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FISCAL
Auditoria Fisco-contábil: Contas do
Passivo, PL, Receitas e Despesas
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
AUDITORIA FISCAL
Auditoria Fisco-contábil: Contas do Passivo, PL, Receitas e Despesas
Andrey Soares
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Auditoria Fisco-Contábil: Contas do Passivo, PL, Receitas e Despesas.........................................4
1. Auditoria Fiscal em Contas do Passivo...........................................................................................................4
1.1. Passivo fictício. . ..........................................................................................................................................................5
1.2. Passivo Oculto.. ....................................................................................................................................................... 10
1.3. Auditoria em Fornecedores.. .............................................................................................................................12
1.4. Auditoria em Duplicatas Descontadas......................................................................................................16
1.5. Auditoria em Adiantamentos de Clientes.................................................................................................16
1.6. Auditoria em Empréstimos e Financiamentos. ......................................................................................19
1.7. Auditoria em outras Contas do Passivo. ..................................................................................................26
2. Auditoria Fiscal nas Contas do Patrimônio Líquido.............................................................................27
2.1. Auditoria na Contabilização do Capital Social..................................................................................... 28
2.2. Auditoria na Contabilização das Reservas. ............................................................................................31
2.3. Auditoria na Contabilização de Ações em Tesouraria.....................................................................39
2.4. Auditoria na Contabilização de Lucros ou Prejuízos Acumulados...........................................39
3. Auditoria Fiscal em contas de Resultado. ..................................................................................................40
3.1. Registro de Receitas............................................................................................................................................41
3.2. Registro de Despesas........................................................................................................................................43
3.3. Superavaliação de Custos...............................................................................................................................44
3.4. Superavaliação de Despesas. . .......................................................................................................................50
3.5. Ocultação de Receitas – Caso Prático......................................................................................................52
Resumo................................................................................................................................................................................54
Mapas Mentais. . ...............................................................................................................................................................61
Questões Comentadas em Aula.. ...........................................................................................................................64
Questões de Concurso................................................................................................................................................ 69
Gabarito...............................................................................................................................................................................75
Gabarito Comentado.................................................................................................................................................... 76
Referências........................................................................................................................................................................ 87
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Apresentação
Chegamos à aula que fecha a preparação daquela parte teórica do “módulo” dedicado ao
estudo da Auditoria Fisco-Contábil, dentro da nossa disciplina de Auditoria Fiscal.
Hoje, conheceremos a importância e os detalhes que envolvem a aplicação de testes e pro-
cedimentos de auditoria nas demais contas patrimoniais (Passivo e PL) e, também, em contas
de resultado (Receitas e Despesas). Na próxima, revisaremos o conteúdo correspondente, re-
solvendo ainda novas questões.
Assim como a anterior, esta aula também tem o poder de forçar um pouco seu raciocínio,
buscando conhecimentos já trabalhados em outras disciplinas, notadamente de Contabilidade
(Geral, de Custos e Auditoria Contábil), de Direito Tributário e de Legislação Tributária.
Este mais novo encontro é rico em detalhes, mas, ao contrário do que possa parecer, passa
longe de ser cansativo. Por ser a essência de seu trabalho num futuro breve, tenho certeza de
que continuará a se deparar com páginas muita agradáveis de se ler e estudar. A propósito,
avalie a aula, dizendo em que ponto acertei ou errei na preparação deste nosso encontro.
Agora sim, vamos ao preparo do dia para a batalha que se aproxima. Avante!
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As normas de Contabilidade, em especial o CPC 02 (R2), nos ensinam que o “Passivo é uma
obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de even-
tos passados”.
Para ser classificado como um passivo, necessário será o atendimento a três critérios
fundamentais:
Na literatura, você vai se deparar muito com a expressão “Passivo Exigível”, usado para
representar a soma do Passivo Circulante e do Passivo Não Circulante. Compreende, portanto,
os recursos captados pela empresa com terceiros, o que difere o subgrupo do Patrimônio Lí-
quido, que representa os valores capitados a título de capital próprio.
Por natureza, as contas do Passivo serão de natureza CREDORA, estando elas dispostas
em ordem DECRESCENTE de grau de EXIGIBILIDADE. É nesse ponto que uma Auditoria Fiscal
do Passivo Exigível vai diferenciar o que é um Passivo Circulante e um Passivo Não Circulante.
Os primeiros registros desse lado do Balanço, dispostos no subgrupo Passivo Circulante
(PC), representarão as obrigações com vencimento mais próximo, se comparadas àquelas
registradas no outro subgrupo, o Passivo Não Circulante (PCN).
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De forma mais precisa, no PNC deverão estar contabilizadas as dívidas da empresa cujo
vencimento ocorra após o exercício seguinte ao da publicação das demonstrações financei-
ras. As demais, ficarão no PC.
Para fins de Auditoria, inicialmente, vale a máxima de que o objetivo básico das testagens
nessas contas será o de avaliar sua PROPRIEDADE, ou seja, se realmente pertencem à entida-
de. Verificará se são obrigações por ela efetivamente contraídas a partir de transações com
terceiros. Mas não paramos por aí.
O exame das contas deve buscar análises mais precisas sobre a EXATIDÃO e a correta
CLASSIFICAÇÃO dos eventos, de acordo com os princípios e normas contábeis e legislação
tributária. A subavaliação, os erros, as omissões, as simulações, a constatação de registro de
eventos e valores fictícios ou a detecção de obrigações ocultas são algumas das principais
distorções com que o(a) Auditor(a) vai se deparar quando do exame dessas contas.
Conheçamos, a partir de agora, como se dá a auditagem e o que se pode encontrar, em ter-
mos de distorções, em cada uma das principais contas do Passivo. Antes, porém, assim como
fizemos em relação ao Ativo, conheçamos dois conceitos importantes que nortearão parte dos
estudos que faremos no decorrer de toda a aula.
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Como assim, mestre? Dá para ser mais preciso? Qual o ganho tributário que a empresa
poderá ter ao forjar o registro de dívidas que, de fato, inexistem? Parece loucura isso!
Pode parecer “viagem” realmente, caro(a) aluno(a), mas você vai entender melhor quando
formos avançando em nosso encontro. Atente-se, neste momento, para uma definição mais
precisa da expressão.
Um passivo fictício, no campo da Auditoria Tributária, deve ser compreendido como a ma-
nutenção, no Passivo, de saldos em contas representativas de obrigações inexistentes (não
comprovadas) ou que já tenham sido liquidadas, pagas a terceiros.
Agora, para facilitar o seu entendimento, vamos ao nosso já tradicional caso hipotético.
Preste bastante atenção, para que seja possível você entender a lógica fiscal por traz dessa
“engenharia” fraudulenta.
EXEMPLO
A Criativas Indústria e Comércio Ltda, administrada pelo “faceiro” Teodoro Trambique (o já
famoso “TT”), resolveu não emitir documentos fiscais quando da venda de parte de seus pro-
dutos. As citadas vendas foram à vista. Os registros contábeis, você sabe, deveriam infor-
mar, além da receita propriamente dita, também a entrada de numerários nas disponibilidades
(Caixa/Bancos). Esse registro, com a omissão e receitas, também ficou prejudicado. Para que
o ato de sonegação dos tributos pudesse surtir os efeitos contábeis e fiscais desejados, o lan-
çamento correspondente (ignorado) deveria ser assim (desconsiderando o reconhecimento
dos tributos incidentes e do CMV):
A falta de reconhecimento dessa venda, vale dizer, não vai paralisar as demais atividades da
empresa. Muito pelo contrário. Ela continua “viva”, a pleno “vapor”, e com “ganhos” até maiores,
já que deixava de cumprir com suas obrigações tributárias. O efeito direto se resumiria, basi-
camente, no não acompanhamento dos movimentos pela sua contabilidade, o que seria feito
à margem da legalidade (“contabilidade paralela”). Dentro de suas atividades normais, uma
espécie de evento observável diz respeito à necessidade de quitação de obrigações contraída
com fornecedores. Afinal, a princípio, esses não têm nada a ver com as “falcatruas” da Criati-
va. Logicamente, com o aprofundamento das investigações, poder ser descoberta a possível
participação, também desses, nas fraudes. Mas isso, para nosso raciocínio, agora é irrelevan-
te. Pense comigo: caso esses pagamentos (feitos em espécie, para facilitar o entendimento)
fossem reconhecidos na escrituração, notaríamos impacto direto na conta Caixa, certo? Tería-
mos o seguinte lançamento (também ignorado pela pessoa jurídica):
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Porém, caso a empresa, paralelamente ao não registro das vendas, venha a reconhecer nor-
malmente seus pagamentos, havendo saídas e mais saídas, sem entradas correspondentes,
naturalmente nos depararíamos com o “estouro” do Caixa. Daí é que vem a “decisão” da alta
cúpula da Criativa de não proceder à “baixa” desses títulos na escrituração. Haveria, de fato, a
saída de recursos do Caixa. O que não se verificaria seria o registro desses pagamentos. Terí-
amos, assim, uma omissão deliberada com o intuito de impedir impactos no saldo da conta
das disponibilidades. As dívidas, portanto, vão continuar nos registros contábeis, apesar de, no
mundo fático, já terem sido liquidadas. Eis um exemplo clássico de passivo fictício. Coisas da
nossa Criativa...
O que vimos até aqui já é o suficiente para você responder à próxima questão com relativa
tranquilidade.
O passivo fictício é uma dívida informada pela empresa aos usuários das suas DCs, mas que,
de fato, não existe. Caracterizar-se-ia, por exemplo, pela ocorrência da liquidação, pela empre-
sa, de um título de crédito em favor de fornecedores, sem que tenha havido o correspondente
registro na contabilidade. Ou seja, o pagamento fora efetuado, mas, por algum motivo (erro ou
fraude), a dívida fora mantida na contabilidade como se exigível ainda fosse.
Letra d.
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Um passivo fictício vai causar uma superavaliação das obrigações da entidade. Isso quer
dizer que uma dívida, inexistente, ao ser considerada nas Demonstrações Contábeis como
existente, acaba por “inflar” artificialmente os saldos do lado direito do BP.
Lembrando que a constatação, pelo Auditor, de um passivo fictício é motivo suficiente para
a autuação (leia-se lavratura de Auto de Infração) contra o contribuinte por PRESUNÇÃO LE-
GAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. Essa afirmação encontra amparo em diversas legislações.
