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244 ENSAIO | ESSAY

Sistema educacional inclusivo constitucional


e o atendimento educacional especializado
Constitutional inclusive education system and specialized educational
care

Adriana Marques dos Santos Laia Franco1, Gabriel Eduardo Schutz2

DOI: 10.1590/0103-11042019S420

RESUMO Este estudo versa sobre o direito constitucional à educação inclusiva. Com base em pesquisa
bibliográfica, por meio de livros, leis, decretos, artigos e convenções internacionais, verificou-se que o
ordenamento jurídico constitucional brasileiro adotou o paradigma educacional da inclusão, que prevê a
igualdade de condições para o acesso e para a permanência de todos os alunos no ensino regular. A análise
da legislação pertinente ao tema mostrou que o sistema educacional inclusivo constitucional, no Brasil,
não prevê a existência de ambientes segregados nem de salas especiais. Todos os alunos devem frequentar
o ensino regular, sendo ofertado o Atendimento Educacional Especializado, de forma complementar e
no turno inverso ao da escolarização, considerando as especificidades dos estudantes com deficiência,
de modo a identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as
barreiras para a plena participação desses alunos.

PALAVRAS-CHAVE Educação. Inclusão educacional. Educação especial. Pessoas com deficiência. Direitos
humanos.

ABSTRACT This study focuses on the constitutional right to inclusive education. Based on bibliographical
research, through books, laws, decrees, articles, and international conventions, we could verify that the
Brazilian constitutional legal system adopted the educational paradigm of inclusion, which provides equal
conditions for the access and permanence of all students in regular education. The analysis of the applicable
law showed that the constitutional inclusive educational system, in Brazil, does not provide for the existence
of a segregated environment, nor special rooms. All students must attend regular education and should be
offered complementary Specialized Educational Assistance in the inverse shift to that of schooling. This as-
sistance should consider the specifics of the students with disability, in order to identify, elaborate, and organize
pedagogical and accessibility resources that eliminate the barriers to the full participation of those students.

KEYWORDS Education. Mainstreaming education. Special education. Disabled persons. Human rights.
1 Tribunalde Justiça do
Estado do Rio de Janeiro
(TJRJ) – Rio de Janeiro
(RJ), Brasil.
adrianalaiafranco@gmail.
com

2 Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ),
Institutos de Estudos em
Saúde Coletiva (Iesc) – Rio
de Janeiro (RJ), Brasil.

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
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Introdução práticas pedagógicas e educacionais compa-


tíveis com a inclusão.
O presente artigo tem por escopo apresentar, na A adoção de um modelo escolar inclusivo
perspectiva dos direitos humanos, as principais exige que o professor rompa com seus po-
características do sistema educacional inclusivo sicionamentos sobre o desempenho escolar
estabelecido constitucionalmente no Brasil. padronizado e homogêneo dos alunos e de-
Até o advento da Constituição Federal de sempenhe o seu papel formador, que não mais
1988, a educação especial no Brasil se caracte- se restringirá a ensinar somente a uma parcela
rizou basicamente por ações isoladas, em que dos alunos que conseguem atingir o desem-
o atendimento se destinava mais às deficiên- penho exemplar esperado pela escola. Assim,
cias visuais, auditivas e, em menor escala, às ensinará a todos indistintamente.
deficiências físicas. Da mesma forma, exige-se dos operadores do
Com a promulgação do novo texto constitu- direito um posicionamento consentâneo com o
cional, mais especificamente em seu art. 208, caráter constitucional da educação inclusiva,
pode-se estabelecer a premente necessidade da atuando na interpretação da lei, não só tutelando
inclusão escolar enquanto preceito constitucio- o acesso à escola como também a permanência
nal, apregoando o atendimento às pessoas com e a participação dos alunos.
deficiência na Rede Regular de Ensino, garantido Os direitos ao acesso e à permanência os
o Atendimento Educacional Especializado (AEE) pais já entenderam, e têm sabido buscá-los
aos usuários da educação especial. de forma efetiva. É com felicidade que vemos
A Convenção Internacional sobre os Direitos que as famílias dos alunos em situação de
das Pessoas com Deficiência (CDPD) da deficiência estão cada vez mais atentas ao
Organização das Nações Unidas (ONU), também regramento de tutela dos direitos relativos à
conhecida como Convenção sobre os Direitos das educação especial, na perspectiva da inclusão.
Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil No entanto, no que se refere à participação, as
em 2009, reconhece a questão da deficiência famílias nem sempre conseguem identificar o
como um tema de justiça, direitos humanos e que falta à escola para que os alunos possam
promoção da igualdade1. ter ganhos relativos à inclusão escolar.
A promulgação do Estatuto da Pessoa com Esses ganhos não podem ser conseguidos a
Deficiência, expressão legal da Convenção partir de uma diferenciação pela deficiência,
Internacional dos Direitos da Pessoa com que é o que ocorre em muitas situações em
Deficiência acolhida como emenda constitu- que o aluno da educação especial é atendido
cional em nosso ordenamento, por meio da na sala de aula. Essas situações vão desde a
promulgação da Lei nº 13.146/2015, traz mais presença de um professor de apoio exclusivo
elementos para tutela do direito constitucional aos currículos e atividades ditas personaliza-
à educação especial na rede regular de ensino. das, individualizadas, adaptadas unicamente
Sabe-se que a escola comum se torna inclusiva para esse aluno.
quando reconhece as diferenças dos alunos diante Verifica-se uma demanda crescente por parte
do processo educativo e busca a participação e o dos pais dos alunos da educação especial no
progresso de todos, adotando novas práticas pe- sentido de as escolas fornecerem o que chamam
dagógicas. Não é fácil e imediata a adoção dessas de ‘mediador escolar’.
novas práticas, pois ela depende de mudanças Esse pleito, além de, em muitos casos, acarre-
que vão além da escola e da sala de aula. tar a contratação desnecessária de profissionais
Para que essa escola possa se concretizar, é que não possibilitarão ganhos de aprendizado
patente a necessidade de atualização e desen- ao aluno, demonstra o desconhecimento desses
volvimento de novos conceitos, assim como pais acerca do direito constitucional ao AEE,
a redefinição e a aplicação de alternativas e prestado por professores com formação hábil

