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Unidade 4
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
AVALIANDO
PROCESSOS E RESULTADOS
DE AVALIAÇÃO
O
1. INTRODUÇÃO
s conhecimentos selecionados para Este texto enfoca os fundamentos, his-
esta unidade abordam os aspectos tória e metodologia da avaliação de a-
teórico-práticos da avaliação do prendizagem, esta ampliada para além
processo ensino-aprendizagem e são conside- da cultura instituída de mensuração e
rados relevantes para uma práxis que se pre- verificação do rendimento escolar.
tenda inovadora, ao alcance do professor Através das leituras e das atividades
comprometido com o seu processo de forma- recomendadas nesta unidade espera-
ção e atualização pedagógica. se que o docente seja capaz de:
É importante considerar que a construção de - conhecer os fundamentos teórico-
um Projeto Pedagógico necessita de uma ava- práticos da avaliação da aprendizagem
liação educacional baseada em princípios de- como dispositivo didático para o diag-
mocráticos, que reflita o contexto e vislumbre nóstico e tomada de decisões relativas
as perspectivas de mudanças. ao ensino e à aprendizagem;
A avaliação da aprendizagem, no novo para- - selecionar e elaborar critérios e instru-
digma, é um processo mediador na construção mentos de avaliação adequados ao
do currículo e se encontra intimamente relacio- plano de ensino-aprendizagem;
nada à gestão da aprendizagem dos alunos
(PERRENOUD, 1999). Nesta perspectiva, a ava- - analisar as modalidades de avaliação
liação possibilita a tomada de decisões e a me- externa do ensino de graduação e os
lhoria da qualidade de ensino, informando as resultados da Instituição.
ações em desenvolvimento e a necessidade de Espera-se, portanto, que a aprendiza-
regulações constantes. As regulações são inter- gem construída nesta unidade possibi-
venções intencionais a partir da compreensão lite refletir sobre a prática da avaliação,
do percurso realizado. Dizem respeito às ações a reelaboração de procedimentos, cri-
que acontecem durante o processo de aprendi- térios e instrumentos avaliativos visando
zagem e indicam perspectivas na tomada de de- ao aperfeiçoamento da prática peda-
cisões pedagógicas, administrativas e referentes gógica. É com esse propósito que serão
a mudanças nos sujeitos, pois toda avaliação pro- aprofundadas questões teórico-práti-
cessual se encaminha para uma auto-avaliação. cas da avaliação da aprendizagem.
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2. Os fundamentos da avaliação
do processo ensino-aprendizagem
Etimologicamente, avaliar vem do latim ensino-aprendizagem tem sido pautada pela
a + valere, que significa atribuir valor lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato
e mérito ao objeto em estudo. de avaliar ao de medir os conhecimentos
adquiridos pelos alunos. Atualmente a avalia-
Assim, avaliar é atribuir um juízo de va-
ção é compreendida como um processo inte-
lor sobre a propriedade de um processo
grado e motivador da aprendizagem; mas,
para a aferição da qualidade do seu
como mostra sua história, nem sempre foi
resultado. No entanto, a compreensão
assim.
do processo de avaliação do processo
Nesse período, a avaliação se inseriu num Esta concepção de avaliação, com ên-
contexto de elaboração de currículo, cuja tôni- fase subjetivista, foi incorporada, de
ca estava no controle do planejamento, numa modo incipiente, no contexto cultural
linha tecnicista. A ênfase principal recaía na da avaliação da educação brasileira,
possibilidade de aperfeiçoar o ensino. Essa ge- nas décadas de 70 e 80.
ração foi denominada geração da descri-
A partir da década de 90, a quarta ge-
ção. Nessa segunda geração, o professor
ração de avaliação resgata todos os re-
continua sendo um técnico, preocupado com
cursos das gerações anteriores e for-
a descrição daquilo que foi sucesso ou fracas-
mula a concepção de avaliação contex-
so na consecução dos objetivos propostos.