Como exemplo, trazemos três delas: (grifei)
Hora da diversão!
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A constatação 2 revela uma espécie de ativo oculto, ou seja, a existência de algum bem ou
direito (no caso, itens do estoque) existente de fato, mas que não encontra escrituração cor-
respondente na contabilidade do sujeito passivo. A constatação 1, por sua vez, nos releva um
exemplo de passivo fictício. Uma obrigação contraída, mas já liquidada. Não houve o reconhe-
cimento de três das quatro parcelas pagas. Trata-se de um fato cuja previsão é muito comum
na legislação de tributos como espécie de presunção de omissão de receitas de vendas. No
caso citado, o valor alcança R$90.000,00, que deve ser a base para o arbitramento da receita
para incidência do ISSQN.
Letra e.
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Agora você foi ainda mais ousado, professor! Como alcançar um ganho tributário omitin-
do dívidas? Explique-me melhor isso.
Ah, meu caro aluno, minha cara aluna... queira muito estar exagerando. O fato é que esta-
mos falando da mente humana que, como sabemos, não tem limites ao exercer sua criativida-
de. Bem, se existe alguma maneira de um “esquema” baseado nesse tipo de fraude dar certo,
também é indubitável que a Criativa Indústria e Comércio de Calçados Ltda “tentará a sorte”
com ele. Acompanhe comigo mais essa “arte” do conhecido empreendimento...
EXEMPLO
Os engenhosos especialistas em fraudes da Criativa, entre eles o famoso “TT”, não satisfeitos
com tantas maracutaias, decidiram inovar mais uma vez. Após a realização de várias pesqui-
sas de “mercado”, conseguiram localizar um fornecedor do mesmo “quilate”, a Negócios Escu-
sos Ltda. Concluídas diversas rodadas de negociação, a Negócios Escusos aceitou a proposta
da Criativa e passou a vender algumas mercadorias sem a correspondente e exigível emissão
de documentos fiscais. Nesse caso, claro, a preços mais baixos, devido à clara “economia
tributária” alcançada pela Negócios Escusos. A Criativa, então, combinou que a dívida, nas-
cida a partir das compras feitas, seria liquidada “num futuro breve”, conforme prazos acorda-
dos. Entretanto, a obrigação firmada deveria ficar por “debaixo dos panos” na contabilidade de
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ambas as empresas. Isso quer dizer que, do lado da Criativa, assim como visto em relação à
entrada de mercadorias nos estoques, o passivo (dívida para com a Negócios Escusos) ficaria
oculto, não aparecendo em seus “registros oficiais”. O controle seria feito à margem (“conta-
bilidade paralela”). O ganho tributário, pensado pela Criativa, se concretizaria em momento
posterior, quando da venda dessas mercadorias. Uma vez não escriturada na entrada, as mer-
cadorias não apareceriam em seu estoque e, por consequência, estariam mais propensas a
sair também dessa forma, sem a emissão dos correspondentes documentos fiscais de saída.
Omitida estaria, assim, a receita auferida com o evento.
Um passivo oculto vai provocar uma subavaliação das contas do grupo. Ou seja, o valor
presente no saldo do Passivo no BP estará menor do que, efetivamente, deveria estar. Não es-
tará refletindo, assim, a realidade econômico-financeira da entidade.
Para fins de Auditoria Fiscal, o passivo oculto pode ser entendido como uma obrigação real,
existente, contraída pela entidade, mas não devidamente contabilizada.
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Ao proceder à fiscalização, mediante inventário físico dos estoques, o Auditor constatou ativos
existentes fisicamente, mas não escriturados. Portanto, estamos diante de ativos ocultos. Por
outro lado, o examinador deixa claro, no enunciado, que esses ativos foram adquiridos a prazo.
Portanto, há obrigações correspondentes às aquisições, mas que, também, não estavam devi-
damente reconhecidas na escrituração fiscal digital. Somos direcionados, portanto, a reconhe-
cer a existência, também, de passivos ocultos. São situações com previsão, nas legislações
tributária, de autuação por presunção relativa de omissão de receitas. É o caso.
Letra c.
Esquematizando:
Nesse contexto, podemos afirmar, sem pestanejar, que esse tipo de fraude, contabilmente,
poderia gerar informações capazes de ludibriar, além do Fisco, também credores e sócios.
Afinal, uma empresa endividada jamais vai ser bem-vista, por exemplo, no momento de pro-
curar um empréstimo ou financiamento, ou mesmo vender suas ações na Bolsa de Valores.
Esconder as dívidas, portanto, gera um cenário (irreal) de melhor solvência para a entidade, o
que agrada aos usuários das DCs e ao mercado.
A inspeção, mediante exame de documentos e registros, é capaz de auxiliar o(a) Auditor(a)
a confirmar a existência de um título emitido pela empresa. A confirmação externa, por outro,
lado, pode auxiliar na comprovação da exigibilidade dele. O recálculo, por último, pode auxiliar
na conferência de cálculos envolvendo eventuais encargos financeiros. Esses seriam alguns
dos principais tipos de procedimento de auditoria utilizáveis na detecção desses eventos.
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Professor, como foi dito no início da aula, de fato estou sendo submetido a um forte exer-
cício de raciocínio. É muito espaço para fraude. Confesso que, por mais que tenha me
esforçado aqui, não consegui visualizar qual a relação dessa atitude da empresa com a
“economia” de tributos. Poderia ser mais preciso, por favor?
Posso sim, aluno(a). Digamos que o fraudador, ao promover a “mágica”, ganhará, no míni-
mo, algum prazo para não ter uma eventual omissão de receitas facilmente descoberta pelo
Auditor. Como de praxe, vamos entender tudo isso mediante aplicação prática.
EXEMPLO
A Criativas Serviços Ltda, pessoa jurídica integrante do mesmo grupo econômico da Criativa
😊
Indústria e Comércio de Calçados Ltda (pois é... estamos falando de uma holding, ou seja, o
“buraco” é mais embaixo ), ao deixar de escriturar a venda de parte dos serviços por ela pres-
tados em determinado período, viu seu caixa “estourar”. Foram muitas saídas de numerários
das disponibilidades, pagamentos realizados no mesmo período devidamente acompanhados
da correspondente escrituração. Cuidado semelhante não houve em relação às entradas, devido
à omissão de receitas de vendas na Contabilidade. Feitas as “maquiagens”, com diversos lan-
çamentos devedores, com entradas fictícias no Caixa, a “sangria” se estancou. Porém, com
receio de novo “estouro” a administração da Criativa se viu “forçada” a evitar o registro de novas
saídas, algo que poderia dificultar a manutenção da aparente regularidade contábil. Porém, era
chegado o momento de a Criativa realizar nova aquisição de insumos para suas atividades. O
contrato que mantinha com seu fornecedor exigia que os pagamentos das compras deveriam
ser, sempre, à vista. O fornecedor era o único que disponibilizava, no mercado, o produto que,
por sua vez, era essencial, usado no processo produtivo da Criativa. Com vistas a cumprir as
cláusulas contratuais e, ao mesmo tempo, não provocar novos “rombos” no Caixa, a administra-
ção da Criativa decidiu por registrar essas compras a prazo, na conta Fornecedores. Portanto,
um lançamento1 que deveria constar no Razão da empresa da seguinte forma...
1
Desconsiderando, para fins do exemplo, os lançamentos necessários nas contas representativas das obriga-
ções tributárias principais alusivas ao evento.
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Para ser bem sincero, a conta pode ser utilizada como um verdadeiro “camaleão”. Uma au-
ditoria da conta pode levar o(a) Auditor(a) a se deparar com duplicatas com prazo de quitação
“em branco”.
Esse mecanismo, comum nos casos em que há conluio entre os envolvidos na operação
(vendedores e compradores) ou mesmo quando há profunda relação de confiança entre eles
(não necessariamente com o intuito de fraude por um dos lados, vale dizer) possibilitaria à em-
presa adaptar esses títulos e seus vencimentos de acordo com suas “necessidades”.
Enfim, muitas são as possibilidades de distorções fiscais passíveis de serem descobertas
a partir da aplicação de testes e adoção de procedimentos de auditoria nos registros materia-
lizadores desse tipo de passivo.
Note que há um elemento fundamental, que pode direcionar a aplicação desses testes e
procedimentos: o PRAZO. O “jogo” que o contribuinte promove nesse tipo de artimanha, es-
pecialmente quando falamos em passivos fictícios, envolve diferenças entre a data efetiva de
liquidação de títulos devidos e a dos correspondentes registros feitos. Portanto, atenção espe-
cial deve ser dada a esse elemento.
A aplicação dos chamados procedimentos analíticos pode revelar flutuações incomuns
no saldo da conta, que apontem para inconsistências não justificadas adequadamente
pela auditada.
A confirmação externa também é muito indicada na auditagem dessa conta. Endereçada
aos fornecedores, o procedimento pode revelar a existência e real exigibilidade do passivo, em
determinada data, como informado na escrituração da auditada.
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Nesse tipo de questão, é fundamental que você, antes de sair analisando item a item, averigue
as combinações possíveis ofertadas nas alternativas. Logo “de cara” você concluiria que não
há a opção de considerar que todos os tipos de procedimentos seriam aceitáveis, do ponto
de vista do examinador. Assim, aconselho que você use o famoso método da “eliminação”.
O primeiro que deveria ser “riscado” de sua lista seria o item IV. Obter a relação de clientes, a
princípio, não seria de tanto interesse na auditoria da conta Fornecedores, por dedução lógica.
Seu foco, de acordo com o enunciado proposto, são as dívidas, e não os direitos que a empresa
mantém em relação a terceiros. A outra eliminação, em tese, seria a relativa ao item imediata-
mente anterior, III. A contagem física do Caixa, claro, é importante para melhores conclusões
sobre eventuais distorções na conta Fornecedores. Porém, se avaliarmos com critério os dois
outros, um procedimento voltado para o caixa (contagem física, por exemplo) passa a ser se-
cundário. O acesso à lista de fornecedores (I) e o uso dessa para a aplicação do procedimento
de confirmação externa dos saldos verificados nas contas correspondentes (II), são indispen-
sáveis, basilares no próprio conceito do procedimento. Seriam os testes principais a serem
feitos. Como não temos uma alternativa que liste os itens I, II e III como corretos, devemos mar-
car a alternativa que apresenta os dois primeiros, por serem essenciais na auditagem da conta.