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a viabilizar a participação efetiva do aluno na organizações, articularam-se nacionalmente


sala de aula comum, com ganhos pedagógicos. e criaram estratégias de luta para reivindicar
Como se verá – na medida do possível, igualdade de oportunidades e garantias de direi-
dados os limites da extensão deste trabalho –, tos. Outro fator relevante foi a decisão da ONU
a participação dos alunos da educação especial de proclamar 1981 como o Ano Internacional
na escola comum é construída e efetivada por das Pessoas com Deficiência (AIPD), fato que
meio do AEE, em horário oposto ao período colocou as pessoas com deficiência no centro
de aulas do turno regular, devendo o professor das discussões, no mundo e também no Brasil2.
do AEE estudar o caso de cada aluno que lhe é É importante salientar, com relação a ex-
encaminhado pela escola – em conjunto com pressão ‘pessoa com deficiência’, que ela é para
a família e outros profissionais externos que destacar que o ato de falar ultrapassa a simples
o estejam atendendo –, e avaliar se esse aluno exteriorização de pensamentos ou a descrição
é ou não público-alvo do serviço. de aspectos de dada realidade. As palavras
Ao professor do AEE, cabe pesquisar, produzir usadas para nomear as pessoas com deficiência
e propor a aquisição de recursos, ajudas técnicas, comportam uma visão valorativa que traduz as
tecnologia assistiva e demais apoios que elimi- percepções da época em que foram cunhadas.
nam as barreiras identificadas na comunicação, Para os novos movimentos sociais e suas
mobilidade, interação, acesso e permanência políticas de identidade, as palavras são ins-
dos alunos da educação especial nas escolas trumentos importantes de luta política. A
comuns. Assim, também, deverá o professor do busca por novas denominações reflete a
AEE acompanhar o processo de inserção do seu intenção de rompimento com as premissas
aluno na sala de aula comum e o uso dos recursos/ de menos-valia que até então embasavam a
tecnologias por ele propostos no plano individual visão sobre a deficiência. Termos genéricos,
do aluno para eliminação das barreiras à partici- como ‘inválidos’, ‘incapazes’, ‘aleijados’ e
pação desse educando nas atividades com seus ‘defeituosos’, foram amplamente utilizados
pares, na sala de aula comum, no turno regular. e difundidos até meados do século XX, in-
dicando a percepção dessas pessoas como
um fardo social, inútil e sem valor.
Breve visão histórica Ao se organizarem como movimento social,
as pessoas com deficiência buscaram novas
No final dos anos 1970, o movimento associati- denominações que pudessem romper com essa
vo das pessoas com deficiência ganhou visibi- imagem negativa que as excluía. O primeiro
lidade, de modo que estas tornaram-se ativos passo nessa direção foi a expressão ‘pessoas de-
agentes políticos na busca por transformação ficientes’, que o movimento usou quando da sua
da sociedade. O desejo de serem protagonistas organização no final da década de 1970 e início
políticos motivou uma mobilização nacional, da década de 1980, por influência do AIPD. A
alimentada pela conjuntura da época. Esse inclusão do substantivo ‘pessoa’ era uma forma
processo se reflete na Constituição Federal de evitar a coisificação, contrapondo-se à in-
promulgada em 1988. A Assembleia Nacional feriorização e a desvalorização associadas aos
Constituinte (1987-1988), envolvida no espí- termos pejorativos usados até então.
rito dos novos movimentos sociais, foi a mais Posteriormente, foi incorporada a expres-
democrática da história do Brasil, com canais são ‘pessoas portadoras de deficiência’, com o
abertos e legítimos de participação popular. objetivo de identificar a deficiência como um
Novos movimentos sociais, entre os quais, o detalhe da pessoa. A expressão foi adotada na
movimento político das pessoas com deficiência, Constituição Federal de 1988 e nas Constituições
saíram do anonimato e, na esteira da abertu- estaduais, bem como em todas as leis e políticas
ra política, uniram esforços, formaram novas pertinentes ao campo das deficiências. Conselhos,

