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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Unidade 4

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

AVALIANDO
PROCESSOS E RESULTADOS
DE AVALIAÇÃO

O
1. INTRODUÇÃO
s conhecimentos selecionados para Este texto enfoca os fundamentos, his-
esta unidade abordam os aspectos tória e metodologia da avaliação de a-
teórico-práticos da avaliação do prendizagem, esta ampliada para além
processo ensino-aprendizagem e são conside- da cultura instituída de mensuração e
rados relevantes para uma práxis que se pre- verificação do rendimento escolar.
tenda inovadora, ao alcance do professor Através das leituras e das atividades
comprometido com o seu processo de forma- recomendadas nesta unidade espera-
ção e atualização pedagógica. se que o docente seja capaz de:
É importante considerar que a construção de - conhecer os fundamentos teórico-
um Projeto Pedagógico necessita de uma ava- práticos da avaliação da aprendizagem
liação educacional baseada em princípios de- como dispositivo didático para o diag-
mocráticos, que reflita o contexto e vislumbre nóstico e tomada de decisões relativas
as perspectivas de mudanças. ao ensino e à aprendizagem;
A avaliação da aprendizagem, no novo para- - selecionar e elaborar critérios e instru-
digma, é um processo mediador na construção mentos de avaliação adequados ao
do currículo e se encontra intimamente relacio- plano de ensino-aprendizagem;
nada à gestão da aprendizagem dos alunos
(PERRENOUD, 1999). Nesta perspectiva, a ava- - analisar as modalidades de avaliação
liação possibilita a tomada de decisões e a me- externa do ensino de graduação e os
lhoria da qualidade de ensino, informando as resultados da Instituição.
ações em desenvolvimento e a necessidade de Espera-se, portanto, que a aprendiza-
regulações constantes. As regulações são inter- gem construída nesta unidade possibi-
venções intencionais a partir da compreensão lite refletir sobre a prática da avaliação,
do percurso realizado. Dizem respeito às ações a reelaboração de procedimentos, cri-
que acontecem durante o processo de aprendi- térios e instrumentos avaliativos visando
zagem e indicam perspectivas na tomada de de- ao aperfeiçoamento da prática peda-
cisões pedagógicas, administrativas e referentes gógica. É com esse propósito que serão
a mudanças nos sujeitos, pois toda avaliação pro- aprofundadas questões teórico-práti-
cessual se encaminha para uma auto-avaliação. cas da avaliação da aprendizagem.

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2. Os fundamentos da avaliação
do processo ensino-aprendizagem
Etimologicamente, avaliar vem do latim ensino-aprendizagem tem sido pautada pela
a + valere, que significa atribuir valor lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato
e mérito ao objeto em estudo. de avaliar ao de “medir” os conhecimentos
adquiridos pelos alunos. Atualmente a avalia-
Assim, avaliar é atribuir um juízo de va-
ção é compreendida como um processo inte-
lor sobre a propriedade de um processo
grado e motivador da aprendizagem; mas,
para a aferição da qualidade do seu
como mostra sua história, nem sempre foi
resultado. No entanto, a compreensão
assim.
do processo de avaliação do processo

2.1. Refletindo sobre a origem,


a história e os conceitos
de avaliação
Os estudos sobre avaliação da apren- autora, é caracterizada pela medida. Ava-
dizagem têm sido sistematizados desde liar é medir, e o professor é um técnico avalia-
o início do século XX, embora, segundo dor, preocupado com o refinamento e a efi-
Caro (apud GOLDBERG & SOUZA, ciência dos instrumentos. Segundo Tyler (apud
1982), desde 1897 existam registros GOLDBERG & SOUZA, 1982), a avaliação
dos relatos de J. M. Rice sobre uma pes- descobre o que os alunos aprenderam na es-
quisa avaliativa utilizada para estabele- cola e quais deles estão encontrando dificul-
cer a relação entre o tempo de treina- dades de aprendizagem.
mento e o rendimento em ortografia, Nas décadas de 60/70, as contribuições de
revelando que uma grande ênfase em autores para o desenvolvimento de instrumen-
exercícios não levava necessariamente tos sofisticados de avaliação – como testes,
a um melhor rendimento. escalas de atitudes, inventários, questionários,
A avaliação da aprendizagem tem seus fichas de registro de comportamento – abrem
princípios e características no campo novas perspectivas e possibilidades de abor-
da Psicologia, sendo que as duas pri- dagens na discussão sobre a avaliação. Esses
meiras décadas deste século foram instrumentos pretendiam verificar em que me-
marcadas pelo desenvolvimento de tes- dida estavam sendo atingidos os objetivos de
tes padronizados para medir as habili- programas educacionais, mediante a modifi-
dades e aptidões dos alunos. cação do comportamento dos alunos. Segun-
do Penna Firme (1994), necessitava-se de da-
Penna Firme (1994) organizou, histori-
dos mais objetivos sobre os programas escola-
ca e epistemologicamente, os estudos
res, para identificar o que era sucesso ou difi-
e pesquisas avaliativas, classificando-
culdade na consecução dos objetivos. Esta
os em quatro gerações de avaliação.
concepção representa uma noção simplista,
A primeira geração de avaliação, se- inflexível e limitada, dando um sentido dicoto-
gundo a classificação feita por essa mizado da relação entre meios e fins.
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Nesse período, a avaliação se inseriu num Esta concepção de avaliação, com ên-
contexto de elaboração de currículo, cuja tôni- fase subjetivista, foi incorporada, de
ca estava no controle do planejamento, numa modo incipiente, no contexto cultural
linha tecnicista. A ênfase principal recaía na da avaliação da educação brasileira,
possibilidade de aperfeiçoar o ensino. Essa ge- nas décadas de 70 e 80.
ração foi denominada “geração da descri-
A partir da década de 90, a quarta ge-
ção”. Nessa segunda geração, o professor
ração de avaliação resgata todos os re-
continua sendo um técnico, preocupado com
cursos das gerações anteriores e for-
a descrição daquilo que foi sucesso ou fracas-
mula a concepção de avaliação contex-
so na consecução dos objetivos propostos.
tualizada, segundo Penna Firme (1994),
De acordo com Penna Firme (1994, p. 7), “... uma abordagem madura que capta os
a necessidade de se levar adiante uma subs- aspectos humanos, políticos, sociais,
tancial revisão do currículo esbarrava com culturais e éticos do contexto. Esta gera-
as limitações de uma avaliação que só ofere- ção de avaliação é nomeada como a
cia informações sobre os alunos”. geração da negociação, porque, co-
mo em sua origem está a preocupação
A terceira geração de avaliação surge nos
com os sujeitos envolvidos, busca o
anos 70/80, buscando superar as limitações
consenso das pessoas em relação aos
das gerações passadas, questionava os testes
diferentes valores.
padronizados e o reducionismo da noção sim-
plista de avaliação como sinônimo de medida; Segundo essa concepção, o papel do
tinha como preocupação maior o julgamen- avaliador é o de mediador, preocupado
to, centrado na experiência do aluno e em com a gestão da aprendizagem dos
suas necessidades, sendo o professor o juiz, seus alunos; avaliação significa, por-
aquele que emite o julgamento do mérito e tanto, mediar. O professor que avalia
da relevância, características essenciais do juí- lança mão da medida, da descrição
zo de valor. Iniciam-se, assim, a valorização dos objetivos e do julgamento; mas, pa-
da auto-avaliação, o estudo de aspectos afeti- ralelamente, exercendo o papel ético e
vos e a análise das condições emocionais que político do negociador compreendido
interferem na aprendizagem. nessa metodologia, negocia com os en-
volvidos:
Avaliar, para a terceira geração, significa emitir
um julgamento de valor ou do mérito, examinar - o juízo de valor sobre dados relevantes
os resultados educacionais para saber se preen- do processo;
chem um conjunto particular de objetivos educa- - o processo de investigação;
cionais (AUSUBEL et al. apud SOUZA, 1993,
p. 30). A intenção não é somente medir e descre- - o processo integrado à aprendizagem;
ver, mas levar em consideração o conjunto das di- - a regulação dos processos de ensino-
mensões presentes no contexto, julgando os as- aprendizagem;
pectos cognitivos, afetivos, atitudinais, incluindo os
- o incentivo e motivação da aprendi-
próprios objetivos. Trata-se, neste momento, de
zagem.
captar não somente aquilo que é observável, mas
ser sensível ao subjetivo, apreender outras habi- É importante observar que, no enfoque
lidades já adquiridas, ou em desenvolvimento. da quarta geração, a avaliação se ca-

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racteriza como um processo de investi- des de melhoria do processo de ensino-apren-


gação, de modo que, diagnosticadas dizagem.
as causas das dificuldades, possam ser
traçados procedimentos e possibilida-

A finalidade da avaliação, de acordo com a "quarta geração", é "fornecer,


sobre o processo pedagógico, informações que permitam aos agentes
escolares decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se fizerem
necessários em face do projeto educativo, definido coletivamente, e
comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno. Converte-se,
então, em um instrumento referencial e de apoio às definições de natureza
pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por meio de
relações partilhadas e cooperativas” (SOUZA, 1993, p. 4-6).

GERAÇÕES DE AVALIAÇÃO

1ª Geração: MENSURAÇÃO 2ª Geração: DESCRIÇÃO

3ª Geração: JULGAMENTO 4ª Geração: NEGOCIAÇÃO

Apesar do movimento histórico, que permite a circunscrição de cada


momento avaliativo, é preciso considerar que, atualmente,
convivemos com os diferentes movimentos e que a implementação de
uma avaliação pautada na negociação implica em uma proposta
diferenciada do trabalho docente.
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2.2. Avaliação: do velho ao


novo paradigma
Como podemos observar, a lógica que hoje subsídios para o planejamento de no-
preside o processo da avaliação do ensino é vos dispositivos didáticos; estima o de-
a da tomada de decisões e resolução de pro- sempenho futuro.
blemas ao longo do processo. Portanto, traba-
Pró-ativa: viabiliza o acesso aos dife-
lhar neste sentido exige, no dizer de Perrenoud
rentes níveis de escolaridade; permite
(1993,p.180), “transformar consideravelmen-
a promoção em uma seqüência educa-
te as regras do jogo dentro da sala de aula”.
cional; estimula a ação e a auto-estima.
A trajetória histórica nos mostra que a avalia-
No entanto, não basta mudar as técni-
ção, quanto ao seu foco de preocupação, sai
cas e instrumentos de avaliação, mas,
de um espaço restrito de julgamento do aluno
sim, mudar as atitudes e concepções
para um espaço de julgamento mais amplo
das pessoas envolvidas no processo.
sobre o processo pedagógico.
Neste sentido, avaliar assume uma im-
Nessa perspectiva, “(...) a relevância do pro- portante dimensão ética, caracterizan-
cesso avaliativo não estará mais a serviço da do um processo de reflexão comparti-
testagem e comprovação dos resultados, lhada, a partir dos dados levantados
mas, sim, para fornecer informações úteis aos para análise e tomada de decisões,
envolvidos e à tomada de decisões” (BORBA com intenção de oportunizar alterna-
& FERRI, 1999, p. 136). tivas de aprendizagem em nível indivi-
dual e coletivo.
O professor avaliador precisa ampliar seu olhar
avaliativo para captar as diversas dimensões do Dool (1997, p.191), ao discutir o currí-
processo ensino-aprendizagem e não somente culo sob uma perspectiva contempo-
aquelas que dizem respeito ao aluno. Ele terá rânea, analisa o novo movimento que
que renunciar à seleção como a aposta perma- deverá ter o processo de avaliação. Diz
nente da relação pedagógica, porque o foco ele:
da busca da qualidade deixa de ser o resultado
“a avaliação seria essencialmente
da prova, para se situar no processo de ensino. um processo de negociação, como
Atendendo a esses princípios, a avaliação um ambiente comunal para o proces-
estará voltada para o processo da aprendiza- so de transformação (...) seria usada
como um feedback, parte do proces-
gem e assume, segundo Perrenoud (2000),
so interativo de fazer – criticar – fazer
as seguintes características:
– criticar”.
Certificativa e diagnóstica: identifica
A avaliação se insere em uma lógica
deficiências para superá-las; possibilita a
qualitativa, que vai além da avaliação,
regulação de um determinado programa;
como parte do processo de ensino,
promove os ajustamentos necessários à
para se constituir num contexto amplo,
concretização da aprendizagem; certifica as
que é contexto do processo histórico-
aprendizagens; regula processos e atividades.
político. Por isso, a avaliação qualitativa
Interativa: interage em tempo real, por meio se vincula, estreitamente, ao fenômeno
da observação, diálogo e intervenção; dá participativo, na perspectiva de que o

