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UNIDADE VIII

VÍCIOS REDIBITÓRIOS E EVICÇÃO

Ivana Bonesi
Vícios Redibitórios - Conceito
 Defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de
contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso
a que se destina, ou lhe diminuam o valor.
 A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo
adquirente, mediante devolução do preço e, se o
alienante conhecia o defeito, com satisfação de
perdas e danos
 Arts. 441 e 443
Vícios Redibitórios
 Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato
comutativo pode ser enjeitada por vícios ou
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a
que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
 Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito
da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato.
Vícios Redibitórios

 O adquirente tem a opção de ficar com a coisa e


“reclamar abatimento no preço”, conforme
estabelece o art. 442.
Requisitos para a Caracterização dos
Vícios Redibitórios

 A) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de


contratos bilaterais e comutativos, em geral translativos
da propriedade, como compra e venda, permuta,
doação onerosa ou remuneratória
Requisitos para a Caracterização dos
Vícios Redibitórios
 B) Que os defeitos sejam ocultos.

 Não se responde por defeitos que venham a existir somente


após a tradição, ou ainda, que mesmo preexistentes, eram
notáveis a uma simples análise.

o vício já existia à época da negociação em que se deu a


tradição, mas somente ainda não tinha se demonstrado.

 Art. 444

Requisitos para a Caracterização dos
Vícios Redibitórios

 C) Que os defeitos existam no momento da


celebração do contrato e que perdurem até o
momento da reclamação.

 Não responde o alienante pelos defeitos


supervenientes, mas apenas pelos contemporâneos à
alienação, ainda que venham a se manifestar só
posteriormente.
 Os supervenientes presumem-se resultantes do mau uso
da coisa pelo comprador.
Requisitos para a Caracterização dos
Vícios Redibitórios

 D) Que os defeitos sejam desconhecidos do


adquirente

 Presume-se que, se os conhecia, que renunciou à


garantia.

 “Vende-se no estado em que se encontra


Requisitos para a Caracterização dos
Vícios Redibitórios

 E) Que os defeitos sejam graves.

 Caio Mario da Silva Pereira ensina que “não é qualquer


defeito que fundamenta o pedido de efetivação do
princípio, porém aqueles que positivamente prejudicam a
utilidade da coisa, tornando-a inapta às suas finalidades,
ou reduzindo a sua expressão econômica”.

O princípio da insignificância se aplica aos vícios


redibitórios.
Requisitos para a Caracterização dos
Vícios Redibitórios
Silvio Venosa afirma que “o defeito deve ser grave. E deve ser
de tal importância que, se dele tivesse tomado conhecimento
anteriormente o adquirente, o contrato não teria sido
concluído”.

Exs.: esterilidade de touro adquirido como reprodutor;


superaquecimento do motor; inundação de terreno destinado
à construção de residências; sacos destinados a embalar
produtos consumíveis com cheiro insuportável;

A ignorância dos vícios pelo alienante não o exime da


responsabilidade (art. 443)
Vícios Redibitórios – Ações Cabíveis

 O art. 442 apresenta duas alternativas:


 A) rejeitar a coisa e pleitear a devolução do preço
pago – AÇÃO REDIBITÓRIA
 Conservar a coisa defeituosa, exigindo o abatimento
do preço – AÇÃO ESTIMATÓRIA OU QUANTI MINORIS
 A escolha é do credor e é irrevogável

 AÇÕES EDILÍCIAS

 O art. 444 impõe ação redibitória quando ocorre


o perecimento da coisa.
Vícios Redibitórios – Prazos Decadenciais

 O caput do art. 445 do Código Civil trata de vícios,


também ocultos, mas de mais fácil constatação,
aqueles que pela simples utilização já se fariam
notar.
 Bens móveis - 30 dias a contar da tradição
 Bens imóveis - 1 ano a contar da data da transcrição
no registro imobiliário.
 Ex: problema de radiador de veículo alienado com
perfuração. No momento da vistoria não é possível a
detecção, mas da simples utilização será aferível.
Vícios Redibitórios – Prazos Decadenciais

 No caso de vícios que por sua natureza, somente podem


ser conhecidos mais tarde. (art. 445, §1°).
 180 dias para bens móveis
 1 ano para bens imóveis

 Enunciado 174. Art. 445: Em se tratando de vício oculto,


o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para
obter redibição ou abatimento de preço, desde que os
vícios se revelem nos prazos estabelecidos no § 1º,
fluindo, entretanto, a partir do conhecimento do defeito.
Evicção - Conceito
 Alienante deve resguardar o adquirente dos riscos
pela perda da coisa.