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coordenadorias e associações passaram a incluir à escola comum) deu lugar à concepção vigente
essa expressão em seus documentos oficiais. na atual Política Nacional de Educação
Eufemismos foram adotados, tais como: Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
‘pessoas com necessidades especiais’ e ‘porta- (PNEEPEI), que completa 10 anos em 2018.
dores de necessidades especiais’. A crítica do Desde seu advento, a educação especial passou
movimento a esses eufemismos se deve ao fato a ser uma modalidade transversal a todos os
de o adjetivo ‘especial’ criar uma categoria que níveis, etapas e modalidades de ensino, ou seja,
não combina com a luta por inclusão e por equi- não mais substitutiva à escola. Seu papel passou
paração de direitos. Para o movimento, com a a ser, em essência, oferecer recursos, serviços
luta política, não se busca ser ‘especial’, mas, sim, e estratégias de acessibilidade para promover
ser cidadão. A condição de ‘portador’ passou a a inclusão escolar.
ser questionada pelo movimento por transmitir Nessa perspectiva, o Ministério da
a ideia de a deficiência ser algo que se porta e, Educação/Secretaria de Educação Continuada,
portanto, não faz parte da pessoa. Além disso, en- Alfabetização, Diversidade e Inclusão editou
fatiza a deficiência em detrimento do ser humano. a PNEEPEI, que acompanha os avanços do
Dessa forma, ‘pessoa com deficiência’ passou conhecimento e das lutas sociais, visando cons-
a ser então a expressão adotada contempora- tituir políticas públicas promotoras de uma edu-
neamente para designar esse grupo social. Em cação de qualidade para todos os estudantes3.
oposição à expressão ‘pessoa portadora’, ‘pessoa A PNEEPEI de 2008 representa um novo
com deficiência’ demonstra que a deficiência marco teórico e político na educação bra-
faz parte do corpo e, principalmente, humaniza sileira. Esse documento define a educação
a denominação. Ser ‘pessoa com deficiência’ é, especial como modalidade não substitutiva
antes de tudo, ser pessoa humana. É também à escolarização; estabelece o caráter comple-
uma tentativa de diminuir o estigma causado mentar e suplementar do AEE à formação dos
pela deficiência. A expressão foi consagrada pela estudantes e determina o público-alvo da edu-
CDPD, da ONU, em 20062. cação especial, constituído pelos estudantes
com deficiência, transtornos globais do de-
senvolvimento e altas habilidades/superdota-
A Política Nacional de ção. Na elaboração dessa política, foi seguido
Educação Especial na o preceito de uma escola em que cada aluno
tenha a possibilidade de aprender, a partir de
Perspectiva da Educação suas aptidões e capacidades. Dessa forma, a
Inclusiva educação especial se volta atualmente à tarefa
de complementar/suplementar à formação
A Constituição Brasileira de 1988, mais es- dos alunos que constituem seu público-alvo,
pecificamente em seu art. 208, estabelece a por meio do ensino de conteúdos e utilização
premente necessidade da inclusão escolar de recursos que lhes conferem a possibili-
enquanto preceito constitucional, apregoando dade de acesso, permanência e participação
o atendimento às pessoas com deficiência, na nas turmas comuns de ensino regular, com
Rede Regular de Ensino. autonomia e independência.
Após 2009 – com a ratificação pelo Brasil da O estudo da publicação ‘A consolidação da
CDPD da ONU, a inclusão do aluno com defici- inclusão escolar no Brasil’, de autoria da pes-
ência no âmbito da escola regular assim como quisadora Martinha Clarete Dutra dos Santos
o oferecimento do AEE no contraturno escolar (Diretora de Políticas de Educação Especial
ganharam status de direito constitucional. do Ministério da Educação no período de
Em decorrência desse processo, a antiga 2009 –2016), permite extrair uma rica des-
concepção de educação especial (substitutiva crição da PNEEPEI4.

