Você está na página 1de 4

UNIVERITAS BH

PSICOLOGIA

Professor: Hugo Bento

Aluna: Raquel Leonor Resende

Psicologia 6º período/manhã

Matrícula: 01364122

TRABALHO ACADÊMICO

Políticas Públicas texto dissertativo

BELO HORIZONTE

2022
Quando entrei para o primeiro ano escolar me deparei com uma grande
dificuldade de compreender as letras e a união delas. Eu sofri muito com a falta
de habilidade pedagógica da minha primeira professora. Chorei muitas vezes e
tinha certeza de que eu não era capaz de aprender como as outras crianças.
Acabei tomando bomba, ou seja, repetindo a primeira série. Isso foi a
confirmação para mim de que eu nunca seria inteligente como minhas primas e
irmã.
Comecei novamente a primeira série, desta vez com outra professora,
que com uma delicadeza grande percebeu que eu gostava de escutar poesias.
Esta professora é uma poeta e na época escreveu uma poesia em minha
homenagem. Eu ainda não sabia ler mas consegui identificar meu nome
enquanto ela lia. A vergonha de ter repetido a primeira série virou uma vontade
enorme de saber o que estava escrito para mim na estrutura de um texto
poético. Não sabia naquela época, com 8 anos de idade, mas hoje eu sei que
as ações/ atuações dessa grande professora me deram forças para acreditar
em mim e na minha capacidade de aprender.
Não sei se não aprenderia a ler e escrever, mas tenho certeza de que
este ato foi muito importante para eu refazer os vínculos com a leitura e escrita.
Não fiquei presa nas limitações da dislexia, pelo contrário, usei o benefício que
vem neste pacote que é a criatividade para me fazer melhor e capaz. E com
um novo olhar para mim, fui interpretar poemas, dançar versos e me apaixonar
pela arte de educar
Depois de ter vivido o poder do vínculo na estruturação da
aprendizagem não posso deixar de levantar a bandeira das políticas
educacionais. “Não é só o futuro das políticas públicas para a infância que
depende da construção plena da democracia, é a própria democracia que
depende de nossa capacidade de dar vida às políticas públicas para a
infância.” (Emílio Garcia Mendez)
Conhecer melhor as políticas educacionais ampliam meu olhar no intuito
de nortear ações mais coordenadas do reconhecimento das necessidades
específicas de cada educando como também dos deveres e responsabilidades
da comunidade.
Precisei atualizar meu laudo recentemente para adequar às questões
burocráticas. Após várias sessões avaliativas o neuropsicólogo concluiu que
além da dislexia eu também tenho TDA-H. Com isso tive a oportunidade de
compreender ainda mais meus obstáculos educacionais e validar ainda mais
cada medida de cuidado e respeito com meus vínculos com a educação.
Porque todas as estratégias que utilizei para mim mesma fizeram diminuir as
dificuldades e ampliar minhas capacidades. Me considero uma vencedora,
porque não guardei o laudo do psicólogo para justificar um não
desenvolvimento, muito pelo contrário, vou utilizar do mesmo para promover
políticas/ ações que possibilitam meu desenvolver e dos meus pacientes na
clínica psicopedagógica. “Uma rede não se move porque uma voz de comando
a mobilizou: ela se move quando todos e cada um de seus membros começam,
por decisão própria, a se mover. Uma rede é como um corpo: todos os seus
membros a fazem funcionar, todos são a rede, nas suas ligações uns com os
outros”. (Chico Whitaker)
As políticas de educação especial apesar de muitas vezes acolherem
pessoas com transtorno de aprendizagem ainda não tinha uma legislação que
acolhessem as especificidades deste público de estudantes. Em novembro de
2021 entra em vigor a LEI Nº 14.254, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2021.
“Dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com dislexia ou
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro
transtorno de aprendizagem”.
Como a lei é ampla e nova, políticas públicas devem ser realizadas a fim
de que ela seja realmente efetivada em todos os estados, município, escolas,
através de profissionais, familiares, estudantes, toda a comunidade
reconhecendo sua importância e fazendo valer os direitos e deveres nela
estabelecidos.
O papel atribuído aos profissionais da área da saúde e educação são
estabelecidos nesta lei. Mas para que os profissionais correspondam a este
papel é necessário o conhecimento e envolvimento deles. “O papel é uma
cristalização final de todas as situações numa área especial de operação por
que o indivíduo passou (por exemplo, o comedor, o pai, o piloto de avião)”.
(Moreno, p.206) E o psicólogo assim como os psicopedagogos que trabalham
na promoção do desenvolvimento humano com saúde precisam tomar para si o
papel de promoção e controle deste direito.
Cabe a mim também reconhecer, divulgar e lutar pelos direitos dos
estudantes com transtornos de aprendizagem. Por ocupar neste momento três
papéis que me deixam ainda mais consciente da importância desta política
pública. Meu nome é Raquel Leonor sou psicopedagoga, pedagoga, estudante
de psicologia e tenho dislexia e TDAH.

Referências
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/Lei/
L14254.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%2014.254%2C%20DE
%2030,Art. (24/08/2022)
 MORENO, Jacob Levy. Fundamentos do Psicodrama. São
Paulo: Editora Agora. 2014
 Slide referentes a aula “A HISTÓRIA SOCIAL DAS CRIANÇAS
NO BRASIL” compartilhada pelo professor Prof. Dr. Manuel
Muñoz na disciplina de psicoterapia infantil do 6º período de
psicologia/2022

Você também pode gostar