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COLEÇÃO

Portinari
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES
TEXTOS DE

Amandio Miguel dos Santos


Anna Letycia Quadros
Daniela Matera Lins Gomes
Ferreira Gullar
Israel Pedrosa
João Candido Portinari
Pedro Martins Caldas Xexéo

COLEÇÃO

Portinari
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES

Rio de Janeiro, 2014


Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca/Mediateca “Araújo Porto Alegre” do MNBA

P 852 MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES , Rio de Janeiro. Portinari: coleção


Museu Nacional de Belas Artes. Textos de João Candido Portinari, Ferreira
Gullar, Anna Letycia Quadros, Pedro Martins Caldas Xexéo, Daniela
Matera Lins Gomes, Amandio Miguel dos Santos e Israel Pedrosa.
Trad. Carlos Luis Brown Scavarda. Rio de Janeiro: MNBA , Artepadilla,
2014. 256 p.; 23 x 30 cm.

ISBN 978-85-98746-06-7 [Artepadilla]


ISBN 978-85-7081-054-0 [Museu Nacional de Belas Artes]

1. Pintores – Brasil. 2. Portinari, Candido Torquato (1903-1962). I.Título.

CDD B927.5981

COPYRIGHT ©, 2014
Todos os direitos desta
edição reservados a

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Museu Nacional de Belas Artes


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N
o campo da museologia brasileira, o O sentimento do povo, o drama dos cenários
Museu Nacional de Belas Artes (mnba) e a alma das personagens que habitam a obra de
exerce papel único. É o estuário das Candido Portinari revelam-se em cada gesto pelo
vertentes que assinalam o desenvolvimento das qual ele compôs um retrato do Brasil como não se vê
artes plásticas no país. Acolhe obras que evocam a espelhado em outro suporte. Conhecer esse legado
contribuição dos pintores nassovianos, no Nordeste é aproximar-se do que é essencial na invenção da
seiscentista, e referem a chegada de novos autores arte e no encantamento da vida.
europeus, quando da transferência da Corte
portuguesa para o Rio de Janeiro, na aurora da angelo oswaldo de araújo santos
Independência. Os artistas que desde então mais Presidente do Instituto Brasileiro de Museus
se sobressaíram na produção nacional acham-se
presentes nas coleções que compõem um thesaurus
singular. Do Império à República, da chamada
Missão Francesa à contemporaneidade, a arte do
Brasil tem nele um de seus mais ricos repertórios,
ao lado de coleções significativas procedentes do
exterior, especialmente da Europa e da África.
Entre os criadores brasileiros, impõe-se a
presença de Candido Portinari. O seu protagonismo
na produção do século xx e o reconhecimento
alcançado no plano internacional, como provam
os painéis Guerra e Paz, no edifício-sede da
Organização das Nações Unidas (onu), em
Nova York, credenciariam Portinari a ter espaço
privilegiado no mnba. Mas ele ocupa, na verdade,
a mais importante posição individual no acervo da
instituição, que se engrandece pelo fato de possuir o
maior conjunto musealizado de trabalhos do mestre
de Brodósqui. Destacam-se A Primeira Missa no
Brasil e as pinturas provenientes da Capela Mayrink,
recentemente incorporadas, ao lado da doação
promovida pela Finep – Inovação e Pesquisa.
É providencial, assim, que este livro venha
apresentar a coleção portinariana do mnba, como
meio de divulgação do programa museológico e de
uma obra tão intensamente identificada com a vida
brasileira. Graças ao apoio prestigioso do Consulado
Geral da Itália no Rio de Janeiro e do Instituto
Italiano de Cultura, bem como do Projeto Portinari
e da Finep, a publicação se viabilizou, sob a chancela
do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de
Museus (Ibram).
E
xistem artistas que produziram obras com
um alcance diferenciado, tornando-os
verdadeiras referências na cultura de um
país. E há artistas que nos deixaram acervos de
tamanha importância, que se transformaram em
referências para a própria humanidade. Portinari foi
um desses gênios que ajudaram a forjar a identidade
dos brasileiros e a contribuir para expandir a
cultura universal. Seus trabalhos estão presentes
em museus de todo o mundo, em coleções públicas
e privadas, na sede da Organização das Nações
Unidas, em Nova York, e na Biblioteca do Congresso
americano, em Washington.
A Finep guardou, durante muitos anos, 205
obras de Portinari, dadas como garantia de um
empréstimo. Essa coleção, que estava longe
do alcance da sociedade, obviamente tem um
valor de mercado. Mas como avaliar um acervo
desse generoso artista, que tanto destacou a
temática social em sua obra, ao lado da militância
política em sua vida pessoal? Seu valor cultural
e sua importância para o Brasil e o mundo são
incomensuráveis.
A Finep decidiu doar sua coleção de Portinari
para o Museu Nacional de Belas Artes e, assim,
permitir o acesso a uma parcela importante da obra
desse gênio das artes plásticas. Desta forma, a Finep,
que tem sua história marcada pelo apoio a ciência,
tecnologia e inovação, inova também na área
cultural. Seu gesto representa o empenho de uma
empresa pública em transformar o Brasil, por meio
da inovação e mostrar para toda a sociedade o que
temos de melhor.

glauco arbix
Presidente da Finep
Candido Portinari nasce em 30 de dezembro de 1903,
numa fazenda de café, perto do povoado de Brodósqui,
no estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos,
de origem humilde, tem uma infância pobre.
Recebe apenas a instrução primária. Desde criança,
manifesta sua vocação artística. Começa a pintar aos
9 anos. E – do Cafezal às Nações Unidas – se torna
um dos maiores pintores do seu tempo.
— Texto de introdução sobre o artista no site do
Projeto Portinari – www.portinari.org.br

A
citação aqui reproduzida nos leva ao
entendimento que, de alguma forma,
a história da Piraquê se assemelha ao
caminho trilhado por este grande artista brasileiro.
A Piraquê fez 60 anos em setembro de 2010.
Quem viu a fábrica do Rio nos anos 1950 não imagina
que hoje ela tenha mais de 4.500 funcionários, e
toda a sua produção controlada por alta tecnologia,
desde a matéria-prima até o produto final,
distribuído a mais de 60 mil postos de venda só no
estado do Rio de Janeiro. Tudo isso com o objetivo
de levar um produto de qualidade a milhões de
brasileiros.
Esta é a nossa missão – e a razão pela qual nos
sentimos honrados em participar do patrocínio
a este belo e consistente livro Portinari – Coleção
Museu Nacional de Belas Artes.

celso colombo filho


É
com grande orgulho que celebramos um
dos maiores artistas brasileiros de todos
os tempos. O acervo de obras de Candido
Portinari que apresentamos junto ao Museu
Nacional das Belas Artes nos permite, por meio
de obras-primas que abrangem várias fases da
vida do artista, compreender plenamente o seu
incomensurável valor.
Através das pinturas de Portinari, auferimos
a essência do Brasil do século xx: o Brasil dos
trabalhadores, dos agricultores, das mulheres, dos
religiosos e de todas as outras intensas figuras
humanas retratadas na profundidade da existência
com cores que somente o Brasil sabe inspirar nas
almas sensíveis.
Candido Portinari é o mais alto exemplo
do encontro entre a sensibilidade formada em
séculos de história da arte italiana e os estímulos
visionários e inovadores que só um país novo,
exuberante e tropical como o Brasil poderia trazer.
São inúmeras nas artes plásticas as manifestações de
tais encontros. Acredito ser Portinari o precursor de
todos esses artistas.
Não poderia deixar de mencionar o fato de
termos na Embaixada da Itália, em Brasília, uma
obra-prima de Portinari. É para nós fonte de
orgulho e de prestígio poder hospedar pinturas
como esta, que sempre despertam admiração de
todos os nossos hóspedes e visitantes.
Portanto, é com muita satisfação que a
Embaixada da Itália participa desta grande iniciativa
para celebrar um gigante da arte brasileira, que
honra não somente o Brasil, mas também a pátria
de seus antepassados.

raffaele trombetta
Embaixador da Itália no Brasil
U
ma das características que contribuem
para dar destaque à figura de Candido
Portinari no panorama artístico brasileiro
é sua capacidade de fundir a matriz cultural italiana
com a raiz brasileira. Essa complementaridade
se reflete nos personagens escolhidos para
protagonizar suas pinturas, evidenciando a própria
essência de sua mensagem.
A apresentação de suas obras que pertencem
ao Museu Nacional de Belas Artes (mnba) é uma
valiosa oportunidade para apreciar as múltiplas
facetas da interpretação original que ele deu ao tema
da miscigenação cultural, e que ajuda a entender
melhor a profundidade e a densidade da sua obra.
Outro elemento de destaque é o humanismo que
permeia os seus retratos: dos lavradores das fazendas
de café às vítimas da guerra e da seca, e aos demais
figurantes de uma galeria sem fim de homens,
mulheres e adolescentes.
Seu humanismo alimenta-se de seu vivo
interesse pelo mundo e pelos eventos que marcaram
a sua vida na parte mais conflituosa do século xx,
tal como se percebe nos grandes afrescos (mais
um legado da pintura renascentista) que decoram
a antiga sede do Ministério da Cultura, no Rio de
Janeiro.
Quero agradecer ao mnba por esta oportunidade
de valorizar ainda mais um grande protagonista
da vida artística brasileira, reforçando assim uma
parceira que contribui para o intercâmbio entre os
dois países.

mario panaro
Cônsul-geral da Itália no Rio de Janeiro
N
a qualidade de diretor do Instituto
Italiano de Cultura do Rio de Janeiro,
fico particularmente satisfeito com a
publicação do presente volume, centrado nas obras
de Candido Portinari pertencentes ao Museu
Nacional de Belas Artes (mnba). Este livro constitui
uma nova etapa na história da colaboração entre a
instituição por mim dirigida e o mnba, que já teve
numerosos momentos de notável importância.
A figura de Portinari é altamente representativa
das conexões e dos laços que unem Brasil e Itália. Basta
lembrar que o café é não apenas tema de seu famoso
quadro de 1935, mas também recorre em várias outras
pinturas e obras literárias, sendo uma lembrança da
origem da família, italianos chegados ao Brasil na
leva da grande imigração do fim do século xix, para
trabalhar nas fazendas do interior de São Paulo.
A tradição italiana teve papel fundamental na
formação de Portinari. “Aprendo mais olhando
um Ticiano, um Rafael, do que para o Salão de
Outono todo”, ele escrevia de Paris ao amigo poeta
Olegário Mariano, com cujo retrato ganhara, em
1928, o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Escola
Nacional de Belas Artes.
Do ponto de vista do observador italiano, é
interessante sublinhar a “deglutição” manifesta na
obra de Portinari, em cujos quadros e murais de
caráter e assuntos nacionais, ligados à formação
étnica e à vida econômica e social do Brasil, vê-se a
herança europeia “antropofagicamente devorada” e
reformulada em moldes originais.
“A nova Roma está aqui, no Brasil”, costumava
dizer Darcy Ribeiro. Candido Portinari, ao lado dos
“oriundi” Eliseo D’Angelo Visconti, Anita Malfatti,
Alfredo Volpi, Alfredo Ceschiatti, Bruno Giorgi
e tantos outros, faz parte da família dos grandes
artistas e intelectuais que souberam renovar a
latinidade em terra americana.

andrea baldi
Diretor do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro
M
useus são espaços de conhecimento, Este livro foi concebido para conhecermos
investigação, reflexão, sentimento, melhor o universo de Candido Portinari e suas
entretenimento e preservação. São ramificações estéticas e formais; para percerbermos
instituições guardiãs do patrimônio nacional, suas obras de arte como caminhos estimulantes de
em que passado, presente e futuro convivem em reflexão e estudo da arte brasileira.
harmonia, na busca consciente pela tutela do Nossos sinceros agradecimentos a todos
inventário artístico de um país. Museus, segundo que tornaram possível a organização desta
o crítico de arte Antonio Paolucci em Pensieri d’arte: publicação, tão necessária aos estudiosos da arte
dentro e fuori i Musei Vaticani, são enfim territórios moderna brasileira. Em especial, ao presidente do
onde “as ocasiões são múltiplas (um restauro, Instituto Brasileiro de Museus, Angelo Oswaldo,
uma mostra, uma descoberta científica, uma feliz ao presidente da Finep – Inovação e Pesquisa,
atribuição, a revisão de uma obra de arte, de um Glauco Arbix, ao cônsul-geral da Itália no Rio
autor) e as emoções são numerosas”. de Janeiro, Mario Panaro, ao diretor do Instituto
O Museu Nacional de Belas Artes (mnba), Italiano de Cultura, Andrea Baldi, e a João Candido
herdeiro do bicentenário acervo da Pinacoteca da Portinari. Nossa gratidão aos patrocinadores deste
Academia Imperial de Belas Artes, vinculado ao livro. E nosso reconhecimento aos doadores, que
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e ao Ministério confiaram no mnba. Não poderíamos, por fim,
da Cultura, é um dos pilares da memória nacional. deixar de agradecer aos autores dos textos críticos
Referência no campo da museologia e da história da aqui coligidos, que abraçaram o projeto com
arte, sua coleção antecede em muito a circunstância entusiasmo, compartilhando, generosamente, os
histórica que o fez surgir. Após a sua criação em 1937, seus conhecimentos.
seu acervo foi expandido de maneira superlativa,
sendo hoje reconhecido internacionalmente. monica f. braunschweiger xexéo
Nas últimas três décadas, singulares conjuntos Diretora do mnba/Ibram/minc
de obras de arte de renomados artistas brasileiros e
estrangeiros se incorporaram ao acervo do mnba,
por meio de generosas doações, proporcionando a
ampliação de segmentos representativos de seu acervo
não somente em quantidade, mas especialmente
em qualidade, numa cuidadosa e criteriosa coleta de
peças que constituem o tesouro da nação brasileira.
Seguindo nessa narrativa histórica, encontra-se o
fundo Candido Portinari, um dos mais expressivos
de nossa instituição, ao lado das coleções Rodolfo
Amoedo, Vítor Meireles e Djanira. Portinari é um
excepcional desenhista, autor de escrita própria, cujas
obras, formalmente inovadoras, ultrapassam o tempo
em que foram criadas. A coleção Portinari no mnba
percorre o arco histórico da sua produção artística e
nos permite desvendar a sua matriz italiana. Formada
A Primeira Missa no Brasil, 1948
em diversos momentos e circunstâncias, constitui-se
têmpera sobre tela
tempera on canvas
num dos mais significativos acervos de nossa
272,5 x 500 cm instituição e do país.
Sumário

24 A primeira casa de Portinari


joão candido portinari

46 Portinari, pintor brasileiro


ferreira gullar

92 Portinari e a gravura
anna letycia quadros

104 Exposições da obra de Candido Portinari


no Museu Nacional de Belas Artes
pedro martins caldas xexéo

120 Dos tesouros adormecidos


à coleção nacional
amandio miguel dos santos
daniela matera lins gomes

166 Portinari
israel pedrosa

182 Cronologia
cristal proença
Estudo para o painel
Industrialização do Brasil 202 English translation
Study for the Industrialização
do Brasil panel, 1960 239 Sobre os autores
óleo sobre madeira
oil on wood
24,5 x 15 cm 242 Relação das obras do acervo do mnba
A primeira
A
gradeço à minha cara amiga Mônica Quando Portinari, como nos conta o poeta
Xexéo, diretora do Museu Nacional de Dante Milano, fraternal amigo que morou com
Belas Artes (mnba), pelo carinho e a ele, dá a guinada para o Modernismo, com Retrato
competência com que vem resgatando de Jayme Ovalle (o que acarreta a ruptura com seu
casa de a memória de Candido Portinari no mnba, assim
como ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), na
amigo e protetor Olegário Mariano), os “passadistas”
não tinham como aplicar sobre ele a crítica que
pessoa de seu atual presidente, o caro amigo Angelo faziam aos modernistas em geral: “Eles pintam
Portinari Oswaldo de Araújo Santos, e de seu predecessor,
José Nascimento Jr., que adquiriu A Primeira
assim porque não sabem desenhar”. Portinari
conhecia a fundo o desenho, a matéria, o ofício, a
Missa no Brasil e a doou ao mnba, ampliando “cozinha da pintura”, graças à Enba...
significativamente a presença de Portinari em O antigo pintor acadêmico, ao aderir à nova
joão candido portinari seu acervo, e – last but not least – de forma muito expressão plástica, permitiu demonstrar que a
especial agradeço sensibilizado à ministra de Estado deformação, tão criticada pelos “passadistas”,
da Cultura Marta Suplicy, que, junto à presidenta não significava desconhecimento do desenho,
Dilma Rousseff e ao Governo Federal como um implicando apenas uma escolha estética. Quase
todo, viabilizou a mais importante exposição meio século mais tarde, o psicanalista e escritor
internacional do pintor, Guerra e Paz: uma obra-prima Hélio Pellegrino afirmaria:
brasileira para a ONU, no Salão de Honra do Grand
Palais, em Paris, em maio de 2014. Candido Portinari representou para nós, da
Assim que Mônica me convidou para escrever geração mineira de 45, mais do que o grande
um texto sobre a relação de meu pai com o museu, pintor admirado e reverenciado como um dos
lembrei-me do belo poema de Drummond “Viagem mestres da cultura brasileira. Ele foi, acima de
na família”, dedicado a Rodrigo Mello Franco de tudo, um símbolo da modernidade, nítida linha
Andrade, amigo de toda a vida de meu pai, em divisória que, uma vez transposta, nos ajudou
que ele começa dizendo: “No deserto de Itabira/ a a respirar um largo hausto do pensamento
sombra de meu pai/ tomou-me pela mão.” universal aberto para o futuro. [...] Portinari foi
Portinari chega ao Rio, aos 16 anos de idade, um dos nossos tacapes de luta.
quando o mnba ainda era a Escola Nacional de
Belas Artes (Enba). Em 1920, o rapazinho tímido, Já Mário Pedrosa disse, em 1962, no dia da
ainda bem fincado em suas raízes caipiras e vivendo morte do pintor de Brodósqui:
em condições extremamente precárias, ingressa na
Enba, nela permanecendo até 1929. Quase 10 anos! Candido Portinari foi o aríete com que a arte
Assim, cada vez que visito o mnba, é sempre a tornou-se vitoriosa no Brasil. [...] Nós todos
mesma emoção. Sinto o vulto de meu pai andando intelectuais e críticos, que o sustentávamos na sua
por aqueles corredores, vejo sua sombra nas paredes, luta e que o tínhamos como escudo da causa do
imagino toda a sua luta para aprender a arte do pintor... modernismo contra o academismo, sempre vimos
Não há dúvida, o mnba é a “casa de Portinari”, nele um porta-bandeira.
onde ele dedicou o melhor de seus esforços, à custa
de muita garra e sacrifício, impulsionado por sua Convido, então, os caros leitores e leitoras
paixão pela pintura, por seu talento invulgar. Aí a “fuçar” comigo neste “baú de lembranças”
recebeu formação primorosa, de grandes mestres garimpadas no acervo documental do Projeto
como Baptista da Costa, Rodolfo Amoedo, Lucílio de Portinari, para juntos descobrirmos contornos e
Albuquerque e Rodolfo Chambelland, entre outros. sombras de narrativas, até emergir, lá do fundo, uma
Brodósqui, estado de São Paulo. Candido Portinari
foi o segundo dos 12 filhos de Baptista Portinari e
Domingas Torquato, ambos italianos da região do
Veneto.
As famílias Portinari e Torquato vêm para o
Brasil no quadro da grande imigração italiana
ocorrida no final do século xix, que visava obter
mão de obra para a lavoura cafeeira em expansão.
Utilizando o slogan “Braços para a lavoura”, o
governo brasileiro, com destaque para a província
de São Paulo, desenvolveu uma política imigratória
que, só entre os anos 1875 e 1900, foi responsável
pela entrada de 1 milhão de italianos no Brasil.
Era costume “abrasileirar” os nomes dos imigrantes
na expedição de seus novos documentos no Brasil.
Os nomes originais dos pais de Portinari eram
Battista Portinari e Domenica Turcato.
Em 1906, Baptista e Domingas deixam a lavoura
e estabelecem-se como comerciantes em Brodósqui,
“parada para os trens apanharem o café” e ponto de
passagem de trabalhadores em busca de emprego.
Portinari com seus pais, tios e irmãos. Ele é o primeiro em Eram famílias inteiras vivendo em estado de grande
pé, à direita … Portinari with his parents, uncles, and siblings. pobreza e que marcam de maneira indelével o
He is the first standing, on the right, Brodósqui, 1908 menino Candido.
Portinari frequenta a escola em Brodósqui,
provavelmente entre 1911 e 1916, não indo além Portinari com seus pais e irmãos … Portinari with his parents and siblings, Brodósqui, 1924
do terceiro ano do curso primário. Aos dez anos,
imagem do que foram os primeiros anos da vida faz Retrato de Carlos Gomes, seu primeiro desenho
desse artista sobre quem o poeta, escritor e crítico conhecido. O autor de O guarani era o patrono da
de arte italiano Giuseppe Eugenio Luraghi escreveu: banda de música fundada por seu pai em Brodósqui. ia comer em casa. [...] É..., doente para aprender a convalescer na cidade – região de clima renomado
“Depois, fiquei à espera de que aparecesse um arte de pintor”.2 para as vias respiratórias – da gripe espanhola que,
A primeira vez que nos encontramos com este príncipe que me levasse onde seria pintor. [...] Fiz Vitório Gregolini, “que pintava estrelas no nessa ocasião, grassava na capital do país. Baptista
homem, baixo de estatura e de aspecto bastante alguns retratos a crayon, tirados de pequenas fotos”. céu do fundo da igreja, onde ia ficar o altar”, foi pede a Quirino Toledo, seu comprade, que, ao
modesto, e que olhamos os seus olhos celestes, e o Nessa época, passa por Brodósqui um grupo seu primeiro mestre, e Portinari lhe escreve com regressar, leve seu filho Candido com eles, para que
ouvimos falar longamente, simples como uma itinerante de pintores, chamados de spolveri, em razão carinho, mesmo quando já aluno da Enba: “Querido possa estudar pintura. Candinho tinha 15 anos.
criança, [...] é difícil crermos estar diante do pintor da técnica de pintura que empregavam, e escultores Mestre [...] estou com saudades do sr. Já faz um ano
mais terrível e mais trágico do nosso tempo. italianos, denominados “frentistas”, que viviam de que pintou a igreja [...] o sr. tem tido trabalho de Quando se apresentou ocasião de ir ao Rio, passei
decorar as igrejas das pequenas cidades de interior. igrejas, tem feito quadros? Escreva sempre porque, noites e noites em vigília lutando com a indecisão –
Para melhor contextualizar essas sombras e O menino Candido é chamado para ser ajudante, por eu estar aqui, eu não esqueço do sr. Qualquer dia pena em deixar meus pais e meus irmãos. Quanto
contornos, façamos então uma visita ao início da juntamente com Modesto Giordano, seu companheiro vou passear aí”. mais próxima a partida, mais aflito ficava.
trajetória de Portinari.1 de infância. Modesto fala do fervor com que seu colega Logo depois da decoração da igreja, chega a Olhava o chão, as plantas, os animais, as aves e
Nossa história começa em 1903, numa fazenda se aplica ao trabalho: “Ele ficava lá trabalhando. Cedo, Brodósqui a família Toledo, que morava no Rio aquela luz... Parecia que nunca mais iria ver tudo
de café (Fazenda Santa Rosa), perto da cidade de ele era o primeiro que chegava lá. [...] Mas quase nem de Janeiro e era amiga dos Portinari. Vinham aquilo que era parte de mim mesmo. Quantas

26 … 27
lágrimas derramei às escondidas. Vi e revi mil Enba: “Não conseguiu entrar porque ainda estava
vezes todos os recantos. Saudade incontida do muito fraco em desenho, então foi estudar no Liceu
que ficava. Até os forasteiros que passavam, eu de Artes e Ofícios”.
os sentia como irmãos. Dava-me pena deixá-los. Em 1920, Portinari matricula-se como
Procurava ensaiar para não ser traído pela aluno livre3 na Enba, cursando regularmente as
emoção. Ia à casa de minha avó, trocava duas aulas de desenho figurado do professor Lucílio
palavras e saía vencido, qual, não era possível. de Albuquerque. A Enba era o único centro
Voltava para casa, falava com minha mãe e meu brasileiro que ministrava o ensino formal de artes
pai, e sentia-me impossibilitado de dizer duas plásticas e arquitetura. Tendo instituído a “arte
palavras. Não poderia despedir-me. Preferiria não oficial brasileira”, optara por “acelerada perda de
ir mas necessitava ir, estava na idade. O sol, a atualidade, afastando-se da contemporaneidade
lua, as estrelas, as águas do rio, o vento, tudo isso europeia, malgrado o interesse na Europa, mas
ficaria lá e eu entraria no escuro. uma Europa do passado, preservada em museus e
praças públicas”. Carlos Cavalcanti assinala que “os
Assim, em 1919, parte para o Rio de Janeiro, em pintores brasileiros, na sua maioria e por todo um
companhia da família Toledo. “No dia do embarque, século, tornaram-se herdeiros da Missão (francesa)
época da gripe espanhola, lá todo o mundo estava de de 1816. São todos neoclássicos ou acadêmicos,
cama e em casa só eu estava bem. No alvorecer desse com maiores ou menores acentos de personalidade.
dia, bateram na janela, avisando que estava quase [...] Realmente, não tivemos sequer, como prática
na hora”. Sua irmã mais velha, Pellegrina, apelidada generalizada, o Impressionismo”.
Tata, conta: “Ah, ele era muito pequeno [...] Nós É esse ambiente anacrônico, atado pela pompa
estávamos tudo doente, com a gripe. Tudo pobre, oficial, pouco afeito à investigação e às liberdades
né? Então ele me falou: ‘Eu não vou’. Falei: ‘Vai, do espírito, que Portinari encontra e com o qual
Candinho. Se você não for agora, não vai mais. Vai. convive nos anos de sua formação no Rio de Janeiro.
Portinari entre colegas e professores da Escola Nacional de Belas Artes. Entre eles … Portinari among fellow students
Aqui não tem oportunidade”. Candinho lembra: Em 1921, muda-se para pensão pertencente a
and professors of the National Fine Arts School, such as: Gastão Formenti, Vicente Leite, Rodolfo Amoedo, Manoel Faria,
d. Gracia, velha senhora espanhola, situada à rua Hélios Seelinger e … and Jordão de Oliveira. Rio de Janeiro, 1922.
Num impulso saí correndo, tive tempo ainda Marquesa de Santos, n. 23, onde mora também o
de apanhar o trem em movimento. A última pintor Joaquim da Rocha Ferreira. Acompanhava-o,
imagem que me ficou gravada na memória foi a nessa época, apenas a obstinação da pintura.
de meu pai; levantara-se para se despedir, ainda Ezequiel Fonseca Filho relembra: dentro de minhas possibilidades, quando lhe Seu ideário era vago com tendências muito
posso vê-lo: de capote escuro, atravessando o largo faltava dinheiro para estas pequenas despesas, heterogêneas e caráter acentuadamente iconoclasta.
da estação. Não teve tempo de me dizer nada. Era uma casa de dois andares; um térreo onde mesmo porque havia a sua companhia e a sua O escritor Graça Aranha, um de seus líderes,
morava a família da proprietária e o outro inteligência, que já despontava, me era muito conclamava: “Não prevalecerão as Academias,
Chegando ao Rio de Janeiro, Candinho fica superior com quartos para aluguel. [...] Contíguo agradável e gratificante. Escolas, as arbitrárias regras do nefando bom gosto
precariamente alojado na pensão de propriedade da ao banheiro estava o quarto de Candido e do infecundo bom senso”.
família Toledo, situada à avenida Passos, n. 44, à qual Portinari, modesto, humilde, dadas as suas Em 1922, durante três dias do mês de fevereiro, Entretanto, com apenas 18 anos e estando no
presta pequenos serviços. precárias condições financeiras. Era um moço realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna, cerne da própria Academia, templo do bom gosto
Passa, então, a frequentar os cursos de desenho simpático porém de poucas relações sociais. Logo que consistiu numa série de manifestações e do bom senso, Portinari parece não ter recebido
do Liceu de Artes e Ofícios e estuda também com nos tornamos amigos, passando a sair juntos culturais: conferências, concertos, recitativos o impacto vindo de São Paulo. De um lado, havia a
Justino Miguez, que dedicava-se a decorar os todas as manhãs muito cedo, até o Largo do e uma exposição de artes plásticas. Marcava-se barreira feita pelos professores. De outro, o fato de
cafés e bares no Rio de Janeiro. Segundo Quirino Machado, onde no Café Lamas fazíamos a nossa o Centenário da Independência do país, com ser aluno pobre, dependente da Escola para tudo o
Campofiorito, pintor e contemporâneo de Portinari, primeira refeição, geralmente uma média com o primeiro movimento coletivo no sentido da que dizia respeito ao progresso de sua carreira, o que
este, ao chegar ao Rio, teria tentado ingressar na pão e manteiga. Nunca faltei com minha ajuda, emancipação das artes e da inteligência brasileiras. não lhe permitia grandes contestações.

28 … 29
mesma época, arranja novo trabalho como redator escreve ao governo de São Paulo, pedindo que
artístico da Revista Acadêmica, órgão da Faculdade de auxilie Portinari.
Medicina, e continua pintando retratos, alguns por Em maio de 1925, Portinari participa, com dois
encomenda. Trabalha num ateliê perto do cinema retratos, do 3º Salão da Primavera e dá sua primeira
Politeama, no Largo do Machado, emprestado por um entrevista, “Palavras de um jovem retratista patrício”:
colega da Enba, o pintor Roberto Rodrigues, que era
seu amigo mais próximo. Não existe uma verdadeira distinção entre arte
Como quase todos de sua geração, Portinari antiga e moderna. Na Arte eu vejo a Beleza, e a
era então assíduo frequentador de cinemas. O Cine Beleza é sempre a mesma em toda a parte [...]
Politeama, o ateliê, o Café Lamas, a pensão, enfim, O alvo da minha pintura é o sentimento. Para
o universo de Portinari, ficava no Catete, o bairro mim a técnica é meramente um meio. Porém um
dos estudantes e jovens artistas. Mas ele continuava meio indispensável.
pobre e lutando com grande dificuldade para
prosseguir apenas pintando. A crítica de arte aponta a influência de Zuloaga
Em agosto, submete ao júri de seleção do Salão num dos retratos apresentados por Portinari. O Jornal
da Enba sete retratos e Baile na roça. Este, sua do Brasil, do Rio de Janeiro, exorta o Governo do Estado
primeira obra com temática brasileira, havia sido de São Paulo a auxiliar Portinari. Após comentar que
pintado durante as férias de verão que passara em o governo paulista mantém como pensionistas em
Brodósqui. Portinari, todavia, tem o desgosto de Paris vários pintores, o articulista interpela:
ver a tela ser recusada, sendo aceitos, porém, os
retratos. Estes repercutem com grande sucesso e, Ora, se há, em São Paulo, um pintor de grande e
pela primeira vez, a imprensa focaliza Portinari verdadeiro mérito, que honra a inteligência e a
individualmente, com artigos em diversos jornais. arte do Estado, esse é Candido Portinari. Criança
O Rio Jornal destaca: quase – Portinari tem apenas vinte anos –, já
Portinari e companheiros a bordo do navio, com destino à Europa tem obtido prêmios que a Escola de Belas Artes
Portinari and fellow travellers on board a ship bound for Europe, 1929 Quem vê os seus esplêndidos retratos, embora só usa conceder a artistas velhos ou, pelo menos,
muito distanciados da perfeição relativa [a] longamente consagrados. [...] E, não obstante as
que todos aspiram, não imagina nunca que o extremas dificuldades de vida com que luta, dia
seu autor possa ter sido aquela criança imberbe a dia aperfeiçoa a sua arte, tornando-a cada vez
Durante todo o período em que está ligado Já àquele tempo se pressentia a força alardeando a sua meninice com um físico que não mais forte, mais vibrante, mais eloquente, mais
à Escola, Portinari participa de suas Exposições extraordinária de Portinari. Muitas vezes, ilude. Candido Portinari é dotado naturalmente completa.
Gerais, que eram conhecidas como Salões anuais, deixávamos a Escola juntos: eu, ele, o Roberto de um grande pendor para a pintura que, talvez,
cujo prêmio máximo era a ambicionado Prêmio Rodrigues, que morreu tragicamente e foi dos seus lhe tenha vindo como uma herança ancestral Em agosto, ganha a Pequena Medalha de Prata,
de Viagem ao Estrangeiro. Em novembro de 1922, melhores amigos, o Ruy Campelo e o Mozart. do sangue legitimamente florentino que lhe deu que o habilita a concorrer ao Prêmio de Viagem
Portinari expõe pela primeira vez e recebe menção Não nos perdíamos pelos cafés da rua São José. origem. Sua tendência toda parece ser para o no Salão (32ª Exposição Geral de Belas Artes),
honrosa pelo retrato do escultor Paulo Mazucchelli. Quando muito, parávamos uns minutos na retrato, único gênero, aliás, que expõe este ano. em que apresenta cinco retratos. Seu sucesso é
Em agosto do ano seguinte, tem um retrato antiga Casa Cavalier (misto de loja de material Forte, com um colorido limpo e vibrante, há um registrado na imprensa, que lhe dedica vários
premiado no Salão com Medalha de Bronze, de pintura, galeria e ponto de encontro de pintores defeito, entretanto, que Portinari precisa corrigir, artigos elogiosos, dos quais alguns reproduzem
prêmio em dinheiro e Prêmio da Galeria Jorge, e críticos). Portinari só pensava em trabalhar. por ser imprescindível ao retratista: o pouco seu trabalho premiado. Mas há também restrições.
conquistando uma posição de destaque. Seu nome caráter que imprime aos seus modelos. Após comentar o retrato premiado (do pintor russo
começa a ser citado na imprensa. Consegue novo Em março de 1924, Portinari participa do ii príncipe Gagarin), o crítico indaga: “Por que não
trabalho: pintar os letreiros de uma livraria. Seu Salão da Primavera, sob o patrocínio do Liceu de Em outubro desse ano, o pai de Roberto volve os olhos, um pouco, para as nossas coisas e
colega Celso Kelly lembra: Artes e Ofícios, no qual apresenta dois retratos. Nessa Rodrigues, que possuía um jornal no Rio de Janeiro, não traduz na tela a vida e os costumes de sua terra,

30 … 31
imitando o exemplo de inúmeros artistas de renome Zuloaga, o grande pintor espanhol, o maior pincel
no estrangeiro, que conseguiram assim tocar mais do mundo, reproduz continuamente, em suas
de perto a alma do seu povo?” telas de figura, trechos regionais, onde faz viver a
Para ajudar em seu sustento, Portinari trabalha à alma da Espanha. [...] A arte de um país não se
noite num curso de alfabetização para adultos. impõe com prédicas e leis: nasce instintivamente e
Em 1926, participa com dois retratos do forma-se com o tempo. [...] Assim, arte brasileira
Salão da Enba, concorrendo pela primeira vez ao só haverá quando os nossos artistas abandonarem
Prêmio de Viagem ao Estrangeiro. Não atinge esse completamente as tradições inúteis e se entregarem,
objetivo, porém ganha o Prêmio da Galeria Jorge e com toda alma, à interpretação sincera do nosso meio.
um prêmio em dinheiro. Em artigo extenso sobre
Portinari, a revista Vida Brasileira situa-o como O professor de história da arte da Enba Flexa
artista moderno, comentando: “Entre nós, ser Ribeiro publica artigo, no qual aponta Portinari
moderno é ser perseguido, apupado, apedrejado. como um dos candidatos mais fortes ao Prêmio de
[...] Desde a Escola de Belas Artes, revoltando-se Viagem, e ressalta:
corajosamente contra o dogmatismo, a decrepitude
dos mestres e, pior ainda, contra a subserviência dos É um jovem que ficou à margem da evolução
colegas, Portinari vem construindo soberbamente a pictural. Dir-se-ia um tradicionalista: mas sua
sua individualidade de artista”. fatura recebeu o influxo de certas modalidades
Portinari fala pela primeira vez da necessidade da pintura moderna, onde também aquele
de criar uma arte brasileira: sentimento predomina. E não é outra a razão que
o levou a filiar-se a Zuloaga, mestre que sempre se
“Não temos, ainda, uma arte brasileira”, conservou estranho às correntes que revolucionam
observou-nos o jovem artista, em ligeira palestra. a arte desde o Impressionismo [...] alguma
“Estamos em pleno período de formação. Se coisa da alma florentina tenta renascer nesse
os centros de antiga e sólida cultura servem adolescente, que é, desde já, um espiritualista.
Portinari e Maria com grupo de amigos na exposição de obras do artista, no Palace Hotel. Entre eles … Portinari and
atualmente de campo fácil a todas as experiências, Maria with a group of friends at an exhibition of the artist’s works, at the Palace Hotel. Among them: Danton Jobim, José
ainda as mais opostas, que se não dirá de um Em agosto de 1927, apresenta três retratos ao Carlos de Macedo Soares, José Jobim, Raul Bopp, Ildefonso Falcão. Rio de Janeiro, junho de … June, 1929
país novo, desconhecedor das suas verdadeiras Salão da Enba, concorrendo, novamente, ao Prêmio
diretrizes? [...] Inspiradas no meio natural e de Viagem, mas ainda não ganha o grande prêmio.
procurando harmonizar a este último as regras e É contemplado com a Grande Medalha de Prata:
processos que agitam o cenário artístico no Velho “Procurando levar ao pintor Candido Portinari uma viva
Mundo, levarão, com certeza, a uma escola de manifestação de simpatia pela premiação que o Salão Finalmente, em 1928, Portinari ganha, na 35ª O jornal pernambucano A Província publica
cores clara, vigorosa, vibrante, luminosa, como de Belas Artes acaba de auferir-lhe – a Grande Medalha Exposição Geral de Belas Artes, o cobiçado Prêmio artigo do poeta Manuel Bandeira, intitulado
estão a exigir as paisagens tropicais”. de Prata –, alguns intelectuais e artistas amigos daquele de Viagem ao Estrangeiro, com Retrato de Olegário “O Brasil que insiste em pintar”, sobre sua
pintor promovem um almoço em sua homenagem”. Mariano, que apresenta juntamente com outras 12 participação no Salão:
Portinari fala em seguida dos “falsos modernistas”, Nessa época, eram comuns os almoços na casa obras. O prêmio é muito disputado e grande é a
aqueles que, a seu ver, são “os fracassados, os que não de Olegário Mariano, frequentados por artistas e repercussão na imprensa, unânime em reconhecer Já concorreu mais de uma vez ao Prêmio de
estudaram a essência e o processo acadêmico, e se intelectuais como Humberto Cozzo, Luís Peixoto, que tinha sido de grande justiça, naquele ano, Viagem do Salão. Foi sempre prejudicado pelas
rebelam contra ele, porque apresenta dificuldades, Joubert de Carvalho, Jaime Ovalle, Heckel Tavares, conceder o prêmio a ele. Nessa direção, o Jornal do tendências modernizantes de sua técnica. Desta
e não porque seja uma expressão de velhice ou Gastão Formenti e Queiroz Lima, além de Portinari. Brasil comenta: “É uma distinção absolutamente vez fez maiores concessões ao espírito dominante
cansaço”. Olegário, poeta laureado da Academia Brasileira de justa, essa com que se vê premiado esse jovem na Escola, do que resultou apresentar trabalhos
Retoma o tema da arte nacional em entrevista Letras, era homem de família abastada e, mais velho artista, de cujo talento vivo, forte, eloquente e rútilo inferiores aos dos outros anos: isso lhe valeu o
publicada no jornal A Manhã: do que Portinari, tomara-o sob sua proteção. o Brasil tanto tem para esperar”. prêmio.4

32 … 33
Em entrevista para o jornal A Esquerda, Portinari parece duro e as figuras não aparentam vida sempre imperfeitíssimas? Acostumei-me a amar, Veronese – um pintor de grandes telas, com muitas
declara: “Fi-lo [o curso de Belas Artes] durante interior [...] tudo é convencional, até a pose dos de Velázquez, Os bebedores, o quadro das lanças figuras agrupadas em enormes composições, com
anos na Enba, desta capital, terminando-o em modelos. Não existe ar, nem naturalidade. Falece [A rendição de Breda], A crucificação… De estruturas variadas.”
1924 [sic]5. Durante o curso, tive diversos lentes de a originalidade para triunfar a “maneira”. Botticelli, como tenho amado as suas Madonas, Em novembro, dá novamente notícias ao amigo
notável capacidade artística, que dirigiram os meus tão cheias de encanto na sua “antiguidade” Olegário:
primeiros passos na arte de Zuloaga”. Também o professor de história da arte Flexa deliciosa e tão moderna! A Primavera, da
Nessa época, retrata seu colega, o pintor Ribeiro, da Enba, dirige-se ao pintor: “O sr. Portinari Academia de Florença, e o São Sebastião, da Já comecei a trabalhar, mas no meu quarto,
pernambucano Lula Cardoso Ayres, no ateliê de fica à superfície da coloridade; dentro daqueles Galeria Real de Berlim! [...] Essas predileções porque não consegui ainda ateliê (dentro de
Roberto Rodrigues, onde faz também Retrato de invólucros não há nem ossos, nem carne; não levo-as de coração e não no cérebro [...] Não há minhas posses); há muitos: custam apenas 3 a
Carlos Lima Cavalcanti. circula sangue. [...] Falo com esta clareza, uma vez maneiras melhores umas do que as outras. Não 4 mil francos. Contudo, não estou triste, porque
Em janeiro de 1929, Portinari vai a Brodósqui que estimo o artista e desejo vê-lo liberto deste é grande Rubens? E não o é também Velázquez? não estou perdendo tempo: pela manhã, vou
despedir-se de sua família, nos preparativos para maneirismo postiço em que se embrenhou”. E grandes não são do mesmo modo Zuloaga ao Louvre ver aquela gente de perto e à tarde
gozar o seu Prêmio de Viagem, e em maio faz sua Portinari declara em entrevista que, como e Claude Monet? Nenhum tem, entretanto, a faço estudos. Não pretendo fazer quadros por
primeira exposição individual, com 25 retratos, no retratista e não pretendendo abandonar a sua mesma “maneira”, os mesmos processos, a mesma enquanto. Estou cada vez mais antigo; diante
Salão Nobre do Palace Hotel do Rio de Janeiro, com predileção por esse gênero, gostaria de se deter um técnica... Baptista da Costa nada teria pintado, se das exposições que se realizam quase que
catálogo apresentado pelo poeta modernista Ronald pouco em Londres. Acrescenta ainda o pintor: tivesse nas mãos os pincéis de Antônio Parreiras, diariamente e das coisas do Louvre, a gente,
de Carvalho. A imprensa destaca sua mostra, que nem Eliseu Visconti produziria um São Sebatião não sendo idiota e tendo mais amor à Arte do
recebe, entretanto, algumas críticas: Entendo que a estadia na Europa não deve ser com a palheta de Pedro Américo. que ao sucesso, tem que pender para este último.
aproveitada pelo pintor para uma produção Aprendo mais olhando um Ticiano, um Rafael,
Sua pintura pastosa, de colorido falso, onde os intensa e quase nada meditada. Considero-o um Em junho, Portinari embarca para a Europa no do que para o Salão do Outono todo. [...] Apesar
azuis e os roxos são jogados com indecisão na prêmio de observação. O que vou fazer é observar, navio brasileiro Bagé e, chegando a Paris, instala-se de tudo, o movimento é esplêndido, talvez um
pesquisa de tonalidades erradas que transformam pesquisar, tirar da obra dos grandes artistas – do provisoriamente em Montparnasse, num quarto pouco dispersivo – tanto que eu agora me limito
muitos de seus quadros em cenografia humana. passado, nos museus, ou do presente, nas galerias – arranjado por seu amigo Alfredo Galvão. Pouco a ir ao Louvre e trabalhar, estudar, do contrário
Era o momento do sr. Candido Portinari os elementos que melhor se prestam à afirmação depois, muda-se para o Hotel du Dragon, à 36, a gente fica desnorteado. Achas que estou indo
defender-se das críticas sofridas anteriormente de uma personalidade. [...] Prefiro regressar rue du Dragon, e com os 3.200 francos mensais bem, assim?
dos vultos eminentes da nossa pintura, Amoedo da Europa sem nenhuma bagagem volumosa, do prêmio inicia sua programação de estudos,
e Eliseu Visconti, os quais contavam com a aparentando ao julgamento alheio nada ter decidindo não frequentar a Académie Julien, como Em dezembro, recebe carta de seu colega
mostra de agora, para se reabilitarem do voto feito, mas com cabedal profundo de observações e era praxe entre os premiados da Enba. Vicente Leite, que lhe comunica a morte de
[...] prejudicando [...] outros concorrentes [...] pesquisas. Uma tela só, cem vezes raspada e cem Em setembro, escreve a Olegário Mariano: seu amigo Roberto Rodrigues, assassinado em
desancados pelo prestígio das simpatias e das vezes pintada só para o artista, em uma procura “Continuo a visitar os museus. Não tive ainda circunstâncias trágicas.
inclinações de ordem social que esse retratista tem incessante de perfeição [...] vale mais, sem dúvida vontade de começar a trabalhar. Cada vez acredito Nesse ano ainda, participa, pela primeira vez,
tido a habilidade e preocupação de fazer. [...] do que uma centena de telas acabadas, feitas mais nos antigos. Entretanto, há muitos modernos de uma exposição no exterior: uma coletiva de 220
sobre fórmulas alheias, quase mecânicas, que o esplêndidos. Infelizmente, nós aí copiamos o que obras na Argentina, na qual apresenta Retrato de
O cronista sugere que o prêmio obtido por artista traga da Europa, como documentação de eles têm de mau”. Vai a Londres, de onde também Celso Kelly.
Portinari deveu-se à influência e prestígio de seu uma inútil operosidade. escreve a Olegário: “Estive hoje na National Em 1930, frequenta museus, exposições, cafés,
protetor Olegário Mariano. Ao mesmo tempo, o Gallery: vi coisas formidáveis. Parece-me melhor sobretudo La Rotonde e La Coupole com outros
crítico Virgílio Maurício aponta: E fala de sua predileções: que o Louvre. Amanhã lá voltarei e talvez mude de artistas, entre os quais Oscar Borgerth, Waldemar da
opinião, mas não creio”. Costa, Sotero Cosme, Gastão Worms, Hugo Adami,
Os 25 retratos expostos não definem uma Tenho uma grande admiração por Velázquez e Antonio Bento, relatando a viagem de Portinari, Manoel e Haydée Santiago, Raul Pedrosa e Olga
personalidade: parecem tentativas e se mostram Botticelli. São os dois artistas que mais ocupam cita-o: “Foi exatamente em Londres que resolvi não Mary, Joaquim Ferreira e o escritor Raul Bopp.
envelhecidos. Não é a pintura que se reclama para os meus sonhos de juventude. Mas o que conheço ser apenas um retratista, mas um pintor de todos Visita a Espanha (Madrid, Toledo e Sevilha)
um jovem, jovem das possibilidades de Candido deles, senão a tradição e a obra através de os gêneros [...]. O que na verdade desejo, vindo e Lourdes (na França) com Alfredo Galvão e sua
Portinari! Sua paleta surge sombria [...] o desenho gravuras e reproduções que, por mais perfeitas, são do mais profundo do meu espírito, é ser – como mulher Maria Luiza, Manoel e Haydée Santiago.