tualizada, segundo Penna Firme (1994),
De acordo com Penna Firme (1994, p. 7), ... uma abordagem madura que capta os
a necessidade de se levar adiante uma subs- aspectos humanos, políticos, sociais,
tancial revisão do currículo esbarrava com culturais e éticos do contexto. Esta gera-
as limitações de uma avaliação que só ofere- ção de avaliação é nomeada como a
cia informações sobre os alunos. geração da negociação, porque, co-
mo em sua origem está a preocupação
A terceira geração de avaliação surge nos
com os sujeitos envolvidos, busca o
anos 70/80, buscando superar as limitações
consenso das pessoas em relação aos
das gerações passadas, questionava os testes
diferentes valores.
padronizados e o reducionismo da noção sim-
plista de avaliação como sinônimo de medida; Segundo essa concepção, o papel do
tinha como preocupação maior o julgamen- avaliador é o de mediador, preocupado
to, centrado na experiência do aluno e em com a gestão da aprendizagem dos
suas necessidades, sendo o professor o juiz, seus alunos; avaliação significa, por-
aquele que emite o julgamento do mérito e tanto, mediar. O professor que avalia
da relevância, características essenciais do juí- lança mão da medida, da descrição
zo de valor. Iniciam-se, assim, a valorização dos objetivos e do julgamento; mas, pa-
da auto-avaliação, o estudo de aspectos afeti- ralelamente, exercendo o papel ético e
vos e a análise das condições emocionais que político do negociador compreendido
interferem na aprendizagem. nessa metodologia, negocia com os en-
volvidos:
Avaliar, para a terceira geração, significa emitir
um julgamento de valor ou do mérito, examinar - o juízo de valor sobre dados relevantes
os resultados educacionais para saber se preen- do processo;
chem um conjunto particular de objetivos educa- - o processo de investigação;
cionais (AUSUBEL et al. apud SOUZA, 1993,
p. 30). A intenção não é somente medir e descre- - o processo integrado à aprendizagem;
ver, mas levar em consideração o conjunto das di- - a regulação dos processos de ensino-
mensões presentes no contexto, julgando os as- aprendizagem;
pectos cognitivos, afetivos, atitudinais, incluindo os
- o incentivo e motivação da aprendi-
próprios objetivos. Trata-se, neste momento, de
zagem.
captar não somente aquilo que é observável, mas
ser sensível ao subjetivo, apreender outras habi- É importante observar que, no enfoque
lidades já adquiridas, ou em desenvolvimento. da quarta geração, a avaliação se ca-
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GERAÇÕES DE AVALIAÇÃO
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homem é capaz de construir sua histó- priação do conteúdo pelo aluno, a participa-
ria. A educação, portanto, deve visar a ção do avaliado, seu crescimento, suas bus-
erradicação da pobreza política, pela cas, suas percepções, etc., acompanhando-
implementação de processos participa- o diariamente no seu fazer político. Para que
tivos. O avaliador, num processo dialó- o avaliador possa realizar a avaliação qualita-
gico, deve incentivar, promover e revelar tiva, é preciso que ele participe, conviva, dis-
os conflitos, pela evidência dos contrá- cuta e dialogue com seus pares e com o ava-
rios, para a busca do novo, de forma liado. Não pode ser um mero observador; terá
que ocorra a aprendizagem. que ser um participante que, ao avaliar, tam-
bém estará sendo avaliado.
Avaliar qualitativamente supõe verificar
a intensidade e profundidade da apro-
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A PROVA OPERATÓRIA
CONSTITUIÇÃO
PERGUNTAS PROBLEMAS
Observe que a prova operatória é com- A questão sob a forma de problema, ao con-
posta de perguntas e problemas, exi- trário, é mais complexa, exigindo a leitura
gindo habilidades cognitivas diferen- compreensiva, a interpretação, a análise pro-
ciadas. funda das questões, levando o aluno a operar
de modo significativo com o conhecimento.