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homem é capaz de construir sua histó- priação do conteúdo pelo aluno, a participa-
ria. A educação, portanto, deve visar a ção do avaliado, seu crescimento, suas bus-
erradicação da pobreza política, pela cas, suas percepções, etc., acompanhando-
implementação de processos participa- o diariamente no seu fazer político. Para que
tivos. O avaliador, num processo dialó- o avaliador possa realizar a avaliação qualita-
gico, deve incentivar, promover e revelar tiva, é preciso que ele participe, conviva, dis-
os conflitos, pela evidência dos contrá- cuta e dialogue com seus pares e com o ava-
rios, para a busca do novo, de forma liado. Não pode ser um mero observador; terá
que ocorra a aprendizagem. que ser um participante que, ao avaliar, tam-
bém estará sendo avaliado.
Avaliar qualitativamente supõe verificar
a intensidade e profundidade da apro-

PARA QUE AVALIAR? AVALIA-SE PARA:

- Viabilizar o acesso aos diferentes níveis de escolaridade


- Permitir a promoção em uma seqüência educacional
- Identificar deficiências e superá-las
- Possibilitar a regulação de um determinado programa
- Promover os ajustamentos necessários à concretização da aprendizagem
- Certificar aprendizagens
- Regular processos e atividades
- Planejar novos dispositivos didáticos

2.3. O que avaliar?


A avaliação amplia o
seu olhar investigativo
Ao tratar da avaliação da aprendiza- rações sócio-culturais e tecnológicas. Gardner
gem como um procedimento que venha (1995) aponta para uma avaliação que cor-
a favorecer, facilitar e incentivar o pro- responda aos avanços das diferentes poten-
cesso de aprendizagem, não podería- cialidades individuais e diversos estilos cogni-
mos deixar de apontar o olhar investiga- tivos.
tivo que ela incorpora neste processo, O que isto significa? Gardner supõe que o
um olhar que contempla outros aspec- desenvolvimento não é regular, nem linear,
tos da dimensão do desenvolvimento nem livre de perturbações, e isto implica no
humano. reconhecimento da necessidade de conside-
O desenvolvimento de estudos sobre a rar diferentes componentes na avaliação para
cognição tem associado a inteligência atender à diversidade. A avaliação passa a
a um caráter múltiplo de competências, fazer parte do processo, não existindo mais a
resultado de redes complexas de inte- necessidade de ensinar para avaliar, até
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porque a relevância do processo avaliativo “Uma nova iniciativa de avaliação


não estará mais a serviço da testagem e com- deveria reconhecer os efeitos do
provação de resultados, mas, sim, para for- contexto no desempenho, e propor-
necer informações úteis aos envolvidos e à to- cionar os contextos mais adequados
para avaliar as competências, in-
mada de decisões.
cluindo os contextos que vão além
Esta perspectiva mais diversificada da avalia- da pele do indivíduo que está sendo
ção é apontada por Gardner (1995, p.150) avaliado”.
como uma necessidade dentro dos estudos
na área da cognição. Afirma o autor:

2.4. Como avaliar?


A avaliação amplia sua metodologia
e diversifica seus instrumentos
Responder a esta pergunta tem sido um cons- própria informação contínua de como
tante desafio para os professores, porque exige o aluno está progredindo ou não me-
a seleção de diferentes instrumentos de avalia- diante os objetivos propostos. O núme-
ção que possam captar os diferentes percur- ro de informações colhidas será maior,
sos da aprendizagem dos alunos. A cultura dando ao professor a possibilidade de
da avaliação tem, historicamente, valorizado uma comunicação mais efetiva com
a “prova” como o único instrumento capaz seus alunos. O importante nesse pro-
de “provar” o quanto o aluno assimilou de cesso é que a avaliação forneça dados
conhecimento. A quarta geração de avaliação, que sejam necessários e oportunos aos
por sua vez, assume os elementos das gera- alunos para que estes desenvolvam sua
ções anteriores e contempla uma gama diver- aprendizagem.
sificada de procedimentos, que deverão aten-
Segundo Hoffmann (1998, p. 131),
der a certos requisitos:
“no acompanhamento e interpreta-
- estar fundamentados em objetivos explícitos ção das respostas e manifestações
de ensino; dos alunos em situações de testagem
- ser planejados com antecedência; e de aprendizagem, encontra-se a
essência do processo avaliativo me-
- conter instruções claras; diador, enquanto investigação da
complexidade educativa. A reflexão
- estar pautados em critérios de avaliação.
permanente sobre o processo de
A diversificação dos procedimentos e ins- conhecimento dos alunos favorece
trumentos de avaliação poderá garantir uma ao educador o desvelamento dos
certa ética (fidedignidade) no momento do horizontes de provocação e desafio.”
feedback, ou seja, da retroinformação ou da

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Feedback: consiste nas informações fornecidas sobre o desempenho, compreendendo


recomendações para melhorias futuras. Como tal, resulta de um processo que envolve
pessoas, focaliza a satisfação, as atitudes e a motivação. É explicativo e desenvolve a
comunicação interpessoal, usa o apoio e o estímulo para melhorar.

Como podemos observar, o processo - observação de atitudes e valores cultivados


avaliativo mediador requer uma mu- no grupo;
dança significativa de postura do pro- - relatório de pesquisa e visitas técnicas con-
fessor: irá interpretar testes e tarefas, tendo análise, síntese e apreciação da ativida-
ao invés de simplesmente corrigi-los. As de;
interpretações revelam os caminhos
percorridos pelos alunos e as informa- - textos representativos de diagnósticos (con-
ções disponibilizadas oferecem pistas texto, indicações teóricas, procedimentos e
para novas rotas alternativas, novo ca- encaminhamentos);
minhar. É a avaliação se integrando à - ficha individual com o registro dos avanços
gestão das aprendizagens dos alunos, e dificuldades em atividades práticas.
tornando-se elemento incentivador e
motivador da aprendizagem, orientan- Como vemos, uma tarefa, um teste realizado
do e não apenas julgando. abre um leque de interpretações por parte do
professor, pois “a magia de avaliar está na
A seguir, relacionam-se alguns proce- descoberta da complexidade do ato de apren-
dimentos de avaliação considerados re- der” (HOFFMANN, 1998, p. 135). Substituí-
levantes neste processo: mos a ação corretiva pela ação interpretativa
- testes elaborados pelo professor que das atividades de aprendizagem realizadas, de
tenham validade de conteúdo e de tal forma que a prova, um dos instrumentos re-
constructo (questões objetivas e discur- levantes no processo de avaliação, ganha uma
sivas); outra dimensão. A respeito da prova, cabem
algumas considerações sobre sua pertinência
- testes de aptidão verbal;
e finalidade no contexto do novo paradigma
- testes de aptidão técnica; de avaliação e das políticas educacionais.
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A PROVA OPERATÓRIA

CONSTITUIÇÃO

PERGUNTAS PROBLEMAS

Incita à memorização Convida a pensar

Quais as principais formas de Numa região onde estão sendo


transmissão da cólera? relatados casos de cólera, 10 pessoas
procuram atendimento médico, em um
mesmo dia, com vômitos, cólicas
abdominais, febre e diarréia. Todas
participaram, algumas horas antes, da
mesma festa de casamento. Analise a
situação e indique os procedimentos a
serem tomados.

Observe que a prova operatória é com- A questão sob a forma de problema, ao con-
posta de perguntas e problemas, exi- trário, é mais complexa, exigindo a leitura
gindo habilidades cognitivas diferen- compreensiva, a interpretação, a análise pro-
ciadas. funda das questões, levando o aluno a operar
de modo significativo com o conhecimento.
No exemplo acima, além do conheci-
mento, o aluno deverá demonstrar ha- As questões-problema são compostas de uma
bilidade de interpretar, analisando a si- ou mais palavras operatórias: “analise, classi-
tuação e identificando diversos aspec- fique, compare, critique, imagine, serie...”
tos da situação problema, relacioná- (RONCA & TERZI, 1991, p. 38). As palavras
los entre si para indicar os procedimen- operatórias indicam o percurso a ser realizado
tos. Portanto, esta questão avalia muito e a habilidade a ser demonstrada pelo aluno
mais do que a habilidade do aluno em na elaboração da resposta.
identificar as formas de transmissão da
Neste momento, ao operar uma ação mais
cólera.
elaborada, o aluno relaciona esquemas cog-
Observe que a questão1 sob a forma nitivos já assimilados anteriormente, ampli-
de pergunta pressupõe uma resposta ando o seu esquema de pensamento no ato
simples, objetiva, imediata, evidencian- de sistematizar a resposta.
do a ação da memória. Exige parte do
Nesta perspectiva, a prova operatória estabe- A literatura na
conteúdo básico estudado.
1

área de avaliação,
lece relações com: mais particular-
mente na
elaboração de
provas, utiliza os
termos “questão
de prova” e “item
de prova” com o
mesmo sentido.

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O Contexto mais amplo

Questões
abertas atuais
Visão
contextualizada
Temática da
existência

Desenvolvimento da leitura e da interpretação

Orientação
Relação leitor/ Cuidado na
passo a
contexto, via texto elaboração das
passo...
questões

Expressividade escrita

Escrever torna-
se exercício Espaço/tempo
obrigatório amplo Proposição de
questões-problema
amplas e abertas

Segundo Ronca & Terzi (1991, p. 49) cativas associadas às motivações subjetivas e
“... a prova é sempre reflexo da aula que, articuladas com um determinado saber
e vice-versa.” Portanto, a gênese da particular e o contexto mais amplo, possibili-
prova operatória é a aula problematiza- tam a apropriação do conhecimento como
dora. O que é uma aula problematiza- construção. Como resultado da aula proble-
dora? É um espaço de mediação entre matizadora, tem-se uma aprendizagem movi-
professor e alunos, multifacetado e di- da pela investigação, pela compreensão ética,
nâmico. A aula problematizadora se pelo raciocínio lógico e crítico da realidade
realiza na busca de experiências signifi- circundante.