34 … 35
“Os museus são pequenos mas formidáveis, apenas na medida que o tempo nos separa um do outro,
os de arte moderna não correspondem. [...] Toledo cresce o meu bem querer formado pela convivência
é uma maravilha em todos os sentidos; é, talvez, a de alguns anos e pela afinidade de ideais”.
cidade de arte da Espanha”. O violinista Oscar Borgerth, que também
Recebe carta de seu colega Orlando Teruz, da estava em Paris naquela época, relembra conversa
Enba, no Rio de Janeiro, que dá bem a medida do com o amigo: “De vez em quando, eu perguntava
clima da Escola: “Estou trabalhando ativamente para a Portinari: ‘Mas escuta, você não pinta?’ Ele
o Salão. O quadro que estou pintando deve agradar respondia: ‘Eu, pintar?’ Porque na nossa profissão de
o júri; mesmo a minha intenção não é outra que músico, a gente tem que estudar, treinar muito, seja
concorrer ao Prêmio de Viagem e, para isso, pus de pianista ou seja o que for. [...] Portinari dizia:
lado qualquer tentativa de fazer coisa pessoal”. ‘A gente tem a pintura na cabeça”.
Portinari conhece Van Dongen e Othon Friesz. Até mesmo sua namorada e colega da Enba,
Pela primeira vez, participa de uma exposição na Rosalita Mendes de Almeida, lhe escreve: “Até que
Europa. Em 11 de junho, realiza-se a Expositon ponto pode chegar a preguiça de um premiado
d’Art Brésilien, coletiva, apresentando 34 obras de de viagem que se libertou de toda a espécie de
18 pintores brasileiros no Foyer Brésilien. Portinari preocupação. Se realmente um pedido meu pudesse
apresenta duas obras: um retrato e uma natureza- influir em você e lhe despertar a vontade de
-morta. trabalhar, eu ficaria tão contente [...] Me dá pena, me
Continua praticamente sem pintar; quer apenas revolta ver um talento como o seu estacionar dessa
absorver os ensiamentos dos grande mestres. Até o maneira, ficar parado, vadiando”.
final de sua estadia na Europa, Portinari será instado Essa carta de Rosalita cruza-se com a que
pelos amigos e colegas, em razão das notícias que Portinari escreveu para ela na mesma data. É a
chegam ao Brasil, de sua escassa produção de pintor. famosa carta do “Palaninho”, verdadeira carta de
Vicente Leite, seu colega na Enba, escreve-lhe: intenções, na qual surge com toda força o Brasil
“Tem corrido por aqui que você está levando aí em que toca Portinari, e que ele pretende retratar
Paris uma vida de verdadeiro desperdício de tempo, em seu regresso: “Palaninho é da minha terra, de
dinheiro e energias”. Após admoestar longamente o Brodósqui”.
amigo, diz: Portinari descreve minuciosa, plástica e
comovidamente Palaninho e sua mulher Biela, e
Desejo vê-lo de volta trazendo um quadro, um declara:
único quadro, porém que possa ser adquirido para
o nosso museu e o qual os teus amigos possam Vim conhecer aqui o Palaninho, depois de ter
apontar como uma obra que justifique o teu visto tantos museus, tantos castelos e tanta gente
prêmio. Eu estou certo que o farás porque para isto civilizada... Aí no Brasil eu nunca pensei no
tens capacidade de talento e de caráter. Nas tuas Palaninho. [...]
noitadas de farras, lembra-te do Brasil, do Rio de
Janeiro, de Brodósqui, dos teus e não deixes Paris
te vencer!
À D I R E I TA … RIGHT

E fazendo comentários saudosos dos tempos Painéis expostos no Pavilhão do Brasil,


na Feira Mundial de Nova York
de estudante, Vicente lembra ser sempre “o velho
Panels exhibited at the Brazilian Pavilion
amigo de turras, de brigas e desavenças por qualquer at the New York World Fair,
coisa, porém o mesmo que te quer muito bem e que, New York, maio de … May, 1939

36 … 37
Daqui fiquei vendo melhor a minha terra – nossos problemas de arte, Palanin tem sido o
fiquei vendo Brodósqui como ela é. Aqui não meu companheiro das palestras noturnas, num
tenho vontade de fazer nada... Vou pintar o quartier silencioso de lampiões sonolentos, onde
Palaninho, vou pintar aquela gente com aquela conversamos horas a fio sobre os problemas do
roupa e com aquela cor. Quando comecei a Brasil. Palanin é o tipo que Portinari anda
pintar, senti que devia fazer a minha gente criando: caboclo ítalo-bugre, ariano etíope,
e cheguei a fazer o Baile na roça. Depois, cafuso com sangue da Lombardia, mameluco de
desviaram-me e comecei a tatear e a pintar tudo todas as raças das zonas rurais de São Paulo.
de cor – fiz um montão de retratos. Eu nunca Às vezes costumamos chamar Portinari de
tinha vontade de trabalhar e toda gente me Palanin porque ele é bem um caboclo de
chamava preguiçoso... A paisagem onde a gente Brodósqui, da zona cafeeira de Ribeirão Preto.
brincou a primeira vez e a gente com quem a [...] É um caboclo desconfiado, que está há
gente conversou a primeira vez, não sai mais quase dois anos em Paris, assuntando. Que não
da gente... Quando eu voltar, vou ver se consigo perdeu os traços bárbaros de sua personalidade
fazer a minha terra. Uso sapatos de verniz, calça bem destacada. Que voltará para o nosso país
larga, e colarinho baixo e discuto Wilde, mas, no bem informado porém não catequizado por
fundo, eu ando vestido como o Palaninho e não nenhuma seita. [...] Ele me fala simplesmente:
compreendo Wilde. “O Brasil precisa, antes de tudo, olhar para
si mesmo e deixar de espiar os estrangeiros, e,
Provavelmente em agosto, seu amigo Raul quando os imitar, deve fazê-lo unicamente nas
Bopp apresenta-o a Plínio Salgado, que chegava a coisas práticas, anunciando por todos os cantos
Paris depois de longa viagem ao Oriente Médio do país as produções do espírito, como se faz aqui
e a oito países da Europa.6 E no dia 30 daquele na Europa. Ainda há pouco o governo francês
mês, Portinari dá a Salgado uma entrevista com o reuniu o maior número possível de obras de
título “Um pintor brasileiro em Paris (palestra com Delacroix e mostrou-as ao público. E todo mundo
Candido Portinari)”, que tem a seguinte introdução: viu a obra de Delacroix, uns pelos espírito de arte,
outros para ver uma coisa tão anunciada. Havia
Através do autor de Cobra Norato, fiz tabuletas em todos os pontos mais movimentados,
conhecimento com um dos maiores pintores nos metrôs, nos auto-ônibus, nos jardins e
brasileiros: Candido Portinari. Quando Bopp edifícios públicos. O anúncio de uma exposição
regressou à Alemanha, deixou-me Portinari de como o do aparecimento de um livro é feito com
presente. Espírito novo e ágil, com um profundo o mesmo rumor como se anuncia uma nova
sentimento de brasilidade, uma visão exata de marca de sabão. Nós devemos no Brasil acabar
com o orgulho de fazer uma arte para meia
dúzia. O artista deve educar o povo mostrando-se
acessível a esse público que tem medo da arte pela
ignorância, pela ausência de uma informação
À ESQUERDA … LEFT artística que deve começar nos cursos primários.
Portinari com o maestro Walter Burle Marx, Os nossos artistas precisam deixar suas torres de
na exposição do Museu de Arte Moderna marfim, devem exercer uma forte ação social,
de Nova York … Portinari with conductor
interessando-se pela educação do povo brasileiro.
Walter Burle Marx at the exhibition held at
the New York Modern Art Museum, New
Todos os homens de espírito no Brasil vivem
York, outubro de … October, 1940 isoladamente sem sentimento de coletividade,
por isso são eles os que têm menos força”. Brasileiro até aos ossos, resistiu brilhantemente dispersivo; a minha pintura não refletiu o que Os meus recentes trabalhos estão apagando o
“Acha você que poderemos criar uma pintura a todas as influências durante seus dois anos de eu desejava; não me pareço nada com ela. Portinari antigo. Van Dongen, a quem mostrei
caracteristicamente brasileira?”, pergunta-lhe estudos na Europa. Não por ser impermeável, pois A culpa não foi minha, foi do meio, do século e da algumas cabeças que fariam sucesso no Brasil,
Salgado. “Sim, mas primeiro é preciso criar o tem uma sensibilidade capaz de compreender. vida, sobretudo da vida. Você leu a minha carta me dizia: “Como consegue o senhor fazer coisas
espírito nacional, para que haja uma direção De deixar seu espírito conviver, sem prejuízos Palaninho? Lá eu digo o que eu devia ter feito. tão difíceis? A pintura é tão fácil...” A viagem à
geral comum na obra de pesquisa e de construção. culturais, com todas as formas de arte. Ele Europa para um moço que observa é útil. Temos
Almeida Junior, que é do tamanho do maior viu tudo, apreendeu bem o sentido geral do Nessa altura, conhece Maria Victoria Martinelli, tempo de recuar. Temos coragem de voltar ao
pintor da França, abriu a picada para a pintura movimento moderno. E ficou mais brasileiro jovem uruguaia de 19 anos, radicada com a família ponto de partida. Eu sou moço.
brasileira, mas deixaram crescer capim de novo. ainda. Eu creio que Candido Portinari pode ser em Paris. Sua mãe, Rosa Elvira, casara-se com
E entretanto o seu exemplo continua enchendo no seu setor um condottiere. Temos de iniciar Antonio Amorim Diniz (conhecido artisticamente Vê-se imediatamente em dificuldades
os nossos museus com a sua grandeza esquecida o grande movimento nacional. Cada um no seu como Duque), que tivera grande sucesso como financeiras e mora inicialmente em pensões: uma
de todos”. “E que pensa, Portinari, da influência posto. Cada um na sua batalha. Todos visando o bailarino no Rio de Janeiro e levara o “maxixe’ pensão da rua Senador Dantas, um quarto alugado
estrangeira no Brasil?” “Devemos trancar as Grande Brasil. A nossa geração precisa erguer-se (dança popular brasileira, sensual e movimentada) em cima de um açougue, na rua do Catete, e em
portas para a arte estrangeira. Nem a pintura num movimento inédito na história do país. Ele para a Europa. Fixando-se em Paris, Duque abre outra pensão da rua Pedro Américo.
do salão nem a da Galeria Percier devem entrar também compreende essa necessidade. Esse dever. um restaurante de comida típica brasileira, onde Maria relembra que o humorista Aporelli, de
de agora em diante no Brasil. A nossa natureza, Essa responsabilidade. Portinari conhece aquela que viria a ser a grande nome artístico Barão de Itararé, que já conhecia
o nosso povo estão cheios de surpresa. O nosso companheira de sua vida. Portinari, vem apoiar o casal:
povo está se formando de todas as raças, tem todos Em 3 de setembro, Portinari escreve a Rosalita
os climas, aspectos bem nacionais, na angústia uma carta entusiasmada, na qual transcreve Não tive nenhuma impressão assim mais forte. Ele chegou, conversou um pouco, viu que a gente
do seu crescimento, uma fisionomia moral e integralmente a entrevista, afirmando: Eu não tinha a obra dele para ver, e ele não estava sem dinheiro, em situação difícil, e disse:
intelectual bem marcada; a arte deve traduzir pintava. Então, só pelas conversas, muita coisa “Portinari, eu agora estou bem”. Então puxou um
essa inquietude, esse caráter de raça, o momento Eu não posso ser medíocre – ou eu marcarei me parecia muito romantizada. Depois, quando caderno de cheques: “Posso dar um cheque. Quanto
brasileiro de Humanidade. Abaixo a pintura do uma época na Arte Brasileira ou então comecei a ir com ele aos museus, às exposições, e é que você precisa?” O Candinho ficou sem graça:
Salon francês que os nossos acadêmicos fazem desaparecerei. [...] Não pretendo ficar somente ele falava sobre o que estávamos vendo, aí é que “Não, nada, imagina”. Aí, ele propôs um trato: “Eu
no Brasil; mas tampouco devemos aceitar as dentro da pintura – tenho sonhado muito, tenho comecei a me interessar e a achar que ele sabia venho almoçar com vocês e dou um tanto. Assim,
pinturas das galerias modernas de Paris, que os arquitetado grandes planos. Você naturalmente muito. [...] Era uma pessoa tão diferente das que almoço”. A gente disse que estava bem, mas eu não
nossos vanguardistas lá fazem com a cabeça cheia acha o meu entusiasmo infantil. Não houve eu tinha conhecido... O Portinari era um rapaz sabia cozinhar. Pensei que o mais fácil seria fazer
de teorias e de pontos de vista”. Mais adiante, nenhum movimento que não começasse com certa bonito, muito bonito. Era muito magrinho, e eu macarrão. Comprei uma infinidade de linguiça
após exemplificar os diferentes tipos que compõem aparência de ridículo. É assim que se começa – também, éramos dois magrelas. e tirei a pele toda da linguiça para fazer o molho.
o povo do Brasil, Portinari declara: “Esses tipos A Revolução Francesa, a Revolução Russa, o E o macarrão saiu um grude [...] Saiu horroroso!
ficarão porque têm alma brasileira, portanto são Fascismo – começaram nos cafés... ou “num Em 5 de janeiro de 1931, regressa ao Brasil, Mas depois fui aprendendo; num instante estava
humanos e universais. Acabemos com as vidas de quartier silencioso, de lampiões sonolentos”. com Maria, no navio Lipari. No desembarque, são cozinhando bem. O Aporelli ficou firme, vinha
Luiz XIV, escritas do Amazonas e com as cabeças aguardados por Olegário Mariano e Celso Kelly. comer conosco assim mesmo.
de Holophernes pintadas na favela”. Portinari Em 6 de setembro, escreve novamente para Portinari tem em sua bagagem apenas seis obras:
fala na necessidade de um movimento interior Rosalita: três naturezas-mortas, um nu, um autorretrato e um Apesar de todas essas agruras, recomeça a pintar
de fé para que possa surgir a obra de arte: pequeno retrato de Maria. intensamente. É obrigado – para sobreviverem – a
“O artista brasileiro não pode ser irônico, nem Você já leu minha entrevista? Ela transborda de No mesmo dia, inaugura-se na Sociedade fazer, sobretudo, retratos. Graças à ajuda dos amigos,
cético. Isso pertence aos povos decadentes. Nós entusiasmo e é bem tropical, mas tudo aquilo é Brasileira de Belas Artes a Exposição de Autorretratos obtém sempre encomendas.
devemos acreditar para o Brasil ser Brasil”. alegria, é contentamento pela sua chegada. Eu [sic], na qual apresenta três trabalhos. Dá entrevista O governador do Estado de Pernambuco, Carlos
não sou a entrevista, não tenho bastante coragem para O Mundo Ilustrado: de Lima Cavalcanti, pede ao pintor pernambucano
Plínio Salgado termina essa entrevista falando minha para ser um chefe. Nunca pertenci a uma Lula Cardoso Ayres que encomende a Portinari o
de sua fé no que Portinari será capaz de fazer pelo corrente, não fui acadêmico, não fui moderno, Ao chegar da Europa, tive um enorme trabalho: retrato de corpo inteiro de João Pessoa, que seria
seu país ao regressar: não fui impressionista e não fui eu mesmo; eu fui desaprender, para recomeçar. Estou recomeçando. colocado no Palácio do Governo. Portinari faz, a

40 … 41
partir de uma fotografia, Retrato de João Pessoa, que é
entregue ao governador.7
Algum tempo depois, mudam-se para o
apartamento da Lapa – bairro dos artistas e boêmios –
à rua Teotônio Regadas, n. 34, alugado em sociedade
com os amigos, o poeta Dante Milano e sua mulher
Alice, onde têm como vizinhos o escultor italiano
Lélio Landucci, Queiroz Lima e Raul Bopp. Apesar
do espaço exíguo, ainda hospedam, por algum
tempo, o pintor Foujita e sua mulher Madeleine.
É ali que o pintor japonês prepara a exposição
que faz em São Paulo em março de 1932. Nessa
ocasião, Foujita retrata o casal Portinari (também
Portinari visita o filho João Candido em viagem à Europa
em caricaturas), sendo por sua vez retratado por
Portinari visits his son João Candido on a trip to Europe.
Portinari, juntamente com Madeleine. Maria
relembra: “Quando o Foujita se mudou para lá, PÁGINA À ESQUERDA … L E F T PA G E

ele comprou um estrado de madeira, pintou O casal Portinari com seu filho João Candido
uns corações no estrado e escreveu na cama ‘Lit The Portinari couple with their son Joao Candido
d’Amour’. Depois comprou chita riscadinha de cor-
de-rosa e branco, fez uma espécie de cortina e botou
uns pregos para pendurar as coisas”.
Manuel Bandeira relembrará mais tarde:
“Quando o japonês andou por aqui, pareciam, culturais, como o Instituto de Música, a Biblioteca
ele e Portinari, dois cozinheiros da pintura, a se Nacional, o Museu Histórico e a Enba.
comunicarem receitas e processos. Estudo de Aos 28 anos, ainda jovem, Lúcio Costa, arquiteto
cozinha ótimo para o brasileiro, que meteu no papo, que regressara ao Brasil depois de longo período de
firme e de vez, aquele senso da matéria, hoje um dos formação na Europa, é indicado para substituir o
atributos mais persuasivos das suas obras”. ultraconservador José Mariano Filho na direção da
Nesse ano, faz exposição individual no Palace Enba, e então deflagra o que se constitui num marco
Hotel, por iniciativa da Associação dos Artistas da revelação da arte moderna no Brasil – até então
Brasileiros.8 A exposição é bem recebida pela crítica. movimento elitista e restrito a São Paulo.
Em artigo intitulado “Um retratista moderno”, a Portinari é convidado a integrar a comissão
crítica declara pela primeira vez: “Portinari voltou organizadora do Salão Nacional desse ano,
moderno”. juntamente com Lúcio Costa, Manuel Bandeira,
Portinari encontra uma nova ambiência artística Anita Malfatti e Celso Antonio. Pela primeira
no Rio de Janeiro. A Revolução de 1930 repercutiu vez, é abolido o júri de seleção, e todos os
em todos os setores da vida nacional. Getúlio Vargas trabalhos apresentados são aceitos, resultando
cria o Ministério da Educação e Saúde, para o qual daí a participação das mais diversas tendências.
nomeia o jurista Francisco Campos. Este convida, A revista O Cruzeiro publica este comentário de
para chefe de gabinete, Rodrigo Mello Franco Peregrino Júnior:
de Andrade,9 que, assessorando-se com Mário de
Andrade e Manuel Bandeira, dá imediatamente O Rio ainda não está refeito do susto, do espanto
início à renovação das instituições artísticas e e da surpresa que lhe causou a inauguração do

42 … 43
Salão oficial deste ano. [...] Surgiu, com o fragor pela sua formulazinha ou não desfrutasse das Manuel Bandeira, sem grande parecença talvez Notas
alarmante de um petardo, o ato verdadeiramente suas boas graças, não era admitido nas exposições. e nenhum brilho; todo em tons baixos, de grande
subversivo do sr. Lúcio Costa: um Salão livre Os que tinham formulazinha e boas graças segurança na obtenção dos valores, obra muito 1 Grande parte do conteúdo foi extraído da
e moderno na Escola de Belas Artes? Aliás, eram mimoseados com medalhas e bombons. boa. Folheei o catálogo. Era de um tal Candido cronobiografia ilustrada Candido Portinari, o lavrador
a designação da Comissão Organizadora do As recompensas maiores ficavam para depois, Portinari, artista de quem nunca ouvira falar, de quadros, publicada pelo Projeto Portinari em 2003,
Salão, tendo sido uma iniciativa simpática para mais tarde, quando voltassem da Europa, naturalmente um “novo”. Ao lado, ainda outro em comemoração ao centenário de nascimento do
e violenta do diretor da Enba, já podia, por bem comportados, pintando como partiram retrato, O violinista, do mesmo autor, era já pintor.
si só, imediatamente definir uma atitude daqui. Do contrário, eram excomungados por uma obra admirável pela composição e a firmeza
revolucionária. Desprezando o prestígio sagrado 2 coutinho, Eduardo. O menino de Brodósqui (1980),
traição, apontados como nocivos aos rapazes que extraordinária do desenho, e me deixei arrastar
dos medalhões da arte oficial, o sr. Lúcio Costa especial para o Globo Repórter.
começavam. [...] Veio Lúcio Costa que arrancou em pelo entusiasmo. Depois parti para o que tinha a
entregou, resoluto e desabusado, a organização do praça pública as barbas de bode do Deus Conselho, fazer, e quando voltei [...] ao Salão, este fervia de 3 Por ter cursado somente até o terceiro ano primário,
Salão a espíritos jovens e livres (alguns dos quais mandou a cadeira de Dona Domitila para o pintores, poetas, críticos e amigos. A conversação não pôde ser aceito como aluno formal da Enba.
recusados, por sinal, dos salões anteriores). [...] Museu Histórico e deu de graça ao Brasil o Salão. se fez muito viva. [...] Eu disse: “De quem gosto de 4 Alguns anos depois, Mário de Andrade, catalisador
Era claro que esse scratch de artistas independentes, Foi grande o contentamento. Todo mundo expôs. verdade é desse pintor Candido Portinari, que fez do Modernismo no Brasil, compararia esse prêmio
[...] ia transformar aquele velho museu de Compareceram todas as escolas, desde as mais aquele admirável O violinista, quem é?” à recusa de Baile na roça: “Mas se lhe recusavam a
fósseis antediluvianos em um legítimo salão enferrujadas até as mais novas. Veio gente de todos Vi então avançar para mim um rapaz cena rural lhe aceitavam os retratos; [...] um retrato
de arte. [...] Um salão que fosse o panorama de os estados. O estrangeiro que desejasse se informar baixo, claro, com olhos pequeninos de grande do poeta Olegário Mariano envolto em uma toga
uma inquietação. E foi o que sucedeu, Deus seja das artes plásticas do Brasil podia fazê-lo pelo Salão, mobilidade, capazes de crescer luminosos de romana ou coisa parecida”.
louvado! [...] ou, melhor, pelo “Salão Lúcio Costa”. confiança e lealdade, como de diminuir, com
5 Há controvérsia quanto ao ano em que Portinari
um ar de ironia ou desconfiança. Era Candido
Também Portinari pronuncia-se sobre o evento, concluiu os cursos da Enba.
A reação conservadora não se faz esperar, e a Enba Portinari e desde então ficamos amigos. Minha
em artigo assinado com o título Salão Lúcio Costa: entra em crise. Aproveitando a queda do ministro da vaidade é a de ter sido dos primeiros a descobrir 6 A passagem pela Itália sem dúvida representou um
Educação, Francisco Campos, a Congregação impõe o valor deste grande artista. Sua obra, ainda que momento decisivo para a futura carreira política
Foi um salão de verdade – o único realizado a demissão de Lúcio Costa. Após violenta polêmica, muito cuidada, procurada na técnica e pouco de Plínio Salgado. Durante um mês, observou de
no Brasil sem protecionismo. Até mesmo os os “passadistas”, liderados por José Mariano Filho, afirmativa, obtinha então um respeito passivo e perto a experiência fascista, que o influenciou
expoentes das diversas correntes expuseram retomam o controle da Escola e do Salão. Sobre silencioso, mais que uma verdadeira admiração. profundamente; após um encontro com o ditador
por amor à Arte. Não houve, como nos anos o episódio, relata Manuel Bandeira: “Os generais Por certo não passou por minha imaginação todo italiano Benito Mussolini, escreveu a um amigo no
anteriores, recompensas de espécie alguma – nem voltarão ao trambolho da avenida Rio Branco. Não o variado e extraordinário caminho que Portinari Brasil, dizendo que um “fogo sagrado” entrara em
o dinheiro que o governo costumava oferecer e faz mal: Lúcio deixa um ponto luminoso na história iria percorrer em seguida, porém O violinista já sua vida.
nem as medalhas, prêmio que só se distribui em daquela casa: reformou em bases decentes o curso era uma obra por si mesma excepcional em nosso 7 O Projeto Portinari nunca encontrou essa obra.
corridas de bicicleta. [...] Os salões anteriores de arquitetura e deu o exemplo de uma verdadeira meio. Havia nela uma “necessidade” interior
eram organizados pelo Conselho de Belas Artes, exposição de artes plásticas”. impossível de confundir-se com o prazer da 8 Essa exposição se realizaria anualmente até 1936.
extinto por incapacidade pelo governo provisório. Além de membro da Comissão Organizadora, novidade e as preocupações de originalidade. 9 Figura central em todas as atividades de resgate e
A maioria dos pintores afirma que foi este o Portinari expõe 17 obras no Salão Revolucionário. E depositei no pintor uma confiança sem reservas. de preservação do patrimônio artístico-cultural
ato mais acertado da Revolução. Talvez digam Nessa ocasião, Mário de Andrade, autor de brasileiro.
isto, porque o governo não dissolveu ainda a Macunaíma e grande catalisador do modernismo no
Congregação da Escola. No fundo, Conselho e Brasil vem de São Paulo ver o Salão: Epílogo
Congregação são a mesma coisa – os atores são
quase os mesmos, o cenário é o mesmo, apenas o Eu viajei os quinhentos quilômetros de São O Projeto Portinari oferece o seu portal http://
metteur-en-scène muda de posto e a tabuleta Paulo ao Rio só para ver o Salão [...] O recinto www.portinari.org.br para os nossos caros leitores
vira, de acordo com a trupe que vai trabalhar. estava quase vazio, na calma pesada das duas da e leitoras que desejarem saber mais sobre Portinari
Os senhores do Conselho eram os proprietários tarde e pude observar tudo com sossego. Numa e sobre a importância do Museu Nacional de Belas
das artes plásticas no Brasil. Quem não pintasse das salas menores, havia [...] o Retrato de Artes em sua vida.

44 … 45
C
andido Portinari pode não ter sido – Uma etapa decisiva na carreira desse pintor
Portinari, como é opinião de alguns – o maior
pintor brasileiro de todos os tempos,
inicia-se, em 1930, quando o país é sacudido por uma
revolução, que irá modernizá-lo. Essa revolução, que
mas foi, sem qualquer dúvida, uma tem causas em questões políticas nacionais, resulta
pintor brasileiro extraordinária personalidade artística, com
indiscutível talento pictórico, que marcou para
também da grande crise econômica de 1929, que
abalou a economia mundial, inclusive a brasileira.
sempre a história da arte brasileira. Inicia-se, então, uma nova época, em que as questões
Nascido em 1903, em Brodósqui, pequena econômicas e sociais ganham especial relevância.
ferreira gullar cidade do interior de São Paulo, onde não havia Tais questões influirão também nas manifestações
pintores nem escola de pintura, muito cedo revelou artísticas, podendo-se falar de uma nova etapa do
seu talento, impressionando a família e os amigos. Modernismo brasileiro. Digo isso porque, a partir
Foi a confiança deles na vocação do moço Candinho de então, o Brasil primitivo, com suas lendas e seu
que possibilitou sua ida para o Rio de Janeiro, em folclore, temas do Modernismo, é substituído pelo
1918, aos 15 anos de idade, para estudar pintura. Brasil real, com seus graves problemas sociais. O
Ali começou uma nova etapa de sua vida e de sua romance, a poesia, as artes plásticas refletem essa
vocação. Adquire o domínio da técnica pictórica mudança. A pintura de Portinari vai se tornar veículo
tradicional, que terá papel decisivo nos futuros desse novo Brasil, problemático e desigual.
caminhos que sua pintura percorrerá. No plano das artes, foi importante a nomeação
Na década de 1920, com o surgimento de de Lúcio Costa para a direção da Escola Nacional
artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Tarsila de Belas Artes (Enba) em 1930. Como era a Enba
do Amaral, entre outros, a pintura brasileira livra-se que realizava o Salão Nacional de Belas Artes,
das normas acadêmicas que caracterizaram a arte do pôde ele convidar para participarem da mostra
século xix no Brasil. Portinari, no entanto, só mais alguns artistas modernos, entre os quais Candido
tarde se deixará influenciar pela nova tendência. Portinari. Esse fato, por sua vez, indica que a visão
Fator decisivo nessa mudança foi sua ida para moderna ganhava terreno na área da cultura,
a Europa, ao ganhar o Prêmio de Viagem do Salão particularmente nas artes plásticas, em que os
Nacional de Belas Artes. A qualidade de sua pintura valores acadêmicos estavam mais arraigados. Já no
passa a ser notada pelos críticos, especialmente terreno da arquitetura, surgira uma geração voltada
devido aos retratos que pinta, sendo um deles, o para as lições dos mestres europeus, entre os quais
do poeta Olegário Mariano, que lhe deu o prêmio se destacava Le Corbusier.
de viagem. Nessas obras, ele conseguiu juntar as O novo ministro da Educação e Cultura, o mineiro
qualidades técnicas da pintura tradicional a um Gustavo Capanema, pertencia à geração de Carlos
novo modo de conceber a figura humana. Não por Drummond de Andrade e Murilo Mendes, que
acaso, esse é um gênero em que sua arte se distingue renovavam a poesia brasileira. Foi ele quem convidou Le
pela execução e a originalidade. Entre esses retratos, Corbusier a projetar o novo edifício do seu Ministério.
destaca-se o de sua esposa, Maria, que pertence ao Esse projeto, desenvolvido por uma equipe de jovens
acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Ressalto, arquitetos brasileiros, tornou-se o marco inicial da
não obstante, que é nos retratos posteriores, de moderna arquitetura no Brasil. A equipe de arquitetos
poetas brasileiros daquela época, como Carlos era liderada por Lúcio Costa e dela também fazia
Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de parte o jovem Oscar Niemeyer, recém-formado na
Lima e Mário de Andrade, que o retratista Portinari Escola Nacional de Arquitetura. Nesse edifício, Candido
supera a linguagem realista por uma espécie de Portinari realizou seus primeiros murais em azulejo,
expressionismo muito pessoal. além de dois outros em tela, que até hoje lá estão.

46 … 47
Retrato de Olegário
Mariano, 1928
óleo sobre tela
oil on canvas
120 x 62,2 cm

À D I R E I TA … RIGHT

Retrato de Darclée
Gama Rodrigues, c. 1959
óleo sobre tela
oil on canvas
53,1 x 29 cm

48 … 49
Outra vista do Pavilhão do Brasil,
na Feira Mundial de Nova York
Another view of the Brazilian Pavilion
at the New York World Fair
New York, maio de … May, 1939

PÁGINA À ESQUERDA … LEFT PA G E

Portinari pintando na Biblioteca do


Congresso em Washington, D.C.
Portinari painting at the Library of
Congress, Washington, D.C., 1941

50 … 51
Disse há pouco que, a partir de 1930, as questões tamanho, mas de tema original: Café, pintado
políticas e sociais tornaram-se o material principal em 1935. Nela já estava o modo de compor e de
da literatura e das artes, de maneira geral. Pois bem, usar o desenho das figuras e as cores de maneira
Portinari talvez seja o pintor brasileiro que mais diversa de como fazia nos quadros de cavalete. Essa
reflete essa mudança, sobretudo nos anos 1940, tela assinala também o salto do pintor para uma
quando se torna membro do Partido Comunista, pelo linguagem efetivamente distinta, desligada do
qual se candidatou a deputado e, depois, a senador. modelo conservador que ainda se mantinha em sua
Mas a atividade política não era a sua vocação e, pintura. Ele também inova no colorido, que se torna
por isso mesmo, em vez de insistir na política, fez da predominantemente marrom e marcará um longo
temática social o assunto de seus quadros e murais. período de sua pintura.
A série de pinturas que representam retirantes Àquela altura, o talento de Portinari já chama
famintos e miseráveis, bem como cadáveres de a atenção da crítica, tanto no Brasil quanto no
crianças vítimas da seca e da fome é a fase mais exterior, onde seus quadros se tornam conhecidos
dramática da obra de Portinari, embora não seja, e admirados. Em 1940, expõe em Nova York e em
Esboço para a pintura mural Jogos
pictoricamente, a melhor. Detroit, quando recebe o reconhecimento da crítica infantis … Draft for the Jogos Infantis
E isso é compreensível, uma vez que, especializada. Como consequência, em 1942, ele mural painting, c. 1944
na realização dessas telas, ele estava mais é convidado a realizar um mural na Biblioteca do grafite e lápis de cor sobre papel
preocupado em mostrar a realidade dolorosa Congresso, em Washington. Essa obra é o início de lead and color pencil on paper
12,8 x 13 cm
de seus personagens do que em criar uma obra uma nova fase, caracterizada pelo estilo expressionista
precipuamente pictórica. Há nessas telas, sem e a influência de Pablo Picasso, particularmente por
dúvida, a qualidade técnica que caracteriza a sua sua obra Guernica, que ele vê numa exposição do
pintura, mas o que ele pretendia era chocar as Museu de Arte Moderna de Nova York. A partir de
pessoas com o sofrimento das figuras pintadas mais então, a pintura mural tornou-se a contribuição mais
do que oferecer-lhes prazer estético. Essa é, porém, significativa de sua arte, possibilitando-lhe enriquecer
uma fase de sua obra que passaria por muitas outras, a linguagem pictórica tanto no plano cromático Esboço para a pintura mural Jogos
infantis … Draft for the Jogos Infantis
algumas das quais impregnadas de lirismo e beleza quanto nas composições que se tornaram uma marca
mural painting, c. 1944
gráfica e cromática, expressão de seu talento criador. particular de seu trabalho. grafite e lápis de cor sobre papel
Na década de 1920, surge o muralismo mexicano, Já em 1936, a vocação de muralista se revela no lead and color pencil on paper
que terá influência sobre Portinari, mas não por mural que pinta na casa da família, em Brodósqui. 12,9 x 11,3 cm
acaso, e sim porque esse tipo de arte estava latente Depois, outros murais pintou, destacando-se os dois
PÁGINAS SEGUINTES … NEXT PA G E S
em seu temperamento e em sua imaginação de feitos para integrar o projeto de vanguarda que foi a
Estudo para pintura mural … Study
pintor. E isso porque era um gênero pictórico que construção do Ministério da Educação e Saúde, hoje
for mural painting, da série Ciclos
se identificava com sua própria história de vida. palácio Gustavo Capanema. Fosse pela expressividade Econômicos … from Ciclos Econômicos
Brodósqui, a pequena cidade onde nasceu e descobriu dessas obras, fosse porque a época favorecia a esse series [Palácio Gustavo Capanema, Rio
o mundo, sempre esteve presente em sua memória tipo de expressão, a verdade é que o prestígio de de Janeiro]: mão, 1937,
e em seu modo de ver o Brasil. Essa que o identifica Portinari ampliou-se no Brasil e fora dele, como carvão sobre papel … charcaol on paper
20,7 x 22,9 cm
com o camponês pobre, com o brasileiro que existia demonstram as exposições que foi convidado a
fora da História. A pintura mural é, por definição, realizar nos Estados Unidos e na Europa.
Estudo para pintura mural … Study
o veículo de uma mensagem mais ampla, menos Entre os muitos murais que pintou a partir de for mural painting, da série Ciclos
individualizada – o veículo próprio a um pintor que então, alguns se destacam particularmente, como Econômicos … from Ciclos Econômicos
queria retratar e mudar o país em que nascera. A Primeira Missa no Brasil, de 1948. Nessa obra, a series [Palácio Gustavo Capanema, Rio
Na opinião de alguns críticos, o muralismo visão de Portinari situa-se no extremo oposto de de Janeiro]: cabaça, c. 1938,
grafite sobre papel … lead on paper
portinariano começou com uma tela de pequeno Primeira Missa no Brasil, de Vítor Meireles, pintada
33 x 25,5 cm

52 … 53
em fins do século xix. Portinari cria uma concepção estilizadas, que estão presentes por seu significado
alegórica, sem qualquer propósito de retratar o fato simbólico. Esse critério fica bem evidente nesses dois
histórico real. Sua obra é uma composição moderna, murais pelo fato mesmo de que versam sobre temas
que funde a linguagem figurativa transfigurada com antagônicos: a guerra e a paz.
a linguagem da pintura abstrata. Afora isso, eles diferem dos anteriores pela
No ano seguinte, realiza o célebre mural concepção espacial e alegórica, de que resultam
Tiradentes, para o colégio de Cataguases. Neste, sua duas obras ao mesmo tempo antagônicas e coesas:
linguagem ganha em monumentalidade e beleza, antagônicas na expressão temática e coesas na
uma beleza épica que lhe permitiria ocupar uma concepção das respectivas composições pictórico-
posição única na história da pintura brasileira. -espaciais. Acrescente-se ainda que, além da
Não são menos dramáticos e criativos os murais significação de cada figura ou grupo de figuras,
da Igreja da Pampulha, concluídos em 1943, Portinari nos oferece, em cada um desses painéis,
quando Juscelino Kubitschek era prefeito de Belo uma totalidade harmoniosa e poética, que logo
Horizonte. Neles já se encontram tanto o caráter apreendemos aos olhá-los. São as duas leituras que
alegórico quanto a dramaticidade das figuras. obras de tais dimensões oferecem.
Mas, de todos os murais que pintou, os que lhe Para concluir, devo dizer que a obra pictórica de
deram maior prestígio e projeção internacional foram Candido Portinari não se limita aos murais e outras
Guerra e Paz, oferecidos pelo governo brasileiro à sede obras aqui mencionadas. A sua produção artística
da Organização das Nações Unidas (onu), em Nova é rica tanto na quantidade quanto na qualidade.
York. São dois grandes painéis de 14 x 10 metros Outro ponto a sublinhar é o caráter tematicamente
e que estão situados no hall de entrada do edifício nacional de suas obras, o que faz dele não apenas o
projetado por Oscar Niemeyer. Como em quase todos grande pintor que é, como também o mais brasileiro
os seus murais, trata-se de figuras e grupos de figuras de nossos pintores.

54 … 55
Retrato de colega da escola, 1920
óleo sobre tela colada em madeira
oil on canvas glued on wood
25,5 x 20 cm

À D I R E I TA … RIGHT

Retrato de Carlos de Lima Cavalcanti, c. 1931


óleo sobre tela colada em madeira
oil on canvas glued on wood
32,5 x 24 cm

56 … 57
Retrato de José Mariano Filho, c. 1931
óleo sobre tela
oil on canvas
33,4 x 23,9 cm

À ESQUERDA … LEFT

Retrato de Nestor de Figueiredo, c. 1931


óleo sobre tela colada em madeira
oil on canvas glued on wood
34 x 24,5 cm

58 … 59
Retrato de George Weil, 1933
óleo sobre tela
oil on canvas
33 x 24 cm

À D I R E I TA … RIGHT

Retrato de Oswald de Andrade, 1935


óleo sobre tela
oil on canvas
48 x 28,8 cm

60 … 61
Retrato de homem, 1932
grafite sobre papel
lead on paper
19,9 x 14,3 cm

À ESQUERDA … LEFT

Retrato de homem, 1932


grafite sobre papel
lead on paper
18,4 x 14,3 cm

62 … 63
Retrato de Jorge Félix, 1932 Retrato de homem, 1932 Retrato de Renato Rabech, 1932 Retrato de homem, 1932
grafite sobre papel grafite sobre papel grafite sobre papel grafite sobre papel
lead on paper lead on paper lead on paper lead on paper
18,9 x 13,8 cm 19 x 13,5 cm 18,5 x 14 cm 18,9 x 13,9 cm

64 … 65
Retrato de homem, 1932
grafite sobre papel
lead on paper
18,8 x 13,3 cm

À D I R E I TA … RIGHT

Retrato de Victor Hugo da Costa, 1932


grafite sobre papel
lead on paper
19,3 x 14,3 cm

66 … 67
Caricatura de Santa Rosa, 1956
nanquim sobre papel
India ink on paper
12,4 x 11,8 cm

À ESQUERDA … LEFT

Caricatura de Felícia Leiner, 1956


crayon, sépia, grafite e lápis de cor
sobre papel… crayon, sépia, lead and
color pencil on paper
34,2 x 21,4 cm
Retrato de Aníbal Machado, c. 1940
monotipia
monotype
43,3 x 33,9 cm

70 … 71
Estudo para o painel de azulejos
São Francisco de Assis … Study for
the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: cabeça, 1944
nanquim e aguada sobre cartão
India ink and dillution on cardboard
46 x 37 cm

À ESQUERDA … LEFT

Esboço para o painel de azulejos


São Francisco de Assis … Draft for
the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: cabeça, 1944
nanquim e aguada sobre cartão
India ink and dillution on cardboard
43,2 x 34,7 cm

72 … 73
Estudo para o painel de azulejos
São Francisco de Assis … Study for
the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: mão, 1944
Estudo para o painel de azulejos nanquim e aguada sobre cartão
São Francisco de Assis … Study for India ink and dillution on cardboard
the São Francisco de Assis ceramic 35,2 x 31,9 cm
tile panel: mão, 1944
nanquim e aguada sobre cartão
India ink and dillution on cardboard
22,1 x 19,2 cm

74 … 75
Estudo para o painel de azulejos Estudo para painel de azulejos
São Francisco de Assis … Study for São Francisco de Assis … Study for
the São Francisco de Assis ceramic the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: mão, 1944 tile panel: mãos, 1944
nanquim e aguada sobre cartão nanquim e aguada sobre cartão
India ink and dillution on cardboard India ink and dillution on cardboard
33,7 x 26,9 cm 42 x 58 cm

76 … 77
Estudo para o painel de azulejos
São Francisco de Assis … Study for
the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: pé, 1944
nanquim e aguada sobre cartão
India ink and dillution on cardboard
17,6 x 39,2 cm

À D I R E I TA … RIGHT

Esboço para o painel de azulejos


São Francisco de Assis … Draft for
the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: pé, 1944
nanquim e aguada sobre cartão
India ink and dillution on cardboard
43,6 x 28,4 cm

78 … 79
Estudo para o painel de azulejos
São Francisco de Assis … Study for
the São Francisco de Assis ceramic
tile panel: pés, 1944
carvão sobre papel
charcoal on paper
40,6 x 40,7 cm

80 … 81
Estudo para … Study for As bodas
de Caná, da série Israel … from Israel
series: ânfora, 06/1956
grafite sobre papel
lead on paper
12,9 x 15,9 cm

82 … 83
Esboço para o painel Jangadas
do Nordeste … Draft for the Jangadas
do Nordeste panel, 1939
grafite sobre papel
lead on paper
10 x 10,5 cm

À ESQUERDA … LEFT

Esboço para o painel Garimpo


em Minas Gerais … Draft for the Garimpo
em Minas Gerais
panel: garimpeiros, 1956
grafite sobre papel
lead on paper
21 x 15,8 cm

84 … 85
Esboço para a pintura Colheita Esboço para a pintura Colheita de
de fumo … Draft for the Colheita cacau … Draft for the Colheita de
de fumo painting, 1948 cacau painting, 1948
grafite sobre papel grafite sobre papel
lead on paper lead on paper
9,6 x 11 cm 12,7 x 14,9 cm

86 … 87
Grupo, da série Israel …
from Israel series, 1956
grafite sobre papel
lead on paper
12,8 x 10,7 cm

PÁGINAS SEGUINTES … N E X T PA G E S

Homens dançando: esboço


para obra não identificada …
draft for an unidentified
work, c. 1933
grafite sobre papel
lead on paper
13,2 x 22,6 cm

88 … 89
Portinari
N
os primeiros anos do Projeto de importantes literatos brasileiros, ao estilo da
Portinari, instituição organizada em coleção francesa Les Cent Bibliophiles. Cada um de
1979 por João Candido Portinari, 17 seus 23 volumes seguiu projeto editorial próprio,
anos após o falecimento de seu pai, além de ter sido ilustrado por um artista brasileiro
e a gravura Candido Portinari (1903–1962), tive a oportunidade
de examinar, reunidas, inúmeras matrizes de
contemporâneo de renome.
Como esperado, Portinari estava entre eles.
gravuras em metal realizadas pelo artista, com o Participou do primeiro volume da coleção,
objetivo de identificar as técnicas usadas em cada ilustrando com desenhos a nanquim e gravuras
anna letycia quadros uma delas. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de
Cabe lembrar que Portinari utilizou cobre nas Assis (1839–1908), publicado em 1943. Em 1959,
suas gravuras em metal. Trabalhou, principalmente, ilustrou com trinta gravuras a obra Menino de
com a técnica da ponta-seca, como sugerido em engenho, de José Lins do Rego (1901–1957).
carta de 1941 para o seu amigo, poeta e escritor No primeiro volume, de 1943, ainda não havia
Mário de Andrade (1893–1945), na qual diz ter a figura do diretor técnico, tendo a comunicação
feito “várias pontas-secas”. Para mim, as matrizes e a orientação dos trabalhos provavelmente ficado
executadas em ponta-seca são as mais importantes a cargo do próprio Castro Maya, como se pode
e vigorosas. Nelas, o artista trabalha e fere a placa de depreender de algumas cartas trocadas entre o
metal diretamente, proporcionando ao espectador empresário e Portinari. Nesse caso, quem ajudou o
notar a força de seus traços. pintor na impressão das gravuras foi seu irmão Loy.
Lembro-me de ver Edith Behring (1916–1996) Darel acompanhou e orientou tecnicamente
executando trabalhos de Portinari, quando vários artistas na execução das edições. Sob a sua
requeriam processos de imersão em ácidos ou orientação, trabalharam para Raymundo Castro
técnicas complementares. Poty Lazarotto (1924– Maya, como ilustradores, Djanira, Di Cavalcanti e
1998) foi outro admirável gravador da confiança do Iberê Camargo, entre outros respeitados artistas.
artista. Os dois trabalharam em numerosos projetos Aqueles que não tinham o domínio da técnica
com Portinari e, do contato entre eles, surgiu uma contaram com a sua ajuda na execução das gravuras
grande amizade. e, consequentemente, na impressão das provas.
Interessada em saber como haviam sido Cabe mencionar, ainda, que Darel foi um dos
executadas as gravuras de Portinari para a Coleção ilustradores da Coleção dos Cem Bibliófilos.
dos Cem Bibliófilos, idealizada pelo empresário e A tiragem de cada volume era de apenas 120
colecionador Raymundo Castro Maya (1894–1968), exemplares, dos quais 100 estavam reservados
com quem o artista manteve estreita relação, aos membros da Sociedade, composta de
conversei com o gravador Darel Valença Lins (1924), personalidades, como políticos, artistas, empresários
que na década de 1950, em substituição ao irmão e colecionadores. Cada artista ilustrador ficava com
de Portinari, Loy Portinari (1917–1987), tornou-se um exemplar e o restante era doado para museus e
o diretor técnico dessas edições, permanecendo na bibliotecas públicas, inclusive no exterior.
função até a publicação de seu penúltimo volume, Quis ainda saber como tinha sido acompanhar
em 1968. Poty Lazarotto trabalhou na mesma função Candido Portinari em seu trabalho – curiosidade
nos anos de 1956 (em parceria com Darel), 1958, de gravador –, mas não tive essa informação, pois
1959 e 1965. na época da edição do segundo volume ilustrado
A Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, por ele, Menino de engenho, o responsável pela
fundada em 1943, tinha como objetivo a parte técnica era o gravador Poty Lazarotto. Nesse
publicação de edições exclusivas de obras-primas período, Darel estava na Europa, em gozo do Prêmio

92 … 93
Mulher com pipa e barco, c. 1940 Cabeça de homem , c. 1942
matriz … matrix matriz … matrix
[cobre/água-forte … copper/etching] [cobre/ponta-seca … copper/drypoint]
25 x 20 cm 13,6 x 11,9 cm

À D I R E I TA … RIGHT

Galo, 1942
ponta-seca … drypoint
[cobre/copper]
25 x 19,2 cm

94 … 95
Estudo para ilustração do livro … Study for À D I R E I TA … RIGHT
illustration of the book Memórias Póstumas de Carta em que Raymundo de Castro Maya ratifica o
Brás Cubas, de … by Machado de Assis: convite feito a Portinari para ilustrar o livro Memórias
Tio João, 1943 póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, para
bico de pena e nanquim sobre papel a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil
pen point and India ink on paper Letter in which Raymundo de Castro Maya ratifies
15,5 x 13 cm the invitation made to Portinari to illustrate the book
Memórias póstumas de Brás Cubas, by Machado de
Assis, for the Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil,
Rio de Janeiro, 22/09/1942

96 … 97
Estudo para ilustração do livro … Study for Estudo para ilustração do livro … Study for
illustration of the book Memórias Póstumas de illustration of the book Memórias Póstumas de
Brás Cubas, de … by Machado de Assis: Brás Cubas, de … by Machado de Assis:
D. Eusébia, 1943 Damasceno, 1943
nanquim sobre papel nanquim sobre papel
India ink on paper India ink on paper
18,5 x 14,4 cm 16,3 x 14,4 cm

98 … 99
Esboço para ilustração do livro … Draft for
illustration of the book Memórias Póstumas de
Brás Cubas, de … by Machado de Assis:
o primeiro beijo, 1943
grafite sobre papel
lead on paper
12,2 x 11,9 cm

À ESQUERDA … LEFT
Esboço para ilustração do livro … Draft for
illustration of the book Memórias Póstumas de
Brás Cubas, de … by Machado de Assis:
Almocreve, 1943
grafite sobre papel
lead on paper
20,7 x 16,3 cm

100 … 101
de Viagem, recebido em 1957 do Salão Nacional de
Arte Moderna, no Rio de Janeiro.
Visando preservar a raridade bibliográfica, a
coleção dos Cem Bibliófilos teve, por exigência de
Raymundo Castro Maya, suas matrizes destruídas
após o término de cada tiragem. Assim, não se têm
as matrizes utilizadas por Portinari nesse projeto.
As ilustrações originais, por sua vez, eram leiloadas
nos jantares anuais de lançamento de cada livro,
realizados no Jockey Club do Rio de Janeiro.
O Museu Nacional de Belas Artes, felizmente,
possui alguns desenhos executados por ele para a
Coleção dos Cem Bibliófilos.
Encontram-se ainda na coleção do Museu
Nacional de Belas Artes numerosas matrizes em
metal de Portinari, doadas pela Finep – Inovação
e Pesquisa em 2013. De formatos diversos e temas
variados, essas matrizes em metal são uma raridade
histórica que proporcionam a pesquisadores
e artistas conhecer um aspecto ainda pouco
comentado da obra de um dos maiores artistas
brasileiros.

