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Para ficar mais claro, vou usar como exemplo a obra A Criação do Homem
(ou O nascimento de Adão), de Michelangelo. Escolhi essa pintura por
tratar-se de um tema que ainda veremos esse ano: Renascimento. Essa obra
é cheia de características que marcam o estilo da época e do artista.
A Criação do Homem. Michelangelo. Pintura em afresco. 1511-1512.
Capela Sistina, Roma.
1) ANÁLISE OBJETIVA
Nessa obra podemos ver um homem barbudo vestido com uma manta. Ele
parece estar voando sobre uma grande nuvem escura. Dentro dessa nuvem
tem outras pessoas que parecem estar o ajudando. Esse homem esta
tentando alcançar um outro homem que repousa sobre uma rocha. Esse
outro homem está nu e também se esforça para alcança-lo. Alguns anjos
inclusive parecem estar assustados diante de tudo. Percebe-se uso de muitas
cores, porem muito discretas e suaves. O foco da composição esta no
centro, para onde se direcionam todos os olhares.
2) ANÁLISE SUBJETIVA
Certamente se trata de uma passagem bíblica, no caso, como indica o nome
da obra, o nascimento de Adão, por isso a obra tem função,
predominantemente, religiosa. O homem que toca o dedo de Adão és Deus
rodeado por seus anjos. Ele flutua no Céu, enquanto Adão repousa na
Terra. Para mim permeia na obra um clima de tristeza por que vejo poucas
expressões no rosto deles e as cores suaves transmitem delicadeza, como
que para não competir com o tema. Eu sinto que os personagens forma
cuidadosamente arranjados na obra pois não parecem estar em posições
muito naturais e confortáveis.
3) ANÁLISE FORMAL
Trata-se da cena do livro bíblico de Gênesis “A Criação do Homem”. O
detalhe do dedo de Adão encostado ao dedo de Deus é, ao mesmo tempo,
suave e forte, pois transmite o poder da criação, o momento em que Deus
dá sua força divina, seu espirito santo, para o homem. O artista era um
perfeito anatomista, algo muito comum no Renascimento. Por isso Deus
esta sobre a figura de um cérebro, como “o cabeça” de tudo, “a mente
criadora”. As formas perfeitas do corpo de Adão, evidenciadas pelo uso da
luz e da sombra, indicam sua perfeição, também característica comum nas
obras racionais do Renascimento. Esse racionalismo se traduzia em poucas
emoções humanas, cores neutras, muito equilíbrio e simetrismo.
Cada pessoa tem seu jeito de analisar uma obra e muitas vezes o gosto pelo
artista ou pelo movimento artístico influenciam a interpretação da obra. No
entanto para determinadas obras, em especial do período clássico até a
modernidade, essas regrinhas ajudam bastante. Claro que, em se tratando
de arte contemporânea a coisa muda bastante. Seja como for, o mais
importante sempre será estudar e pesquisar sobre o artista e sua época para
melhor compreender seu trabalho, mesmo que você não goste.