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módulo

02 EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E OS
MARCOS LEGAIS
CURSO DE FORMAÇÃO SINESP
( POLÍTICAS DE INCLUSÃO )

01
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SUMÁRIO
3. INTRODUÇÃO

5. ASPECTOS HISTÓRICOS E NORMATIVOS DA


INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

3. CONQUISTAS E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO


INCLUSIVA

13. SIMULADO

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No módulo II
apresentaremos a legislação (marcos lamentados pelo MEC. Logo no início
legais) que norteia a inclusão do estu- dessa páginas encontramos2:
dante com deficiência na rede regular
de ensino, em todas as etapas da edu- O direito das crianças à educação am-
cação básica: dispositivos legais inter- para-se na Constituição da Repúbli-
nacionais e federais. Temos por fina- ca Federativa do Brasil, de 1988, que
lidade, além de relacionar os marcos garante o acesso e a permanência na
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Disponível em http:// legais, promover a discussão entre os escola regular a todos os brasileiros e
portal.mec.gov.br/index. princípios dessa legislação e o cotidiano brasileiras, sem discriminação.
php?option=com_conten-
t&view=article&id=17009 desses educandos no espaço escolar.
A Constituição inovou o ordenamento
Vale recordar o título do curso – Polí- jurídico ao assegurar o acesso à edu-
ticas de inclusão, onde estão? – aten- cação infantil (...), como dever de Esta-
tando para o fato de que a legislação do, evidenciando de forma inequívoca o
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NOTA TÉCNICA CONJUN- vigente no Brasil, tanto na esfera fede- caráter educativo das instituições. Res-
TA 02/2015 MEC/SECADI/ ral, quanto nas demais esferas contem- saltando esse direito, a Emenda Cons-
DPEE-SEB/DICEI
plam a inclusão de todos os estudantes titucional no. 59, de 11 de novembro de
na escola regular, assim como sua per- 2009, deu nova redação aos incisos I e
manência. Entretanto, sua participação VII, do art. 208 da Constituição, preven-
e aprendizado, estão, de fato, garanti- do a obrigatoriedade da educação bá-
dos na legislação? É sobre essas ques- sica a partir dos quatro aos dezessete
tões que iremos refletir, tomando por anos de idade.
base, leis, decretos, portarias, planos e
resoluções. No mesmo sentido, O Estatuto da
Criança e do Adolescente – ECA – rea-
Há no portal do Ministério da Educa- firma as conquistas constitucionais,
ção e Cultura (MEC) uma página dedi- supracitadas e, no Art. 53, inciso V, as-
cada exclusivamente, ao que é por eles segura às crianças o acesso à escola
denominado Educação Especial1, a qual pública mais próxima de sua residência
apresenta e destaca programas, mate- (...).
riais e os marcos políticos legais, regu-

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A mudança trazida por esses preceitos
legais rompe com uma história de se-
gregação, assistencialismo e filantropia,
ancorando uma nova concepção edu-
cacional das crianças com deficiência,
além de conferir novo papel ao Estado.

Esse fragmento do texto introdutó-


rio do Ministério da Educação e Cultu-
ra evidencia a mudança de foco no que
se refere à educação inclusiva, a partir
da legislação que institui e regulamen-
ta esse novo paradigma educativo, mais
humanizado e inclusivo. Há o entendi-
mento de que o acesso à Educação é
direito de todos. Ainda nessa página en-
contramos:
Ao reconhecer que as dificulda-
des enfrentadas nos sistemas de
ensino evidenciam a necessidade
de confrontar as práticas discri-
minatórias e criar alternativas para
superá-las, a educação inclusiva
assume espaço central no deba-
te acerca da sociedade contem-
porânea e do papel da escola na
superação da lógica da exclusão. A
partir dos referenciais para a cons-
trução de sistemas educacionais
inclusivos, a organização de esco-
las e classes especiais passa a ser
repensada, implicando uma mu-
dança estrutural e cultural da es-
cola para que todos os estudantes
tenham suas especificidades aten-
didas.