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Objetivo da Política transversalmente, em todas as modalidades


Nacional de Educação e níveis de ensino5.
A educação especial é uma modalidade
Especial na Perspectiva da de ensino que perpassa todos os níveis do
Educação Inclusiva sistema educacional, realiza o AEE, disponi-
biliza os serviços e recursos próprios desse
A PNEEPEI tem como objetivo o acesso, a atendimento e orienta os alunos e seus pro-
participação e a aprendizagem dos estudan- fessores quanto a sua utilização nas turmas
tes com deficiência, transtornos globais do comuns do ensino regular. O serviço de AEE
desenvolvimento e altas habilidades/super- identifica, elabora e organiza recursos pe-
dotação nas escolas comuns, orientando os dagógicos e de acessibilidade que eliminem
sistemas de ensino para promover respostas as barreiras para a plena participação dos
às necessidades educacionais, garantindo: alunos, considerando as suas necessidades
específicas. As atividades desenvolvidas no
a) Transversalidade da educação especial AEE diferenciam-se daquelas realizadas
desde a educação infantil até a educação na sala de aula comum, e não são substi-
superior; tutivas à escolarização. Esse atendimento
complementa e/ou suplementa a formação
b) AEE; dos alunos com vistas à autonomia e inde-
pendência na escola e fora dela.
c) Continuidade da escolarização nos níveis O AEE deve estar articulado com a propos-
mais elevados do ensino; ta pedagógica do ensino comum ao longo de
todo processo de escolarização (documento
d) Formação de professores para o AEE e elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado
demais profissionais da educação para a in- pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela
clusão escolar; Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da
Educação em 07 de janeiro de 2008)6.
e) Participação da família e da comunidade; Consideram-se serviços e recursos da
educação especial aqueles que asseguram
f ) Acessibilidade urbanística, arquitetônica, condições de acesso ao currículo por meio
nos mobiliários e equipamentos, nos trans- da promoção da acessibilidade aos materiais
portes, na comunicação e informação; e didáticos, aos espaços e equipamentos, aos
sistemas de comunicação e informação e ao
g) Articulação intersetorial na implementa- conjunto das atividades escolares.
ção das políticas públicas4.

Salas de Recursos
Diretrizes da Política Multifuncionais
Nacional de Educação
As Salas de Recursos Multifuncionais são
Especial na Perspectiva da espaços localizados nas escolas de educação
Educação Inclusiva básica, onde se realiza o AEE. Essas salas são
organizadas com mobiliários, materiais didáti-
As diretrizes da PNEEPEI se fundamentam cos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e
na diferenciação para incluir e são exten- equipamentos específicos para o atendimento
sivas a todas as ações e serviços da edu- aos alunos público-alvo da educação especial,
cação especial, devendo estar presentes, em turno contrário à escolarização.

