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Aula 2º

A legislação para a Educação de


Jovens e Adultos (EJA)

Nessa aula 02, vamos estudar sobre as em diversos tipos de concursos, provas de seleção
legislações educacionais que amparam a Educação e qualificação relacionados à área da educação,
de Jovens e Adultos – EJA, como sendo, atualmente, principalmente para as licenciaturas, uma vez que,
considerada uma modalidade de ensino pertencente atuar como docente na EJA é uma das habilitações
a Educação Básica, conforme prescrito na Lei de do(a) Pedagogo(a), segundo menciona as Diretrizes
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia
- nº. 9394 de 1996. (MEC, 2006).
Nessa perspectiva, sugiro a vocês, que organizem Qualquer dúvida com relação aos conteúdos
um espaço físico adequado para os estudos, bem propostos nesta aula, vocês poderão encaminhar
como, para anotações, pesquisas e leituras com um e-mail, postar questões no fórum ou mesmo na
viés reflexivo, crítico e questionador sobre esse ferramenta Quadro de Avisos!
assunto, pois o conteúdo dessa aula se faz presente
Boa aula!

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118 Abordagem Didática em Educação de Jovens e Adultos

Objetivos de aprendizagem Considerando o artigo mencionado acima da


CF de 1988, é possível verificar que a educação
é um direito de todos, independente a idade ou
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
motivo que a pessoa tenha deixado de estudar, seja
ele particular, familiar ou referente às exigências do
‡ conhecer quais são as leis que amparam a EJA;
próprio trabalho, que não foi possível conciliar os
‡ compreender a especificidade de cada
horários das aulas com o serviço em questão.
legislação;
Também está descrito neste documento, no Art.
‡ analisar o contexto histórico em que as leis
26 (p. 121), que:
foram alteradas visando assegurar a qualidade desse
sistema educacional de ensino.
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
(&Q|
Seções de estudo
ΖȂLJXDOGDGHGHFRQGL©·HVSDUDRDFHVVRHSHUPDQ¬QFLDQDHVFROD
ΖΖȂOLEHUGDGHGHDSUHQGHUHQVLQDUSHVTXLVDUHGLYXOJDUR
1 – Constituição Federal de 1988 pensamento, a arte e o saber;
2 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
Nacional – LDBEN nº. 9394 de 1996 FRH[LVW¬QFLDGHLQVWLWXL©·HVS¼EOLFDVHSULYDGDVGHHQVLQR
3 - Resolução CNE/CEB nº. 1, de 5 de julho Ζ9ȂJUDWXLGDGHGRHQVLQRS¼EOLFRHPHVWDEHOHFLPHQWRVRȴFLDLV
de 2000 9ȂYDORUL]D©¥RGRVSURȴVVLRQDLVGRHQVLQRJDUDQWLGRVQD
forma da lei, plano de carreira para o magistério público, [...];
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; e
1Ȃ&RQVWLWXL©¥R)HGHUDOGH 9ΖΖȂJDUDQWLDGHSDGU¥RGHTXDOLGDGH

Com base no argumento acima, a Constituição


9DPRVYHULȴFDU Federal de 1988 menciona no Art. 208, p. 122, que
RTXHHVVH o “dever do Estado com a educação será efetivado
documento mediante a garantia de: I – ensino fundamental
relata sobre obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua
jovens ou oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem
Fonte: <http://www.
adultos?? acesso na idade própria; [...]”.
senado.gov.br>.
Nesse contexto, é possível verificar que a
educação de jovens e adultos pode ser viabilizada
na argumentação acima do Art. 208, quando
A Constituição da República Federativa do
esta Constituição relata que a oferta no ensino
Brasil de 1988 foi elaborada baseando-se no texto
fundamental de forma obrigatória e gratuita, pode
constitucional promulgado em 5 de outubro de
ser assegurada para todas as pessoas que não tiveram
1988, com as alterações adotadas pelas Emendas
acesso à educação em idade própria.
Constitucionais n.º 1/92 a 42/2003 e pelas Emendas
E as pessoas que frequentam a EJA não
Constitucionais de Revisão n.º 1 a 6/94.
tiveram condições adequadas para estudarem em
No Capítulo III “Da educação, da cultura e do
idade própria, deixando então os estudos como
desporto” – Seção I, “Da educação”, apresenta no
segunda opção em suas vidas, para se dedicarem a
Art. 205, que:
outros compromissos que naquele momento foram
importantes, como família, trabalho ou mesmo, por
A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida
opção de não querem estudar em idade específica do
e incentivada com a colaboração ensino fundamental ou médio.
da sociedade, visando ao pleno No Art. 214 desta Constituição Federal (p. 123),
desenvolvimento da pessoa, seu preparo é mencionado que:
para o exercício da cidadania e sua
qualiÀcação para o trabalho.
A lei estabelecerá o plano nacional de
educação, de duração plurianual, visando