O professor poderá analisar a elaboração de suas provas quanto:


- ao tipo de questões;
- à habilidade cognitiva avaliada;
- à proposição dos enunciados;
- aos critérios de avaliação.
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Observamos que existe uma relação íntima Se esta concepção for contextualizada,
entre a aula problematizadora e a prova ope- pressupõe-se que a aula contemplará:
ratória, pois ambas se encontram ligadas à
concepção que o professor tem de mundo,
de homem e de sociedade.

Problematização

Contexto do Interação
mundo Socialização
vivido

Teorias Investigação

Disciplina
Metas/ações
Conteúdos

Avaliação
certificativa Aprender a
interativa aprender

As etapas de formulação da prova operatória


são as seguintes:
1ª - Apresentação de um tema: Exige a
expressividade escrita em forma de redação
de temas mais amplos.

Depois da visita que fizemos àquela fábrica de fertilizantes, pudemos


discutir sobre o uso de fertilizantes químicos. Vimos como eles têm afetado
seriamente o processo natural de fixação do nitrogênio ao danificar as
bactérias do solo envolvidas nesse processo. Por conseqüência, as culturas
estão perdendo sua capacidade de absorver os nutrientes do solo e ficando
cada vez mais viciadas em produtos químicos sintéticos. A partir destes
argumentos, faça uma composição, discutindo as relações entre o que
estudamos da Química e as suas utilizações em nossa sociedade.

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2ª - Questões objetivas e pergun-


tas: Constituídas da proposição de
perguntas mais simples, centradas em
pré-requisitos do conteúdo abordado
para a continuação da aprendizagem.

- Cite alguns componentes químicos que você


conhece e que são utilizados nos fertilizantes.
- Quais os tipos de orações subordinadas
adverbiais?
- Cite os números pares menores que vinte.

3ª Apresentação de situações-
problema: seguidas de enunciados e
alternativas para análise/identificação/
elaboração das soluções possíveis.

Imagine que você e sua família voltaram para


casa na noite de sábado, depois de uma festa.
Ao entrar, seu pai percebe que não há luz em
lugar algum da casa. Você diz a seu pai: - “Na
aula de ciências, vimos que alguns problemas
devem ser resolvidos pelo método científico”.
Com base nesse método, serie os passos a
serem dados para a resolução desse problema.

Como podemos observar, em uma - a articulação e relação de temas, conteúdos


perspectiva operatória a aprendizagem e variáveis na resolução e proposição de si-
não será avaliada, única e exclusiva- tuações problemas;
mente, a partir da mera reprodução de
- a ampliação de esquemas cognitivos de
conteúdos disciplinares, mas de sua
pensamento no ato de sistematizar a respos-
aplicabilidade em situações problemas.
ta;
A prova operatória está preocupada
com a formulação das questões. Estas - a verificação do percurso de aprendizagem
deverão permitir: realizado pelo aluno e as habilidades desen-
volvidas.
- a capacidade do aluno de operar
com os conceitos;
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2.4.1. O planejamento
da prova operatória
O planejamento da avaliação é de funda- Outros cuidados a observar na elabo-
mental importância na ação pedagógica do ração da prova:
professor e compreende:
- evitar uma apresentação compacta,
- a definição dos objetivos da prova; em que o enunciado e a(s) alternativa(s)
- a elaboração do seu esquema básico (con- formem um bloco único, sem o neces-
teúdos, habilidades, critérios e dosagem); sário espaçamento;

- a escolha do tipo de questões e da sua quan- - dispor as alternativas em colunas com


tidade (tempo disponível e nível de dificuldade); espaçamento adequado;

- a elaboração das questões; - adotar um único padrão gráfico para


os itens, destacando o enunciado das
- a fixação do padrão de correção dos resul- alternativas;
tados.
- havendo gráficos, desenhos ou foto-
Vantagens da prova operatória: grafias, apresentar primeiro a ilustração
- impessoalidade do julgamento, reduzindo a e após o enunciado, ou então, colocá-
possibilidade de múltiplas interpretações; la ao lado do item, fazendo-lhe refe-
rência (por ex.: “a figura ao lado...”);
- facilidade de julgamento mesmo com grande
número de questões; - identificar o enunciado de cada ques-
tão por números arábicos e as alterna-
- rapidez na correção;
tivas, por letras maiúsculas ou minús-
- definição dos critérios de apuração, antes culas;
da aplicação da prova;
- colocar ponto final em todas as alter-
- facilidade de julgamento e rapidez na nativas, salvo quando forem numéri-
atribuição de notas; cas;
- fácil identificação dos objetivos alcançados - espacejar, uniformemente, as lacunas
e dos que requerem revisão. das alternativas.

O planejamento da avaliação é o processo de reflexão sobre os aspectos


que a constituirão: objetivos, conteúdos, habilidades, estratégias,
instrumentos, definição de critérios, de recursos e do tempo disponível.

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2.4.2. Tipos de itens ou questões

TIPOS DE QUESTÃO

Resposta curta Resposta


(Tipo objetivo) (Tipo composição)

O aluno dá a resposta O aluno seleciona a O aluno organiza a


resposta resposta

Enuncia a Completa a Identifica a Associa Escolhe en- Organiza den- Organiza


resposta resposta alternativa pares tre alternati- tro de limitações livremente
válida (Associação vas Múlti- estabelecidas
(resposta (Comple- (Verdadeira- ou combi- plas (Esco- (Resposta (Resposta
curta) tação) falsa) nação) lha-Múltipla) orientada) livre)

2.4.2.1. Item de resposta única


Uma única alternativa inteiramente cor- Quanto mais psicopata for o paciente, mais
reta entre outras incorretas, mas plausí- favorecerá no entrevistador a vivência de:
veis para quem desconhece o assunto (A) regressão.
ou não possui a capacidade em teste.
(B) atuação.
Exemplo:
(C) recalcamento.
Distintos tipos de pessoas podem pro-
vocar reações contratransferenciais tí- (D) confusão.
picas no entrevistador, que deve perma- (E) compreensão.
nentemente observá-las e resolvê-las
para poder utilizá-las como informa-
ção e instrumento no decorrer da pró-
pria entrevista.
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2.4.2.2. Item de resposta múltipla


Admite várias respostas corretas e que (III) a mastectomia é a terapêutica mínima
associadas determinam o código, a- preconizada.
pontando todas as alternativas certas
(IV) a mamografia negativa não exclui o
daquele código determinado.
diagnóstico.
Exemplo:
Das afirmações acima, são plausíveis:
Com relação ao câncer de mama, é
(A) I e III
correto afirmar que:
(I) não ocorre antes dos 20 anos de (B) II e III
idade. (C) I e II
(II) apresenta nítida tendência familiar. (D)II e III

2.4.2.3. Item de afirmação incompleta


A parte introdutória do item (suporte) (A) da dissonância cognitiva interferindo na
é uma afirmação incompleta e não coesão grupal.
uma pergunta. (B) da reflexão do espaço grupal na dinâmica
Exemplo: do inconsciente.
A contribuição de Kurt Lewin para a (C) da dinâmica do espaço topológico e dos
Psicologia expressa a abordagem sistemas de forças no grupo.
particular sobre a dinâmica grupal. A
(D) da existência do grupo como mediador
inovação de Lewin (1965), criada nos
necessário entre indivíduo e sociedade.
experimentos com pequenos grupos,
caracteriza-se pela utilização: (E) do grupo como dispositivo sócio-analítico.

2.4.2.4. Item de associação


Requer dois tipos (ou mais) de dados (B) ... da obstrução de vias aéreas, nos pacien-
ou informações que possam ser rela- tes em que predomina bronquite crônica, é o
cionados. excesso de muco produzido nos brônquios
segmentares e sub-segmentares.
Exemplo:
(C) ... da hipertensão pulmonar é a hipóxia
Em relação à doença pulmonar obs-
crônica.
trutiva crônica, é correto afirmar que
o principal fator determinante... (D) ... da obstrução de vias aéreas é o bronco-
espasmo mantido cronicamente.
(A) ... de insuficiência respiratória é a
incapacidade crônica de exercer um (E) ... da hipóxia é a diminuição da superfície
trabalho respiratório adequado. de trocas gasosas, pela destruição.

... 105
106 ...

2.4.2.5. Item de lacuna


Uma ou várias partes relevantes do enunciado a ameaça da ......................., mudando
são suprimidas e apresentadas nas alternati- o ........................................... didático.
vas. Deve-se evitar que a lacuna venha no iní- (CORTESÃO, 1993).
cio da frase para que sua compreensão não
(A) aprendizagem, relação, aprovação,
seja dificultada.
ambiente
Exemplo:
(B) aprovação, relação, reprovação,
Assinale a alternativa que completará cor- contrato
retamente a afirmação abaixo:
(C) seleção, relação, reprovação, con-
Trabalhar no sentido de uma avaliação forma- trato
tiva, significa renunciar a fazer da ....................
(D) seleção, tarefa, aprovação, ambien-
a aposta permanente da .................................
te
pedagógica, deixar de manter os alunos sob

2.4.2.6. Item de interpretação


Geralmente constituído com base num texto Exemplo:
literário ou científico, também pode ser elabo-
A tabela a seguir apresenta a distribui-
rado a partir de tabelas, mapas, gráficos, dia-
ção etária da população de um país,
gramas ou ilustrações, para que o aluno rea-
em percentual, ao longo do tempo (com
lize inferências, indique explicações, apresente
previsão para os próximos 20 anos).
generalizações, tire conclusões, apresente crí-
Nesse país, a taxa de crescimento popu-
ticas e outras formas de interpretação.
lacional prevista é zero.

FAIXAS ETÁRIAS 1940 1960 1980 2000 2020


0 a 9 anos 30 31 26 18 12
10 a 19 anos 24 22 24 20 19
20 a 39 anos 30 28 29 34 36
40 a 64 anos 12 14 15 20 23
65 anos ou mais 4 5 6 8 10

Como resultado da análise do quadro acima, (C) fraldas infantis passa a produzir,
um fabricante de também, fraldas geriátricas.
(A) sabão em pó troca a abordagem de pro- (D) bicicletas lança uma linha esportiva
paganda comparativa dos seus comerciais por para esportes radicais.
um tom jocoso. (E) refrigerantes descontinua a sua li-
(B) balas e doces decide abrir uma rede de lo- nha diet.
jas próximas a colégios. Fonte: BRASIL, MEC/INEP, 2002.a
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

2.4.2.7. Item de asserção e razão


Consta de duas afirmações, sendo a (B) for um vestígio, os genes que codificam
segunda a razão da primeira. O item suas proteínas devem apresentar muitas muta-
somente pode ser usado quando o ções quando comparados aos dos outros la-
material apresentado na asserção é gartos.
absolutamente verdadeiro ou falso.
(C) desempenhar outra função, os genes que
Exemplo: codificam suas proteínas devem apresentar
muitas mutações quando comparados aos
Suponha uma espécie hipotética de
dos outros lagartos.
lagarto sem olhos coletada nas dunas.
No desenvolvimento embrionário, esta (D) desempenhar outra função, esta também
espécie apresenta olhos rudimentares deve existir nas fases embrionárias de outros
que são posteriormente cobertos por lagartos.
tecido epitelial. Se o olho rudimentar
(E) desempenhar outra função, suas proteínas
(A) for um vestígio autêntico, a presen- devem ser idênticas às dos demais lagartos.
ça de luz quando o animal nasce deve
Fonte: BRASIL, MEC/INEP, 2002.
induzir a formação de olhos normais.