A seguir, destacaremos alguns dos or-


denamentos legais que regem a educa-
ção inclusiva.
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Todos os alunos têm característi-
cas, talentos e interesses únicos. En-

2. ASPECTOS HISTÓRICOS E
NORMATIVOS DA INCLUSÃO
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA3
A escola historicamente se caracteri- de distinção dos estudantes em razão
zou pela visão da educação que delimita de características intelectuais, físicas,
3
Disponível em http://
a escolarização como privilégio de um culturais, sociais e linguísticas, entre
portal.mec.gov.br/index. grupo, uma exclusão que foi legitima- outras, estruturantes do modelo tra-
p h p?o pt i o n = c o m _ d o -
cman&view=download&a-
da nas políticas e práticas educacionais dicional de educação escolar. A educa-
lias=16690-politica-na- reprodutoras da ordem social. A partir ção especial se organizou tradicional-
cional-de-educacao-es-
pecial-na-perspectiva-
do processo de democratização da es- mente como atendimento educacional
-da-educacao-inclusiva- cola, evidencia-se o paradoxo inclusão/ especializado substitutivo ao ensino
-05122014&category_slu-
g=dezembro-2014-pdf&I-
exclusão quando os sistemas de ensino comum, evidenciando diferentes com-
temid=30192 universalizam o acesso, mas continuam preensões, terminologias e modalida-
excluindo indivíduos e grupos consi- des que levaram à criação de institui-
derados fora dos padrões homogenei- ções especializadas, escolas especiais
zadores da escola. Assim, sob formas e classes especiais. Essa organização,
distintas, a exclusão tem apresentado fundamentada no conceito de norma-
características comuns nos processos lidade/anormalidade, determina formas
de segregação e integração, que pres- de atendimento clínico-terapêuticos
supõem a seleção, naturalizando o fra- fortemente ancorados nos testes psi-
casso escolar. cométricos que, por meio de diagnósti-
cos, definem as práticas escolares para
A partir da visão dos direitos huma- os estudantes com deficiência.
nos e do conceito de cidadania funda-
mentado no reconhecimento das dife- No Brasil, o atendimento às pessoas
renças e na participação dos sujeitos, com deficiência teve início na época do
decorre uma identificação dos meca- Império, com a criação de duas institui-
nismos e processos de hierarquização ções: o Imperial Instituto dos Meninos
que operam na regulação e produção Cegos, em 1854, atual Instituto Benja-
das desigualdades. Essa problematiza- min Constant – IBC, e o Instituto dos
ção explicita os processos normativos Surdos Mudos, em 1857, hoje denomi-
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nado Instituto Nacional da Educação ção especial no Brasil, que, sob a égi-
dos Surdos – INES, ambos no Rio de de integracionista, impulsionou ações
Janeiro. No início do século XX é fun- educacionais voltadas às pessoas com
dado o Instituto Pestalozzi (1926), ins- deficiência e às pessoas com super-
tituição especializada no atendimento dotação, mas ainda configuradas por
às pessoas com deficiência mental; em campanhas assistenciais e iniciativas
1954, é fundada a primeira Associação isoladas do Estado. Nesse período, não
de Pais e Amigos dos Excepcionais – se efetiva uma política pública de aces-
APAE; e, em 1945, é criado o primeiro so universal à educação, permanecen-
atendimento educacional especializado do a concepção de “políticas especiais”
às pessoas com superdotação na So- para tratar da educação de estudantes
ciedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. com deficiência. No que se refere aos
estudantes com superdotação, apesar
Em 1961, o atendimento educacional do acesso ao ensino regular, não é or-
às pessoas com deficiência passa a ser ganizado um atendimento especializa-
fundamentado pelas disposições da do que considere as suas singularida-
Lei de Diretrizes e Bases da Educação des de aprendizagem.
Nacional – LDBEN, Lei nº 4.024/61, que
aponta o direito dos “excepcionais” à A Constituição Federal de 1988 traz
educação, preferencialmente dentro do como um dos seus objetivos funda-
sistema geral de ensino. mentais “promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo,
A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN cor, idade e quaisquer outras formas de
de 1961, ao definir “tratamento especial” discriminação” (art.3º, inciso IV). Define,
para os estudantes com “deficiências no artigo 205, a educação como um di-
físicas, mentais, os que se encontram reito de todos, garantindo o pleno de-
em atraso considerável quanto à ida- senvolvimento da pessoa, o exercício da
de regular de matrícula e os superdo- cidadania e a qualificação para o tra-
tados”, não promove a organização de balho. No seu artigo 206, inciso I, es-
um sistema de ensino capaz de atender tabelece a “igualdade de condições de
aos estudantes com deficiência, trans- acesso e permanência na escola” como
tornos globais do desenvolvimento e um dos princípios para o ensino e ga-
altas habilidades/superdotação e acaba rante como dever do Estado, a oferta
reforçando o encaminhamento dos es- do atendimento educacional especiali-
tudantes para as classes e escolas es- zado, preferencialmente na rede regular
peciais. de ensino (art. 208).