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à articulação e ao desenvolvimento Educação Nacional nº 9.394/96, traz no Título V,
do ensino em seus diversos níveis e à Capítulo II, Seção V, dois Artigos relacionados,
integração das ações do poder público que
conduzam à: especificamente à Educação de Jovens e Adultos:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino; Seção V
IV – formação para o trabalho; Da Educação de Jovens e Adultos
V – promoção humanística, cientíÀca e
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
tecnológica do País.
¢TXHOHV TXH Q¥R WLYHUDP DFHVVR RX FRQWLQXLGDGH GH
estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
Nessa perspectiva, verifica-se no primeiro item,
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
como proposta da própria Constituição Federal de MRYHQVHDRVDGXOWRVTXHQ¥RSXGHUDPHIHWXDURVHVWXGRV
1988, a preocupação em eliminar o analfabetismo na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
sendo uma consequência de diversas manifestações, consideradas as características do alunado, seus interesses,
contextos políticos/econômicos e sociais de longas FRQGL©·HVGHYLGDHGHWUDEDOKRPHGLDQWHFXUVRVHH[DPHV
décadas, de acordo com o estudado na aula 01. E i|23RGHU3¼EOLFRYLDELOL]DU£HHVWLPXODU£RDFHVVRHD
é nesse sentido que a EJA passou a ser vista como SHUPDQ¬QFLD GR WUDEDOKDGRU QD HVFROD PHGLDQWH D©·HV
importante e necessária para o âmbito educacional, integradas e complementares entre si.
pois se percebia a existência de muitas pessoas Art. 38.2VVLVWHPDVGHHQVLQRPDQWHU¥RFXUVRVHH[DPHV
analfabetas, ou seja, sem o conhecimento linguístico, VXSOHWLYRVTXHFRPSUHHQGHU¥RDEDVHQDFLRQDOFRPXPGR
porém, com inúmeras experiências de vida, em que, currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
em muitos momentos suas próprias experiências caráter regular.
i|2VH[DPHVDTXHVHUHIHUHHVWHDUWLJRUHDOL]DUVH¥R
culturais e sociais sobressaíram-se perante a ausência
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
do conhecimento de ler e escrever.
PDLRUHVGHTXLQ]HDQRV
Na próxima seção, vamos estudar sobre a outra
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
legislação que assegurou a educação de jovens e de dezoito anos.
adultos como garantia da Educação Básica, mediante i | 2V FRQKHFLPHQWRV H KDELOLGDGHV DGTXLULGRV SHORV
uma modalidade de ensino e não como projetos educandos por meios informais serão aferidos e
isolados de alfabetização. UHFRQKHFLGRVPHGLDQWHH[DPHV

Fonte: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº. 9394 de 1996.

2 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional – LDBEN nº. 9394 de 1996
Assim, verifica-se que com base na legislação
mencionada acima referente à Seção V; que trata
especificamente sobre a Educação de Jovens e