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São atendidos, nas Salas de Recursos especial, as quais não se destinam a substituir o
Multifuncionais, alunos público-alvo da ensino comum nem mesmo a fazer adaptações
educação especial, conforme estabelecido na aos currículos, às avaliações de desempenho e
PNEEPEI e no Decreto nº 6.571/20083. a outros. É importante salientar que o AEE não
se confunde com reforço escolar. O professor
• Alunos com deficiência: aqueles que têm de AEE acompanha a trajetória acadêmica de
impedimentos de longo prazo de natureza seus alunos, no ensino regular, para atuar com
física, mental, intelectual ou sensorial, os autonomia na escola e em outros espaços de
quais, em interação com diversas barreiras, sua vida social. Para tanto, é imprescindível
podem obstruir sua participação plena e uma articulação entre o professor de AEE e
efetiva na sociedade em igualdade de con- os do ensino comum.
dições com as demais pessoas6. Na perspectiva da inclusão escolar, o profes-
sor da educação especial não é mais um espe-
• Alunos com transtornos globais do desen- cialista em uma área específica, suas atividades
volvimento: aqueles que apresentam alte- desenvolvem-se dentro da própria escola (salvo
rações qualitativas das interações sociais casos em que a escola tiver convênio público
recíprocas e na comunicação, um repertório para AEE em local externo), cabendo-lhes, no
de interesses e atividades restrito, estereo- AEE aos alunos, as seguintes atribuições:
tipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo
alunos com autismo, síndromes do espectro a) identificar, elaborar, produzir e orga-
do autismo e psicose infantil7. nizar serviços, recursos pedagógicos, de
acessibilidade e estratégias, considerando
• Alunos com altas habilidades/superdo- as necessidades específicas dos alunos de
tação: aqueles que demonstram potencial forma a construir um plano de atuação para
elevado em qualquer uma das seguintes eliminá-las8.
áreas, isoladas ou combinadas: intelectual,
acadêmica, liderança, psicomotricidade e b) Reconhecer as necessidades e habilidades
artes, além de apresentar grande criatividade, do aluno. Ao identificar certas necessida-
envolvimento na aprendizagem e realização des do aluno, o professor de AEE reconhece
de tarefas em áreas de seu interesse7. também as suas habilidades e, a partir de
ambas, traça o seu plano de atendimento. Se
ele identifica necessidade de comunicação al-
Funções do professor do ternativa para o aluno, indica recursos como
Atendimento Educacional a prancha de comunicação, por exemplo; se
observa que o aluno movimenta a cabeça,
Especializado consegue apontar com o dedo, pisca, essas
habilidades são consideradas por ele para
Os planos de AEE devem ser elaborados indi- a seleção e organização de recursos educa-
vidualmente, para cada aluno, e resultam das cionais e de acessibilidade. Com base nesses
escolhas do professor quanto aos recursos, dados, o professor elaborará o plano de AEE,
equipamentos, apoios mais adequados para definindo o tipo de atendimento para o aluno,
que possam eliminar as barreiras que impedem os materiais que deverão ser produzidos, a
o aluno de ter acesso ao que lhe é ensinado frequência do aluno ao atendimento, entre
na sua turma da escola comum, garantindo- outros elementos constituintes desse plano.
-lhe a participação no processo escolar e na Outros dados poderão ser coletados pelo
vida social, segundo suas capacidades. Esse professor em articulação com o professor
atendimento tem funções próprias do ensino da sala de aula e demais colegas da escola.

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c) Produzir materiais tais como textos trans- g) Ensinar e usar recursos de Tecnologia
critos, materiais didático-pedagógicos ade- Assistiva, tais como: as tecnologias da infor-
quados, textos ampliados, gravados, como, mação e comunicação, a comunicação alterna-
também, poderá indicar a utilização de softwa- tiva e aumentativa, a informática acessível, o
res e outros recursos tecnológicos disponíveis. soroban, os recursos ópticos e não ópticos, os
softwares específicos, os códigos e linguagens,
d) Elaborar e executar o plano de AEE, ava- as atividades de orientação e mobilidade8.
liando a funcionalidade e a aplicabilidade dos
recursos educacionais e de acessibilidade8. h) Promover atividades e espaços de partici-
Na execução do plano de AEE, o professor pação da família e a interface com os serviços
terá condições de saber se o recurso de aces- de saúde, assistência social e outros8.
sibilidade proposto promove participação
do aluno nas atividades escolares. O plano, Destaque-se ainda que o papel do profes-
portanto, deverá ser constantemente revisado sor do AEE não deve ser confundido com o
e atualizado, buscando-se sempre o melhor papel dos profissionais do atendimento clínico,
para o aluno e considerando que cada um embora suas atribuições possam ter articula-
deve ser atendido em suas particularidades. ções com profissionais das áreas da medici-
na, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia e
e) Organizar o tipo e o número de atendimen- outras afins. O AEE também estabelece inter-
tos8. O professor seleciona o tipo do atendi- locuções com os profissionais da arquitetura,
mento, organizando, quando necessários, engenharia, informática.
materiais e recursos de modo que o aluno No decorrer da elaboração e desenvolvi-
possa aprender a utilizá-los segundo suas mento dos planos de atendimento para cada
habilidades e funcionalidades. O número de aluno, o professor de AEE se apropria de
atendimentos semanais/mensais varia para novos conteúdos e recursos que ampliam
caso. O professor vai prolongar o tempo ou seu conhecimento para a atuação na Sala
antecipar o desligamento do aluno do AEE, de Recursos Multifuncional.
conforme a evolução do aluno. São conteúdos do AEE: Língua Brasileira
de Sinais (Libras) e Libras tátil; Alfabeto
f ) Acompanhar a funcionalidade e a aplica- digital; Tadoma; Língua Portuguesa na
bilidade dos recursos pedagógicos e de aces- modalidade escrita; Sistema Braille;
sibilidade na sala de aula comum do ensino Orientação e mobilidade; Informática aces-
regular, bem como em outros ambientes da sível; Sorobã (ábaco); Estimulação visual;
escola8. O professor do AEE observa a funcio- Comunicação Alternativa e Aumentativa
nalidade e aplicabilidade dos recursos na sala (CAA); Desenvolvimento de processos edu-
de aula, as distorções, a pertinência, os limites cativos que favoreçam a atividade cognitiva.
desses recursos nesse e em outros ambientes São recursos do AEE: Materiais didáticos
escolares, orientando, também, as famílias e os e pedagógicos acessíveis (livros, desenhos,
colegas de turma quanto ao uso dos recursos. mapas, gráficos e jogos táteis, em Libras,
O professor de sala de aula informa e avalia em Braille, em caráter ampliado, com con-
juntamente com o professor do AEE se os traste visual, imagéticos, digitais, entre
serviços e recursos do Atendimento estão ga- outros); Tecnologias de Informação e de
rantindo participação do aluno nas atividades Comunicação (Tics) acessíveis (mouses e
escolares. Com base nessas informações, são acionadores, teclados com colmeias, sin-
reformuladas as ações e estabelecidas novas tetizadores de voz, linha Braille, entre
estratégias e recursos, bem como refeito o outros); e Recursos ópticos; pranchas de
plano de AEE para o aluno. CAA, engrossadores de lápis, ponteira de

