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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS _ UNIMONTES

Centro de Ciências Humanas

Curso de Licenciatura Letras Português

Letícia Alves Santos

RESENHA DESCRITIVA

Montes Claros – MG

Dezembro - 2017
Letícia Alves Santos

RESENHA DESCRITIVA

Trabalho acadêmico apresentado a disciplina Métodos e


Técnicas de Pesquisa ministrada no 1º período do curso
de licenciatura Letras Português da Unimontes.

Profª Drª Fábia Magali. S. Vieira

Montes Claros – MG

Dezembro-2017
LUNGARZO, Carlos. O que é ciência. 2.ed. [s. i.]: brasiliense, [ s. d.]. (Coleção Primeiros
Passos).

A obra O que é ciência, de Carlos Lungarzo, aborda, de modo geral, a definição


de Ciência. Entretanto, de forma mais detalhada, o autor destrincha, com clareza, acerca das
particularidades de tal conceito, como suas diversas definições no decorrer da história, as
concepções históricas e elucidações de seus métodos, o conceito de teoria e sua validade,
como também, sobre as aplicações da ciência na sociedade.

Neste livro, Lungarzo procura dividir a obra em oito capítulos, sendo as duas
últimas divisões, anexos sobre recomendações de obras acerca do tema ciência e uma breve
biografia do autor. Além da divisão em capítulos, o autor reparte os textos de cada capítulo
em subcategorias que abordam, de forma detalhada, as particularidades do tema trabalhado.
Sendo assim, de forma geral, a obra é composta de oitenta e sete páginas.

No primeiro capitulo, denominado de Conhecimento científico, constituído das


subseções Conhecimento científico e Senso comum, é dissertado acerca da diferença entre
conhecimento científico e pensamento de massas ou senso comum, além da definição de qual
é a natureza e o conceito de ciência. Nesse capítulo, o autor busca, por meio de diversos
exemplos práticos e casuais demonstrar que, apesar de os dois conhecimentos chegarem às
mesmas conclusões, há diferenças na forma de se adquirir conhecimento sobre o objeto
estudado, como também, na sua justificação.

O seguinte capítulo, As ciências, formado pelos subtítulos Ciências factuais e


Ciências humanas, explicita os diferentes campos que existem dentro da ciência. Em um
primeiro momento, o autor discorre sobre a divisão dos estudos científicos entre naturais e
humanos, em que nos estudos naturais há o foco em objetos concretos da natureza e em seus
fenômenos, enquanto os estudos da ciência humana buscam a analise de objetos subjetivos
relacionados à condição humana, sua cultura e a sociedade como um todo. Posteriormente,
Carlos Lungarzo analisa a divisão dos estudos científicos em ciências abstratas e ciências
factuais. Segundo o autor, as ciências abstratas, responsáveis pelos estudos da lógica e
matemática, caracterizam-se pelas pesquisas e analise de objetos não concretos, como
também, da forma das ideias. Já as ciências factuais, constituídas pelos campos dos estudos
naturais e humanos, encarregam-se pelo exame de fatos concretos e de suas consequências na
sociedade e na mente humana.
Por sua vez, o terceiro capítulo, O método científico, caracterizado pelos sub-
capítulos, A visão clássica do método, Métodos de descoberta, Métodos de justificação e
Interação entre os elementos do método científico, aborda o conceito de método, sua
concepção histórica segundo importantes intelectuais, além de sua importância e
aplicabilidade na ciência. Conceituando o método nos paradigmas da ciência, o autor
demonstra que a diferença entre a ciência e outros tipos de conhecimento consiste em
organizar os conhecimentos obtidos em sistemas de co-relação entre si, diferindo, assim, de
outros conhecimentos que não possuem ordem nas verdades adquiridas.

Por conseguinte, o que permite tal sistematização dos conhecimentos científicos, é


o método que obtêm, pesquisa, analisa, relaciona e examina os resultados obtidos. Em
seguida, o autor traça um panorama histórico sobre a concepção de métodos científicos, indo
desde a antiguidade clássica aos estudos contemporâneos. Nos dois subtítulos seguintes,
Carlos explicita as características dos métodos científicos que, de modo geral, dividem-se em,
área de descoberta, onde o cientista, através da observação, pesquisa, experimentação e
comparação de dados, obtêm resultados do objeto estudado; e, área de justificação, em que se
justifica e teoriza os resultados descobertos, criando, uma hipótese e, consequentemente, leis
científicas.