?? Adultos, que a mesma vem ao encontro de uma


realidade brasileira, que em tempos passados, por

? condições precárias ou por falta de oportunidades


não puderam concluir seus estudos, deixando assim
de ter uma formação continuada.
Esta visão da Educação de Jovens e Adultos,
Fonte:http://wellingtonbarcelos.
blogspot.com.br/2010/10/leis-de- atualmente, visa a cumprir com o objetivo de suprir
diretrizes-e-bases-da-educacao.html
uma lacuna que foi deixada em aberto, a fim de
proporcionar melhores condições de vida, como
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação também a inserção dessas pessoas que não tem
Nacional – LDB nº. 9394 de 1996 reafirma o que está escolarização, ou seja, o conhecimento linguístico,
inserido na Constituição Federal de 1988, porém vai no mundo letrado, que inconscientemente e/ou
além ao colocar a EJA como Modalidade de Ensino conscientemente acaba sendo excluído da sociedade
da Educação Básica. por ser leigo nesse universo.
Sabemos que a educação é um direito de todos Sendo assim, não há como negar que após
e dever do Estado e a Lei de Diretrizes e Bases da praticamente sessenta anos de experiências com

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120 Abordagem Didática em Educação de Jovens e Adultos

relação à Educação de Jovens e Adultos, as campanhas acredita e exigindo aquilo que pode ser exigido por
e movimentos de massa não resolveram e não foram cada um. E “Cidadania”, neste contexto, é ajudar
capazes de resolver o problema do analfabetismo o educando a tomar consciência do que sabe, e a
desta população, pois esse problema tem raízes continuar aprendendo pela vida afora, recebendo e
históricas numa sociedade injusta e desigual. transmitindo conhecimento.
O problema do analfabetismo é gerado, segundo Gadotti (1989, p. 66) afirma que “[...] na
Oliveira & Paiva (2004, p. 26): concepção de Freire, o diálogo é uma relação
horizontal. Nutre-se de amor, humildade, esperança,
[...] pela ausência e pela insuÀciência da fé e confiança”. O autor retoma essas características
escolarização das crianças e adolescentes.
do diálogo com novas formulações ao longo de
Boa parte dos analfabetos jovens e adultos
de hoje passaram um ou dois anos na muitos trabalhos, contextualizando-as. Assim, por
escola; aprenderam mal, e alguma coisa, exemplo, ele se refere à experiência do diálogo, ao
foi esquecida pelo desuso. Muitos jovens insistir na prática democrática na escola pública.
de hoje estão saindo da escola sabendo
Brandão (1981, p. 20-35), menciona em seu livro O
mal ler, escrever e contar.
que é método Paulo Freire?, que o mesmo não tem sequer
uma teoria pedagógica definitiva, mas tem o afeto e
Ao longo dos últimos anos, foi-se configurando
a sua prática. Em função disso fica difícil teorizar a
também nessa modalidade de ensino um novo sujeito
seu respeito, sem viver a prática que é o sentido desse
social: que é a juventude. Atualmente, é necessário
afeto. Por isso, é fácil compreender o que ele tem
atender de maneiras diferentes aos jovens e adultos,
falado e escrito, quando se parte da vivência da prática
pois cada um tem suas particularidades e diferenças.
do compromisso mais do que a teoria.
A dedicação e o amor são ingredientes fundamentais
Além da Seção V, específica para Educação
ao atendimento desses educandos. De acordo com
de Jovens e Adultos, a Lei de Diretrizes e Bases da
Freire (1995, p. 127) quem tem, “[...] o amor na
Educação Nacional – nº. 9394 de 1996 menciona em
educação é aquele que luta por aquilo que acredita”.
outros artigos e parágrafos, assuntos direcionados
Isso ocorre quando o professor ensina com amor,
aos jovens e adultos, conforme consta abaixo (as
no intuito de socializar o conhecimento, valorizando
partes abaixo sublinhadas, foram destacadas visando
o aluno com o objetivo de inseri-lo na sociedade,
reforçar os artigos e parágrafos próprios dessa
tornando-o “sujeito” crítico e reflexivo, capaz de agir
modalidade de ensino):
de forma democrática, conhecendo seus direitos e
exercendo sua cidadania, (que é o direito de ter uma
ideia e poder expressá-la livremente). TÍTULO III
De acordo com Carvalho (2004, p. 43) 'R'LUHLWR¢(GXFD©¥RHGR'HYHUGH(GXFDU
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será
Direitos humanos são aqueles direitos efetivado mediante a garantia de:
fundamentais, a partir da premissa obvia VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
do direito à vida, que decorrem do adultosFRPFDUDFWHU¯VWLFDVHPRGDOLGDGHVDGHTXDGDV¢V
reconhecimento da dignidade de todo ser
VXDVQHFHVVLGDGHVHGLVSRQLELOLGDGHVJDUDQWLQGRVHDRVTXH
humano, sem qualquer distinção, e que,
hoje, fazem parte da consciência moral e IRUHPWUDEDOKDGRUHVDVFRQGL©·HVGHDFHVVRHSHUPDQ¬QFLD
política da humanidade. na escola;
Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público
Exigir nossos direitos, defender nossas ideias, VXEMHWLYR SRGHQGR TXDOTXHU FLGDG¥R JUXSR GH FLGDG¥RV
associação comunitária, organização sindical, entidade de
é ter uma visão de mundo, conhecer nossas
classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério
relações sociais, familiares, profissionais e nossa
3¼EOLFRDFLRQDUR3RGHU3¼EOLFRSDUDH[LJLOR
ação no cotidiano, ampliando em cada indivíduo
§ 1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de
a capacidade de reflexão, sabendo que cada um FRODERUD©¥RHFRPDDVVLVW¬QFLDGD8QL¥R
pode escolher o perfil de cidadão que quer ser, I - recensear a população em idade escolar para o
pois os direitos e deveres existem, estão presentes ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele
na “Constituição Federal Brasileira” (1988), basta não tiveram acesso;
que cada educador conscientize seus educandos $UW‹LQVWLWX¯GDD'«FDGDGD(GXFD©¥RDLQLFLDUVHXP
para exercer essa “cidadania”, defendendo o que ano a partir da publicação desta Lei.