2.4.2.8. Item pictórico (fotografia, desenho,


diagrama, gráfico ou mapa)
Baseado em ilustrações e gráficos. Há Exemplo: Uma empresa de consultoria preten-
dois tipos de item pictórico: de reorganizar uma indústria de maneira a
diminuir o tempo de fabricação de um dos
- aquele em que a própria ilustração é
seus produtos, ou seja, cadeira de espaldar
parte do problema e exige interpre-
alto. Como vai utilizar a técnica de PERT/CPM,
tação;
fez um levantamento de todas as tarefas
- aquele em que a ilustração é usada necessárias para a produção da cadeira. Este
como instrumento de comunicação da levantamento é apresentado na tabela e no
idéia. gráfico seguintes:

Atividades Duração
Atividades Antecessoras da tarefa
Imediatas (dias)
A – Compra e entrega de matéria-prima - 2
B – Corte e preparação da madeira A 1
C – Preparação da estrutura metálica da base A 3
E – Pintura da base C 4
F – Controle de qualidade da madeira D 5
G – Controle de qualidade da base metálica E 2
H – Montagem e embalagem FeG 5

... 107
108 ...

D
3 5
F
B

A H
1 2 7 8
C G

E
4 6

O caminho crítico e o tempo de duração da


montagem, respectivamente, são:
(A) A - B - C - E - G - H ; 16 dias.
(B) A - B - C - E - G - H ; 17 dias.
(C) A - B - C - F - G - H ; 16 dias.
(D) A - B - D - F - H ; 17 dias
(E) A - C - E - G - H ; 16 dias.
Fonte: Material elaborado pela Equipe da
ASAVA/ProEn/UNIVALI

A figura abaixo esquematiza os tipos de itens


objetivos apresentados.

ITENSItens ObjetivosS
OBJETIVO
E spécies T ipos de iten s:
§ Resposta curta (o 1. Respostas sim ples
alun o escreve a res-§ 2. C om pletam ento
posta, ou a com ple- 3. F also-verdadeiro
ta, 4. A ssocia ção.
IteIns )
tens
Obbjetivos
O jetivos
1. Resposta ún ica
2. Resposta m últipla
§ M últipla escolh a (o 3. A ssocia ção
alun o seleciona a § 4. A firm ação incom pleta
resposta dentre as alter- 5. L acun a
n ativas propostas) 6. In terpretação
7. A sserção e razão
Figura 1 – Tipos de itens objetivos
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

2.5. Trabalhando com critérios de avaliação


Os critérios de avaliação são as regras Depresbíteris (1991) aponta as vantagens do
do jogo, negociados e estabelecidos no uso dos critérios no processo de avaliação: fa-
grupo, e que servirão como referência zer julgamentos mais justos, esclarecer o que
para o julgamento e orientação da é desejado, tanto para o professor como para
aprendizagem. Segundo Hadji (1994), o aluno, permitindo a análise dos desempenhos
o avaliador tem necessidade de um desenvolvidos e oferecer uma orientação mais
quadro de referência que lhe permita precisa no caso de problemas e insucessos.
ler e dizer a realidade, produzindo uma
Assim, uma prática de avaliação mediada por
mensagem que tenha sentido para
critérios estará facilitando a ação pedagógica,
aqueles que a recebem.
pois o aluno, apropriando-se das normas de
No entanto, é importante enfatizar que produção e dos seus resultados, faz a relação
devemos usar um conjunto de critérios entre o que produziu e o que precisa alcançar.
como exigência de qualidade e não co- Os critérios serão o guia para sua própria
mo forma autoritária de produzir o jul- atividade. Nesta direção, Hadji (1994) confir-
gamento. Os critérios jamais poderão ma que a representação dos fins e a apro-
impedir o diálogo no processo avalia- priação dos critérios são, ao mesmo tempo,
tivo, ao contrário, eles deverão facilitar os instrumentos e a marca de uma conquista
a mediação e a transparência do pro- de autonomia.
cesso, sendo constantemente discuti-
Portanto, os critérios são sinais visíveis, mensu-
dos e reelaborados.
ráveis ou não, que atendem a presença dos
A avaliação baseada em critérios ex- indicadores de qualidade. O padrão de refe-
pressará a caminhada do aluno rumo rência é o desempenho analisado em relação
ao atendimento do critério, proporcio- a um domínio de referência.
nando um julgamento individualizado
O juízo de valor é formulado pelo conjunto
da sua produção e do seu desenvolvi-
referencial de critérios. A avaliação criterial é
mento. Já na avaliação baseada em
informativa e interpretativa.
norma, o julgamento expresso em nota
está relacionado à média do grupo, o A seguir estão alguns exemplos de avaliação
que significa dizer que o aluno será ava- baseada em critérios; é claro que os critérios
liado em comparação aos outros alu- que forem estabelecidos dependerão das ca-
nos do grupo. racterísticas de cada disciplina e respectivo
conteúdo, dos objetivos de aprendizagem e
da estratégia adotada.

... 109
110 ...

Objeto da avaliação: Apresentação de Seminário


Critérios:
- Domínio de conceitos técnicos relacionados ao tema
- Clareza e coerência na exposição do tema
- Uso de recursos apropriados à apresentação do seminário
- Material selecionado coerente com os objetivos do seminário
- Participação de todos os membros da equipe na exposição do
trabalho

Objeto da Avaliação: Estudo de Caso


Critérios:
- Coerência interna (a prescrição representa claramente uma visão crítica da
descrição feita)
- Coerência entre os vários aspectos da prescrição (há adequada relação
entre os vários aspectos da avaliação)
- Aplicação dos conhecimentos construídos ao longo da unidade (as respostas
e os argumentos apresentados explicitam conhecimentos produzidos a partir
dos conteúdos)
- Riqueza de argumentação (as respostas e argumentos incluem idéias que
traduzem diferentes pontos de vista e têm relação direta no caso estudado)
- Concisão (o registro de idéias foi feito com um mínimo de termos, sem
repetições ou redundâncias).

Objeto da avaliação: Produção de Texto


Critérios
- Aplicação dos principais conceitos estudados
- Uso do padrão lingüístico
- Lógica na apresentação dos argumentos
- Utilização de pontos de vistas de diferentes autores
- Afirmações relacionadas à área de conhecimento
- Levantamento de outras problemáticas relacionadas ao tema
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Objeto da avaliação: Aulas Práticas


Critérios:
- Participação: mede a ocupação dos alunos nas tarefas, desde o projeto ou parte
teórica (se houver) até o final dos trabalhos
- Apresentação: refere-se ao acabamento que se pode dar ao produto final, sua estética,
criatividade, etc...
- Funcionamento: verifica se o produto final funciona corretamente e de forma contínua
- Técnica: refere-se ao uso adequado de ferramentas, aparelhos e utensílios e ao
cumprimento das normas técnicas.

ESTUDO DE CASO
Uma jovem professora, buscando compreender a avaliação criterial,
pesquisou nos objetivos da disciplina, no perfil do curso e na Portaria
Ministerial que regulamenta o Exame Nacional de Cursos, o padrão de
referência para proceder à avaliação da aprendizagem dos seus alunos.
Organizou o conjunto de critérios relacionados a seguir, discutiu-os com
seus alunos, firmando um contrato que os validou:
- habilidade de identificar conceitos;
- raciocínio lógico na colocação de idéias;
- capacidade de analisar situações problemas;
- capacidade de elaboração de diagnósticos e de apontar soluções;
- capacidade de pesquisar novos pontos de vista e resultados de
pesquisa na área;
- atitude reflexiva e crítica frente aos problemas na área;
- curiosidade intelectual;
- criatividade na seleção de estratégias para resolução de problemas;
- capacidade de síntese de leituras realizadas;
- conhecimento de língua estrangeira.
Analise a prática da professora e prescreva sugestões e melhoria,
apresentando argumentos com base nos estudos realizados.
2
BORBA,
Amândia.
Identidade em
construção :
investigando
professores na
2.6. Contrato didático2
prática da
O processo de educação supõe, necessa- intersubjetivamente pelos sujeitos que avaliação escolar.
riamente, a comunicação e a transmissão de neles também se constituem. 1999. Tese
informações, de conhecimentos, hábitos,
(Doutorado em
Educação) –
crenças e valores que constituem o que deno- Contrato didático, segundo a visão fun- Pontifícia
minamos de conteúdos do processo de ensino cionalista, é o conjunto específico de Universidade
Católica de São
e de aprendizagem. Estes são instituídos princípios, de imagens, de normas que Paulo, São Paulo.

... 111
112 ...

se estabelecem em um contrato de re- papéis que devem desempenhar, os compor-


gras implícitas e/ou explícitas, com vis- tamentos desejáveis, as expectativas e reações
tas a amenizar conflitos e definir com- do jogo que estão jogando.
portamentos.
O contrato didático, ensina Chevallard (apud
Segundo a visão sócio-interacionista, FRANCHI, 1995, p. 17), “... define os direitos
significa o conjunto de consensos discu- do aluno, os direitos e deveres do professor
tidos e negociados racionalmente pelo e, por divisão de tarefas, distribui e limita as
grupo (alunos e professores) sobre os responsabilidades de cada um.”