Letra a.
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A situação é corriqueira, por exemplo, quando nos vimos diante de produtos ou mercado-
rias fabricados sob encomenda. Nessa situação, a empresa fabricante geralmente vai exigir
do cliente um “sinal”, que nada mais é do que uma antecipação de pagamentos (sob o ponto
de vista do comprador).
A estratégia de venda é usada, geralmente, como forma de se evitar maiores prejuízos,
pelo vendedor, com uma eventual desistência da compra antes da entrega do que fora negocia-
do. Também, quando o custo de produção é alto, exigindo dispêndios consideráveis em termos
de insumos, algo que poderia comprometer o capital de giro da empresa vendedora.
Portanto, por meio do acordo, o fabricante divide com o comprador esses custos iniciais.
As condições, claro, devem estar dispostas em contrato, que pode conter dispositivos que pre-
vejam a devolução, caso a venda não se concretize, além de eventuais ressarcimentos.
No período que vai do acordo à entrega do produto, portanto, o adiantamento deverá apare-
cer na escrituração contábil e fiscal da empresa vendedora como um Passivo, que deverá ser
lançado, contabilmente, como crédito das Disponibilidades.
Essa afirmação, claro, parte do pressuposto de que o recebimento antecipado da venda
tenha se dado a partir de um ativo de mais alta liquidez (cheques, dinheiro, transferência ban-
cária etc.).
Já podemos concluir, portanto, que, neste momento, não haveria o registro da receita e,
sim, volto a dizer, de uma obrigação (Passivo). Vamos, uma vez mais, nos valer da vida “pre-
gressa” da Criativas Indústria e Comércio de Calçados para entender melhor como seria isso.
EXEMPLO
Suponhamos que a Criativa tenha “estourado” seu caixa em R$10.000,00. Esse desfalque se
deu em decorrência de omissão de receitas obtidas com vendas de mercadorias, no curso
normal de suas atividades. Para “maquiar” seu Caixa, decidiu “inventar” um adiantamento de
uma venda a determinado cliente, naquele mesmo valor. O lançamento inicial, que deverá ser
visto no Diário da Criativas, estaria mais ou menos assim:
O recebimento do suposto adiantamento teria sido feito por meio de recebimento de cheques,
à vista (Caixa, portanto).
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Professor, como o Auditor vai detectar esse tipo de distorção e, mais ainda, qual o cami-
nho que percorrerá para conseguir comprovar a fraude?
A resposta a essa sua pergunta está no desfecho desse tipo de negociação. Como eu dis-
se, caberá ao empresário vendedor, num futuro, “ressarcir” o cliente que adiantou o pagamento,
momento em que entregará a esse a mercadoria, produto ou serviço objeto da transação.
A conclusão da operação de venda, você sabe, deverá ser “coroada” com a emissão dos
documentos fiscais correspondentes. Para tanto, atenção deve ser dada ao momento em que
se considera ocorrido o fato gerador do tributo objeto da fiscalização. É quando, também, se
deve proceder aos registros contábeis e fiscais correspondentes.
Portanto, no contexto das análises, “adiantando-a” no tempo, você deverá encontrar, em
algum registro contábil-fiscal, cronologicamente posterior ao do que materializou o adianta-
mento, no mínimo, os registros contábeis e fiscais que:
• informem o reconhecimento da receita advinda da operação, como:
• que nos remetam aos tributos incidentes (ICMS, ou IPI, ou ISSQN...). No caso do ICMS,
teríamos:
Considerando que o adiantamento seja de apenas parte do preço total acordado (30%, por
exemplo), teremos, ainda, os lançamentos relativos ao recebimento (ou reconhecimento do
direito correspondente, caso concedido prazo ao cliente para pagamento) do restante do valor
da venda (70%, no caso).
Professor, quer dizer que, se não tivermos esses lançamentos citados, comprovada esta-
rá a distorção, correto?
Podemos dizer que se trata, no mínimo, de um forte indício. Logicamente, outros elemen-
tos de prova podem ser necessários e, para tanto, novos testes e procedimentos de auditoria
podem ser úteis, como o da confirmação externa endereçada ao suposto cliente.
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Auditoria Fisco-contábil: Contas do Passivo, PL, Receitas e Despesas
Andrey Soares
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A maquiagem vai servir para disfarçar a omissão de receitas advindas da venda de produ-
tos e mercadorias ou de serviços prestados. Haveria, assim, sonegação de tributos incidentes
sobre esse evento contábil. Mas não é só. É possível, também, que a estratagema seja usada
na elisão de outros tributos, como os incidentes sobre as operações financeiras (Imposto sobre
Operações Financeiras – IOF) ou sobre o lucro (IRPJ e CSLL), ambos de competência da RFB.
2
Desconsideraremos, exclusivamente para fins didáticos, a contabilização dos encargos financeiros correspon-
dentes a essa espécie de operação. Nesse caso, o dinheiro estaria entrando diretamente no Caixa. Mas, logica-
mente, a tendência é que, antes, tenha passado pela conta Bancos C/ Movimento para, passo seguinte, “desem-
bocar” no Caixa.
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Em relação ao primeiro caso (IOF), nenhuma novidade, já que o tributo incide sobre opera-
ções financeiras diversas, como aquelas envolvendo crédito, câmbio e seguros. Nesse caso, o
natural é que, se diante de uma operação efetiva de empréstimo ou financiamento, haja o reco-
lhimento de valores relativos ao imposto, o que deve estar devidamente evidenciado nas DC.
Em relação ao IRPJ, saiba que, além do já conhecido impacto causado pela eventual omis-
são de receitas, haverá um outro resultado indesejado e, por isso mesmo, combatido pelo
Fisco Federal. Quando esses empréstimos são contraídos para financiamento das atividades
operacionais da empresa, os encargos financeiros supostamente advindos, observadas algu-
mas condicionantes, poderão ser utilizados como rubricas dedutíveis na apuração do imposto
pela sistemática do Lucro Real.
Sei que uma situação hipotética poderá ajudá-lo(a) a compreender melhor essas explana-
ções feitas até aqui. Então, acompanhe-me.
EXEMPLO
A Criativas Indústria e Comércio de Calçados Ltda, diante do “estouro” de seu caixa, provoca-
do pela omissão de suas receitas de vendas, resolveu se utilizar da “técnica” de simulação de
empréstimos para “maquiar” suas disponibilidades. No caso, tratava-se de uma suposta obten-
ção de empréstimo com juros pré-fixados (mais comum), com prazo de 12 meses para liqui-
dação (PC, portanto). O Razão da empresa, assim, nos apresentava os seguintes lançamentos:
Na obtenção do empréstimo:
Na apropriação dos encargos financeiros a ser feito período a período (no caso hipotético, mês
a mês, conforme previsão do contrato estipulado):
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Veja que tudo isso deverá estar devidamente escriturado nas Demonstrações Financeiras,
o que inclui, segundo o CPC 20:
• o total de custos de empréstimos capitalizados durante o período; e
• a taxa de capitalização utilizada na determinação do montante dos custos de emprésti-
mos elegíveis à capitalização.
Agora, pratique!
Um ponto que merece um olhar clínico do Auditor, quando da apreciação dos registros (contas
analíticas) correspondentes à conta Empréstimos e Financiamentos, está ligado ao custo das
operações informadas. Para que sejam aceitáveis, do ponto de vista contábil e fiscal, os en-
cargos incidentes sobre a obtenção de recursos com terceiros devem ser reconhecidos com
estrita obediência à legislação e aos princípios e normas contábeis e fiscais. Devem estar, pois,
livres de distorção relevante.
Letra e.
Pode ocorrer, ainda, de não serem contabilizados os encargos financeiros. Nesse caso, o
intuito seria impedir mais saídas da conta Caixa, eventualmente cambaleante. Campo fértil,
meu amigo, minha amiga. Do Auditor se espera, portanto, dentro do seu ceticismo profissional,
muita astúcia para detecção dessas espécies de distorção.
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5. Os relacionamentos com partes relacionadas são uma característica normal do comércio e dos
negócios. Por exemplo, as entidades realizam frequentemente parte das suas atividades por meio
de controladas, empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures) e coligadas. Nessas
circunstâncias, a entidade tem a capacidade de afetar as políticas financeiras e operacionais da
investida por meio de controle pleno, controle compartilhado ou influência significativa.
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Considerando que essas entidades, em sua maioria, não se apresentam como instituições
financeiras – que são aquelas que, normalmente, oferecem esse tipo de produto – as operações
de empréstimo entre pessoas físicas e jurídicas, inclusive entre pessoas relacionadas ou mesmo
pessoas participantes nos lucros da entidade (sócios, diretores, acionistas, administradores) são
formalizadas por meio de um instrumento jurídico específico, chamado contrato de mútuo.
O examinador, ao formular a próxima questão, parece que estava bastante motivado, pela
qualidade de construção apresentada. Veja:
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e) deve lavrar uma autuação fiscal por presunção de operação tributável não registrada, pois,
de acordo com o inciso VI do art. 49 da Lei n. 10.297/1996, foi constatada a existência de um
passivo oculto, uma vez que o empréstimo não está contabilizado.
O fato hipotético gira em torno de um suposto empréstimo (contrato de mútuo) havido entre a
entidade e um de seus sócios. Por meio da conciliação bancária (confronto da conta Bancos
do Razão com o extrato bancário), a Auditora Fiscal Maria identificou divergência na operação
registrada. Apesar das várias tentativas, o contador da empresa não conseguiu comprovar
a efetividade da ocorrência do evento “empréstimo”. Concluiu, portanto, que a dívida infor-
mada, de fato, não existia. Era, portanto, fictícia. Essa constatação leva o Fisco a presumir
omissão de receitas. É o que vimos na legislação de Santa Cataria (inciso I do art. 49 da Lei
n. 10.297/1996), mas que também está presente em outras legislações. Seria, pois, exemplo
típico de suprimento indevido da conta Caixa.
Letra d.
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Como é, professor? O que tem a ver as dívidas da empresa com funcionários com a apu-
ração e recolhimento do IRPJ?
3
Art. 199 CTN. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão
mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma esta-
belecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio.
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Ora, é sabido que a despesas com salários e encargos é dedutível do imposto federal.