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i r  2 'LVWULWR )HGHUDO FDGD (VWDGR H 0XQLF¯SLR H Sugestão: Q¥RVHHVTXH©DPGHSHVTXLVDURV
supletivamente, a União, devem: SDUHFHUHVPHQFLRQDGRVDEDL[RVREUHD(-$
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens
e adultos insuȴcientemente escolarizados;
‡ Parecer 05/97 do Conselho Nacional de
Fonte: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº. 9394 de 1996.
Educação – aborda a questão da denominação
“Educação de Jovens e Adultos” e “Ensino
Supletivo”; define os limites de idade fixados
Assim, a partir da Constituição de 1988 e da
para que jovens e adultos se submetam a exames
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
supletivos; define as competências dos sistemas de
(9.394/96), as novas construções da realidade
ensino e explicita as possibilidades de certificação;
brasileira passam a ser incorporadas ao aparato legal,
‡ Parecer 12/97 do Conselho Nacional de
em um movimento parecido ao que vinha ocorrendo
Educação – elucida dúvidas sobre cursos e exames
em outros países.
supletivos e outros.
Em nível internacional, a Declaração de
Educação Básica para Todos – crianças, jovens e
adultos, de Jomtien, Tailândia, 1990 – é o primeiro 3Ȃ5HVROX©¥R&1(&(%Q|GH
marco, seguido da V Conferência de Educação de julho de 2000
de Adultos (Confintea), em 1997, em Hamburgo,
Alemanha, firmando a Declaração de Hamburgo e a
Agenda para o Futuro e reconhecendo dois aspectos 1RVVDTXDQWDFRLVD"""
fundamentais com que as nações, especialmente as ‹&RQVWLWXL©¥R
mais pobres, conviviam: que era a maciça existência Legislação............
de jovens na modalidade de educação de adultos; 3DUHFHUHV
e o reconhecimento de que essa educação atuava, Diretrizes.........????
ou podia atuar alterando as construções sociais e a 2TXHGHYRHVWXGDUGHIDWR""
esfera dos direitos das populações, se pensada no TUDO????
sentido de aprender por toda vida.
Para que isso ocorra, é necessário que tenhamos Pode-se argumentar que, em resumo, a
novas práticas educativas com o educando (jovens e legislação para com a Educação de Jovens e
adultos), a fim de que o aprendizado seja significativo Adultos, é relacionada em seus aspectos relevantes: a
para ele. De acordo com as posições de Paulo Freire Constituição Federal de 1988 menciona a educação
(2003), a busca de novas práticas educativas nos levam como sendo dever do Estado e garantida a todos
a refletir sobre como está o processo de alfabetização de forma gratuita; enquanto que a Lei de Diretrizes
para jovens e adultos nos dias de hoje, tendo em vista e Bases da Educação Nacional – nº. 9394 de 1996
que a alfabetização é a aquisição da língua escrita, apresenta uma seção específica a essa modalidade
que por meio de um processo de construção do de ensino, garantindo-a como lei para sua oferta da
conhecimento e mediante uma interação do contexto Educação Básica (ensino fundamental e médio) e em
da realidade do educando, envolve também questões 2000, institui-se as Diretrizes Curriculares Nacionais
de ordem lógico-intelectual, afetiva, sociocultural, para a Educação de Jovens e Adultos, descrevendo
política e técnica. as especificidades próprias desta modalidade.
Baseando-se na reflexão de Paulo Freire,
podemos analisar que a alfabetização de jovens e Esta seção foi extraída dos seguintes
adultos, para obter resultados significativos, precisa documentos:
buscar novas tecnologias, adequadas à realidade do ‡ Resolução CNE/CEB nº. 1, de 5 de julho
educando. O papel do educador, nesse contexto, é o de 2000 – Estabelece as Diretrizes Curriculares
de mediar o processo de aprendizagem, priorizando Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.
a bagagem de conhecimentos trazida por seus ‡ Parecer 11/2000 do Conselho Nacional de
alunos, ajudando-os de forma interativa a transpor Educação – faz referência às Diretrizes Curriculares
esse conhecimento para o “conhecimento letrado”. Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.

