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MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe.

Disponível em:
<http://www.culturabrasil.org/zip/oprincipe.pdf> . Acesso em: 26 ago 2019.

“Desejando eu, portanto, oferecer-me a Vossa Magnificência com um testemunho


qualquer de minha submissão, não encontrei entre os meus cabedais coisa a mim
mais cara ou que tanto estime, quanto o conhecimento das ações dos grandes
homens apreendido através de uma longa experiência das coisas modernas e uma
contínua lição das antigas as quais tendo, com grande diligência, longamente
perscrutado e examinado e, agora, reduzido a um pequeno volume, envio a Vossa
Magnificência.”

É relevante destacar que, já em sua apresentação, Maquiavel traz conexões


com o republicanismo, uma vez que, oferece, em favor do atual governante, o seu
conhecimento quanto à postura dos grandes homens, conhecimento este adquirido
durante sua participação no governo republicano em período anterior.

“...Quando um cidadão importante se torna príncipe de seu país, não por maldade
ou qualquer violência intolerável, mas devido à vontade de seus concidadãos, isto
pode ser chamado de principado civil. Para isso acontecer, não é necessário
genialidade ou sorte, mas simplesmente astúcia afortunada.”

Salienta-se a partir desta citação, que a escolha de um líder se traduz a partir da


vontade do povo independente de alguma eventualidade que possa vir a ocorrer,
tendo em vista que o povo não deseja ser reprimido, enquanto que aquele que
assume o poder, só quer reprimir o povo.

“...o povo não quer ser governado ou oprimido pelos poderosos, e os poderosos
desejam governar e oprimir o povo; e, destes dois desejos, surgem em cidades um
destes três possíveis resultados: ou um principado, ou o autogoverno, ou a anarquia.
[...] Além disso, não se pode satisfazer os poderosos através da honestidade e sem
prejudicar os outros, mas é possível satisfazer o povo, pois o objetivo dele é mais
honesto do que o dos poderosos.”

Os poderosos, possuindo do auxílio do povo, possuem o entendimento de


que isso não é suficiente, pois, conforme dito por Maquiavel “quem se apoia no
povo, firma-se na lama”, obtendo a compreensão de que o povo, apesar de forte,
não possui autoridade suficiente, logo que estes, estão acostumados a ter ordens
provindas de magistrados uma vez que diante de épocas incertas, o Príncipe não
terá confiança em muitos indivíduos, visto que tal governo absoluto quando possui
intermédio de magistrados, tende a dispor de uma relação fraca, pois depende
inteiramente da boa vontade dos cidadãos levados a magistratura.

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