O quarto capítulo desse livro, Teorias científicas, seguido pelos subtítulos, As


teorias e a explicação e Testes de teorias, expõem o conceito de teoria que, para Lungarzo é o
conjunto ou o sistema de leis científicas. Assim, as teorias explicam fatos e fenômenos
individuais, como também gerais. Por sua vez, essas explicações se dividem em duas, as
causais (explicam fatos considerando-os como efeitos de uma causa) e as finalistas
(consideram que os fatos constituem a finalidade de sociedades e espécies). No sub-capítulo
seguinte, Lungarzo demonstra que os testes aos quais as teorias se submetem, avaliam de
acordo com a comunidade científica de cada época, podendo, dessa maneira, uma teoria ser
aceita em uma época e não em outra.

Posteriormente, no capítulo cinco, A ciência e outras formas de conhecimento, o


autor demonstra que, durante a história da humanidade, o conhecimento científico foi
sobreposto por outros tipos de conhecimentos, como é o caso do religioso e filosófico.
Entretanto, na contemporaneidade, o foco voltou-se para a ciência. Dessa forma, segundo
Lungarzo, houve e ainda existe uma certa dogmatização do conhecimento científico, onde
todos os outros são desprezados.
Por fim, no sexto capítulo, nomeado de Ciência e ideologia, constituído pelos
subtítulos Conhecimento científico e convicções ideológicas e A instrumentação ideológica
da ciência, analisa-se a relação e as diferenças entre ciência e ideologia. Segundo Lungarzo,
durante muito tempo, diversos filósofos viram uma oposição entre ciência e ideologia. Para
tais pensadores, a ciência seria constituída de conhecimentos e atitudes objetivas e com cargas
reais, enquanto a ideologia caracterizaria-se pela junção de ideias e condicionamentos,
morais, sociais e políticos de um ser humano, mostrando-se como conhecimento e ações
ilusórias e irreais, uma vez que estava submetido a emoções e condições do indivíduo.

Todavia, para o autor, tal contradição não descarta a possibilidade de inter-


relações entre as duas áreas, pois segundo, Carlos, a ideologia seria o aparato de ideias que
mobiliza o individuo, enquanto a ciência possibilitaria a articulação e concretização de tais
ideais. Por outro lado, Lungarzo adverte para o perigo de a ciência ser usada como arma
ideológica, como é o caso das pesquisas nucleares, e faz um apelo para que os cientistas
possam lutar contra tal criminalização da ciência.

Nos dois últimos anexos, Recomendações para leitura e Sobre o autor, Lungarzo
recomenda obras para leitores que desejam se aprofundar no estudo da ciência, como também,
sintetiza sua história acadêmica.

A obra O que é ciência de Calos Lungarzo é recomendada ao publico acadêmico,


uma vez que, de forma sintetizada, demonstra o conceito e a natureza da ciência e seus
métodos de pesquisa. Nesse sentido, são esses conceitos e explicações que serão a base para o
estudo superior. Todavia, o livro pode agradar ao publico leigo interessado em se introduzir
no campo cientifico, pois explicita a natureza e o conteúdo da ciência de forma clara e
objetiva.

Carlos Lungarzo nasceu em Buenos Aires, Argentina. Dedicou-se aos estudos da


filosofia e da matemática. Realizou mestrado e doutorado nessas duas áreas e trabalhou como
professor adjunto e titular de lógica. Lecionou, ainda, em universidades de vários países da
Europa e da America Latina, incluindo a Unicamp. Junto a outros intelectuais, implantou o
primeiro programa de Lógica na América Latina. Atualmente, Lungarzo se dedica aos estudos
das características lógicas da inteligência artificial.

Letícia Alves Santos, acadêmica do curso de Letras Português da Universidade Estadual de


Montes Claros.

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