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DE ASSIS SILVA, Francisco. Do escambo ao dinheiro: Marx e a divindade visível.

Argumento, n. 10, p. 13-26, 2011.

O autor empreende uma exposição da teoria do valor de Marx dando ênfase à


questão da formação do dinheiro. O texto inicia-se descrevendo o processo analítico
de Marx acerca da mercadoria caracterizando a formação do valor-de-uso como
dispêndio de trabalho concreto e a formação do valor em si como dispêndio de
trabalho abstrato, ou seja, o trabalho desprovido de suas determinações. O dinheiro,
então, surge de uma relação complexa de equalização de diferentes mercadorias
onde uma mercadoria específica tem de ser escolhida para representar o
valor-de-troca de todas as outras mercadorias, sendo essa mercadoria o dinheiro.
O autor, então, busca, a partir da leitura da obra de Marx, defender a tese de que a
necessidade do dinheiro evoluiu de uma relação de escambo. Sendo assim, o
dinheiro torna-se elemento mediador das relações entre os proprietários das
mercadorias, e expressão máxima do fetiche da mercadoria, a percepção ilusória de
que as relações entre pessoas são na verdade relações entre mercadorias.

ANTUNES, Jadir. Marx e o fetiche da mercadoria dinheiro. 2018.

O autor, Jadir Antunes, busca em seu artigo igualmente traçar a trajetória de Marx
em relação a teoria do valor, porém dando ênfase na influência feuerbachiana e
argumentando que o desenvolvimento de Marx se condiciona antes como uma
critica da metafisica e da religião do que como uma crítica à economia política de
fato. Antunes aponta para o processo de abstração das determinações nos valores
argumentando que, em função do fato do valor-de-uso de uma mercadoria ser
completamente oposto ao seu valor-de-troca na medida em que o primeiro
constitui-se no corpo da mercadoria e o segundo apenas na relação entre duas ou
mais mercadorias, a própria categoria de Mercadoria é essencialmente contraditória.
Essa contradição entre o ente abstrato e o concreto no interior da mercadoria seria,
então, o primeiro fundamento para a seguinte abstração decorrente do
valor-de-troca, a saber, o dinheiro. O dinheiro entendido como abstração de uma
abstração (o valor de troca) e como “alvo” do fetiche da mercadoria pode ser
entendido, segundo Antunes, como uma aplicação por parte de Marx do conceito de
Alienação presente em Hegel e desenvolvido como crítica da religião por
Feuerbach.

AUGUSTO, André Guimarães. As origens do dinheiro: abordagem ontogenética e


abordagem histórico-estrutural. Revista de Economia, v. 37, n. 3, 2011.

Augusto no artigo em questão se dispõe a estabelecer uma comparação entre duas


perspectivas relacionadas às origens do dinheiro, a saber, a perspectiva de Marx e a
de Menger. Montado nas costas de outros autores, Augusto apresenta inicialmente
a perspectiva de Carl Menger, argumentando que se trata de uma noção de história
econômica análoga ao desenvolvimento de um organismo vivo. Tendo exposto
ambas as perspectivas, Augusto traça suas diferenças apontando como a
perspectiva de Marx enfatiza o desenvolvimento histórico do conceito de dinheiro
sendo um processo acidental, posição essa oposta à de Menger que garante um
desenvolvimento necessário do dinheiro decorrente da intencionalidade do desejo
dos indivíduos sempre culminarem na necessidade de troca mercantil.

ARAUJO, Renan Ferreira de; PALLUDETO, Alex Wilhans Antonio. Uma nota sobre
dinheiro e dinheiro creditício: uma interpretação da teoria do valor de Marx. Nova
Economia, v. 31, p. 955-979, 2022.

Araujo e Palludeto buscam desenvolver em seu texto a tese de que a leitura da


teoria monetária em Marx não deve se limitar à forma do ouro como
recorrentemente ocorre entre outros pesquisadores. Para isso eles traçam um
pequeno resumo do raciocínio de Marx para chegarem à forma-dinheiro como
exposta em Marx. A partir disto, os autores argumentam, baseando-se em
pesquisas recentes acerca do crédito, que a etapa final da forma-dinheiro em Marx
se dá nos dias de hoje através do crédito. Desenvolve-se a partir do conceito de
capital fictício a ideia de que o capital se reproduz através de contratos de crédito
que prometem o retorno do capital, porém que podem ocasionar uma crise caso o
fundamento material, a riqueza, do capital fictício venha a não se realizar.

“Marx percebeu que à primeira vista a Há uma confusão entre os termos


mercadoria parece algo comum, mas “valor-de-troca” e “valor” nessa passagem
analisando-a detidamente vê-se que esconde visto que, embora sejam termos correlatos,
algo de teológico e metafísico, na qual estão não se pode tratá-los como sinônimos.
presentes dois atributos, valor-de-uso e
valor-de-troca (ou simplesmente valor).” (De
Assis Silva, 2011)

“O dinheiro como dinheiro se apresenta em Vale lembrar que o dinheiro enquanto


três novas subfunções: entesouramento, elemento de entesouramento já existia de
meio de pagamento e dinheiro mundial, nas forma análoga na antiga civilização
quais a característica fundamental é o fato mesopotâmica. (Graeber, 2016)
de em todas elas o dinheiro se colocar como
manifestação independente de valor”
(Araujo e Palludeto, 2022)

“A questão da origem e natureza J.M. Keynes já havia concluído que a


do dinheiro está presente na teoria origem do dinheiro não era importante após
econômica desde a obra de Adam Smith, dar razão a teoria cartalista da moeda.
desaparecendo posteriormente nos modelos (Graeber, 2016)
dedutivos de equilíbrio geral” (Augusto,
2011)

“Nesse contexto, a consideração do dinheiro Mais uma vez vale lembrar que já haviam
em sua forma acabada exige situá-lo no complexos sistemas de crédito na antiga
sistema de crédito, a partir da circulação do civilização mesopotâmica. (Graeber, 2016)
capital, que busca incessantemente romper
com os limites à sua contínua expansão”
(Araujo e Palludeto, 2022)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GRAEBER, David. Dívida: os primeiros 5.000 anos. São Paulo: Três Estrelas,
2016.

ARAUJO, Renan Ferreira de; PALLUDETO, Alex Wilhans Antonio. Uma nota sobre
dinheiro e dinheiro creditício: uma interpretação da teoria do valor de Marx. Nova
Economia, v. 31, p. 955-979, 2022.

AUGUSTO, André Guimarães. As origens do dinheiro: abordagem ontogenética e


abordagem histórico-estrutural. Revista de Economia, v. 37, n. 3, 2011.

ANTUNES, Jadir. Marx e o fetiche da mercadoria dinheiro. 2018.

DE ASSIS SILVA, Francisco. Do escambo ao dinheiro: Marx e a divindade visível.


Argumento, n. 10, p. 13-26, 2011.

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