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122 Abordagem Didática em Educação de Jovens e Adultos

Assim, a Resolução CNE/CEB n.º 1, de 5 da valorização do mérito de cada


de Julho de 2000, institui no Art. 1º as Diretrizes qual e do desenvolvimento de seus
conhecimentos e valores;
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens III - e à proporcionalidade, a disposição
e Adultos a serem obrigatoriamente observadas na e alocação adequadas dos componentes
oferta e na estrutura dos componentes curriculares curriculares face às necessidades
de ensino fundamental e médio dos cursos que se próprias da Educação de Jovens e
Adultos com espaços e tempos nos
desenvolvem, predominantemente, por meio do quais as práticas pedagógicas assegurem
ensino, em instituições próprias e integrantes da aos seus estudantes identidade formativa
organização da educação nacional nos diversos comum aos demais participantes da
sistemas de ensino, à luz do caráter próprio desta escolarização básica.
modalidade de educação.
Nesse contexto, essa Resolução abrange, no Art.
2º, os processos formativos da Educação de Jovens O Art. 7º desta Resolução, menciona que,
e Adultos como modalidade da Educação Básica nas seguindo o disposto no Art. 4º, I e VII da LDB,
etapas dos ensinos fundamental e médio, nos termos a regra de prioridade para o atendimento a
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, escolarização universal obrigatória, será considerada
em especial dos seus artigos 4º, 5º, 37, 38, e 87 e, no idade mínima para a inscrição e realização de exames
que couber da Educação Profissional. supletivos de conclusão do ensino fundamental a de
Considerando que no parágrafo segundo 15 anos completos. E semelhantemente aos cursos
argumenta que essas Diretrizes se estendem à oferta de Educação de Jovens e Adultos de nível médio
dos exames supletivos para efeito de certificação de deverão ser voltados especificamente para alunos de
conclusão das etapas do ensino fundamental e do faixa etária superior à própria conclusão deste nível
ensino médio nessa modalidade de ensino - EJA. de ensino, ou seja, 17 anos completos.
Já no Art. 5º, apresenta os componentes Portanto, pode-se perceber que a educação de
curriculares próprios ao modelo pedagógico da jovens e adultos é um processo, por meio do qual o
educação de jovens e adultos e expressos nas indivíduo usufrui de sua própria história de vida, a
Propostas Pedagógicas das unidades educacionais fim de almejar uma perspectiva de vida melhor. Isso
que por sua vez, deverão obedecer aos princípios, é possível mediante a confiança que é depositada no
objetivos e às próprias diretrizes curriculares, educando, na sua capacidade de aprender, descobrir,
seguindo suas respectivas resoluções e as orientações criar soluções e enfrentar desafios.
próprias desse sistema de ensino.
Ressaltam-se em parágrafo único, que:
Retomando a aula