No exemplo acima, além do conheci-
mento, o aluno deverá demonstrar ha- As questões-problema são compostas de uma
bilidade de interpretar, analisando a si- ou mais palavras operatórias: analise, classi-
tuação e identificando diversos aspec- fique, compare, critique, imagine, serie...
tos da situação problema, relacioná- (RONCA & TERZI, 1991, p. 38). As palavras
los entre si para indicar os procedimen- operatórias indicam o percurso a ser realizado
tos. Portanto, esta questão avalia muito e a habilidade a ser demonstrada pelo aluno
mais do que a habilidade do aluno em na elaboração da resposta.
identificar as formas de transmissão da
Neste momento, ao operar uma ação mais
cólera.
elaborada, o aluno relaciona esquemas cog-
Observe que a questão1 sob a forma nitivos já assimilados anteriormente, ampli-
de pergunta pressupõe uma resposta ando o seu esquema de pensamento no ato
simples, objetiva, imediata, evidencian- de sistematizar a resposta.
do a ação da memória. Exige parte do
Nesta perspectiva, a prova operatória estabe- A literatura na
conteúdo básico estudado.
1
área de avaliação,
lece relações com: mais particular-
mente na
elaboração de
provas, utiliza os
termos questão
de prova e item
de prova com o
mesmo sentido.
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Questões
abertas atuais
Visão
contextualizada
Temática da
existência
Orientação
Relação leitor/ Cuidado na
passo a
contexto, via texto elaboração das
passo...
questões
Expressividade escrita
Escrever torna-
se exercício Espaço/tempo
obrigatório amplo Proposição de
questões-problema
amplas e abertas
Segundo Ronca & Terzi (1991, p. 49) cativas associadas às motivações subjetivas e
... a prova é sempre reflexo da aula que, articuladas com um determinado saber
e vice-versa. Portanto, a gênese da particular e o contexto mais amplo, possibili-
prova operatória é a aula problematiza- tam a apropriação do conhecimento como
dora. O que é uma aula problematiza- construção. Como resultado da aula proble-
dora? É um espaço de mediação entre matizadora, tem-se uma aprendizagem movi-
professor e alunos, multifacetado e di- da pela investigação, pela compreensão ética,
nâmico. A aula problematizadora se pelo raciocínio lógico e crítico da realidade
realiza na busca de experiências signifi- circundante.
Observamos que existe uma relação íntima Se esta concepção for contextualizada,
entre a aula problematizadora e a prova ope- pressupõe-se que a aula contemplará:
ratória, pois ambas se encontram ligadas à
concepção que o professor tem de mundo,
de homem e de sociedade.
Problematização
Contexto do Interação
mundo Socialização
vivido
Teorias Investigação
Disciplina
Metas/ações
Conteúdos
Avaliação
certificativa Aprender a
interativa aprender
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3ª Apresentação de situações-
problema: seguidas de enunciados e
alternativas para análise/identificação/
elaboração das soluções possíveis.
2.4.1. O planejamento
da prova operatória
O planejamento da avaliação é de funda- Outros cuidados a observar na elabo-
mental importância na ação pedagógica do ração da prova:
professor e compreende:
- evitar uma apresentação compacta,
- a definição dos objetivos da prova; em que o enunciado e a(s) alternativa(s)
- a elaboração do seu esquema básico (con- formem um bloco único, sem o neces-
teúdos, habilidades, critérios e dosagem); sário espaçamento;
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TIPOS DE QUESTÃO
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Como resultado da análise do quadro acima, (C) fraldas infantis passa a produzir,
um fabricante de também, fraldas geriátricas.
(A) sabão em pó troca a abordagem de pro- (D) bicicletas lança uma linha esportiva
paganda comparativa dos seus comerciais por para esportes radicais.
um tom jocoso. (E) refrigerantes descontinua a sua li-
(B) balas e doces decide abrir uma rede de lo- nha diet.
jas próximas a colégios. Fonte: BRASIL, MEC/INEP, 2002.a
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Atividades Duração
Atividades Antecessoras da tarefa
Imediatas (dias)
A Compra e entrega de matéria-prima - 2
B Corte e preparação da madeira A 1
C Preparação da estrutura metálica da base A 3
E Pintura da base C 4
F Controle de qualidade da madeira D 5
G Controle de qualidade da base metálica E 2
H Montagem e embalagem FeG 5
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D
3 5
F
B
A H
1 2 7 8
C G
E
4 6
ITENSItens ObjetivosS
OBJETIVO
E spécies T ipos de iten s:
§ Resposta curta (o 1. Respostas sim ples
alun o escreve a res-§ 2. C om pletam ento
posta, ou a com ple- 3. F also-verdadeiro
ta, 4. A ssocia ção.