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cabeça, plano inclinado, tesouras acessíveis, a escola se têm apoio para locomoção, higiene e
quadro magnético com letras imantadas, alimentação, e demandam uma pessoa capacitada
entre outros. para fazer esse atendimento da forma correta,
O desenvolvimento dos processos de ensino e evitando lesões e constrangimentos.
de aprendizagem é favorecido pela participação Para cada uma dessas situações, há um pro-
da família dos alunos. Para elaborar e realizar fissional que melhor atende às necessidades
os Planos de AEE, o professor necessita dessa dos alunos – podendo ser um professor auxi-
parceria em todos os momentos. Reuniões, visitas liar, um especialista em inclusão, um estagiário
e entrevistas fazem parte das etapas pelas quais de pedagogia ou psicologia, ou alguém da área
os professores de AEE estabelecem contatos com de saúde. No entanto, como as escolas podem
as famílias de seus alunos, colhendo informações, fazer para lidar com um quadro tão complexo?
repassando outras e estabelecendo laços de co- O primeiro passo é conhecer bem os alunos
operação e de compromissos9. com necessidades educacionais especiais,
Cabe aqui destacar ainda, como importante encaminhando-os ao AEE. As características
função do professor do AEE, a avaliação, em individuais desses alunos serão determinantes
cada caso, da necessidade do aluno em ser para a avaliação de quais e quantos profissio-
acompanhado por um profissional de apoio nais devem ser contratados.
escolar. Como já foi mencionado, para que a O passo seguinte é identificar o que a
inclusão seja efetiva, são necessários diversos Secretaria de Educação pode oferecer e checar
recursos: a parceria entre o AEE e os profes- a possibilidade de firmar parcerias com outras
sores de sala de aula, o amparo das famílias e instituições, como as de saúde e assistência
o investimento em acessibilidade. social, que estão aptas a prestar serviços às
Em alguns casos, no entanto, é preciso ainda escolas. Contratado o profissional de apoio
um elemento a mais: o profissional de apoio escolar, é preciso incluí-lo na rotina escolar e
escolar. Trata-se de um profissional que acom- garantir que ele participe das reuniões pedagó-
panha o aluno diariamente, contribuindo para gicas. Em contato com o restante da equipe, ele
a compreensão de suas características e elimi- consegue ter um olhar geral sobre o trabalho
nando barreiras que o impedem de se inserir pedagógico, o que ajuda quando está em sala
na vida escolar. Assim, ele complementa o de aula com o aluno. Ao mesmo tempo, ele
trabalho do educador responsável pela turma, compartilha com a equipe informações sobre
bem como pelo trabalho do professor do AEE. o desenvolvimento da criança que acompanha.
É muito importante destacar que nem todos Muitas vezes, é nesse momento que os pro-
que têm Necessidades Educacionais Especiais fessores de sala de aula conhecem melhor os
(NEE) precisam de um auxiliar. Da mesma estudantes que participam do AEE.
forma, aqueles alunos que hoje precisam desse Ademais, a presença do profissional de
acompanhamento, com o passar do tempo, apoio escolar nas reuniões pedagógicas con-
podem ir vencendo antigas barreiras e deixar tribui também para evitar o isolamento dele
de precisar desse serviço. em relação ao restante do grupo. O ideal é que
O profissional de apoio escolar – comumen- esse profissional conte com o apoio dos colegas
te chamado de mediador, quando sua atividade se – em especial, do responsável pelo em especial,
relaciona com a parte pedagógica – entra em cena do responsável pelo AEE – para formular as
quando há algum impedimento à inclusão. Em atividades e encontrar soluções eficientes para
certos casos, a criança necessita de alguém que a que cada aluno seja incluído e aprenda.
acompanhe em classe, flexibilizando as aulas. Em Por fim, é preciso ter claras as regras que
outros, requer ajuda em questões motoras, com pautam a relação entre auxiliar e aluno. O
exercícios específicos e adaptações para a escrita. profissional de apoio escolar deve garantir
Há ainda alunos que só conseguem frequentar condições para que a criança frequente as aulas

