mineral Óssea (DMO) das
remanescentes será utilizada para derivar o T-Score. Um mínimo de duas vértebras é
exigido para fins de diagnóstico.

A avaliação densitométrica da Coluna Lombar em Lateral não deve ser usada para
diagnóstico, mas pode ser útil no monitoramento.
Fêmur Proximal:

É um exame relativamente comum devido à alta mortalidade associada à fratura nessa


região anatômica. Na determinação da DMO do quadril, o correto posicionamento do
paciente e, principalmente, dos membros inferiores, é de extrema importância para obter-
se uma medida de alta precisão. Assim como no caso da coluna, os protocolos entre os
diferentes fabricantes podem ter pequenas diferenças e o operador deve estar atento isso.

O paciente deve retirar os sapatos e deitar na mesa em decúbito dorsal com os membros
inferiores esticados. O pé deve ser firmemente preso ao suporte específico, que serve para
garantir a rotação apropriada da perna e também a reprodutibilidade do posicionamento
em exames futuros.

É importante salientar que não é somente o pé que deve ser rotacionado, mas toda a
perna. Uma forma de verificar se a rotação está adequada é observar se o joelho está
apontando levemente para dentro (não para cima ou para o lado de fora). O paciente é
alinhado com a linha central da mesa assim como o centro do suporte de pé, de forma a
garantir a reprodutibilidade do ângulo nos exames futuros. Geralmente utiliza-se o fêmur
direito, mas a aquisição também poderá ser realizada no lado oposto.

- Paciente reto no centro da


mesa.

- Mãos ao lado do corpo com


rotação interna ou sobre o
tórax.

- Pernas retas e estendidas, pés


com rotação interna de 15°.
Antebraço:

Antes de iniciar o exame, mede-se o tamanho do antebraço e anota-se o valor no software


do equipamento. Este dado será usado na análise dos resultados. Nos exames de
antebraço em equipamentos DXA (sem necessidade de imersão em água), o antebraço é
posicionado em cima da mesa, e o laser centralizado entre os ossos rádio e ulna.

A posição inicial da varredura vai depender de qual braço será avaliado (esquerdo ou
direito) e do sentido de varredura do equipamento. Alguns equipamentos possuem
suportes especiais para o posicionamento do antebraço evitando a movimentação durante
a varredura.

- Pede-se ao paciente manter o


punho relaxado e que fique com
a mão fechada.

- Paciente reto no centro da


mesa.
O exame de antebraço deve ser realizado quando o exame de coluna e/ou exame do fêmur
não puderem ser interpretados, tais como: pacientes obesos (acima dos limites
especificados para o equipamento DXA usado), presença de próteses, etc.

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