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TRUILLOT, Michel-Rolph. O Poder na História.

In: Silenciando o passado: Poder e a


Produção Da História. Curitiba. Huya, 2016.

1. “Seres humanos participam na história não apenas como atores, mas também
como narradores” (p. 20);
2. “No uso vernáculo, história significa tanto os fatos em questão quanto uma
narrativa sobre esses fatos, tanto ‘o que ocorreu’ quanto ‘aquilo que se diz ter
ocorrido’. O primeiro significado enfatiza o processo sócio-histórico; o segundo,
nosso conhecimento desse processo ou uma estória sobre esse processo” (p. 21);
3. “O uso vernáculo da palavra história oferece-nos, portanto, uma ambiguidade
semântica: uma distinção irredutível e ao mesmo tempo uma sobreposição
igualmente irredutível entre o que ocorreu e o que se diz ter ocorrido” (p. 22);
4. “Palavras não são conceitos e conceitos não são palavras: entre os dois há
camadas de teoria acumulada ao longo de eras. Mas teorias são construídas
sobre palavras e com palavras” (p. 23);
5. “A posição positivista dominava a erudição ocidental o suficiente para
influenciar a visão da história entre historiadores e filósofos que não
necessariamente se viam como positivistas” (p. 25);
6. “A proposição de que a história é outra forma de ficção é quase tão antiga
quanto a própria história, e os argumentos utilizados para defendê-la variaram
bastante” (p. 25);
7. “[...] contesta a ideia de que a narrativa histórica evita a questão da verdade em
virtude de sua forma” (p. 27);
8. “Enquanto a visão positivista oculta as figurações do poder atrás de uma
epistemologia ingênua, a visão construtivista nega a autonomia do processo
sócio-histórico” (p. 26);
9. “Mas o que se não a própria historicidade torna algumas narrativas, em
detrimento de outras, poderosas o bastante para se tornarem a história aceita?”
(p. 26);
10. “O fato de tais regras não serem as mesmas em todas as épocas e em todos os
lugares levou muitos estudiosos a inferir que certas sociedades (não ocidentais, é
claro) não distinguem ficção de história” (p. 27);
11. “A classificação de todos os não ocidentais como fundamentalmente não
históricos também está vinculada à suposição de que a história requer um
sentido linear e cumulativo de tempo, que permita ao observador isolar o
passado como uma entidade distinta” (p. 28);
12. “Em outras palavras, a ruptura epistemológica entre história e ficção é sempre
expressa concretamente através da avaliação historicamente situada de narrativas
específicas” (p. 30);
13. “Não é que algumas sociedades distingam ficção de história e outras não. Mas
sim que a diferença está no espectro de narrativas que coletividades específicas
têm de submeter aos seus próprios testes de credibilidade histórica por conta das
cargas envolvidas nessas narrativas” (p. 38);
14. “A noção amplamente disseminada da história como remininscência de
importantes experiências passadas é enganosa” (p. 38);
15. “Lembrar nem sempre é um processo de invocar representações sobre o que
aconteceu” (p. 39);
16. “[...] quando a equação memória-história é transferida a uma coletividade, o
individualismo metodológico passa a pesar sobre as dificuldades inerentes ao
modelo de armazenamento” (p. 41);
17. “O estudo comparativo da escravidão nas Américas oferece um exemplo
marcante de que aquilo que frequentemente chamamos de ‘legado do passado’
pode não ser algo legado do passado” (p. 43);
18. “[...] quanto mais importante for um tema para segmentos específicos da
sociedade civil, tanto mais dóceis as interpretações dos fatos oferecidas pela
maioria dos historiadores profissionais” (p. 50);
19. “[...] uma teoria da narrativa histórica deve reconhecer tanto a distinção quanto a
sobreposição entre processo e narrativa” (p. 52);
20. “A história, como processo social, envolve pessoas em três posições distintas: 1)
como agentes ou ocupantes de posições estruturais; 2) como atores, em
constante contato com o contexto; e 3) como sujeitos, ou seja, como vozes
conscientes de sua vocalidade” (p. 52);
21. “[...] a história se revela apenas por meio da produção de narrativas específicas”
(p. 55);
22. “Silêncios ingressam no processo de produção histórica em quatro momentos
cruciais: no momento da criação do fato (na elaboração dos originais); no
momento da recuperação do fato (na elaboração das narrativas); e no momento
da significância retroativa (na elaboração da história em última instância)” (p.
57);
23. “[...] a materialidade do processo sócio-histórico (historicidade 1) define o
cenário para futuras narrativas históricas (historicidade 2)” (p. 67).

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