2.6.1. Metodologia
A seguir estão relacionados procedi- - assumir a posição de um líder negociador,
mentos práticos e alguns alertas para evitando a posição de árbitro;
orientar o docente que desejar pôr em
- pesquisar com os alunos suas necessidades
prática o contrato didático:
e expectativas em relação à aula, ao relacio-
- investir na pedagogia das situações- namento com os amigos e à avaliação da
problema (incentivar e orientar o tatea- aprendizagem;
mento experimental);
- dar às normas uma redação acessível à
- romper com uma comunicação que compreensão de alunos e professores em
leve o aluno à competição e ao indivi- geral;
dualismo;
- colocar as normas em votação no grupo de
- discutir e negociar com os alunos a alunos;
explicitação e o ajuste das regras em
- divulgar o contrato após a assinatura de
sala de aula ou no Curso;
todos os alunos;
- ouvir as resistências, queixas e críticas
- ter presente que o contrato não pode ser fi-
dos alunos, levando-as em considera-
xado para muito tempo, pois é processo e
ção e criando um clima propício à refle-
produto da interação da classe.
xão do aluno no grupo;

“Nós vos pedimos com insistência:


não digam nunca -
isso é natural.
Sob o familiar,
descubram o insólito.
Sob o cotidiano, desvelem
o inexplicável.
Que tudo que é considerado habitual,
provoque inquietação.
Na regra, descubram o abuso,
e sempre que o abuso for encontrado,
encontrem o remédio”
(B.Brecht,1995).
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

3. MODALIDADES DE AVALIAÇÃO
INTERNA E EXTERNA

3.1. Programa de Avaliação Institucional da UNIVALI


A avaliação institucional é um processo de au- compromissos com a sociedade, e, neste
tocrítica, importante para conhecer como se sentido, busca, a partir dos seus diagnósti-
realizam e se inter-relacionam as tarefas aca- cos, repensar objetivos, modos de atuação
dêmicas em suas dimensões de ensino, pes- e resultados, implementando mudanças no
quisa, extensão e administração. A avaliação cotidiano das atividades acadêmicas.
institucional é uma forma de restabelecer

Princípios do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB)

PRINCÍPIOS DEFINIÇÃO
Todos os elementos que compõem a vida universitária (o ensino, a pesquisa, a extensão, a
administração, a qualidade das aulas, dos laboratórios, a titulação do corpo docente, a
1. Globalidade biblioteca, os registros escolares, as livrarias universitárias, os serviços, a organização do
poder, o ambiente físico, o espírito e as tendências da vida acadêmica) devem fazer parte
da avaliação para que ela seja a mais completa possível.
Uma linguagem comum dentro da universidade e entre as universidades, através da criação
2. Comparabili-
de uma tabela mínima de indicadores institucionais e do ensino de graduação. Busca-se
dade
uma linguagem comum para todas as Instituições de Ensino Superior - IES do país.
As características próprias das instituições, no contexto das inúmeras diferenças existentes
3. Respeito à
no país, também devem ser contempladas. As IES são diferentes na sua natureza, nas suas
identidade
pretensões, na sua qualificação, no seu estágio de desenvolvimento. Há IES cuja função
institucional
única é o ensino, enquanto outras primam pelo ensino, pesquisa e extensão.
4. Não A não punição ou premiação devem ser mantidas, primando pela identificação e
premiação ou formulação de práticas, ações e medidas institucionais que impliquem atendimento
punição específico e/ou subsídios adicionais para o aperfeiçoamento de insuficiências encontradas.
5. Adesão A compreensão da necessidade de se instalar na universidade a cultura da avaliação,
voluntária sensibilizando, convencendo, e não impondo o processo avaliativo.
Duas maneiras contemplam a legitimidade: (1) uma metodologia capaz de garantir a
construção de indicadores adequados, acompanhados de uma abordagem analítico-
6. Legitimidade
interpretativa, capaz de dar significado às informações; (2) a construção de informações
fidedignas, um espaço de tempo capaz de ser absorvido pela comunidade universitária.
7. Continuida- A comparabilidade dos dados de um determinado momento a outro garante a
de continuidade, pelo grau de eficácia das medidas adotadas, a partir dos resultados obtidos.
Fonte: BRASIL, Secretaria de Ensino Superior.
Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras.
MEC/SESu. Brasília: SESu, 1994.

... 113
114 ...

A partir dos princípios do PAIUB, deli- - repensar objetivos, modos de atuação e re-
nearam-se os objetivos da Avaliação sultados na perspectiva de uma Universidade
Institucional: mais coerente com o momento histórico em
que se insere;
- impulsionar o processo criativo de
autocrítica da instituição, como evi- - estudar e propor mudanças no cotidiano das
dência da vontade política de auto- tarefas acadêmicas do ensino, da pesquisa e
avaliar-se e de prestar contas à socie- da extensão, contribuindo para a elaboração
dade da correspondência da ação de Projetos Pedagógicos socialmente legitima-
universitária em relação às demandas dos e relevantes.
científicas e sociais da atualidade;
Neste sentido, a UNIVALI, através do Progra-
- conhecer, mediante uma atitude ma de Avaliação Institucional, esclarece seus
diagnóstica, como se realizam e como objetivos, realiza diagnósticos, desenvolve aná-
se inter-relacionam, na Universidade, lises e planeja políticas institucionais relativas
as tarefas acadêmicas em suas di- ao ensino, à pesquisa e à extensão, respei-
mensões de ensino, pesquisa, exten- tando a diversidade de culturas e conhecimen-
são e administração; tos e a globalidade do espaço a sua volta.
Com esta visão, o Programa de Avaliação Ins-
- restabelecer compromissos com a
titucional busca uma linguagem comum que
sociedade, explicitando as diretrizes do
permite, não simplesmente uma classificação
projeto pedagógico e os fundamentos
de cursos, pessoas ou unidades de ensino,
de um programa sistemático e partici-
mas o estabelecimento de diagnósticos que
pativo de avaliação que permita o
possam sinalizar as mudanças necessárias ao
constante reordenamento, consolida-
processo interno da Universidade.
ção e reformulação das ações da Uni-
versidade;

O Documento Básico do PAIUB aponta como objetivo geral do programa de avaliação rever e
aperfeiçoar o projeto acadêmico e sócio-político da universidade, por meio da promoção da
melhoria da qualidade e pertinência das atividades desenvolvidas.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

COMPONENTES POLÍTICOS E
TÉCNICOS DA AVALIAÇÃO

- qualidade como responsabilização


- legitimidade dos critérios/
- negociação
- divulgação dos resultados/
- transparência
- regulação e não punição
- gradualidade
- autonomia dos Cursos

PESQUISA-AÇÃO

- base empírica (dados


quantitativos);
- ação/resolução;
- cooperação;
- responsabilidade.

CONCEPÇÃO ETAPAS OBJETIVOS METODOLOGIA


-Processo -Diagnóstico geral da Instituição:
contínuo, 1994 -Impulsionar a autocrítica -Base empírica -(dados
participativo -Avaliação de desempenho da Instituição quantitativos/
-Envolvimento Docente/Discente/Infra-estrutura -Informar sobre o qualitativos)
de pessoal / 1995 a 2000 desempenho -Ação/resolução
setores -Auto-Avaliação: Docente/ -Desenvolver análises -Cooperação
-Ações em Discente – 1997 a 2000 pertinentes aos fins/ -Responsabilidade
termos de -Perfil Sócio-Econômico dos diretrizes do programa
objetivos Acadêmicos - 1996 e 1999
-Propor ações alternativas
-Desempenho -Auto-Avaliação dos Cursos –
de Qualidade 1996 e 1997
-Restabelecer
-Avaliação do Curso pelo compromissos sociais/
Egresso – 1996 regionais.
-Avaliação do Ensino
Fundamental e Médio – 1998 a
2000
-Avaliação da Pós-Graduação
(Lato Sensu) 1999, 2000
-Projeto Piloto de Avaliação dos
estágios (Graduação e Pós-
Graduação)-2000
Figura 2 – Evolução do PAIUB – UNIVALI
Fonte: Coordenadoria de Avaliação Institucional – UNIVALI (SC) – Brasil, 1999

... 115
116 ...

3.2. Exame Nacional de Cursos (ENC)


É um mecanismo de avaliação externa des sociais em termos de conhecimento e tec-
que procura verificar o processo de en- nologia.
sino e aprendizagem no que se refere
O Exame Nacional de Curso foi implemen-
à aquisição e aplicação de conheci-
tado a partir de 1996, determinando entre
mentos e habilidades básicas dos con-
outros procedimentos: a avaliação do desem-
cluintes dos cursos de graduação.
penho individual das instituições de ensino
É uma ferramenta para conhecer a superior deve incluir todas as modalidades de
realidade dos cursos, com o objetivo ensino, pesquisa e extensão, no que se refere
de estimular a reflexão sobre o presente à administração geral, à administração aca-
e a constituição de um modelo deseja- dêmica, à integração social e à produção
do e necessário para as mudanças que científica, cultural e tecnológica. Associada a
se quer empreender, na consolidação esta modalidade, há a avaliação das Condi-
de aspectos relacionados às priorida- ções de Oferta.

O que é o exame nacional de cursos?


“O Exame Nacional de Cursos é um dos elementos da prática avaliativa, criado pela Lei 9.131/1995.
Tem por objetivo alimentar os processos de decisão e de formulação de ações voltadas para a melhoria
dos cursos de graduação. Visa a complementar as avaliações mais abrangentes das instituições e cursos
de nível superior que analisam os fatores determinantes da qualidade e a eficiência das atividades de
ensino, pesquisa e extensão, obtendo dados informativos que reflitam, da melhor maneira possível, a
realidade do ensino” (Exame Nacional de Cursos, disponível em http://www.inep.gov.br/enc

3.2.1. Conceitos ordenados por média obtida


no Exame Nacional dos Cursos/MEC
Desvio padrão: grau de dispersão
das notas em relação à Média Geral.
É a mais útil de todas as medidas de
variabilidade.
Fórmula para cálculo do desvio padrão:

DP =
å ( X - MG ) 2

N
Onde:
DP= Desvio Padrão
X= Média do Curso
N= Número de casos (Cursos)
MG= Média aritmética das Médias dos Cursos (1,1+9,2+9,5+21+...)/30
å ( X - MG )
2
= Somatório dos desvios elevado ao quadrado
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Para obter os conceitos, primeiro é calculado 42,87 + 7,65 = 50,6


o desvio padrão (para isto, é necessário ter a
MG + DP = ?
média de todos os cursos no Brasil, que so-
mente o INEP possui). 42,87 + 15,30 = 58,20
Suponhamos que o desvio padrão de um Assim, a escala para distribuição dos
determinado Curso foi de 15,30 e a média conceitos nas faixas será a seguinte:
geral brasileira do Curso foi de 42,87. Conceito A = acima ou igual a 58,2
A partir da média geral (MG) e do desvio Conceito B = de 50,6 (inclusive) até
padrão (DP) são calculados os pontos que 58,2
delimitam as faixas dos conceitos.
Conceito C = de 35,3 (inclusive) até
MG – DP = ? 50,6
42,87 – 15,30 =27,6 Conceito D = de 27,6 (inclusive) até
MG – 50%DP = ? 35,3
42,87 – 7,65 = 35,3 Conceito E = abaixo ou igual a 27,6
MG + 50%DP = ?

3.2.2. Instrumentos
São dois os tipos de instrumentos utilizados habilidades melhor desenvolvidas, utili-
no Exame Nacional dos Cursos – ENC: pro- zação de micro-computadores, labo-
vas e questionários. ratórios, biblioteca, atualização do
As provas compõem-se de questões objetivas, acervo, maior contribuição do estágio,
do tipo de múltipla escolha, com cinco alterna- e ainda, questões específicas do curso,
tivas e questões discursivas ou somente discur- como: área de preferência no exercício
sivas, conforme o curso, sendo elaboradas sob profissional, fatores predominantes na
a responsabilidade da Fundação CESGRANRIO escolha profissional e pretensões de
e da Fundação Carlos Chagas, contratadas aperfeiçoamento e especialização após
após licitação. conclusão de cursos). Esse instrumento
tem cinqüenta e nove questões, comuns
São aplicados três questionários no ENC. O
a todos os cursos, e um número variável
primeiro denominado “Questionário-Pesqui-
de questões específicas para cada cur-
sa”, aplicado aos alunos inscritos, tem como so. Cada questão é composta de cinco
objetivo levantar o perfil sócio-econômico e
alternativas.
cultural do aluno (suas atividades habituais,
as condições de ensino do curso, atividades O segundo questionário é aplicado aos
acadêmicas e extra-classe, validade das aulas alunos presentes no Exame, denomi-
práticas, técnicas de ensino predominantes, nado “Impressões sobre a Prova”, com-
domínio das disciplinas, nível de exigência do posto de questões objetivas, com cinco
curso, instrumentos de avaliação, orientações alternativas, apresentadas no final do
extra-classe, principal contribuição do curso, caderno de prova. O terceiro, solicita

... 117
118 ...

ao coordenador de curso sua avalia-


ção quanto à formulação e à adequa-
ção aos conteúdos/habilidades em ca-
da questão da prova e sugestões, com
vistas ao seu aprimoramento.