Assim, uma análise concomitante dessa conta com as suas “primas” da DRE (Despesas de Sa-
lários e Encargos) deve fazer parte do planejamento da Fiscalização. Isso, logicamente, caso
os parâmetros da Auditoria envolvam suspeitas de possíveis fraudes relacionadas à superava-
liação de despesas operacionais.
Com ela, seria possível diminuir a base de cálculo e, por consequência, o próprio valor do
IRPJ apurado pela sistemática do Lucro Real. Enfim, como eu sempre digo, o campo é fértil
para fraudes, das mais variadas formas e objetivos.
(...) reivindicações contra a entidade que não atendem à definição de passivo. Essas reivindicações
podem ser estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares, e incluem, na medida em que
não atendem à definição de passivo:
(a) ações de diversos tipos emitidas pela entidade; e
(b) algumas obrigações da entidade de emitir outro direito sobre o patrimônio líquido
De forma geral, a Auditoria Fiscal sobre esse grupo de contas terá como finalidade principal
averiguar o integral REGISTRO dos eventos que alteraram o PL, confrontando-os com as dis-
posições estatutárias, societárias e normativas.
4
Lembrando que as contas redutoras (Capital a Integralizar, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados) vão
apresentar saldos devedores.
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Avancemos, a partir daqui, sobre cada um dos principais subgrupos de contas que com-
põem o PL. Por questões de objetividade, daremos atenção àquelas contas mais lembradas
pelas bancas em provas, tomando como referência a Auditoria Contábil e outras disciplinas.
Isso porque, como sabemos, a Auditoria Fiscal Tributária ainda não congrega um histórico tão
robusto capaz de nos fornecer dados nesse sentido. Começando pela conta representativa do
Capital Social.
EXEMPLO
A Criativa Indústria e Comércio decidiu por dar entrada a um ativo imobilizado em seu patrimô-
nio. Apesar de, em essência, a operação se revelar como uma aquisição feita pela empresa, ela
se utilizou da conta representativa do Capital para, dessa forma, “impedir” a saída contábil de
numerários das Disponibilidades. Mas... por que ela “optou” por fazer isso?
5
Poderíamos falar também do chamado Capital Autorizado, denominação dada àquela decisão de assembleia
que pode permitir ao Conselho de Administração aumentar o Capital sem a necessidade específica de con-
vocar nova assembleia. Sobre o Capital Subscrito, esse deve ser entendido como aquele que os sócios se
comprometeram a integralizar na entidade. Sobre ele, a Lei 6.404/76, em seu art. 182, estabelece: “a conta do
capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada”.
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Ora, simplesmente porque seu Caixa já se apresentava cambaleante, efeito provocado pelas
fraudes fiscais perpetradas, especialmente, pela omissão no registro de vendas em sua escri-
turação. Caso registrasse a entrada do ativo, a crédito das Disponibilidades, o “rombo” no Caixa
passaria a ser ainda maior. Assim, suponhamos que o bem adquirido tenha sido um terreno que
seria usado para a construção e instalação de um novo depósito de mercadorias. Na transação,
fora pago, à vista, o valor de R$100.000,00 (cem mil reais). Quando da auditagem do Razão, o
correto seria nos depararmos com um lançamento (ignorado pela empresa) semelhante a este:
Porém, diante da demonstrada má-fé da empresa, é provável que nos depararíamos com um
outro, nitidamente destoante das normas contábeis e legislação tributária, como o que se
segue...
Perceba, portanto, que a Criativa reconheceu a aquisição como se fosse uma integralização
de capital.
Mas as possíveis manobras na conta não param por aí. Quando supostamente integrali-
zados em forma de ativos de liquidez imediata (dinheiro “vivo”, transferência bancária ou che-
ques à vista, por exemplo), o assunto ganha relevância ainda maior para uma Auditoria Fiscal.
Vamos a mais um exemplo:
EXEMPLO
A Criativa Serviços Ltda, “irmã” da Criativas Indústrias e Comércio de Calçados, estando diante
de saldo credor na conta Caixa, resultado de omissão de receita de vendas de serviços pres-
tados, precisou se socorrer de artifícios contábeis para “maquiar” sua conta Caixa. Para tanto,
a “solução” encontrada fora uma injeção, por um dos sócios, de recursos financeiros, ou seja,
uma integralização de capital, a ser feita em dinheiro, no valor de R$10.000,00. O valor, con-
siderado suficiente para “suprir” a conta das Disponibilidades, na verdade, era fictício, apenas
para fins de “maquiagem”. Assim, para fins da técnica contábil, teríamos, no Razão da Criativa,
basicamente, um lançamento contábil, como o que se segue:
Houve, portanto, o “ingresso” de recursos necessários para equilibrar a conta das disponibilidades.
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Uma análise superficial da Contabilidade da Criativa não nos levaria a maiores problemas.
No Livro Razão dela, ficaria bem nítido que as constas Caixa ou Bancos, do lado do Ativo, e a
conta Capital Social a Integralizar, do Patrimônio Líquido, foram alteradas de forma “proporcio-
nal”, em observância à premissa do método das partidas dobradas. Aparentemente, portanto,
tudo perfeito, certo? É como se os sócios “assumissem” o suposto desfalque na conta. Patri-
mônio refeito, “vida que segue”, certo?
Bem, não é por aí. O problema, caro(a) aluno(a), é que esses aportes de capital, para ocor-
rerem e serem aceitáveis no mundo jurídico (vale para a seara tributária), precisarão estar
acobertados por documentos capazes de comprovar os eventos informados na Contabilidade.
Não bastará, vale dizer, o mero registro.
A administração e os responsáveis pela governança, se e quando intimados pelo Fisco,
terão que demonstrar e comprovar a ocorrência real do fato contábil, o inclui a efetiva entrada
dos ativos informados, sejam eles em forma de bens ou de direitos.
Caso não obtenha a resposta requerida diretamente dos responsáveis pela administração,
pode o AUDITOR-FISCAL fazer uso de outros procedimentos de auditoria, com vistas a colher
evidências capazes de subsidiar sua decisão ao final da Fiscalização.
Uma das técnicas mais indicadas, nesse caso, seria o de confirmação externa. Por meio
dela, a autoridade fiscal vai solicitar à Junta Comercial da localidade informações e documen-
tos que possam comprovar o arquivamento, no órgão, do fato contábil, algo legalmente exigí-
vel nessas situações.
Se estivermos diante de uma suposta integralização por meio de bens, a aplicação da confir-
mação externa poderia direcionar-se, ainda, ao Departamentos Estaduais de Trânsito (Detran),
no caso de veículos, ou aos Cartórios de Registro de Imóveis, no caso desse tipo de patrimônio.
Esse mesmo procedimento pode ser útil também quando se deseja obter informações
com as instituições financeiras. Como ele, seria possível detectar, por exemplo, a existência
de cheques emitidos pelo(s) sócio(s) em favor da entidade. Também comprovantes de trans-
ferências bancárias havidas, no período indicado, entre investidor e empresa, que perfaçam,
isoladamente ou em conjunto (mais de uma operação, por exemplo), o valor informado.
Considerando que a situação pode envolver grandes empresas, de capital aberto, interes-
sante seria a confirmação do evento (ações emitidas no mercado) mediante circularização
endereçada ao agente fiduciário6 correspondente. Especialmente nesses casos envolvendo
participações societárias, pode ser necessária, ainda, a aplicação do procedimento de recál-
culo. Isso porque essas operações, quase sempre, envolvem operações matemáticas, muitas
delas complexas.
6
O Agente Financeiro é o agente que, mediante autorização do Banco Central, atua no mercado com a respon-
sabilidade de proteger os direitos de investidores de debêntures. Assim dispõe a Lei n. 6404/76:
Art. 61. A companhia fará constar da escritura de emissão os direitos conferidos pelas debêntures, suas garantias
e demais cláusulas ou condições.
§ 1º A escritura de emissão, por instrumento público ou particular, de debêntures distribuídas ou admitidas à negociação
no mercado, terá obrigatoriamente a intervenção de agente fiduciário dos debenturistas (artigos 66 a 70).
(...)
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A conta Reservas de Capital, nosso ponto de partida, merece um destaque especial. Ela
apresenta uma característica marcante: representará recursos que entraram na empresa sem
terem transitado pelo Resultado como receita (não estarão evidenciadas na DRE, portanto).
Explicando melhor, a conta informará variações não relacionadas às atividades operacionais
da entidade.
A conta Reservas de Capital representa ingressos oriundos de contribuições feitas por acionis-
tas, as quais não são relacionadas com as vendas de produtos, mercadorias ou serviços. Não
são, por isso, tributados. Ao menos quando da entrada dos ativos correspondentes.
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A conta Reservas de Reavaliação fora extinta, a partir de 01/01/2018, pela Lei n. 11.638/07.
Ela representava as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elemen-
tos do ativo derivados de novas avaliações com base em laudo aprovado pela assembleia geral.
Como “período de transição”, a mesma lei facultou às empresas que possuíam saldo na
reserva de promover o seu estorno até 31/12/2008. Outra opção seria deixá-los até sua com-
pleta realização por meio do reconhecimento dos institutos da depreciação, da amortização
ou da exaustão.
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A conta Reserva de Lucros representa, como o próprio nome indica, a parte do lucro retido
pela empresa em seu PL ao final do exercício social. Terão, pois, finalidades específicas e, por
isso, são divididos em subgrupos de contas, quais sejam:
• Reserva Legal;
• Reserva Estatutária;
• Reserva para Contingências;
• Reserva de Incentivos Fiscais;
• Reserva de Retenção de Lucros; e
• Reserva de Lucros a Realizar.
Dentro do grupo da Reserva de Lucros, temos, atualmente, as contas sintéticas Reserva Legal,
Reserva Estatutária, Reserva para Contingências, Reserva de Incentivos Fiscais, Reserva de
Retenção de Lucros e Reserva de Lucros a Realizar.
Letra b.
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Sobre os aspectos contábeis, não é objetivo do curso fazermos aprofundamentos, uma vez
que temos a disciplina de Contabilidade para nos ajudar nesse trabalho. Para fins de Auditoria,
podemos apontar o procedimento de recálculo como um importantíssimo (talvez o principal,
no início dos trabalhos) instrumento de aferição da regularidade da formação das subcontas.
