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Pimenta e Pimentão

Introdução:

Botanicamente, não há diferença entre pimentas e pimentões: ambos são derivados


de espécies do gênero Capsicum, e as plantas pertencem à família Solanaceae. Essa
família, inclusive, é a mesma do tomate e da batata.
Mas, diferentemente das demais espécies de Capsicum, o pimentão não
produz capsaicina. Essa substância causa forte sensação de ardência e queimação
quando entra em contato com nossas mucosas.
Dessa forma, a ausência de capsaicina nos pimentões é devida a uma forma recessiva
de um gene presente na espécie desse fruto. Esse gene elimina a substância e,
consequentemente, o sabor “picante”, geralmente associado às demais espécies do
gênero Capsicum. Isso significa que o pimentão tem referência zero na escala Scoville,
a escala que mede a intensidade de ardor das pimentas.
CLIMA:

As condições ideais de cultivo para as pimentas incluem uma posição ensolarada com solo
argiloso quente, idealmente de 21 a 29 °C, úmido, mas não encharcado. Solos extremamente
úmidos podem causar o

"tombamento" das mudas e reduzir a germinação. As plantas toleram (mas não preferem)
temperaturas abaixo de 12 °C e são sensiveis à geada. A floração do pimentão está
intimamente ligada à duração do dia.

As flores podem se autopolinizar. No entanto, em temperaturas extremamente altas (33 a 38


°C), o pólen perde a viabilidade e as flores são muito menos propensas a se polinizar com
sucesso.

SOLO:

Os pimentões podem ser cultivados em muitos tipos de solo mas crescem melhor em solos
profundos, argilosos e bem drenados. 0 pH do solo deve estar na faixa de 5,5 - 7,0. Eles podem
desenvolver raízes fortes e profundas (= 1 m). Inclinações uniformes são desejáveis, pois
facilitam a drenagem, mas não são essenciais. Depressões no campo podem resultar em
inundacões.
ADUBAÇÃO:

A quantidade de adubo a ser aplicada é determinada com base na análise química do


solo e nos boletins-aproximação de cada região. Como na maioria destes boletins não
existem recomendações para a cultura da pimenta, utiliza-se a recomendação feita
para o pimentão.

Aplicar calcário para elevar a saturação de bases a 80% e o teor mínimo de magnésio a
8 mmol/dm3. Em situações onde é muito difícil fazer a análise química do solo,
existem algumas aproximações que auxiliam o produtor quanto às quantidades e tipos
de adubos a serem utilizados. Porém, o produtor terá maiores chances de acerto
fazendo a análise química anual de solo 2-3 meses antes da calagem. A quantidade de
fertilizantes indicada deverá ser distribuída uniformemente no sulco ou no canteiro,
revolvendo bem o solo a uma profundidade de aproximadamente 30 centímetros para
que ocorra uma boa incorporação.

Nos latossolos da região do Distrito Federal adota-se a recomendação de adubação de


plantio de P e K. A adubação nitrogenada deve ser feita na base de 150 kg/ha de N. A
adubação orgânica usada neste tipo de solo deve ser na razão de 30 t/ha de esterco de
curral ou 10 t/ha de esterco de galinha. Além de NPK, fontes de B e Zn devem ser
aplicadas no solo antes do plantio na base de 15-20 kg/ha.

No Estado de São Paulo, recomenda-se a adubação mineral e calagem publicada no


Boletim Técnico 100 do Instituto Agronômico de Campinas. Os fertilizantes devem ser
aplicados 10 dias antes do transplante das mudas, no sulco de plantio, em quantidades
de acordo com a análise do solo. Na adubação orgânica utiliza-se 10 a 20 t/ha de
esterco de curral curtido, ou 1/4 dessas quantidades de esterco de galinha curtido.
Acrescentar à adubação de plantio 1 kg/ha de B e de 10 a 30 kg/ha de S.

A EPAMIG, por meio do Boletim Técnico nº 56, recomenda para a cultura da pimenta,
doses de 20 t/ha de esterco de curral ou 5 t/ha de esterco de galinha por metro de
sulco. Em seguida, aplicar também ao longo do sulco o adubo químico e misturar tanto
o esterco como o adubo com a terra por meio de duas passadas de cultivador no fundo
do sulco.