IteIns )
tens
Obbjetivos
O jetivos
1. Resposta ún ica
2. Resposta m últipla
§ M últipla escolh a (o 3. A ssocia ção
alun o seleciona a § 4. A firm ação incom pleta
resposta dentre as alter- 5. L acun a
n ativas propostas) 6. In terpretação
7. A sserção e razão
Figura 1 Tipos de itens objetivos
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
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ESTUDO DE CASO
Uma jovem professora, buscando compreender a avaliação criterial,
pesquisou nos objetivos da disciplina, no perfil do curso e na Portaria
Ministerial que regulamenta o Exame Nacional de Cursos, o padrão de
referência para proceder à avaliação da aprendizagem dos seus alunos.
Organizou o conjunto de critérios relacionados a seguir, discutiu-os com
seus alunos, firmando um contrato que os validou:
- habilidade de identificar conceitos;
- raciocínio lógico na colocação de idéias;
- capacidade de analisar situações problemas;
- capacidade de elaboração de diagnósticos e de apontar soluções;
- capacidade de pesquisar novos pontos de vista e resultados de
pesquisa na área;
- atitude reflexiva e crítica frente aos problemas na área;
- curiosidade intelectual;
- criatividade na seleção de estratégias para resolução de problemas;
- capacidade de síntese de leituras realizadas;
- conhecimento de língua estrangeira.
Analise a prática da professora e prescreva sugestões e melhoria,
apresentando argumentos com base nos estudos realizados.
2
BORBA,
Amândia.
Identidade em
construção :
investigando
professores na
2.6. Contrato didático2
prática da
O processo de educação supõe, necessa- intersubjetivamente pelos sujeitos que avaliação escolar.
riamente, a comunicação e a transmissão de neles também se constituem. 1999. Tese
informações, de conhecimentos, hábitos,
(Doutorado em
Educação)
crenças e valores que constituem o que deno- Contrato didático, segundo a visão fun- Pontifícia
minamos de conteúdos do processo de ensino cionalista, é o conjunto específico de Universidade
Católica de São
e de aprendizagem. Estes são instituídos princípios, de imagens, de normas que Paulo, São Paulo.
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2.6.1. Metodologia
A seguir estão relacionados procedi- - assumir a posição de um líder negociador,
mentos práticos e alguns alertas para evitando a posição de árbitro;
orientar o docente que desejar pôr em
- pesquisar com os alunos suas necessidades
prática o contrato didático:
e expectativas em relação à aula, ao relacio-
- investir na pedagogia das situações- namento com os amigos e à avaliação da
problema (incentivar e orientar o tatea- aprendizagem;
mento experimental);
- dar às normas uma redação acessível à
- romper com uma comunicação que compreensão de alunos e professores em
leve o aluno à competição e ao indivi- geral;
dualismo;
- colocar as normas em votação no grupo de
- discutir e negociar com os alunos a alunos;
explicitação e o ajuste das regras em
- divulgar o contrato após a assinatura de
sala de aula ou no Curso;
todos os alunos;
- ouvir as resistências, queixas e críticas
- ter presente que o contrato não pode ser fi-
dos alunos, levando-as em considera-
xado para muito tempo, pois é processo e
ção e criando um clima propício à refle-
produto da interação da classe.
xão do aluno no grupo;
3. MODALIDADES DE AVALIAÇÃO
INTERNA E EXTERNA
PRINCÍPIOS DEFINIÇÃO
Todos os elementos que compõem a vida universitária (o ensino, a pesquisa, a extensão, a
administração, a qualidade das aulas, dos laboratórios, a titulação do corpo docente, a
1. Globalidade biblioteca, os registros escolares, as livrarias universitárias, os serviços, a organização do
poder, o ambiente físico, o espírito e as tendências da vida acadêmica) devem fazer parte
da avaliação para que ela seja a mais completa possível.