Em 1973, o MEC cria o Centro Nacio- O Estatuto da Criança e do Adoles-


nal de Educação Especial – CENESP, cente – ECA, Lei nº 8.069/90, no artigo
responsável pela gerência da educa- 55, reforça os dispositivos legais supra-
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citados ao determinar que “os pais ou emocionais, linguísticas ou outras.
responsáveis têm a obrigação de ma- Devem acolher crianças com de-
tricular seus filhos ou pupilos na rede ficiência e crianças bem dotadas;
regular de ensino”. Também nessa dé- crianças que vivem nas ruas e que
cada, documentos como a Declaração trabalham; crianças de populações
Mundial de Educação para Todos (1990) distantes ou nômades; crianças de
e a Declaração de Salamanca (1994) minorias linguísticas, étnicos ou cul-
passam a influenciar a formulação das turais e crianças de outros grupos e
políticas públicas da educação inclu- zonas desfavorecidos ou marginali-
siva. A Conferência Mundial de Educa- zados. (Brasil, 1997, p. 17 e 18).
ção para Todos, Jomtien/1990, chama a
atenção para os altos índices de crian-
ças, adolescentes e jovens sem escola- Em 1994, é publicada a Política Nacio-
rização, tendo como objetivo promover nal de Educação Especial, orientando o
transformações nos sistemas de ensino processo de “integração instrucional”
para assegurar o acesso e a permanên- que condiciona o acesso às classes co-
cia de todos na escola. muns do ensino regular àqueles que
“(...) possuem condições de acompa-
Para o alcance das metas de educa- nhar e desenvolver as atividades curri-
ção para todos, a Conferência Mundial culares programadas do ensino comum,
de Necessidades Educativas Especiais: no mesmo ritmo que os estudantes
Acesso e Qualidade, realizada pela ditos normais” (p.19). Ao reafirmar os
UNESCO em 1994, propõe aprofundar a pressupostos construídos a partir de
discussão, problematizando as causas padrões homogêneos de participação
da exclusão escolar. A partir desta re- e aprendizagem, a Política de 1994 não
flexão acerca das práticas educacionais provoca uma reformulação das práti-
que resultam na desigualdade social cas educacionais de maneira que sejam
de diversos grupos, o documento De- valorizados os diferentes potenciais de
claração de Salamanca e Linha de Ação aprendizagem no ensino comum, mas
sobre Necessidades Educativas Espe- mantém a responsabilidade da educa-
ciais proclama que as escolas comuns ção desses estudantes exclusivamente
representam o meio mais eficaz para no âmbito da educação especial.
combater as atitudes discriminatórias,
ressaltando que: A Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo
59, preconiza que os sistemas de en-
O princípio fundamental desta Li- sino devem assegurar aos estudantes
nha de Ação é de que as escolas currículo, métodos, recursos e organi-
devem acolher todas as crianças, zação específicos para atender às suas
independentemente de suas con- necessidades; assegura a terminalidade
dições físicas, intelectuais, sociais,
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específica àqueles que não atingiram o As Diretrizes ampliam o caráter da
nível exigido para a conclusão do ensino educação especial para realizar o aten-
fundamental, em virtude de suas defi- dimento educacional especializado
ciências; e assegura a aceleração de es- complementar ou suplementar à esco-
tudos aos superdotados para conclusão larização, porém, ao admitir a possibili-
do programa escolar. Também define, dade de substituir o ensino regular, não
dentre as normas para a organização potencializam a adoção de uma política
da educação básica, a “possibilidade de educação inclusiva na rede pública
de avanço nos cursos e nas séries me- de ensino, prevista no seu artigo 2º.
diante verificação do aprendizado” (art.
24, inciso V) e “[...] oportunidades edu- O Plano Nacional de Educação – PNE,
