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1) VÍCIOS REDIBITÓRIOS

Vícios são problemas que atingem a coisa, objeto do contrato, tornando-a


imprópria ao uso a que destina ou diminuindo seu valor.

Vício X defeito: defeito é um problema que atinge a coisa, objeto do contrato,


causando seu mau funcionando e gerando, necessariamente, um dano à
integridade física do usuário. O defeito causará um dano físico ao usuário.

 Vícios redibitórios no âmbito das relações civis, desenvolvidas entre dois ou


mais indivíduos em equilíbrio de posições. Tratamento da mesma temática em
outras relações jurídicas é distinto, graças aos princípios que norteiam cada
ramo do Direito.
 Diferença do tratamento dos vícios redibitórios em relações civis e nas relações
consumeristas (a partir do artigo 18, CDC).

 A temática dos vícios redibitórios trata, portanto, de situações capazes de


ensejar para o alienante uma obrigação decorrente de um vício oculto que
atinge o bem que foi objeto da relação contratual. Não se restringe apenas a
contratos de compra e venda, apesar deste ser o modelo comumente mais
utilizado, contratos de permuta ou mesmo de dação em pagamento também
autorizam a aplicação dos vícios redibitórios.

 Imagine a seguinte situação. Dois sujeitos celebram um contrato de compra e


venda de um veículo e 15 dias após a transferência da posse do veículo, o
mesmo apresenta um problema no sistema de frenagem. Subsiste alguma
responsabilidade para o alienante? Se existe, qual seria o fundamento legal
para isso?

 Definição: 441, CC  Vícios redibitórios podem ser definidos como


problemas que atingem um objeto e que o torne impróprio ao uso
convencional ou, ainda, que lhe diminua o valor. A “coisa”, objeto do contrato,
não está adequada ao uso convencional ou, com o vício, há uma redução
significativa em seu valor de mercado.

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por
vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
 Requisitos cumulativos:

o (1) Contrato oneroso: há equilíbrio entre as obrigações (Ex.: doação


pura);
 Exceções: doação remuneratória; doação em razão de
casamento ou doação onerosa (com encargo). Nesses três casos,
apesar do contrato ser, originariamente, gratuito, há obrigação
(ainda que não equivalentes) para todos os envolvidos, por isso,
fala-se na aplicação das normas inerentes aos vícios redibitórios.
o (2) Vício já existir no bem no tempo da tradição, mas poderia não ser
conhecido pelas partes; o vício já existia na coisa, ele só ainda não tinha
se manifestado.
o (3) Descoberta do vício em momento posterior à tradição (móvel) ou
da entrega (imóvel);
o (4) Tornar a coisa imprópria ao uso ou reduzir seu valor.

 Ações edilícias: são três os tipos de ações edilícias. Edis curules


(“árbitro”).

o Ação Redibitória: Redibir – tomar de volta. Tomar de volta o valor que


pagou pelo bem, devolvendo o bem ao alienante. Desfazimento do
contrato. 441, CC. As partes retornam ao estado em que se
encontravam antes do contrato.

o Ação estimatória (ação quanti minoris): abatimento do


preço/obrigação cumprida em razão do vício. Adquirente permanece
com a coisa e, por isso, ele requer o abatimento.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o
adquirente reclamar abatimento no preço.

o Ações ex empto – Ação de complementação de área: APLICABILIDADE


RESTRITA. Compra e venda de imóvel ad mensuram/por medida e
posteriormente verifica-se que a área entregue é inferior à área total
contratada. Neste caso, o adquirente requer a complementação da área
 Se for possível FATICAMENTE.
 Em todo o caso, o alienante responderá por perdas e danos se já sabia do vício.
Se não sabia, responderá apenas pelo valor recebido mais despesas do
contrato.
o A consequência jurídica para a má-fé do alienante é responder por
perdas e danos.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que


recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor
recebido, mais as despesas do contrato.

 Prazo – 445, CC: prazo para reclamar dos vícios redibitórios

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na
posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.  VÍCIOS OCULTOS DE FÁCIL
CONSTATAÇÃO
§ 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.  VÍCIOS OCULTOS DE DIFÍCIL CONSTATAÇÃO
§ 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos
em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo
antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o
adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob
pena de decadência.
o Vícios ocultos:

a) Fácil constatação: aquele que, por sua natureza, pode ser identificado de
maneira direta/simples/fácil.
a. Móveis  30 dias contados da TRANSFERÊNCIA DA POSSE/TRADIÇÃO
b. Imóveis  1 ano contado da TRANSFERÊNCIA DA POSSE/TRADIÇÃO

b) Difícil constatação: aquele que, por sua natureza, só se manifestará depois de


um determinado tempo. Sua constatação demorará mais.
a. Móveis  30 dias contados da DESCOBERTA, que deve ser em até 180
dias.
b. Imóveis  1 ano contados da DESCOBERTA, que deve ser em até 1 ano.

30 dias da
móveis
tradição
fácil constatação
1 ano da
imóveis transferência da
posse
vícios ocultos
30 dias contados A manifestação
móveis da DESCOBERTA deve ser em até
DO VÍCIO 180 dias
difícil constatação
1 ano da A manifestação
imóveis DESCOBERTA DO deve ser em até 1
VÍCIO ano

 Animais: utiliza-se a regra válida para bens móveis, ante a inexistência de


norma específica para isso.
2) EVICÇÃO

 Perda de um bem por força de sentença judicial, que a atribuiu a outrem


por causa jurídica preexistente ao contrato;
 Perda total ou parcial de um bem
 Fundada no princípio da garantia:
a. Garantia sobre os direitos decorrentes do contrato, assim como
os vícios redibitórios – uso e gozo do bem –
 Três personagens:
b. Alienante
c. Evicto
d. Evictor
 Extensão da garantia:
e. Artigo 448, CC – cláusula expressa de exclusão de garantia pela
evicção;
f. Cláusula necessariamente expressa, não pode ser tácita;
g. 2 situações:
i. Cláusula e conhecimento de ação reivindicatória em
andamento: evicto perde totalmente o valor que investiu
ii. Cláusula e não conhecimento de ação reivindicatória:
perda apenas das demais verbas mencionadas no 459,
CC, permanecendo a responsabilidade de restituir o preço
da coisa.
h. Cláusula mais conhecimento do risco específico sobre a evicção;
i. Quando ele sabe de ação reivindicatória assemelha-se a um
contrato aleatório e, por isso, o risco é inerente;
 Requisitos da Evicção:
j. Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa
alienada;
k. Onerosidade da aquisição;
l. Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa – 457, CC;
m. Anterioridade do direito do evictor
 Verbas devidas:
n. 450, CC;
o. Amplo e completo;
p. Perdas e danos – dano emergente e lucro cessante – 402, CC;
q. Valor do bem atualizado, se houver depreciação esta não é
refletida no valor a ser restituído;

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