3.3. Avaliação das Condições de Ensino


O sistema de Avaliação das Condições Dimensões
de Ensino teve início em 1997, instituído Seção que agrega os dados e informações
pela Portaria nº 640 de 13.05.97, sob a do curso em três níveis amplos, compreen-
denominação de Avaliação das Condi- dendo:
ções de Oferta dos Cursos, sob a coor-
denação inicial da Secretaria de Educa- - organização didático-pedagógica;
ção Superior do Ministério de Educação - corpo docente e
– SESu/MEC – e, posteriormente, transfe-
rido para o Instituto Nacional de Estu- - instalações.
dos e Pesquisas Educacionais – INEP, Categorias de análise
dada a necessidade de institucio-
Consistem em desdobramentos das dimen-
nalização e aperfeiçoamento do siste-
sões, organizadas igualmente em três níveis,
ma com vistas a garantir sua legitimida-
de acordo com as características considera-
de e consolidar a cultura de avaliação.
das mais pertinentes ao processo de avalia-
O sistema engloba todos os processos ção; são elas:
que demandam a necessidade de ava-
Referentes à dimensão organização didático-
liação da educação superior, organiza-
pedagógica:
dos sob a forma de Avaliação Institucio-
nal (AI), Avaliação das Condições de - administração acadêmica;
Ensino (ACE) e Exame Nacional de - projeto do curso e
Cursos (ENC). Agregam-se aos proces-
sos de avaliação as coletas sistemáticas - atividades acadêmicas articuladas ao ensino
e anuais sobre as Instituições de Edu- de graduação.
cação Superior (IES) e seus cursos: Ca- Referentes à dimensão corpo docente:
dastro da Educação Superior e o Cen-
so da Educação Superior. - formação acadêmica e profissional;

As informações consideradas pertinen- - condições de trabalho e


tes para a avaliação das condições de - atuação e desempenho.
ensino dos cursos estão organizadas
em níveis hierárquicos (abaixo relacio- Referentes à dimensão instalações:
nados), direcionando a atuação das - instalações gerais;
comissões de especialistas do INEP, as
- biblioteca e
quais, através de visitas in loco, avaliam
os cursos superiores das IES. - instalações e laboratórios específicos.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

4. AVALIAÇÃO DA UNIDADE IV
O professor analisará o sistema de avaliação
da aprendizagem regulamentado no Regi-
mento da UNIVALI, utilizando a estratégia do
estudo de caso.

REFERÊNCIAS
BORBA, Amândia Maria de; FERRI, Cássia. DOLL Jr., William E. Currículo: uma
Avaliação: contexto e perspectivas. In: perspectiva pós-moderna. Porto
CAPELLETTI, Isabel (org.). Avaliação edu- Alegre: Artes Médicas, 1997.
cacional: fundamentos e práticas. São Paulo:
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Unidade 5

... 121
122 ...
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

REVENDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA:


ensino com pesquisa na sala de aula
e a pesquisa-ação na prática pedagógica1

1. INTRODUÇÃO
O texto organizado para esta unidade discute os princípios básicos e sugestões para
dois temas importantes para a prática docen- auxiliar o professor na condução de no-
te no ensino superior: a adoção da pesquisa vas práticas. A pesquisa-ação na prá-
como um dos princípios orientadores do de- tica pedagógica consiste numa ativi-
senvolvimento do ensino e a utilização dos prin- dade mediante a qual o professor bus-
cípios da metodologia da pesquisa-ação como ca ampliar a compreensão de sua pró-
possibilidade de redimensionamento da prá- pria prática e realizar determinadas in-
tica, através de uma constante reflexão crítica. tervenções com a finalidade de aprimo-
rá-la. Essa atividade pressupõe uma
As reflexões se iniciam (item 2) com uma revi-
ação crítica comprometida com a mu-
são sobre a própria forma de pensar, organizar
dança e a adoção de procedimentos
e desenvolver a ação docente, adotando os
qualitativos de pesquisa, tais como:
princípios da pesquisa como possibilidade
gravar ou tomar notas das aulas, cole-
didático-metodológica para o desenvolvimento
tar dados da prática e refletir com os
do ensino junto aos alunos, e, simultanea-
pares sobre os fenômenos encontrados
mente, como atitude necessária para buscar
na sala de aula. É importante que esse
atualização e produção na área pedagógica.
processo – como deve acontecer em
O processo do ensino com pesquisa trata da
toda e qualquer pesquisa – seja regis-
forma como o professor apresenta e aborda A carga horária
trado metodicamente, para que a partir
1

os conhecimentos nas situações de aprendiza-


desta unidade, de
de uma sistematização mais elaborada 40 horas/aula,
gem. A forma poderá ser puramente técnica está assim
consubstanciada num relato apropria-
para aplicações em situações práticas ou
distribuída:
do, possa se destinar à publicação em estudo da unidade
poderá ser uma forma de aproximação do ob- - 8 h/a;
revistas indexadas na área da educação
jeto a ser conhecido através de procedimentos desenvolvimento
superior. O desenvolvimento da pesqui- do projeto de
investigativos, para o levantamento de proble- investigação-ação
sa-ação na prática pedagógica, no
mas relativos ao conteúdo, integrado às situa- - 28 h/a;
contexto desta unidade, será acompa- seminário de
ções da prática social.
nhado por um professor tutor indicado
socialização da
pesquisa-ação
Em seguida (item 3), os conceitos abordam pela orientação pedagógica do Centro realizada e
os princípios e a metodologia da pesquisa- de Educação Superior cujo quadro do- sistematizada em
artigo a ser
ação na prática pedagógica, apresentando cente o professor integra. publicado - 4 h/a.

... 123
124 ...

Deve-se culminar esta Unidade com - elaborar e executar um projeto de pesquisa-


um seminário de socialização do pro- ação resultante de sua prática pedagógica;
jeto elaborado e desenvolvido pelos
- produzir um artigo oriundo do tema da pes-
participantes, com o objetivo de com-
quisa-ação sobre a prática pedagógica em
partilhar experiências e possibilitar uma
sua disciplina, com vistas à sua publicação.
análise para posteriores encami-
nhamentos na prática docente. Espera-se que esse material possa subsidiar
a revisão da prática pedagógica dos profes-
Ao término das atividades desta Unida-
sores da instituição, à medida que possibilita
de, espera-se que o professor seja ca-
o exame crítico dessas práticas e a troca de
paz de:
experiências, para enriquecer o convívio e a
- adotar em sua disciplina a pesquisa aprendizagem junto aos seus alunos.
como princípio cognitivo no processo
ensino-aprendizagem;
2. O PROCESSO DO ENSINO
COM PESQUISA
A educação e o ensino de nível superior, cário (DEMO, 1998), em que o professor de-
no contexto atual, têm como finalidade posita seus conhecimentos na mente dos alu-
o desenvolvimento de competências, nos, tomando-os como seus depositários fiéis.
de forma abrangente e efetiva, para a
Algumas causas são apontadas para essa pos-
atuação do cidadão no mundo do tra-
tura docente:
balho a partir de conhecimentos técni-
cos, científicos e culturais. A integração - a maioria dos professores limita-se a “dar
dessas três dimensões do conhecimen- aula”, sem previamente investigar as necessi-
to é condição essencial para a qualifi- dades de aprendizagem dos alunos;
cação profissional, aliada à formação
- os professores não confiam na capacidade
ética voltada à cidadania.
do aluno para realizar pesquisa;
Assim, o ensino, entendido como um mei-
- a cultura de separação entre o pesquisador
o para que o processo do aprender se
e o professor de sala de aula, existente no ensi-
efetive, necessita levar em conta as ne-
no superior, que leva o professor pesquisador
cessidades de aprendizagem dos alunos.
a se considerar diferenciado, sem que lhe
No entanto, nem sempre a aula produz
ocorra que é também educador.
aprendizagens. Isso acontece quando
os conteúdos teóricos apresentados Mesmo considerando essas dificuldades, a sa-
pelo professor não são apropriados la de aula pode e deve ser um espaço privile-
efetivamente pelos alunos, não se trans- giado de investigação para a construção de
formam em conhecimentos e capaci- novos conhecimentos. “A vida em sala de aula
dades que possibilitem ao aluno atuar deve ser interpretada como uma rede viva de
em novos contextos, com outros conhe- troca, criação e transformação de significa-
cimentos de tipos ou natureza diversos. dos” (SACRISTÁN,1998: 85).
Tal prática docente se caracteriza como São muitos os estudos que apontam a
um sistema de aulas tipicamente ban- sala de aula como um espaço social. E
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

nós perguntamos: espaço social Essa renovação do conhecimento é possível


para quê? Para agir sobre os ou- pela pesquisa que instiga o professor a “... se
tros? Ou para agir com os outros? interessar, constantemente, pelo conhecimen-
to relativo à profissão, implicando busca de
Ao se compreender a sala de aula na
informação, leitura sistemática, acompanha-
primeira perspectiva, estaríamos admi-
mento das novidades, etc.” (DEMO, 1998,
tindo que esse espaço é como um pal-
p. 69).
co, uma arena, um espaço para o re-
passe de conteúdos ou para a demons- Conclui-se que não se pode formar um pro-
tração dos conhecimentos que o pro- fissional competente apenas com treinamen-
fessor possui. No entanto, na segunda to, como ouvinte em sala de aula e respon-
perspectiva, pode-se compreender a dente de provas. O profissional competente é
sala de aula como um espaço social o que faz da pesquisa um procedimento cons-
de trocas, de negociações, de inter- tante no acompanhamento das inovações e
câmbios, de aprendizagem, de ensino da renovação de sua especialidade; avalia os
e de pesquisa, pois é na pesquisa, conhecimentos construídos e se auto-avalia,
segundo Demo (1998, p. 66), “... que atualiza-se na formação continuada, busca
se concretiza a cidadania acadêmica, cursos que desenvolvam e aperfeiçoem sua
à medida que, através do questiona- competência, de modo a se manter na van-
mento reconstrutivo, se atinja a possi- guarda.
bilidade de evolução teórica e prática”.

