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Introdução

A eletroquímica é um ramo da química que se concentra nas correntes elétricas


e potencial gerados por reações químicas. Alguns nomes se incluem na história desta
área de estudos: Luigi Galvani (1737-1798), e suas descobertas acerca da relação
entre contração muscular e eletricidade; Alessandro Volta (1745-1827) inventor da
célula voltaica, popular pilha; Benjamin Franklin (1706-1790) e seus estudos sobre a
compreensão da energia estática; Michael Faraday (1791-1867) que estabeleceu a
“Lei de Faraday” que prediz a produção de eletricidade pela variação de fluxo
magnético. (ZANONI, 2017, p. 663)
Como se vê, esta área basicamente abriu as possibilidades tecnológicas que
fomentaram a revolução industrial. Este artigo irá se concentrar no processo de
oxidação-redução.
O processo de oxidação-redução começa a ser descoberto e compreendido a
partir de fins do século XVIII. A princípio, eram consideradas as reações que envolviam
o oxigênio; mais tarde, também, as que ocorriam sem este elemento. Em fins do
século XIX, Muir descreveu a oxidação-redução com base na adição de uma carga
negativa ou decréscimo de uma carga positiva. Ostwald resumiu a oxidação-redução
em termos eletroquímicos: oxidantes adquirem carga negativa ou liberam carga
positiva; redutores, pelo contrário, adquirem carga positiva ou liberam carga negativa.
Já no início do século XX, Caven e Lader descreveram o processo de oxidação, em
termos gerais, como maior combinação com oxigênio, através da adição de um átomo
deste elemento ou outro átomo eletronegativo, ou através da remoção de um átomo
de hidrogênio; sendo a redução, o processo inverso. (KLEIN et al., 2020, p. 469-470)
Em suma, oxidação pode ser definida com: ganho de oxigênio em reações que
envolvem oxigênio; perda de átomos de hidrogênio, naquelas que envolvem este
elemento; finalmente, perda de elétrons. Por seu turno, redução: é a perda de oxigênio
em reações que envolvem este elemento; é o ganho de átomos de hidrogênio nas que
o envolvem; e, por fim, é o ganho de elétrons.
O número de oxidação (NOX) é uma boa maneira de se compreender a
oxidação. Quando um elemento (no caso, metal) faz uma ligação iônica, cede elétrons
para um ametal, semimetal ou hidrogênio; ou, há uma ligação covalente, na formação
de uma molécula. O NOX: é nulo em substâncias em sua forma simples; é o mesmo
que à carga de seus íons; em elementos compostos, sua soma é nula; em elementos
de íon composto é o mesmo que sua carga. Assim, para facilitar a compreensão,
oxidar é aumentar o NOX através da perda de elétrons; redução, por outro lado, é a
redução do NOX através do ganho de elétrons.
Em um exemplo prático: Zn0 + Cu2+ → Zn2+ + Cu0
O zinco (Zn) perde dois elétrons, ficando com carga positiva. O Cobre (Cu), por
seu turno, ganha dois elétrons, zerando sua carga. Aqui, o NOX do zinco aumentou e
o do cobre diminuiu. O primeiro, portanto, oxidou; o segundo, reduziu; o primeiro é um
agente redutor; o segundo, oxidante.
Um exemplo de redução, de maneira simples, pode ser descrito da seguinte
forma: Au3+ + 2e → Au1+
Acima, o ouro (Au) tinha carga iônica de 3+ e, ao ganhar dois elétrons, reduziu
seu NOX, sendo, pois, uma reação de redução.
Como o termo oxidação surgiu devido à compreensão de que estas reações
ocorressem em presença de oxigênio, pode-se usar o exemplo da formação do óxido
de alumínio (Al2O3): 4 Al(s)0 + 3 O2(g) → 2 Al2+3 O3(s)
O alumínio foi oxidado (teve o NOX aumentado), pois perdeu elétrons para o
oxigênio nesta ligação iônica. Este último, reduziu, pois diminuiu o seu NOX: 4Al0 -
12e- → 4Al3+ (oxidação); 6O0 +12e- → 6O2- (redução).
Nota-se a necessidade de se levar em consideração a família na tabela
