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Negros

todo indivíduo que possui uma pele


escura

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Negros ou povo negro são termos


usados em sistemas de classificação
racial para os seres humanos que
geralmente se relaciona a um fenótipo
de pele escura, em relação a outros
grupos raciais. O conceito da palavra
negro pode variar de acordo com a
região, política e cultura, podendo um
indivíduo ser classificado como negro
em um determinado país e não ser
classificado como tal em outros.
Diferentes sociedades aplicam critérios
diferentes a respeito de quem é
classificado como "negro" e muitas
vezes variáveis ​sociais, tais como classe
social e status sócio-econômico,
também desempenham um papel
relevante nessa classificação.[1]

Algumas definições do termo incluem


apenas as pessoas de ascendência
subsaariana relativamente recente (ver:
Diáspora africana). Entre os membros
desse grupo, a pele escura é mais
frequentemente acompanhada pela
expressão da textura do cabelo afro-
natural (recentes estudos científicos
indicam que a diversidade de cores de
pele humana é maior em populações da
África subsaariana).[2] Outras definições
do termo "negros" estendem-se a outras
populações caracterizadas por pele
escura, às vezes incluindo os povos
indígenas da Oceania.[3]

Etimologia
Negro é uma palavra usada no mundo
lusófono para se referir a uma pessoa de
ascendência negra, seja de origem
africana ou não. A palavra negro tem
origem no latim niger que na época
também se referia a cor preta.[4][5]
Características fisiológicas

Pele escura

Distribuição da cor da pele de grupos étnicos indígenas no mundo, antes das colonizações, baseado na escala
cromática de Von Luschan.

A evolução de pele escura é


intrinsecamente relacionada com a
perda de pelos do corpo em humanos.
Há 1,2 milhões de anos, todas as
pessoas tinham a mesma proteína
receptora dos africanos de hoje, sua pele
era escura e o sol intenso reduzia a
chance de sobrevivência das pessoas
com pele mais clara, o que resultou na
variação por mutação na proteína
receptora.[6] Isso aconteceu
significativamente mais cedo do que a
especiação do Homo sapiens a partir do
Homo erectus, há cerca de 250 000 anos.

O câncer de pele, como resultado da


radiação da luz ultravioleta, provoca
mutações na pele e é menos comum
entre as pessoas com pele mais escura
do que entre aqueles com pele clara.[7][8]
Além disso, a pele escura impede que
uma essencial vitamina B, o ácido fólico,
seja destruído. Portanto, na ausência da
medicina moderna e de uma dieta
adequada, uma pessoa com pele escura
nos trópicos viveria mais, seria mais
saudável e mais propensa a se
reproduzir do que uma pessoa com pele
clara. Como exemplo, os australianos
brancos têm algumas das maiores taxas
de câncer de pele do mundo, como
evidência dessa expectativa.[9] Por outro
lado, como a pele escura impede que a
luz solar penetre na pele, ela dificulta a
produção de vitamina D3. Portanto,
quando os seres humanos migraram
para regiões do norte, onde a luz solar é
menos intensa, os baixos níveis de
vitamina D3 se tornaram um problema e
as cores de pele mais claras começaram
a aparecer. Pessoas brancas da Europa,
que têm baixos níveis de melanina,
naturalmente, têm uma pigmentação da
pele quase incolor, especialmente
quando não estão bronzeadas. Este
baixo nível de pigmentação permite que
os vasos sanguíneos se tornem visíveis,
o que dá a característica de cor pálida
roseada de pessoas brancas. A perda de
melanina em pessoas brancas é agora
considerada como ter sido causada por
uma mutação em apenas um gene de 3,1
bilhões de genes do DNA.[10]

Cabelo
Busto de mármore de um núbio, c. 120–100 a.C.

A textura do cabelo em pessoas de


ascendência africana subsaariana é
visivelmente diferente daqueles
ascendentes de populações da Eurásia,
como já foi observado por Heródoto, que
descreveu os povos da Líbia (os "etíopes
ocidentais") como tendo cabelos-de-lã.

A textura é mais densa do que suas


contrapartes em linha reta. Devido a isso,
é muitas vezes referida como "grosso",
"espesso" ou "crespo". Por várias razões,
incluindo possivelmente a sua seção
transversal relativamente plana (entre
outros fatores[11]), este tipo de cabelo
transmite uma aparência seca ou
fosca,[12][13] sendo também muito
áspero.[12] Esse tipo de cabelo também é
muito grosso e sua forma original é
muito propensa a se romper ao ser
penteado ou escovado.[13]

As características específicas da forma


natural do cabelo afro são únicas entre
todos os mamíferos.[14] A textura
provavelmente antecede a evolução da
pele escura. Ela evoluiu, quando o pré-
humano Australopitecíneo perdeu a
maior parte do seu pelo devido à
transpiração e à necessidade de proteger
a pele pálida recém-exposta do corpo. O
traço deixado foi essencial para a
sobrevivência no equador da evolução da
pele escura sem pelos. No entanto,
continuou a ser expressa vestigial entre
a maioria dos melanésios e africanos
subsaarianos.

Perseguição e preconceito
Placa em praia de Durban, na África do Sul, que indica "área de banho para integrantes do grupo branco", em Inglês,
Africaner e Zulu, durante o regime do apartheid (1989).

O histórico de preconceito contra os


negros é grande e decorre
principalmente da escravidão e
aculturação a que muitos foram
submetidos, quando foram trazidos a
países da América como o Brasil, os
Estados Unidos e alguns países do
Caribe, mas também ao racismo
científico e ao racismo sistêmico.
Durante o regime do apartheid, os negros
eram postos à margem na África do Sul,
não podendo ser considerados cidadãos
de pleno direito. Algo semelhante
acontecia também nos Estados Unidos,
onde ainda hoje a miscigenação não é
oficialmente tomada em consideração.
Embora os negros já sejam considerados
cidadãos comuns nesses países, ainda
hoje vivem em condições de vida
relativamente menos favorecidas do que
as pessoas em geral.