Até a fase de florescimento, as adubações de cobertura são feitas com adubo


nitrogenado e durante a frutificação com uma mistura de adubo nitrogenado com
potássico, em intervalos de 30-45 dias. No caso das pimentas, em que a colheita pode
prolongar-se por mais de um ano, as adubações de cobertura devem ser feitas até o
final do ciclo com base em observações no crescimento ou aparecimento de sintomas
de deficiências nutricionais.
CULTIVARES:

Pimentas como a jalapeño e caiena também são Capsicum annuum - ou seja é uma
espécie com várias plantas cujo cultivo as tornou diferentes em alguns aspectos.

O pimentão, na teoria seria uma pimenta, porém sem o sabor picante, porque seu
cultivar não produz a capsaicina: substância responsável pelo picante.

O pimentão verde é aquele que não amadureceu (foi colhido verde) e apresenta sabor
mais forte e intenso que o vermelho, que é o fruto totalmente amadurecido e de sabor
mais adocicado. Pimentões de coloração alaranjada, roxa e creme, por exemplo, são
frutos de plantas diferentes. Por fim, algumas variedades não apresentam alteração de
cor durante a maturação dos frutos.

POLINIZAÇÃO:

As pimentas têm flores perfeitas e reproduzem-se preferencialmente por


autofecundação. Entretanto, a quantidade de polinização cruzada natural
pode variar com a cultivar e com outros fatores ambientais, sendo a
presença de insetos polinizadores o mais importante. O isolamento dos
campos de produção de sementes de diferentes cultivares deve respeitar
uma distância mínima de 300m para a classe fiscalizada. Na produção de
sementes híbridas, apesar da polinização artificial ser feita antes da
abertura das flores femininas maduras, recomenda-se manter a separação
física de outros genótipos, devido ao risco de contaminação genética por
insetos (microhimenópteros) que perfuram botões florais fechados em
busca de pólen e néctar.

DOENÇAS E PRAGAS:

A doença “mosaico das nervuras” apresenta distribuição mundial, sendo uma das viroses mais
comuns afetando espécies do gênero Capsicum. No Brasil, o PVY é de ocorrência frequente em
áreas produtoras, podendo infectar diversas solanáceas como o tomate (Solanum
lycopersicum L.), a batata (Solanum tuberosum L.), o pimentão (Capsicum annuum L.) e o fumo
(Nicotiana tabacum L.), além da pimenteira, causando sérios prejuízos. Pode ainda infectar
espécies pertencentes às famílias Amaranthaceae, Chenopodiaceae, Asteraceae e Fabaceae.
No campo, hospedeiras alternativas infectadas podem servir como fonte do vírus e/ou abrigar
o inseto vetor. Em lavouras de pimenta, PVY é frequentemente encontrado

TRATOS CULTURAIS:
Durante o ciclo da pimenteira devem ser realizadas várias práticas
culturais, tais como irrigação (ver Irrigação), manejo de plantas
invasoras (ver Manejo de plantas daninhas), de insetos pragas
(ver Pragas e métodos de controle) e patógenos
(ver Doenças e métodos de controle), adubação de cobertura (ver Adubação),
desbrota, tutoramento e ‘mulching’.

As plantas de pimentão são tutoradas tanto no sistema de cultivo protegido como


em campo aberto. As hastes lenhosas da maioria dos tipos de pimenta dispensam
tutoramento e desbrota. Entretanto, caso apareçam brotações na haste principal
abaixo da primeira bifurcação , elas podem ser retiradas. Em locais de ventos
fortes, pode ocorrer a necessidadede se fazer tutoramento da planta (colocando-se
uma estacade madeira ou bambu juntoà planta) ou o plantio de quebra-vento em
voltado campo(capim-elefante, milho, cana-de-açúcar).

Para se evitar o aparecimento de plantas invasoras, a ocorrênciade doenças de


solo, manter a temperaturado solo e reduzir a evaporação da águado solo, pode-
se colocar um filme de plásticode cor negra(‘mulching’) ou dupla-face, ou seja,
negro de um lado e branco e outro. Neste caso, o lado branco deve ficar para cima
para refletir a radiação, e assim evitar o aquecimentodo solo. A colocação do filme
pode ser feita antes ou após o transplante.

COLHEITA:

De acordo com especialistas, é possível colher os pimentões de 100 a 110 dias após
a semeadura. Em estufas, o processo é mais lento e a colheita pode demorar até
nove meses. Portanto, para evitar desperdícios, é importante colher quando a venda já
estiver fechada.

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