periódica dos elementos envolvidos nesta reação, a chamada “Regra do Octeto”, ou
8 elétrons em sua última camada para se estabilizarem (SUBRAMANIAN et ali, 1989).
Com base nesta regra, o alumínio pertencente à família IIIA tem facilidade de perder
elétrons seus três elétrons da última camada. Como são 4 átomos de alumínio, são
12 elétrons. O oxigênio, pertencente à família VIIA, para se estabilizar, precisa de dois
elétrons. Como são 6 átomos deste elemento, os 12 elétrons do alumínio são cedidos
a ele.
Há que se falar, ainda, do potencial padrão de redução (E0). Em um sistema
fechado, o fluxo de elétrons ocorre do polo com menor potencial elétrico (ânodo) para
aquele de maior potencial (cátodo).
Para referenciar este princípio, a Pilha de Daniell é um exemplo clássico.
Formada por dois eletrodos, um de zinco (Zn) mergulhado numa solução de sulfato
de zinco (ZnSO4) e outro de cobre mergulhado numa solução de sulfato de cobre
(CuSO4). Um fio condutor liga os dois eletrodos e é aparelhado por um voltímetro para
medir a corrente. Uma ponte salina une os dois vasilhames (béqueres) das
respectivas soluções para manter o equilíbrio iônico.
Este exemplo moderno, pois, possui alterações do original (COSTA, 2021, p.
1652), demonstra, no entanto, a direção da corrente de elétrons saindo do eletrodo de
zinco para o de cobre.
Tal conhecimento marcou a produção de “células” as quais, em conjunto, foram
chamadas pelo próprio Daniell como “bateria” (COSTA, 2021, p. 1660), e que serviram
para a expansão das redes de telégrafo.
Finalmente, após citar uma tecnologia possibilitada pelo conhecimento químico
(o telégrafo), o mundo criado a partir das revoluções tecnológicas (a Revolução
Industrial a partir de fins do séc. XVIII) trouxe consigo deterioração ambiental. No caso
da atmosfera, os gases lançados nos últimos 250 anos, para se fixar apenas ao objeto
deste relatório, produzem a “chuva ácida”. Naturalmente, a chuva possui certa acidez
advinda do dióxido de carbono (CO2) produzido pela respiração dos seres vivos e pelo
nitrogênio (N2) presente na atmosfera, o qual reage com o oxigênio (O2): CO2(g) +
H2O(l) → H2CO3(aq) e N2(g) + O2(g) → 2NO(g).
A partir da Revolução Industrial, no entanto, outros gases passaram a ser
lançados na atmosfera, sobretudo os óxidos de enxofre (SO2 e SO3), os quais,
reagindo com a água, formam ácidos: SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq) (ácido sulforoso).
E, com a oxidação do dióxido de enxofre (SO2) na atmosfera, formar o trióxido
de enxofre (SO3) que, em contato com a água suspensa no ar atmosférico, produz
ácido sulfúrico (H2SO4): SO2(g) + ½ O2(g) → SO3(g); SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq) (SILVA,
2021, p. 17-18).
É com base nestes conhecimentos que se procederão os experimentos acerca
de oxidação e redução realizados em laboratório de química tecnológica.

Referências bibliográficas

COSTA, Mayra Cristina da Silva. A pilha de Daniell: um estudo de caso histórico. In


Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 38, n. 3, 2021, p. 1650-1673.
KLEIN et ali. Reações de oxi-redução: uma proposta de abordagem em sala de
aula. In Experiências em Ensino de Ciências, v. 15, n. 1, 2020, p. 468-487.

SILVA, Márcio Gomes da. Uma análise do tema chuva ácida nos livros didáticos
de Química aprovados no PNLD do ano 2018. Recife, 2021. 41 f. Monografia
(Licenciatura em Química). Departamento de Química da Universidade Federal Rural
de Pernambuco (UFRP), 2021.

SUBRAMANIAN et ali. Tópicos em ligação Química II – sobre o mérito da regra


do octeto. In Química Nova, v. 12, n. 3, 1989, p. 286-291.

ZANONI et ali. Panorama da Eletroquímica e Eletroanalítica no Brasil. In Química


Noca, v. 40, n. 6, 2017, p. 663-669.

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