Note que há limites percentuais a serem observados na formação das contas que formam
a Reserva de Lucros (grifei):
Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de
lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a assembleia delibe-
rará sobre aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social ou na distribui-
ção de dividendos.
Existe, ainda, um limite específico para a constituição da Reserva Legal (5% do Lucro Lí-
quido do exercício, limitado a 20% do Capital Social). Ainda sobre a Reserva Legal, lembremo-
-nos de que a conta contábil tem como finalidade registrar um montante do capital que seja
capaz de assegurar a integridade do capital social, só podendo ser utilizada para dois fins,
quais sejam:
• compensação de prejuízos; e
• aumento do Capital Social.
O tema, volta e meia, aparece em provas, e pode, muito bem, ser usado na formulação
de uma questão de Auditoria. Veja um exemplo dessa aplicação num concurso relativamen-
te recente.
O assunto é tratado pelo artigo 193, § 2º, da Lei n. 6.404/76, que assim dispõe: “a reserva legal
tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para com-
pensar prejuízos ou aumentar o capital”
Certo.
A Reserva Estatutária é aquela criada pela Companhia a partir de previsão de seu estatuto.
Para tanto, necessário que seja informado o seu propósito, base de cálculo e percentual limite
do lucro líquido.
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Nesse contexto, da Auditoria será exigida análise desse pressuposto, o que pode ser alcan-
çado a partir da aplicação do procedimento de inspeção, mediante exame de documentos e re-
gistros do estatuto e atas correspondentes. Como nos documentos também deverão constar
os percentuais e valores, novamente o recálculo se mostrará importante também aqui.
Esse mesmo caminho pode ser seguido pelo Auditor quando das análises a serem realiza-
das na conta Reserva de Contingência. Essa, você deve se lembrar, deverá ser criada a partir
de deliberação da Assembleia Geral, manifestada em ata. A finalidade é estabelecer uma reser-
va capaz de suportar eventual contingência com razoável chance de ocorrência, e cujo valor
possa ser estimado.
A conta Reserva de Incentivos Fiscais poderá ser apreciada, numa Auditoria, partindo dos
aspectos legais e regimentais que suportaram a sua criação.
Aproveitemos o momento para discutir um tema explicitamente cobrado no edital: as sub-
venções governamentais. São, elas, incentivos oferecidos pelo governo, manifestados por
meio de subsídio, doação ou prêmio. Pode se revelar, inclusive, mediante isenção ou redução
de determinado tributo por certo período. O tema é tratado, em maiores detalhes, pelo CPC 07
– Subvenção e Assistência Governamentais. Segundo a norma (grifos meus):
3 (...)
Subvenção governamental é uma assistência governamental geralmente na forma de contribuição
de natureza pecuniária, mas não só restrita a ela, concedida a uma entidade normalmente em troca
do cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas às atividades operacionais da
entidade. Não são subvenções governamentais aquelas que não podem ser razoavelmente quantifi-
cadas em dinheiro e as transações com o governo que não podem ser distinguidas das transações
comerciais normais da entidade.
Portanto, a subvenção acontece, geralmente, a partir de exigências, feita pelo ente público,
no sentido de que o beneficiário ofereça uma contrapartida. Essa, geralmente, é manifestada,
na prática, por meio da promessa de instalação de uma fábrica ou a expansão de suas ativi-
dades, manutenção de empregos, entre outros. Até o advento da Lei n. 11.638/2007, o bem ou
direito era reconhecido a crédito de Reservas de Capital.
Atualmente, após revisão do CPC 07, a contabilização de uma subvenção governamental deve
seguir o determinado no item 12, que dispõe: “uma subvenção governamental deve ser re-
conhecida como receita ao longo do período e confrontada com as despesas que pretende
compensar, em base sistemática, desde que atendidas as condições deste Pronunciamento. A
subvenção governamental não pode ser creditada diretamente no patrimônio líquido.
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A subvenção governamental, inclusive subvenção não monetária a valor justo, não deve ser
reconhecida até que exista razoável segurança de que:
• a entidade cumprirá todas as condições estabelecidas e relacionadas à subvenção; e
• a subvenção será recebida.
A apropriação ao resultado do exercício deve ser feita com plena observância ao Regime
de Competência. Isso quer dizer que a subvenção será reconhecida como receita na demons-
tração do resultado nos períodos ao longo dos quais a entidade reconhece os custos relacio-
nados à subvenção que são objeto de compensação. Esse é um ponto que deve receber a
atenção do Auditor, o que vale para a sua prova.
Se fôssemos seguir a redação anterior do CPC 07, a subvenção deveria ser contabilizada, após
cumpridas as condicionantes pactuadas com o ente a concedeu, como receita ou, opcional-
mente, criada uma conta de reserva específica no PL da entidade. Considerando a atual reda-
ção do pronunciamento, o reconhecimento, atendidas as condições impostas pelo CPC, passa
a ser como receita. Gabarito Oficial, à época: letra e. Hoje, porém, não teríamos resposta entre
as alternativas apresentadas pela banca.
Letra e.
Mas...
A regra é que a contabilização da subvenção seja feita no resultado, como receita. Porém, há
exceção. Assim, enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento da receita com
subvenção na demonstração do resultado, a contrapartida da subvenção governamental regis-
trada no ativo deve ser feita em conta específica do passivo.
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Ainda segundo o CPC 07, há situações em que será necessário que o valor da subvenção
governamental não seja distribuído ou de qualquer forma repassado aos sócios ou acionistas,
fazendo-se necessária a retenção, após trânsito pela Demonstração do Resultado, em conta
apropriada de patrimônio líquido, para comprovação do atendimento dessa condição.
Nessas situações, tal valor, após ter sido reconhecido na DRE, pode ser creditado à reserva
própria (Reserva de Incentivos Fiscais), a partir da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados.
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Art. 196. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deliberar reter par-
cela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado.
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da retenção de
lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou
circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo
maior, de projeto de investimento.
§ 2º O orçamento poderá ser aprovado pela assembleia-geral ordinária que deliberar sobre o balan-
ço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um exercício social.
Portanto, estamos diante de uma reserva também formada a partir da deliberação da As-
sembleia Geral. Conhecida, ainda, como Reserva Estatutária ou de Expansão, serve ela para
aplicação em projetos de investimentos. As fontes de recursos devem ser indicadas pela Ad-
ministração, quando da deliberação.
Avalie comigo, agora, como a MRV Engenharia S.A, conglomerado conhecido nacionalmen-
te, tratou do tema em seu Balanço Patrimonial7 relativo ao exercício 2019 (grifos meus):
(..)
Reserva de retenção de lucros
Conforme item (e), parágrafo 3º do artigo 33 do Estatuto Social, esta reserva tem o objetivo de
atender às necessidades de recursos para investimentos futuros, principalmente para capital de
giro, aquisição de terrenos, investimento em ativo imobilizado, intangível e pagamento de juros, de
acordo com o orçamento de capital a ser apresentado para aprovação da Assembleia Geral.
Em 31 de dezembro de 2019, a Administração propôs para aprovação da Assembleia Geral a desti-
nação do saldo remanescente total de lucros acumulados, no montante de R$491.800, para a reser-
va de retenção de lucros.
Em Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária, realizada em 25 de abril de 2019, foi aprovada a
destinação dos lucros remanescentes de 2018, no montante de R$475.933, para esta reserva, e a
capitalização de R$43.929, sem emissão de novas ações.
Em 1º de janeiro de 2018, a Companhia reconheceu nesta rubrica do patrimônio líquido o efeito da
adoção inicial do CPC 48 / IFRS 9 no valor de R$104.107.3.
(...)
7
Disponível em <https://ri.mrv.com.br/Download/4T19---DFP?=zbPSa4RjBtrbvYJ4ePL/kQ==> acessado em
12/01/2020
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Para concluirmos nosso estudo da Auditoria sobre as contas de Reservas de Lucros, trate-
mos da Reserva de Lucros a Realizar. Seu principal objetivo é evitar que a entidade se endivide
para fins de distribuição de dividendos de lucros que, efetivamente, ainda não foram realizados.
Temos no recálculo, assim, um procedimento altamente recomendado na apreciação da
conta, na medida em que caberá ao Auditor avaliar, por exemplo, se os cálculos relativos à dis-
tribuição de dividendos foram feitos em obediência aos limites legais e estatutários.
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que regis-
trem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da compa-
nhia.
(...)
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
(...)
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimo-
nial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei n. 11.941,
de 2009)
A nomenclatura, vale dizer, permanece, sendo ainda muito utilizada no âmbito dos estudos
e exposição da Ciência Contábil pela literatura. Porém, não deverá aparecer no Balanço. É de-
ver da administração, até o momento da publicação do relatório contábil, promover a destina-
ção do lucro auferido pela entidade no período.
Caso, eventualmente, venhamos a nos deparar com a conta Lucros Acumulados no BP,
deverá ela estar, necessariamente, com saldo “zerado”. Por outro lado, é possível que, na Au-
ditoria do PL, nos deparemos com saldo na conta Prejuízos Acumulados. Conta essa que,
legalmente, ainda pode aparecer no BP.
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Fundamental será, portanto, numa Auditoria dessas contas, uma análise detalhada sobre
aqueles registros constantes na Demonstração do Resultado do Exercício8, a famosa DRE. Ao
final do período, do confronto dos saldos de cada um desse subgrupo de contas (Receitas x
Despesas), conseguiremos identificar se essa entidade gerou lucro (Receitas > Despesas) ou
incorreu em prejuízo (Receita < Despesas).
De forma ampla, os procedimentos e testes de auditoria aplicados nesse agrupamento de
contas terão como finalidade principal atestar o INTEGRAL registro de todas as receitas e de
todas as despesas. Entra nessa lista, ainda, a verificação sobre o atendimento, pela entidade,
dos princípios e normas de contabilidade, bem como, claro, da legislação tributária, foco da
nossa disciplina.
A correta CLASSIFICAÇÃO, a EXATIDÃO dos registros e o atendimento aos critérios de
RECONHECIMENTO de uma receita ou de uma despesa influenciarão diretamente na apuração
de diversos tributos, a começar por aqueles que incidem sobre a saída e circulação de merca-
dorias, produtos ou serviços (ICMS, ISSQN ou IPI, por exemplo). Mas, de forma especial, trarão
interesse destacável na apuração do lucro tributável, base de cálculo do IRPJ e da CSLL.