 Evicção é a perda da coisa em virtude de decisão


judicial ou administrativa, que a atribui a outrem
por causa jurídica preexistente ao contrato.
Ex.: Art. 496 (compra e venda ascend./descend.)

 A evicção garante o comprador contra os defeitos


jurídicos da coisa
Evicção - Partes

 ALIENANTE – responde pelos riscos da evicção

 EVICTO - adquirente que perde total ou


parcialmente o bem adquirido onerosamente

 EVICTOR – terceiro reconhecido como legítimo


proprietário ou possuidor do bem.
Requisitos da Evicção

 Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso


da coisa alienada

 Onerosidade da aquisição

 Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da


coisa.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela
evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
Requisitos da Evicção
 Anterioridade do direito do evictor — O alienante
só responde pela perda decorrente de causa já
existente ao tempo da alienação. Se lhe é posterior,
nenhuma responsabilidade lhe cabe.

 Denunciação da lide ao alienante


Revogacão do art. 456 pelo art. 125 do NCPC
Flexibilização do requisito pelo STJ (Informativo
519/2013 - REsp 1.332.112)
Resp 873.165/2006
Evicção – Extensão da Garantia

 Podem as partes, contratualmente, reforçar


(impondo a devolução do preço em dobro, p.
ex.) ou diminuir a garantia (permitindo a
devolução de apenas uma parte), e até mesmo
excluí-la.
 Art. 448 do Código Civil.
Evicção – Extensão da Garantia
 I) Cláusula excludente de responsabilidade pela
evicção + cláusula de ciência ou assunção de risco =
exclusão de qualquer responsabilidade do alienante
(art. 457).
 II) Cláusula excludente de responsabilidade pela
evicção - cláusula de ciência ou assunção de risco =
responsabilidade do alienante pelo valor da coisa
(art.449).
 III) Ausência de cláusula de excludente =
responsabilidade total do alienante (art. 450).
Efeitos da Evicção – Responsabilidade
Total
 Restituição integral do preço (art. 450);
 Eventuais perdas de frutos restituídos (art. 450, I)
 Perdas e danos abrangendo os lucros cessantes (art.
450, II c/c 402);
 Juros legais (art. 404)
 Custas judiciais, perícia e sucumbência (art. 450, III
CC)
 Benfeitorias necessárias ou úteis feitas pelo
adquirente e não abonadas (art. 453)
Evicção Parcial
 Dá-se a evicção parcial quando o evicto perde apenas
parte, ou fração, da coisa adquirida em virtude de contrato
oneroso.
 Se a evicção for parcial, mas com perda de parte
considerável da coisa, poderá o evicto optar entre a rescisão
do contrato e a restituição da parte do preço
correspondente ao desfalque sofrido (art. 455)
 Parte considerável - perda que, atentando-se para a
finalidade da coisa, faça presumir que o contrato não se
aperfeiçoaria se o adquirente conhecesse a verdadeira
situação
Evicção – Dispositivos Legais
 Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante
responde pela evicção. Subsiste esta garantia
ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta
pública.

 Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa,


reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
Evicção – Dispositivos Legais
 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a
garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela
coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou,
dele informado, não o assumiu.
Evicção – Dispositivos Legais
 Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o
evicto, além da restituição integral do preço ou das
quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos
prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele
constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial,
será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e
proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção
parcial.
Evicção – Dispositivos Legais
 Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação,
ainda que a coisa alienada esteja deteriorada,
exceto havendo dolo do adquirente.

 Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens


das deteriorações, e não tiver sido condenado a
indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido
da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Evicção – Dispositivos Legais
 Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não
abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas
pelo alienante.

 Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que


sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante,
o valor delas será levado em conta na restituição
devida.
Evicção – Dispositivos Legais
 Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a
evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do
contrato e a restituição da parte do preço
correspondente ao desfalque sofrido. Se não for
considerável, caberá somente direito a
indenização.
Evicção – Dispositivos Legais

 Art. 456. REVOGADO PELO ART. 125 DO NCPC

 Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela


evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa

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