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Direito Constitucional | Material Complementar

Professor Cristiano Lopes

Direitos e deveres individuais e coletivos – Parte IV

Sigilo de correspondência e de comunicação


XII – É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso (comunicações telefônicas), por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal.
A inviolabilidade de correspondência, e de dados pode-se dizer que a Constituição Federal não
estabelece exceções quando a sua violabilidade, diferentemente das comunicações telefônicas, visto que
essas podem ser violadas por ordem judicial para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal, e neste mesmo sentido o que estabelecer a lei 9.296/96 ao autorizar a interceptação telefônica. Deve-se
levar em conta que a violabilidade só e possível pelo poder Judiciário, e por obediência a harmonia dos poderes
e da cláusula de reserva jurisdicional, proibindo neste caso o legislador infraconstitucional de autorizar a
quebra de tal sigilo, bem como decisões administrativas. Em relação a CPIs podem determinar quebra do
sigilo fiscal, bancário e de dados, incluindo os telefônicos (lista de ligações feitas e/ou recebidas) mas não
podem determinar interceptação telefônica (escuta, grampo) por conta da cláusula de reserva jurisdicional.

FIQUE LIGADO!!!

Lembre-se que nenhum direito é absoluto! Dessa forma, embora a Constituição diga que somente as
comunicações telefônicas podem ser violadas, por meio de decisão judicial, as outras (sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas) também podem. Ex.: carta do preso enviando
ordem aos comparsas que estão fora da cadeia.

Liberdade de profissão
XIII – É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer.
A liberdade de profissão é um direito individual e está condicionada às opções e vocações de cada
pessoa, podendo ser restringida, unicamente, quando se tratar de exigência legal de atendimento às
qualificações profissionais. Neste sentido, algumas profissões estão sujeitas alguns requisitos e que não viola a
livre expressão de atividade, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal que é constitucional a exigência de
aprovação no exame da ordem dos advogado do Brasil pois tal profissão estar relacionado com direitos de
terceiros. Outra profissão que não viola tal direito, é a de jornalismo, pois não precisa de diploma
universitário para exercer tal profissão.

XIV - É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional.
O acesso a informação, é um direito essencial do Estado Democrático de Direito, pois a democracia é
realizada com a participação da sociedade e o acesso a informação é um dos requisito para seu exercício. O
direito a informação é para assuntos pessoais ou da coletividade, garantido a todos os cidadãos com o objetivo
de fornecer informações relacionadas a assuntos público. Tal acesso pode-se dizer que é absoluto, pois a leis
restringe o acesso a informações quando em segredo de justiça. Aqui é protegido o sigilo profissional,
considerando crime a violação de segredo profissional, ou seja, quem passa informações relacionadas com o
cargo, função que exerce.
Direito de locomoção
XV – É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

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É assegurado a todos a livre locomoção, permanecer em qualquer lugar. Agora em casos de guerra
poderá haver restrição com o objetivo de garantir a segurança e a integridade do Estado. Esse direito a livre
locomoção abrange o direito de entrar e sair do território nacional, de permanecer e se deslocar do território
nacional.
Direito de reunião
XVI – Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente.
O art. 5º, XVI, da CRFB/88, garante que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-aviso à autoridade competente, tratando-se, pois, de
direito individual o coligar-se a outras pessoas, para fim lícito. A Constituição Federal impõe, ainda, algumas
condicionantes para que haja um exercício genuíno e lícito do direito, quais sejam:
 Reunião pacífica – não se legitima uma reunião que tenha fins não-pacíficos;
 Sem armas – para evitar a violência ou coação por meio de armas;
 Locais abertos ao público – encontra-se subentendida a reunião em local fechado;
 Independente de autorização – não precisa de autorização;
 Necessidade de prévio aviso – precisa de prévia comunicação a autoridade competente

DIREITO DE
REUNIÃO

Requisitos: Policiamento:
1. reunião pacífica e sem 1. em locais públicos
Consiste no agrupamento de
armas;
duas ou mais pessoas com o somente haverá intervenção se
fim de trocar ou receber 2. exigência de aviso prévio à houver necessidade lícita;
informações. autoridade competente,
independente de sua 2. Em locais fechados vale a regra
autorização. da inviolabilidade domiciliar.

Direito de Associação
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
O direito de associação, de acordo com os ensinamentos de Pontes de Miranda, “

”.
Queridos concurseiros, dentre os elementos nucleares das associações, podemos destacar:
plurissubjetividade (duas ou mais pessoas); base estatutária; permanência; fins comuns e lícitos; direção
unificante.
Estes incisos consagram a liberdade de associação ou seja podem criar associação, se associar quem
quiser ou desligar-se da sociedade e dissolver-se. Não confundir direito de Associação com direito de reunião.
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A associação pressupõe um vínculo de maior duração, permanente; Quando fala em reunião, entende-se um
vínculo transitório. Vale lembrar que o inciso estabelece que a criação de associação bem como a de
cooperativas não precisa de autorização. Aqui também é proibido a interferência estatal no funcionamento de
associações e de cooperativas.

FIQUE LIGADO!!!

Para dissolver associações precisa de decisão transitada em julgado; para suspender, não
precisa haver o trânsito (pode ser até mesmo decisão antecipatória ou cautelar).

O inciso XXI, estabelece que as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Aqui, temos a legitimidade para
as entidades associativas representarem seus filiados judicial ou extrajudicial, ou seja, caracteriza-se na
verdade uma substituição processual. O direito aqui assegurado deve ser quando expressamente autorizadas
tais entidade a representar seus filiados, esta autorização pode estar prevista na lei, estatutos, ou ser
autorizado pelo próprio associado, bem como por assembleias. Tal associação visa defender os direitos de seus
associados, direitos esses que podem ser individual, coletivos ou difusos. Vale lembrar que a entidade para
impetrar Mandado de Segurança Coletivo é dispensado a autorização dos associados. (Súmula 629 do STF).

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