É sabido que as modificações ocorridas nas contas de resultado têm repercussão direta
nas contas do Ativo, em especial nas disponibilidades (Caixa e Bancos), e vice-versa. Essa
“interação” também ocorre com contas do Passivo. Não por menos, a suscetibilidade à fraude
verificada naquelas contas patrimoniais se reflete aqui, nas contas de resultado.
Inspirados no método das partidas dobradas, verificaremos uma constante e inafastável
“conversação” entre esses grupos de contas, de forma que não há como imaginar uma frau-
de, de forma isolada. Esse é, talvez, o principal motivo pelo qual se orienta que os testes nas
contas de resultado sejam aplicados de forma concomitante com aqueles indicados para as
contas patrimoniais. É o que a doutrina chama de procedimento de correlação ou exame de
contas correlatas.
8
Vale a pena lembrar que a Estrutura Conceitual Básica (CPC 00) cita a possibilidade de que as receitas e des-
pesas possam ser incluídas “fora da Demonstração do Resultado”, figurando na Demonstração do Resultado
Abrangente (item7.15). O tema tem mais importância no estudo da disciplina de Contabilidade.
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O edital nos força a buscar – e é justamente o que faremos nas próximas páginas – uma
inspiração um pouco maior na disciplina de Contabilidade para compreendermos alguns dos
tópicos por ele cobrados.
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Nem toda variação positiva do PL significa entrada de ativos ou diminuição de passivo oriundo
de receitas. A Auditoria poderá constatar, por exemplo, que eventual aumento do PL tenha sido
ocasionado por aumento do Capital Social, mediante integralização. Esse, como vimos, não se
enquadra no conceito de receita.
O desaparecimento, ainda que parcial, de um passivo, sem que, proporcionalmente, tenha de-
saparecido um passivo, se enquadra no conceito de receita.
Certo.
EXEMPLO
Suponhamos que a Criativa Indústria e Comércio de Calçados tenha vendido 2.000 unidades
de seu produto, ao preço unitário de R$10,00 (dez reais), sendo 50% à vista e o restante a
prazo. Nessas circunstâncias, a Contabilidade deverá registrar a receita no valor total da venda
(R$20.000,00), ainda que somente metade do valor (R$10.000,00) tenha entrado nos cofres da
empresa no ato da venda.
Em regra, as receitas devem ser testadas para verificar a existência de possível SUBAVA-
LIAÇÃO do saldo dessas contas de receita, ou seja, registros feitos com saldos a menor do
que o real.
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A definição se refere às despesas, e está presente no CPC 00 (R2), que versa sobre a Estrutura
Conceitual para Relatório Financeiro.
Letra a.
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Para fins de Auditoria Fiscal, também em relação às contas de Despesa, nos curvemos à
necessidade de uma apreciação que se dedique a avaliar a correta classificação e reconhe-
cimento de dispêndios nas DCs, em respeito às normas e princípios contábeis e societários.
Também, é claro, à legislação tributária, tendo em vista o potencial impacto dessa inobservân-
cia no cálculo e recolhimento de tributos.
O registro de despesas, assim como vimos em relação às receitas, também deve observân-
cia ao Regime de Competência. Isso quer dizer que o reconhecimento dela deve ser no exato
momento em que incorrida, não importando quando ocorreu o efetivo pagamento ou saída de
recursos correspondentes.
Numa Auditoria do IRPJ, torna-se relevante verificar as rubricas, representativas de gastos,
que foram levados, como se dedutíveis fossem, à apuração do tributo e da CSLL. Seguindo o
que determina a Lei n. 9.249/95, em seu art. 13, são indedutíveis da base de cálculo do impos-
to federal, em regra, aquelas não relacionadas diretamente à produção ou comercialização de
bens e mercadorias, ou prestação de serviços, como doações; brindes; alimentação de sócios,
acionistas e administradores.
São alguns dos principais procedimentos aplicáveis na execução da auditoria sobre o gru-
po de contas:
• o recálculo, por exemplo, na conferência de cálculos relativos a encargos havidos em
relação a operações de empréstimos e financiamentos;
• a inspeção, mediante exame de registros ou documentos, voltados a contratos diversos
(empréstimos e financiamentos, água, luz, telefone, aluguel);
• a confirmação externa, direcionada aos beneficiários de ativos saídos da entidade, como
liquidação de títulos a pagar.
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Para que detectemos divergências nessa conta, fundamental que apliquemos testes dire-
tamente para superavaliação (tendência, no campo da auditoria de tributos) e, indiretamente,
para subavaliação. Um custo superavaliado passa, necessariamente, por um saldo de estoque
inicial e/ou de entrada também superavaliados (a maior que o real); ou um estoque final su-
bavaliado (menor que o real).
Para que não haja dúvidas dessa mecânica, observemos como se comporta a conta CMV
a partir da alteração de itens que compõem essa fórmula. Usemos uma tabela para que você
entenda como se dá a superavaliação do custo, interesse maior numa Auditoria de tributos
como o IRPJ, ok? Então, observe:
A engenharia feita (aumento artificial do EI e das Entradas, ou redução do EF) nos levará,
necessariamente, a um custo maior que o real. Um custo a maior, por sua vez, significa, regra
geral, lucro contábil a menor. Ao final, teremos uma base de cálculo defasada que, por conse-
quência lógica, implicará numa redução também artificial do IRPF e CSLL a recolher. Portanto,
podemos resumir assim:
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Vamos aprender como seria tudo isso, porém, não com um olhar de Contador de Custos,
mas de AUDITOR-FISCAL de tributos. Isso quer dizer que não darei, aqui, uma aula sobre um
tema que será detalhadamente explicado pela disciplina própria, mas apenas na parte que in-
teressa à Auditoria Tributária.
O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) segue, em certa medida, a mesma mecânica do que
vimos em relação ao CMV. Contudo, há um processo produtivo envolvido, que compreende o
custo incorrido com a aquisição da Matéria Prima (MP) que, ao serem iniciados no processo
produtivo, passaram para a “fase” dos intitulados Produtos em Elaboração (PEE), até chegar-
mos aos Produtos Acabados (PA). Os PEE, vale dizer, são aqueles produtos que não foram con-
cluídos, ainda não integrando um “produto pronto”, ou seja, ainda estão em processamento.
O CPV é encontrado a partir da seguinte fórmula: CPV = Estoque Inicial de Produtos em Ela-
boração + Custo da Produção Acabada – Estoque final de Produtos Acabados. Simplificando...
O EIPA representa aqueles produtos que não passaram por todo o processo produtivo, não
ficaram “prontos” até o final de um período e, por isso, tiveram que ser “transpostos”, na condi-
ção que estavam, para o outro período quando ocorrerá essa conclusão.
Observe que, no meio de tudo isso, temos um item que apresenta “vida própria”: o CPA.
Para chegarmos a ele, porém, precisamos conhecer o CPP (Custo de Produção do Período).
Esse pode ser encontrado a partir da soma de rubricas específicas representativas de custos
incorridos no período: a Matéria Prima (MP), a Mão de Obra Direta (MOD) e os Gastos Gerais
de Fabricação9 (CGF)
Seria, pois, a soma de todo o custo fixo (CF) com o custo variável (CV)... CPP = CF + CV...
ou – também poderíamos assim pensar – seria o mesmo que somarmos os Custos Diretos
(CD) com os Custos Indiretos (CI) do período...CPP = CD + CI.
Encontrado o CPP, aí sim, passaríamos ao cálculo do Custo da Produção Acabada (CPA):
CPA = Estoque Inicial de Produtos em Elaboração + Custo de Produção do Período – Estoque
Final de Produtos em Elaboração, ou...
9
Também conhecido como Custos Indiretos de Fabricação (CIF), como a mão de obra indireta, água e energia
elétrica utilizadas no parque fabril e seguros de máquinas.
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Em resumo, não seria exagero dizermos que o CPV pode ser encontrado por meio do se-
guinte “faseamento”:
Olhando assim, pode parecer difícil. Mas não passa de uma aparência mesmo. É, basica-
mente, o que vimos em relação ao CMV, apenas adaptando a fórmula para a realidade de uma
indústria, que não recebe a mercadoria “pronta” para revender. Em termos de “engenharia” das
contas, distorções detectadas em contas contábeis desse grupo nos indicarão...
Agora, aplique o raciocínio ilustrado por meio de uma questão bem recente da Vunesp.
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Questão polêmica, e que gerou algumas críticas dos candidatos, especialmente pelo uso (ina-
dequado, é verdade) da expressão CMV dentro do contexto de uma indústria (o correto seria
CPV). Porém, vamos fugir desse “vespeiro” e entrar na “essência” dela, no que o examinador,
ao menos, quis se fazer entender ao elaborar a questão. Segundo ele, determinado dispêndio
havido nas operações de uma empresa industrial (ex: salário de funcionário alocado no setor
de vendas) fora incorretamente lançada como Custo de Produção do Período, o CPP (mão de
obra direta – MOD – no nosso exemplo). Vamos a um exemplo para ficar mais claro. Suponha-
mos que o gasto registrado incorretamente seja de R$1.000,00 (mil reais).
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Por fim, para fecharmos o tema, enquanto na “fase” de CPP e de CPA, o produto estará no
registrado, em regra, no Estoque. Ao chegar na “etapa” do CPV, indicado estará que o saldo fora
transposto para a DRE, nela incorporada para fins de apuração do resultado do exercício.
EXEMPLO
A Criativa Indústria e Comércio de Calçados, integrante do nosso conglomerado, contratou
um prestador de serviços de manutenção hidráulica para reparos em suas instalações. O
pagamento se deu por meio de dinheiro “vivo”, tendo sido emitido, pelo prestador, apenas um
“recibo” para documentar a operação. Portanto, o ISSQN, a princípio, deixou de ser recolhido,
uma vez não ter sido emitido o correspondente documento fiscal.
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Na auditoria das despesas, vale apontarmos também como úteis aqueles procedimen-
tos e testes indicados para os custos. Detalhe fica por conta da necessidade do recálculo
na apropriação de despesa, como de depreciação e amortização. Também de procedimentos
analíticos; de confirmação externa, com circularização endereçada a eventuais credores de
empréstimos e financiamentos, no tocante aos custos das operações; bem como de inspeção,
mediante exame físico de ativos e de documentos e registros.