Segundo estudos realizados pelo


sociólogo David Willians, do Instituto de
Pesquisas Sociais da Universidade de
Michigan, os Estados Unidos, para cada
dólar pago a um branco, um negro
recebe o equivalente a 40% desse valor.
De acordo com os Indicadores Sócio-
econômicos do Censo norte-americano
sobre a década de 1990, 7% da
população branca vivia na pobreza,
contra 32,4% da negra.

Em escala menor, existe também


discriminação de negros na Europa,
devido à recente migração de africanos
para países como a França e a Itália.

Por região

Europa
Jovem negro com um arco, por Hyacinthe Rigaud, ca. 1697.

Nas últimas décadas, a população negra


na Europa tem crescido
consideravelmente, especialmente em
países como a França, Países Baixos e o
Reino Unido. Isso ocorre em função da
migração de povos africanos e
caribenhos colonizados por franceses,
portugueses, neerlandeses e britânicos,
em geral buscando melhores condições
de vida. Outros países como Suécia,
Espanha, Itália e Alemanha também têm
recebido ondas imigratórias negras.

África

Todos os países da África Subsaariana


têm população majoritariamente negra.
Alguns países como a Namíbia e a África
do Sul apresentam uma diversidade
étnica maior, devido à colonização por
europeus vindos principalmente da
Alemanha, Reino Unido e Países Baixos.
Na África do Sul, apesar de serem
maioria étnica, tiveram vários direitos
suprimidos pelos africâneres (sul-
africanos de origem europeia), que
dominavam politicamente - movimento
conhecido como apartheid. Na região do
Magrebe os negros são minoria, frente à
maioria de origem semítica e berbere.

América

Barack Obama foi o primeiro presidente de origem negra dos Estados Unidos.

Principalmente nos Estados Unidos, a


classificação racial também se refere a
pessoas com todos os tipos possíveis de
pigmentação da pele, da mais escura até
a mais parda, incluindo albinos, se eles
tiverem ascendência africana e exibirem
traços culturais associados como sendo
de "afro-americanos". Portanto, o termo
"negros" não é um indicador da cor da
pele, mas de classificação racial.[15]
Existe uma significativa população negra
concentrada nos Estados Unidos. O
censo estadunidense considera como
"black people" ou "african americans"- o
que equivaleria a negro/preto ou
afrodescendente, respectivamente, no
contexto brasileiro- indivíduos que assim
se declaram

No Caribe, a maioria da população é


negra ou mestiça. Outros países com
importantes minorias de negros são: o
Brasil, a Colômbia, a Venezuela e o
Equador.

Brasil

De acordo com o IBGE de 2019, verificou-


se que 9,4% da população brasileira se
declara preta, enquanto 46,8% se declara
como parda[16](mestiça). Devido ao alto
grau de miscigenação da população
brasileira, há pouca precisão em
identificar quem realmente pode ser
chamado de "negro", prevalecendo o
critério da autodeclaração.
Os negros não são maioria em nenhum estado brasileiro, segundo o IBGE.[17]

A região brasileira com o maior número


proporcional de negros na população é a
Região Nordeste, sendo o Estado da
Bahia aquele com a maior proporção de
negros na população, com 14,4% de
pretos e o que tem a mais baixa
proporção de negros no Brasil é o Estado
de Santa Catarina que representava
apenas 2,2% da população em 2010.[18]

Observa-se que os negros (de origem


africana) vivem numa condição de vida
bem menos favorecida em relação à
daqueles que se declaram de cor branca
(europeia).[19]

Um estudo publicado em 2010 pelo


instituto de pesquisa Sangari mostra que
a chance de um jovem negro ou pardo
ser morto é 130%[20] maior que a de um
branco, devido ao fato de viverem em
bairros com alto índice de criminalidade.
O estudo analisa índices de 1997 a 2007.
Neste último ano morria 2,6 jovens
negros ou pardo para cada 1 jovem
branco com idade entre 15 e 24 anos.
Aborígenes australianos

Ásia e Oceania

Os povos de origem dravídica, nativos do


sul da Índia, têm a pele escura,
entretanto, possuem o fenótipo
(antropometria) distinto dos negros
africanos que, entre si, possuem já
numerosos fenótipos distintos, relatados
em abundante literatura etnológica dos
séculos XIX e XX.

O mesmo ocorre com os povos


melanésios e os aborígines australianos,
que embora sejam comumente
chamados de negros, também eram
classificados num grupo racial à parte
conhecido como "Australoides".

Ver também
Negro (termo) Movimento
Afro-brasileiro Negro no Brasil

África Branco (pessoa)

Diáspora Amarelo
africana (pessoa)

Cor da pele Pardo (cor)


humana Melungeon
Pan-africanismo Ku Klux Klan

Referências
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(2008). «Blackness and Blood:
Interpreting African American
Identity» (http://www.blackwellpublis
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16. Azevedo, Ana Laura Moura dos
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Instituto Brasileiro de Geografia e
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set. 2010
19. Redação (31 de janeiro de 2014).
«IBGE: negros ganharam 57% do
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s://jornalggn.com.br/economia/racis
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20. «Risco de jovem negro ser morto é
130% maior do que jovem branco, diz
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oticias/risco-de-jovem-negro-ser-mor
to-e-130-maior-do-que-jovem-branco-
diz-ong-20100330.html) .
Consultado em 5 de julho de 2017

Ligações externas
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