Uma linguagem comum dentro da universidade e entre as universidades, através da criação
2. Comparabili-
de uma tabela mínima de indicadores institucionais e do ensino de graduação. Busca-se
dade
uma linguagem comum para todas as Instituições de Ensino Superior - IES do país.
As características próprias das instituições, no contexto das inúmeras diferenças existentes
3. Respeito à
no país, também devem ser contempladas. As IES são diferentes na sua natureza, nas suas
identidade
pretensões, na sua qualificação, no seu estágio de desenvolvimento. Há IES cuja função
institucional
única é o ensino, enquanto outras primam pelo ensino, pesquisa e extensão.
4. Não A não punição ou premiação devem ser mantidas, primando pela identificação e
premiação ou formulação de práticas, ações e medidas institucionais que impliquem atendimento
punição específico e/ou subsídios adicionais para o aperfeiçoamento de insuficiências encontradas.
5. Adesão A compreensão da necessidade de se instalar na universidade a cultura da avaliação,
voluntária sensibilizando, convencendo, e não impondo o processo avaliativo.
Duas maneiras contemplam a legitimidade: (1) uma metodologia capaz de garantir a
construção de indicadores adequados, acompanhados de uma abordagem analítico-
6. Legitimidade
interpretativa, capaz de dar significado às informações; (2) a construção de informações
fidedignas, um espaço de tempo capaz de ser absorvido pela comunidade universitária.
7. Continuida- A comparabilidade dos dados de um determinado momento a outro garante a
de continuidade, pelo grau de eficácia das medidas adotadas, a partir dos resultados obtidos.
Fonte: BRASIL, Secretaria de Ensino Superior.
Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras.
MEC/SESu. Brasília: SESu, 1994.
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A partir dos princípios do PAIUB, deli- - repensar objetivos, modos de atuação e re-
nearam-se os objetivos da Avaliação sultados na perspectiva de uma Universidade
Institucional: mais coerente com o momento histórico em
que se insere;
- impulsionar o processo criativo de
autocrítica da instituição, como evi- - estudar e propor mudanças no cotidiano das
dência da vontade política de auto- tarefas acadêmicas do ensino, da pesquisa e
avaliar-se e de prestar contas à socie- da extensão, contribuindo para a elaboração
dade da correspondência da ação de Projetos Pedagógicos socialmente legitima-
universitária em relação às demandas dos e relevantes.
científicas e sociais da atualidade;
Neste sentido, a UNIVALI, através do Progra-
- conhecer, mediante uma atitude ma de Avaliação Institucional, esclarece seus
diagnóstica, como se realizam e como objetivos, realiza diagnósticos, desenvolve aná-
se inter-relacionam, na Universidade, lises e planeja políticas institucionais relativas
as tarefas acadêmicas em suas di- ao ensino, à pesquisa e à extensão, respei-
mensões de ensino, pesquisa, exten- tando a diversidade de culturas e conhecimen-
são e administração; tos e a globalidade do espaço a sua volta.
Com esta visão, o Programa de Avaliação Ins-
- restabelecer compromissos com a
titucional busca uma linguagem comum que
sociedade, explicitando as diretrizes do
permite, não simplesmente uma classificação
projeto pedagógico e os fundamentos
de cursos, pessoas ou unidades de ensino,
de um programa sistemático e partici-
mas o estabelecimento de diagnósticos que
pativo de avaliação que permita o
possam sinalizar as mudanças necessárias ao
constante reordenamento, consolida-
processo interno da Universidade.