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e aprenda, mas tem de ajudá-la a desenvolver e materiais didáticos para o atendimento do


autonomia, estimulando-a a tentar fazer as aluno em sala de aula e o acompanhamento
atividades por si mesmas, sempre que isso se conjunto da utilização dos recursos e do pro-
mostrar possível de ser alcançado10. gresso do aluno no processo de aprendizagem;

• a formação continuada dos professores e


Trabalho conjunto entre o demais membros da equipe escolar, entre-
professor do Atendimento meando tópicos do ensino especial e comum,
como condição da melhoria do atendimento
Educacional Especializado aos alunos em geral e do conhecimento mais
e o professor da sala de aula detalhado de alguns alunos em especial, por
comum meio do questionamento das diferenças e
do que pode promover a exclusão escolar9.
Os professores comuns e os da educação especial
precisam se envolver para que seus objetivos
específicos de ensino sejam alcançados, compar- Período do Atendimento
tilhando um trabalho interdisciplinar e colabora- Educacional Especializado
tivo. As frentes de trabalho de cada professor são
distintas: ao professor da sala de aula comum, é A Resolução nº 4, de 2 de outubro de 20093,
atribuído o ensino das áreas do conhecimento, e deixa claro que o AEE será realizado no
ao professor do AEE, cabe complementar/suple- turno inverso da escolarização (contraturno),
mentar a formação do aluno com conhecimentos impondo-se às escolas a efetivação de duas
e recursos específicos que eliminam as barreiras matrículas no caso dos alunos com deficiência,
que impedem ou limitam sua participação com transtornos globais do desenvolvimento e altas
autonomia e independência nas turmas comuns habilidades/superdotação: uma nas classes
do ensino regular. comuns do ensino regular e a segunda no AEE.
As funções do professor de educação espe-
cial são abertas à articulação com as atividades
desenvolvidas por professores, coordenado- Considerações finais
res pedagógicos, supervisores e gestores das
escolas comuns, tendo em vista o benefício dos A luta por igualdade e pelos direitos das
alunos e a melhoria da qualidade de ensino, pessoas com deficiência não é recente e se
como por exemplo: insere em um processo de reconhecimento
e legitimação.
• a elaboração conjunta de planos de trabalho A leitura dos documentos históricos da
durante a construção do projeto pedagógico, Assembleia Nacional Constituinte de 1988,
em que a educação especial não é um tópico em especial, os registros das Atas das reuni-
à parte da programação escolar; ões da Subcomissão da Educação, Cultura e
Esportes, ocorridas entre os meses de abril e
• o estudo e a identificação do problema maio 1987, documentam a participação do re-
pelo qual um aluno é encaminhado à edu- presentante do Fórum Nacional das Pessoas
cação especial; Portadoras de Deficiência e da Secretaria
de Assuntos Constituintes da Organização
• a discussão dos planos de AEE com todos Nacional de Entidades de Deficientes
os membros da equipe escolar; Físicos, professor Paulo Roberto Guimarães
Moreira, no movimento constitucional.
• o desenvolvimento em parceria de recursos Em um de seus momentos de fala, o