“ Q u a n d o o p e s q u isa d o r in ic ia n t e d e fro n t a - s e c o m o d ile m a d a p e s q u isa , é p risio n e iro


d o d e s e jo d e ir a lém , d e c ria r, d e in o v a r, d e c a m in h a r e m d ire ç ã o a o q u e a in d a n ã o é
P o ré m , c o m o a in d a n ã o s a b e q u e m é, fic a im p e d id o d e tra n sg re d ir se u s p ró p rio s lim ite s
E n tre t a n to , à m e d id a q u e v a i s e a p ro p ria n d o d e s i m e sm o , s u a p e s q u is a e x p e rim e n t a o
g o s t o p e la a u t ê n t ic a d e sc o b e rt a d e s u a s u b je t iv id a d e .( ) É t o d o u m p ro c e s s o d e
c o n s tru ir - s e e , n e s se c o n s tru ir- s e , a o s p o u c o s , re v e la r- s e .” (F A Z E N D A , 1 9 9 5 , p 1 1 ) .

A pesquisa, como princípio formativo Para Lüdke, em situação de formação profis-


na docência, exige uma nova postura sional, se trabalha com a investigação como
do professor, pois mais do que dominar processo cognitivo e como prática social,
os produtos, interessa que os alunos pois
compreendam que eles são resultan-
“... vai se tornando comum a presença de
tes de um processo de investigação
professores, individualmente ou em grupos,
humana (SEVERINO, 2001, p. 19). Na rodeados de estudantes, que reúnem
apropriação dos conteúdos e domínio regularmente para discutir textos lidos,
das habilidades técnicas, nos contextos instrumentos propostos, informações
de vida e de trabalho, a construção do colhidas, análises previstas, e sobretudo
conhecimento precisa associar forma- problemas encontrados no desenvolvimento
ção científica e percepção prática, de projetos de pesquisas. São oportunidades
compreendendo este conhecimento co- a meu ver preciosas e insubstituíveis para a
mo um movimento histórico e dinâmi- verdadeira iniciação à pesquisa” (1995,
co, e não como verdade definitiva. p.116).

... 125
126 ...

2. 1. Princípios que fundamentam


o ensino centrado na pesquisa
A superação da abordagem dos conteú- xos são desenvolvidos pela organização
dos como verdades absolutas: a verdade de atividades interdisciplinares, de es-
não se apresenta por inteiro ao sujeito que tudo e pesquisa.
procura conhecer, nem no objeto que pode A passagem da ênfase em técni-
ser conhecido. No novo paradigma da ciên-
cas de ensino para estratégias de
cia, as verdades são aproximações provisórias
aprendizagem: a forma de ensinar
da realidade do objeto em estudo. São reco-
não pode ser uma encenação ou recei-
nhecidas, cientificamente, pela força argu-
ta adotada pelo professor para trans-
mentativa, na descrição e interpretação dos
mitir o conteúdo. A forma ganha signi-
processos que produzem o fenômeno inves-
ficado à medida que o professor analisa
tigado. Os diversos tipos de conhecimentos,
em cada aula os conhecimentos e as
já produzidos, são contribuições que precisam
habilidades que o aluno precisa apren-
ser articuladas e integradas para se constituí-
der e as condições oferecidas para tal.
rem em instrumentos de trabalho e de com-
Não há uma só estratégia para desen-
preensão das situações com as quais o aluno volver todas as habilidades. O professor
se defronta.
assume também a lógica do aprender
O reconhecimento do ensino como in- a aprender, as relações entre o interesse
vestigação: a sala de aula é reconhecida co- dos alunos, as condições de aprendiza-
mo um espaço privilegiado para a busca de gem que ele oferece e as habilidades a
experiências, de incentivo às descobertas e serem desenvolvidas.
para o desenvolvimento da capacidade de ra-
Reconhecendo estes princípios, a fun-
ciocínio e da ética. Para Borba (2002),
ção do professor vai além da ação infor-
“o ensino, enquanto investigação, teria cer- mativa e encontra respaldo nas ativi-
tas características da pesquisa, enquanto dades da pesquisa acadêmica. A pes-
prática social, sem a preocupação de levar quisa como princípio cognitivo é mais
o aluno a executar todas as tarefas de estudo ampla do que a atuação do pesquisa-
por meio de projetos previamente apresen-
dor-cientista, porque envolve aluno e
tados”.
professor num questionamento recons-
A organização dos conteúdos a partir trutivo como base para a autonomia
de eixos temáticos: o planejamento do ensi- do sujeito, futuro profissional. Busca-
no deve garantir o núcleo científico da área se superar ostensivamente tanto a
do conhecimento ou da disciplina, seus pressu- condição de um professor que apenas
postos, sua história e seus limites, mantendo ensina, como a de um aluno que ape-
o encadeamento dos conteúdos com as outras nas aprende, emaranhados na medio-
disciplinas do currículo, estabelecendo as rela- cridade da reprodução copiada de
ções de cada tema com assuntos e problemas conhecimento (DEMO, 1998, p. 87).
correlatos, eliminando a linearidade através
do estabelecimento de eixos temáticos. Tais ei-
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2.2. Questionamento reconstrutivo


no processo do ensino com pesquisa
A prática pedagógica pela pesquisa didade, na teorização das práticas, o que terá
concebe a ciência pelo questionamen- como resultado a atualização permanente do
to sistemático, crítico e criativo, buscan- conhecimento. Esta é a vantagem do ensino-
do a coerência lógica, democrática e pesquisa na formação profissional: confron-
a discutibilidade irrestrita (DEMO, tar-se com êxito com novos desafios por saber
1998). pesquisar e superar o mero treinamento. Para
tanto, o ambiente educativo deve promover o
Esta prática se dá no contexto de um
debate aberto, o trabalho conjunto, criativo e
currículo que propicia o desenvolvi-
ético, por meio de argumentações bem formu-
mento da capacidade dos envolvidos
ladas e sempre discutíveis. Isto requer a capa-
de se confrontarem com qualquer te-
cidade do professor de dar conta, exaustiva-
ma pertinente, através da habilidade de
mente, de um tema, ou seja, chegar a uma
reconstruírem o conhecimento ao se
visão geral integradora do conhecimento por
depararem com qualquer desafio.
meio do aprofundamento nos conhecimentos
Um currículo assim concebido tem co- de sua disciplina, sem perder de vista os
mo foco a pesquisa e como fator essen- conhecimentos correlatos. É equivocada e,
cial a qualidade do professor. A pes- portanto, não se sustenta a idéia de “ver tudo”
quisa não é atividade apenas do pro- de forma superficial.
fessor com titulação de mestre ou dou-
O questionamento reconstrutivo exige
tor. O professor apenas graduado po-
trabalhar em profundidade um tema porque
de também ser pesquisador, se não uti-
utiliza a “... capacidade de interpretar e
lizar a didática reprodutiva que objetiva
compreender, analisar criticamente, sintetizar
o treinamento dos alunos. Investir na
com originalidade... e refazer as argumenta-
pesquisa é saber pensar, manejar cria-
ções, paradigmas e polêmicas...” (DEMO,
tivamente a lógica, o raciocínio, a argu-
1998, p. 88), buscando-se uma visão global
mentação, a dedução, a indução, a
de todas as disciplinas do curso, através de
teoria e a prática. Essas habilidades ba-
consensos, com respeito às posições diver-
seiam-se em saber buscar material, da-
gentes.
dos e informações na leitura em profun-

Postular um ensino baseado na pesquisa é pedir-nos, como


professores, que compartilhemos com nossos alunos ou estudantes
o processo de aprendizagem do saber que não possuímos; deste
modo, podem obter uma perspectiva crítica da aprendizagem que
consideramos nossas (STENHOUSE, 1996, p. 159).

... 127
128 ...

2
De acordo com
Demo (1998,
2. 3. Bases gerais para o currículo
p.94), os
fundamentos
centrado no processo do ensino
propedêuticos com pesquisa
compreendem a
filosofia, a Para que a pesquisa passe a fazer parte da profissional, não porque dá aula, mas
prática pedagógica, alguns procedimentos porque tem produção própria, seja
linguagem e a
matemática. O
autor define destacados por Demo (1998, p. 94-5) são técnica-científica, didática ou cultural.
propedêutica
importantes:
básica como “... a Exigências para fomentar o processo
- estudar, com elaboração própria, fun- de ensino com pesquisa entre professor
iniciação
científica
necessária para se damentos propedêuticos para saber discu- e aluno:
estabelecer o
tir a ciência, praticando o questionamento sis-
compromisso com - acesso a leituras e a outras for-
a formação da temático e o autoquestionamento; para isso,
mas de armazenar dados e infor-
competência”
o professor necessita conhecer, além dos fun-
(p.104-5). mações importantes – disponibili-
damentos propedêuticos2, a metodologia cien-
zação da informática em forma de re-
tífica para que transite com segurança pelos
des constantemente alimentadas;
paradigmas da ciência, mantendo-se atualiza-
do em relação às suas polêmicas; - ambiente físico e institucional
positivo – espaço físico permanente
- demarcar um espaço a ser ocupado
para a pesquisa, elaboração própria e
cientificamente: atingir um aprofundamento
trabalho em equipe (laboratórios, escri-
verticalizado de sua área de formação e atua-
tórios-modelo, clínicas);
ção, através do conhecimento dos autores,
de suas teorias e práticas, participando de - apoio à produção sistemática de
eventos e cursos com vistas à sua atualização; docentes e discentes – objetivando
o professor-pesquisador constrói sua identida- a publicação;
de na definição da temática de sua vida do- - intercâmbio acadêmico – trazer
cente; pesquisas e pesquisadores de outros lu-
- organizar processo sistemático de pes- gares e áreas afins, organizar eventos
quisa e elaboração própria: manter leitura que mostrem para a comunidade a pro-
assídua e aprofundada, coleta e tratamento dutividade do grupo, através de confe-
dos dados pertinentes, apresentação fre- rências, seminários, feiras, exposições
qüente de trabalhos próprios; e discussões;
- formulações didáticas: construir material - processo avaliativo do aluno –
próprio que pode ser utilizado para as aulas e seu foco deve ser a capacidade de ques-
pelos alunos em suas pesquisas (apostilas, tionar e reconstruir o conhecimento, na
sinopses, banco de dados, de provas, etc.); teoria e na prática, e não apenas a fre-
qüência, as provas e as notas; as dificul-
- construir um perfil consistente de pes-
dades devem ser enfrentadas como
quisador: afastar-se da tentação de fazer
desafios para retomadas e revisões;
qualquer coisa e de transitar por espaços ex-
cessivamente diversificados; destacar-se antes - avaliação do professor – por re-
pela qualidade dos trabalhos do que pela sua presentar um fenômeno de extrema
quantidade; o professor faz seu perfil complexidade em sua dimensão
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teórica, metodológica e prática, requer e elaboração própria; avaliar, sobretudo pela


discussões sistemáticas para sua con- capacidade produtiva;
cepção e planejamento, tanto no sen-
- acompanhamento do aluno: verificando
tido da auto-avaliação como de avalia-
o seu interesse pelos seminários, sua participa-
ção externa, e a neutralização da crítica
ção em projetos de pesquisa, na busca e apre-
quando usada como tática de fuga e
sentação de dados, de informações e mate-
desconhecimento;
riais, sua capacidade de trabalhar em equipe;
- orientação atenta do professor –
- relação professor/aluno – as aulas são
acompanhar o processo de formação
substituídas por seminários organizados por
da competência sob orientação cons-
temas de pesquisa, assumidos pelos alunos e
tante, sem se limitar à simples averigua-
orientados pelo professor;
ção da presença dos alunos nas aulas.
Para a reconstrução do conhecimento, - teorização das práticas – a prática, assim
o aluno deve ter sempre a chance de como a teoria, faz parte do currículo, devendo
refazê-lo, com apoio no diálogo cons- ser pesquisada e elaborada; pode ser com-
tante com o professor; assim, orientar preendida em três momentos diversos: no iní-
significa: motivar o aluno a questionar cio da formação, sob a forma de contato pro-
e reconstruir o conhecimento com ori- fissional; em seguida, como pesquisa sobre a
ginalidade e autonomia; indicar pistas formação da competência profissional e, por
de pesquisa, discutindo a literatura; fim, como prática da profissão.
acompanhar a evolução da pesquisa

