O documento discute os direitos das crianças e adolescentes, definindo-os como normas que visam garantir a proteção e o desenvolvimento digno de crianças e adolescentes. Apresenta a evolução histórica desses direitos no âmbito internacional e no Brasil, onde são assegurados pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. No entanto, muitos direitos ainda são violados globalmente.
Descrição original:
Título original
4ª) Direitos Fundamentais da criança e do adolescente.
O documento discute os direitos das crianças e adolescentes, definindo-os como normas que visam garantir a proteção e o desenvolvimento digno de crianças e adolescentes. Apresenta a evolução histórica desses direitos no âmbito internacional e no Brasil, onde são assegurados pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. No entanto, muitos direitos ainda são violados globalmente.
O documento discute os direitos das crianças e adolescentes, definindo-os como normas que visam garantir a proteção e o desenvolvimento digno de crianças e adolescentes. Apresenta a evolução histórica desses direitos no âmbito internacional e no Brasil, onde são assegurados pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. No entanto, muitos direitos ainda são violados globalmente.
Direitos das crianças e dos adolescentes: o que são?
A vida como fenômeno possui inevitavelmente um começo. Para nós,
humanos, esse período inicial é chamado de infância e, logo após, de adolescência. Dessa forma, todos os seres humanos que existem ou já existiram, obrigatoriamente foram crianças em um determinado momento. Isso torna a fase infantil como a mais importante para o desenvolvimento humano, visto que os aspectos psicológicos, emocionais e sociais das crianças têm a capacidade de moldar a pessoa adulta que elas virão a ser. Ou seja, a forma como as crianças são tratadas e vivem possuem um efeito direto em como a sociedade se comporta e progride em seus mais diversos âmbitos. Dessa forma, destaca-se a necessidade da proteção das crianças e dos adolescentes, para que tenham a plena capacidade de se desenvolverem individualmente e coletivamente, tendo a sua dignidade e os seus direitos humanos respeitados. Para isso, existem os direitos das crianças e dos adolescentes, e é sobre isso que vamos abordar neste texto do Equidade. O projeto Equidade é uma parceria entre o Politize!, a Civicus e o Instituto Mattos Filho voltada a apresentar, de forma simples e didática, os Direitos Humanos e os principais temas que eles envolvem, desde os seus principais fundamentos e conceitos aos seus impactos em nossas vidas. E então, preparado(a) para entender quais são os direitos das crianças e dos adolescentes? Segue com a gente! O que significa ser criança e adolescente? Antes de tratarmos sobre os direitos das crianças e dos adolescentes, é importante sabermos o que significa ser uma criança ou um adolescente, tanto em termos legislativos quanto sociológicos. De maneira direta, no âmbito jurídico e legislativo, ser criança ou adolescente está vinculado com a faixa etária do indivíduo. Assim, em nível internacional, por meio da Convenção sobre os Direitos da Criança (1990), adotada pela Organização das Nações Unidas, ser criança é ter menos de 18 anos de idade, exceto quando a maioridade (idade determinada por lei que define quando um indivíduo é reconhecido como capaz e responsável por seus atos) é alcançada antes. Já no Brasil, a legislação nacional considera como criança a pessoa que tem até 12 anos incompletos, sendo o adolescente aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade, conforme o artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Contudo, esse período da vida de uma pessoa pode ser caracterizado por aspectos mais amplos do que apenas a sua idade. Se olharmos para o contexto social e psicológico, a criança e o adolescente são compreendidos a partir dos seus modos de se comportar, sentir e agir, com base na relação que possuem com os adultos à sua volta.