Referência bibliográfica

monteiro, Gisela Costa Pinheiro. “A identidade


visual da Coleção dos Cem Bibliófilos do Brasil,
1943–1969”. Dissertação de Mestrado, Escola
Superior de Desenho Industrial, Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, 2008.

Grupo homens, ilustração para o livro


illustration for the book O alienista,
de … by Machado de Assis, 1946
cobre/ponta-seca … copper/etching
24,5 x 17 cm

102 … 103
Exposições da
C
andido Portinari é o artista brasileiro e doado ao museu pelo Instituto Brasileiro de
com o maior número de exposições Museus (Ibram), ao passo que a segunda expôs
individuais no Museu Nacional de Nossa Senhora do Carmo, São João da Cruz, São
Belas Artes (mnba). A primeira, Simão Stock e Purgatório, painéis feitos em 1944 e
obra de Candido realizada em 1939, pouco depois que o museu
abriu suas portas, foi, sem dúvida, um notável
doados ao museu pelo Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade. Ao todo, sete
acontecimento cultural, além de ter sido a maior exposições que exploraram um largo espectro da
Portinari no exposição de trabalhos desse grande artista até os
nossos dias. Quatro anos depois, o mnba abrigou
produção de Candido Portinari e fazem do Museu
Nacional de Belas Artes uma das instituições
uma nova mostra individual de obras de Portinari, culturais brasileiras com maiores vínculos com o

Museu Nacional menor do que a anterior, mas recepcionada com


entusiasmo pelo público e a crítica especializada.
inesquecível pintor de Brodósqui.

Após essas duas exposições pioneiras, um longo

de Belas Artes período de abstinência se seguiu. Somente 29 anos


depois, em 1972, passados dez anos da morte do
1939
Portinari
artista, o mnba inaugurou a exposição Portinari,
que reuniu número significativo de trabalhos e foi Em 11 de novembro de 1939, foi aberta a primeira
pedro martins caldas xexéo a primeira a ser verdadeiramente organizada pelo exposição individual de obras de Candido Portinari
museu. Três anos mais tarde, em 1975, o mnba no Museu Nacional de Belas Artes. Organizada pelo
montou a exposição Análise inconográfica da pintura Ministério da Educação, exibiu 269 trabalhos e é
monumental de Portinari nos Estados Unidos, composta a maior exposição do artista até os nossos dias. A
de painéis fotográficos que reproduziram os afrescos mostra foi montada onde se encontra hoje o nível
da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso, inferior da Galeria de Arte Brasileira Moderna e
em Washigton, d.c. (1941–1942), e os gigantescos Contemporânea, no terceiro andar do prédio do
painéis Guerra e Paz, que desde 1956 decoram o mnba. Recepcionados por Portinari e pelo diretor
saguão da Assembleia da Organização das Nações do museu, Oswaldo Teixeira, compareceram
Unidas (onu), em Nova York. A concepção da a inauguração o presidente Getúlio Vargas e
exposição e todas as imagens fotográficas foram o ministro da Educação Gustavo Capanema.
realizadas pelo grande pesquisador e crítico de arte No espaço da mostra, sucediam-se pinturas,
Clarival do Prado Valladares (Salvador, 1918 – Rio desenhos e gravuras. Entre as obras selecionadas,
de Janeiro, 1983). Em 1977, aconteceu no museu destacavam-se os estudos para os afrescos do
a exposição Portinari desenhista, que exibiu obras Ministério da Educação e Saúde/Palácio Gustavo
da coleção de desenhos do artista pertencentes ao Capanema (1936–1939); esboços para a decoração
marchand e colecionador Ralph Camargo. do Pavilhão Brasileiro da Feira Internacional de
Por fim, em 2013, o mnba concebeu duas Nova York (1939); retratos do escritor Augusto
exposições envolvendo obras significativas Meyer (1937), da poetisa Adalgisa Nery (1937) e do
de Portinari doadas ao museu: Quando o Brasil poeta Jorge de Lima (1939), entre tantos outros; e
amanhecia: a Primeira Missa no Brasil vista por pinturas icônicas como Morro (1933), pertencente
Vítor Meireles e Candido Portinari e a que exibiu ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova
as quatro pinturas que decoravam a Capela York, Mestiço (1934), da coleção da Pinacoteca do
Mayrink, no Parque Nacional da Tijuca, no Rio Estado de São Paulo, Colona (1935), do Instituto de
de Janeiro. A primeira incluiu o painel A Primeira Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo
Missa no Brasil de Portinari, realizado em 1948 (usp) – Coleção Mário de Andrade, Café (1935),

104 … 105
Portinari em sua exposição no Museu do Museu Nacional de Belas Artes, e Homem da
Nacional Nacional de Belas Artes enxada, posteriormente conhecido como Lavrador
(MNBA) com Getulio Vargas e Oswaldo
de café (1939) e de propriedade, hoje, do Museu de
Teixeira, diretor do MNBA
Portinari at his exhbibtion at the Arte de Sâo Paulo (Masp). A exposição foi saudada
National Museum of Fine Arts (MNBA) entusiasticamente por críticos como Antonio
with Getulio Vargas and Oswaldo Bento (Paraíba, 1902 – Rio de Janeiro, 1988) em
Teixeira, MNBA’s director, jornais do Rio de Janeiro. Na verdade, a exposição
novembro de … November, 1939
foi largamente divulgada pela imprensa da época,
PÁGINA À ESQUERDA … LEFT PA G E
revelando-se o evento cultural mais importante do
Catálogo da exposição Portinari no final de 1939.
Museu Nacional de Belas Artes. Um catálogo, impresso pelo Serviço Gráfico
Catalogue of the Portinari Exhibition do Ministério da Educação, lista as obras expostas
at the National Museum of Fine Arts, e reproduz, em preto e branco, 12 destas. Textos
novembro de … November, 1939
de Manuel Bandeira e Mario de Andrade, este
de grande importância, tornam tal publicação,
hoje extremamente rara, um precioso item
bibliográfico.1

106 … 107
Anúncio da Exposição Portinari
no Museu Nacional de Belas Artes.
Notice of the Portinari Exhibition at
the National Museum of Fine Arts,
novembro de … November, 1939

À D I R E I TA … RIGHT
Vista da Exposição Portinari no
Museu Nacional de Belas Artes
View of the Portinari Exhbition at
the National Museum of Fine Arts,
novembro de … November, 1939

108 … 109
expostas registra ainda desenhos, pontas-secas,
águas-fortes e monotipias.
Datam de 1942 os painéis Os músicos, Flautista
e Tintureiro, pintados especialmente para decorar
os ambientes da Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Oito
anos depois, essas obras seriam devoradas por um
pavoroso incêndio. Foi uma perda lamentável.
A série de pinturas projetadas para São Paulo
incluíam Raquel, Justiça de Salomão, Sacrifício de
Abraão, Lamentação de Jeremias e Trombetas de Jericó,
a famosa série bíblica que ilustra passagens do
Velho e do Novo Testamento. Essas telas de grandes
dimensões, executadas entre 1942 e 1944, fazem
parte hoje do acervo do Masp.
Paralelamente à publicação de um pequeno
catálogo com a lista de obras expostas, foi editado
um álbum com textos de Manuel Bandeira, Mário
de Andrade e Otto Maria Carpeaux.2 Esse álbum
traz ainda opiniões sobre a obra de Portinari
publicadas nos Estados Unidos, uma bibliografia e
20 reproduções fotográficas, em preto e branco, dos
trabalhos expostos na ocasião. O texto de Manuel
Álbum sobre a obra de Portinari
publicado em 1943, com textos de …
Bandeira, uma notícia biográfica, é a mesma que
Album on Portinari’s work published in foi publicada no catálogo de 1939. Já o de Mário
1943, with texts by Manuel Bandeira, de Andrade, “O pintor Portinari”, reproduz texto
Mário de Andrade e … and Otto Maria que apareceu na revista argentina Saber Vivir, em
Carpeaux
setembro de 1942. Por sua vez, o artigo de Otto
Maria Carpeaux, “Profecias de Portinari”, foi escrito
em março de 1943.
A exposição recebeu generosa cobertura da
1943 imprensa carioca. Diário da Noite, A Manhã e O
Exposição de pintura – Candido Portinari Jornal, além dos comentários de praxe, estamparam
dezenas de fotografias das obras expostas e dos
A arte de Portinari foi vista novamente no Museu convidados mais ilustres.
Nacional de Belas Artes em 1943. Inaugurada em
19 de junho e assistida por milhares de pessoas,
Exposição de pintura – Candido Portinari exibia 168 À D I R E I TA … RIGHT
trabalhos do artista, distribuídos pelas salas do que Vistas da Exposição de pintura –
hoje é parte da Galeria de Arte Brasileira Moderna Candido Portinari no Museu
e Contemporânea. Entre as peças expostas, Nacional de Belas Artes
Views of the Exposição de
destacavam-se um conjunto de 32 retratos e os
pintura – Candido Portinari at
painéis realizados para os edifícios da Rádio Tupi the National Museum of Fine Arts,
do Rio de Janeiro e de São Paulo. A lista das obras Rio de Janeiro, 1943

110 … 111
1972
Portinari

O Museu Nacional de Belas Artes inaugurou,


em 6 de junho de 1972, a exposição Portinari.
A então diretora do museu, Maria Elisa Carrazzoni,
em sua introdução ao catálogo publicado, disse
que o Museu Nacional de Belas Artes prestava
“homenagem a Portinari, por ocasião da passagem
do décimo aniversário de sua morte”.3 E ainda:
“Tendo em seu acervo apenas quatro trabalhos de
Portinari, o mnba contou com a colaboração de
vários colecionadores”.4 Na verdade, excetuadas
as quatro pinturas pertencentes ao mnba, foram
exibidas 37 pinturas oriundas de coleções privadas.
Na época, o museu possuía as obras Retrato de
Olegário de Mariano (1928), Retrato de Maria (1932),
Café (1935) e Menino de Brodósqui (1951). Todas
foram expostas. É oportuno observar que, hoje,
passados 42 anos, o mnba é detentor de uma
coleção de 229 obras de Portinari, entre pinturas,
desenhos, gravuras e matrizes, sendo a instituição
cultural brasileira que possui o maior acervo de
trabalhos desse grande artista.
A exposição Portinari foi a primeira
verdadeiramente patrocinada pelo mnba.
Catálogo da exposição Portinari A então diretora convidou para organizá-la o
no Museu Nacional de Belas Artes crítico de arte Antonio Bento, amigo pessoal e
Catalogue of the Portinari exhibition
um dos maiores especialistas da obra do mestre
at the National Museum of Fine Arts,
Rio de Janeiro, 1972
paulista. Para o pequeno catálogo, Antonio Bento
escreveu o texto “Pinturas de Portinari”. Presentes
À D I R E I TA … RIGHT ao ato de inauguração estavam a viúva do pintor,
Menino de Brodósqui, 1951 Maria Portinari, além das irmãs Olga e Inês, todas
óleo sobre tela especialmente convidadas.
oil on canvas
46 x 38 cm

112 … 113
1975 1977
Análise iconográfica da pintura Portinari desenhista
de Portinari nos Estados Unidos

Em 1975, três anos depois da exposição que celebrou Em novembro de 1977, como resultado do
o décimo aniversário da morte de Candido Portinari, envolvimento do marchand e colecionador Ralph
o Museu Nacional de Belas Artes, ainda sob a direação Camargo com a obra de Candido Portinari – em
da professora Maria Elisa Carrazoni, foi palco de especial, seus desenhos –, o Museu Nacional de
um evento marcante: a montagem da mostra Análise Belas Artes, então sob a direção do professor Edson
iconográfica da pintura de Portinari nos Estados Unidos, Motta (Juiz de Fora, 1910 – Rio de Janeiro 1981),
na qual, com o auxílio de 60 painéis fotográficos, recebeu a exposição Portinari desenhista, que exibiu
o pesquisador e crítico de arte Clarival do Prado 71 de seus trabalhos nessa técnica. Entre eles,
Valladares analisou a importância, como documento de grande importância e beleza, foram expostos
histórico, social e artístico, dos afrescos feitos nas duas estudos para os murais do Ministério da Educação
antessalas da Fundação Hispânica da Biblioteca do e Saúde/Palácio Gustavo Capanema (1936–1944)
Congresso, em Washigton d.c., e dos dois enormes e para o painel de azulejos da fachada da Capela da
murais, Guerra e Paz, que decoram o saguão da Pampulha, em Belo Horizonte (1944), e esboços
Assembleia da Organização das Nações Unidas (onu), preparatórios para os painéis Guerra e Paz (1955–7),
em Nova York. Realizados em períodos diferentes, pertencentes à onu, além de muitos outros
os quatros afrescos, A descoberta da Terra, A catequese, desenhos preliminares para composições diversas.
Os bandeirantes e a Descoberta do ouro, em 1941 e 1942, Essa exposição seria levada, no ano seguinte,
e os dois painéis, expostos permanentemente na onu para o Masp. O livro então publicado6 traz
desde 1956, revelavam para Valladares o fantástico depoimentos de cinquenta personalidades
poder de invenção do artista brasileiro, podendo as contemporâneas de Portinari, tais como Antonio
duas últimas pinturas ser consideradas, seja por suas Bento, Alceu de Amoroso Lima, Antonio Callado,
dimensões ou pela grandeza de suas concepções, Bruno Giorgi, Celso Kelly, Enrico Bianco, Gilberto
um dos principais exemplos da pintura universal de Freyre, Israel Pedrosa, Jayme Maurício, José
sentimento comunitário do século xx. Olympio, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Otto
As fotografias das pinturas da Biblioteca do Maria Carpeaux e Quirino Campofiorito. Saliente-
Congresso e de detalhes dos painéis pertencentes à se ainda que reproduz as imagens dos 71 desenhos
onu foram realizadas pelo próprio pesquisador com expostos, além de oferecer uma cronologia, um
a colaboração de autoridades brasileiras e norte- documentário fotográfico de eventos importantes
-americanas durante o ano de 1974. Acompanhando da vida de Portinari e uma extensa bibliografia
a exposição, elaborou-se um catálogo que lista os sobre o artista.
60 painéis fotográficos e reproduz as imagens de
39 desses painéis em preto e branco.5 O trabalho
de Clarival do Prado Valladares foi dedicado ao
historiador da arte norte-americano Robert Smith
Retrato de Maria,
(1912–1975), erudito conhecedor da arte luso-
esposa do artista, 1932
-brasileira, e é item essencial para o conhecimento óleo sobre tela
de características do trabalho de Portinari nos oil on canvas
Estados Unidos. 101 x 82 cm

114 … 115
Vista da exposição … View of the exhibition 2013 Lebreton, expuseram-se os painéis que decoravam 272,5 x 500 cm) ao Museu Nacional de Belas Artes
Pinturas de Portinari na Capela Mayrink, Quando o Brasil amanhecia – a Primeira a Capela Mayrink, no Parque Nacional da Tijuca, no pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em
Rio de Janeiro, abril de … April, 2013 Missa no Brasil vista por Vítor Meireles e Rio de Janeiro. Fizeram parte da primeira exposição janeiro de 2013, e que a idealização da mostra Pinturas
Candido Portinari as obras homônimas de Vítor Meireles (realizada de Portinari na Capela Mayrink só se concretizou com
em 1860) e Portinari que celebram a primeira a doação definitiva dos quatros painéis ao museu
Pinturas de Portinari na Capela Mayrink cerimônia religiosa no Brasil. A segunda exposição pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
reuniu Nossa Senhora do Carmo, São João da Cruz, São Biodiversidade, em 5 de março de 2013.
Trinta e seis anos depois de Portinari desenhista, Simão Stock e Purgatório, de 1944, que eram parte da As matérias vinculadas na imprensa salientaram,
em 20 de abril de 2013, inauguraram-se no Museu decoração da Capela Mayrink. Ambas mostraram além da importância das duas exposições, o fato
Nacional de Belas Artes duas exposições com a estudos preparatórios, fotos, documentos e textos de ambas terem resultado da aquisição por um
presença de pinturas de Candido Portinari. Na que ajudaram a contextualizar as obras selecionadas. órgão federal de obra capital de nossa história
Sala Bernardelli, montou-se a mostra Quando o É importante salientar que a exposição Quando o artística e do espírito público do Ministério do
Brasil amanhecia – a Primeira Missa no Brasil vista por Brasil amanhecia só foi pensada a partir da doação de Meio Ambiente. Durante décadas, A Primeira Missa
Vítor Meireles e Candido Portinari e, na Sala Joaquim A Primeira Missa no Brasil (1948, têmpera sobre tela, no Brasil de Portinari só foi vista pelos poucos

116 … 117
Vista da exposição … View of the exhibition privilegiados que tinham acesso ao mezanino Notas
Quando o Brasil amanhecia – a Primeira Missa no da antiga sede central do Banco Boavista, no Rio
Brasil vista por Vítor Meireles e Candido Portinari, de Janeiro. Já os painéis da Capela Mayrink, por 1 ministério da educação e saúde pública. da pintura monumental de Portinari nos Estados Unidos.
Rio de Janeiro, abril de … April, 2013
razões de segurança, estavam havia muitos anos Portinari. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1975.
sob a guarda do Museu Nacional de Belas Artes Ministério da Educação, 1939.
e puderam ser, finalmente, incorporados ao seu 6 camargo, Ralph (org.). Portinari desenhista. Rio de
acervo, permitindo que um número imensamente 2 museu nacional de belas artes. Portinari. Rio Janeiro/São Paulo: Museu Nacional de Belas Artes/
maior de pessoas contemplassem, num espaço mais de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943. Museu de Arte de São Paulo, 1977.
acessível, essas quatro grandes criações de Portinari. 3 museu nacional de belas artes. Exposição
Em 75 anos, realizaram-se no mnba algumas das temporária de Portinari. Rio de Janeiro: Museu
mais marcantes exibições do trabalho de Candido Nacional de Belas Artes, 1972.
Portinari. Neste ano de 2014, o museu planeja uma
4 Ibid.
nova mostra, que exporá generosa seleção das 212
obras doadas a ele pela Finep – Inovação e Pesquisa. 5 valladares, Clarival do Prado. Análise iconográfica

118 … 119
Dos tesouros
A
formação de uma coleção se inicia estilística cubista e tendências construtivas. Tudo
pelo ato de acumular, retirando dos com a maestria de sua autoridade plástica e realismo
objetos o seu caráter utilitário e o seu pictórico, ou seja, de alguém que viu e assimilou a
valor econômico, e atribuindo-lhes um grande tradição da pintura ocidental.
adormecidos à valor simbólico – no presente caso, ser objeto de
museu. Uma coleção, segundo Krzysztof Pomian, é
Duas obras de Portinari iniciaram a formação
da coleção do mnba: Retrato de Olegário Mariano,
“qualquer conjunto de objetos naturais ou artificiais, Prêmio de Viagem ao Estrangeiro do Salão de
coleção nacional mantidos temporariamente ou definitivamente fora
do circuito das atividades econômicas, sujeito a uma
Belas Artes de 1928, e Retrato de Maria, esposa do
artista, de 1932, incorporadas ao acervo da Enba e
proteção especial num lugar fechado preparado para transferidas ao mnba após a sua criação em 1937.
este fim, e expostos ao olhar”.1 O objeto de museu Em 1939, Portinari realizou uma grande
amandio miguel dos santos ganha aura de objeto único e, institucionalizado, exposição individual no mnba, com destaque para
carece de cuidados especiais, mas é, sobretudo, a obra Café, premiada com uma menção honrosa
daniela matera lins gomes disponibilizado ao olhar. no concurso do Instituto Carnegie, em Pittsburgh,
A qualificação de “objeto único” e a representação nos Estados Unidos, em 1935. Após a mostra, Café
simbólica são ainda mais evidentes, quando se trata permaneceu no museu até a sua incorporação
da obra de um artista. A obra de arte é a escrita do à coleção em 1941. Obra de tema sentimental,
artista, o registro da sua expressividade, que deseja, segundo Mário Pedrosa, deu inicio à “chamada
por meio do desenvolvimento de uma linguagem série marrom ou brodosquiana”, caracterizada pela
específica, tornar visível a sua trajetória. A intenção superfície marrom dominante e a cor arroxeada da
de construir uma coleção exige, portanto, o terra de sua cidade natal.2
estabelecimento de diretrizes que resultem, pelo Trata-se de recordações infantis, muito
conjunto, num referencial à sua produção artística. presentes na sua construção artística. O problema
O “ato de acumular” objetos/obras de arte num do homem e a realidade são os pontos focais da
museu deve ser instrumentalizado por intermédio iconografia portinariana. A paisagem-cenário que
de políticas de aquisição, de acordo com os critérios os acolhe é uma redefinição do espaço ou de uma
institucionais estabelecidos para a composição de terra vividos, delimitados por linhas e perspectivas,
seu acervo. A coleção Portinari do Museu Nacional características de sua memória das trilhas das
de Belas Artes (mnba) se compõe, atualmente, plantações de cafezais, numa hierarquização
de 229 obras, entre estudos, desenhos, gravuras e de planos e massas cromáticas que revelam a
pinturas. As diversas linguagens utilizadas pelo força cósmica, a profundidade do horizonte e a
artista apresentam o seu verdadeiro perfil e essas luminosidade da essência da vida revelada pelo
obras se constituem na maior coleção de obras suas tema da pintura.
numa instituição pública. Na década de 1960, reuniram-se à coleção
É mister associar a gênese da coleção Portinari à do mnba dois desenhos, um dos quais um novo
própria história do local em que ela hoje se encontra retrato do poeta Olegário Mariano, com delicado
e à transformação da então Escola Nacional de Belas traço a carvão e giz sobre papel, e o óleo Menino de
Artes (Enba) no mnba em 1937. Cada um de seus Brodósqui. Em seguida, após uma aquisição em 1972,
espaços contém um pedaço de Portinari. De aluno realizaram-se, a partir dos anos 1980, seis doações.
a professor e a mestre da pintura brasileira, as obras Muitas vezes, o acervo de uma instituição
da coleção do mnba mostram um Portinari artesão museológica é formado por doações realizadas
e apresentam passo a passo seu processo de criação, por colecionadores particulares, ainda em vida
pintando animais, retratos e exercícios picturais de ou mesmo em razão do desejo de manter viva sua

120 … 121
Retrato de Olegário Mariano, 1926
carvão e giz sobre papel
charcoal and chalk on paper
42,7 x 42,7 cm

À D I R E I TA … RIGHT
Retrato de Olegário Mariano, 1931
óleo sobre tela colada em madeira
oil on canvas glued on wood
33,6 x 24,5 cm

122 … 123
Carta de Oswaldo Teixeira, diretor do Museu PÁGINAS … PA G E S 126– 7
Nacional de Belas Artes (MNBA), para Candido Café, 1935
Portinari, na qual solicita que este mande buscar óleo sobre tela
a tela Café … Letter by Oswaldo Teixeira, director oil on canvas
of the National Museum of Fine Arts (MNBA), 130 x 195,4 cm
to Candido Portinari, in which he requests that
Frente e verso da ficha catalográfica da obra Café (modelo do Ministério da Educação e Saúde)
the latter have his canvas Café, Rio de Janeiro,
Face and back of the catalogue card of the work Café (model from the Ministry of Education and Health)
18/06/1938

124 … 125
126 … 127
memória por meio dos objetos que possuem. Vaz de Caminha, da qual se quer narrar a pujança
As coleções particulares costumam ser privadas do da natureza e uma estética naturalista. Tal versão
olhar de todos, constituindo-se numa espécie de dos fatos, do acontecimento religioso, todavia,
tesouros adormecidos que, uma vez musealizados apresenta índios que revelam um estranhamento, ao
e acessíveis, exigem novas demandas relacionadas testemunhar um momento totalmente dissociado
às atividades museológicas, como pesquisa, de suas histórias vividas. Ainda assim, a cenografia
catalogação e conservação. Cada um de seus itens, idealizada, o pitoresco da cena, a tentativa de
que anteriormente tinha a finalidade de “quebrar convencimento acerca da figuração hipotética do
a monotonia das paredes vazias que já existem nativo brasileiro, a mata tropical e a luz equatorial
para torná-las agradáveis”,3 passa a ser circunscrito até hoje fazem, ante o olhar contemporâneo, a tela
como parte de um “tesouro nacional”. A ideia de plasmar-se como a certidão de batismo do Brasil.
que obras e/ou objetos de arte têm a finalidade Já A Primeira Missa no Brasil, de Portinari, como
de ornamentação ou entesouramento de famílias se fosse um palco cênico, explora o rito sagrado,
abastadas se revela, sobretudo, nos retratos de eliminando a terra, o solo profano, em que a
homens públicos, figuras políticas e históricas estrutura compositiva, lembrando-nos Guernica,
nacionais, mecenas das artes e mesmo aristocratas estabelece planos e volumes com seus personagens
feitos por grandes artistas. marcadamente hierarquizados. Por isso, só haver
Em 2009, doou-se uma coleção ao mnba. viajantes estrangeiros e suas diferentes posições na
No inventário dessa doação, da Fundação Yedda e estratificação de funções militares e religiosas.
Augusto Frederico Schmidt, aprende-se o gosto No mesmo ano, quatro obras realizadas pelo
pessoal de seus colecionadores, com destaque artista para a Capela Mayrink, localizada no parque
para Retrato de Yedda Ovalle Schmidt, de Portinari. da Floresta da Tijuca, que estavam em comodato
De feições penetrantes e aristocráticas, vê-se um no mnba desde 1993, foram incorporadas
olhar que, de fato, olha o espectador; um olhar que definitivamente ao acervo da instituição e à coleção
deseja ser visto, como característico da plasticidade Portinari. Doadas pelo Instituto Chico Mendes de
portinariana. Com efeito, os retratados de Portinari, Conservação da Biodiversidade, os painéis São João
uma vez personagens, tendem a tornar-se exemplos da Cruz, São Simão Stock, Nossa Senhora do Carmo e
de Homem concreto, dos pares em sua convivência, Purgatório revelam um Portinari em plena identidade
no trabalho ou na oração. cultural, na qual não rivaliza com o universo
O ano de 2013, enfim, pode ser chamado de simbólico da religiosidade barroca nacional. Em
o ano de Portinari no mnba. O Ibram, nesse ano, outras palavras, essas telas testemunham um artista
adquiriu a tela A Primeira Missa no Brasil, doando-a de traços independentes. Os santos representados
ao acervo do mnba e preenchendo uma das lacunas possuem uma densidade corpórea que ganha força
de sua coleção. A obra, idealizada para compor o monumental e estatuária. As figuras divinas, embora
projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer para a circunscritas à tela, violam os limites do quadro.
nova sede do Banco Boavista, no Rio de Janeiro, Apesar de centrais, de acordo com a representação
é uma pintura mural que redimensiona o espaço renascentista, parecem projetar-se para fora da tela,
interno do prédio. Além disso, é impossível dissociá-la
de aproximações da versão de Vítor Meireles para
o mesmo acontecimento, também pertencente ao Retrato de Yedda Ovalle Schmidt, 1944
acervo do mnba. Esta, de composição romântica, óleo sobre tela
está condicionada a uma suposta realidade histórica, oil on canvas
74,4 x 61,2 cm
apoiada na carta de achamento do Brasil, de Pero

128 … 129
Ato de doação das obras Ato de doação de
da Capela Mayrink … A Primeira Missa no Brasil …
Act of donation of the Act of donation of
Mayrink Chapel works The First Mass in Brazil

130 … 131
Tabela de aquisição de obras do artista Candido Portinari
Coleção Portinari – Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC

Ano Modo de aquisição Procedência Nº de obras


1928 Premiação Escola Nacional de Belas Artes 001
1937 Transferência Escola Nacional de Belas Artes 001
1941 Compra Ministério de Educação e Saúde/
Museu Nacional de Belas Artes 001
1963 Compra Barcinski Galeria de Arte 001
1965 Compra Giovana Bonino 001
1972 Compra Alfredo Sequeira Brandi 001
1987 Doação Helena Carpeaux 001
2006 Doação Ministério da Fazenda/Secretaria da Receita Federal 001
2009 Doação Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt 004
2013 Doação Instituto Brasileiro de Museus – Ibram/MinC 001
Doação Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBio 004
Doação Financiadora de Estudos e Pesquisas – Finep 212
Estudo para a pintura mural Garimpo … Study for the Garimpo mural painting, da série Ciclos Econômicos …
from Ciclos Econômicos series: mão, 1937, carvão sobre papel … charcoal on paper, 23 x 37,7 cm

em direção ao espectador, àquele que ora no interior intensa variedade estilística e o exercício pleno das Notas Referências bibliográficas
da Capela, fazendo com que o plano de fundo sugira a diferentes experimentações técnicas presentes na
imensidão cósmica. obra do artista. 1 pomian, Krzysztof. “Coleção”. In: Enciclopédia pearce, Susan. Interpreting Objects and Collections. New
A última aquisição de obras de Candido Por meio da coleção Portinari pertencente Einaudi, vol. 1: memória-história. Lisboa: Imprensa York: Routledge, 1994.
Portinari pelo mnba se deu por meio da doação ao mnba, podemos, portanto, vislumbrar seu Nacional/Casa da Moeda, 1984, p. 53. pedrosa, Mario. Dos murais de Portinari aos espaços de
de pinturas, gravuras, matrizes e desenhos de sentimento poético seja em estudos e esboços da Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981.
2 pedrosa, Mario. Dos murais de Portinari aos espaços
obras emblemáticas, como estudos para os painéis obra, seja na organicidade dos detalhes anatômicos pomian, Krzysztof. “Coleção”. In: Enciclopédia Einaudi,
de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981, p. 10.
Guerra e Paz, e para a Igreja de São Francisco de das figuras humanas ou de animais, que conferem vol. 1: memória-história. Lisboa: Imprensa
Assis, em Minas Gerais, pela empresa pública um toque de simbolismo cósmico à fragmentação 3 pomian, Krzysztof. “Coleção”. Op. cit., p. 56. Nacional/Casa da Moeda, 1984.
Finep – Inovação e Pesquisa, que permaneciam corpórea que ele prepara, isoladamente, para 4 O objeto ou obra de arte, em seu processo de
guardadas num cofre, bem distante do olhar do compor e partilhar o todo de um painel ou pintura musealização, passa por procedimentos específicos
público. As obras que pertenciam à Finep trazem a monumental. Portinari (re)vela uma síntese do campo, entre os quais a catalogação. Muitas
essência do traço de Portinari.4 Nela redescobrimos dramática entre o pictórico e a vida; (re)inventa sua vezes, um artista trabalha mais de uma obra em
o imaginário portinariano de afeição pelos que o obra, (re)define olhares e (re)pensa o convencional um mesmo suporte, o que se pode observar em
cercavam, de simpatia pelo homem do povo, de constituinte do sistema pintura. Suas obras, assim, obras pertencentes a essa doação. Justifica-se
identificação com o trabalhador braçal, de imagens ultrapassam as leis da estrutura pictórica tradicional assim a diferença no número total de obras aqui
infantis e da sabedoria do mundo caipira, fontes e apontam para uma revolução criadora, para a mencionado (212) e no texto de apresentação de
inequívocas de seu universo imaginal. Um olhar liberdade imaginal de seus símbolos e de seu Glauco Arbix, presidente da Finep (205).
mais tátil sobre a coleção Finep pode destacar a mundo artístico-plástico.

132 … 133
Estudo para a pintura mural Gado …
Study for the Gado mural painting,
da série Ciclos Econômicos … from
Ciclos Econômicos series [Palácio
Gustavo Capanema, Rio de Janeiro]:
chapéu e paletó, 08/01/1938
carvão sobre papel
charcoal on paper
32,8 x 47,5 cm

À D I R E I TA … RIGHT ESQUER… LEFT

Estudo para uma das pinturas murais


da série Ciclos Econômicos … Study for
one of the mural paintings, from Ciclos
Econômicos series [Palácio Gustavo
Capanema, Rio de Janeiro]:
chapéu de palha, c. 1938
carvão sobre papel
charcoal on paper
22,9 x 19,3 cm

134 … 135
Martelo e torquês, c. 1936
óleo sobre tela
oil on canvas
10,3 x 27,3 cm

PÁGINAS SEGUINTES … N E X T PA G E S

Estudo para o painel Abstrato …


Study for the Abstrato panel, 1951
guache e grafite sobre cartão
gouache and lead on cardboard
12,3 x 41,4 cm

Estudo para o painel Abstrato …


Study for Abstrato panel, c. 1951
guache e grafite sobre cartão
gouache and lead on paper
12,7 x 42,2 cm

136 … 137
Abstrato, c. 1939
óleo sobre tela
oil on canvas
25 x 28 cm

P Á G I N A À D I R E I TA … R I G H T PA G E

Abstrato, c. 1939
óleo sobre tela
oil on canvas
23,5 x 19 cm

140 … 141
Estudo para o painel
A Tempestade acalmada …
Study for the A tempestade
acalmada panel, 1955
guache e grafite sobre cartão
gouache and lead on cardboard
16,9 x 24 cm

P Á G I N A À D I R E I TA … R I G H T PA G E

Caçador de passarinho, 1958


óleo sobre madeira
oil on wood
99,7 x 65 cm

142 … 143
Barraca de beduíno [esboço … draft], Beduíno e animais [esboço … draft],
da série Israel … from Israel series, 1956 da série Israel … from Israel series, 1956
tinta de esferográfica sobre papel tinta de esferográfica sobre papel
ballpoint on paper ballpoint on paper
6,1 x 6,5 cm 11,5 x 14 cm

144 … 145
Cavaleiro: esboço para obra
não identificada … draft for
an unidentified work, c. 1955
grafite sobre papel
lead on paper
9,5 x 9,9 cm

PÁGINA À ESQUERDA … L E F T PA G E

Cavalos e bois: esboço para obra


não identificada … draft for
unidentified work, c. 1957
crayon sobre papel
crayon on paper
35,6 x 27,3 cm

146 … 147
Estudo para o painel Guerra
Study for the Guerra panel: feras, c. 1955
grafite sobre papel
lead on paper
12,4 x 13,3 cm

À D I R E I TA … RIGHT
Estudo para a pintura Denise
a cavalo … Study for the Denise
a cavalo painting: cavalo, 1960
grafite sobre papel
lead on paper
5,7 x 25,1 cm

148 … 149
Esboço para pintura mural …
Draft for mural painting
[não executada … not performed]
Palácio Gustavo Capanema,
Rio de Janeiro, RJ: escravos, c. 1936
grafite sobre papel
lead on paper
10,1 x 28 cm

150 … 151
Estudo para o painel Tiradentes
Study for the Tiradentes panel:
Tiradentes enforcado, 1948
grafite sobre papel
lead on paper
18,7 x 22,1 cm

152 … 153
São José com Menino Jesus e criança, 1956
bico de pena sobre papel
pen point on paper
21,5 x 15 cm

154 … 155
Esboço para a pintura Brasil Esboço para pintura mural para o
Draft for the Brasil painting monumento a Rui Barbosa … Draft for
[não executada … not performed], 1951 mural painting for the Rui Barbosa monument
grafite sobre papel [não executada … not performed], 1949
lead on paper grafite sobre papel
21 x 7,5 cm lead on paper
10,8 x 26,9 cm
Estudo para a pintura Abstrato
Study for the Abstrato painting, 1954 Estudo para a pintura Abstrato …
grafite sobre papel Study for the Abstrato painting, 1954
lead on paper grafite sobre cartão
12,5 x 25 cm lead on cardboard
12,4 x 24,7 cm

156 … 157
Mensagem etérea I, 1946 Mensagem etérea II, 1946
nanquim sobre papel nanquim sobre papel
India ink on paper India ink on paper
25 x 24 cm 23,4 x 22,2 cm

158 … 159
Mensagem etérea III, 1946 Mensagem etérea IV, 1946
nanquim sobre papel nanquim sobre papel
India ink on paper India ink on paper
22,8 x 22,6 cm 23,4 x 21,4 cm

160 … 161
Composição, 1946
bico de pena sobre papel
pen point on paper
19 x 19 cm

Composição, 1946
bico de pena sobre papel
pen point on paper
23,9 x 21,1 cm

162 … 163
Composição, 1946 Composição, 1946
nanquim sobre papel nanquim sobre papel
India ink on paper India ink on paper
22,2 x 22,1 cm 21,2 x 22,4 cm

164 … 165
Portinari
E
m um tempo histórico tipicamente Landucci; o conjunto religioso que decorava a
brasileiro, que guardava reduzidas Capela Mayrink: Nossa Senhora do Carmo, São João da
relações com o tempo cronológico Cruz, São Simão Stock e Purgatório, hoje pertencente
israel pedrosa planetário, nasceu Candido Portinari. ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes
O Brasil estava ainda mais próximo das raízes (mnba); grandes e gigantescos painéis móveis,
de sua miscigenação e dos atropelos de estágios como A Primeira Missa no Brasil, também agora
econômicos diversos: da sobrevivência escravista no acervo do mnba, Tiradentes, no Memorial
aos incipientes núcleos de evolução capitalista da América Latina, em São Paulo, Chegada de
que surgiam condicionados pelos interesses da d. João VI ao Brasil, no Banco bbm, em Salvador,
monocultura latifundiária de caráter feudal. Bahia, e Guerra e Paz, no edifício-sede da
Planetariamente, Portinari viveu da infância Organização das Nações Unidas (onu), em Nova
ao fim de seus dias no período denominado York; e murais como os do Palácio da Cultura, no
por Eric Hobsbawm de “era dos extremos”, Rio de Janeiro, os da Biblioteca do Congresso, em
definida melancolicamente pelo violinista Washington, nos Estados Unidos, e São Francisco,
Yehudi Menuhin, retratado por Portinari, como na Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
o século “que despertou as maiores esperanças já
concebidas pela humanidade e destruiu todas as
ilusões e ideais”1. O museu, égide espiritual de Portinari
Como sabido, o sentido de tempo está
historicamente marcado na memória humana No mesmo local do atual mnba, projetado pelo
mais pelas ações do homem do que por qualquer arquiteto Adolfo Morales de los Rios, funcionou
fenômeno natural. Por esse motivo, os 59 anos a Escola Nacional de Belas Artes (Enba) –
de vida de Candido Portinari, comparados com originalmente, Escola Real das Ciências, Artes e
a vastidão temporal que sua obra abarca, revelam Ofícios – com seus ateliês e galerias comunicantes
apenas parcela mínima da presença do artista no com as salas de exposições, onde se realizava o
tempo histórico brasileiro. Salão Nacional de Belas Artes, que desde o início da
À medida que avança o superior espírito República Velha agitou os meios artístico, social e
de compreensão da nossa nacionalidade, pode-se político do país.
consubstancialmente afirmar que a época Foi na Enba que o jovem Candido Portinari
portinariana é, por excelência, cada vez mais começou, em 1920, o aprendizado para a realização
expressão da historicidade brasileira e com ela se da aventura histórica que protagonizaria, ao
funde. Isso ocorre pela autenticidade do pintor, revelar as tragédias, lutas, grandezas e a alma
que terminaria por tornar-se a personificação da desta “Terra dominadora dos trópicos, cuja força,
própria obra. Obra que vivifica e lança luzes sobre no espaço de uma geração, assimilava os homens
os estágios de nossa formação e desenvolvimento provenientes de todos os quadrantes do mundo,
desde a chegada dos colonizadores, e ultrapassa conseguindo assim modelar uma unidade nacional
a morte do artista, fazendo parte da realidade surpreendente: O Brasil”. Palavras de Germain
presente, ao construir pontes para a realização do Bazin, conservador do museu do Louvre, sobre o
futuro que almejamos como nação. Brasil e sobre a obra de Portinari: “uma força que
Tudo isso, em essência, está retratado pelo se libertava, uma seiva vigorosa, a mesma desse
mestre de Brodósqui em mais de 5.100 obras, entre imenso país onde, sob um clima áspero, realizava-se
as quais desenhos e quadros de cavalete, como os uma das gestas mais heroicas da civilização
retratos de Olegário Mariano, de Maria e de Lelio ocidental”2.

166 … 167
O aniversário do Museu do Brasil, em que o novo conteúdo arrasta atrás de si
a conscientização da necessidade de um repertório
Neste ano em que os painéis Guerra e Paz, de formal igualmente inovador.
Candido Portinari, continuam seu histórico O quadro Café do acervo do mnba é a revelação
giro pelo Brasil e a Europa, antes de seu retorno desse inovador vocabulário pictórico, que marca
definitivo a Nova York, o mnba, dirigido não apenas a individualização artística do pintor,
pela museóloga Mônica Xexéo, festejou seu mas também o patenteamento da originalidade
septuagésimo sétimo aniversário com uma temática, conteudística e formal da pintura
solenidade em que foram homenageadas brasileira. Trata-se da poderosa orquestração de
várias personalidades com o Diploma Quirino uma inaudita sinfonia do Novo Mundo, onde
Campofiorito. Entre elas, Marta Suplicy e o recém- o eito do cafezal é o cenário em que laboriosos
nomeado (no dia anterior) cardeal dom Orani braços erguem sacas e baldes, ou trabalham na
Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro. colheita e do ensacamento do produto da terra
Recentemente, o museu teve seu acervo vermelha, a dominar todos os espaços do quadro
enriquecido com várias obras de Candido Portinari: em escuras variações cromáticas, ressaltando-se a
A Primeira Missa no Brasil, os painéis sacros da luminosidade das vestes e dos corpos do numeroso
Capela Mayrink e outros quadros e desenhos grupo de mulheres e homens brancos, negros e
ofertados pela Finep – Inovação e Pesquisa. mestiços.
Conjunto no qual se destaca o retrato do escultor, O verde das fileiras da plantação, na parte
artista gráfico e crítico de arte Lélio Landucci, que superior do quadro, é limitado pela diagonal de
se juntou a dois célebres retratos que pertenciam verdadeiro enxame de diligentes catadores do
ao mnba: o do poeta Olegário Mariano, com que fruto. Como símbolo do poder repressivo, do
Portinari ganhou o Prêmio de Viagem ao Exterior ciclo produtivo retratado, aparece a gesticulação
no Salão Nacional de Belas Artes em 1928, e o do feitor, de botas, com a cartucheira do revólver
de Maria Victoria Martinelli, a jovem uruguaia à cintura. A composição se completa com a pilha
com quem se casou em Paris, em 1930. Entre os de sacas de café, à esquerda, logo acima da figura
tesouros do mnba, encontra-se ainda, em lugar de uma colona sentada ao chão, sugerindo um
de destaque, o quadro Café, primeira obra do ângulo visual em relação à barra virtual formada
modernismo brasileiro a conquistar um prêmio no pelos musculosos trabalhadores do primeiro
exterior, a Segunda Menção Honrosa na exposição plano da tela. A colona de perfil delicado,
do Instituto Carnegie, em Pittsburgh, nos Estados descansando, sentada ao chão, descalça como
Unidos, em 1935. os demais trabalhadores, com os pés em início
O tema café foi abordado pela primeira vez de deformação e pano atado à cabeça, à guisa de
por Portinari num pequeno óleo sobre tela não touca, blusa de mangas curtas solta à cintura e
datado, de 49 x 43 cm, sem nenhuma relação formal saia ampla, indo até aos tornozelos, é uma figura
com o da segunda vez. Apenas três trabalhadores emblemática que, mesmo em sua rudez, poetiza
transportam sacas de café na cabeça e outro, liricamente todo o quadro.
dominando o primeiro plano, as empilha. Foi Essa colona foi pintada por Portinari em
exposto em mostra da Galeria Itá, em São Paulo, em outro trabalho,3 com perfil italianizado, sensível
1934 e está desaparecido. Esse trabalho, como os introspecção de emigrada, sentada ao chão de
Retrato de Lélio Landucci, 1932 demais expostos (Circo, Jogo de futebol em Brodósqui, imenso e desolador cenário de chapada lisa em
óleo sobre tela
O morro, Índia, Mulata, Despejados, Mestiço, Lavrador claro cinza azulado, confinando com um céu de
oil on canvas
58,2 x 36,5 cm
de café etc.), expõe surpreendente e realística visão suave azul, esbranquiçado na linha do horizonte.