ção e reformulação das ações da Uni-
versidade;
O Documento Básico do PAIUB aponta como objetivo geral do programa de avaliação rever e
aperfeiçoar o projeto acadêmico e sócio-político da universidade, por meio da promoção da
melhoria da qualidade e pertinência das atividades desenvolvidas.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
COMPONENTES POLÍTICOS E
TÉCNICOS DA AVALIAÇÃO
PESQUISA-AÇÃO
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DP =
å ( X - MG ) 2
N
Onde:
DP= Desvio Padrão
X= Média do Curso
N= Número de casos (Cursos)
MG= Média aritmética das Médias dos Cursos (1,1+9,2+9,5+21+...)/30
å ( X - MG )
2
= Somatório dos desvios elevado ao quadrado
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
3.2.2. Instrumentos
São dois os tipos de instrumentos utilizados habilidades melhor desenvolvidas, utili-
no Exame Nacional dos Cursos ENC: pro- zação de micro-computadores, labo-
vas e questionários. ratórios, biblioteca, atualização do
As provas compõem-se de questões objetivas, acervo, maior contribuição do estágio,
do tipo de múltipla escolha, com cinco alterna- e ainda, questões específicas do curso,
tivas e questões discursivas ou somente discur- como: área de preferência no exercício
sivas, conforme o curso, sendo elaboradas sob profissional, fatores predominantes na
a responsabilidade da Fundação CESGRANRIO escolha profissional e pretensões de
e da Fundação Carlos Chagas, contratadas aperfeiçoamento e especialização após
após licitação. conclusão de cursos). Esse instrumento
tem cinqüenta e nove questões, comuns
São aplicados três questionários no ENC. O
a todos os cursos, e um número variável
primeiro denominado Questionário-Pesqui-
de questões específicas para cada cur-
sa, aplicado aos alunos inscritos, tem como so. Cada questão é composta de cinco
objetivo levantar o perfil sócio-econômico e
alternativas.
cultural do aluno (suas atividades habituais,
as condições de ensino do curso, atividades O segundo questionário é aplicado aos
acadêmicas e extra-classe, validade das aulas alunos presentes no Exame, denomi-
práticas, técnicas de ensino predominantes, nado Impressões sobre a Prova, com-
domínio das disciplinas, nível de exigência do posto de questões objetivas, com cinco
curso, instrumentos de avaliação, orientações alternativas, apresentadas no final do
extra-classe, principal contribuição do curso, caderno de prova. O terceiro, solicita
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4. AVALIAÇÃO DA UNIDADE IV
O professor analisará o sistema de avaliação
da aprendizagem regulamentado no Regi-
mento da UNIVALI, utilizando a estratégia do
estudo de caso.
REFERÊNCIAS
BORBA, Amândia Maria de; FERRI, Cássia. DOLL Jr., William E. Currículo: uma
Avaliação: contexto e perspectivas. In: perspectiva pós-moderna. Porto
CAPELLETTI, Isabel (org.). Avaliação edu- Alegre: Artes Médicas, 1997.
cacional: fundamentos e práticas. São Paulo:
FRANCHI, Ana. Compreensão das
Articulação Universidade/Escola, 1999.
situações multiplicativas elemen-
BORBA, Amândia Maria de. Identidade em tares. 1995.Tese (Doutorado em
construção: investigando professores na Educação). Pontifícia Universidade
prática da avaliação escolar. 1999. Tese Católica, São Paulo.
(Doutorado em Educação) Pontifícia GARDNER, Howard. Inteligências
Universidade Católica de São Paulo, São múltiplas: a teoria na prática. Porto
Paulo, 1999. Alegre: Artes Médicas, 1995.
BRASIL. Secretaria de Ensino Superior. GOLDBERG, Maria Amélia
Programa de Avaliação Institucional das Azevedo & SOUZA, Clarilza Prado de.
Universidades Brasileiras. MEC/SESu. Avaliação de programas edu-
Brasília: SESu, 1994. cacionais: vicissitudes, controvérsias
______. Provão 2002: Administração. e desafios. São Paulo: EPU, 1982.
MEC/INEP, 2002.a HADJI, Charles. A avaliação: regras
______. Provão 2002: Biologia. MEC/INEP, do jogo. Porto, Portugal: Porto
2002.b Editora, 1994.