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EXEMPLO
A Criativa Comércio de Motocicletas Ltda, revendedora de motocicletas novas e usadas, foi
objeto de uma auditoria fiscal em determinado período. O parâmetro? Uma suposta omissão
de receitas, detectada a partir do cruzamento de dados de suas declarações fiscais. A partir de
uma análise preliminar na ECD e ECF da auditada, foram detectadas algumas divergências. A
partir dos dados extraídos do ambiente Sped, coube ao Auditor proceder a análises indicadas
no relatório preliminar. Observe como, no Razão, se apresentavam os registros relativos à parte
das vendas de motocicletas novas.
Desconsiderando, para fins didáticos, outros lançamentos alusivos ao fato contábil (CPV, esto-
ques, tributos incidentes), verificamos que os registros revelavam a camuflagem de receitas,
que se apresentam como se passivos fossem. No exemplo, dos R$20.000,00 (vinte mil) efe-
tivamente transacionados na saída do produto (motocicleta), apenas R$18.500,00 (dezoito
mil e quinhentos) eram reconhecidos como receitas. Os outros R$1.500,00 (mil e quinhentos
reais) eram levados ao BP em forma de “obrigações” da empresa para com... ela mesma.
Para “justificar” o artifício, quando intimada, a Criativa alegou que buscava meios de “vencer
a concorrência”. Para tanto, oferecia “presentes” aos clientes, tais como emplacamentos, ins-
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O procedimento adotado pela Criativa, logicamente, não encontra amparo contábil, muito
menos fiscal. Em termos de ICMS, como esse tipo de produto, pelas regras do CONFAZ, está
sujeito, em regra, à chamada Substituição Tributária Progressiva (ST-Progressiva)10, não have-
ria maiores consequências na apuração do tributo.
O problema maior estaria, vale dizer, na apuração dos tributos incidentes sobre o lucro,
quais sejam, o IRPJ e a CSLL. Ao reduzir, artificialmente, o valor levado à conta “Receita de
Vendas”, interferirá, decisivamente, na apuração desses tributos.
Agora sim, podemos considerar a etapa devidamente concluída. Fechamos o “módulo” de-
nominado Auditoria Fisco-Contábil. Na próxima, trazemos um resumão sobre o que vimos nas
aulas correspondentes, abrindo espaço para novas questões.
É normal que surjam dúvidas. Nesse caso, não deixe de me procurar pelo fórum, ou mesmo
pelas redes sociais. Será um enorme prazer atendê-lo(a).
Fique, agora, com um resumo das aulas, novos mapas mentais e algumas questões.
10
Na ST-Progressiva, verificaremos uma ANTECIPAÇÃO da retenção e do recolhimento do imposto. Ou seja, o
ICMS será recolhido antecipadamente em relação às operações subsequentes, até a última etapa da cadeia de
circulação da mercadoria ou prestação do serviço. É o caso dos veículos automotores, cuja retenção e recolhi-
mento fica a cargo do fabricante ou importador. É a legislação do ente tributante que regulamentará o instituto.
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RESUMO
Auditoria Fiscal em Contas do Passivo
O objetivo básico das testagens nessas contas será o de avaliar sua PROPRIEDADE, ou
seja, se realmente pertencem à entidade, bem como a EXATIDÃO e correta CLASSIFICAÇÃO
dos eventos, de acordo com os princípios e normas contábeis e legislação tributária.
Dentre os procedimentos mais indicados na execução de uma auditoria nessas contas,
destaque deve ser dado à confirmação externa (ou circularização); à inspeção, com exame
físico do ativo ou com exame de registros e documentos; à observação, à correlação, ao re-
cálculo, aos procedimentos analíticos, além de outros, a depender da finalidade e do tipo de
evidência buscado.
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Quando diante de operações da empresa com terceiros, o Auditor tende a se deparar com ope-
rações fictícias, usadas para maquiar desfalques das disponibilidades. Mas um outro intuito tam-
bém merece atenção: o impacto que o custo dessas operações pode ter na apuração de tributos
federais, notadamente o IOF (incidente sobre esse tipo de operação) e o IRPJ e CSLL (apropriação
desses encargos na apuração do lucro fiscal para optantes pela sistemática do Lucro Real).
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A auditoria com finalidade fiscal na contabilização do Capital Social demandará que a em-
presa auditada demonstre e comprove a ocorrência real do fato contábil, o inclui a efetiva en-
trada dos ativos informados, sejam eles em forma de bens ou de direitos. Isso para, especial-
mente, afastar o risco de que tal tipo de operação tenha sido usado como suprimento indevido
da conta Caixa.
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A conta Reservas, que também deve ser objeto de uma auditoria fiscal, compreende três
subgrupos:
• Reservas de Capital;
• Reservas de Reavaliação;
• Reservas de Lucros.
O respeito à finalidade, bem como observância aos limites percentuais do lucro/ Capital
Social (Reserva Legal) e a correta classificação dentro do BP são algumas das principais fina-
lidades da auditagem dessas contas.
Na conta Ações em Tesouraria, o Auditor deverá se deparar com registros envolvendo re-
compras, feitas pelas empresas, de suas próprias ações. É redutora do PL.
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As contas de Resultado são aquelas por meio das quais a entidade vai informar aos usu-
ários das DCs a ocorrência de determinado evento que tenha proporcionado, à entidade, uma
receita ou uma despesa em determinado período.
A correta classificação, a exatidão dos registros e o atendimento aos critérios de reconhe-
cimento de uma receita ou de uma despesa influenciarão diretamente na apuração de diversos
tributos, a começar por aqueles que incidem sobre a saída e circulação de mercadorias, produ-
tos ou serviços (ICMS, ISSQN ou IPI, por exemplo).
Na auditoria das receitas, especificamente, é importante notar que a entidade deve obedi-
ência ao Princípio da Competência quando do registro dos eventos correlatos.
Esse mesmo critério deve ser observado quando do registro de despesas, e a auditoria
deverá se atentar à necessidade de análises quanto a esse aspecto em especial.
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Em empresas industriais, por sua vez, outros elementos deverão fazer parte desses cál-
culos. Afinal, o estoque tem composição diferente. O CPV é encontrado a partir da seguinte
fórmula: CPV = Estoque Inicial de Produtos em Elaboração + Custo da Produção Acabada –
Estoque final de Produtos Acabados. Simplificando...
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A superavaliação de despesas, por sua vez, também vai afetar o cálculo do lucro tributável.
De natureza devedora, as contas de despesa diminuem a base de cálculo do IRPJ, especifica-
mente nos casos permitidos pela legislação do imposto.
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MAPAS MENTAIS
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c) No caso relatado, não está caracterizado passivo fictício, não sendo cabível o arbitramento
de qualquer valor pela autoridade tributária.
d) Operações financeiras (ou de financiamento) não estão sujeitas ao ISSQN, razão pela qual o
Auditor-Fiscal nunca deve examinar a conta Empréstimos e Financiamentos.
e) Poderá ser arbitrado preço de serviço no valor de R$ 90.000,00 em face da constatação do
passivo fictício.
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d) deve lavrar uma autuação fiscal por presunção de operação tributável não registrada, pois,
de acordo com o inciso I do art. 49 da Lei n. 10.297/1996, houve suprimento de caixa consta-
tado pela existência de empréstimos de sócios, sem comprovação quanto à origem e quanto
à efetiva entrega dos recursos.
e) deve lavrar uma autuação fiscal por presunção de operação tributável não registrada, pois,
de acordo com o inciso VI do art. 49 da Lei n. 10.297/1996, foi constatada a existência de um
passivo oculto, uma vez que o empréstimo não está contabilizado.
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QUESTÕES DE CONCURSO
016. (CEBRASPE-CESPE/SEFAZ-RS/AUDITOR DO ESTADO/2018) Na auditoria em investi-
mentos de controladas, coligadas e de empreendimentos em conjunto, os ajustes de avaliação
patrimonial ocorrem na área do
a) fluxo de caixa.
b) ativo.
c) passivo.
d) patrimônio líquido.
e) ativo diferido.
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Suponha que, após aplicar procedimento constante do programa de auditoria, o auditor te-
nha verificado que a escrituração indicava saldo credor de caixa e que o passivo contemplava
obrigações já pagas. Nesse caso, há indícios que podem levar o auditor a reportar indícios de
omissão no registro de receita.
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Posteriormente, o auditor comprovou que, na data da elaboração do Balanço, alguns dos che-
ques emitidos para pagamento a fornecedores ainda se encontravam em poder da empresa.
Tal procedimento contábil, comprovado pela auditoria externa, implica o(a)
a) aumento das despesas, portanto, a redução do resultado do exercício.
b) aumento do Passivo pela não-realização efetiva do pagamento do cheque.
c) disponibilidade real maior que a disponibilidade contábil.
d) redução das despesas, portanto, o aumento do resultado do exercício.
e) redução do Passivo, sem a correspondente contrapartida do Ativo.
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GABARITO
1. d 37. E
2. e
3. c
4. a
5. e
6. d
7. b
8. C
9. e
10. C
11. C
12. a
13. d
14. b
15. e
16. d
17. E
18. C
19. c
20. C
21. e
22. c
23. a
24. c
25. c
26. C
27. E
28. d
29. a
30. d
31. b
32. C
33. C
34. a
35. a
36. E
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GABARITO COMENTADO
016. (CEBRASPE-CESPE/SEFAZ-RS/AUDITOR DO ESTADO/2018) Na auditoria em investi-
mentos de controladas, coligadas e de empreendimentos em conjunto, os ajustes de avaliação
patrimonial ocorrem na área do
a) fluxo de caixa.
b) ativo.
c) passivo.
d) patrimônio líquido.
e) ativo diferido.
A conta “Ajustes de Avaliação Patrimonial” figura no PL. Nela, a auditoria encontrará classifi-
cadas, “(...) enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de
competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuição de valor atribuído a elementos do
ativo e do passivo, em decorrência de seu valor justo”.
Letra d.
Tenha cuidado com esse tipo de afirmação, quando o examinador, ainda que indiretamente,
nos remete à ideia de que apenas um elemento se mostra capaz de possibilitar ao Auditor
concluir algo. Em regra, será necessária a aplicação de vários testes, obtendo mais de uma evi-
dência. Note que o passivo fora reconhecido. Tanto o é que o Auditor conseguiu fazer a leitura
apontada no enunciado. O que não houve foi a liquidação (pagamento) no prazo estipulado.