168 … 169
Está vestida com uma blusa de mangas compridas, Quando a Capela Mayrink, localizada na floresta
do mesmo tom do vasto chão, tendo as formas do da Tijuca, foi reformada em 1943, o empresário
corpo desenhadas pelas sombras do tecido. Seu Raymundo de Castro Maya, administrador da obra,
turbante é rosa claro, quase do mesmo tom de sua solicitou a Portinari a decoração da mesma, dedicada
saia, levemente ocreado e contrastando, de forma à Nossa Senhora do Carmo, padroeira da capela.
agradável, com as várias gamas do cinza azulado da O pintor concebeu um tríptico, em que a Virgem
blusa e do chão. aparece ao centro, ladeada por São Simão Stock
(1165–1265), carmelita inglês que tivera a visão de
Nossa Senhora do Carmo, abençoando a Ordem dos
Tríptico da Capela Mayrink carmelitanos e nascendo, em seguida, o costume do
uso permanente do escapulário do Carmelo, e por
Portinari é autor não apenas da mais vasta obra São João da Cruz (1548-1591), carmelita espanhol,
religiosa, como também das mais importantes tido como um dos maiores místicos do cristianismo,
obras sacras realizadas no continente americano – e que realizou, com Teresa de Ávila, a reforma da
singular criador do moderno muralismo religioso Ordem. João da Cruz foi notável poeta e autor de
das vanguardas estéticas em termos internacionais. Cântico espiritual, fruto do “amor de abundante
À medida que tais obras englobavam maior inteligência mística [...] em que a interpretação e o
liberdade formal, surgia acalorada discussão, mistério caminham lado a lado”.5
principalmente sobre a religiosidade de seu autor. De pura beleza itálica, que por todos os
Nem todos os pintores de obras religiosas méritos pictóricos honraria qualquer das Loggie ou
professaram a fé católica com o fervor que a Stanze Vaticane, como honra agora as galerias do
professara Michelangelo. Em meio às censuras e mnba, a Nossa Senhora do Carmo, figura central do
ameaças da Inquisição, tornou-se célebre o ocorrido tríptico, teve por modelo Inês, irmã de Portinari.
com Paolo Veronese, processado por “excesso de Para pintar o menino Jesus que está no colo da
imaginação”, e obrigado a alterar certas cenas, a Virgem, o pintor usou como modelo seu filho João
vibração do colorido e até o título de Ceia de Cristo Candido. Trata-se de obra de intensa luminosidade,
para Ceia em casa de Levi (1573). Em defesa de seus em que as formas e dobras esvoaçantes do manto
princípios estéticos, o pintor invocou o direito aos de inspiração carmelitana que cobre o corpo
“voos da fantasia e a licença que cabe aos artistas, da Virgem, em variada escala tonal de amarelo
aos poetas e aos loucos”. Também David Alfaro vivo, quebram o caráter retilíneo e a severidade
Siqueiros (1896–1974) teve problemas com a da longa bata de escuros e modulados sienas.
pintura de Cristo, mas em seu caso com os radicais O violeta do também esvoaçante véu que cobre
de esquerda, que não admitiam pintor comunista a cabeça da santa, os variados azuis da veste de
pintando obra religiosa. Jesus e a discreta vegetação do Monte Carmelo,
Contra Portinari, as críticas vinham mais de por sua vez, contrastam em tom e valor, e
eventuais autoridades eclesiásticas locais e de alguns colorem agradavelmente todo o quadro. A mão,
religiosos conservadores, o que levou o prestigioso de delicados dedos que seguram o cordão do
líder católico, crítico literário e pensador Tristão escapulário carmelitano, difere dos escalavrados
de Athayde (1893–1983) a declarar: “Portinari foi o pés que aparecem sob a bata, em autêntica
maior gênio de nossa pintura [...] autor de uma arte manifestação do realismo portinariano mais que
intencionalmente sobrenatural [...] não é necessário do expressionismo próprio ao barroquismo.
que o pintor seja pessoalmente religioso para que Para a decoração da Capela, Portinari pintou,
sua arte religiosa seja autêntica”.4 além do referido tríptico, um Purgatório.

170 … 171
Purgatório, 1944
óleo sobre madeira
oil on wood
60 x 200 cm

PÁGINA … PA G E 170

São Simão Stock, 1944


óleo sobre madeira
oil on wood
175 x 60 cm

PÁGINA … PA G E 171

São João da Cruz, 1944


óleo sobre madeira
oil on wood
175 x 60 cm

172 … 173
Consagração no Teatro Municipal estética, reverência humanística e sadio patriotismo,
do Rio de Janeiro afirmou:

No início de 1956, quando Portinari termina a Esta medalha que ora lhe entrego como mais
execução dos painéis Guerra e Paz, em atenção ao um galardão de sua vida de artista vai lhe
clamor popular – apelo de intelectuais, artistas e dos lembrar a admiração de outros povos mas,
mais variados setores da população –, que desejava acima da admiração das outras nações que
a mostra dessa obra magna de nosso pintor para olham para você como expressão alta da arte
o público brasileiro antes que seguisse para o seu contemporânea do mundo, o povo brasileiro
destino definitivo, o saguão principal do edifício- acompanha não apenas com orgulho mas com
-sede da onu, em Nova York, o Ministério das afeição e carinho sua obra admirável porque
Relações Exteriores organizou a sua exposição no sabe que pela sua mão, pela inspiração de seu
Theatro Municipal do Rio de Janeiro, cujo palco espírito, o Brasil já conquistou nos louros da
era, na cidade, o único local condigno de comportar sua vitória uma posição admirável nos quadros
seus 14 metros de altura. O evento foi inaugurado da arte mundial. Os meus parabéns e minhas
em 27 de fevereiro, com a presença do presidente da congratulações em nome do povo do Brasil por
República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. este acontecimento que vai marcar um passo
Na ocasião, o presidente Juscelino entregou a acentuado na marcha que o nosso jovem país
Portinari a Medalha de Ouro de melhor pintor do vai fazendo na senda tão misteriosa e difícil das
ano, que lhe tinha sido conferida, no ano anterior, conquistas da arte e do gênio.
pelo International Fine Arts Council, de Nova York –
o visto de entrada nos Estados Unidos fora negado O escritor José Lins do Rego comentaria o
ao pintor por prepotência e intransigência política evento e os painéis, declarando: “Só um homem
do governo norte-americano durante a Guerra Fria, próximo dos Evangelhos teria a visão que Portinari
impedindo-o de receber os prêmios que ganhara: teve sobre a guerra e a paz”.6 De sua parte, o crítico
além da referida Medalha de Ouro, o Guggenheim Mário Barata, em sua coluna de arte, escreveria:
e o Hallmark Art Award. Em sua fala histórica “Nunca na arte moderna do mundo inteiro, um
de saudação ao pintor – em boa parte, página de pintor viu as suas obras substituírem-se aos acordes
memória –, o presidente Juscelino relembrou: de Wagner e Verdi, à fantasia dos balés de Chopin, às
majestades das orquestras sinfônicas. Pela primeira
Eu adivinhei, ainda na madrugada da sua vida vez no século xx, o maior teatro de uma cidade
o que você seria nas artes e na vida do Brasil transforma-se em templo da pintura”.7
[...]. Quando o seu nome começou a aparecer
nas páginas da civilização mundial como uma
das expressões mais vigorosas do gênio e do poder Os painéis Guerra e Paz
expressionista dos povos americanos, já me
encontrava em Belo Horizonte na direção de sua Guerra. Nas páginas da história da arte em que
prefeitura, e tive nessa oportunidade o ensejo de surgem incontáveis guerras datadas e localizadas,
convidá-lo para decorar alguns dos edifícios que como as de Troia, do Peloponeso, e as pintadas por
ali construía. Eufrônio, as de San Romano e Anghiari, de Paolo
Nossa Senhora do Carmo, 1944 Uccello e de Da Vinci, ou Guernica, de Picasso,
óleo sobre madeira
E ao terminar seu discurso de inauguração da todas são narradas por cenas que as identificam.
oil on wood
220 x 120 cm exposição dos painéis Guerra e Paz, com lúcida visão Com os recursos próprios ligados ao tempo da

174 … 175
pintura, cada uma delas participa da variada Paz. Neste painel, tal como acontece com seu
gama de conceitos que vai do heroísmo à dor e ao pendant, são múltiplas as reminiscências de obras
desespero, ou defende um solo, ideia ou causa que anteriores de Portinari, como também são vários
as particulariza. os vestígios de ambos em quadros posteriores
A abordagem de Portinari é outra. Não do mestre. O que significa dizer serem eles elos
identifica guerra alguma, como se afirmasse que, coerentes de uma imensa produção pictórica da
em essência, todas as guerras se equivalem no mais alta representatividade do poder criador do
desencadeamento do horror e da animalidade. Não século xx.
se vê uma só arma; a cavalgada apocalíptica que Ao analisar esse painel, num dos mais longos
corta a cena em todas as direções, com seu cortejo e prestigiosos ensaios publicados sobre Portinari,
de conquista, fome e morte, não traz as cores Antônio Bento diz:
bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco
ou o amarelo. É o azul que domina. Uma trágica e Sua inspiração voltou-se para a vida rural
dorida sinfonia em azul, passando por toda a sua e bucólica, numa espécie de visão inocente
escala. Os tons escuros, soturnos, ricos em variadas do Paraíso, consubstanciada na infância do
e profundas nuanças violáceas, desenham as cenas artista. A sua concepção de paz não seria
sobre fundo de claros azuis e reflexos verdátreos, consequentemente representada pelo conforto
tendentes aos leves citrinos. atormentado ou fremente das grandes cidades,
Contrastando com esse universo azul, das megalópoles cheias de poluição, vícios, luxo
valorizando-o cromaticamente, em contraponto e paixões. É principalmente a paz dos campos,
tonal, o cavalo manchetado de carmim e a carnação da gente simples, das crianças pobres, dos filhos
de rostos, braços e pés saindo das vestes escuras dos camponeses paulistas, que afinal estão
surgem em vibrantes alaranjados, que vão das irmanados pela verdadeira concórdia cristã.
sombras trevosas violáceas aos quase vermelhos e Foram desse modo humilde aqueles que de fato
rosas de intensa crepitação luminosa. Nesse clima vivem em harmonia, num ambiente agrícola,
Guerra, 1952–6 de violentos contrastes, de soturna féerie, o tropel os seres que sugeriram ao pintor a visão de uma Paz, 1952–6
óleo sobre madeira compensada ininterrupto liberta as feras que aterrorizam o sociedade pacífica e feliz.8 óleo sobre madeira compensada
oil on plywood oil on plywood
mundo.
14 x 10,58 m 14 x 10,58 m
OR G AN I ZAÇÃO DAS N AÇÕES U N I DAS
Estamos diante de um cataclismo aterrador O que emana desse painel nos enleva e encanta; OR G A N I Z A ÇÃ O D A S N A ÇÕES U N I D A S
U N ITE D N ATIO N S O RG AN IZ ATIO N em que os tempos remotos confundem-se com a mais do que a ideia de paz e da paz, é a própria U N IT E D N AT IO N S O R G A N IZ AT IO N
origem dos tempos. Se o terror nos traz à memória paz que nos invade ao contemplá-lo; a sensação
reminiscências de anátemas de Luca Signorelli de penetrarmos num universo de ventura, de PÁGINA SEGUINTE … NEXT PA G E

e de Dürer, a concepção inventiva e a fatura nos comunhão fraterna no trabalho produtivo, num Vista do painel Paz na sede da ON U
View of the Paz panel at the headquarters
trazem de volta à realidade de uma modernidade reino mágico de cores reluzentes, ao som da
building of the U N O , 1957
intemporal. ciranda de jovens entoando um canto universal
Realçado por clara luz, um eremita desnudo, de fraternidade e confiança, ou da candura dos
de pé em penitência, cobre os olhos com as folguedos infantis.
mãos, em prece e lamento. Figuras em grupo Com todos esses tons dourados, alegres,
compacto, genuflexo, braços levantados com as crepitantes de vida, o pintor parece nos dizer
mãos espalmadas e rostos voltados para o céu ante que a paz universal é possível. Dia virá em que a
o cenário de morte, deixam transparecer uma humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço
aragem de força e vida, de condenação à própria e no tempo.
existência da guerra.

176 … 177
Retorno dos painéis ao Brasil de várias autoridades estaduais e municipais,
inaugurou-se na noite de 21 de dezembro de 2010,
A repetição da exposição dos painéis Guerra e Paz de depois de 54 anos da primeira, a segunda exposição
Portinari no Theatro Municipal do Rio de Janeiro se dos monumentais painéis Guerra e Paz, de Candido
insere no clima da crescente presença internacional Portinari, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
do Brasil não apenas na área econômica, mas Por imensuráveis que sejam as distâncias e o
sobretudo no reconhecimento de nossos valores número de estrelas e de seus incontáveis planetas
sociais em progressão; valores intelectuais, morais e satélites pelas infinitas galáxias na imensidão
e espirituais expressos em nosso amor à paz, na cósmica, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na
tolerância no trato dos contrários, e em nosso apego noite mágica de inauguração da segunda exposição
à arte, vivificado em todas as manifestações do dos painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari,
espírito nacional. trazidos por empréstimo temporário da sede da
O até então inimaginável retorno ao Brasil dos onu, em Nova York, transformou-se no epicentro
monumentais painéis Guerra e Paz de Candido artístico do universo.
Portinari que ornamentam o saguão principal do Impossível pensar que, naquele momento, em
edifício-sede da onu, em Nova York, só foi possível qualquer outro corpo celeste, a arte e tudo o que
graças a uma conjugação de fatores, destacando-se possa haver de superior e sublime no universo
entre eles: primeiro, a deliberação da grande reforma estivessem sendo celebrados com tal efusão
do edifício-sede da onu de 2010 a 2015, no qual apaixonante. Se seres de inteligência igual ou
as obras de Portinari teriam de ser removidas e superior a existente aqui existissem ou existirem
abrigadas em outro local; segundo, a existência da em tais espaços siderais, por certo reverenciariam
modelar organização do Projeto Portinari, que ou reverenciaram o magno espetáculo montado por
idealizou e, posteriormente, gerenciou toda a uma obstinação filial apoiada por um presidente
operação, motivando o governo brasileiro a solicitar operário, que se fez representar por eminente
e a dar garantias à onu para o empréstimo dos chanceler, em meio a uma plateia eufórica,
painéis e sua restauração e exposição no Brasil; interpretando em seu justo valor nossa mais
terceiro, a existência, nos mais altos escalões da vigorosa mensagem artística, transformando-a em
República, na Presidência, na Vice-presidência, no símbolo de uma cantata universal de paz.
Ministério das Relações Exteriores, no Ministério A alegria reinante em todos os semblantes da
da Cultura e no bndes, de autoridades sensíveis aos multidão que lotava o teatro, e que durante todo
poderes e imperativos da arte como manifestação o período da exposição envolveu o edifício com
insubstituível do patrimônio intelectual, moral e intermináveis filas, deixou transparecer o justificado
psíquico da nação brasileira. orgulho do reencontro de cada um e de todos com
sua parcela da verdadeira alma nacional e com os
elementos precursores de seus almejados destinos
Apoteose da paz compartilhados na construção de um reino de perene
paz e felicidade. Nem todos tinham a mesma clareza
Em meio a numeroso público, em clima de júbilo sobre a extraordinária excepcionalidade do momento
nacional, com a presença do ministro das Relações que estavam vivendo, mas todos vislumbravam o
Exteriores, Celso Amorim, representando o privilégio que teriam pelo tempo afora de poderem
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do professor afirmar: “Eu estive lá!”
Luciano Coutinho, presidente do bndes, do diretor Seguramente, a memória nacional guardará para
do Projeto Portinari, João Candido Portinari, sempre a lembrança do espetáculo de interação de

178 … 179
todas as artes no palco do maior teatro da “Cidade [...]. É para mim um prazer e uma honra acolher teve a presença do filho de Portinari – que morou
maravilhosa”. Precedendo o desfile da multidão no Grand Palais esta exposição apoiada pelas durante muito tempo em Paris –, do embaixador
diante da magistral obra de um dos maiores grandes autoridades brasileiras, senhora presidente do Brasil na França, José Maurício Bustani;
pintores de todos os tempos, desenrolava-se o do Brasil, Dilma Rousseff, e senhora ministra de Marta Suplicy e de outros responsáveis pelo
documentário de Carla Camurati, seguido pela da Cultura, Marta Suplicy. Exprimo todo meu projeto; e de dezenas de brasileiros e simpatizantes
dança de Ana Botafogo e Alex Neoral, coreografada reconhecimento ao Projeto Portinari e a seu diretor orgulhosos.
por David Parsons, o canto de Milton Nascimento e João Candido Portinari, filho único do pintor.” Ninguém mencionou que Portinari não
a sonoridade de Villa-Lobos trazida pela Orquestra Com o título Guerra e Paz: uma obra-prima pode comparecer à inauguração dos seus murais
Sinfônica Brasileira Jovem. brasileira para a ONU, os monumentais painéis foram na ONU, em 1956, porque era comunista e os
Magnífico e bendito planeta, este em que dispostos de frente para a gigantesca parede de americanos não o deixaram entrar no país.9
a luminosidade impera e em cujas entranhas espelhos que duplicava seu impacto visual, criando
a matéria, em seu mais elevado estágio de intenso universo cromático, em que a retratação da Foi assim que o público amante das artes que
perfectividade, produz sonho, ideal e beleza; devastadora tragédia humana e da bem-aventurança movimenta Paris, formado por pessoas de todas as
em que, mesmo entre suas diatribes intestinas da paz encantava o espectador. partes do mundo, teve a rara oportunidade de entrar
e dolorosas etapas do parto do alvorecer de um No hall de entrada da exposição, estavam em contato direto com os painéis Guerra e Paz, e
Novo Mundo, fascinou o primeiro terráqueo a expostos os estudos (desenhos, pinturas, maquetes) sentir a emoção inolvidável que só as verdadeiras
contemplá-la do cosmo, arrancando-lhe a indelével feitos pelo pintor para a realização dos painéis, obras de arte propiciam.
exclamação: “A terra é azul!” Tão azul como o ao passo que, num telão interposto aos painéis,
descrito por Drummond no poema declamado projetavam-se, uma a uma, as imagens desses
por Fernanda Montenegro, nessa noite majestosa, estudos, e foco de luzes indicava no painel as Notas
diante dos painéis Guerra e Paz: “e nada mais resiste à figuras que lhes correspondiam, criando a ideia de
mão pintora/ [...] a mão-de-olhos-azuis de Candido interação entre projeto e obra definitiva. 1 hobsbawm, Eric. Era dos extremos: o breve século XX,
Portinari”. Outro telão, também gigantesco, recebia as 1914–1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 12.
imagens de quatro projetores sincronizados, com 2 Germain Bazin no prefácio do catálogo da exposição
cenas da vida do artista e reproduções das mais de Estudo para o painel Guerra
de Candido Portinari na Galeria Charpentier, Paris,
Guerra e Paz em Paris suas 5 mil obras e de fotos e documentos diversos Study for the Guerra panel:
em 1946, citado em bento, Antonio. Portinari. Rio
fera, c. 1955
provenientes do Catalogue Raisonné elaborado pelo grafite e sanguínea sobre papel de Janeiro: Leo Christiano Editorial, 1980, p. 196.
Os monumentais painéis Guerra e Paz iniciaram seu Projeto Portinari e publicado em 2004. lead and sanguine on paper
extraordinário périplo transatlântico, depois das já 3 Colona (1935), têmpera sobre tela, 97 x 130 cm.
Cinco dias após a abertura da mostra para 15 x 11 cm
lendárias exposições no Theatro Municipal do Rio Coleção Mário de Andrade, Acervo do Instituto de
convidados, Luís Fernando Veríssimo comentou o
de Janeiro, no Memorial da América Latina, em Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.
evento:
São Paulo, e no Teatro Brasil, em Belo Horizonte, 4 lima, Alceu Amoroso [Tristão de Athayde] &
com sua exposição em Paris, “no Salon d’Honneur, No Grand Palais, o espaço de arte de maior palma, Bruno. Arte Sacra Portinari. Rio de Janeiro:
no coração do Grand Palais, um lugar à sua altura prestígio em Paris, foi inaugurada a exposição Livroarte Editora, 1982, p. 11 e 15.
[...] nesta Cidade luz, em que o artista foi celebrado, dos dois murais Guerra e Paz. [...] Antes de
5 lucchesi, Marco. Faces da utopia. Niterói: Cromos,
em 1946, com a exposição organizada por Germain serem doados à ONU, em 1956, os grandes painéis
1992, p. 19.
Bazin na galeria Charpentier” – palavras de Jean- foram exibidos no Brasil, e agora chegam a
-Paul Cluzel, diretor do Grand Palais, no prefácio Paris no início da fase internacional de um 6 rego, José Lins do, O Globo, 29 de fevereiro de 1956.
do catálogo da exposição dos painéis Guerra e Paz, projeto de exposição, fora da área restrita do 7 barata, Mário, Diário de Notícias, 2 de março de 1956.
de Candido Portinari, de 7 de maio a 9 de junho de foyer da ONU, que começou com outra turnê pelo
8 bento, Antonio. Portinari. Op. cit., p. 140.
2014, na instituição por ele dirigida. Continuando: Brasil e terminará com a volta a Nova York em
“díptico monumental que traz precisamente esta 2015. A obra de Portinari está magnificamente 9 veríssimo, Luís Fernando, O Globo, 11 de maio de
mensagem de paz, de uma gritante atualidade apresentada no Grand Palais [...] e a solenidade 2014.

180 … 181
Cronologia
cristal proença 1903
O segundo dos 12 filhos do casal de imigrantes
italianos Dominga Torquato e Baptista Portinari,
Candido Portinari nasce no dia 30 de dezembro
numa fazenda de café, no distrito de Brodósqui, no
estado de São Paulo.

1914
Aos 10 anos de idade, executa Retrato de Carlos
Gomes, considerado seu primeiro desenho
conhecido.

1919
Decide deixar Brodósqui em direção ao Rio de
Janeiro, com o objetivo de iniciar sua formação
artística. Na capital, matricula-se no Liceu de Artes
e Ofícios.

1920
Frequenta, como aluno livre, a Escola Nacional de
Belas Artes (Enba), onde estuda desenho figurado
com o pintor Lucílio de Albuquerque.

1921
Na condição de estudante de pintura regular na
Enba, torna-se aluno de Rodolfo Amoedo, João
Batista da Costa e Rodolfo Chambelland.

1922
Participa pela primeira vez da Exposição Geral de
Belas Artes, na qual mostra um retrato e recebe
Portinari, c. 1925 menção honrosa.

182 … 183
1923
Conquista a Medalha de Bronze na Exposição
Geral de Belas Artes com Retrato do escultor Paulo
Mazzuchelli, professor do Liceu de Artes e Ofícios.
Seu nome começa a ser citado em artigos de
jornais. Obtém também premiações da Galeria
Jorge, então uma das mais importantes galerias
comerciais de arte.

1924
Recebe encomendas particulares de retratos. Pinta a
tela Baile na roça, a primeira com temática brasileira,
submetendo-a à seleção do júri da Exposição Geral.
O quadro é recusado, mas outras sete obras suas
participam do salão.

1926
Concorre pela primeira vez ao Prêmio de Viagem ao
Estrangeiro, com dois retratos.

Cabeça de mulher, c. 1923


óleo sobre tela 1928
oil on canvas
Conquista o cobiçado Prêmio de Viagem ao
29,4 x 25,5 cm
Estrangeiro com uma pintura do seu amigo e poeta
Olegário Mariano, hoje pertencente ao acervo do
Museu Nacional de Belas Artes (mnba). Continua a
realizar retratos de personalidades brasileiras, entre
os quais o do político Carlos de Lima Cavalcanti,
doado ao mnba pela Financiadora de Estudos e
Projetos – Finep em 2013.

1929–1930
Realiza sua primeira exposição individual, organizada
pela Associação dos Artistas Brasileiros, no Palace
Hotel, no Rio de Janeiro, em maio de 1929. No mês Portinari em aula de pintura da
seguinte, embarca no navio Bagé rumo a Paris, para Escola Nacional de Belas Artes (Enba),
diante de sua obra Mulher nua.
usufruir de seu Prêmio de Viagem. Visita diversos
Portinari at the painting class of
museus e tem o primeiro contato direto com obras the National School of Fine Artes (Enba),
de Rafael, Ticiano e Botticelli. Conhece a jovem standing before his work Nude woman,
uruguaia Maria Victoria Martinelli. Rio de Janeiro, 1923

184 … 185
1931 apresentando pela primeira vez telas com temas
Retorna ao Rio de Janeiro, casado com Maria. Traz infantis e recordações de Brodósqui. Recusa-se a
seis obras, uma das quais um autorretrato. Expõe participar da Exposição Geral, demonstrando seu
novamente no Palace Hotel. O arquiteto Lucio descontentamento com a retomada do Salão pela
Costa é nomeado diretor da enba, abolindo-se da parte conservadora da Escola, que culminaria com
Exposição Geral a premiação e o júri encarregado a demissão de Lucio Costa. Pinta Retrato de Maria, Portinari com sua auxiliar Diana Barbéri
da seleção de obras. Portinari é convidado a também pertencente ao mnba. ao fundo, no galpão onde trabalham na
participar da Comissão Organizadora do Salão, da execução dos estudos para os painéis do
Ministério da Educação … Portinari with his
qual também fazem parte Anita Malfatti e Manuel
assistant Diana Barbéri, in the background,
Bandeira, e a expor 17 obras. at the shed where they work in executing the
1933 studies for the Ministry of Education panels
Participa da 2ª Exposição de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1938

promovida pela Sociedade Pró-Arte Moderna – … LEFT


1932 spam, ao lado de Alberto da Veiga Guignard e
PÁGINA À ESQUERDA PA G E

Portinari com … with Antonio Bento, Mario de


Inaugura nova exposição no Palace Hotel, Di Cavalcanti. Andrade e … and Rodrigo Melo Franco de Andrade
evento que se repete anualmente até 1936, na exposição de suas obras no Palace Hotel …
at the exhibition of his works at the Palace Hotel,
julho de … July, 1936

186 … 187
1934
Executa sua primeira obra com temática social, a
tela Os despejados. No final do ano, exibe 50 obras em
São Paulo, provocando comentários entusiasmados
do crítico Mário Pedrosa e dos escritores Manuel
Bandeira e Oswald de Andrade.

1935
No Palace Hotel, exibe pela primeira vez a famosa
tela Café. Em junho, é convidado pelo Instituto
Carnegie de Pittsburgh, Estados Unidos, a integrar
exposição internacional com artistas de 21 países.
A mostra, inaugurada em outubro, confere à
Portinari a Segunda Menção Honrosa por Café.
É chamado pelo amigo Celso Kelly a lecionar
pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da
Universidade do Distrito Federal (udf).

1936
Obras suas começam a ser incorporadas a espaços Capa do livro … Cover of the book
públicos. Executa quatro painéis para o Monumento Portinari, his life and art, 1941
Rodoviário na estrada Rio–São Paulo e recebe
PÁGINA À ESQUERDA … LEFT PA G E
convite de Gustavo Capanema, então ministro da
Grupo de alunos e colegas de Portinari,
Educação e Saúde, para executar os murais da futura
na Universidade do Distrito Federal.
sede do Ministério no Rio de Janeiro (atual Palácio Entre eles … Group of Portinari’s students and
Gustavo Capanema), grande projeto da arquitetura colleagues, at the Federal District University.
modernista brasileira que contou com a participação, Among them: Mário de Andrade, Roberto
entre outros, de Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Burle Marx, Enrico Bianco, Héris Guimarães e …
and Ignez Correa da Costa. Rio de Janeiro, 1938
Affonso Eduardo Reidy e Roberto Burle Marx.

1937
Sob os auspícios do Estado Novo e de seu presidente
Getulio Vargas, criam-se o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (atual Iphan) e o
Museu Nacional de Belas Artes.

188 … 189
Esboço para a pintura mural São Francisco
se despojando das vestes … Draft for the
São Francisco se despojando das vestes
-americano Rockwell Kent, seu amigo desde mural painting: São Francisco, 1944
1937. De férias em Brodósqui, pinta os afrescos grafite sobre papel
lead on paper
que decoram uma capelinha feita para sua avó
14,3 x 24,4 cm
(Capelinha da Nonna) e executa gravuras em
1939 1940 ponta-seca. Em meados do ano, embarca novamente PÁGINA À ESQUERDA … LEFT PA G E
Com a extinção da udf, encerra a carreira de Realiza seis ilustrações para o livro A mulher para os Estados Unidos, acompanhado de sua O casal Portinari, vendo-se ao fundo
professor. A aproximação entre os Estados ausente, de Adalgisa Nery. Expõe diversas vezes família, para realizar os quatro painéis na Fundação duas obras da Capela Mayrink
Unidos e a América Latina contribui para que seja nos Estados Unidos. A Revista Acadêmica publica Hispânica da Biblioteca do Congresso, em The Portinari couple, with two works of
convidado a realizar três pinturas – Jangadas do número especial em sua homenagem e, em outubro, the Mayrink Chapel in the background.
Washington, d.c.
Rio de Janeiro, 1944
Nordeste, Cena gaúcha e Noite de São João, esta doada inaugura-se no moma a exposição Portinari of Brazil,
ao Museu de Arte Moderna de Nova York (moma) – que reúne 186 de suas obras. PÁGINAS SEGUINTES … NEXT PA G E S
para o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Portinari pintando o painel Jogos infantis
Nova York, projeto de Oscar Niemeyer e Lucio 1942 para o Ministério da Educação
Costa. Em novembro, realiza no mnba exposição Realiza oito painéis com temas da música popular Portinari painting the Jogos infantis
patrocinada pelo Ministério da Educação, tida 1941 para a sede da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, panel for the Ministry of Education

como a maior e uma de suas mais importantes A Universidade de Chicago publica o livro Portinari, encomendados pelo jornalista e empresário Assis
exposições. his Life and Art, com introdução do artista norte- Chateaubriand, e conhecidos como Série Os Músicos.

190 … 191
1943
Realiza os painéis para a sede da Rádio Tupi em São
Paulo, conhecidos como Série Bíblica. Em junho, faz
nova individual no mnba, mostrando 168 obras, vistas
por 25 mil pessoas, de acordo com carta que endereça
ao amigo Mário de Andrade. Começa os estudos para
os futuros painéis da Igreja da Pampulha, em Belo
Horizonte, parte dos quais pertencentes ao acervo
do mnba. Ilustra Memórias póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis, primeiro volume da Sociedade dos
Cem Bibliófilos do Brasil, fundada pelo colecionador
Raymundo de Castro Maya.

1944
Por iniciativa também de Raymundo de Castro
Maya, executa quatro painéis a óleo sobre madeira
para a Capela Mayrink na Floresta da Tijuca, Rio
de Janeiro, hoje pertencentes ao mnba, e dois
painéis da Série Retirantes. Em meados do ano, cria
um conjunto de 40 figurinos para o espetáculo de
balé Iara e retoma os trabalhos para o Ministério da
Educação, finalizando o imenso painel Jogos infantis.

Folheto da exposição Portinari of Brazil na 1947 Raymundo Castro Maya publica o livro O alienista,
Leaflet of the exhibition Portinari of Brazil Viaja com a esposa e o filho para a Argentina, de Machado de Assis, ilustrado com gravuras e
at Pan American Union, Washington, 1945 onde inaugura mostra individual, e para o desenhos seus. No fim do ano, o livro Zé Brasil,
30 de junho a 3 agosto de 1947 Com o declínio do Estado Novo, Portinari se filia, assim Uruguai, onde realiza palestra sobre o sentido
June 30 to August 3, 1947
de Monteiro Lobato, também é lançado com
como outros intelectuais e artistas, ao Partido Comunista social da arte. Conhece poetas, artistas e ilustrações suas.
do Brasil (pcb), liderado por Luís Carlos Prestes. intelectuais de esquerda. Em época de intensa
P Á G I N A À D I R E I TA … RIGHT PA G E
Candidata-se a deputado federal, mas não se elege. desconfiança e repúdio ao comunismo, exila-se
Portinari com estudos para o painel
A Primeira Missa no Brasil … Portinari
Viaja a Belo Horizonte, onde executa, para o altar da Igreja voluntariamente no Uruguai.
da Pampulha, o painel São Francisco se despojando das vestes.
with studies for the panel The First Mass
1949
in Brazil, Montevidéu, 1948
Executa o painel Tiradentes para decorar o Colégio
Cataguases, outro projeto de Niemeyer em
1948 Minas Gerais, inaugurado em novembro, e hoje
1946 Em Montevidéu, executa a grande tela a têmpera pertencente ao Memorial da América Latina, em
Por meio de iniciativa do historiador da arte A Primeira Missa no Brasil, doada ao mnba pelo São Paulo. Um incêndio destrói seis dos oito painéis
Germain Bazin, de quem se torna amigo, inaugura Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em 2013. pertencentes à sede da Rádio Tupi do Rio de Janeiro.
em Paris uma individual na Galeria Charpentier.
Recebe do governo francês a condecoração de
Cavaleiro da Legião de Honra.

194 … 195
1950 1953
É convidado a realizar um estudo para painel de azulejos É internado na Casa de Saúde Santa Maria, na
do Conjunto Residencial do Pedregulho, do arquiteto cidade do Rio de Janeiro, com grave hemorragia,
Affonso Eduardo Reidy, na cidade do Rio de Janeiro. provavelmente causada pelo chumbo contido em
Em Paris, com a ajuda de Israel Pedrosa, Clóvis Graciano algumas das tintas que utilizava.
e Mário Gruber, entre outros, trabalha no painel
Pescadores, encomenda do empresário Walther Moreira
Salles. Participa da Bienal de Veneza e é agraciado, pelo
painel Tiradentes, com a Medalha de Ouro da Paz no 1954
ii Congresso Mundial dos Partidários da Paz. Participa, ao lado de artistas e personalidades como
Djanira da Motta e Silva, Oscar Niemeyer e Gilberto
Freyre, do i Congresso Nacional de Intelectuais,
que discute as condições culturais no país. Expõe
1951 no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Bienal
Em maio, participa do primeiro Salão Nacional de de Veneza e em mostra internacional em Varsóvia.
Arte Moderna, oriundo da Divisão Moderna do Salão Sua saúde dá novamente sinais de desgaste e, por
de Belas Artes da Enba. Em outubro, expõe na precaução, é aconselhado por seu médico a passar
i Bienal de São Paulo em sala dedicada à sua algum tempo sem pintar.
produção. Publica-se, em Milão, a monografia
Portinari, organizada por seu amigo Eugenio Luraghi.

1955
1952 Assina finalmente contrato com o Ministério
O governo brasileiro sugere seu nome ao então das Relações Exteriores para a realização dos
secretário-geral da Organização das Nações Unidas painéis da sede da onu. A iii Bienal de São Paulo
(onu), Trygve Halvdan Lie, para a execução de obra dedica sala especial a Segall e Portinari, que não
feita especialmente para a nova sede da instituição, haviam participado da edição anterior. Recebe do
na cidade de Nova York, composta dos futuros International Fine Arts Council (ifac), sediado em
painéis Guerra e Paz. Alguns dos estudos desses Nova York, a Medalha de Ouro de melhor pintor do
painéis pertencem hoje ao acervo do mnba. ano. Termina com sua equipe, integrada por Enrico
Bianco e Rosalina Leão, os painéis Guerra e Paz.

1956
Depois de forte apelo na imprensa para que os
brasileiros os vissem antes da partida definitiva
Candido Portinari assinando o contrato para para os Estados Unidos, os painéis Guerra e Paz são
a execução dos painéis da Organização das apresentados no Teatro Municipal do Rio de Janeiro,
Nações Unidas, com o embaixador Camilo com a presença do então presidente Juscelino
de Oliveira … Candido Portinari signing Kubitschek. A pedido da editora José Olympio,
the contract for executing the United Nations
Organization panels, with ambassador Camilo
executa 22 desenhos a lápis de cor para Dom Quixote
de Oliveira, 14/02/1955 de La Mancha, de Miguel de Cervantes. Inaugura

196 … 197
em Israel, com a presença de familiares e amigos, 1961
a exposição Portinari: oil paintings and drawings, Também na Galeria Bonino, realiza sua última
1944–1956. A viagem o inspira a fazer esboços e mostra individual em vida. Viaja para Paris, a fim
estudos para a futura Série Israel, muitos dos quais de tratar de exposição em Milão, organizada por
hoje pertencentes as acervo do mnba. Recebe mais Eugênio Luraghi. Problemas pessoais e de saúde
um prêmio internacional, da Solomon Guggenheim abatem o pintor, que logo retorna ao Brasil.
Foundation, de Nova York, pelos painéis Guerra e
Paz.

1962
Restabelecido, retoma os preparativos para a
1957 exposição de Milão, contudo logo em seguida os
Expõe, na Maison de La Pensée Française, em Paris, sintomas da intoxicação por chumbo ressurgem,
136 obras, posteriormente exibidas em cidades tornando seu estado de saúde bastante crítico.
alemãs. Sem sua presença, os painéis Guerra e Paz Falece no dia 6 de fevereiro, aos 58 anos de idade,
são instalados e apresentados ao público no dia 6 na Casa de Saúde São José, na cidade do Rio de
de setembro. Janeiro.

1958 1963
Participa de inúmeras exposições nacionais e A exposição concebida por Portinari e Eugênio
internacionais. Incêndio no moma destrói a pintura Luraghi em 1961 é inaugurada em Milão, no
Noite de São João, que decorara o pavilhão brasileiro Palazzo Reale, com 201 obras.
na Feira Mundial de Nova York.

1964
1959 Publica-se seu livro Poemas, no qual evoca aspectos
Expõe na Galeria Wildenstein, em Nova York. da infância em Brodósqui. Estudo para … Study for Cabeça de
Publica-se o segundo livro que ilustrou para velho, da série Israel … from Israel
a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, de series: cabeça de judeu, 1956
Raymundo Castro Maya: Menino de Engenho, de José grafite sobre papel … lead on paper
Lins do Rego. Participa com mostra retrospectiva da 10,5 x 14,2 cm
1972
v Bienal de São Paulo. O mnba dedica uma exposição aos dez anos sem PÁGINA SEGUINTE … NEXT PA G E
Portinari, com 41 de suas obras. Portinari com seus pincéis
Portinari with his brushes
Rio de Janeiro, 1966
1960
Expõe na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro. 1975
Em Turim, lança-se novo livro sobre a sua obra, A exposição Análise iconográfica da pintura
organizado pelo amigo, editor e escritor Eugênio monumental de Portinari nos Estados Unidos é
Luraghi. inaugurada no mnba.

198 … 199
1977 2010
Também no mnba, inaugura-se a exposição Por ocasião de reforma da sede da onu, João
Portinari desenhista. Candido e autoridades brasileiras se empenham
em trazer os painéis Guerra e Paz de volta ao Brasil,
a fim de serem restaurados e expostos a uma nova
geração de brasileiros. Os dois painéis ocupam
1979 novamente o palco do Teatro Municipal do Rio de
Por iniciativa de seu filho, João Candido, cria-se Janeiro e, nos anos seguintes, são exibidos em São
o Projeto Portinari, com os objetivos de preservar Paulo e em Belo Horizonte.
sua memória e de mapear e organizar suas obras e
documentos.

2013
A Primeira Missa no Brasil, havia anos na antiga
1984 sede do Banco Boavista, e os quatro painéis
Por iniciativa do Projeto Portinari, monografia sobre que decoravam a Capela Mayrink, sob a guarda
o artista escrita por Mário de Andrade na década do mnba desde a década de 1990, após terem
de 1940, a pedido de uma editora argentina, é sido roubados, são doados a este museu,
publicada pela Revista do Patrimônio. respectivamente, pelo Ibram e pelo Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Em julho, inicia-se o processo de doação de
expressivo conjunto de trabalhos, muitos dos
1990 quais estudos para obras importantes, pela Finep –
Publica-se o livro Portinari, pintor social, da Inovação e Pesquisa.
historiadora e crítica de arte Annateresa Fabris.

2014
2004 Em janeiro, com a oficialização da doação pela Finep,
Lançamento pelo Projeto Portinari do Catalogue o mnba se torna a instituição pública com a maior
raisonné de sua obra, com quase 5 mil itens coleção de obras de Candido Portinari. Os painéis
distribuídos em cinco volumes. Guerra e Paz e dezenas de estudos são expostos no
Salon d’Honneur do Grand Palais, em Paris, um dos
mais importantes espaços culturais franceses.