... 119
120 ...
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, RONCA, Paulo Afonso Caruso; TERZI,
1999. Cleide do Amaral. A prova operatória.
14.ed. São Paulo: Instituto Esplan, 1991.
______. Não mexam na minha
avaliação! Para uma abordagem SOUZA, Clarilza Prado de (org.). Avaliação
sistêmica da mudança pedagógica. do rendimento escolar. 2 ed. Campinas:
In: NÓVOA, Antônio. Avaliação em Papirus, 1993.
Educação: novas perspectivas. Porto,
Portugal: Porto Editora, 1993.
______. Pedagogia diferenciada:
das intenções a ação. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2000.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Unidade 5
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
1. INTRODUÇÃO
O texto organizado para esta unidade discute os princípios básicos e sugestões para
dois temas importantes para a prática docen- auxiliar o professor na condução de no-
te no ensino superior: a adoção da pesquisa vas práticas. A pesquisa-ação na prá-
como um dos princípios orientadores do de- tica pedagógica consiste numa ativi-
senvolvimento do ensino e a utilização dos prin- dade mediante a qual o professor bus-
cípios da metodologia da pesquisa-ação como ca ampliar a compreensão de sua pró-
possibilidade de redimensionamento da prá- pria prática e realizar determinadas in-
tica, através de uma constante reflexão crítica. tervenções com a finalidade de aprimo-
rá-la. Essa atividade pressupõe uma
As reflexões se iniciam (item 2) com uma revi-
ação crítica comprometida com a mu-
são sobre a própria forma de pensar, organizar
dança e a adoção de procedimentos
e desenvolver a ação docente, adotando os
qualitativos de pesquisa, tais como:
princípios da pesquisa como possibilidade
gravar ou tomar notas das aulas, cole-
didático-metodológica para o desenvolvimento
tar dados da prática e refletir com os
do ensino junto aos alunos, e, simultanea-
pares sobre os fenômenos encontrados
mente, como atitude necessária para buscar
na sala de aula. É importante que esse
atualização e produção na área pedagógica.
processo como deve acontecer em
O processo do ensino com pesquisa trata da
toda e qualquer pesquisa seja regis-
forma como o professor apresenta e aborda A carga horária
trado metodicamente, para que a partir
1
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2
De acordo com
Demo (1998,
2. 3. Bases gerais para o currículo
p.94), os
fundamentos
centrado no processo do ensino
propedêuticos com pesquisa
compreendem a
filosofia, a Para que a pesquisa passe a fazer parte da profissional, não porque dá aula, mas
prática pedagógica, alguns procedimentos porque tem produção própria, seja
linguagem e a
matemática. O
autor define destacados por Demo (1998, p. 94-5) são técnica-científica, didática ou cultural.
propedêutica
importantes:
básica como ... a Exigências para fomentar o processo
- estudar, com elaboração própria, fun- de ensino com pesquisa entre professor
iniciação
científica
necessária para se damentos propedêuticos para saber discu- e aluno:
estabelecer o
tir a ciência, praticando o questionamento sis-
compromisso com - acesso a leituras e a outras for-
a formação da temático e o autoquestionamento; para isso,
mas de armazenar dados e infor-
competência
o professor necessita conhecer, além dos fun-
(p.104-5). mações importantes disponibili-
damentos propedêuticos2, a metodologia cien-
zação da informática em forma de re-
tífica para que transite com segurança pelos
des constantemente alimentadas;
paradigmas da ciência, mantendo-se atualiza-
do em relação às suas polêmicas; - ambiente físico e institucional
positivo espaço físico permanente
- demarcar um espaço a ser ocupado
para a pesquisa, elaboração própria e
cientificamente: atingir um aprofundamento
trabalho em equipe (laboratórios, escri-
verticalizado de sua área de formação e atua-
tórios-modelo, clínicas);
ção, através do conhecimento dos autores,
de suas teorias e práticas, participando de - apoio à produção sistemática de
eventos e cursos com vistas à sua atualização; docentes e discentes objetivando