2.4. Sugestões metodológicas para


o professor desenvolver o processo
do ensino com pesquisa

- No início do curso, apresente aos alu- para discussão e levantamento de problemá-


nos os objetivos da disciplina e sua rela- ticas, no sentido de aprofundar e ampliar o
ção com o currículo do curso, enfati- conteúdo (os eixos temáticos se desdobram
zando a área de conhecimento que a em novos conteúdos, quando pesquisados).
disciplina irá abordar. - Organize com os alunos a formação dos gru-
- Apresente os eixos temáticos – com- pos para estudo das problemáticas levantadas.
preendidos como amplos agrupamen-
- Oriente os alunos para tomarem notas da
tos do conteúdo da disciplina – que
exposição do professor e ficharem as leituras
organizarão o estudo e a investigação. indicadas de modo a possibilitar que o diálogo
- Apresente e comente a bibliografia durante as aulas ganhe consistência e clareza
básica da disciplina e os textos comple- conceitual.
mentares, informando os meios de aces-
- Estabeleça com os alunos as atividades de
so às bibliotecas (UNIVALI, virtuais e outras).
produção individual, como, por exemplo, a
- Aborde os eixos temáticos através de produção de textos ou a resolução de situações
exposição dialogada, abrindo espaços problemas, entre outras atividades individuais.

... 129
130 ...

- Crie momentos para socialização dos textos nência para o conhecimento do grupo;
na sala de aula, pois esta atividade favorece o que a teoria disponível diz sobre o te-
o desenvolvimento das habilidades de com- ma; contextualização da problemática no
preensão e análise do conhecimento. campo da prática profissional e social
(estudo do meio, entrevistas, literatura
- Planeje e leve a efeito o acompanhamento
específica, etc.); análise e discussão da
da investigação, orientando o grupo de alunos
problemática pesquisada à luz da teoria
na organização do seu plano de estudo, dis-
consultada; conclusões do grupo, com
cutindo o roteiro do trabalho, indicando biblio-
ênfase nos principais conceitos construí-
grafias, lendo as versões do trabalho que os
dos a respeito do tema; bibliografia con-
alunos produzem e reorientando sua elabora-
sultada.
ção.
- Promova o seminário para apresen-
- Estabeleça o roteiro básico do trabalho, que
tação e socialização do estudo ao grande
poderá compreender: descrição da problemá-
grupo.
tica a ser pesquisada, sua relevância e perti-

3. A PESQUISA-AÇÃO NA
PRÁTICA DOCENTE

3.1. Fundamentos
A pesquisa-ação, além de ser uma possibi- que possibilitará a construção de um
lidade de desenvolvimento da prática docente, conhecimento dos sujeitos envolvidos”
é um instrumento fundamental para a revisão (BORBA, 2001, p. 45).
curricular, pois imprime uma rigorosa análise Exige do pesquisador interrogar-se no
interpretativa e reflexiva da ação pedagógica, processo de questionamento do tema e
por meio da qual o docente pode organizar e dos elementos que o compõem, pois
agir, captar a concreticidade do mundo real nessa perspectiva, conhecemos o mun-
que, muitas vezes, não se deixa conhecer pela do, as coisas e os processos. Somente
mera observação sem compromisso da suces- os conhecemos à medida que criamos,
são de eventos cotidianos. isto é, quando articulamos teoria e prá-
“A pesquisa, como princípio na docência, tica.
produz um movimento em direção ao futuro,

Na pesquisa-ação da sua prática pedagógica, o professor


aprendeu que todas as práticas tinham implícitas teorias, e que a
elaboração teórica consistia na organização dessas práticas,
submetendo-as à crítica em um discurso profissional, livre e aberto
(ELLIOTT, 1993, p. 19).
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Estudos na área da formação de pro- teremos situações problemáticas em proble-


fessores têm demonstrado que os pro- mas bem definidos. Somente através da inter-
blemas da prática pedagógica não se relação do saber técnico com a prática é que
apresentam aos profissionais com ocorre a reflexão capaz de levar à consciência
estruturas bem delineadas, isto é, os do problema. A reflexão é uma ação que en-
professores, na maioria das vezes, não volve conhecimento, emoção e intuição. Impli-
sabem identificar por que os alunos ca em uma consideração ativa e cuidadosa
não aprendem o que ele ensina, por daquilo em que se acredita ou que se pratica,
que estão desinteressados na aula, ou identificando os motivos que justificam tais
por que o conteúdo selecionado não crenças e práticas e as conseqüências que
seduz mais o aluno levando-o a apro- produzem. É um processo de escolhas cons-
fundá-lo. Os problemas da prática se tantes acerca dos meios e dos fins, inspiradas
apresentam como estruturas caóticas pela investigação, pela experiência, pela intui-
e indeterminadas. Assim, não será atra- ção e pelos valores próprios de cada um
vés de soluções técnicas que conver- (ZEICHNER, 1995, p. 122).

3.2. Princípios da pesquisa-ação


na prática docente
Mudanças – O objetivo da pesquisa- como acontece essa relação e como o
ação na prática docente não é somente professor faz tal mediação.
resolver uma situação prática da me-
Integração – A pesquisa-ação unifica pro-
lhor forma, mas melhorar a atividade
cessos muitas vezes considerados indepen-
educativa, modificando a situação e
dentes, como o ensino, o planejamento, a
seus agentes, num processo sistemático
avaliação, a pesquisa, pois requer que a
de aprendizagem, de tal modo que a
análise do problema se dê no âmbito de uma
prática pedagógica se converta em
visão global e reflexiva da prática.
uma ação criticamente informada e
comprometida. Na pesquisa-ação, há três níveis de im-
plicação aos quais o professor investigador
Valores éticos e filosóficos – No de-
de sua prática está sujeito:
senvolvimento da pesquisa-ação há
uma constante reflexão sobre os pro- nível sócio-afetivo: pelo envolvimento com
cedimentos em função dos fins. São aspectos da personalidade dos sujeitos que
questionamentos que o professor deve interagem no espaço da prática;
fazer freqüentemente: qual a finalidade nível histórico-existencial: referente ao
da minha prática? por quê e para quê conjunto de hábitos e esquemas de pensa-
organizo e desenvolvo as atividades de mento ligado à socialização e à classe social
ensino dessa forma? quais as reais con- de origem dos envolvidos;
seqüências das minhas aulas? O foco
principal da pesquisa-ação não é mais nível estrutural-profissional: que implica
o quê acontece na relação do aluno no reconhecimento dos elementos constitu-
com o objeto do conhecimento, mas tivos das relações de produção dos co-

... 131
132 ...

nhecimentos, dos valores presentes que solidi- - desenvolvimento de grupos auto-refle-


ficam hábitos e rotinas na cultura da profissão. xivos no Curso/Centro;
Segundo Borba (2001), o reconhecimento - melhoria das condições do trabalho
destes níveis sugere como o docente pode lidar pedagógico na instituição;
com as contradições do projeto histórico-exis-
- crescimento da dimensão ética e políti-
tencial, seu e de seus alunos, e os esquemas
ca nos relacionamentos entre os pro-
estruturais da ação profissional.
fessores;
Possíveis conseqüências da pesquisa-ação na
- reconhecimento da pesquisa como
prática docente:
uma dimensão da docência.
- melhoria da prática pedagógica;
- desenvolvimento curricular centrado no perfil
de formação do Curso;

“O princípio de intervenção, inerente à pesquisa-ação, pressupõe


uma ação crítica, porque está comprometido com a mudança, o
que supõe ao investigador iniciar seu trabalho, negando, a priori,
algumas situações presentes naquela realidade que irá pesquisar,
desenvolvendo seu projeto por meio da reflexão dialogada, guiada
por considerações normativas, explícitas e negociadas, exigindo-lhe
o papel ético de ser o analisador, mediador e intérprete das
decisões coletivas do grupo envolvido” (BORBA, 2001, p. 47).

3.3. Roteiro para o desenvolvimento da


pesquisa-ação na prática docente
O detalhamento das etapas a seguir pretende projeto de pesquisa-ação, de acordo
ser auto-explicativo para auxiliar o professor com as etapas a seguir:
no desenvolvimento de sua investigação. O
docente em formação deverá desenvolver seu

3.3.1. Identificação de um problema prático


inerente à ação docente do professor
- Discutir com os pares e com o professor - descrever momentos de sua ação, de forma
facilitador a questão; detalhada, interpretando os conhecimen-
tos, atitudes e valores presentes na situação;
- descrever o contexto, as dificuldades e ne-
cessidades de aprendizagem dos alunos refe- - registrar a compreensão das relações que
rentes à questão; estabelece com seus alunos e as reaçõesdestes;
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

- solicitar bibliografia ao professor


facilitador para subsidiar sua reflexão;
- pesquisar novas condições pedagógi-
cas para mudar a situação identificada.

3.3.2. Seleção de estratégias da ação


docente focada no problema identificado
- Dialogar com seus pares e alunos selecionando estratégias, materiais e conteú-
sobre as razões e as condições para a dos para a ação;
mudança;
- registrar a ação em desenvolvimento, inter-
- planejar a ação, registrando elemen- pretando e avaliando reflexivamente a ação;
tos referenciais da teoria pesquisada
- socializar a produção inicial com seus pares
sobre o problema prático;
e com o professor facilitador.
- desenvolver novas formas de interagir
com os alunos e com o conhecimento,

3.3.3. Sistematização e teorização


da prática reconstruída em artigo
para a publicação
- Desenvolver e aprofundar o texto que - socializar a produção final através da mídia
articule teoria e prática, aproveitando as disponível: texto, vídeo, performances, disque-
contribuições dos alunos e de seus pares; te ou CD .

4. AVALIAÇÃO DA UNIDADE V
Para avaliação desta unidade, o profes- O texto final deverá ser apresentado em
sor deverá apresentar o projeto de in- seminário e publicado em Anais do Fórum
vestigação da sua prática ao professor Institucional de Integração Universitária.
facilitador, após o término do estudo
O roteiro para apresentação do artigo deve
da unidade, seguindo as etapas da pes-
seguir as normas da Revista Contrapontos
quisa-ação detalhadas neste módulo.
da UNIVALI.

... 133
134 ...

REFERÊNCIAS
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conhecimento etnográfico da escola. In: formação do professor. In: FAZENDA,
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FAZENDA, Ivani. A pesquisa em educação o practium: uma perspectiva para os
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