2007
Comemoração dos 50 anos de instalação dos painéis
Guerra e Paz na sede da onu, em Nova York.

200 … 201
English
the national museum of fine arts (mnba) bears a there are artists who have produced works
unique role in the field of Brazilian museology. It is the es- with a differentiated scope, which have made them true
tuary of the currents which highlight the development of references in the culture of a country. Also, there are art-
fine arts in the country. The museum lodges works evok- ists who have left an ensemble of works of such magni-

translation ing the contribution of the Nassau-era painters, in 17th-


century Northeast Brazil, and referring to the arrival of
new European practitioners of art upon the transfer of the
tude and who have become milestones to Mankind itself.
Portinari was one of these geniuses who have helped
forge the identity of Brazilians and contribute toward
Portuguese Court to Rio de Janeiro, at the eve of the Brazil- expanding universal culture. His works are present in
ian Independence. The artists who have, since then, ever museums all over the world, in public and private collec-
carlos luís brown scavarda greatly stood out in Brazilian production are found in the tions, at the United Nations Organization headquarters,
collections which comprise a singular thesaurus. From the in New York, and at the American Library of Congress, in
Empire to the Republic, from the so-called French Mis- Washington d.c.
sion to contemporary times, art in Brazil finds in this mu- Finep – Innovation and Research has kept, for sev-
seum one of its richest troves, side by side with significant eral years, 205 of Portinari’s works, given as guarantee for
collections from overseas, mainly from Europe and Africa. a loan. This collection, which was out of public reach, ob-
Candido Portinari’s presence stands high among the viously bears market value. However, how to evaluate a
Brazilian creators. His foremost standing in 20th century collection by this generous artist, who has highlighted so
production and the acknowledgment of his work in the much social themes in his work, side by side with politi-
international field, as proven by the panels Guerra and Paz, cal militancy in his private life? Its cultural value and its
at the United Nations Organization headquarters in New importance to Brazil are boundless.
York, would suffice to accredit Portinari for privileged Finep has decided to donate its Portinari collection to
space at the mnba. But he takes up, in truth, the most im- the National Museum of Fine Arts and, therefore, allow
portant individual position in the institution’s collection, access to an important part of the work of this fine arts
which is heightened by the fact that the mnba boasts of the genius. Thus, Finep, which boasts of a track record under-
largest ensemble of works by the master from Brodósqui. scored by support to science, technology and innovation,
Special mention is made to A Primeira Missa no Brasil and also pioneers in the cultural realm. Finep’s gesture repre-
the paintings from the Mayrink Chapel, recently incor- sents the endeavor of a state institution in transforming
porated, together with the donation promoted by Finep – Brazil through innovation and showing the entire society
Innovation and Research. what we have best.
It is thus providential that this book present the Por-
tinari collection at the Museu mnba as a means of divulg- glauco arbix
ing the Brazilian museum program and a work so intensely President of Finep
identified with the country’s life. Under the auspices of the
Brazilian Ministry of Culture and the Brazilian Institute of
Museums (Ibram), this publication comes to light thanks
to the prestigious support of the General Italian Consulate
in Rio de Janeiro and the Italian Cultural Institute, as well Candido Portinari was born on December 30th,
as of the Projeto Portinari and Finep. 1903, on a coffee farm, near the village of Brodósqui,
The sentiment of people, the drama of scenarios, and in the state of São Paulo. Son of Italian immi-
the soul of characters who inhabit Candido Portinari’s grants of humble origin, he had a poor childhood.
work reveal themselves in each gesture through which He acquired only a primary school education.
he composed a portrait of Brazil as one does not see mir- Since his childhood, he manifested his artistic
rored in any other support. Knowing this legacy is ap- vocation. Portinari began painting a age 9. And –
proaching that which is essential in the invention of art from Cafezal to the United Nations – he became
and in the enchantment of life. one of the greatest painters of his time.

angelo oswaldo de araújo santos Introductory text on the artist in the Projeto
President of the Brazilian Institute of Museums Portinari site – www.portinari.org.br

202 … 203
the quotation reprinted above leads us to giant in Brazilian art, who honors not only Brazil, but also the history of the collaboration between the institution I The National Museum of Fine Arts (mnba), heir of the
the understanding that the history of Piraquê resembles the motherland of its ancestors. direct, and the mnba, which has already seen numerous bicentennial collection of the Imperial Academy of Fine
the path trodden by this great Brazilian painter. moments of notable importance. Arts Pinakotheque, linked to the Brazilian Museum Insti-
Piraquê turned 60 years old in September 2010. raffaele trombetta The figure of Portinari is highly representative of tute (Ibram) and to the Ministry of Culture, comprises one
Those who saw its 1950’s plant in Rio de Janeiro would Ambassador of Italy in Brazil the connections and bonds linking Brazil and Italy. It is of the pillars of national memory. A reference in the field
not be able to imagine that it would currently boast of enough to remember that coffee is not only a theme of of museology and history of art, its collection precedes by
more than 4,500 employees, with its high-technology his famous 1935 painting, but also recurrent in several far the historical circumstance which gave rise to it. Fol-
controlled production, from prime materials to the final other paintings and literary works, being a memento of lowing its creation in 1937, its collection was superlative-
products, distributed to more than 60 thousand points of the family’s origin, of Italians coming to Brazil in the ly expanded, being currently internationally recognized.
sale solely in the state of Rio de Janeiro. And all this with one of the features which contribute to great immigration wave of the end of the 19th century, In the last three decades, singular sets of works of art
the purpose of delivering high-quality products to mil- highlight Candido Portinari’s work within the Brazilian to work in the coffee farms in the São Paulo hinterland. by renowned Brazilian and foreign arts were incorporat-
lions of Brazilians. artistic scenario is his ability of melding the Italian cul- The Italian tradition bore a fundamental role in Porti- ed to the mnba collection, through generous donations,
This is our mission – and the reason why we feel hon- tural matrix with the Brazilian roots. This complementary nari’s formation. “I learn more by looking at a Titian, at a thereby fostering the enlargement of representative seg-
ored to partake in the sponsorship of this beautiful and rel- nature is reflected on the characters chosen to a leading Raphael, that at the entire Autumn Salon”, he wrote from ments of the museum collection, not only in quantity, but
evant book: Portinari – Coleção Museu Nacional de Belas Artes. role in his paintings, thereby evincing the proper essence Paris, to his poet friend Olegário Mariano, with whose also and especially in quality, in a careful and painstaking
of his message. portrait he had won, in 1928, the National Fine Arts collection of works which comprise the treasury of the
celso colombo filho The presentation of his works belonging to National School Overseas Travel Award. Brazilian nation. We find, by following this historical nar-
Piraquê Museum of Fine Arts (mnba) comprises a valuable op- From the viewpoint of an Italian observer, it is inter- rative, the collection of works by Candido Portinari, one
portunity for the appreciation of the multiple facets of esting to underscore the “deglution” manifest in Porti- of the most expressive in our institution, side by side with
the original interpretation he bestowed on the theme of nari’s work, in whose paintings and murals of a national Rodolfo Amoedo’s, Vítor Meireles’s and Djanira’s collec-
cultural miscegenation, which helps toward better under- character and subject, linked to the Brazilian ethnic for- tion. Portinari is an exceptional draftsman, author of an
standing the depth and density of his work. Another re- mation and economic and social life, one sees a European own style, whose works, formally innovative, outlive the
it is with great pride that we celebrate one markable element is the humanism which permeates his heritage “anthropophagically devoured” and reformulated time when they were created. The mnba Portinari collec-
of Brazil’s greatest artists of all time. The ensemble of portraits: from the laborers at the coffee farms to victims of in original shapes. tion goes through the historical path of his artistic pro-
works by Candido Portinari exhibited here, jointly with the war and of drought, as well as to the other characters in “The new Rome is here, in Brazil,” used to say Darcy Ri- duction and allow us to glean at his Otalian roots. Built up
the National Museum of Fine Arts, allows us to fully un- an endless gallery of men, women, and adolescents. beiro. Candido Portinari, together with the “oriundi” Eliseo in several moments and circumstances, it has comprised
derstand his incommensurable value, through master- His humanism feeds on its deep interest in the world D’Angelo Visconti, Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Alfredo one of the most significant collections of our institution
pieces comprising several phases of his life. and in the events which marked his life in the most con- Ceschiatti, Bruno Giorgi, and so many others, is a member and of the country.
We are able, through Portinari’s paintings, to gauge flicting period of the 20th century, as can be gleaned from of the family of great artists and intellectuals who knew This book was conceived to let us know better Candi-
the essence of Brazil in the 20th century: a Brazil of la- the large frescoes (one more legacy from Renaissance how to renew the Latin spirit on American soil. do Portinari’s universe, as well as its aesthetic and formal
borers, farmers, women, priests, and all the other intense painting) which decorate the former headquarters of the branches, and perceive his works as stimulating paths to
human figures depicted in the depth of their existence in Ministry of Culture, in Rio de Janeiro. andrea baldi reflection and study of Brazilian art.
colors, which only Brazil knows how to inspire in sensi- I wish to thank the mnba for this opportunity to Director of the Rio de Janeiro Italian Culture Institute Our sincere thanks to all those who made possible the
tive souls. further value a great protagonist of Brazilian artistic life, organization of this publication, so necessary to the stu-
Candido Portinari is the loftiest example of the thereby strengthening a partnership which adds up to dents of Brazilian modern art. In special, to the President
blending of the sensitivity shaped in centuries of Italian the interchange between Brazil and Italy. of the Brazilian Museum Institute, Angelo Oswaldo, to
art history and the visionary and innovative stimuli the President of Finep – Innovation and Research, Glauco
which only a new, exuberant and tropical country such mario panaro museums are spaces for knowledge, investigation, Arbix, to the Consul-General of Italy in Rio de Janeiro,
as Brazil could foster. There are countless manifestations Consul-General of Italy in Rio de Janeiro meditation, sentiment, entertaining, and preservation. Mario Panaro, to the director of Italian Cultural Institute,
of such melding in fine arts. I deem Portinari to be the They are guardian institutions of the national heritage, in Andrea Baldi, and to João Candido Portinari. Our gratitude
predecessor of all these artists. which the past, the present, and the future live in harmo- to the sponsors of this book, and our recognition to the
We cannot fail to mention the fact that we have, at the ny, in a conscious quest for protecting the artistic treasure donors, who trusted the mnba. We would not be able, fi-
Italian Embassy, in Brasilia, a masterpiece by Portinari. It trove of a country. Museums, according to art critic An- nally, to forget to thank the authors of the critical texts pre-
is for us a reason of great pride and prestige to be able to as director of the rio de janeiro italian tonio Paolucci in Pensieri d’arte: dentro e fuori i Musei Vati- sented here, who embraced the project with enthusiasm
lodge paintings such as this, which always arouse admira- Culture Institute, I am particularly happy with the pub- cani, are, thus, territories in which “occasions are multiple and generously shared their knowledge with us.
tion from all our guests and visitors. lication of the present volume, centered on the works of (a restoration job, an exhibition, a happy attribution, a re-
Therefore, it is with great satisfaction that the Italian Candido Portinari belonging to the National Fine Arts view of a work of art of an author) and the emotions are monica f. braunschweiger xexéo
Embassy partakes of this great initiative to celebrate a Museum (mnba). This book comprises a new stage in numerous”. Director of MNBA/Ibram/MinC

204 … 205
Portinari’s first house paint like this because they do not know how to draw”.
Portinari knew drafting in depth, the matter, the skill, the
The Portinari and Torquato families come to Brazil dur-
ing the great Italian immigration occurring at the end of
valesce in the city, located in a region boasting of a climate
friendly to good breathing – protecting themselves against
joão candido portinari “kitchen of painting”, thanks to Enba... the 19th century, aimed at procuring labor for the expand- the influenza, or Spanish flu, which was rampant in coun-
The former academic painter, by adhering to the new ing coffee plantations. Using the slogan “Arms for agricul- try’s capital. Baptista asks Quirino Toledo, his “compadre” to
plastic expression allowed for demonstrating that defor- ture”, the Brazilian government, with emphasis on the São take his son Candido with them, when they return, to en-

I thank my dear friend Mônica Xexéo, director of the


National Museum of Fine Arts (mnba), for the atten-
tion and competence with which she has been retrieving
mation, so much criticized by the “past lovers”, did not
mean lack of knowledge of drafting, implying only one
esthetic choice. Almost half a century later, psychoana-
Paulo province, developed an immigration policy which,
only between the years of 1875 and 1900, was responsible
for the inflow of 1 million Italians into Brazil. It was a cus-
able him to study painting. Candinho was then 15 years old.

When the occasion presented of coming to Rio, I spent nights


Candido Portinari’s memory at the mnba, as well as the lyst and writer Hélio Pellegrino would state: tom to “Brazilianize” the immigrants’ names when issuing and nights awake fighting against the indecision – I pitied
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), in the person of their new documents in Brazil. Portinari’s parents original leaving my parents and siblings. The closer it got to the de-
its current president, my dear friend Angelo Oswaldo de Candido Portinari represented to us, the Minas generation names were Battista Portinari and Domenica Turcato. parture, the more afflicted I became. I looked at the ground,
Araújo Santos, and his predecessor, José Nascimento Jr., of 45, more than the great painter admired and revered as In 1906, Baptista and Domingas left the fields and the plants, the animals, the birds and that light... It seemed
who acquired the A Primeira Missa no Brasil and donated one of the masters of Brazilian culture. He was, above all, establish themselves as merchants in Brodósqui, “a train that I would never again see all that was part of me. How
it to the mnba, thereby significantly enhancing Porti- a symbol of modernity, a clear divide which, when crossed, stop to pick coffee sacks” and point of passage for work- many tears I shed to myself. I saw, and saw again, a thou-
nari’s presence in the museum’s collection and – last but helped us breathe a long breath of universal thought open ers seeking employment. There were entire families liv- sand times, all corners. An unfettered nostalgia of what re-
not least – very specially manner, I dearly thank the Minis- to the future. [...] Portinari was one of the war clubs we ing in a state of great poverty, and this indelibly marked mained behind. Even the outsiders who passed, and I felt
ter of State for Culture Marta Suplicy, who, together with wielded to fight. the boy Candido. them like brothers. It caused me pity to leave them. I tried
President Dilma Rousseff and the Federal Government as a Portinari attends school in Brodósqui, probably be- to rehearse my words not to be betrayed by emotion. I went
whole, has enabled the painter’s most important international In turn, Mário Pedrosa said, in 1962, on the day the tween 1911 and 1916, but did not go beyond the third to my grandmother’s house, exchanged a couple of words
exhibition, Guerra e Paz: uma obra-prima brasileira para a ONU, Brodósqui painter passed away: year of primary school. At age ten, he made the Retrato and left defeated, oh, it was not possible. I went back home,
at the Salon d’Honeur of Grand Palais, in Paris, May 2014. de Carlos Gomes, his first known drawing. The composer spoke to my mother and father, and felt unable to say two
As soon as Mônica invited me to write a text on the rela- Candido Portinari was the battering ram with which art of O guarani was a patron of the music band founded by words. I would not be able to bid farewell. I would rather
tionship between my father and the museum, I remembered became victorious in Brazil. [...] All of us, intellectuals and his father in Brodósqui. “Later, I awaited the coming of a not go, but I needed to go, I was already at the right age.
Drummond’s beautiful poem Viagem na família, dedicated critics, who supported him in his struggle, and who had prince who would take me to a place where I could be a The sun, the moon, the stars, the river waters, the wind, all
to Rodrigo Mello Franco de Andrade, my father’s lifelong him as a shield of the cause of modernism against academi- painter. [...] I made a number of crayon portraits, taken this would remain there and I would wander into darkness.
friend, which begins by saying: “In the Itabira desert/ cism, always saw in him a standard bearer. from small photos”.
the shadow of my father/took me by the hand.” At that time, Brodósqui receives the visit of an itin- Thus, in 1919, Portinari leaves for Rio de Janeiro, in
Portinari arrives in Rio, at age 16, when mnba was I invite, then, my dear readers, to “dig” into, together erant group of Italian painters, called the spolveri, on ac- the company of the Toledos. “On the day I left, at the time
still the National School of Belas Artes (Enba). In 1920, with me, this “memory chest” gleaned from Projeto Por- count the painting technique they used, and sculptors, of the influenza epidemic, everyone at home was sick in
the shy boy, still rooted in his yokel roots and living un- tinari’s monumental collection, so that, together, we may named “frontists”, who had come to decorate the church- bed, and I was the only who was well. On the dawn of
der extremely precarious conditions, joins Enba, there discover contours and shadows of narratives until, from es of the small churches in the interior. The boy Candido this day, someone knocked on the window, saying it was
remaining until 1929. Almost 10 years! the deep bottom, an image emerges of what have been the is called to be a helper, together with Modesto Giordano, almost time”. His elder sister, Pellegrina, nicknamed Tata,
Thus, every time I visit the mnba, I always entertain first years in the life of this artist, about whom Italian poet, his childhood friend. Modesto talks about the fervor with says: “Ah, he was so young [...] We were all in bed, sick
the same emotion. I feel my father’s spirit walking those writer, and art critic Giuseppe Eugenio Luraghi wrote: which his friend dedicates himself to work: “He stayed with the flu. All of us poor, isn’t it? Then he said: ‘I am
corridors, I see his shadow on the walls, I imagine his there, working. Early, he was the first to get there. [...] But, not going’. I said: ‘Go, Candinho. If you do not go now,
struggle to learn the art of painting... No doubt, the mnba The first time we meet this man, short in stature, and of most of the time, he did not go for lunch at home. [...] He you will never go. Go. There are no further opportunities
is the “home of Portinari”, where he dedicated the best of a very modest aspect, and look at his celestial eyes, and we is... eager to learn the art of painting”.2 here”. Candinho says:
his endeavors, at the cost of much dedication and sacrifice, hear him speak at length, simple like a child, [...] it is dif- Vitório Gregolini, “who painted starts in the sky on
driven by his passion for painting, by his uncommon tal- ficult for us to believe that we are before the harshest and the back of the church, where the altar would be”, was his I left in an impulse, I still had time to catch the train mov-
ent. There, he received fine training, from grand masters most tragic painter of our time. first master, and Portinari writes him affectionately, even ing. The last image that remained in my memory was that
such as Baptista da Costa, Rodolfo Amoedo, Lucílio de when he was an Enba pupil: “Dear Master [...] I miss you. of my father; he had risen to bid me farewell, I can still see
Albuquerque and Rodolfo Chambelland, among others. To better contextualize these shadows and shapes, let It has already been a year since you painted the church him: in a dark coat, crossing the station square. He had no
When Portinari, as told by poet Dante Milano, a fra- us pay a visit to the beginning of Portinari’s path.1 [...] are you having church work have you, painted pic- time to say anything to me.
ternal friend who lived with him, veers to Modernism, Our story begins in 1903, at a coffee farm (Fazenda tures? Write always because, as I am here, I do not forget
with his Retrato de Jayme Ovalle (which brings about a Santa Rosa), near the city of Brodósqui, State of São Paulo. you. I will be there any day”. Upon arriving in Rio de Janeiro, Candinho remains
rupture with his friend and protector Olegário Mariano), Candido Portinari was the second of the 12 children of The Toledo family, who resided in Rio de Janeiro and precariously lodged at the boarding house belonging to
the “lovers of the past” did not have how to apply on him Baptista Portinari and Domingas Torquato, both from the were friends of the Portinaris arrived in Brodósqui imme- the Toledos, at Avenida Passos, n. 44, where he renders
the criticism they made to modernists in general: “They Veneto region in Italy. diately after the church decoration. They had come to con- small services.

206 … 207
He starts, then, to attend the drafting course of the series of cultural manifestations: conferences, concerts, Like all those of his generation, Portinari was then an Now, if there is in São Paulo, a painter of great and true
Lyceum of Arts and Trades, and also studies with Justino recitals, and a plastic arts exhibition. It marked the Cen- avid moviegoer. The Politeama movie theater, the studio, merit, who honors the State’s intelligence and art, that one
Miguez, who dedicated himself to decorating Rio’s cafés tennial of the Independence of the country, with the the Café Lamas, the boarding house, thus, Portinari’s uni- is Candido Portinari. A child almost – Portinari is only
and bars. According to Quirino Campofiorito, a painter first collective movement toward the emancipation of verse, was in Catete, a district inhabited by students and twenty years – he has received several prizes the School of
and contemporary of Portinari’s, the latter, when arriving Brazilian arts and independence. Its ideology was vague, young artists. But he remained poor and fighting with Fine Arts only grants to older artists or, at least, long-cele-
in Rio, had tried to enter the Enba: “He was not accepted with very heterogeneous tendencies, and a noted icono- great difficulty to go on only painting. brated. [...] And, notwithstanding the extreme difficulties
at this time because he was still weak in drafting; then he clastic character. Writer Graça Aranha, one of its leaders, In August, he submits, to the Salon selection jury, he struggles against, he improves his art daily, rendering it
went to study at the Lyceum of Arts and Trades”. claimed: “The Academies, the Schools, and the arbitrary seven portraits and Baile na roça. This, his first work with ever stronger, more vibrant, more eloquent, more complete.
In 1920, Portinari enrolls as a free student3 at Enba, rules of hideous good taste, and of sterile common sense”. a Brazilian theme, had been painted during his sum-
regularly taking Professor Lucílio de Albuquerque’s fig- However, being only 18 years old, and being at the mer holidays in Brodósqui. Portinari, however, had the In August, he earns the Minor Silver Medal, which
urative design classes. The Enba was the only Brazilian core of the Academy itself, a temple of good taste, and of disappointment of seeing his canvas being refused; his enables him to compete to the Salon’s Overseas Travel
center which provided formal teaching of plastic arts common sense, Portinari seems not to have received the portraits were, however, accepted. These works achieve Award (32nd General Exhibition of Fine Arts), in which
and architecture. Having instituted the “Brazilian official impact coming from São Paulo. On the one hand, there great success and, for the first time, the press highlights he displays five portraits. His success is recorded by the
art”, it had opted for “an accelerated loss of the present, was a barrier set up by the instructors. On the other, the Portinari individually, with articles in several newspapers. press, which dedicates him several articles of praise,
stepping away from European contemporaneity, despite fact of being a poor student, depending on the school for The Rio Jornal highlights: some reprinting his prize work. But there are also restric-
its interest in Europe, but an Europe from the past, pre- all which referred to his career progress, did not allow tions. After commenting on the awarded work (by Rus-
served in museums and public squares”. Carlos Caval- him room for great contestations. Those who see his splendid portraits, albeit quite distanced sian Prince Gagarin), the critic asks: “Why does he not
canti points out that “Brazilian painters, in their majority, During the entire period he is linked to the School, from the relative perfection [a] which all aspire, cannot ever shift his eyes a little, to our things and translate on canvas
and for an entire century, have become heirs to the 1816 Portinari takes part in its General Exhibitions, as the an- imagine that their author may have been that beardless the life and customs of our land, thereby imitating the
(French) mission. They are all neoclassics, or academics, nual Salons were known, and whose highest prize was the child displaying his boyhood with a physique which can- example of countless artists of renown abroad, who were
with greater or lesser personality accents. [...] Really, we sought-after Overseas Travel Award. In November 1922, not hide his young years. Candido Portinari is naturally thus able to touch the soul of their peoples closer?”
did not even have Impressionism as generalized practice”. Portinari exhibits for the first time, and receives honor- endowed with a great talent for painting which, maybe, To help in his support, Portinari works at night at a
It is this anachronic environment, tied by official able mention for sculptor Paulo Mazucchelli’s portrait. may have come to him as an ancestral inheritance of the basic education course for adults.
pomp, little used to investigation and to liberties of the In August of the following year, he has a portrait legitimately Florentine blood that gave him origin. His full In 1926, he participates in the Enba Salon, with two
spirit, which Portinari encounters and with which he awarded at the Salon, with a Bronze Medal, a money prize vocation seems to be for the portrait, a sole genre, inciden- portraits, competing for the first time, for the Overseas
lives in his formation years in Rio de Janeiro. and the Galeria Jorge Award, constituting an outstanding tally, he exhibited this year. Strong, with clean and vibrant Travel Award. He does not reach his target, but earns the
Portinari moves, in 1921, to a boarding house belong- position. His name starts to be mentioned in the press. coloring, there is a defect, however, that Portinari needs to Galeria Jorge award and a money prize. In an extensive
ing to Dona Gracia, an old Spanish woman located at the He finds a new job: painting the billboards of a bookstore. remedy, as mandatory to the portrayist: the little character article about Portinari, magazine Vida Brasileira places
Rua Marquesa de Santos, n. 23, where painter Joaquim da His colleague Celso Kelly reminisces: he bestows to his models. him as a modern artist, commenting: “Between us, be-
Rocha Ferreira also resides. Only his obstinacy for paint- ing modern is being persecuted, booed, stoned. [...]
ing kept him company then. Ezequiel Fonseca Filho We could, at that time, already feel Portinari’s extraordi- In October of this year, Roberto Rodrigues’ father, Since the School of Fine Arts, bravely revolting himself
reminisces: nary force. Several times, we left the School together: myself, who owned a newspaper in Rio de Janeiro, writes to the against dogmatism, the decrepitude of his masters, and
he, Roberto Rodrigues, who died tragically and was one of government of São Paulo, asking them to help Portinari. worse still, against the subservience of his fellows, Porti-
It was a two-story house; a ground floor where the propri- his best friends, Ruy Campelo and Mozart. We did not lose In May 1925, Portinari participates, with two por- nari has been proudly constructing his artist’s individu-
etor’s family lived, and a higher one with rooms for rent. ourselves in the Rua São José cafés. At times, we stopped for traits, in the 3rd Spring Salon, and gives his first interview, ality”.
[...] Next to the bathroom was Candido Portinari’s room, a few minutes at the old Casa Cavalier (a mix of art ma- “Words of a young fellow countryman portrait painter”: Portinari speaks for the first time of the need for cre-
modest, humble, given his meager financial conditions. He terial supplier, gallery and meeting point for painters and ating a Brazilian art:
was a pleasant young man, but of few social relations. We critics). Portinari only thought of working. There does not exist a true distinction between old and mod-
soon became friends, and started to go out together early ev- ern art. In art, I see Beauty, and Beauty is always the same “We do not have, yet, a Brazilian art, remarked the young
ery morning, to the Largo do Machado, where we had our In March 1924, Portinari takes part in the 2nd Spring everywhere [...] The target of my painting is sentiment. To artist, in a brief talk. “We are in full period of formation. If
first meal, generally a cup of coffee and milk, and bread and Salon, under the sponsorship of the Liceu de Artes e Ofí- me, technique is merely a means. However, an indispens- the centers of old and solid culture currently serve as an easy
butter. I always helped him, within my possibilities, when cios, at which he presents two portraits. At the same time, able mans. field to all experiences, even the most opposite, what to say of
Portinari was short for these small expenses, even more so he finds new employment as art editor for the Revista a new country, unaware of its true guidelines? [...] Inspired
because his company and intelligence, which was then on Acadêmica, the Medical School newsletter, and goes on The art critics point to Zuloaga’s influence on one of in a new milieu and aiming to harmonize the latter to the
the rise, were very agreeable and gratifying to me. painting portraits, some of which on order. He works at Portinari’s portraits. The Jornal do Brasil, in Rio de Janeiro, en- rules and processes to the rules and processes which agitate
a studio near the Politeama movie theater, at Largo do courages the São Paulo government to help Portinari. After the artistic scenario of the Old World, shall lead, no doubt,
In 1922, for three days in February, there took place, Machado, lent by an Enba colleague, painter Roberto Ro- commenting that the São Paulo government keeps several to a school of colors, clear vigorous, vibrant, luminous, as the
in São Paulo, the Modern Art Week, which comprised a drigues, who was Portinari’s closest friend. painters as pensioners in Paris, the article writer asks: tropical scenery demands”.

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Portinari then speaks of the “false modernists”, those Finally, in 1928, Portinari wins, in 35th General Exhibi- The above chronicler suggests that the award re- loving, by Velázquez, The Drunkards, The Surrender
who, in his view, are “the failures, those who did not study tion of Fine Arts, the coveted Overseas Travel Award, with ceived by Portinari is due to the prestige of his protector of Breda (Las lanzas], Christ crucified... by Botticelli,
the essence and the academic process, and rebel against it, the Retrato de Olegário Mariano, which he presented with 12 Olegário Mariano. At the same time, critic Virgílio Mau- as I have his Madonnas, so full of enchantment in its de-
because it displays difficulties, not because it is an expres- other works. This prize is very much sought, with great re- rício points out: licious “antiquity” and so modern! Spring, from the Flor-
sion of old or fatigue”. percussion in the press, which was unanimous in acknowl- ence Academy, and St. Sebastian, from the Royal Gallery
He takes back the national art theme in an interview edging that justice had been made, that year, in granting The 25 portraits exhibited do not define a personality: they of Berlin! [...] These predilections, I take them in the heart,
published in the A Manhã newspaper: the award to him. Towards this, the Jornal do Brasil com- seem attempts and appear aged. It is not the painting one and not in the mind [...] There are no faster ways than the
ments: “It is an absolutely fair distinction, this one which claims from a young person, a young man of the possibili- others. Isn’t Rubens great? And isn’t Velázquez so? And,
Zuloaga, the great Spanish painter, the world’s greatest sees awarded this young artist, from whose live, strong, elo- ties of Candido Portinari! His pallet appears somber [...] the great, aren’t they Zuloaga and Claude Monet? Nobody
paint brush, continuously reproduces, on his canvases, re- quent and brilliant talent Brazil has so much to expect”. drawing seems hard and the figures do not exhibit an inner has, however, the same “manner”, the same processes, the
gional stretches, where he lives up the Spanish soul. [...] The The Pernambuco newspaper A Província publishes an life [...] all is conventional, even the model’s pose. There is same technique... Baptista da Costa would have painted
art of a country does not impose itself with preaching and article by poet Manuel Bandeira, named “The Brazil which no air, nor naturality. Originality perishes, and yields to the nothing, if he had in his hands the brushes of Antônio Par-
the laws: it is born instinctively and forms itself with time. insists on painting”, on Portinari’s participation in the Salon: triumph of “manner”. reiras, nor would Eliseu Visconti produce a St. Sebastian
[...] Thus, Brazilian art will only come into existence when with Pedro Américo’s pallete.
our artists completely abandon useless traditions and sur- He has already competed more than once for the Overseas Also, Enba history of art professor Flexa Ribeiro, ad-
render, with their entire soul, to the sincere interpretation Travel Award of the Salon. He had always been hindered dresses the painter: “Mr. Portinari remains at the surface In June, Portinari embarks for Europe, on the Bra-
of our milieu. by the modernizing tendencies of his technique. This time, of coloring; inside those receptacles, there are neither zilian ship Bagé, and arriving in Paris, installs himself
he made greater concessions to the spirit prevailing at the bones, nor flesh; blood does not circulate. [...] I talk with temporarily in Montparnasse, in a room arranged by his
Enba History of Art professor Flexa Ribeiro publishes School, which led him to present works inferior to those of this clarity, as I esteem the artist and wish to see him friend Alfredo Galvão. A little later, he moves to the Ho-
an article in which he points out Portinari as one of the the other years: this brought him the award.4 freed from this fake manneirism into which he delved”. tel du Dragon, at 36, rue du Dragon, and, with the month-
strongest candidates to the Overseas Award, and states: Portinari declares in an interview that, as a portrait ly allowance of 3,200 francs from his prize, he starts his
In an interview to the A Esquerda newspaper, Porti- artist, and not wishing to abandon his predilection for study program, deciding not to attend the Académie Ju-
It is a young man who stayed on the wayside of pictorial nari declares: “I took it [the Fine Arts course] for years at this genre, he wished to stop for a while in London. He lien, as was custom among the Enba award winners.
evolution. One would say he is a traditionalist: but his Enba, in this capital, and finished it in 1924 [sic].5 During also adds: In September, he writes to Olegário Mariano: “I con-
labor has received the input of certain modes in modern the course, I had several professors of notable artistic ca- tinue to visit the museums. I have not had the will to start
painting, where that feeling also predominates. And this is pacity, who directed my first steps in Zuloaga’s art”. I understand that the stay in Europe should not be used by working. Ever more I believe in those of yore. However,
the very reason which led him to follow Zuloaga, a master At this time, he portrays his fellow student, Pernam- the painter for intense production, and almost not pondered. there are splendid modern painters. Unfortunately, we
who has always been foreign to the currents which have buco-born painter Lula Cardoso Ayres, at Roberto Ro- I consider this an observation award. What I am going to then copy what they have bad.” He goes to London, from
revolutionized art since Impressionism [...] something from drigues’s studio, where he also painted the Retrato de Car- do is observe, research, take, from the work of major artists – where he also writes to Olegário: “I was today at the Na-
the Florentine soul attempts to be reborn in this teenager, los Lima Cavalcanti. of the past, in museums or of the present, in the galleries – tional Gallery: I saw incredible things. It seems better
who is, from now, a spiritualist. In January 1929, Portinari goes to Brodósqui to say the elements which best lend themselves to the affirmation than the Louvre. I will be there again tomorrow and may-
farewell to his family, preparing to enjoy his Travel Award, of a personality. [...] I prefer to return from Europe with be change my opinion, but I do not think so”.
In August 1927, Portinari exhibits three portraits at and, in May, made his first individual exhibition, with 25 no voluminous baggage, seeming to others as having done Antonio Bento, reporting Portinari’s trip, quotes him:
the Enba Salon, competing again for the Overseas Travel portraits at the Rio de Janeiro Palace Hotel’s Noble Salon, nothing, but with a deep repertory of observations and re- “It was exactly in London that I decided not to be only a
Award, but he is still not awarded the grand prize. He is with a catalogue presented by modernist poet Ronald search. One single painting, one hundred times scraped and portrait artist, but a painter of all genres [...]. What I actu-
awarded with the Great Silver Medal: “Trying to take to de Carvalho. The press highlights his exhibition which, one hundred painted over only for the artist, in a ceaseless ally wish, from the bottom of my spirit, is being – like Ve-
painter Candido Portinari a true manifestation of sympa- however, is subject to a number of criticisms: search for perfection [...], it is more worth, no doubt [...] ronese – a painter of grand paintings, with many figures
thy for the award that the Salon of Fine Arts had granted than one hundred finished canvases, made over other peo- grouped in huge compositions, with varied structures”.
him – the Great Silver Medal – some intellectuals and artist His pasty painting, of a false color, in which the blues and the ple’s formulas, almost mechanical, which the artist brings In November, he sends news again to his friend
friends of that painter promote a luncheon in his tribute”. purples are thrown with indecision in researching the wrong from Europe, as documentation of useless labor. Olegário:
At that time, luncheons were common at the home tones which render many of his paintings into a human sce-
of Olegário Mariano, attended by artists and intellectuals nography. It was the moment for Mr. Candido Portinari to de- And talks of his predilections: I have started to work, but in my room, because I was
such as Humberto Cozzo, Luís Peixoto, Joubert de Carva- fend himself from the early criticism by eminent personalities not yet able to find a studio (within my means); there are
lho, Jaime Ovalle, Heckel Tavares, Gastão Formenti and of our painting, Amoedo and Eliseu Visconti, who counted on I have great admiration for Velázquez and Botticelli. many: they cost only 3 to 4 thousand francs. However, I am
Queiroz Lima, in addition to Portinari. Olegário, the Aca- the current exhibition to rehabilitate themselves from the vote These are the two artists who most occupy my youthful not sad, because I am not losing time: in the morning, I go
demia Brasileira de Letras’ poet laureate, was from a rich [...] hindering [...] other competitors [...] injured by the prestige dreams. But what do I know of them, but the tradition to the Louvre to see those people from close and, in the after-
family and, being older than Portinari, had taken him un- of the positive tendencies and the inclinations of a social order and work through prints and reproduction, no more how noon, I make studies. I do not intend to do paintings for the
der his protection. that this portrait artist has had the skill and concern to build. perfect, are always very imperfect? I have become used to while. I am ever more ancient; before the exhibitions which

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are held almost daily and of the things of the Louvre, we, I wish to see you back bringing a painting, a single paint- the first time, and the people with whom we talked to for is afraid of art because of ignorance, of the lack of artis-
not being fools and having more love to Art than to success, ing, but which may be acquired for our museum, and the first time, do not leave us... When I return, I will try tic information which should start in the primary course.
have to tend to the latter. I learn more by looking at a Titian, which your friends may point out as a work which justifies to make my land. I wear varnished shoes, wide pants, a Our artists must leave their ivory tower, and must exercise
a Raphael, than at the Fall Salon as a whole. [...] Despite your award. I am sure you will do it because you have tal- low collar, and I discuss Wilde, but, deep in my mind, I go strong social action, and interest themselves in the educa-
all, the movement is splendid, maybe a little dispersive – so ent and character. In your party nights, remember Brazil, about dressed like the Palaninho and do not understand tion of the Brazilian people. All men of spirit in Brazil live
much so that I now limit myself to going to the Louvre and Rio de Janeiro, Brodósqui, your family and friends, and do Wilde. in isolation, without a sense of collectiveness, as they are
work, study, otherwise we feel lost. Do you think I am doing not let Paris win over you! those who have less voice”. “Do you think we will be able
well by doing this? Probably, in August, his friend Raul Bopp introduces to create a typically Brazilian art?”, asks Salgado. “Yes,
And, making nostalgic comments about the school him to Plínio Salgado, who had arrived in Paris, coming but the first step is that it is necessary to create a national
In December, Portinari receives a letter from fellow days, Vicente reminds Portinari that he is always “the old from a long trip to the Middle East, and to eight coun- spirit, for there to arise a common general guideline in
painter Vicente Leite, who tells him of the death of his friend friend of moody times, fights and arguments for any little tries in Europe.6 And, on the 30th of that month, Porti- the research and construction work. Almeida Junior, who
Roberto Rodrigues, murdered in tragic circumstances. thing, but the same friend who wishes your best and whose, nari gives Salgado an interview with the title, “A Brazilian is proportional to France’s greatest painter, opened up a
Also in this year, he participates, for the first time, in as time separates them, good feelings, made up of the coex- painter in Paris (a talk with Candido Portinari)”, which trail for Brazilian painting, but they let it become over-
an exhibition overseas: a collective exhibit of 220 works istence of some years and by affinity of ideals grow”. bears the following introduction: grown again. However, his example continues filling up
in Argentina, at which he presents Retrato de Celso Kelly. Violinist Oscar Borgerth, who was also in Paris at our museums with his greatness forgotten by all”. “And
In 1930, he visits museums, exhibitions, cafés, especially that time, remembers a talk with his friend Portinari: “At Through the author of Cobra Norato, I came to know what do you think, Portinari, about the foreign influence
La Rotonde and La Coupole, with other artists, such as Oscar times, I used to ask Portinari: ‘But listen, you don’t paint?’ one of the greatest Brazilian painters: Candido Portinari. on Brazil?” “We should lock the door to foreign art. Nei-
Borgerth, Waldemar da Costa, Sotero Cosme, Gastão Worms, He would answer: ‘Me, paint?’ Because in our profession as When Bopp returned to Germany, he left me Portinari as ther the salon’s painting, nor that of the Percier Gallery
Hugo Adami, Manoel and Haydée Santiago, Raul Pedrosa musicians, we must study either being pianists or whatever. a gift. A young and nimble spirit, with a deep feeling of must henceforth enter Brazil. Our nature, our people are
and Olga Mary, Joaquim Ferreira and writer Raul Bopp. [...] Portinari would say: ‘We have painting in our heads”. Brazil, with the exact view of our art problems, Palanin full of surprises. Our people are formed by all races, bears
Visits Spain (Madrid, Toledo, and Seville), and Even his sweetheart and Enba classmate, Rosalita has been my fellow in night chats, at a silent quartier of all climates, very national aspects, in the anguish of its
Lourdes (France), with Alfredo Galvão and his wife Maria Mendes de Almeida writes: “Up to which point can the la- drowsy street lights, where we talk for hours about Bra- growth, a well-marked moral and intellectual face; art
Luiza, Manoel and Haydée Santiago. “The museums are ziness of an overseas trip winner reach, who released him- zil’s problems. Palanin is the type Portinari has created: should translate this disquiet, this character of race, the
small but incredible, only those of modern art do not cor- self from all sorts of concern. I would be so happy if really a an Italian-Indian half-breed, an Aryan-Ethiopian, an Brazilian moment of Humanity. Down with the French
respond. [...] Toledo is a wonder in all senses; it is, maybe, request of mine could influence you and arouse in you the Indian-Negro mestizo with Lombardy blood, a mameluke salon’s painting that our academics make in Brazil; nor
the city of art in Spain”. will to work [...] I feel pity, it revolts me to see a talent like of all races of the rural zones of São Paulo. At times we should we accept the paintings from the modern galler-
He receives a letter from his friend Orlando Teruz, yours halt in this manner, remain stopped, idling”. call Portinari Palanin because he is well a half-breed from ies of Paris, which our vanguardists do there with their
from the Enba, in Rio de Janeiro, which gives us well a Rosalita’s letter crosses with that one which Portinari Brodósqui, in the Ribeirão Preto coffee zone. [...] He is a heads full of theories and points of view”. Further on, after
measure of the climate of the School: “I am actively work- wrote to her. It is the famous “Palaninho” letter, a verita- wary half-breed, who has been in Paris for almost two exemplifying the different types which comprise the people
ing for the Salon. The picture I am painting should please ble letter of intentions, on which arises in all forcefulness years, looking at things. Who has not lost the barbarian of Brazil, Portinari declares: “These types will remain be-
the jury; even my intention is none other than compet- the Brazil which touches Portinari, and which he seeks traces of his well-marked personality. Who will return to cause they bear a Brazilian soul, being therefore human
ing in the Travel Award and, for this purpose, I put aside to portray upon his return: “Palaninho is from my land, our country quite informed, but not converted by any sect. and universal. Let us put an end to the lives of Louis XIV,
any attempt to do something personal”. from Brodósqui”. [...] He simply tells me: “Brazil needs, above all, to look at writing of Amazons, and the heads of Holophernes paint-
Portinari meets Van Dongen and Othon Friesz. For Portinari describes painstakingly, plastically and ten- itself and stop looking at the foreigners and, when imi- ed in a shantytown”. Portinari talks of the need of an in-
the first time, he participates in an exhibition in Europe. derly Palaninho and his wife Biela, and declares: tating them, should do it only in the practical things an- ner movement of faith so that a work of art may emerge:
On June 11th, the collective Expositon d’Art Brésilien is nouncing throughout the country the productions of the “The Brazilian artist cannot be either ironical, or skepti-
held, presenting 34 works by 18 Brazilian painters, at the I come to know here the Palaninho, after having seen so spirit, as it is done here in Europe. A while ago, the French cal. This belongs to decadent people. We should believe, for
Foyer Brésilien. Portinari presents two works: a portrait many museums, so many castles and so many civilized peo- government brought together the greatest possible number Brazil to be Brazil”.
and a still-life. ple... There in Brazil I never thought about Palaninho. [...] of works by Delacroix and showed it to the public. And
He continues practically without painting; he wishes Here I started to see better my land – I started to see everyone saw Delacroix’s works, some by the spirit of art, Plínio Salgado ends this interview speaking about his
only to absorb the great masters’ teachings. Until the end Brodósqui as it is. Here I have no wish to do anything... I other to see something so much announced. There were faith on what Portinari will be able to do for his country
of his European sojourn, Portinari will be encouraged by am going to paint Palaninho, I am going to paint those signs at all busy places, at the subways, on the buses, in the upon returning:
friends and fellows, on account of the news which arrive people with those clothes and with that color. When I public gardens and buildings. The publicity of an exhibi-
in Brazil, of his scarce painting production. Vicente Leite, started to paint, I felt that I should do my folks, and I tion, like that of the launching of a book, is done with the Brazilian to the bone, he has resisted brilliantly to all in-
his colleague at Enba, writes him: “It is said around here started to make the Baile na roça. Later, they waylaid me, same enthusiasm as the advertising of a new soap brand. fluences throughout his two years of studies in Europe. Not
that you have been leading a life there, in Paris, a life of and I started to grope and paint everything in color – I We must, in Brazil, do away with the pride of making for being impermeable, as he bears sensitivity able to un-
true waste of time, money, and energies”. After scolding made a pile of portraits. I never willed to work, and ev- art for half a dozen people. The artist must educate the derstand. Of allowing his spirit to coexist, with no cultural
his friend at length, he says: eryone called me lazy... The landscape where we played for people by showing himself accessible to this public who losses, with all art forms, he saw it all, learned, as well, the

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general sense of the modern movement, and he became Later, when I started going to the museums, to the exhibi- pulled out a checkbook and said: “I can give you a check. critic states for the first time: “Portinari has returned
more Brazilian still. I believe Candido Portinari can be a tions, with him, and he spoke about what we were looking How much do you need?” Candinho was embarrassed: “No, modern”.
condottiere in his realm. We have to start the great national at, then I start to become interested, and think he knew a nothing, imagine”. Then Aporelli proposed a deal: “I come Portinari finds a new artistic ambience in Rio de Ja-
movement. Each one at his position. Each one in his battle. lot. [...] He was a person different from those whom I had to have lunch with you and pay so much. Then, I lunch”. neiro. The 1930 Revolution echoed throughout all sec-
All aiming at the Great Brazil. Our generation needs to rise met... Portinari was a handsome, very handsome boy. He We said it was all right, but I did not know how to cook. I tors of national life. Getúlio Vargas creates the Ministry
in an unprecedented movement in the country’s history. He was skinny, very skinny and so was I, we were both skinny. thought that it would be easier to cook pasta. I bought a of Education and Health, to which he appoints jurist
also understands this need. This duty. This responsibility. lot of sausage, and peeled off all its skin to prepare a sauce. Francisco Campos. The latter invites, as his cabinet chief,
On January 5th, 1931, Portinari returns to Brazil, to- The pasta came out a goo [...] It was horrible! But I started Rodrigo Mello Franco de Andrade,9 who, under the ad-
On September 3rd, Portinari writes Rosalita an enthu- gether Maria, on board the ship Lipari. Upon disembark- learning; in a jiffy, I was cooking well. Aporelli held fort, he vice of Mário de Andrade and Manuel Bandeira, imme-
siastic in which he describes the interview in full, stating: ing, they are met by Olegário Mariano e Celso Kelly. Por- came eating with us even so. diately starts renewing the country’s artistic and cultural
tinari has, in his baggage only six works: three still-lifes, a institutions, such the Institute of Music, the National Li-
I cannot be mediocre – or I will not leave my mark on Bra- nude, a self-portrait, and a small portrait of Maria. Despite all these hardships, Portinari starts painting brary, the Historical Museum, and the Enba.
zilian Art, or then I will disappear. [...] I do not intend to be again, intensely. He is obliged – to survive – to make, es- At age 28, still quite young, Lúcio Costa, an architect
only within painting – I have dreamed a lot, I have made Portinari did not bring only paintings. He also brought a pecially, portraits. Thanks to his friends’ help, he always who had returned to Brazil after a long period of train-
grand plans. You naturally think my enthusiasm child- precious companion, for her kindness, for her intelligence, gets orders. ing in Europe, is appointed to replace the ultraconser-
ish. There has never been any movement which had not filling up the painter’s life with incentive and with her as- The governor of the State of Pernambuco, Carlos vative José Mariano Filho, as Enba’s director, and then
started with a certain appearance of ridicule. It starts like sistance and interest, encouraging him to unceasing and de Lima Cavalcanti, asks Pernambuco-born painter triggers what constitutes a milestone in the revelation
this – the French Revolution, the Russian Revolution, Fas- untiring work. Maria is an integral part of the “paulista” Lula Cardoso Ayres to order from Portinari a full-body of modern art in Brazil – hitherto an elite movement,
cism – started in the cafés... or “in a silent quartier, with who now returns to his State after having been victorious painting of João Pessoa, to be placed at the Government restricted to São Paulo.
sleepy streetlights”. first overseas. He accomplishes the miracle of a life led by Palace. Portinari makes the Retrato de João Pessoa, from Portinari is invited to be a member of the commit-
positive and defined purposes, a kind of compass who, by her a photograph, and the picture is handed over to the tee organizing the National Salon of that year, together
On September 6th, he writes again to Rosalita: heart, leads man to a safe harbor. governor.7 with Lúcio Costa, Manuel Bandeira, Anita Malfatti and
Sometime later, they move to an apartment in Lapa – Celso Antonio. For the first time, the selection jury is
Have you read my interview? It overflows with enthusiasm On the same day, the Brazilian Society of Fine Arts the artists’ and Bohemians’ district – at Rua Teotônio done away with, and all works presented are accepted
and is very tropical, but all that is happiness, joy over your unveils the Exposição de Autorretratos [sic], in which Por- Regadas, n. 34, rented in partnership with his friends, thereby fostering participation of the most diverse ten-
arrival. I am not the interview, I do not have enough cour- tinari presents three works. In an interview to O Mundo poet Dante Milano and his wife Alice, where they have dencies. The O Cruzeiro magazine publishes this com-
age of my own to be a chief. I never belonged to a current, Ilustrado, Portinari says: as neighbors Italian sculptor Lélio Landucci, Queiroz ment by Peregrino Júnior:
I have never been academic, I have never been modern, I Lima and Raul Bopp. Despite this small space, they also
have never been impressionist, and I have never been my- Upon arriving from Europe, I had a huge amount of work: lodge, for some time, painter Foujita and his wife Made- Rio has not recovered from the scare, the amazement, and
self; I have been dispersive, my painting did not reflect what unlearn, to restart. I am restarting. My recent works are leine. It is there where the Japanese painter prepares the the surprise brought about by the official Salon this year.
I desired; I do not look like it at all. Blame does not fall on erasing the old Portinari. Van Dongen, to whom I showed exhibition he unveils in São Paulo in March, 1932. On [...] There occurred, with the alarming crash of an artil-
me, it was from the ambient, of the century, and of life, es- some heads which would be a success in Brazil, used to tell the occasion, Foujita portrays the Portinari couple (also lery shell, a truly subversive act by Mr. Lúcio Costa: a Sa-
pecially of life. Have you read my letter Palaninho? There I me: “How can you make such difficult things? Painting is in caricatures), and was, in turn, portrayed by Portinari, lon free and modern at the School of Fine Arts? Alas, the
say what I should have done. so easy...” A trip to Europe for a young and observing young together with Madeleine. Maria reminisces: “When appointment of the Salon’s Organizing Committee, hav-
man is useful. We have time to withdraw. We have the Foujita moved there, he bought a wooden dais, painted ing been a sympathetic and violent initiative by Enba’s
At this point, Portinari meets Maria Victoria Martinel- courage to return to the starting point. I am young. some hearts on it, and wrote on the bed ‘Lit d’Amour’. director could, by itself, immediately define a revolution-
li, a young Uruguayan girl, resident in Paris with her fam- Then, he bought pink-and-white striped chintz, made ary attitude. Despising the sacred prestige of the official
ily. Her mother, Rosa Elvira, married Antonio Amorim Portinari finds himself immediately in financial a kind of curtain and stuck some nails to hang things”. art figureheads, Mr. Lúcio Costa handed over, resolutely
Diniz (artistically known as Duque), who had great straits and initially lives in boarding houses: one on Rua Manuel Bandeira would remember later: “When the and fearlessly, the organization of the Salon to young and
success as a dancer in Rio de Janeiro, having taken the Senador Dantas, a rented room atop a butcher’s on Rua Japanese painter was here, he and Portinari, two painting free spirits (some of whom had been refused, by the way, by
“maxixe” (a Brazilian popular dance, sensuous and lively) do Catete, and at another boarding house on Rua Pedro chefs seemed to exchange recipes and processes. This was previous salons). [...] It was clear that this team of inde-
to Europe. Having settled in Paris, Duque opened a typi- Américo. a kitchen study, excellent for the Brazilian, who absorbed, pendent artists, [...] would change that old museum, full
cal Brazilian food restaurant, where Portinari would meet Maria remembers humorist Aporelli, the artistic firmly and at once, that sense of matter, nowadays one of of antediluvian into a legitimate art salon. [...] A salon
the one who would be the great companion of his life. name of the Barão de Itararé, who already knew Portinari, the most persuasive attributes of his works”. which would be the panorama of disquiet. And this is
came to support the couple: In this year, Portinari held an individual exhibition what happened, God be blessed!
I did not have such a strong impression. I did not have his at the Palace Hotel, by initiative of the Associação dos
work to see, and he was not painting. Then, only through He arrived, talked a little, saw we were penniless, in dire Artistas Brasileiros.8 The show is well received by the Portinari also speaks on the event, in an article signed
his talk, many things seemed to be very romanticized. straits, and said: “Portinari, I am well now”. Then, he critic. In an article named “Um retratista moderno”, a under the title of Salão Lúcio Costa:

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It was a true salon – the only of its kind held in Brazil,
without protectionism. Even the leading figures of the
lon. On this occasion, Mário de Andrade, author of Ma-
cunaíma and great catalyst of modern art in Brazil, comes
Notes Portinari, a Brazilian painter
various currents exhibited for their love of Art. There were from São Paulo to see the Salon: 1 A major part of the content was extracted from the il- ferreira gullar
not, as in the previous years, rewards of any sort – nei- lustrated chronobiography Candido Portinari, o lavrador
ther the money the government used to offer, nor the med- I have travelled the five hundred kilometers from São de quadros, published by the Projeto Portinari in 2003, as
als, a prize which is only given out in bicycle races. [...]
The previous salons had been organized by the Council
of Fine Arts, terminated for incapacity, by the provisional
Paulo to Rio only to see the Salon [...] The hall was almost
empty, in the heavy calm of two o’clock in the afternoon,
and could take all in at leisure. In one of the smaller
a tribute to the hundredth anniversary of the painter’s
birth. C andido Portinari may not have been – as is the opin-
ion of some – the greatest Brazilian painter of all
times, but he has been, no doubt, an extraordinary artis-
2 coutinho, Eduardo. O menino de Brodósqui (1980), a spe-
government. Most painters affirm that this has been the rooms there was [...] the Retrato de Manuel Bandeira, tic personality, with an undeniable pictorial talent, one
cial documentary for Globo Repórter.
most correct act of the Revolution. Maybe they say this with no great similarity maybe, and no shine; all in low which has marked Brazilian art history forever.
because the government has not yet dissolved the School’s tones, of great assurance in obtaining the values, a good 3 For having studied only up to the third year of primary Born in 1903, in Brodósqui, a small city in the interior
Congregation. In the end, the Council and the Congrega- work. I leafed through the catalogue. It was one Can- school, Portinari could not be accepted as a formal stu- of São Paulo, where there were neither painters nor paint-
tion are the same thing – the players are almost always dido Portinari, an artist whom we had never heard of, dent at Enba. ing courses, he revealed his talent at a very early age, im-
the same, the setting is the same, only the metteur-en- naturally a “new” one. Beside it, there was still another 4 A few years later, Mário de Andrade, Modernism’s cata- pressing his family and friends. It was their confidence in
scène changes post and the placard turns, according to portrait, the O violinista, by the same author; it was lyzer in Brazil, would compare this prize to the refusal of the young Candinho’s vocation that led his leaving for Rio
the working troupe. The lords of the Council were the already an admirable work for its composition and the the Baile na roça: “But if, they, on the one hand, refused the de Janeiro, in 1918, at age 15, to study painting. There, he be-
owners of plastic arts in Brazil. Whoever did not paint by extraordinary firmness of the drawing, and I let myself rural scene, (on the other) they accepted the portraits; [...] gan a new stage in his life and in his vocation. He acquires
their pathetic formulas or did not enjoy their good graces, be drawn by enthusiasm. Later, left to my other activities a portrait of the poet Olegário Mariano in a Roman toga, command of traditional pictorial technique, which will
would not be admitted at exhibitions. Those who used and, when I returned [...] to the Salon, this was boiling or something similar”. play, henceforth, a decisive role in the future paths of his art.
the little formulas and good graces were awarded med- with painters, poets, critics, and friends. The conversation In the 1920’s, with the emergence of painters like Ani-
als and chocolates. The bigger rewards were left for later, became very lively. [...] I said: “Whom I really like is this 5 Controversy exists as to the year in which Portinari com- ta Malfatti, Di Cavalcanti, and Tarsila do Amaral, among
when they returned from Europe, well behaved, paint- painter Candido Portinari, who made that admirable pleted his courses at Enba. others, Brazilian painting rids itself of the academic norms
ing as when they had left here. Otherwise, they would O violinista, who is he?” 6 A sojourn in Italy no doubt represented a turning point characterizing Brazilian art in the 19th century. Portinari,
be excommunicated for treason, fingered as noxious to I then saw, coming toward me, a short, light- in Plínio Salgado’s future political career. For a month, he however, would only later be influenced by this new trend.
the lads who were starting. [...] Then came Lúcio Costa skinned young man, with small eyes of great mobility, observed the Fascist experience at close quarters, which A decisive factor toward this change was his trip to Eu-
who pulled out, in the public square, the goatee of the God capable of growing luminous with trust and loyalty, as deeply influenced him; after meeting with Italian dicta- rope, upon his being awarded the Overseas Travel Award
Council, sent Dona Domitila’s chair back to the Historical well as narrowing, with an air of irony or suspicion. It tor Benito Mussolini, he wrote to a friend in Brazil, saying of the National Fine Arts Salon. The quality of his paint-
Museum, and gave the Salon for free to Brazil. Great was was Candido Portinari, and we have, since then, become that a “sacred fire” had entered in life. ing starts to be noticed by the critics, especially due to
the joy. Everyone exhibited. All schools attended, from the friends. My vanity is that of having been one of the first the portraits he paints, one of them being the portrait of
7 Projeto Portinari never found this work.
rustiest to the youngest ones. People came from all states. to discover the value of this great artist. His work, albeit poet Olegário Mariano, which brought Portinari the travel
A foreigner who wished to inform himself on the plastic well-cared, skilled in technique and not so affirmative, 8 This exhibition would he held yearly until 1936. award. In these works, he was able to put together the tech-
arts in Brazil could do it through the Salon, [...] or, better, received then passive and silent respect, more than true nical qualities of traditional painting to a new way of con-
9 A central figure in all activities for retrieving and preserv-
by the “Lúcio Costa Salon”. admiration. Certainly, my imagination could not glean ceiving the human figure. Not by chance, this is a genre in
ing the Brazilian artistic and cultural heritage.
the full varied and extraordinary path Portinari would which his art distinguishes itself for its execution and orig-
The conservative reaction was quick to come, and tread afterwards, but O violinista was already a work inality. Among these portraits, the one of his wife, Maria,
Enba slumps into a crisis. Taking advantage of the fall of by itself exceptional in our ambience. There was there belonging to the National Fine Arts Museum collection
Education Minister, Francisco Campos, the Congrega- an interior “need” impossible to be mistaken with the stands out. I highlight, however, that it is in later portraits,
tion demands Lúcio Costa’s dismissal. After a violent dis- pleasure of novelty and the concerns of originality. And I of Brazilian poets of that time, such as Carlos Drummond
pute, the “lovers of the past”, led by José Mariano Filho, deposited boundless trust on him. de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, and Mário de
take back the control of the Escola and of the Salon. On Andrade, that portraitist Portinari surpasses realistic lan-
this episode, comments Manuel Bandeira: “The gener- guage with a very personal kind of expressionism.
als will be back to the Avenida Rio Branco behemoth. Epilogue A decisive step in the career of this painter starts in 1930,
No problem: Lúcio leaves a shiny point in the history when the country is shaken by a revolution which would
of that institution: he renovated the course of Architec- The Projeto Portinari offers its portal http://www.porti- modernize it. This revolution, partially brought about by na-
ture on a decent basis, and gave the example of a true nari.org.br to our dear readers who wish to learn more on tional political issues, also results from the serious economic
plastic arts exhibition”. the importance of the National Museum of Fine Arts in crisis of 1929, which shook the world’s economy, including
Besides being a member of the Organizing Commit- Portinari’s life. Brazil’s. There starts, then, a new epoch, in which economic
tee, Portinari exhibits 17 works at the Revolutionary Sa- and social issues gain special relevance. Such issues will also

216 … 217
influence artistic manifestations, allowing for considering a shocking people with the printed figures suffering more cause the time was conducive to this type of expression,
new stage in Brazilian Modernism. I say so because, as from than providing the public esthetic pleasure. This is, how- the truth is that Portinari’s prestige increased in Brazil
this time, the primitive Brazil, with its legends and folklore, ever, a phase of his work, which would undergo many oth- and abroad, as demonstrated by the exhibitions he was
themes for Modernism, is replaced by the real Brazil, with ers, some of which impregnated with lyricism, and graphic invited to hold in the United States and Europe.
its serious social problems. Fiction, poetry, and the plastic and chromatic beauty, an expression of his creative talent. Several murals since then particularly stand out,
arts reflect this change. Portinari’s painting would become a Mexican muralism emerges in the 1920’s, and would such as the A Primeira Missa no Brasil, of 1948. In this work,
vehicle of this new, problematic, and unequal Brazil. bear influence on Portinari, not by chance, but rather be- Portinari positions himself at the extreme opposite to the
In the art realm, an important fact was the appointment cause this kind of art was latent in his temperament and in Primeira Missa no Brasil, by Vítor Meireles, painted at the
of Lúcio Costa to the post of director of the National School his painter’s imagination. And all this because it was a pic- end of the 19th century. His work is a modern composi-
of Fine Arts (enba), in 1930. As it was the enba which held torial genre which identified itself with his own life story. tion, which blends figurative language transfigured with
the National Fine Arts Salon, Lúcio Costa was able to invite a Brodósqui, the small city where he was born and discovered the language of abstract painting.
number of modern artists to participate in the exhibition, in- the world, was always present in his memory and in his way In the following year, he performs the famous mural
cluding Candido Portinari. This fact, in turn, indicates that a of seeing Brazil. It was Brodósqui which identified him with Tiradentes, for the Cataguases high school. There, his lan-
modern vision was gaining territory in culture, particularly the poor peasant, with the Brazilian who existed outside His- guage gains in monumental quality and beauty, an epic
in plastic arts, in which academic values were more deeply tory. Mural painting is, by definition, the vehicle of a wide beauty which would allow him to occupy a unique posi-
rooted. Conversely, in the realm of architecture, there had message not individual – the vehicle proper to a painter who tion in the history of Brazilian painting. No less dramat-
arisen a generation turned to learning from the great Euro- wished to depict and change the country where he was born. ic and creative are the murals of the Pampulha Church,
pean masters, including Le Corbusier. In the opinion of some critics, Portinarian mural- completed in 1943, at the time Juscelino Kubitschek was
The new Ministry of Education and Culture, Minas ism began with a small canvas, of an original theme: Café, mayor of Belo Horizonte. There, one already finds the al-
Gerais-born Gustavo Capanema, belonged to the generation painted in 1935. It already bore the way of composing legoric character and the dramaticity of the figures.
of Carlos Drummond de Andrade and Murilo Mendes, who and using figure design and colors in a different man- However, of all murals he painted, those which
renewed Brazilian poetry. It was Capanema who invited Le ner from what he did on easel paintings. This canvas also brought most prestige and international standing were
Corbusier to design the new building for his Ministry. This stakes off the painter’s leap to an effectively distinct lan- Guerra and Paz, a gift by the Brazilian government to the
project, developed by a team of young Brazilian architects, guage, unhinged from the conservative model which still United Nations Organizations (uno) headquarters in
became the initial milestone of modern Brazilian architec- remained in his painting. He also innovates in coloring, New York. These comprise two large, 14 x 10-meter pan-
ture. The architects’ team was led by Lúcio Costa, and includ- which becomes predominantly brown and which shall els, located in the lobby of the Oscar Niemeyer-designed
ed Oscar Niemeyer, recently-graduated from the National feature an extensive period of his art. building. Like almost all his murals, they entail stylized
School of Architecture. In this building, Candido Portinari At that time, Portinari’s talent already draws critics’ at- figures and groups of figures, which are present for their
made his first murals in ceramic tiles, in addition to two oth- tention, both in Brazil and overseas, where his works be- symbolic meaning. This criterion is quite evident in
ers on canvas, which remain there to this date. come known and admired. In 1940, he exhibits in New these two murals also for the fact that they refer to two
I have just said that, as from 1930, the political and social York and Detroit, receiving the acknowledgement of the antagonistic themes: war and peace.
issues became, in a general sense, the main subject matter of specialized critics. As a consequence, in 1942, he is invited Apart from this, they differ from the previous works
literature and arts. Well, Portinari may have been the Brazil- to create a mural at the Library of Congress, in Washington. for their spatial and allegoric concepts, from which these
ian painter who most reflected this change, especially in the This work marks the beginning of a new phase, character- two works, simultaneously antagonistic and cohesive,
1940’s, when he became a member of the Communist Party, ized by an expressionistic style and the influence of Pablo result: antagonistic in their thematic expression and co-
for which he ran for deputy, and later, for senator. Picasso, particularly for his work Guernica, which Portinari hesive in the concept of their pertinent pictorial-spatial
However, political activity was not his vocation and thus, sees at an exhibition of the New York Museum of Modern compositions. It should also be added that, in addition
instead of insisting on politics, he turned social themes into Art. Thenceforth, mural painting became the most signifi- to the meaning of each group or group of figures, Porti-
the subject matter of his paintings and murals. The series of cant contribution of his art, allowing him to enrich pictori- nari provides us, in each of these panels, with a harmoni-
paintings which depict famished and miserable migrants, al language both chromatic ally and with the compositions ous and poetic entirety, which we soon learn by viewing
as well as corpses of children killed by drought and fam- which became a particular trademark of his work. them. Two readings for works of such magnitude.
ine, underscores marks the most dramatic phase of Porti- In 1936, the muralist’s vocation is revealed in a mu- To complete, I must say that Candido Portinari’s pic-
nari’s work, albeit not being pictorially the best. ral he paints for the family house, in Brodósqui. Later, torial work is not limited to the murals and other works
This is understandable as, in performing these canvas- he paints other murals, with emphasis on the two made mentioned herein. His artistic production is rich both in
Mulher: esboço para obra não identificada
es, he was more concerned in showing the painful reality of to integrate the vanguard project comprised by the con- draft for an unidentified work, 1959
quantity and in quality. Another point to highlight is the
his characters than in creating a paramount pictorial work. struction of the Ministry of Education and Health build- tinta de esferográfica sobre papel … ballpoint on paper thematically national character of his work, which make
There is, in these paintings, the technical quality which ing currently, the Gustavo Capanema palace. Whether it 18,7 x 7,7 cm him not only the great painter he is but also the most Bra-
characterizes his painting, but what he actually aimed was was because of the expressiveness of these works, or be- zilian among all our painters.

218 … 219
Portinari and the art of etching Brás Cubas, by Machado de Assis (1839–1908), published
in 1943. In 1959, he illustrated, with thirty etchings, the Reference Exhibitions of Candido Portinari’s
anna letycia quadros work Menino de engenho, by José Lins do Rego (1901–1957).
monteiro, Gisela Costa Pinheiro. “A identidade visual
work at the National Museum of
In the first volume, 1943, there was not yet the fig-
ure of this technical director, with the communication da Coleção dos Cem Bibliófilos do Brasil, 1943–1969”. Fine Arts
I
Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Desenho In-
n the first years of the Projeto Portinari, an institution and orientation of the work remaining probably in Cas- pedro xexéo
dustrial, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2008.
organized in 1979 by João Candido Portinari, 17 years af- tro Maya’s hands, as can be concluded from a number of
ter the passing away of his father, Candido Portinari (1903– letters exchanged between the former and Portinari. In
1962), I had the opportunity of examining countless etching
metal master plates, made by the artist, with the objective of
identifying the techniques used on each of them.
this case, it was Portinari’s brother Loy who helped the
painter produce his prints.
Darel followed up and technically oriented several
C andido Portinari is the Brazilian artist with the great-
est number of individual exhibitions at the National
Museum of Fine Arts (mnba). The first, held in 1939, a lit-
It is important to keep in mind that Portinari used cop- artists with the editions. Under his orientation, several tle after the museum had opened its doors was, no doubt,
per in his etchings. He worked mainly with the dry-point respected artists worked for Raymundo Castro Maya as a notable cultural event, in addition to having been the
technique, as suggested in a 1941 letter to his friend, poet illustrators, people by the likes of Djanira, Di Cavalcanti, largest exhibition of the works of this great artist until
and writer Mário de Andrade (1893–1945), in which he said and Iberê Camargo. Those who did not bear command our days. Four years later, the mnba hosted a new indi-
that he had made “several dry points”. To me the masters of the technique relied on Darel’s help in executing the vidual exhibition of Portinari’s work, smaller than the
made in dry-point are the most important and vigorous. In prints and, consequently, in printing the proofs. It is note- previous one, but received with enthusiasm by the public
them, the artist works on or cuts the metal plate directly, al- worthy to say that Darel himself was one of the Coleção and specialized critics. Following these two pioneering
lowing the spectator to notice forcefulness of his strokes. dos Cem Bibliófilos’ illustrators. exhibitions, there came a long crisis of abstinence. Only
I remember seeing Edith Behring (1916–1996) exe- The press run of each volume was only 120 copies, of 29 years later, in 1972, ten years after the artist’s death,
cuting Portinari’s works, when these required immersion which 100 were reserved for the Society members, compris- the mnba inaugurated the Portinari exhibition, which
processes in acids, or complementary techniques. Poty ing personalities such as politicians, artists, entrepreneurs, brought together a significant number of works, being
Lazarotto (1924–1998) was another admirable etcher who and collectors. Each illustrator kept one copy and the rest the first to be truly organized by the museum. Three years
enjoyed the artist’s confidence. Both worked in numer- was donated to museums and public libraries, even abroad. later, in 1975, the mnba set up the show Análise inconográ-
ous projects with Portinari, a great friendship being born I also wanted to know what it had been like following fica da pintura monumental de Portinari nos Estados Unidos,
out of this contact. Candido Portinari in his work – an etcher’s curiosity –, comprised of photographic panels which reproduced
Interested in knowing how Portinari’s etchings had but I could not get this information as, at the time of the frescoes of the Hispanic Foundation of the Library
been executed for the Coleção dos Cem Bibliófilos (One printing the second volume illustrated by him, Menino of Congress in Washigton, d.c. (1941–1942), and the gi-
Hundred Bibliophiles Collection), conceived by entrepreneur de engenho, the technical party in charge was etcher Poty gantic panels Guerra and Paz, which, since 1956, decorate
and collector Raymundo Castro Maya (1894–1968), with Lazarotto. In this period, Darel was in Europe, enjoying the lobby of the United Nations Organizations (uno), in
whom the artist had a very close relationship, I talked a Travel Award received in 1957 at the National Salon of New York. The exhibition concept and all photographic
to etcher Darel Valença Lins (1924) who, in the 1950’s, Modern Art, in Rio de Janeiro. images were carried out by the great researcher and art
replacing Portinari’s brother, Loy Portinari (1917–1987), Aiming at preserving the bibliographic rarity, the Cem critic Clarival do Prado Valladares (Salvador, 1918 – Rio
had become the technical director of these editions, re- Bibliófilos Collection had its master plates destroyed, by de Janeiro, 1983). In 1977, the museum held the exhibi-
maining in this assignment until the publication of their order of Raymundo Castro Maya, at the end of each press tion Portinari desenhista, exhibiting works from the artist’s
second-from-last volume, in 1968. Poty Lazarotto worked run. Thus, we do not have the masters used by Portinari drawing collection belonging to marchand and collector
in the position in the years of 1956 (together with Darel), in this project. The original illustrations, in turn, were auc- Ralph Camargo.
1958, 1959, and 1965. tioned at the annual dinners held for the launching of each Finally, in 2013, mnba conceived two exhibitions in-
The Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil (Society book, at the Jockey Club do Rio de Janeiro. The National volving significant works by Portinari donated to the mu-
of the One Hundred Bibliophiles of Brazil), founded in 1943, Museum of Fine Arts fortunately holds some of these seum: Quando o Brasil amanhecia: a Primeira Missa no Brasil
had, as its goal, the printing of exclusive editions by im- drawings made by him for the Coleção dos Cem Bibliófilos. Árabe [esboço | draft], vista por Vítor Meireles e Candido Portinari the one which
portant Brazilian writers, akin to the French collection There are also, in the National Museum of Fine Arts col- da série Israel … from Israel series, 1956 exhibited the four paintings decorating the Capela May-
Les Cent Bibliophiles. Each one of its 23 volumes followed lection, several metal masters donated by Finep – Innovation grafite sobre papel … lead on paper rink, in the Parque Nacional da Tijuca, in Rio de Janeiro.
an own editorial design, in addition to being illustrated and Research, in 2013. Of various formats and themes, 25,9 x 13,1 cm The first included the panel A Primeira Missa no Brasil, by
by a contemporary Brazilian artist of renown. these metal masters are a historical rarity which provide Portinari, made in 1948 and donated to mnba by the In-
As expected, Portinari was among them. He partici- researchers and artists with the opportunity of knowing a stituto Brasileiro de Museus (Ibram), whereas the other
pates in the first volume of the collection, illustrating hitherto little-commented part of the work of one of the displayed Nossa Senhora do Carmo, São João da Cruz, São
with India ink and etchings the Memórias póstumas de greatest Brazilian artists. Simão Stock and Purgatório, panels made in 1944 and do-

220 … 221
nated to the museum by the Instituto Chico Mendes de 1943 published, said that the mnba paid “tribute to Porti- with the two latter paintings, either for their dimensions
Conservação da Biodiversidade. In all, seven exhibitions Painting exhibition – Candido Portinari nari, upon the tenth anniversary of his death”.3 And still: or for the grandiosity of their concepts, comprising one
which explored a broad range of Candido Portinari’s pro- “Having in its collection only four works by Portinari, of the main examples of 20th century universal painting
duction and thereby make the mnba one of the Brazilian Portinari’s art was seen again at the mnba in 1943. Inau- the mnba relied on the collaboration of several collec- with community sentiment.
cultural institutions with the greatest links with the un- gurated on June 19th, and seen by thousands, Exposição tors”.4 Actually, except for the four paintings belonging The photographs of the Library of Congress works
forgettable painter from Brodósqui. de pintura – Candido Portinari exhibited 168 works by the to the mnba, 37 paintings from private collections were and of details of the uno panels were performed by the
artist, distributed in rooms of what is currently part of the exhibited. At the time, the museum owned the works researcher himself with the collaboration of the Brazilian
Brazilian Modern and Contemporary Art Gallery. Among Retrato de Olegário de Mariano (1928), Retrato de Maria and North American authorities during the year of 1974.
1939 the works exhibited, there stands out a set of 32 portraits (1932), Café (1935) and Menino de Brodósqui (1951). All A catalogue listing the 60 photo panels, and reproducing
Portinari and the panels made for the Rádio Tupi buildings in Rio the loaned works were displayed. It is timely to remark the images of 39 of these, in black and white, was also
de Janeiro and São Paulo. The list of works exhibited also that, nowadays, after 42 years, the mnba holds a collec- prepared for the exhibition.5 Clarival do Prado Valladares’
The first individual exhibition of Candido Portinari’s work record drawings, dry-points, etchings, and monotypes. tion of 229 of Portinari’s works, among paintings, draw- work was dedicated to the North American art historian
was unveiled at the mnba on November 11, 1939. Orga- The panels Os músicos, Flautista and Tintureiro were ings, prints and masters, making it the Brazilian cultural Robert Smith (1912–1975), an erudite expert of the Por-
nized by the Ministry of Education, it brought together 269 painted in 1942 to decorate the rooms of Rádio Tupi of institution owning the greatest collection of works by tuguese and Brazilian art, and comprises an essential item
works and comprises the greatest exhibition of the artist’s Rio de Janeiro. Eight years later, these works would be this great master. for knowledge of the features of Portinari’s work in the
works to this date. The presentation was assembled where destroyed by a great fire, comprising an irreparable loss. The Portinari exhibition was the first truly spon- United States.
one currently finds the lower level of the Brazilian Modern The series of paintings forecast for São Paulo included sored by the mnba. Ms. Carrazzoni, the director, invited
And Contemporary Art Gallery, on the third floor of the Raquel, Justiça de Salomão, Sacrifício de Abraão, Lamentação art critic Antonio Bento, a personal friend of Portinari’s
mnba building. Received by Portinari and by the museum de Jeremias and Trombetas de Jericó, the famous biblical se- and one of the greatest specialists in the work of the São 1977
director, Oswaldo Teixeira, President Getúlio Vargas and ries which illustrates passages from the Old and the New Paulo-born artist, to organize it. For the small catalogue, Portinari, the draftsman
the Minister of Education Gustavo Capanema attended Testament. These large-size canvases, painted between Antonio Bento wrote the text “Pinturas de Portinari”.
the art show. Paintings, drawings and prints succeeded one 1942 and 1944, are currently part of the Masp collection. Attending the inauguration were the painter’s widow, In November 1977, as a result of the involvement of
another on the exhibition floor. Among the works selected, An album with texts by Manuel Bandeira, Mário de An- Maria Portinari, in addition to his sisters Olga and Inês, marchand and collector Ralph Camargo with Candido
there stood out the studies for the frescoes at the Minis- drade, and Otto Maria Carpeaux2 was published simultane- all specially invited. Portinari’s work – in special, his drawings –, the mnba,
try of Education and Health/Palácio Gustavo Capanema ously with the publication of a small catalogue with the list then under the direction of Professor Edson Motta (Juiz
(1936–1939); sketches for the decoration of the Brazilian of works exhibited. This album also brings opinions on Por- de Fora, 1910 – Rio de Janeiro 1981), received the exhibi-
Pavilion at the New York International Fair (1939); por- tinari’s work published in the United States, a bibliography 1975 tions Portinari desenhista, which displayed 71 of his works
traits of writer Augusto Meyer (1937), of poetess Adalgisa and 20 photographic reproductions, in black and white, of Iconographic analysis of Portinari’s paintings in this technique. Among these, of great importance
Nery (1937), and of poet Jorge de Lima (1939), among so the works exhibited at the occasion. Manuel Bandeira’s text, in the United States of America and beauty, were exhibited studies for the murals of the
many others, iconic pictures such as Morro (1933), belong- a biographical note, is the same published in the 1939 cata- Ministério da Educação e Saúde/Palácio Gustavo Capane-
ing to the collection of the Museum of Modern Art of New logue. Conversely, the one by Mário de Andrade, “O pintor In 1975, three years after the exhibition which celebrated ma (1936–1944) and for the ceramic tile panel of the Ca-
York; Mestiço (1934), from the collection of the Pinacoteca Portinari” (The painter Portinari), reproduces a text printed in the tenth anniversary of Candido Portinari’s death, the pela da Pampulha facade, in Belo Horizonte (1944), and
do Estado de São Paulo, Colona (1935), from the Instituto the Argentine magazine Saber Vivir, September 1942. In its mnba, still under the direction of Professor Maria Elisa preparatory drafts for the Guerra and Paz panels (1955–7),
de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (usp) – turn, Otto Maria Carpeaux’s article “Profecias de Portinari” Carrazoni, was the stage of a landmark event: the exhibi- belonging to the uno, in addition to several preliminary
Coleção Mário de Andrade, Café (1935), from the mnba, (Portinari Prophecies), was written in March 1943. tion Análise iconográfica da pintura de Portinari nos Estados drawings for various compositions.
and Homem da enxada, later known as Lavrador de café (1939) The show received generous coverage by the Rio de Unidos, in which, supported by 60 photographic panels, This show would be taken, in the following year,
currently belonging to the São Paulo Art Museum (Masp). Janeiro press. The Diário da Noite, A Manhã and O Jornal, researcher and art critic Clarival do Prado Valladares to the Masp. The book then published6 brings testimo-
The exhibition was enthusiastically hailed by critics such in additional to their usual comments, published dozens analyzed the importance, as a historical social artistic nials by fifty personalities contemporary of Portinari,
as Antonio Bento (Paraíba, 1902 – Rio de Janeiro, 1988) on of photographs of the works exhibited and of the most document, of the frescoes made for the two anterooms such as Antonio Bento, Alceu de Amoroso Lima, Anto-
Rio de Janeiro newspapers. Actually, the show was largely illustrious guests. of the Hispanic Foundation of the Library of Congress nio Callado, Bruno Giorgi, Celso Kelly, Enrico Bianco,
covered by the press at the time, and proved to be the most in Washigton d.c., and of the two huge murals, Guerra Gilberto Freyre, Israel Pedrosa, Jayme Maurício, José
important cultural event of 1939 year-end. and Paz, which decorate the lobby of the United Nations Olympio, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Otto Maria
A catalog, printed by the Serviço Gráfico do Ministé- 1972 Organization (uno) headquarters building in New York. Carpeaux, and Quirino Campofiorito. It is also impor-
rio da Educação, lists the works exhibited, reproducing Portinari Made in different periods, the four frescoes, the A desco- tant to mention that the book reproduces the images
12 of them in black and white. Texts by Manuel Bandeira berta da Terra, A catequese, Os bandeirantes and Descoberta do of the 71 drawings exhibited, in addition to providing
and Mario de Andrade, the latter of great significance, The mnba unveiled, on June 6th, 1972, the Portinari ouro, in 1941 and 1942, and the two panels, permanently a chronology, a photographic document of important
have rendered this currently very rare publication, a pre- exhibition. The museum director at the time, Maria exhibited at the uno since 1956, revealed to Valladares events in Portinari’s life and an extensive bibliography
cious bibliographic item.1 Elisa Carrazzoni, in her introduction to the catalogue the fantastic power of invention of the Brazilian artist, on the artist.

222 … 223
2013
When Brazil awakened – the First Mass in Brazil
Notes From sleeping treasures to is, of someone who has seen and assimilated the great
Western painting tradition.
seen by Vítor Meireles and Candido Portinari 1
ministério da educação e saúde pública. Portinari. a national collection Two of Portinari’s works started the formation of
Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Ministério da Educa- mnba’s collection: Retrato de Olegário Mariano, Overseas
amandio miguel dos santos
Portinari’s paintings at the Capela Mayrink ção, 1939 Travel Award of the 1928 Fine Arts Salon, and the 1932
daniela matera lins gomes Retrato de Maria, the artist’s wife, incorporated to the Enba
2 museu nacional de belas artes. Portinari. Rio de Ja-
Thirty-six years after Portinari desenhista, two exhibitions collection and transferred to the mnba following its cre-
neiro: Imprensa Nacional, 1943.
were unveiled, on April 20th, 2013, including paintings by ation in 1937.
Candido Portinari. The exhibition Quando o Brasil amanhe-
cia – a Primeira Missa no Brasil vista por Vítor Meireles e Candido
Portinari was unveiled in the Sala Bernardelli, whereas the
3 museu nacional de belas artes. Exposição temporária
de Portinari. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas
Artes, 1972.
F orming a collection starts by the act of accumulating,
removing from the objects their utilitarian character
and economic value, and attributing them a symbolic
In 1939, Portinari held a major individual exhibition
at the mnba, with emphasis on the work Café, awarded
with an honorable mention in the Carnegie Institute
panels which decorated the Capela Mayrink in the Parque 4 Ibid. value – in the present case, being the object of a museum. contest, held in Pittsburgh, United States of America, in
Nacional da Tijuca, in Rio de Janeiro, were also exhibited. A collection, according to Krzysztof Pomian is “any set of 1935. After this show, Café remained at the museum until
Part of the first exhibition were the homonymous works by 5 valladares, Clarival do Prado. Análise iconográfica da natural or artificial objects, temporarily or permanently its incorporation to the collection in 1941. A sentimental
Vítor Meireles (painted in 1860) and by Portinari which cel- pintura monumental de Portinari nos Estados Unidos. Rio de kept away from the economic activity circuit, subject to work, according to Mário Pedrosa, it started the “so-called
ebrated the first religious ceremony in Brazil. The second Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1975. a special protection in a closed space prepared for this brown or Brosdoquian series”, characterized by the domi-
exhibition brought together Nossa Senhora do Carmo, São 6 camargo, Ralph (org.). Portinari desenhista. Rio de Janeiro/ purpose, and exhibited to the sight”.1 The museum object nant brown surface and the purple color of the earth of
João da Cruz, São Simão Stock and Purgatório, from 1944, part São Paulo: Museu Nacional de Belas Artes/Museu de Arte gains the aura of a unique object and, thus institutional- his mother town.2
of the Capela Mayrink decoration. Both displayed prepa- de São Paulo, 1977. ized, requires special cares, being particularly made avail- They comprise childhood memories, very present in
ratory studies, photos, documents and texts which helped able to the public gaze. his artistic construction. The problem of man and reality
contextualize the works selected. It is important to high- The “unique object” qualification, and a symbolic rep- are focal points in the Portinarian iconography. The land-
light that the exhibition Quando o Brasil amanhecia was only resentation are even more evident, when dealing with scape-scenario which hosts them is a redefinition of the
thought as from the donation of the A Primeira Missa no Bra- the work of an artist. A work of art is an artist’s writing, space of an earth lived, bound by lines and perspectives,
sil (1948, tempera on canvas, 272,5 x 500 cm) to the mnba the record of his expressiveness which seeks, through characteristic of his memory of the trails in coffee plan-
by the Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), in January the development of a specific language, to make his path tations, in a hierarchy of planes and chromatic masses
2013, and that the conception of the exhibition Pinturas de visible. The intention of building a collection requires, which reveal the cosmic force, the depth of the horizon,
Portinari na Capela Mayrink was only made possible with the therefore, the establishing of guidelines which result, for and the luminosity of the essence of life brought out by
final donation of the four panels to the museum by the In- the ensemble, in a reference to his artistic production. the theme of painting.
stituto Chico Mendes on March 5th, 2013. The “act of accumulating” objects/works of art in a In the 1960’s, two drawings joined the mnba collec-
The associated articles in the press highlighted, in museum should be instrumentalized by means of acqui- tion, one of which a new portrait of poet Olegário Maria-
addition to the importance of the shows, the fact that sition policies, according to the institutionalized criteria no, with delicate charcoal and chalk traces on paper, and
both resulted from the acquisition, by a federal body, of a established for the building of its collection. The Na- the oil Menino de Brodósqui. Then, following an acquisition
capital work in our artistic history and of the public spirit tional Museum of Fine Arts (mnba) Portinari collection in 1972, six donations were made, starting in the 1980’s.
of the Ministry of the Environment. For decades, the currently comprises 229 works, among studies, drawings, Often, the collection of a museum institution is
A Primeira Missa no Brasil by Portinari had only been seen prints, and paintings. The various languages used by the made up of donations by living private collectors, or
by the privileged few who had access to the mezzanine of artist present his true profile, and these works constitute even on account of their desire of keeping alive their
the former central office of the Banco Boavista, in Rio de the greatest collection of his works in a public institution. memory through the objects they possess. Private col-
Janeiro. On the other hand, the Capela Mayrink panels, It is mandatory to associate the genesis of the Porti- lections are usually deprived of the public gaze, com-
for security reasons had been, for a long time, under the nari collection to the very history of the venue where it prising a kind of dormant treasures which, once placed
custody of the mnba and could finally be incorporated to is currently lodged and to the transformation of the then- in a museum and made accessible, require new de-
its collection, thereby allowing for an immensely greater National School of Fine Arts (Enba) into the mnba, in mands related to museum activities, such as research,
number of persons to contemplate, in a more accessible 1937. Each one of its spaces contains a piece of Portinari. cataloguing, and conservation. Each one of its items,
space, these four major creations by Portinari. From pupil to instructor, to master of Brazilian painting, which therefore bore the purpose of “breaking the mo-
In 75 years, the mnba held some of the most striking the works in the mnba collection depict Portinari as notony of empty walls which already exist, in order to
exhibitions of Candido Portinari’s work. In this year of craftsman, and present a step-by-step of his creative pro- make them agreeable”,3 starts being circumscribed as
2014, the mnba is planning a new show, which will pres- cess, painting animals, portraits and pictorial exercises of part of a “national treasury”. The idea that works and/
ent a generous selection of the 212 works donated to it by a cubistic style and constructive tendencies, as well as the or objects of art bear the purpose of ornamentation or
Finep – Innovation and Research. mastery of his plastic authority and pictorial realism, that entreasuring wealthy families is revealed, especially,

224 … 225
in the portraits of public men, national political and were finally incorporated to the institution’s collection Table of acquisition of Candido Portinari’s works
historical figures, art benefactors and even aristocrats and to the Portinari collection. Donated by the Instituto Portinari Collection – Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC
made by great artists. Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, the
A collection was donated to the mnba in 2009. In panels São João da Cruz, São Simão Stock, Nossa Senhora
the roll of this collection, from the Fundação Yedda e do Carmo and Purgatório reveal Portinari in full cultural Year Form of acquisition Origin Number of works
Augusto Frederico Schmidt, one can learn about the identity, in which he does not rival with the symbolic 1928 Award National School of Fine Arts 001
personal taste of its collectors, especially for the Retrato universe of national Baroque religiousness. In other
1937 Transfer National School of Fine Arts 001
de Yedda Ovalle Schmidt, by Portinari. Of penetrating and words, these canvases pay heed to an artist with inde-
aristocratic features, one sees a gaze which, in fact, looks pendent style. The saints depicted bear bodily density 1941 Purchase Ministry of Education and Health /
at the spectator; a gaze which wishes to be seen, as char- which gains a monumental and statutory force. The di- National Museum of Fine Arts 001
acteristic of Portinarian plasticity. In effects, portrayed by vine figures, albeit circumscribed to the canvas, violate 1963 Purchase Barcinski Art Gallery 001
Portinari, once characters, they tend to become examples the painting’s limits. Despite being central, according to
1965 Purchase Giovana Bonino 001
of the concrete Man, of the peers in their coexistence, in the Renaissance representation, they seem to protrude
work or in prayer. out of the canvas, toward the spectator, the one who 1972 Purchase Alfredo Sequeira Brandi 001
The year of 2013, thus, can be called the year of Por- prays inside the Chapel, causing the background to sug- 1987 Donation Helena Carpeaux 001
tinari in the mnba. The Ibram, in this year, acquired the gest the cosmic immensity.
2006 Donation Ministry of Finance/ Federal Revenue Service 001
painting A Primeira Missa no Brasil, and donated it to the The last acquisition of Candido Portinari’s works by
mnba collection, filling up one of the gaps in its collec- mnba occurred through donations of paintings, prints, 2009 Donation Yedda & Augusto Frederico Schmidt Foundation 004
tion. The work, conceived to compose Oscar Niemeyer’s masters, and drawings of emblematic works, such as 2013 Donation Brazilian Institute of Museums – Ibram/MinC 001
architectural project for the new Banco Boavista head- studies for Guerra and Paz, and for the São Francisco de Donation Instituto Chico Mendes de
quarters, in Rio de Janeiro, is a mural painting which Assis Church, in Minas Gerais, by the government com- Conservação da Biodiversidade – ICMBio 004
redimensions the building inner space. In addition, it is pany Finep – Innovation and Research, works which
impossible to dissociate it from approximations to Vítor had remained locked in a safe, away from the public Donation Finep – Innovation and Research 212
Meireles’ version of the same instance, also belonging to gaze. The works belonging to Finep bring the essence
the mnba collection. This, of romantic composition, is of Portinari’s brush strokes.4 We rediscover, therein, the
conditioned to a supposedly artistic reality, supported by Portinarian imaginary of affection for those around him,
the Pero Vaz de Caminha’s letter on the discovery of Bra- of sympathy for the man of the people, of identification
zil, which narrates the strength of nature and naturalistic with laborers, of childhood images and of the wisdom of
esthetics. Such version of the facts, of the religious event, the yokel world, unequivocal sources of his imaginative
however, depicts Indians who reveal bewilderment upon world. A more tactile look at the Finep collection can Notes References
witnessing a moment entirely dissociated from their life point out the intense stylistic variety and the full exer-
histories. Even so, the idealized setting, the picturesque cise of different technical experimentations present in
1
pomian, Krzysztof. “Coleção”. In: Enciclopédia Einaudi, pearce, Susan. Interpreting Objects and Collections. New York:
aspect of the scene, the attempt at convincing through the artist’s life. vol. 1: memória-história. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa Routledge, 1994.
the hypothetical figures of the Brazilian native, of the Through the Portinari collection, belonging to da Moeda, 1984, p. 53
pedrosa, Mario. Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília.
tropical jungle and the equatorial light, cause, to this date, mnba, we can, therefore, envisage his poetic sentiment 2
pedrosa, Mario. Dos murais de Portinari aos espaços de Bra- São Paulo: Perspectiva, 1981
before the contemporary gaze, this canvas to mold itself either in studies or sketches of the work, or in the orga- sília. São Paulo: Perspectiva, 1981, p. 10.
pomian, Krzysztof. “Coleção”. In: Enciclopédia Einaudi, vol. 1:
as Brazil’s birth certificate. nicity of the anatomic details of the human or animal 3
pomian, Krzysztof. “Coleção”. Op. cit., p. 56. memória-história. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da
On the other hand, Portinari’s A Primeira Missa no Bra- figures, which bestow a touch of cosmic symbolism to
Moeda, 1984
sil, as if it were a theatrical stage, exploits the sacred rite, the bodily fragmentation which he prepares, discretely, 4
The art object or work, in its museum inception process
eliminating the earth, the profane soil, in which the com- to compose and share the entirety of a panel or a monu- undergoes specific processes of the specific field, among
positional structure, reminiscent of Guernica, establishes mental painting. Portinari (re)covers a dramatic syn- which cataloguing. Often, an artist works on more than
planes and volumes with its characters in a marked hi- thesis between that which is pictorial and that which one work on a same support, which may be ascertained in
erarchization. Thus, there are only foreign travelers and is life; (re)invents his work, (re)defines looks and (re) works belonging to this donation. Thus, this justifies the
their different positions in the stratification of military thinks the conventional comprising the painting sys- difference in the total number of works mentioned here-
and religious functions. tem. His works, thereby, surpass the laws of traditional in (212) and on the presentation text by Glauco Arbix,
In the same year, four works by the artist, for the pictorial structure and point to an artistic revolution, to president of Finep (205).
Capela Mayrink, located in the Floresta da Tijuca park, an imaginable liberty of his symbols and of his artistic
which had been on loan with the mnba since 1993, and plastic world.