Sendo assim, ao levar esses pontos em consideração, é possível
considerar que ser criança ou adolescente no século XXI não é necessariamente igual a ser criança ou adolescente em séculos passados. Isso porque o tratamento e as atitudes tidas pela sociedade em relação às crianças foram sofrendo variações com o passar do tempo. Nesse sentido, pode-se dizer que não há um conceito único e fechado do ponto de vista social que consiga definir o que é ser criança. Como ressaltam os sociólogos Allison James e Alan Prout (1990), o período da infância não é um fenômeno singular e universal, pois o ser criança não pode ser completamente separado de variáveis sociais e culturais como classe, gênero e etnia. E quais são os direitos das crianças e dos adolescentes? Agora que compreendemos um pouco melhor sobre o que é ser criança e adolescente, podemos tratar sobre os direitos que lhes são garantidos, tanto em nível internacional, quanto nacional. De forma específica, os direitos das crianças e dos adolescentes são normas e princípios que visam garantir a proteção e as condições dignas de crescimento e formação das crianças e adolescentes. Sendo assim, esses direitos preveem garantias fundamentais como o direito à vida, à saúde, à liberdade, à alimentação, à educação, ao lazer, à dignidade, além de proteger as crianças e adolescentes de toda forma de negligência, discriminação, exploração e violência. Imagem de três crianças brincando no rio representando os direitos das crianças e dos adolescentes Essas garantias foram conquistadas e consolidadas de modo internacional no século XX, especialmente com o estabelecimento da Doutrina da Proteção Integral, que surgiu de maneira implícita com a Declaração de Genebra dos Direitos da Criança, em 1924, e foi consagrada pela Convenção sobre os Direitos da Criança, em 1990. A Doutrina reconhece toda criança e todo adolescente como indivíduo detentor de direitos específicos, que devem receber atenção especial de toda a sociedade, visto que correspondem a um período de intenso desenvolvimento psicológico, físico, moral e social. Nesse sentido, os direitos das crianças e adolescentes previstos hoje mundialmente pela Convenção sobre os Direitos das Crianças, representam um grande avanço na forma como a comunidade internacional trata o tema no âmbito dos direitos humanos. Isso porque reconhecem os direitos civis, econômicos, sociais e culturais das crianças e adolescentes, estando baseados no princípio da prioridade absoluta da criança e do seu interesse superior. Referida diretriz deve ser aplicada visando a adoção de medidas que efetivem os direitos assegurados na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ou seja, contra concepções discriminatórias e intolerantes. Isto é, o Estado, a sociedade e a família devem priorizar a sua proteção por meio de auxílios e cuidados especiais. Assim, busca-se a total proteção desses indivíduos contra abusos e agressões, como o trabalho infantil, o abuso sexual, psicológico e emocional e qualquer forma de exploração. Esses direitos são garantidos no Brasil? O Brasil, além de ser signatário do principal tratado internacional dos direitos das crianças e adolescentes (a Convenção mencionada anteriormente), também possui uma legislação nacional própria sobre o tema. A formalização desses direitos no país ocorreu especialmente no momento após a redemocratização, em que houve a promulgação da Constituição Federal de 1988. O documento destaca a necessidade de proteção desses indivíduos e introduz a Doutrina da Proteção Integral na legislação nacional, por meio do seu artigo 227, que declara: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Sendo assim, antes da Constituição Federal, os direitos das crianças e adolescentes eram regidos pelo Código de Menores, que tratava majoritariamente sobre questões de carência, abandono e repressão, não reconhecendo esses indivíduos como sujeitos portadores de direitos particulares. Vamos falar de modo mais aprofundado sobre isso em nosso texto específico sobre os direitos das crianças e dos adolescentes no Brasil. Mas por hora, ressalta-se que com essa mudança na abordagem jurídica e legislativa, surgiu a necessidade da implementação de uma lei específica que tratasse sobre as crianças e adolescentes em conformidade com a Constituição e a Convenção sobre os Direitos das Crianças. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Assim, no ano de 1990 foi elaborado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que revogou o Código de Menores e representou um avanço na proteção desses indivíduos no país, sendo hoje a principal lei nacional sobre o tema. Dentre os direitos previstos pelo ECA, destaca-se o seu artigo 4º, que estabelece a obrigação do poder público, da família e de toda a sociedade em garantir, com prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária para toda criança e adolescente. A importância dos direitos das crianças e dos adolescentes Esses direitos, além de reconhecerem que toda e qualquer criança deve ter uma vida digna, assumem a vulnerabilidade desse grupo e, com isso, a indispensabilidade da sua defesa e amparo. Nesse sentido, a importância dos direitos das crianças e dos adolescentes está justamente na responsabilização da sociedade em resguardar esses indivíduos para que se desenvolvam de maneira plena. Contudo, mesmo com os avanços legislativos alcançados, a realidade de milhares de crianças ao redor do mundo ainda é de abandono, exclusão e desrespeito aos seus direitos fundamentais. Em relação à fome e à miséria, por exemplo, de acordo com o relatório A Situação Mundial da Infância 2019: Crianças, alimentação e nutrição, do UNICEF, estima-se que cerca de 250 milhões de crianças menores de 5 anos no mundo sofrem com desnutrição ou sobrepeso. Além disso, o estudo aponta que metade das crianças do planeta possuem carência de vitaminas e minerais. Essa situação ainda foi agravada por conta da pandemia de Covid-19, visto que segundo o estudo Covid-19: Missing More Than a Classroom, da ONU, houve o corte de aproximadamente 39 bilhões de merendas escolares no mundo durante o ano de 2020. No âmbito da educação, de acordo com o relatório Pandemic Classroom, mais de 168 milhões de crianças ficaram sem 1 dia sequer de ensino durante o período de março de 2020 a fevereiro de 2021, devido à pandemia. Esses dados indicam que muitos dos direitos das crianças e dos adolescentes ainda são violados no mundo, dificultando a completa integração desses indivíduos na sociedade. No infográfico a seguir, é possível ter uma melhor noção sobre a real situação das crianças e dos adolescentes no mundo em relação aos seus direitos atualmente. Infográfico com dados e informações sobre a situação atual dos direitos das crianças e dos adolescentes Conclusão As crianças e os adolescentes precisam ter os recursos e as ferramentas necessárias para construírem ativamente suas vidas de maneira digna, participando das estruturas e dos processos sociais como cidadãos pertencentes de direitos, que influenciam o meio em que vivem. Dessa forma, os direitos das crianças e dos adolescentes fornecem um mecanismo de proteção a esses indivíduos, que correspondem ao futuro da nossa sociedade. Isso significa que esses direitos não devem ser negligenciados. Ao contrário, precisam ser fortalecidos e implementados para garantir a proteção das crianças e adolescentes como seres em condição particular de desenvolvimento. E isso deve ser feito com o apoio da sociedade em geral, visto que o tratamento dado a eles possui um impacto direto na prosperidade de todos. Além do mais, esse fortalecimento se mostra importante para a consolidação de garantias que foram conquistadas apenas recentemente, marcando um longo período de desconsideração em relação aos cuidados adequados das crianças e adolescentes no mundo. Quer entender mais sobre esse contexto histórico? Então fique ligado que no próximo texto do Equidade vamos abordar sobre como surgiram os direitos das crianças e dos adolescentes. Não deixe de conferir! Mês das Crianças: Conheça 5 direitos de crianças e adolescentes BEATRIZ DAMASCENO HOME OFFICE Garantir que todas as crianças e adolescentes tenham o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária é dever não somente dos pais, familiares e do Poder Público, mas de toda sociedade, como ressalta o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). São consideradas crianças pessoas até doze anos de idade incompletos e adolescentes aqueles que têm entre doze e dezoito anos de idade. É importante assegurar que crianças e adolescentes tenham prioridade absoluta em suas necessidades e interesses. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente O ECA é o documento que instrui e normatiza os direitos das crianças e adolescentes no Brasil. Sancionado em 13 de julho de 1990, o documento ratifica os princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas. Este é considerado o maior símbolo de proteção e direitos das crianças e adolescentes, onde eles são vistos como pessoas com direitos, em condição de desenvolvimento. O Estatuto foi construído de maneira coletiva com a participação da sociedade civil, especialistas, parlamentares, governo, movimentos sociais, instituições de defesa dos direitos da criança e do adolescente, lideranças religiosas, órgãos internacionais, entre outros. Desde a sua criação, alterações e aprimoramentos foram feitos no ECA, para que mantenha-se uma legislação avançada e atualizada. Conheço 5 direitos de crianças e adolescentes: 1 – Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade: O direito à liberdade da criança compreende que tenham o direito de ir, vir e estar em espaços públicos e comunitários, com exceção das restrições legais. O direito de opinião e expressão, de crença, de brincar, de praticar esportes e se divertir, de ter refúgio, auxílio e orientação, de participar da vida familiar e comunitária sem discriminação; 2 – Ser protegido da violência física ou psicológica: No artigo 17, ainda falando do que se refere ao direito à liberdade, respeito e à dignidade, crianças e adolescentes devem ter a integridade física, moral e psíquica preservadas. Incluindo a preservação da imagem, identidade, autonomia, ideias, crenças, valores, espaços e objetos pessoais. É ainda dever de toda sociedade zelar pela dignidade das crianças e adolescentes, protegendo de quaisquer tratamentos desumanos, violentos ou constrangedores; 3 – Direito à convivência familiar e comunitária: É direito da criança ser educada pela sua família, excepcionalmente, por uma família adotiva. Em ambiente que esteja garantido o seu desenvolvimento integral; 4 – Direito à educação, esporte e lazer: Toda criança e adolescente têm direito à educação, para o seu desenvolvimento pessoal, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício da cidadania. Este direito deve garantir que tenham condições de acesso e permanência igualitários na escola, que sejam respeitados pelos seus educadores, que possam contestar critérios de avaliação, podendo se expressar e recorrer às instâncias escolares. O ECA ainda assegura o direito de participação em entidades estudantis e o acesso à escola pública e gratuita próxima da sua residência; 5 – Direito à profissionalização e à proteção no trabalho: É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, exceto na condição de aprendiz. A formação técnico-profissional deve obedecer às seguintes regras: garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular, atividade compatível com desenvolvimento do adolescente e o horário especial para o exercício do trabalho. O adolescente não pode trabalhar no período noturno, considerado entre 22h e 5h, em funções e locais perigosos e insalubres e onde seu desenvolvimento físico, emocional, moral, psíquico e social estejam ameaçados ou prejudicados. O adolescente aprendiz deve ter assegurado seus direitos trabalhistas e previdenciários.
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