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representante do Fórum Nacional das Pessoas Superior Tribunal Federal (STF) no julgamento
Portadoras de Deficiência e da Secretaria de da ADIN ADI 5357 MC-REF/DF, devem arcar
Assuntos Constituintes da Organização Nacional com os custos da educação inclusiva.
de Entidades de Deficientes Físicos estabelece a Provavelmente seja por força dessas pres-
agenda política daquele grupo e deixa claro que, sões políticas que ainda se tenha tanta difi-
no tocante à inserção da educação especial na culdade para que o instituto do AEE receba
Constituição Federal de 1988, naquele primei- a devida atenção no âmbito da atividade das
ro momento, desejava-se garantir a educação escolas regulares, na prática da função fis-
especial possível para, em momento posterior, calizadora do Ministério da Educação e dos
com a construção sociocultural que adviria da Ministérios Públicos Federais e Estaduais.
nova realidade constitucional, avançar no sentido Impõe-se aqui uma reflexão acerca do con-
do sistema educacional regular inclusivo, que teúdo político presente na decisão da referida
colocará fim à segregação. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
Quase 20 anos depois de promulgada a nº 5357, quando explicita que o custeio do
Constituição de 1988, o Estatuto da Pessoa AEE não pode ser repassado às mensalidades,
com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), expres- anuidades e matrículas.
são legal da CDPD acolhida como emenda Assim é que a discussão sobre responsabili-
constitucional em nosso ordenamento, desafia dade pelo custo do AEE só se sustenta em um
uma cultura ainda vigente no País que é a invi- contexto social que não rompeu com a lógica
sibilidade, na medida em que essas pessoas têm da caridade, na medida em que ainda entende
seus direitos sistematicamente desrespeitados, a inclusão como um favor, uma concessão ou
inclusive pelo próprio Poder Público, que, em uma deferência à pessoa com deficiência.
um círculo vicioso de omissão, mantém esse No entanto, não é este o conteúdo polí-
grupo vulnerável à margem da proteção legal- tico da decisão do STF. Observe-se que, no
mente estabelecida. mesmo momento em que o STF, intérprete das
Os dez anos de vigência da PNEEPEI foram normas constitucionais, decide sobre quem
essenciais para que as famílias, que antes só deve arcar com o custo da inclusão, também
buscavam as escolas e classes especiais, passas- deixa clara sua posição política no sentido da
sem a matricular seus filhos com deficiência interpretação da inclusão como reconstrução
nas escolas comuns. Isso desestabilizou diri- do modelo escolar brasileiro.
gentes e muitos profissionais de instituições Nessa toada, a nosso ver, não há sequer que
especializadas que se recusaram, ao longo se falar em custo do AEE, mas, sim, em investi-
dessa década, a abrir mão da escola especial e mento na reconstrução do sistema escolar para
de outros locais de segregação para a formação o alcance futuro de uma sociedade plural e justa.
(ad aeternum) de pessoas com deficiência. A boa notícia é que, conforme Pesquisa Censo
Paralelamente a isso, as escolas particulares do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
fazem questão sobre o peso do custo da educa- Educacionais Anísio Teixeira (Inep), após 10
ção inclusiva, especialmente a manutenção do anos da publicação do Plano Nacional de edu-
AEE no contraturno. Nesse ponto, merece des- cação especial, 79,9% dos alunos em situação de
taque que o art. 9º A, do Decreto nº 6.253/2007, deficiência migraram das instituições de educa-
permite a dupla matrícula dos estudantes da ção para as escolas comuns do ensino regular.
rede pública que recebem AEE, por meio da des- Essa migração tornou e vem tornando esses
tinação de recursos do Fundo de Manutenção alunos visíveis, na medida em que traz para a
e Desenvolvimento da Educação Básica e de escola regular toda uma geração de estudantes
Valorização dos Profissionais da Educação que estaria impedida de se formar com seus pares,
(Fundeb). Tal subsídio não foi estendido às dando-lhes possibilidade de ter seu potencial
escolas particulares, que, conforme decidido pelo cognitivo mais bem explorado e desenvolvido, e

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254 Franco AMSL, Schutz GE

aprender por meio de novas formas de ensino e Colaboradores


recursos pedagógicos especiais, que possibilitarão
sua inclusão pela sociedade e futuramente pelo Franco AMSL (0000-0002-4194-2710)* con-
mercado de trabalho. tribuiu substancialmente para a elaboração do
Nesse processo de reconstrução do sistema rascunho; para a concepção, o planejamento
escolar, têm-se, igualmente, ganhos para os e para a análise dos dados. Schutz GE (0000-
alunos fora de situação de deficiência, e seus 0002-1980-8558)* contribuiu significativa-
familiares, pela elucidação das questões des- mente para a revisão crítica do conteúdo e
conhecidas, que lhes permitirá ter um olhar participou da aprovação da versão final do
esclarecido e não preconceituoso sobre as manuscrito. s
diferenças, assim como ter um convívio mais
amplo e completo na sociedade.

Referências

1. Brasil. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 [in- 3. Brasil. Ministério da Educação. Resolução nº 4, de
ternet]. Promulga a Convenção In-ternacional sobre 2 de outubro de 2009. Institui Diretri-zes Operacio-
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colo Facultativo, as-sinados em Nova York, em 30 de do na Educação Básica, modalidade Educação Espe-
março de 2007. Diário Oficial da União. 26 Ago 2009. cial. Diário Oficial da União. 2 Out 2009. [acesso em
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Recebido em 16/09/2019
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Conflito de interesses: inexistente
br/2011/06/03/profissionais-de-apoio-para-alunos-
Suporte financeiro: não houve

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