226 … 227
Portinari ters building of the United Nations Organization (uno),
in New York; and murals such as those at the Palácio da
vation and Research. An ensemble in which stands out
sculptor, graphic artist, and art critic Lélio Landucci’s por-
ing, sitting on the ground, barefoot as the other workers,
with her feet starting to deform, and a cloth tied around
israel pedrosa Cultura, in Rio de Janeiro, those at the Library of Con- trait, and which joined two famous portraits belonging to her head, as a bonnet, a short-sleeved blouse loose at her
gress, in Washington, United States, and São Francisco, at mnba: that of poet Olegário Mariano, for which Portinari waist, and wide skirt, down to her ankles, is an emblem-
Pampulha, in Belo Horizonte, Minas Gerais. received the Overseas Travel Award from the National atic figure which even in its roughness, lyrically infuses

C andido Portinari was born at a typically Brazilian


historical time, which held reduced relations with
the planetary chronological time. Brazil was even closer The museum, Portinari’s spiritual aegis
Salon of Fine Arts, in 1928, and that of Maria Victoria
Martinelli, the young Uruguayan whom he married in
Paris, in 1930. Among mnba’s treasures, one also finds, in
the entire painting.
This peasant woman was painted by Portinari in an-
other work,3 with an Italianized profile, a visible intro-
to the roots of its miscegenation and of various economic a prominent place, the painting Café, the first work from spection of someone emigrated, sitting on the ground of
stage hurdles: from slave-owning survival to an incipi- At the same site of the current mnba, designed by archi- Brazilian modernism to win a prize overseas, the Second an immense and desolate landscape of a smooth plain in
ent nucleus of capitalistic evolution which emerged, tect Adolfo Morales de los Rios, operated the National Honorable Mention at the Carnegie Institute exhibition light blue gray, bordering a light blue sky, whitened in the
conditioned by the interests of a feudal-type latifundiary School of Fine Arts (Enba) – originally, The Royal School in Pittsburgh, United States, in 1935. line of horizon. She is wearing a long-sleeved blouse, of
monoculture. of Sciences, Arts, and Trades – with its studios and galler- The coffee theme was approached by Portinari for the same hue as the vast ground, having her body shape
Planet-wise, Portinari lived, from childhood to the ies connecting with the exhibition halls, where the Na- the first time on a small oil-on-canvas picture, 49 x 43 cm, drawn by the cloth folds. Her turban is pink, almost the
end of his days, in the period named by Eric Hobsbawm tional Salon of Fine Arts, which, since the beginning of with no formal relation to that of the second time. Only same hue as her skirt, slightly ocher, and agreeably con-
as “the era of extremes”, melancholically defined by vio- the República Velha, agitated the country’s artistic, social three workers carry coffee sacks on their heads and the trasting, with the various tones of the bluish gray of her
linist Yehudi Menuhin, portrayed by Portinari, as the cen- and political milieu, was held. other, dominating the foreground, piles them up. It was blouse and the ground.
tury “which aroused the greatest hopes already conceived It was at Enba that the young Candido Portinari exhibited at the exhibition at the Galeria Itá, in São Paulo,
by mankind and destroyed all illusions and ideals”.1 began, in 1920, his learning to accomplish the histori- in 1934, and has its whereabouts unknown. This work,
As known, the sense of time is historically marked in cal adventure he would lead, by revealing the tragedies, like the others exhibited, (Circo, Jogo de futebol em Brodós- The Capela Mayrink Triptych
human memory more for man’s actions than by any natu- fights, grandeurs and the soul of this “Land dominating qui, O morro, Índia, Mulata, Despejados, Mestiço, Lavrador
ral phenomenon. For this reason, Candido Portinari’s 59 the tropics, whose strength, in the breadth of a genera- de café etc.), displays a surprising and realistic vision of Portinari is author, not only of the vastest religious work,
years of life, compared with the vast timeliness his work tion, assimilated the men coming from all corners of the Brazil, in which the new content carries behind itself the but also of one of the most important sacred works made
encompasses, only reveal a minute parcel of the artist’s world, being able, thereby, to model a surprising national awareness of the need for an equally innovative formal in the American continent – a singular creator of mod-
presence in Brazilian historical time. unit: Brazil”. Words by Germain Bazin, conservator of repertory. ern religious muralism of the esthetic vanguards in in-
As the superior spirit of understanding our national- the Louvre Museum, on Brazil and on Portinari’s work: The painting Café, in mnba’s collection, is the revela- ternational terms. As these works entailed greater formal
ity advances, one can affirm with assurance that the Por- “a strength which released itself, a vigorous sap, the same tion of this innovative pictorial vocabulary, which stakes freedom, there arose a heated debate, especially on the
tinari epoch is, by excellence, ever more the expression as this immense country where, under a harsh climate, out not only the painter’s artistic individualization, but religiousness of their author.
of Brazilian historicity and that one melds with the other. one of most heroic epics of Western civilization was ac- also the patenting of thematic, content, and formal origi- Not all painters of religious works professed the
This so happens because of the painter’s authenticity, complished”.2 nality of Brazilian painting. This comprises a powerful or- Catholic faith with the fervor that Michelangelo had.
which would end up by becoming the personification of chestration of a hitherto-unheard New World symphony, Amid the censorship and threats by the Inquisition, it be-
the work itself. His work vivifies and sheds light on the where the labors of the coffee plantation is the scenario came well-known, what had happened to Paolo Veronese,
stages of our formation and development since colonists The Museum’s Anniversary in which laborious arms raise sacks and buckets, and prosecuted for “excess of imagination”, and forced to alter
arrived and outlasts the artist’s death, comprising part of in the bagging of the red earth product, dominating all certain scenes, the vibration of the coloring and even the
the present reality, by building bridges for the realization In this year that Candido Portinari’s Guerra and Paz pan- spaces of the picture in dark chromatic variations, with a title of Christ’s supper to Supper at the home of Levi (1573). In
of the future we wish for as a nation. els continue their historical round throughout Brazil and highlight on the luminosity of the clothes and bodies of defense of his aesthetic principles, the painter invoked
All this, in essence, is depicted by the Brodósqui mas- Europe, prior to its final return to New York, the mnba, the numerous group of white, black, and mestizo women the rights to “flights of fantasy and the licence given to
ter who, in more than 5,100 works, among which draw- directed by museologist Mônica Xexéo, celebrated its and men. artists, poets and madmen”. Also David Alfaro Siqueiros
ings and easel paintings, such as the portraits of Olegário seventieth-seventh anniversary with a ceremony at The green color of the plantation rows on the paint- (1896–1974) had problems with the painting of Christ,
Mariano, Maria and Lelio Landucci; the religious ensem- which several personalities were awarded with the Di- ing’s upper part, is diagonally bordered of a true swarm but in his case with the leftwing radicals, who could not
ble which decorated the Capela Mayrink: Nossa Senhora ploma Quirino Campofiorito. Among these personalities, of diligent coffee pickers. As a symbol of the repressive admit a communist painter painting religious work.
do Carmo, São João da Cruz, São Simão Stock and Purgatório, Marta Suplicy, and the just-appointed (on the previous power, there appears the gesticulation of the foreman, Against Portinari, criticism came mostly from oc-
currently belonging to the Museu Nacional de Belas day) Cardinal Dom Orani Tempesta, archbishop of Rio de in boots with his revolver holster belt in his waist. The casional local ecclesiastical authorities and from a num-
Artes (mnba) collection; large and huge moveable panels, Janeiro. composition is completed with a pile of coffee sacks, on ber of conservative religious men, which led the presti-
such as A Primeira Missa no Brasil, now also in mnba’s col- Recently the museum had its collection enriched the left, right above the figure of a peasant woman sitting gious Catholic leader, literary critic and thinker Tristão
lection, Tiradentes, at the Memorial da América Latina, in with several works by Candido Portinari: A Primeira Missa on the ground, suggesting a visual angle regarding the de Athayde (1893–1983) to declare: “Portinari was the
São Paulo, Chegada de d. João VI ao Brasil, at the Banco bbm, no Brasil, the sacred panels from the Capela Mayrink and virtual bar made up of the brawny workers in the canvas greatest genius of our painting [...] author of an inten-
in Salvador, Bahia, and Guerra and Paz, at the headquar- other paintings and drawings offered by Finep – Inno- foreground. The peasant girl, with a delicate profile, rest- tionally supernatural art [...] it is not necessary that the

228 … 229
painter be personally religious for his religious art to it was taken to its final destination, the main lobby of the Gospel would have Portinari’s vision on war and peace”.6 Highlighted by clear light, a naked hermit, standing in
be authentic”.4 uno headquarters building, in New York, the Ministry On his part, critic Mário Barata, in his art column would penance, covers his eyes with his hands, in prayer and in
When the Capela Mayrink, located in the Tijuca for- of Foreign Affairs set up their exhibition at the Theatro write: “Never in the whole world’s modern art, a painter sorrow. Figures in a compact group, genuflexed, with arms
est, was renovated in 1943, entrepreneur Raymundo de Municipal do Rio de Janeiro, whose stage, in the city, was who has seen his works replace the chords of Wagner raised and open-palm hands and faces turned to the sky in
Castro Maya, the work administrator, asked Portinari the only place fit to hold the panel’s 14-meter height. The and Verdi, the fantasy of Chopin’s ballets, the majesty of view of the outlook of death, let out a breath of strength
to decorate it, dedicated to Nossa Senhora do Carmo, the event was inaugurated on February 27th, attended by the symphonic orchestras. For the first time in the 20th cen- and life, of condemnation to the very existence of war.
Chapel’s patron saint. The painter conceived a triptych President of Republic, Juscelino Kubitschek de Oliveira. tury, the greatest theater of a city becomes a temple of
in which the Virgin appears in the center, sided by São On that occasion, President Juscelino awarded Por- painting”.7 Paz (Peace). In this panel, as with what happens to its pen-
Simão Stock (1165–1265), an English Carmelite who had tinari with the Gold Medal of best painter of the year, dant, there are multiple reminiscences of works prior to
the vision of Nossa Senhora do Carmo, blessing the Or- granted to him by the International Fine Arts Council, Portinari, as there are also traces of both in later paintings
der of the Carmelites, thereby giving rise to the perma- in New York – his USA entry visa had been refused by The Guerra and Paz panels by the master. This means that they comprise the coherent
nent use of the Carmel scapulary, and by São João da Cruz the prepotence and intransigence of the American gov- links of an immense pictorial production of the greatest
(1548-1591), a Spanish Carmelite, deemed as one of the ernment, during the Cold War, thereby preventing him Guerra (War). In the pages of the history of art on which representativeness of the creater power of the 20th century.
greatest mystics of Christianity, who carried out, togeth- from receiving the awards he had won, in addition to the countless wars emerge, dated and located, such as those Upon analyzing this panel, in one of the longest
er with Teresa de Ávila, the reform of the Order. João da said Gold Medal, the Guggenheim and the Hallmark Art of Troy and of the Peloponnesus, painted by Euphroni- and most prestigious essays published on Portinari, says
Cruz was a notable poet and author of Cântico espiritual, Award. In his historic talk hailing the painter – in good us, those of San Romano and Anghiari, by Paolo Uccello Antônio Bento:
fruit of the “love of abundant mystic intelligence [...] in part, a memory page, the president reminisced: and Da Vinci, or Guernica, by Picasso, all are narrated by
which interpretation and mystery walk side by side”.5 scenes which identify them. With own resources linked His inspiration turned to the rural and bucolic, in a kind
Of pure Italian beauty, which for all pictorial merits I could guess, still in the dawn of your life, what you would to the time of the painting, each one of those partakes of innocent view of Paradise, consubstantiated in the art-
would honor any of the Loggie ou Stanze Vaticane, as now it became in the arts and life of Brazil [...]. When your name of a varied range of concepts which range from heroism ist’s youth. His concept of peace would not consequently
honors the mnba galleries, the Nossa Senhora do Carmo, the started to appear in the pages of world civilization as one of to pain or to despair, or defend the land, idea, or cause be represented by tormented or bewildering comfort of the
central figure of the triptych, had Portinari’s sister Inês as the most vigorous expression of the genius and expression- which particularizes them. great cities, of megalopolises full of pollution, vices, luxury
model. To paint the boy Jesus, on the Virgin’s lap, the paint- istic power of the American peoples, I was already in Belo Portinari’s approach is quite diverse. He does not and passions. This is especially the peace of the fields, of poor
er used as model his son João Candido. This comprises a Horizonte, as mayor, and I had, thereupon, the opportunity identify any war, as if he stated that, in essence, all wars children, of children of São Paulo peasants, who are after
work of intense luminosity, in which the forms and flying to invite you to decorate some of the buildings I built there. are equivalent in triggering horror and animality. One all, brought together as brothers by true Christian concord.
folds of the Carmelite-inspired mantle covering the Vir- does not see any weapon; the apocalyptic cavalcade cut- It was in this humble manner of those who in fact live in
gin’s body, in a varied tonal scale of vibrant yellow, break And, upon finishing the inaugural speech for the ting the scene in all directions, with its retinue of con- harmony, in a rural realm, the beings which suggested to
the straight line character and the severity of the long cas- Guerra and Paz panel exhibition, he stated, with a lucid quest, famine, and death, does not bear the biblical colors Portinari the vision of a peaceful and happy society.8
sock of dark and modulated sienas. The violet of the equally esthetic vision, humanistic reverence and healthy patrio- of fire and of blood, neither black, white, and yellow. It is
flying veil which cover the saint’s head, the varied blues on tism: blue which dominates. A tragic and painful symphony in What emanates from this panel enthralls and en-
Jesus’ vests and the discreet vegetation of Mount Carmel, blue, going through its entire scale. The dark tones, som- chants us; more than the idea of peace and of peace, it
in turn, contrast in tone and value, and agreeably color the This medal which I now award you with, as one more ber, rich in varied and deep violet hues, draw the scenes is peace itself which invades us when contemplating it;
entire picture. The hand of delicate fingers which hold the achievement in your life as an artist will remind you of the over a background of light blues and greenish reflections, the sensation of penetrating a universe of ventures, of
Carmelite scapulary string, differs from the rough feet ap- admiration of other peoples but, above the admiration of the tending to the light citrine. brotherly communion in productive work, a magic realm
pearing from under the cassock, in an authentic manifesta- other nations which look up to you as a high expression of Contrasting with this blue universe, valuing it chro- of shining colors, at the sound of a merry circle of young
tion of Portinarian realism, more than that of expression- the world’s contemporary cut, the Brazilian people follows matically, in a tonal counterpoint, the horse spotted in people singing a universal hymn to brotherly love and
ism proper to the Barroque manner. not only with pride but with affection and love your admi- red, and the flesh in the faces, arms, and feet appearing confidence, or to the innocence of childhood plays.
To decorate the Chapel, Portinari painted a Purgatório rable work because it knows that, through your hand, for out from under the dark garments appear in vibrant or- With all these golden tones, joyful, brimming with
in addition to the said triptych. the inspiration of your spirit, Brazil has already conquered ange hues, which range from the dark purple shadows life, the painter seems to tell us that universal peace is
in the laurels of your victory an admirable position in the to those almost-red and pink shades of intense luminous possible. The day shall come when mankind shall enjoy
realm of world art. My congratulations in the name of the creeping. In this clime of violent contrasts, of a somber boundless peace in space and time.
Acclaim at the Municipal Theater of Rio de Janeiro Brazilian people for the event, which will set off a striking féerie, the uninterrupted trampling releases the beasts
pace in the march that our young country has been under- which terrify the world.
At the beginning of 1956, when Portinari finished the taking in such a mysterious and hard path of the conquests We stand before a terrifying cataclysm in which re- Return of the panels to Brazil
execution of the Guerra and Paz panels, in heed of the of art and human genius. mote times blend with the origin of times. If terror brings
popular clamor – an appeal by intellectuals, artists and by to memory reminiscences of the anathema of Luca Signo- The repeat exhibition of Portinari’s Guerra and Paz pan-
the various sectors of our population – who wished this Writer José Lins do Rego commented on the event relli and of Dürer, the inventive conception and its making els at the Theatro Municipal do Rio de Janeiro is inserted
magnificent work by our painter to be exhibited before and the panels, by declaring: “Only a man close to the bring us back to the reality of a timeless modernity. into the climate of Brazil’s growing international pres-

230 … 231
ence not only in the economic era, but especially in the with such passionate effusion. If beings of an intelligence ary shows at the Theatro Municipal do Rio de Janeiro, at started with another round through Brazil and will end
recognition of our progressive social values; intellectual, equal or greater than the one found here existed or would the Memorial da América Latina, in São Paulo, and at the with their return to New York in 2015. Portinari’s work
moral and spiritual values expressed in our love for peace, exist in such sidereal spaces, they would certainly wor- Teatro Brasil, in Belo Horizonte, in their exhibitions in is magnificently presented at the Grand Palais [...] the cer-
in the tolerance in facing the opposites, and in our love ship, or have worshiped, the grand spectacle put together Paris, “at the Salon d’Honneur, in the heart of the Grand emony was attended by Portinari’s son – who lived for a
for art, vivid in all manifestations of the national spirit. with such filial obstinacy, supported by a worker-presi- Palais, deserving place for it [...] in this City of lights, in long time in Paris –, by the Brazilian ambassador in France,
The hitherto unimaginable return to Brazil of Porti- dent, herein represented by an eminent chancellor, be- which the artist was celebrated in 1946, with an exhibition José Maurício Bustani; by Marta Suplicy and other project
nari’s panels Guerra and Paz which adorn the main lobby of fore an euphoric audience, interpreting in its fair value organized by Germain Bazin at the Charpentier gallery” – members, by dozens of proud Brazilian and art lovers.
uno’s headquarters building, in New York, was only possi- the most vigorous artistic message, turning it into a sym- words by Jean-Paul Cluzel, director of the Grand Palais, in No one has mentioned that Portinari was not able to
ble through a combination of factors, among which, firstly, bol of a peace cantata. the preface of the catalogue of the exhibition of the Guerra attend the inauguration of his murals at the UNO, in 1956,
the deliberations on the renovation of the uno headquar- The prevailing joy on all faces of the throng crowd- and Paz panels, by Candido Portinari, from May 7th to June because he was a communist and the Americans did not
ters building from 2010 to 2015, in which Portinari’s works ing the theater who, throughout the period of the exhi- 9th, 2014, at the institution headed by Jean-Paul Cluzel. He allow him to enter the country.9
would have to be removed and sheltered at another site; bition surrounded the building with interminable lines, went on: “a monumental diptych which precisely brings
secondly, the existence of the exemplary organization of the rendered visible the justified pride of the finding anew in this message of peace, of a blatant modernity [...]. It is for It was that the art-loving public, which moves Paris,
Projeto Portinari, which conceived and later managed the each one and in all their parcel of the true national soul me a pleasure and an honor to host, at the Grand Palais, this made up of persons from all parts of the world, had the
entire operation, causing the Brazilian government to re- and the predecessors of their desired destinies, shared in exhibition, supported by the highest Brazilian authorities, rare opportunity of coming into direct contact with the
quest from uno, and provide to it guarantees for the loan the construction of a kingdom of permanent peace and the President of Brazil, Dilma Rousseff, and the Minister of Guerra and Paz panels, and feel the unforgettable emotion
of the panels, and their restoration and exhibition in Brazil; happiness. Not all had the same clarity on the extraor- Culture, Marta Suplicy. I express all my recognition to the that only the true works of art foster.
thirdly, the existence, at the highest echelons of the Repub- dinary exceptionality of the moment they were living Projeto Portinari and to its director João Candido Portinari,
lic, in the Presidency, at the Foreign Affairs Ministry, at the through, but all envisaged the privilege they would have the painter’s only son.”
Ministry of Culture and at the bndes, of authorities sensi- for the remainder of time they could affirm: “I was there!” Under the title Guerra and Paz: a Brazilian masterpiece
tive to the powers and imperatives of art as an irreplace- Certainly, the national memory will forever keep the for the UNO, the monumental panels were exhibited facing
able manifestation of the intellectual, moral, psychological memory of the spectacle of interaction of all arts on the a great wall of mirrors which duplicated its visual impact, Notes
heritage of the Brazilian nation. stage of the greatest theater of the “Cidade Maravilhosa”. creating an intense chromatic universe, in which the de-
Preceding the parade of the crowd before the masterly piction of the devastating human tragedy and the bless- 1
hobsbawm, Eric. Era dos extremos: o breve século XX, 1914–
work of one of the greatest painters of all times, Carla ing of peace enchanted the spectator. 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 12.
Peace Apotheosis Camurati’s documentary was shown, followed by Ana Studies (drawings, paintings, scale models) were 2
Germain Bazin in the preface of the catalogue of the Can-
Botafogo and Alex Neoral’s dance, choreographed by exhibited at the exhibition’s entrance hall, made by the
dido Portinari exhibition at the Charpentier Gallery, Paris,
Amid an immense public, in a national excitement cli- David Parsons, the singing of Milton Nascimento, and painter for the panels, whereas, on a great screen inter-
in 1946, as quoted in bento, Antonio. Portinari. Rio de
mate, with the presence of the Foreign Affairs Minister, sound quality of the Villa-Lobos of the Orquestra Sin- posed to the panels, were projected, one by one, the im-
Janeiro: Leo Christiano Editorial, 1980, p. 196.
Celso Amorim, representing President Luiz Inácio Lula fônica Brasileira Jovem. ages of these studies, with light spots indicating on the
da Silva, of Professor Luciano Coutinho, President of Magnificent and blessed planet, this one on which panel the figures they corresponded to, creating the idea
3
Colona (1935), tempera on canvas, 97 x 130 cm. Coleção
bndes, of Projeto Portinari director, João Candido Por- luminosity prevails and on whose entrails the matter, in of interaction between project and final work. Mário de Andrade, Acervo do Instituto de Estudos
tinari, of various state and municipal authorities, the sec- its highest level of perfection, produces dreams, ideal and Another huge screen also received the images of four Brasileiros da Universidade de São Paulo.
ond exhibition of the monumental Guerra and Paz panels, beautiful; on which, even among its internal turbulence synchronized projectors, with scenes from the artist’s life 4
lima, Alceu Amoroso [Tristão de Athayde] & palma,
by Candido Portinari, at the Theatro Municipal do Rio and painful stages of the delivery of dawn of a New World, and reproductions of more than 5 thousand of his works, Bruno. Arte Sacra Portinari. Rio de Janeiro: Livroarte Edi-
de Janeiro, was unveiled on the night of September 21st, fascinated the first earthling to contemplate it from the photos, and various documents from the Catalogue Rai- tora, 1982, p. 11 e 15.
2010, 54 years after the first one. cosmos, extracting from him the indelible exclamation: sonné drawn up by the Projeto Portinari, published in 2004.
Albeit distances are immeasurable, as well as the “The earth is blue!” So blue as the one described by Drum- Five days after the unveiling of the show to the guests,
5
lucchesi, Marco. Faces da utopia. Niterói: Cromos, 1992,
number of stars and their uncountable planets and satel- mond in the poem recited by Fernanda Montenegro on Luís Fernando Veríssimo commented on the event: p. 19.
lites throughout the infinite galaxies in cosmic immense- this majestic night, before the Guerra and Paz panels: “and 6
rego, José Lins do, O Globo, February 29th, 1956.
ness, the Theatro Municipal do Rio de Janeiro, on the nothing more resists to the painting hand / [...] the blue- At the Grand Palais, the most prestigious art space in Paris, 7
barata, Mário, Diário de Notícias, March 2nd, 1956.
magic night of inauguration of the second presentation eyed hand of Candido Portinari”. the exhibition of the two Guerra and Paz murals was in-
of the Guerra and Paz panels, brought on temporary loan augurated. [...] Prior to bring donated to the UNO, 1956, at 8
bento, Antonio. Portinari. Op. cit., p. 140.
from the uno headquarters, became the artistic epicen- the beginning of the international phase of an exhibition 9
veríssimo, Luís Fernando, O Globo, May 11th, 2014.
ter of the universe. Guerra and Paz in Paris project, outside the restricted area of the UNO’s foyer, which
It is impossible to think that, at that moment, at any started with another round in Brazil, and now arrive in
other celestial body, art and all which could exist of supe- The monumental Guerra e Paz panels started their ex- Paris at the outset of the international phase of an exhibi-
rior and sublime in the universe were being celebrated traordinary transatlantic voyage, even after the legend- tions project, outside the restricted area of UNO’s foyer, which

232 … 233
Chronology 1926
Competes for the first time for the Overseas Travel Award,
1934
Executes his first work with a social theme, Os despejados.
1940
Turns out six illustrations for the book A mulher ausente,
cristal proença with two portraits. At year-end, exhibits 50 works in São Paulo, arousing en- by Adalgisa Nery. Exhibits several times in the United
thusiastic comments from critic Mário Pedrosa and from States. The Revista Acadêmica publishes a special issue as
1928 writers Manuel Bandeira and Oswald de Andrade. a tribute to Portinari, and in October, the exhibition Por-
1903 Conquers the coveted Overseas Travel Award with a por- tinari of Brazil, bringing together 186 of his works is un-
The second of 12 children by an Italian immigrant couple, trait of his friend, poet Olegário Mariano, currently be- 1935 veiled at the moma.
Dominga Torquato and Baptista Portinari, Candido Porti- longing to the National Museum of Fine Arts (mnba) At the Palace Hotel, he exhibits, for the first time, the fa-
nari was born on December 30th, on a coffee farm in the collection. Continues to paint portraits of Brazilian per- mous canvas Café. In June, he is invited by the Carnegie 1941
Brodósqui district, State of São Paulo. sonalities, including that of politician Carlos de Lima Institute of Pittsburgh, USA, to participate in an interna- The University of Chicago publishes the book Portinari, his
Cavalcanti, donated to the mnba by Finep – Innovation tional exhibition, together with artists from 21 countries. Life and Art, with an introduction by American artist Rock-
1914 and Research, in 2013. The show, inaugurated in October, awards Portinari with well Kent, his friend since 1937. On vacation in Brodósqui,
At age 10, he turns out the Retrato de Carlos Gomes, consid- the Second Honorable Mention, for Café. Portinari is in- he paints the frescoes decorating a chapel made for his
ered his first known drawing. 1929–1930 vited by his friend Celso Kelly to teach mural and easel grandmother (Capelinha da Nonna) and executes prints in
Holds his first individual exhibition, organized by the painting at the Art Institute of the Federal District Uni- dry point. In mid-year, he embarks again to the usa, togeth-
1919 Brazilian Artists’ Association, at the Palace Hotel, in versity (udf). er with his family, to execute four panels in the Hispanic
Decides to leave Brodósqui, for Rio de Janeiro, with the Rio de Janeiro, in May 1929. In the following month, Foundation of the Library of Congress, in Washington, d.c.
aim of starting his artistic training. In the capital, he en- he boards the ship Bagé bound for Paris, to enjoy his 1936
rolls at the Lyceum of Arts and Trades. Overseas Travel Award. Visits several museums, hav- His works start being incorporated to public spaces. 1942
ing direct exposure to the works of Raphael, Titian, and He executes four panels for the Highway Monument Turns out eight panels with popular music themes for
1920 Botticelli. Meets the young Uruguayan, Maria Victoria on the Rio–São Paulo road, and receives an invitation the Radio Tupi of Rio de Janeiro headquarters, ordered by
Attends, as a free student, the National School of Fine Martinelli. by Gustavo Capanema, then Minister for Health and journalist and businessman Assis Chateaubriand, known
Artes (Enba), where he studies figurative drawing with Education, to execute the murals for the future ministry as the Os músicos series.
painter Lucílio de Albuquerque. 1931 headquarters, in Rio de Janeiro (currently the Palácio
Returns to Rio de Janeiro, already married to Maria. Gustavo Capanema), a major Brazilian modern architec- 1943
1921 Brings six works, one of which a self-portrait. Exhibits ture project, which counted on Oscar Niemeyer, Lucio Paints the panels for the Radio Tupi of São Paulo, known
As a regular student of painting at Enba, he studies un- again at the Palace Hotel. Architect Lucio Costa is ap- Costa, Affonso Eduardo Reidy, and Roberto Burle Marx, as the Bíblica series. In June, presents a new individual
der Rodolfo Amoedo, João Batista da Costa, and Rodolfo pointed director of the National Fine Arts School (enba); among others. exhibition at mnba, with 168 works, seen by 25 thou-
Chambelland. the General Exhibition then excludes awards and the sand people, according to a letter addressed to his friend
jury in charge of selecting works. Portinari is invited to 1937 Mário de Andrade. Starts studies for the future panels of
1922 participate in the Salon Organizing Committee, which The Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional the Pampulha Church, in Belo Horizonte, part of which
Participates, for the first time, in the General Fine Arts also includes Anita Malfatti and Manuel Bandeira, as well (currently Iphan) and the National Museum of Fine Arts belonging to the mnba collection. Illustrates Memórias
Exhibition, in which he presents a portrait, having re- as to present 17 of his works. are created under the auspices of the Estado Novo and of póstumas de Brás Cubas, by Machado de Assis, the first
ceived an honorable mention. its President, Getúlio Vargas. book published by the Sociedade dos Cem Bibliófilos do
1932 Brasil, founded by collector Raymundo de Castro Maya.
1923 Unveils a new exhibition at the Palace Hotel, an event 1939
Conquers a Bronze Medal at the General Fine Arts Exhi- which he repeats every year until 1936, presenting, for Portinari adjourns his teaching career, with the clos- 1944
bition with Retrato do escultor Paulo Mazzuchelli, a Lyceum the first time, childhood themes and memories from ing down of the udf. The close relations between the Also by initiative of Raymundo de Castro Maya, turns
of Arts and Trades professor. His name starts to be men- Brodósqui. Refuses to participate in the General Exhibi- United States and Latin America contributes toward out four oil-on-wood panels for the Mayrink Chapel in
tioned in newspaper articles. Also receives awards from tion, demonstrating his discontentment with the retak- an invitation to Portinari to execute three paintings – the Tijuca Forest, Rio de Janeiro, currently belonging to
the Galeria Jorge, then one of the most important com- ing the Salon by the conservative wing of the School Jangadas do Nordeste, Cena gaúcha, and Noite de São João, mnba, and two panels of the Retirantes series. In mid-year,
mercial art galleries. which would lead to Lucio Costa’s dismissal. Paints Re- the latter donated to the New York Museum of Mod- creates a set of 40 costumes for the ballet spectacle Iara
trato de Maria, also belonging to the mnba. ern Art (moma) – for the Brazilian Pavilion at the New and restarts work for the Ministry of Education, complet-
1924 York World Fair, a project by Oscar Niemeyer and Lucio ing the immense Jogos infantis panel.
Receives private orders for portraits. Paints Baile na roça, his 1923 Costa. In November, he holds, at the mnba, an exhibi-
first canvas with a Brazilian theme, and submits it to a selec- Participates in the 2nd Modern Art Exhibition, promoted tion sponsored by the Ministry of Education, deemed 1945
tion by the General Exhibition jury. The painting is refused, by the Society for the Modern Art (spam), side by side as the largest and one of its most important exhibitions With the decline of the Estado Novo, Portinari joins, just
but seven other of his works are accepted in the salon. with Alberto da Veiga Guignard and Di Cavalcanti. in its history. like other intellectuals and artists, the Brazilian Commu-

234 … 235
nist Party (pcb), led by Luís Carlos Prestes. Runs for fed- São Paulo Art Museum (Masp), at the Venice Biannual, and Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil is published:
eral deputy, but is not elected. Travels to Belo Horizonte, in an international show in Warsaw. His health again gives Menino de Engenho, by José Lins do Rego. Participates, with
where he paints, for the Pampulha Church altar, the panel out warning signs and, as a precaution, is advised by his a retrospective show, in the 5th São Paulo Biannual.
São Francisco se despojando das vestes. doctor to spend some time without painting.
1960
1946 1955 Exhibits at Galeria Bonino, in Rio de Janeiro. A new book
Through the initiative of art historian Germain Bazin, Finally signs a contract with the Foreign Affairs Ministry on his work, edited by his friend, publisher and writer
whom he had become a friend of, he unveils, in Paris, an to paint the uno’s headquarters panels. The 3rd São Paulo Eugênio Luraghi, is launched in Torino.
individual exhibition at the Charpentier Gallery. Award- Biannual dedicates a special room to Segall and Portinari,
ed the medal of Squire of the Legion of Honor. who had not participated in the previous edition. Re- 1961
ceives, from the New York-based International Fine Arts Also at the Galeria Bonino, holds the last individual show in
1947 Council (ifac), the Gold Medal for best painter of the his lifetime. Travels to Paris, to talk about an exhibition in
Travels with his wife and son to Argentina, where he year. Finishes, together with his team, including Enrico Milan, organized by Eugênio Luraghi. Personal and health
unveils an individual show, and to Uruguay, where he Bianco and Rosalina Leão, the Guerra and Paz panels. problems afflict the painter, who soon returns to Brazil.
presents a lecture on the social sense of art. He is in-
troduced to left-wing poets, artists and intellectuals. At 1956 1962
a time of great suspicion against, and repudiation to, Brodósqui, 1948 Following a strong appeal by the Brazilian press for Bra- Recovered, engages himself again in the preparation for
communism, Portinari voluntarily chooses to exile in óleo sobre tela … oil on canvas, 46 x 55,5 cm zilians to see the Guerra and Paz panels before their final the Milan exhibition; however, lead intoxication symp-
Uruguay. departure to the United States of America, both are pre- toms reappear, making his health condition very critical.
sented at the Theatro Municipal do Rio de Janeiro, with Passes away on February 6th, at age 58, at the São José
1948 1951 the attendance of then-President Juscelino Kubitschek. Hospital, in Rio de Janeiro.
In Montevideo, paints the large tempera canvas A Pri- In May, takes part in the National Modern Art Salon, a Upon request by José Olympio publishing house, turns
meira Missa no Brasil, donated to mnba by the Instituto spinoff of the Modern Division of the Enba Fine Arts Sa- out 22 color pencil drawings for Dom Quixote de La Mancha, 1963
Brasileiro de Museus (Ibram) in 2013. Raymundo Castro lon. In October, exhibits at the São Paulo 1st Biannual, in a by Miguel de Cervantes. Inaugurates in Israel, with the The exhibition conceived by Portinari and Eugênio Luraghi
Maya publishes the book O alienista, by Machado de Assis, room dedicated to his production. The monograph Portinari, presence of family members and friends, the exhibition in 1961 is inaugurated at the Palazzo Real, in Milan, with
illustrated with Portinari’s engravings and drawings. At edited by his friend Eugenio Luraghi, is published in Milan. Portinari: oil paintings and drawings, 1944–1956. The trip in- 201 works.
year-end, the book Zé Brasil, by Monteiro Lobato, is also spires him to make sketches and studies for a future Israel
launched with Portinari’s illustrations. 1952 series, many of which currently belonging to the mnba’s 1964
The Brazilian government suggests Portinari’s name to collection. Receives one more international prize, from Portinari’s book Poemas is published, evoking aspects of
1949 then Secretary-General of the United Nations Organiza- the Solomon Guggenheim Foundation, of New York, for his childhood in Brodósqui.
Turns out the panel Tiradentes to decorate the Cataguases tion (uno), Trygve Halvdan Lie, for executing a work es- the Guerra and Paz panels.
School, another Niemeyer project in Minas Gerais, in- pecially made for the new headquarters of the institution, 1972
augurated in November, and currently belonging to the in New York, comprising the future panels Guerra and Paz. 1957 mnba dedicates an exhibition on ten years without Porti-
Memorial da América Latina, in São Paulo. A fire destroys Some of the studies for these panels currently belong to Presents, at the Maison de La Pensée Française, in Paris, nari, with 41 of his works.
six of the eight panels belonging to the Rádio Tupi of Rio mnba’s collection. 136 works, later exhibited in German cities. Without his
de Janeiro headquarters. attendance, the Guerra and Paz panels are installed and 1975
1953 presented to the public on September 6th. The exhibition Análise iconográfica da pintura monumental
1950 Portinari is hospitalized at the Santa Maria Hospital, in de Portinari nos Estados Unidos is inaugurated at the mnba.
Invited to perform a study for a ceramic tile panel for the the city of Rio de Janeiro, with a serious hemorrhage, 1958
Conjunto Residencial do Pedregulho, by architect Affon- probably caused by lead contained in some of the paints Participates in many exhibitions, both national and inter- 1977
so Eduardo Reidy, in the city of Rio de Janeiro. In Paris, he used. national. A fire at the MoMA destroys the painting Noite Also at the mnba, the exhibition Portinari desenhista is un-
helped by Israel Pedrosa, Clóvis Graciano, and Mário Gru- de São João, which had decorated the Brazilian pavilion at veiled.
ber, among others, works on the Pescadores panel, ordered 1954 the New York World’s Fair.
by entrepreneur Walther Moreira Salles. Takes part in the Participates, together with artists and personalities as Djani- 1979
Venice Biannual show, and is awarded, with the Tiradentes ra da Motta e Silva, Oscar Niemeyer, and Gilberto Freyre, 1959 Projeto Portinari is created by initiative of his son, João
panel, the Peace Gold Medal at the ii World Congress of in the 1st National Congress of Intellectuals, at which the Exhibits at the Wildenstein Gallery, in New York.The second Candido, with the aim of preserving his memory, and
the Defenders of Peace. country’s cultural conditions are discussed. Exhibits in the book illustrated by Portinari for Raymundo Castro Maya’s mapping and organizing his works and documents.

236 … 237
1984
By initiative of the Projeto Portinari, a monograph on the
artist, written by Mário de Andrade in the 1940’s, at the
Sobre os autores
behest of an Argentine publishing house, is printed by
the Revista do Patrimônio.

1990
The book Portinari, pintor social, by historian and art critic
Annateresa Fabris, is published.

2004
The Projeto Portinari launches the Catalogue raisonné of
his work, with almost 5 thousand items distributed in
five volumes.

2007
Celebration of the 50th anniversary of the placement
of the Guerra and Paz panels at the uno headquarters in
New York.

2010
Upon renovation of uno’s headquarters, João Candido
and the Brazilian authorities strive to bring the Guerra
and Paz panels to Brazil, to be restored and exhibited to
a new generation of Brazilians. The two panels occupy
again the stage of the Theatro Municipal do Rio de Janei-
ro, and in the following years, are exhibited in São Paulo
and in Belo Horizonte.

2013 Carajás, 1960


The A Primeira Missa no Brasil, placed at the former head- guache e grafite sobre cartão
quarters of Banco Boavista, and the four panels decorat- gouache and lead on paper
ing the Capela Mayrink, under the custody of mnba 24,8 x 15,8 cm
since 1990, after having been stolen and recovered, are
donated to this museum, respectively, by Ibram and by
the Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiver-
sidade. The process of donation of an expressive set of
works, many of which studies for major works, is started
in July, by Finep – Innovation and Research.

2014
In January, through an official donation by Finep, mnba
becomes the public institution with the greatest col-
lection of Candido Portinari’s works. The panels Guerra
and Paz, and dozens of studies are exhibited at the Salon
d’Honneur of the Grand Palais, in Paris, one of the most
important French cultural venues.

238 … 239
amandio miguel dos santos daniela matera lins gomes having published, in this field, a number of books israel pedrosa
Historiador da arte com especialização em História Museóloga com especialização em História da Arte such as Etapas da arte contemporânea; Sobre Pintor e professor. Sócio honorário da Associação
da Arte e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia Universidade arte, sobre poesia; Relâmpagos: dizer o ver, Brasileira de Críticos de Arte (abca). Aluno de
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestre Católica do Rio de Janeiro. Mestreo em Museologia Experiência neoconcreta: momento limite da Candido Portinari, cursou a École Nationale
em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado arte and Argumentação contra a morte da arte. Supérieure des Beaux Arts, em Paris (1948–50).
de Janeiro. Doutor em Letras pela Universidade do Rio de Janeiro. Com ênfase em Coleção de Artes Appointed four times for the Nobel Literature Prize, was Fundador da cadeira de História da Arte na
Federal Fluminense. Servidor do Museu Nacional Plásticas, tem atuado nas áreas de Museografia, distinguished with the following awards: the Molière Universidade Federal Fluminense em 1963.
de Belas Artes/Ibram/minc desde a década de Documentação, Conservação Preventiva e Pesquisa, Prize (drama), the Jabuti Prize (poetry, chronicles, and Revelador do domínio e do fenômeno da cor
1980, do qual é atualmente o Coordenador de com destaque para a obra de Hélio Oiticica. Atual Book of the Year), the Machado de Assis Prize of the inexistente (1966).
Comunicação. Coordenadora Técnica no Museu Nacional de Belas Brazilian Academy of Letters (for his entire work), and
Artes/Ibram/minc. the Camões Prize. Painter and teacher. Honorary member of the Brazilian
Art historian with specialization in History of Art Art Critics Association (abca). Pupil of Candido
and Architecture in Brazil by the Pontifical Catholic Museologist with specialization in History of Art Portinari, attended the École National Supérieure des
University of Rio de Janeiro. M.A. in Visual Arts by the and Architecture in Brazil by the Pontifical Catholic joão candido portinari Beaux Arts, in Paris (1948-50). Founder of the History
Federal University of Rio de Janeiro. PhD in Languages University of Rio de Janeiro. M.A. in Museology ph.d pelo Massachusetts Institute of Technology of Art chair at the Federal Fluminense University in
by the Federal Fluminense University. Civil servant at the and Heritage by the Federal University of the State (mit). Em 1979, concebeu e implantou o Projeto 1963. Revealed the domain and the phenomenon of the
National Museum of Fine Arts/Ibram/MinC since of Rio de Janeiro. Focused on plastic arts collection, Portinari, trabalho universitário com equipe inexistent color (1966).
the 1980’s, where he is currently its Coordinator she has developed work in the areas of Museology, multidisciplinar, empenhado no levantamento, na
of Communication. Documentation, Preventive Conservation and Research, catalogação, na pesquisa e na disponibilização de
with emphasis on the work of Hélio Oiticica. She is um vasto acervo documental sobre a obra, a vida e pedro martins caldas xexéo
currently Technical Coordinator at the National Museum a época do pintor Candido Portinari (1903–62), e Museólogo e crítico de arte. Atuou no Museu
anna letycia quadros of Fine Arts/Ibram/MinC. da mobilização desse acervo junto às crianças e aos Nacional de Belas Artes de 1974 a 2013, onde foi
Natural de Teresópolis (1929). Gravadora, pintora, jovens em todo o país, com vistas a incentivar uma conservador das coleções de Pintura Brasileira
cenógrafa e professora de gravura. Em 1959, reflexão crítica, ética e humanista sobre o Brasil e o e Desenho. Entre os anos de 1980 e 1990, foi
recebeu o Prêmio de Viagem por sua participação ferreira gullar mundo. Presidente da Associação Cultural Candido Coordenador Técnico do museu. Curador de
no viii Salão Nacional de Arte Moderna. Em 1963, Poeta, jornalista, dramaturgo e crítico de arte. Portinari. exposições de arte brasileira no Brasil e no
ganhou o Prêmio de Viagem ao Exterior no xi Salão Exerceu a crítica de arte em vários jornais e revistas exterior, possui diversos textos sobre essa
Nacional de Arte Moderna, indo estudar em Paris do país, tendo publicado, nesse campo, alguns livros Ph.D by the Massachusetts Institute of Technology (mit). temática publicados em catálogos, revistas e
e Roma. Representou diversas vezes o Brasil em como Etapas da arte contemporânea; Sobre arte, sobre In 1979, conceived and set up the Portinari Project, a livros. Membro da Associação Brasileira de
Bienais internacionais, como as de Paris, Veneza e poesia; Relâmpagos: dizer o ver; Experiência neoconcreta: university initiative with a multidisciplinary team, Críticos de Arte (abca).
Tóquio. momento limite da arte e Argumentação contra a morte dedicated to the surveying, cataloguing, researching
da arte. Indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel and rendering available vast documentation set on the Museologist and art critic. Worked at the National
Born in Teresópolis (1929). Engraver, painter, de Literatura, foi distinguido com as seguintes work, life, and time of the painter Candido Portinari Museum of Fine Arts/Ibram/MinC from 1974 to 2013,
scenographer, and professor of engraving. In 1959, was premiações: Prêmio Molière (teatro), Prêmio Jabuti (1903–62), and the mobilization of this collection before where he was conservator of the Brazilian Painting
awarded the Overseas Travel Award for her participation (poesia, crônica e livro do Ano), Prêmio Machado children and youths of the entire country, aiming at and Drawing Collections. Between 1980 and 1990,
in the viii Modern Art Salon. In 1963 was awarded de Assis da Academia Brasileira de Letras (conjunto fostering a critical, ethical, and humanistic insight on was Technical Coordinator of the museum. Curator
the Overseas Travel Award at the xi Modern Art Salon, da obra) e Prêmio Camões. Brazil and the world. President of the Candido Portinari of Brazilian Art exhibitions in Brazil and overseas, he
having gone to study in Paris and Rome. Represented Cultural Association. wrote several texts on this subject published in catalogues,
Brazil several times at International Biannual Poet, journalist, playwright and art critic. Art critic magazines and books. Member of the Brazilian Art
Expositions, such as those of .Paris, Venice and Tokyo. for many newspapers and magazines in the country, Critics Association (abca).

240 … 241
Relação das
Escola Nacional de Belas Artes, 1937 Helena Carpeaux, 1987 Instituto Brasileiro de Museus –
[transferência | transfer] [doação | donation] Ibram/MinC, 2013
[doação | donation]
Nº de registro 714 Nº de registro 13282
Retrato de Maria, esposa do artista, 1932 Brodósqui, 1948 Nº de registro 20441

obras do acervo óleo sobre tela | oil on canvas


101 x 82 cm
assinada | signed
óleo sobre tela | oil on canvas
46 x 55,5 cm
assinada | signed
A Primeira Missa no Brasil, 1948
têmpera sobre tela | tempera on
canvas, 272,5 x 500 cm
assinada | signed

do mnba Nº de registro 716


Retrato de Olegário Mariano, 1928
óleo sobre tela | oil on canvas
120 x 62,2 cm
Ministério da Fazenda/
Secretaria da Receita Federal, 2006 Instituto Chico Mendes de
assinada | signed [doação | donation] Conservação da Biodiversidade –
ICMBio, 2013
Nº de registro 16857 [doação | donation]
Caçador de passarinho, 1958
Compra, 1941 óleo sobre madeira | oil on wood Nº de registro 20442
[purchase] 99,7 x 65 cm São João da Cruz, 1944
assinada | signed óleo sobre madeira | oil on wood
Nº de Registro 715 175 x 60 cm
Café, 1935 sem assinatura | unsigned
óleo sobre tela | oil on canvas
130 x 195,4 cm Fundação Yedda & Augusto Nº de registro 20443
assinada | signed Frederico Schmidt, 2009 São Simão Stock, 1944
[doação | donation] óleo sobre madeira | oil on wood
175 x 60 cm
Nº de registro 19521 sem assinatura | unsigned
Compra, 1963 Retrato de Yedda Ovalle Schmidt, 1944
[purchase] óleo sobre tela | oil on canvas Nº de registro 20444
74,4 x 61,2 cm Nossa Senhora do Carmo, 1944
Nº de registro 6042 assinada | signed óleo sobre madeira | oil on wood
Nu masculino, 1933 220 x 120 cm
offset, 22,6 x 12,7 cm Nº de registro 19535 sem assinatura | unsigned
Estudo para ilustração do livro | Study
for illustration of the book Memórias Nº de registro 20445
Póstumas de Brás Cubas, de | by Purgatório, 1944
Compra, 1965 Machado de Assis: D. Eusébia, 1943 óleo sobre madeira | oil on wood
[purchase] nanquim sobre papel | India ink on paper 60 x 200 cm
18,5 x 14,4 cm sem assinatura | unsigned
Nº de registro 717 assinada | signed
Menino de Brodósqui, 1951
óleo sobre tela | oil on canvas Nº de registro 19536
46 x 38 cm Estudo para ilustração do livro | Study Finep – Inovação e Pesquisa
assinada | signed for illustration of the book Memórias [Financiadora de Estudos e
Póstumas de Brás Cubas, de | by Projetos], 2013
Machado de Assis: Damasceno, 1943 [doação | donation]
nanquim sobre papel | India ink on paper
Compra, 1972 16,3 x 14 cm Nº de registro 20450
[purchase] assinada | signed Retrato de Olegário Mariano, 1931
óleo sobre tela colada em madeira |
Nº de registro 6043 Nº de registro 19557 oil on canvas glued on wood
Retrato de Olegário Mariano, 1926 Galo, 1942 33,6 x 24,5 cm
carvão e giz sobre papel | ponta-seca e crayon colorido | sem assinatura | unsigned
charcoal and chalk on paper dry-point and color crayon
42,7 x 42,7 cm 25,1 x 18,9 cm (área impressa | Nº de registro 20451
assinada | signed printed area); 36,1 x 28,1 cm Cabeça de Mulher, circa 1923
(suporte | support) óleo sobre tela | oil on canvas
assinada | signed 29,4 x 25,5 cm
sem assinatura | unsigned