Como modalidade da Educação Básica,


a identidade própria da Educação &KHJDPRV DVVLP DR ȴQDO GD VHJXQGD DXOD
de Jovens e Adultos considerará as
(VSHUDVHTXHDJRUDWHQKDȴFDGRPDLVFODURR
situações, os perÀs dos estudantes,
as faixas etárias e se pautará pelos HQWHQGLPHQWRGHYRF¬VVREUHDOHJLVOD©¥RSDUD
princípios de equidade, diferença e com a educação de jovens e adultos. Vamos,
proporcionalidade na apropriação então, recordar:
e contextualização das diretrizes
curriculares nacionais e na proposição
de um modelo pedagógico único, de 1 – Constituição Federal de 1988
modo a assegurar:
Na Constituição da República Federativa do
I - à equidade, a distribuição especíÀca
dos componentes curriculares a Àm Brasil de 1988, menciona a educação como direito
de propiciar um patamar igualitário de a todas as pessoas, devendo ser ofertada de forma
formação e restabelecer a igualdade gratuita para todos, como também considerando
de direitos e de oportunidades face ao
aqueles que não tiveram condições de estudarem em
direito à educação;
II- à diferença, a identiÀcação e o idade própria o ensino fundamental ou médio.
reconhecimento da alteridade própria
e inseparável dos jovens e dos
adultos em seu processo formativo,

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123
2 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN nº. 9394 de 1996
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Vale a pena acessar
Nacional, nº. 9394 de 1996 menciona uma seção
específica para tratar da Educação de Jovens e
‡ Biblioteca Digital EJA. Disponível em: <http://www.
Adultos, nos artigos 37 e 38, inserindo a EJA como
eja.ce.ufpb.br/eja/>. Acesso em: 10 de abr. de 2012.
modalidade de ensino garantido por lei, sendo parte
‡ Site Pedagogia em foco – artigos
integrante da educação básica.
relacionados à EJA. Disponível em: <http://www.
pedagogiaemfoco.com.br>. Acesso em: 10 de abr.
3 - Resolução CNE/CEB nº. 1, de 5 de julho
de 2012.
de 2000
E, na última seção, relata sobre as Diretrizes
Curriculares Nacionais próprias a Educação de
Jovens e Adultos, visando detalhar os critérios de
acessibilidade para as pessoas que desejam frequentar Vale a pena assistir
essa modalidade de ensino e que não puderam estudar
em idade própria, bem como, as exigências que as
Instituições de Ensino precisam seguir para ofertarem ‡3URGLDQDVFHUIHOL]
a EJA, garantindo, assim, total qualidade na oferta ‡2V1DUUDGRUHVGH-DYp
desse curso mediante a elaboração de uma Proposta
Pedagógica condizente com essa realidade educacional.

As atividades referentes a esta aula


&DVRYRF¬WHQKDȴFDGRFRPG¼YLGDV estão disponibilizadas na ferramenta
sobre a Aula 2, mande perguntas “Sala Virtual – Atividades”. Após
para o e-mail: <elizabete.velter@ responder, envie por meio do
unigran.br> ou acesse as ferramentas 3RUWIµOLRȂIHUUDPHQWDGRDPELHQWH
ȊIµUXPȋȊTXDGURGHDYLVRVȋHRXȊFKDWȋ de aprendizagem UNIGRAN Virtual.
e interaja com seus colegas de curso
e com seu tutor.
$ȴQDO YRF¬ « R SHUVRQDJHP
SULQFLSDOGHVXDDSUHQGL]DJHP

Vale a pena

Vale a pena ler

FILHO, Ruy Leite Berger (org.). Proposta de


Diretrizes Para a Formação Inicial de Professores da
Educação Básica em cursos de Nível Superior. Brasília:
MEC, 2000.
SHIROMA, Eneida Ono; MORAIS, Maria
Célia M. de; EVANGELISTA, Olinda. Política
Educacional. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

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