cacionais apropriadas, consideradas as Lei nº 10.172/2001, destaca que “o gran-
características do alunado, seus inte- de avanço que a década da educação
resses, condições de vida e de trabalho, deveria produzir seria a construção
mediante cursos e exames” (art. 37). de uma escola inclusiva que garanta
o atendimento à diversidade humana”.
Em 1999, o Decreto nº 3.298, que re- Ao estabelecer objetivos e metas para
gulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor que os sistemas de ensino favoreçam o
sobre a Política Nacional para a Integra- atendimento aos estudantes com defi-
ção da Pessoa Portadora de Deficiência, ciência, transtornos globais do desen-
define a educação especial como uma volvimento e altas habilidades/super-
modalidade transversal a todos os ní- dotação, aponta um déficit referente à
veis e modalidades de ensino, enfati- oferta de matrículas para estudantes
zando a atuação complementar da edu- com deficiência nas classes comuns do
cação especial ao ensino regular. ensino regular, à formação docente, à
acessibilidade física e ao atendimento
Acompanhando o processo de mu- educacional especializado.
dança, as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Bási- A Convenção da Guatemala (1999),
ca, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no promulgada no Brasil pelo Decreto nº
artigo 2º, determinam que: “Os siste- 3.956/2001, afirma que as pessoas com
mas de ensino devem matricular todos deficiência têm os mesmos direitos hu-
os estudantes, cabendo às escolas or- manos e liberdades fundamentais que
ganizarem-se para o atendimento aos as demais pessoas, definindo como
educandos com necessidades educa- discriminação com base na deficiên-
cionais especiais, assegurando as con- cia toda diferenciação ou exclusão que
dições necessárias para uma educação possa impedir ou anular o exercício dos
de qualidade para todos. (MEC/SEESP, direitos humanos e de suas liberdades
2001).” fundamentais. Este Decreto tem impor-
tante repercussão na educação, exigin-
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do uma reinterpretação da educação Classes Comuns da Rede Regular, com
especial, compreendida no contexto da o objetivo de disseminar os conceitos
diferenciação, adotado para promover a e diretrizes mundiais para a inclusão,
eliminação das barreiras que impedem reafirmando o direito e os benefícios
o acesso à escolarização. da escolarização de estudantes com e
sem deficiência nas turmas comuns do
A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua ensino regular.
Brasileira de Sinais – Libras como meio
legal de comunicação e expressão, de- Impulsionando a inclusão educacio-
terminando que sejam garantidas for- nal e social, o Decreto nº 5.296/04 re-
mas institucionalizadas de apoiar seu gulamentou as Leis nº 10.048/00 e nº
uso e difusão, bem como a inclusão da 10.098/00, estabelecendo normas e cri-
disciplina de Libras como parte inte- térios para a promoção da acessibilida-
grante do currículo nos cursos de for- de às pessoas com deficiência ou com
mação de professores e de fonoaudio- mobilidade reduzida. Nesse contexto, o
logia. Programa Brasil Acessível, do Ministé-
rio das Cidades, é desenvolvido com o
A Portaria nº 2.678/02 do MEC aprova objetivo de promover a acessibilidade
diretrizes e normas para o uso, o ensi- urbana e apoiar ações que garantam o
no, a produção e a difusão do sistema acesso universal aos espaços públicos.
Braille em todas as modalidades de en-
sino, compreendendo o projeto da Gra- O Decreto nº 5.626/05, que regula-
fia Braille para a Língua Portuguesa e a menta a Lei nº 10.436/2002, visando o
recomendação para o seu uso em todo acesso à escola aos estudantes surdos,
o território nacional. Em 2003, é imple- dispõe sobre a inclusão da Libras como