o professor-pesquisador constrói sua identida- a publicação;
de na definição da temática de sua vida do- - intercâmbio acadêmico trazer
cente; pesquisas e pesquisadores de outros lu-
- organizar processo sistemático de pes- gares e áreas afins, organizar eventos
quisa e elaboração própria: manter leitura que mostrem para a comunidade a pro-
assídua e aprofundada, coleta e tratamento dutividade do grupo, através de confe-
dos dados pertinentes, apresentação fre- rências, seminários, feiras, exposições
qüente de trabalhos próprios; e discussões;
- formulações didáticas: construir material - processo avaliativo do aluno
próprio que pode ser utilizado para as aulas e seu foco deve ser a capacidade de ques-
pelos alunos em suas pesquisas (apostilas, tionar e reconstruir o conhecimento, na
sinopses, banco de dados, de provas, etc.); teoria e na prática, e não apenas a fre-
qüência, as provas e as notas; as dificul-
- construir um perfil consistente de pes-
dades devem ser enfrentadas como
quisador: afastar-se da tentação de fazer
desafios para retomadas e revisões;
qualquer coisa e de transitar por espaços ex-
cessivamente diversificados; destacar-se antes - avaliação do professor por re-
pela qualidade dos trabalhos do que pela sua presentar um fenômeno de extrema
quantidade; o professor faz seu perfil complexidade em sua dimensão
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- Crie momentos para socialização dos textos nência para o conhecimento do grupo;
na sala de aula, pois esta atividade favorece o que a teoria disponível diz sobre o te-
o desenvolvimento das habilidades de com- ma; contextualização da problemática no
preensão e análise do conhecimento. campo da prática profissional e social
(estudo do meio, entrevistas, literatura
- Planeje e leve a efeito o acompanhamento
específica, etc.); análise e discussão da
da investigação, orientando o grupo de alunos
problemática pesquisada à luz da teoria
na organização do seu plano de estudo, dis-
consultada; conclusões do grupo, com
cutindo o roteiro do trabalho, indicando biblio-
ênfase nos principais conceitos construí-
grafias, lendo as versões do trabalho que os
dos a respeito do tema; bibliografia con-
alunos produzem e reorientando sua elabora-
sultada.
ção.
- Promova o seminário para apresen-
- Estabeleça o roteiro básico do trabalho, que
tação e socialização do estudo ao grande
poderá compreender: descrição da problemá-
grupo.
tica a ser pesquisada, sua relevância e perti-
3. A PESQUISA-AÇÃO NA
PRÁTICA DOCENTE
3.1. Fundamentos
A pesquisa-ação, além de ser uma possibi- que possibilitará a construção de um
lidade de desenvolvimento da prática docente, conhecimento dos sujeitos envolvidos
é um instrumento fundamental para a revisão (BORBA, 2001, p. 45).
curricular, pois imprime uma rigorosa análise Exige do pesquisador interrogar-se no
interpretativa e reflexiva da ação pedagógica, processo de questionamento do tema e
por meio da qual o docente pode organizar e dos elementos que o compõem, pois
agir, captar a concreticidade do mundo real nessa perspectiva, conhecemos o mun-
que, muitas vezes, não se deixa conhecer pela do, as coisas e os processos. Somente
mera observação sem compromisso da suces- os conhecemos à medida que criamos,
são de eventos cotidianos. isto é, quando articulamos teoria e prá-
A pesquisa, como princípio na docência, tica.
produz um movimento em direção ao futuro,
... 131
132 ...
4. AVALIAÇÃO DA UNIDADE V
Para avaliação desta unidade, o profes- O texto final deverá ser apresentado em
sor deverá apresentar o projeto de in- seminário e publicado em Anais do Fórum
vestigação da sua prática ao professor Institucional de Integração Universitária.
facilitador, após o término do estudo
O roteiro para apresentação do artigo deve
da unidade, seguindo as etapas da pes-
seguir as normas da Revista Contrapontos
quisa-ação detalhadas neste módulo.
da UNIVALI.
... 133
134 ...
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