242 … 243
Nº de registro 20452 Nº de registro: 20461 India ink and dillution on cardboard 35,2 x 31,9 cm óleo sobre tela | oil on canvas Nº de registro: 20492
Retrato de José Mariano Filho, Cana-de-açúcar, circa 1955 32,9 x 26,8 cm sem assinatura | unsigned 10,3 x 27,3 cm Retrato de Renato Rabech, 1932
circa 1931 óleo sobre tela colada em madeira | sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned grafite sobre papel | lead on paper
óleo sobre tela | oil on canvas oil on canvas glued on wood Nº de registro: 20475 18,5 x 14 cm
33,4 x 23,9 cm 9 x 17 cm Nº de registro: 20469 Retrato de Darclée Gama Rodrigues, Nº de registro: 20483 assinada | signed
sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned Estudo para o painel de azulejos circa 1959 Estudo para o painel Abstrato |
São Francisco de Assis | Study for the óleo sobre tela | oil on canvas Study for the Abstrato panel, 1951 Nº de registro: 20493
Nº de registro 20453 Nº de registro: 20462 São Francisco de Assis ceramic tile 53,1 x 29 cm guache e grafite sobre cartão | Retrato de homem, 1932
Retrato de George Weil, 1933 Estudo para o painel Industrialização panel: pé, 1944 sem assinatura | unsigned gouache and lead on cardboard grafite sobre papel | lead on paper
óleo sobre tela | oil on canvas do Brasil | Study for the Industrialização nanquim e aguada sobre cartão | 12,3 x 41,4 cm 18,8 x 13,3 cm
33 x 24 cm do Brasil panel, 1960 India ink and dillution on cardboard Nº de registro: 20476 assinada | signed assinada | signed
sem assinatura | unsigned óleo sobre madeira | oil on wood 17,6 x 39,2 cm Estudo para | Study for Retrato de
24,5 x 15 x 1 cm sem assinatura | unsigned Thais de Mello Lima, 1956 Nº de registro: 20484 Nº de registro: 20494
Nº de registro: 20454 sem assinatura | unsigned têmpera sobre madeira | Retrato de Manlio Judice, 1933 Retrato de Jorge Félix, 1932
Retrato de Lélio Landucci, 1932 Nº de registro: 20470 tempera on wood grafite sobre papel | lead on paper grafite sobre papel | lead on paper
óleo sobre tela | oil on canvas Nº de registro: 20463 Estudo para o painel de azulejos 54,7 x 45,5 cm 29,5 x 22,7 cm 18,9 x 13,8 cm
58,2 x 36,5 cm Retrato de Zaíde Mello Franco São Francisco de Assis | Study for the sem assinatura | unsigned assinada | signed assinada | signed
sem assinatura | unsigned Chermont [fragmento], 1932 São Francisco de Assis ceramic tile
óleo sobre tela | oil on canvas panel: mão, 1944 Nº de registro: 20477 Nº de registro: 20485 Nº de registro: 20495
Nº de registro: 20455 29,7 x 40,4 cm nanquim e aguada sobre cartão | Estudo para o painel Paz | Caricatura de Santa Rosa, 1956 Retrato de homem, 1932
Retrato de colega da escola, 1920 sem assinatura | unsigned India ink and dillution on cardboard Study for the Paz panel: pé, 1955 nanquim sobre papel | grafite sobre papel | lead on paper
óleo sobre tela colada em madeira | 33,7 x 26,9 cm grafite e lápis de cor sobre papel | India ink on paper 19 x 13,5 cm
oil on canvas glued on wood Nº de registro: 20464 sem assinatura | unsigned lead and color pencil on paper 12,4 x 11,8 cm assinada | signed
25,5 x 20 cm Estudo para o painel Abstrato | 6,4 x 5,9 cm assinada | signed
assinada | signed Study for Abstrato panel, circa 1951 Nº de registro: 20471 assinada | signed Nº de registro: 20496
guache e grafite sobre cartão | Esboço para o painel de azulejos Nº de registro: 20486 Estudo para o painel Tiradentes |
gouache and lead on paper São Francisco de Assis | Draft for the Nº de registro: 20478 Retrato de Jânio Quadros, 1961
Nº de registro: 20456 Study for the Tiradentes panel:
Estudo para o painel Guerra | tinta de esferográfica sobre papel |
Retrato de Carlos de Lima Cavalcanti, 12,7 x 42,2 cm São Francisco de Assis ceramic tile Tiradentes enforcado, 1948
ballpoint on paper
circa 1931 assinada | signed panel: mão, 1944 Study for the Guerra panel: feras, grafite sobre papel | lead on paper
27,6 x 21,1 cm
óleo sobre tela colada em madeira | nanquim e aguada sobre cartão | circa 1955 18,7 x 22,1 cm
sem assinatura | unsigned
oil on canvas glued on wood Nº de registro: 20465 India ink and dillution on cardboard grafite sobre papel | lead on paper sem assinatura | unsigned
32,5 x 24 cm Estudo para o painel de azulejos 33,6 x 30 cm 12,4 x 13,3 cm
Nº de registro: 20487
sem assinatura | unsigned São Francisco de Assis | Study for the sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20497
Retrato de homem, 1932
São Francisco de Assis ceramic tile Estudo para o painel de azulejos
grafite sobre papel | lead on paper
Nº de registro: 20457 panel: mão, 1944 Nº de registro: 20472 Nº de registro: 20479 São Francisco de Assis | Study for the
18,4 x 14,3 cm
Retrato de Oswald de Andrade, 1935 nanquim e aguada sobre cartão | Estudo para o painel de azulejos Estudo para o painel Guerra | São Francisco de Assis ceramic tile
assinada | signed
óleo sobre tela | oil on canvas India ink and dillution on cardboard São Francisco de Assis | Study for the Study for the Guerra panel: fera, panel: mão, 1944
48 x 28,8 cm 36,9 x 28,6 cm São Francisco de Assis ceramic tile circa 1955 Nº de registro: 20488 nanquim e aguada sobre cartão |
sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned panel: cabeça, 1944 grafite e sanguínea sobre papel | Retrato de homem, 1932 India ink and dillution on cardboard
nanquim e aguada sobre cartão | lead and sanguine on paper grafite sobre papel | lead on paper 25,9 x 24,7 cm
Nº de registro: 20458 Nº de registro: 20466 India ink and dillution on cardboard 15 x 11 cm 19,9 x 14,3 cm sem assinatura | unsigned
Estudo para | Study for Retrato de Caricatura de Felícia Leiner, 1956 46 x 37 cm sem assinatura | unsigned assinada | signed
Thais de Mello Lima, 1956–1959 crayon, sépia, grafite e lápis de cor sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20498
óleo sobre tela | oil on canvas sobre papel | crayon, sépia, lead and Nº de registro: 20480 Nº de registro: 20489 Estudo para o painel de azulejos
30 x 18,8 cm color pencil on paper Nº de registro: 20473 Retrato de rapaz, 1961 Retrato de homem, 1932 São Francisco de Assis | Study for the
sem assinatura | unsigned 34,2 x 21,4 cm Estudo para o painel de azulejos óleo sobre madeira | oil on wood grafite sobre papel | lead on paper São Francisco de Assis ceramic tile
sem assinatura | unsigned São Francisco de Assis | Study for the 65,1 x 50,1 18,6 x 13 cm panel mão, 1944
Nº de registro: 20459 São Francisco de Assis ceramic tile assinada | signed assinada | signed nanquim e aguada sobre cartão |
Retrato de Nestor de Figueiredo, circa 1931 Nº de registro: 20467 panel: pés, 1944 India ink and dillution on cardboard
óleo sobre tela colada em madeira | Carajás, 1960 carvão sobre papel | charcoal on Nº de registro: 20481 Nº de registro: 20490 28,2 x 26,9 cm
oil on canvas glued on wood guache e grafite sobre cartão | paper, 40,6 x 40,7 cm Estudo para o painel A Tempestade Retrato de Victor Hugo da Costa, 1932 sem assinatura | unsigned
34 x 24,5 cm gouache and lead on paper sem assinatura | unsigned acalmada | Study for the A tempestade grafite sobre papel | lead on paper
sem assinatura | unsigned 24,8 x 15,8 cm acalmada panel, 1955 19,3 x 14,3 cm Nº de registro: 20499 A/B
sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20474 guache e grafite sobre cartão | assinada | signed Estudo para a pintura Denise a
Nº de registro: 20460 Estudo para o painel de azulejos gouache and lead on cardboard cavalo | Study for the Denise a
Estudo para | Study for Retrato de Nº de registro: 20468 São Francisco de Assis | Study for the 16,9 x 24 cm Nº de registro: 20491 cavalo painting: cavalo, 1960
Thais de Mello Lima, 1956 Estudo para o painel de azulejos | São Francisco de Assis ceramic tile sem assinatura | unsigned Retrato de Homem, 1932 grafite sobre papel | lead on paper
óleo sobre tela | oil on canvas Study for ceramic tile panel São panel: mão, 1944 grafite sobre papel | lead on paper 5,7 x 25,1 cm
63,5 x 48 cm Francisco de Assis: mão, 1944 nanquim e aguada sobre cartão | Nº de registro: 20482 18,9 x 13,9 cm sem assinatura | unsigned
sem assinatura | unsigned nanquim e aguada sobre cartão | India ink and dillution on cardboard Martelo e torquês, circa 1936 assinada | signed

244 … 245
Nº de registro: 20499 B/B 43,2 x 34,7 cm Nº de registro: 20511 Nº de registro: 20518 Memórias Póstumas de Brás Cubas, Nº de registro: 20531
Menina sentada: esboço para obra sem assinatura | unsigned Burro [esboço | draft], da série Estudo para ilustração do livro | de | by Machado de Assis: pai de Brás Estudo para a pintura Abstrato |
não identificada | draft for unidentified Israel | from Israel series, 1956 Study for illustration of the book Cubas, 1943 Study for the Abstrato painting, 1954
work, circa 1960 Nº de registro: 20505 tinta de esferográfica sobre papel | Memórias Póstumas de Brás Cubas, de | grafite sobre papel | lead on paper grafite sobre cartão |
grafite sobre papel | lead on paper Estudo para o painel de azulejos ballpoint on paper by Machado de Assis: Tio João, 1943 23,8 x 9 cm lead on cardboard
35,7 x 25,1 cm São Francisco de Assis | Study for the 5,2 x 8,9 cm bico de pena e nanquim sobre papel | sem assinatura | unsigned 12,4 x 24,7 cm
sem assinatura | unsigned São Francisco de Assis ceramic tile assinada | signed pen point and India ink on paper sem assinatura | unsigned
panel: mão, 1944 15,5 x 13 cm Nº de registro: 20525
Nº de registro: 20500 nanquim e aguada sobre cartão | Nº de registro: 20512 sem assinatura | unsigned Esboço para ilustração do livro | Draft Nº de registro: 20532
Estudo para a pintura Denise a India ink and dillution on cardboard Árvore [esboço | draft], da série for illustration of the book Memórias Cavalos e bois: esboço para obra
cavalo | Study for the Denise a cavalo 22,1 x 19,2 cm Israel | from Israel series 1956 Nº de registro: 20519 Póstumas de Brás Cubas, de | by não identificada | draft for unidentified
painting: figura a cavalo, 1960 sem assinatura | unsigned tinta de esferográfica sobre papel | Esboço para painel de azulejos | Draft Machado de Assis: Almocreve, 1943 work, circa 1957
grafite sobre papel | lead on paper ballpoint on paper for ceramic tile panel [não executado grafite sobre papel | lead on paper crayon sobre papel | crayon on paper
25,1 x 25,8 cm Nº de registro: 20506 5,6 x 4,2 cm | not performed] para a fachada do 20,7 x 16,3 cm 35,6 x 27,3 cm
sem assinatura | unsigned Estudo para o painel de azulejos assinada | signed Palácio Gustavo Capanema | for the sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned
São Francisco de Assis | Study for the Gustavo Capanema Palace facade,
Nº de registro: 20501 São Francisco de Assis ceramic tile Nº de registro: 20513 Rio de Janeiro, RJ: mulher e criança, Nº de registro: 20526 Nº de registro: 20533
Esboço para o painel de azulejos panel: mão, 1944 Carneiro [esboço | draft], da série circa 1941 Estudo | Draft [não utilizado |not used] Esboço para painel de azulejos |
São Francisco de Assis | Draft for the nanquim e aguada sobre cartão | Israel | from Israel series, 1956 lápis de cor e aquarela sobre papel | para ilustração do livro | for illustration Draft for ceramic tile panel [não
São Francisco de Assis ceramic tile India ink and dillution on cardboard tinta de esferográfica sobre papel | color pencil and watercolor on paper of the book Memórias póstumas de executado | not performed] para
panel: pé, 1944 24,2 x 21,8 cm ballpoint on paper 8,5 x 12 cm Brás Cubas, de | by Machado de Assis: a fachada do Palácio Gustavo
nanquim e aguada sobre cartão | sem assinatura | unsigned 4,1 x 7,9 cm sem assinatura | unsigned mulher e figuras, 1943 Capanema | for the Gustavo
India ink and dillution on cardboard assinada | signed grafite sobre papel | lead on paper Capanema Palace facade, circa 1941
43,6 x 28,4 cm Nº de registro: 20507 Nº de registro: 20520 24 x 16,7 cm aquarela sobre papel |
assinada | signed Grupo, da série Israel | from Israel Nº de registro: 20514 Vacas e cavalos: esboço para obra sem assinatura | unsigned watercolor on paper
series, 1956 Monte Sion [esboço | draft], da série não identificada | draft for 10,2 x 14 cm
Nº de registro: 20502 grafite sobre papel | lead on paper Israel | from Israel series, 1956 unidentified work, circa 1957 Nº de registro: 20527 assinada | signed
Esboço para o painel de azulejos 12,8 x 10,7 cm grafite sobre papel | lead on paper grafite sobre papel | lead on paper Estudo para ilustração do livro |
São Francisco de Assis | Draft for the sem assinatura | unsigned 19,2 x 13,7 cm 26,1 x 37,5 cm Study for illustration of the book Nº de registro: 20534
São Francisco de Assis ceramic tile assinada | signed sem assinatura | unsigned Memórias Póstumas de Brás Cubas, Estudo para painel de azulejos |
panel: pé, 1944 Nº de registro: 20508 de | by Machado de Assis: menino na Study for ceramic tile panel [não
nanquim e aguada sobre cartão | Estudo para a pintura mural Gado | Nº de registro: 20515 Nº de registro: 20521 garupa de um homem, 1943 executado | not performed] para
India ink and dillution on cardboard Study for the Gado mural painting, Esboço para o painel A última ceia | Estudo para a pintura mural Garimpo | nanquim sobre papel | a fachada do Palácio Gustavo
47,1 x 31,8 cm da série Ciclos Econômicos | from Ciclos Draft for the A última ceia panel, 1949 Study for the Garimpo mural painting, India ink on paper Capanema | for the Gustavo
assinada | signed Econômicos series [Palácio Gustavo grafite sobre papel | lead on paper da série Ciclos Econômicos | from 19 x 20 cm Capanema Palace facade, circa 1941
Capanema, Rio de Janeiro, RJ]: 11,9 x 16,7 cm Ciclos Econômicos series: mão, 1937 sem assinatura | unsigned aquarela sobre papel |
Nº de registro: 20503 A/B chapéu e paletó, 08/01/1938 assinada | signed carvão sobre papel | watercolor on paper
Cangaceiro: esboço para obra não carvão sobre papel | charcaol on paper Nº de registro: 20528 10,2 x 14,8 cm
identificada | draft for unidentified charcoal on paper Nº de registro: 20516 A/B 20,7 x 22,9 cm Composição, 1946 assinatura
work, circa 1950 32,8 x 47,5 cm Esboço para a pintura Brasil | Draft sem assinatura | unsigned bico de pena e grafite sobre papel |
crayon sobre cartão | crayon on sem assinatura | unsigned for the Brasil painting [não executada | pen point and India ink on paper Nº de registro: 20535 A/B
cardboard not performed], 1951 Nº de registro: 20522 23,5 x 23,3 cm Beduíno e animais [esboço | draft], da
10,3 x 14,1 cm Nº de registro: 20509 grafite sobre papel | lead on paper Árabe [esboço | draft], da série sem assinatura | unsigned série Israel | from Israel series, 1956
sem assinatura | unsigned Estudo para a ilustração Três figuras | 21 x 7,5 cm tinta de esferográfica sobre papel |
Israel | from Israel series, 1956
Study for the Três figuras illustration, sem assinatura | unsigned ballpoint on paper
grafite sobre papel | lead on paper Nº de registro: 20529
Nº de registro: 20503 B/B do livro | of the book 10 poemas em 25,9 x 13,1 cm Estudo para o painel de azulejos 11,5 x 14 cm
Nº de registro: 20516 B/B
Cangaceiro: esboço para obra não manuscrito, de | by Manuel Bandeira: sem assinatura | unsigned Pulando carniça | Study for the Pulando sem assinatura | unsigned
Esboço para a pintura mural Jogos
identificada | draft for unidentified janela, 1945 carniça ceramic tile panel, 1950
infantis | Draft for the Jogos Infantis
work, circa 1950 nanquim sobre papel | Nº de registro: 20523 grafite sobre cartão | Nº de registro: 20535 B/B
mural painting: abstrato, 1944
grafite sobre cartão | lead on India ink on paper Estudo para a pintura mural Garimpo | lead on cardboard, Camelo [esboço], da série Israel |
grafite sobre papel | lead on paper
cardboard 10,3 x 14,1 cm 14,8 x 21 cm Study for the Garimpo mural painting, 23,7 x 72,2 cm from Israel series, 1956
7,5 x 21 cm
sem assinatura | unsigned assinada | signed da série Ciclos Econômicos | from Ciclos sem assinatura | unsigned tinta de esferográfica sobre papel |
sem assinatura | unsigned
Econômicos series: mão, 1937 ballpoint on paper
Nº de registro: 20504 Nº de registro: 20510 carvão sobre papel | charcoal on paper Nº de registro: 20530 11,5 x 14 cm
Nº de registro: 20517
Esboço para o painel de azulejos Monte Elias [esboço | draft], da série 23 x 37,7 cm Estudo para o painel Tiradentes | sem assinatura | unsigned
Esboço para a pintura Mulher morta |
São Francisco de Assis | Draft for the Israel | from Israel series, 1956 sem assinatura | unsigned Study for the Tiradentes panel: comício,
Draft for the Mulher morta painting:
São Francisco de Assis ceramic tile grafite sobre papel | lead on paper prisão e esquartejamento, 1948 Nº de registro: 20536
Executado, 1951
panel: cabeça, 1944 6,9 x 24,1 cm Nº de registro: 20524 grafite sobre papel | lead on paper Estudo para | Study for As bodas de
grafite sobre papel | lead on paper
nanquim e aguada sobre cartão | assinada | signed Estudo para ilustração do livro | 6,8 x 22,5 cm Caná, da série Israel | from Israel
15,6 x 11,8 cm
India ink and dillution on cardboard Study for illustration of the book sem assinatura | unsigned series: ânfora, 06/1956
sem assinatura | unsigned

246 … 247
grafite sobre papel | lead on paper, Nº de registro: 20543 Nº de registro: 20551 Nº de registro: 20558 grafite sobre papel | lead on paper Nº de registro: 20572
12,9 x 15,9 cm Estudo para uma das pinturas murais Esboço para a pintura mural Jogos Barraca de beduíno [esboço | draft], 12,5 x 25 cm Estudo para | Study for Retrato de
assinada | signed da série Ciclos Econômicos | Study for infantis | Draft for the Jogos Infantis da série Israel | from Israel series, 1956 sem assinatura | unsigned Manoel Kantor, 1957
one of the mural paintings, from Ciclos mural painting: pé, circa 1944 tinta de esferográfica sobre papel | grafite e lápis de cor sobre papel |
Nº de registro: 20537 Econômicos series [Palácio Gustavo grafite e lápis de cor sobre papel | ballpoint on paper Nº de registro: 20566 lead and color pencil on paper
Estudo para o tríptico Nossa Capanema, Rio de Janeiro, RJ]: lead and color pencil on paper 6,1 x 6,5 cm Composição, 1946 15,2 x 9,4 cm
Senhora d’Aparecida | Study for the cabaça, circa 1938 12,8 x 13 cm sem assinatura | unsigned bico de pena sobre papel | sem assinatura | unsigned
Nossa Senhora d’Aparecida triptych grafite sobre papel | lead on paper sem assinatura | unsigned pen point on paper
[não utilizado | not used], Igreja do 33 x 25,5 cm Nº de registro: 20559 19 x 19 cm Nº de registro: 20573
Senhor Bom Jesus da Cana Verde, sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20552 Estudo para | Study for Cabeça de assinada | signed Mensagem etérea IV, 1946
Batatais, SP, 1952 Esboço para a pintura mural Jogos velho, da série Israel | from Israel nanquim sobre papel |
grafite sobre papel | lead on paper Nº de registro: 20544 infantis | Draft for the Jogos Infantis series: cabeça de judeu, 1956 Nº de registro: 20567 India ink on paper
13,2 x 13,8 cm Estudo para o painel Guerra | Study mural painting: pé, circa 1944 grafite sobre papel | lead on paper Estudo para painel de azulejos | Study 23,4 x 21,4 cm
sem assinatura | unsigned for the Guerra panel: pés, circa 1955 grafite e lápis de cor sobre papel | 10,5 x 14,2 cm for ceramic tile panel [não executado sem assinatura | unsigned
grafite sobre papel | lead on paper lead and color pencil on paper sem assinatura | unsigned | not performed] para a fachada do
Nº de registro: 20538 18,6 x 14,3 cm 11 x 9,3 cm Palácio Gustavo Capanema | for the Nº de registro: 20574
sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned
Vila Adriana, 07/1954 Nº de registro: 20560 Gustavo Capanema Palace facade, Rio Composição, 1946
grafite sobre papel | lead on paper Cabeça de judeu [esboço | draft], de Janeiro, RJ, circa 1941 nanquim sobre papel |
Nº de registro: 20545 Nº de registro: 20553
15,7 x 11,5 cm da série Israel | from Israel series, 1956 guache sobre papel | India ink on paper
Mensagem etérea II, 1946 Mulher: esboço para obra não
assinada | signed tinta de esferográfica sobre papel | gouache on paper 20,5 x 21,6 cm
nanquim sobre papel | identificada | draft for an
ballpoint on paper 9,8 x 17,3 cm sem assinatura | unsigned
India ink on paper unidentified work, 1959
Nº de registro: 20539 9,7 x 8,3 cm assinada | signed
23,4 x 22,2 cm tinta de esferográfica sobre papel |
Esboço para o painel Jangadas ballpoint on paper sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20575
do Nordeste | Draft for the Jangadas sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20568 Composição, 1946
18,7 x 7,7 cm
do Nordeste panel, 1939 assinada | signed Nº de registro: 20561 Estudo para a pintura mural nanquim sobre papel |
grafite sobre papel | lead on paper Nº de registro: 20546 Retrato de Baptista Portinari São Francisco se despojando das India ink on paper
10 x 10,5 cm Mensagem etérea III, 1946 água-forte e água-tinta | vestes | Study for the São Francisco 21,2 x 22,4 cm
Nº de registro: 20554
sem assinatura | unsigned nanquim sobre papel | etching and aquatint se despojando das vestes mural sem assinatura | unsigned
Esboço para a pintura mural São
India ink on paper 24,5 x 19,5 cm painting [não utilizado | not used]:
Francisco se despojando das vestes |
Nº de registro: 20540 22,8 x 22,6 cm (área impressa | printed area); figuras humanas Nº de registro: 20576
Draft for the São Francisco se
Irrigando o deserto [esboço | draft], sem assinatura | unsigned 60,5 x 39,7 cm (suporte | support) grafite sobre papel | lead on paper São José com Menino Jesus e criança, 1956
despojando das vestes mural painting
da série Israel | from Israel series, 1956 [não utilizado | not used], 1944 sem assinatura | unsigned 8,6 x 16,3 cm bico de pena sobre papel |
grafite sobre papel | lead on paper Nº de registro: 20547 grafite sobre papel | lead on paper sem assinatura | unsigned pen point on paper
21 x 17,4 cm Composição, 1946 14,1 x 24,6 cm Nº de registro: 20562 21,5 x 15 cm
assinada | signed nanquim sobre papel | sem assinatura | unsigned Composição, 1946 Nº de registro: 20569 sem assinatura | unsigned
India ink on paper bico de pena sobre papel | Esboço para a pintura Mãe de
Nº de registro: 20541 22,2 x 22,1 cm Nº de registro: 20555 pen point on paper cangaceiro | Draft for the Mãe de Nº de registro: 20577
Cavaleiro: esboço para obra não sem assinatura | unsigned Esboço para pintura mural | 23,9 x 21,1 cm cangaceiro painting: três figuras, 1951 Esboço para a pintura Colheita de
identificada | draft for an unidentified Draft for mural painting [não sem assinatura | unsigned grafite e lápis de cor sobre papel | cacau | Draft for the Colheita de
work, circa 1955 Nº de registro: 20548 executada | not performed], Palácio lead and color pencil on paper cacau painting, 1948
grafite sobre papel | lead on paper Composição, 1946 Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, Nº de registro: 20563 12 x 16,8 cm grafite sobre papel | lead on paper
9,5 x 9,9 cm nanquim sobre papel | RJ: escravos, circa 1936 Composição, 1946 sem assinatura | unsigned 12,7 x 14,9 cm
assinada | signed India ink on paper grafite sobre papel | lead on paper bico de pena sobre papel | sem assinatura | unsigned
21,5 x 21 cm 10,1 x 28 cm pen point on paper Nº de registro: 20570
Nº de registro: 20542 A/B sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned 25,5 x 19,9 cm Esboço para a pintura mural Jogos Nº de registro: 20578
Cangaceiro: esboço para obra não sem assinatura | unsigned infantis | Draft for the Jogos Infantis mural Esboço para a pintura Colheita de
Nº de registro: 20549 Nº de registro: 20556 painting: criança e mãos, circa 1944
identificada | draft for an unidentified fumo | Draft for the Colheita de
Composição, 1946 Bois: estudo para obra não
work, circa 1956 Nº de registro: 20564 grafite e lápis de cor sobre papel | fumo painting, 1948
nanquim sobre papel | identificada | draft for an unidentified
grafite sobre papel | lead on paper Esboço para pintura mural para lead and color pencil on paper grafite sobre papel | lead on paper
India ink on paper work, circa 1957
16,4 x 12 cm o monumento a Rui Barbosa | 12,8 x 18 cm 12,8 x 14,7 cm
23,5 x 22,1 cm grafite sobre papel | lead on paper
sem assinatura | unsigned Draft for mural painting fot the Rui sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned
sem assinatura | unsigned 21,3 x 30,5 cm Barbosa monument [não executada |
assinada | signed
Nº de registro: 20542 B/B not performed], 1949 Nº de registro: 20571 Nº de registro: 20579
Nº de registro: 20550
Cangaceiro e carneiro: esboço para grafite sobre papel | lead on paper Homens dançando: esboço para Esboço para a pintura Colheita de
Esboço para a pintura mural Jogos Nº de registro: 20557
obra não identificada | draft for an 10,8 x 26,9 cm obra não identificada | draft for an fumo | Draft for the Colheita de
infantis | Draft for the Jogos Infantis Deserto de Neguev [esboço | draft],
unidentified work, circa 1956 sem assinatura | unsigned unidentified work, circa 1933 fumo painting, 1948
mural painting: braço, circa 1944 da série Israel | from Israel series, 1956
grafite sobre papel | lead on paper grafite e lápis de cor sobre papel | grafite sobre papel | lead on paper
grafite e lápis de cor sobre papel | tinta de esferográfica sobre papel |
16,4 x 12 cm Nº de registro: 20565 lead and color pencil on paper 9,6 x 11 cm
lead and color pencil on paper ballpoint on paper
sem assinatura | unsigned Estudo para a pintura Abstrato | 13,2 x 22,6 cm sem assinatura | unsigned
11,4 x 13,2 cm 11 x 12,1 cm
Study for the Abstrato painting, 1954 sem assinatura | unsigned
sem assinatura | unsigned assinada | signed

248 … 249
Nº de registro: 20580 Nº de registro: 20587 Nº de registro: 20594 São Francisco de Assis ceramic tile grafite e lápis de cor sobre papel | [zinco/zincografia | zinc/zincography]
Estudo para o painel Floresta | Study Esboço para a pintura mural Jogos Esboço para ilustração do livro | panel: pé, 1944 lead and color pencil on paper 30,6 x 24,5 cm
for the Floresta panel: corça, 1948 infantis | Draft for the Jogos Infantis Draft for illustration of the book nanquim e aguada sobre cartão | 5,8 x 5,6 cm sem assinatura | unsigned
grafite sobre papel | lead on paper mural painting: mão, circa 1944 Memórias Póstumas de Brás Cubas, India ink and dillution on cardboard assinada | signed
35 x 25,4 cm grafite e lápis de cor sobre papel | de | by Machado de Assis: 28 x 23 cm Nº de registro: 20619
sem assinatura | unsigned lead and color pencil on paper o primeiro beijo, 1943 sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20612 Mulher, 1939
7,3 x 11,2 cm grafite sobre papel | lead on paper Estudo para o painel Paz | Study for matriz | matrix
Nº de registro: 20581 sem assinatura | unsigned 12,2 x 11,9 cm Nº de registro: 20605 the Paz panel: pé, 1955 [cobre/ponta-seca | copper/drypoint]
Estudo para uma das pinturas murais sem assinatura | unsigned Estudo para painel de azulejos grafite e lápis de cor sobre papel | 20,2 x 16,5 cm
da série Ciclos Econômicos | Study for Nº de registro: 20588 São Francisco de Assis | Study for the lead and color pencil on paper sem assinatura | unsigned
one of the mural paintings, from Ciclos Esboço para a pintura mural São Nº de registro: 20595 São Francisco de Assis ceramic tile 8 x 10 cm
Econômicos series [Palácio Gustavo Francisco se despojando das vestes | Esboço para o painel Enterro na rede | panel: pé, 1944 assinada | signed Nº de registro: 20620
Capanema, Rio de Janeiro, RJ]: Draft for the São Francisco Draft for the Enterro na rede panel: nanquim e aguada sobre cartão | Moça, 1939
chapéu de palha, circa 1938 se despojando das vestes mural duas cabeças, 1944 India ink and dillution on cardboard Nº de registro: 20613 matriz | matrix
carvão sobre papel | charcoal on paper painting [não utilizado | not used]: grafite e lápis de cor sobre papel | 22 x 45 cm Estudo para o painel Guerra | Study [cobre niquelado/ponta-seca |
22,9 x 19,3 cm São Francisco, 1944 lead and color pencil on paper sem assinatura | unsigned for the Guerra panel: mão, 1955 nickel copper/dry point]
sem assinatura | unsigned grafite sobre papel | lead on paper 15,4 x 13,2 cm grafite e sanguínea sobre papel | 25,5 x 19,9 cm
14,3 x 24,4 cm sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20606 lead and sanguine on paper sem assinatura | unsigned
Nº de registro: 20582 sem assinatura | unsigned Estudo para painel de azulejos 12 x 10 cm
Estudo para o painel Guerra | Study Nº de registro: 20596 São Francisco de Assis | Study for the assinada | signed Nº de registro: 20621
for the Guerra panel: mãos, circa 1955 Nº de registro: 20589 Esboço para a pintura mural Jogos São Francisco de Assis ceramic tile Mulher sentada, circa 1939
grafite sobre papel | lead on paper Esboço para a pintura mural São infantis | Draft for the Jogos Infantis panel: cabeça, 1944 Nº de registro: 20614 matriz | matrix
11,8 x 18,7 cm Francisco se despojando das vestes | mural painting: mão, 1944 nanquim e aguada sobre cartão | Estudo para o painel Guerra | Study [cobre niquelado/ponta-seca |
assinada | signed Draft for the São Francisco grafite e lápis de cor sobre papel | India ink and dillution on cardboard for the Guerra panel: Fera, circa 1955 nickel copper/dry point]
se despojando das vestes mural lead and color pencil on paper 37,8 x 30,4 cm grafite sobre papel | lead on paper 21,4 x 10,5 cm
Nº de registro: 20583 painting [não utilizado | not used]: 8,2 x 10,8 cm sem assinatura | unsigned 12 x 15 cm sem assinatura | unsigned
Esboço para a pintura Esquartejamento São Francisco, 1944 sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned
de Felipe dos Santos | Draft for the grafite sobre papel | lead on paper, Nº de registro: 20607 Nº de registro: 20622
Esquartejamento de Felipe dos Santos 13,5 x 24,9 cm Nº de registro: 20601 Esboço para a pintura mural São Nº de registro: 20615 Retirantes, 1939
painting, circa 1958 sem assinatura | unsigned Estudo para a pintura mural Cana | Francisco se despojando das vestes | Estudo para o painel Paz | Study for matriz | matrix
grafite sobre papel | lead on paper Study for the Cana mural painting: Study for the São Francisco se the Paz panel: figuras, circa 1955 [zinco/zincografia | zinc/zincography]
17,2 x 20,6 cm Nº de registro: 20590 mão, 1937 despojando das vestes mural painting grafite sobre papel | lead on paper 33,5 x 30 cm
sem assinatura | unsigned Esboço para a pintura mural Divina carvão sobre papel | [não utilizado | not used], 1944 9,5 x 25 cm sem assinatura | unsigned
pastora | Draft for the Divina pastora charcoal on paper grafite sobre papel | lead on paper sem assinatura | unsigned
Nº de registro: 20584 mural painting [não utilizado | 18 x 13,7 cm 9 x 16 cm Nº de registro: 20623
Esboço para o painel Garimpo not used]: Santos, 1944 sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20616 Cabeça, 1940
em Minas Gerais | Draft for the grafite sobre papel | lead on paper Estudo para o painel de azulejos matriz | matrix
Garimpo em Minas Gerais 4,7 x 7,7 cm Nº de registro: 20602 Nº de registro: 20608 Conchas e Hipocampos | Study for [cobre/água-forte | copper/etching]
panel: garimpeiros, 1956 sem assinatura | unsigned Estudo para painel de azulejos Abstrato, circa 1939 the Conchas e Hipocampos ceramic 7,6 x 7 cm
grafite sobre papel | lead on paper São Francisco de Assis | Study for the óleo sobre tela | oil on canvas tile panel [não utilizado | not used]: sem assinatura | unsigned
21 x 15,8 cm Nº de registro: 20591 São Francisco de Assis ceramic tile 25 x 28 cm abstrato, circa 1941
sem assinatura | unsigned Mulher sentada: esboço para obra não panel: mãos, 1944 sem assinatura | unsigned guache e grafite sobre cartão | Nº de registro: 20624
identificada | draft for an unidentified nanquim e aguada sobre cartão | gouache and lead on cardboard Cabeça, 1940
Nº de registro: 20585 work, circa 1940 India ink and dillution on cardboard Nº de registro: 20609 10,3 x 18 cm matriz | matrix
Esboço para a pintura mural Jogos grafite sobre papel | lead on paper 42 x 58 cm Abstrato, circa 1939 assinada | signed [cobre/água-forte | copper/etching]
infantis | Draft for the Jogos Infantis 18,8 x 16,2 cm sem assinatura | unsigned óleo sobre tela | oil on canvas 10,7 x 6,8 cm
mural painting: pé, circa 1944 sem assinatura | unsigned 23,5 x 19 cm Nº de registro: 20617 sem assinatura | unsigned
grafite e lápis de cor sobre papel | Nº de registro: 20603 sem assinatura | unsigned Estudo para o painel de azulejos
lead and color pencil on paper Nº de registro: 20592 Estudo para painel de azulejos Conchas e Hipocampos | Study for Nº de registro: 20625
8,6 x 8,8 cm Retrato de Aníbal Machado, circa 1940 São Francisco de Assis | Study for the Nº de registro: 20610 the Conchas e Hipocampos ceramic Cabeça de mulher, 1940
sem assinatura | unsigned monotipia | monotype São Francisco de Assis ceramic tile Estudo para o painel Paz | Study for the tile panel [não utilizado | not used]: matriz | matrix
43,3 x 33,9 cm panel: mão, 1944 Paz panel: cabritos brincando, 1955 abstrato, circa 1941 [cobre niquelado/ponta-seca |
Nº de registro: 20586 assinada | signed nanquim e aguada sobre cartão | grafite e crayon sobre papel | guache e grafite sobre cartão | nickel copper/drypoint]
Esboço para a pintura mural Jogos India ink and dillution on cardboard lead and crayon on paper gouache and lead on cardboard 18,9 x 10,2 cm
infantis | Draft for the Jogos Infantis Nº de registro: 20593 35 x 29 cm 12 x 30 cm 9,8 x 18,5 cm sem assinatura | unsigned
mural painting: pé, circa 1944 Mensagem etérea I, 1946 sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned assinada | signed
grafite e lápis de cor sobre papel | nanquim sobre papel | Nº de registro: 20626
lead and color pencil on paper India ink on paper Nº de registro: 20604 Nº de registro: 20611 Nº de registro: 20618 Menina boba, 1940
12,9 x 11,3 cm 25 x 24 cm Estudo para painel de azulejos Estudo para o painel Paz | Study for Mulheres, 1939 matriz | matrix
sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned São Francisco de Assis | Study for the the Paz panel: pé, 1955 matriz | matrix [cobre niquelado/ponta-seca |

250 … 251
nickel copper/drypoint] Nº de registro: 20634 A/B 21,6 x 17,2 cm [cobre/água-forte | copper/etching], Nº de registro: 20654
25,1 x 19,8 cm Família, 1942 sem assinatura | unsigned 24,5 x 17 cm Barco e veleiro na água, circa 1942
sem assinatura | unsigned matriz | matrix sem assinatura | unsigned matriz | matrix
[cobre niquelado/ponta-seca | Nº de registro: 20641 [cobre/ponta-seca e água-tinta |
Nº de registro: 20627 nickel copper/drypoint] Carlos, circa 1942 Nº de registro: 20647 copper/drypoint and aquatint]
Boba, circa 1940 25,2 x 20 cm matriz | matrix Almocreve, ilustração para o livro | 25 x 19,9 cm
matriz | matrix sem assinatura | unsigned [cobre niquelado/ponta-seca | illustration for the book Memórias sem assinatura | unsigned
[cobre niquelado/ponta-seca | nickel copper/drypoint] póstumas de Brás Cubas, de | by
nickel copper/drypoint] Nº de registro: 20634 B/B 25,2 x 20,4 cm Machado de Assis, 1943 Nº de registro: 20655
24,9 x 20,5 cm São Sebastião, circa 1942 sem assinatura | unsigned matriz | matrix Espantalho, circa 1942
sem assinatura | unsigned matriz | matrix [cobre/água-forte | copper/etching] matriz | matrix
[cobre niquelado/ponta-seca e água-forte | Nº de registro: 20642 28,2 x 19 cm [cobre niquelado/ponta-seca |
Nº de registro: 20628 nickel copper/drypoint and etching] Cabeça de mulher, circa 1945 sem assinatura | unsigned nickel copper/drypoint]
Homem, 1940 25,2 x 20 cm matriz | matrix 20,3 x 15,2 cm
matriz | matrix sem assinatura | unsigned [cobre niquelado/ponta-seca | Nº de registro: 20648 sem assinatura | unsigned
[cobre/água-forte | copper/etching] nickel copper/drypoint] O vergalho, ilustração para o livro
14,4 x 7,6 cm Nº de registro: 20635 15,9 x 10,3 cm | illustration for the book Memórias Nº de registro: 20656
sem assinatura | unsigned Cabeça de homem, circa 1942 sem assinatura | unsigned póstumas de Brás Cubas, de | by Tempestade, 1943
matriz | matrix Machado de Assis, 1943 matriz | matrix
Nº de registro: 20629 [cobre/ponta-seca | copper/drypoint] Nº de registro: 20643 A/B matriz | matrix [cobre niquelado/água-forte |
Mulher com pipa e barco, circa 1940 13,6 x 11,9 cm Três homens, 1946 [cobre/água-forte e água-tinta | nickel copper/etching]
matriz | matrix sem assinatura | unsigned matriz | matrix copper/etching and aquatint] 25 x 20 cm
[cobre/água-forte | copper/etching] [cobre/água-forte | copper/etching] 28,1 x 19 cm sem assinatura | unsigned
25 x 20 cm Nº de registro: 20636 24,3 x 17 cm sem assinatura | unsigned
sem assinatura | unsigned Cabeça de mulher, circa 1942 sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20657
matriz | matrix Nº de registro: 20649 Tiradentes, 1949
Nº de registro: 20630 [cobre niquelado/ponta-seca | Nº de registro: 20643 B/B Lebre, 1942 matriz | matrix
Figura, circa 1940 nickel copper/drypoint] Nossa Senhora com Menino Jesus, matriz | matrix [cobre niquelado/água-forte |
matriz | matrix 19,6 x 13,6 cm ilustração para o livro | illustration for [cobre/ponta-seca | copper/drypoint] nickel copper/etching]
[cobre niquelado/ponta-seca | sem assinatura | unsigned the book O alienista, de | by Machado 25 x 19 cm 40 x 27,2 cm
nickel copper/drypoint] de Assis, 1946 sem assinatura | unsigned sem assinatura | unsigned
25,2 x 20,3 cm Nº de registro: 20637 matriz | matrix
sem assinatura | unsigned Índio, circa 1942 [cobre/água-forte | copper/etching] Nº de registro: 20650 Nº de registro: 20658
matriz | matrix 24,3 x 17 cm Cutia, 1942 Braço de Tiradentes, 1949
Nº de registro: 20631 [cobre niquelado/ponta-seca | sem assinatura | unsigned matriz | matrix matriz | matrix
Retrato de Baptista Portinari, pai do nickel copper/drypoint] [cobre/ponta-seca | copper/drypoint] [cobre niquelado/água-forte |
artista, 1941 50,7 x 20,2 cm Nº de registro: 20644 24,9 x 18,9 cm nickel copper/etching]
matriz | matrix sem assinatura | unsigned Homem na janela, ilustração para o livro | sem assinatura | unsigned 40,3 x 27,2 cm
[cobre niquelado/água-tinta e água-forte | illustration for the book O alienista, de | sem assinatura | unsigned
nickel copper/drypoint and etching] Nº de registro: 20638 by Machado de Assis, 1946 Nº de registro: 20651
25,2 x 19,8 cm Cabeça de mulato, circa 1942 matriz | matrix Galo, 1942
sem assinatura | unsigned matriz | matrix [cobre/água-forte | copper/etching] matriz | matrix
[cobre niquelado/ponta-seca | 24,4 x 17,1 cm [cobre/ponta-seca | copper/drypoint]
Nº de registro: 20632 nickel copper/drypoint] sem assinatura | unsigned 25 x 19,2 cm
Meninos soltando pipas, 1942 20 x 19,8 cm sem assinatura | unsigned
matriz | matrix sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20645
[cobre/ponta-seca | copper/drypoint] Simão Bacamarte, ilustração para o livro | Nº de registro: 20652
25 x 19 cm Nº de registro: 20639 illustration for the book O alienista, de | Galo, 1942
sem assinatura | unsigned Velho, circa 1942 by Machado de Assis, , 1946 matriz | matrix
matriz | matrix matriz | matrix [cobre/ponta-seca | copper/drypoint]
Nº de registro: 20633 [cobre niquelado/ponta-seca | [cobre/água-forte | copper/etching] 25,2 x 19,1 cm
O beijo de Judas, 1942 nickel copper/drypoint] 24,5 x 17,1 cm sem assinatura | unsigned
matriz | matrix 25,8 x 19,9 cm sem assinatura | unsigned
[cobre niquelado/ponta-seca | sem assinatura | unsigned Nº de registro: 20653
nickel copper/drypoint] Nº de registro: 20646 Pita, 1942
24,8 x 20,4 cm Nº de registro: 20640 Grupo de homens, ilustração para o livro | matriz | matrix
sem assinatura | unsigned Velho, circa 1942 illustration for the book O alienista, de | [cobre/ponta-seca | copper/drypoint]
matriz | matrix by Machado de Assis, 1946 24,8 x 18,9 cm
[cobre/água-forte | copper/etching] matriz | matrix sem assinatura | unsigned

252 … 253
presidenta da república Júlia Maria Bastos almoxarifado coordenação geral assistentes de produção Laura Abreu
Dilma Vana Rousseff Márcia Loureiro Pires Rebelo João Carlos Esteves General Coordination Production Assistants Lea Carvalho
Vicência Mendes Jorgival Freire Roberto Padilla Antonio Roberto Vilete de Oliveira Luciano Lopes
ministra de estado da cultura Pollyana Suassuna Sales Robson Simões Mario Panaro Mariana Cardoso Oscar Marcelo Helder
Ana Cristina Wanzeler Thaís de Freitas Monica F. Braunschweiger Xexéo Patrick de Oliveira Correa Mario Panaro
Lusia Soares (apoio) protocolo
Marta Suplicy
presidente do instituto Mailon Amorim (estagiário) Sérgio Alcântara textos impressão Mary Komatsu Skinkado
brasileiro de museus Jéssica Santos Cabral (estagiária)
Texts Printing Max Perlingeiro
Angelo Oswaldo de Araújo Santos apoio administrativo
Amandio Miguel dos Santos Grafitto Nancy de Castro Nunes
coordenação de conservação Edemilson Barbosa
diretora do museu nacional e restauração Lúcio Roberto Machado Anna Letycia Quadros Nelson Moreira Junior
de belas artes Larissa Long Daniela Matera Lins Gomes agradecimentos Nilsélia Monteiro Diogo
Monica F. Braunschweiger Xexéo Jadir Pinheiro de Souza (apoio) segurança interna Ferreira Gullar Acknowledgements Nilson Castro
Ilmar de Barros (chefe) Israel Pedrosa Adriana Lavinas Noélia Coutinho
reserva técnica Hindembirgo Alves da Silva João Candido Portinari Adriane Correia Paulo Eduardo Vidal
Cláudia Machado Ribeiro Janilson dos Santos Vieira Pedro Martins Caldas Xexéo Aline Figueiredo Carreiro Carvalho Priscila Silva
assessoria de imprensa Nilsélia Campos Diogo Luiz Carlos Bezerra Altair Dantas Rafael Pereira
Nelson Moreira Junior Luiz Silva de Mendonça coordenação de pesquisa Amanda Córdova Ricardo Vizetin
Arnaldo Alonso (estagiário) restauração pintura Pedro da Silva Research Coordination André Calazans Sarah Bazini
Felippe Muglia Lima (estagiário) Larissa Long Wagner Vasques Daniela Matera Lins Gomes Andrea Baldi Silvana Canuto Medeiros
Adelaide Ferreira (estagiária) Andrea Pedreira Suely Avellar
coordenação técnica manutenção predial pesquisa Carlos André Tiago Rosas
Daniela Matera Lins Gomes coordenação de comunicação Altair Dantas (chefe) Research Cecília Conde Vera Mangas
José Patane Filho (apoio) Amandio Miguel dos Santos Armando Carvalho Manhães
Adriana Clen Celeste Campos Violeta Villasboas
Amanda Cavalcanti (estagiária)
Aïcha Figueiredo Charles Andrè Rangel Vitória Bulbol
Ingrid Vidal (estagiária) exposições temporárias conselho científico
Roberta Fontes (estagiária) Sheila Salewski de exposições Cristal Proença Cinda Alcântara
Eurípedes Junior Amandio Miguel dos Santos Claudia Ribeiro agradecimentos especiais
curadoria de pintura Cássio Vilas Boas (estagiário) Antônio Grosso catalogação da coleção Claudia Rocha às instituições que
estrangeira Laís Quintanilha (estagiária) Daniel Barretto da Silva finep/portinari Claudia Pessino colaboraram para a
Anaildo Bernardo Baraçal George Kornis Cataloguing of the Danielle Guimarães concretização deste projeto
seção educativa Ivan Coelho de Sá Finep/Portinari Collection Dellacy Mello Special Acknowledgements to the
curadoria de novas mídias Rossano Antenuzzi Luciano Migliaccio Adriana Clen Edemilson Barbosa Institutions which have collaborated
e arte africana Simone Bibian Morris Braun Cristal Proença Eli Amaral Muniz to the Fulfillment of this Project
Daniel Barretto Henrique Guilherme Vianna Paulo Vidal Jefferson Nepomuceno Eliana Sartori Atlantis Internacional Movers
Reginaldo Tobias de Oliveira Pedro Xexéo Elisa Albernaz Consulado Geral da Itália no
gabinete de gravura Jessica de Castro (estagiária) Renato Lessa projeto gráfico, revisão Elisabete Grillo Rio de Janeiro
Laura Abreu Teresa Miranda e produção gráfica Eneida Braga Finep – Inovação e Pesquisa
difusão cultural Sheila Salewski Graphic Design, Proofing Reading Eurípedes Junior Indústria de Produtos Alimentícios
coleções especiais Ana Teles da Silva Suzana Queiroga
and Printing Supervision Fernanda Martins Piraquê
Amauri Rodrigues Dias
Contra Capa Geisa Achorne Instituto Chico Mendes de
comunicação visual conselho científico
sistema de informações do Guilherme Sarmento de políticas de doações Gilson Clemente Gemente Biodiversidade – icmrio
acervo do museu nacional Anna Letycia Quadros fotografia Giovanni Maria Ponta Instituto Estadual do Patrimônio
de belas artes – simba coordenação administrativa Daniela Matera Lins Gomes Photography Glauco Arbix Cultural – Inepac
Valter Gilson Gemente José Rodrigues Neto Ferreira Gullar Acervo mnba Guilherme Sarmento Instituto Italiano de Cultura no
Ivan Coelho de Sá Acervo Projeto Portinari Ilmar Barros Rio de Janeiro
seção de registro financeiro e orçamento Laura Abreu Cesar Barreto Ivan Coelho de Sá Ministério da Cultura
Cláudia Regina Rocha Adriana Fontes Lavinas Larissa Long Photo Síntese Izabella Teixeira Ministério do Meio Ambiente
Cinda Lúcia de Alcântara Luiz Áquila da Rocha Miranda Jacqueline Assis Projeto Portinari
recursos humanos Maria Luiza Távora cessão do uso de imagens Jadir Pinheiro
núcleo de imagem Cláudia Regina Pessino Max Perlingeiro Image Use Authorisation João Candido Portinari
Andrea Martha Pedreira Priscila Silva Morris Braun Projeto Portinari João Carlos Esteves
Pedro Vasques
José Nascimento Junior
biblioteca e arquivo histórico patrimônio Pedro Xexéo versão para o inglês José Rodrigues Neto
Mary Komatsu Waldir Luiz Lane Teresa Miranda
English Translation Karl Rafael Wolney
Ângela Cirene Teles Paulo Roberto da Silva
Carlos Luís Brown Scavarda Larissa Long
Estudo para o painel de azulejos Pulando carniça … Study for the Pulando carniça ceramic tile panel, 1950
grafite sobre cartão … lead on cardboard, 23,7 x 72,2 cm

… …

Este livro foi concebido This book was conceived


na cidade do Rio de Janeiro, in the city of Rio de Janeiro,
composto em Celestia Antiqua e Stone Sans, composed in Celestia Antiqua and Stone Sans,
e sua tiragem de 2.000 exemplares, with a press run of 2.000 copies,
impressa nessa mesma cidade, printed in the same city,
em dezembro de 2014. in December 2014.

patrocínio apoio
Sponsorship Support

edição realização
Edition Organization

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