Portanto, não se pode falar em passivo oculto. Pensando sob outra perspectiva, suponha que
os títulos já tenham sido liquidados, e a empresa, na verdade, tenha “apenas” deixado de re-
gistrar o evento em sua Contabilidade. Aí, não seria o caso de um passivo oculto, mas fictício.
Enfim, da forma como fora construída a afirmação, não há mesmo como considerá-la correta.
Errado.
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A Reserva Legal tem como finalidade assegurar a integridade do capital social, só podendo ser
utilizada para dois fins, quais sejam: para a compensação de prejuízos e para o aumento do
Capital Social.
Certo.
Uma distorção relevante é, grosso modo, aquela que tem potencial de transmitir alguma infor-
mação incorreta aos seus usuários, interferindo na decisão por eles tomadas. A Reserva de Lu-
cros a Realizar serve para “resguardar” a empresa, evitando que ela pague dividendos aos seus
sócios relativos a lucros que não entrou, de forma efetiva, nos “cofres” da entidade. Houve um
erro, que gera distorção relevante nas DCs. Por outro lado, a falsificação de notas fiscais é uma
espécie de fraude que impacta também na qualidade da informação contábil.
Letra c.
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Posteriormente, o auditor comprovou que, na data da elaboração do Balanço, alguns dos che-
ques emitidos para pagamento a fornecedores ainda se encontravam em poder da empresa.
Tal procedimento contábil, comprovado pela auditoria externa, implica o(a)
a) aumento das despesas, portanto, a redução do resultado do exercício.
b) aumento do Passivo pela não-realização efetiva do pagamento do cheque.
c) disponibilidade real maior que a disponibilidade contábil.
d) redução das despesas, portanto, o aumento do resultado do exercício.
e) redução do Passivo, sem a correspondente contrapartida do Ativo.
A empresa seguia corretamente procedimentos indicados para esse tipo de operação (paga-
mento de obrigações com fornecedores). Pelo menos do ponto de vista contábil. Porém, efe-
tivamente, havia falhas no processo, uma vez ter sido constatado que o pagamento não fora
feito de forma real. Assim, verificou-se uma disponibilidade de caixa real maior que a disponi-
bilidade contábil.
Letra c.
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A conta Fornecedores vai sempre demandar testes com vistas a verificar a existência da obri-
gação, bem com a exatidão e correta classificação dos itens nele registrados. Para tanto, tor-
na-se necessária o confronto de documentos (NF-e e duplicatas, por exemplo) com os valores
efetivamente registrados no Livro Razão.
Certo.
Um passivo oculto é uma obrigação que existe, mas não foi escriturada, ou seja, existe uma
dívida real da empresa para com terceiros, porém, não devidamente contabilizada. Como ela
não está “visível”, o saldo do Passivo está com valor inferior ao real, portanto, subavaliado, e
não superavaliado.
Errado.
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Empresa “séria”? Bem, desconsiderando a ironia do examinador, note que ele, pelo contexto,
procurou deixar subentendida a existência de alta probabilidade de que a empresa fosse mul-
tada e que, com isso, despenderia vultosa quantia (R$2.000.000,00). Assim, estariam atendi-
das as condições para reconhecimento do passivo, mediante provisão (CPC 25 Provisões, Pas-
sivos Contingentes e Ativos Contingentes). Como não houve o registro, devemos considerá-lo
como uma obrigação real, mas não contabilizada. Ou seja, um passivo oculto.
Letra d.
É isso. O dinheiro pode até ter entrado no caixa da empresa. Porém, como não cumpriu todos
os requisitos para tal, não pode ser considerada uma receita. Há, pois, uma obrigação, que de-
verá ser liquidada no futuro com o cliente e, por isso, deve ser contabilizado um ativo a crédito
de um passivo.
Letra a.
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Questão complexa, que se espelha na literatura contábil para chegarmos à resposta esperada
pela banca. Marcelo Cavalcanti Almeida (2019) nos ensina que o teste dos salários a pagar e
descontos e encargos sociais a recolher envolve a obtenção e análise de composição do saldo
das contas; a conferência do valor da análise com a respectiva conta do Razão da contabili-
dade; a verificação da não existência de itens antigos ou anormais na análise; e o confronto
dos valores com a folha de pagamento. Portanto, por aproximação, a alternativa que mais se
aproxima do que prescreve a literatura, especialmente do autor, é mesmo a letra “d”.
Letra d.
Um estoque final superavaliado vai provocar uma subavaliação no CMV que, por sua vez, vai
implicar num lucro contábil a maior (superavaliado).
Letra b.
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Alguns dos principais testes e procedimentos aplicáveis nas contas que representarão as de-
preciações incorridas no patrimônio da entidade visam a detectar possíveis distorções havidas
na apuração das parcelas apropriadas em cada período.
Certo.
Excelente questão! O ISSQN é um tributo, você sabe, de competência municipal, e incide sobre
a prestação de serviços, especificamente aqueles listados na Lei Complementar n.116/2003,
regulamentada em leis municipais. Essa lei, em seu art. 6º, prevê a possibilidade de que a
responsabilidade pelo crédito tributário seja atribuída, pelo município, a terceira pessoa. O exa-
minador, então, deixa claro que o município de Porto Alegre teria usado dessa prerrogativa,
atribuindo ao banco essa responsabilidade. A questão, então, é você saber em qual conta con-
tábil o auditor deverá dar maior atenção, considerando o evento hipotético. Pense o seguinte:
qual situação, dentre as listadas, o banco poderá agir na condição de substituto tributário?
Em todos, a exceção da letra “c” (gabarito), o banco atua como contribuinte (é o prestador de
serviço), e não teria como atuar na condição de substituto tributário. A contratar serviços de
terceiros, atuará como substituto do crédito tributário devido na operação, antecipando o reco-
lhimento do tributo incidente nas operações.
Letra c.
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A4. Muitas vezes as informações contábeis fraudulentas envolvem a burla pela administração de
controles que aparentemente estão funcionando com eficácia. A administração pode perpetrar frau-
de, burlando controles intencionalmente por meio de técnicas como: (...) Registrar lançamentos
fictícios no livro diário, em especial no final do período contábil, de forma a manipular resultados
operacionais ou alcançar outros objetivos. (...)”. O melhor seria ter usado a expressão “divergência”
no lugar do termo “erro” (gênero em detrimento da espécie”, o que, tecnicamente, seria aceitável.
Aceitamos o gabarito por eliminação, uma vez que as demais assertivas estão “mais flagrantemente
erradas.
b) Errada. Nos termos do item 27 do CPC 25, a entidade não deve reconhecer um passivo
contingente. Deverá, apenas, divulgá-la, exceto se remota a possibilidade de saída de recursos
(item 28). Nesse caso, não há que se falar em impacto em índices de liquidez.
c) Errada. A Provisão para Perdas estimadas com crédito de liquidação duvidosa é um conta
credora redutora do Ativo, ou seja, não está no Passivo, como pede o enunciado.
d) Errada. Estoque... Ativo. A baixa do estoque se dá, em regra, a partir do reconhecimento de
uma venda de uma mercadoria (produto ou serviço) e consequente CMV (CPV ou CSV).
e) Errada. O reconhecimento de uma despesa antecipada indica um crédito da empresa peran-
te terceiros, ou seja, um Ativo, e não um passivo.
Letra a.
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O examinador quis dizer que algum fato administrativo ocorreu, mas o registro contábil não
ocorreu ou, se ocorreu, não o descreveu com precisão o evento, “inflando” o resultado, deixan-
do-o, portanto, MAIOR QUE O REAL. A perda por desvalorização de ativos intangíveis deve, em
regra, ser reconhecida no resultado, nos termos do item 60 do CPC 01 (R1). Se a sociedade
empresária não o fez, superavaliado estará o resultado.
Letra a.
Os testes principais para detecção de saldos superavaliados na conta Estoques, no Ativo Cir-
culante, serão acompanhados, em regra, de testes secundários para subavaliação (e não su-
peravaliação) na conta Receitas. Pense o seguinte: houve saídas, mas não foi dado baixa no
registro contábil. A conta Receitas tende a estar subavaliada (não reconhecida), ocasionando
saldo “inflado” na conta Estoques (CMV não reconhecido).
Errado.
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A subavaliação (teste principal) da conta Receita de Vendas nos leva a crer que o saldo dela
apresenta-se menor que o real, ou seja, foram realizadas vendas que, contabilmente, não foram
reconhecidas. Ora, se não houve reconhecimento das receitas, testes secundários em contas
do Ativo (Caixa, Bancos e Contas a Receber) tendem a indicar também subavaliação (e não
superavaliação). Isso porque não foram contabilizadas também as entradas de recursos.
Errado.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: abordagem moderna e completa. 9.ed. São Paulo:
Atlas. 2019.
ATTIE, Willian. Auditoria: conceitos e aplicações. 7.ed. São Paulo: Atlas. 2018.
______. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Bra-
sília. 1976.
______. Lei Complementar n. 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos
Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá
outras providências. (Lei Kandir). Brasília. 1996.
______. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional
e institui normas gerais de Direito Tributário aplicáveis à União, estados e municípios. Brasí-
lia. 1966.
______. Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) – Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e
conversão de demonstrações contábeis. Brasília. 2010.
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CREPALDI, Sílvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Auditoria Fiscal e Tributária. 2.ed.
São Paulo: Saraiva. 2019.
FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. 4.ed. São Paulo: Atlas. 2001.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; KANITZ, Stephen; et al. Contabilidade introdutória. São
Paulo: Atlas, 2019.
SÁ, Antônio Lopes de. Corrupção, fraude e contabilidade. 6.ed. Curitiba: Juruá. 2017.
SILVA, Alexandre Alcantara da. Fraudes contábeis: repercussões tributárias, enfoque no ICMS.
Curitiba: Juruá. 2018.
Andrey Soares
Bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduado em Direito e Processo Tributário. Ocupa, atualmente, o
cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, exercendo a função de Delegado da Receita Federal.
É professor de Auditoria e Perícia Contábil. Coleciona aprovações em diversos concursos públicos
municipais, estaduais e federais, entre os quais para a Polícia Civil de MG (foi Investigador) e para a Polícia
Federal (Escrivão). Na RFB, atuou ainda como Analista Tributário.
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