mentado pelo MEC o Programa Educa- disciplina curricular, a formação e a
ção Inclusiva: direito à diversidade, com certificação de professor de Libras, ins-
vistas a apoiar a transformação dos sis- trutor e tradutor/intérprete de Libras, o
temas de ensino em sistemas educa- ensino da Língua Portuguesa como se-
cionais inclusivos, promovendo um am- gunda língua para estudantes surdos e
plo processo de formação de gestores a organização da educação bilíngue no
e educadores nos municípios brasileiros ensino regular.
para a garantia do direito de acesso de
todos à escolarização, à oferta do aten- Em 2005, com a implantação dos Nú-
dimento educacional especializado e à cleos de Atividades de Altas Habilida-
garantia da acessibilidade. des/Superdotação – NAAH/S em todos
os estados e no Distrito Federal são or-
Em 2004, o Ministério Público Federal ganizados centros de referência na área
publica o documento O Acesso de Es- das altas habilidades/superdotação
tudantes com Deficiência às Escolas e para o atendimento educacional espe-
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cializado, para a orientação às famílias com deficiência, transtornos globais do
e a formação continuada dos professo- desenvolvimento e altas habilidades/
res, constituindo a organização da po- superdotação, fortalecendo seu ingres-
lítica de educação inclusiva de forma a so nas escolas públicas. A Convenção
garantir esse atendimento aos estudan- sobre os Direitos das Pessoas com De-
tes da rede pública de ensino. ficiência, aprovada pela ONU em 2006 e
ratificada com força de Emenda Cons-
Neste mesmo ano, a Secretaria Espe- titucional por meio do Decreto Legisla-
cial dos Direitos Humanos, os Ministé- tivo n°186/2008 e do Decreto Executivo
rios da Educação e da Justiça, junta- n°6949/2009, estabelece que os Esta-
mente com a Organização das Nações dos-Partes devem assegurar um sis-
Unidas para a Educação, a Ciência e a tema de educação inclusiva em todos
Cultura – UNESCO lançam o Plano Na- os níveis de ensino, em ambientes que
cional de Educação em Direitos Huma- maximizem o desenvolvimento acadê-
nos, que objetiva, dentre as suas ações, mico e social compatível com a meta da
contemplar, no currículo da educação plena participação e inclusão, adotando
básica, temáticas relativas às pessoas medidas para garantir que:
com deficiência e desenvolver ações
afirmativas que possibilitem acesso e
permanência na educação superior. a) As pessoas com deficiência
não sejam excluídas do sistema
Em 2007, é lançado o Plano de Desen- educacional geral sob alegação de
volvimento da Educação – PDE, reafir- deficiência e que as crianças com
mado pela Agenda Social, tendo como deficiência não sejam excluídas
eixos a formação de professores para do ensino fundamental gratuito e
a educação especial, a implantação de compulsório, sob alegação de de-
salas de recursos multifuncionais, a ficiência;
acessibilidade arquitetônica dos prédios
escolares, acesso e a permanência das b) As pessoas com deficiência
pessoas com deficiência na educação possam ter acesso ao ensino fun-
superior e o monitoramento do acesso damental inclusivo, de qualidade
à escola dos favorecidos pelo Beneficio e gratuito, em igualdade de con-
de Prestação Continuada – BPC. dições com as demais pessoas
na comunidade em que vivem
Para a implementação do PDE é pu- (Art.24).
blicado o Decreto nº 6.094/2007, que
estabelece nas diretrizes do Compro-
misso Todos pela Educação, a garantia O Decreto n° 6571/2008, incorpora-
do acesso e permanência no ensino re- do pelo Decreto n° 7611/2011, institui
gular e o atendimento aos estudantes a política pública de financiamento no
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âmbito do Fundo de Manutenção e De- - AEE, complementar ou suplementar
senvolvimento da Educação Básica e de à escolarização, ofertado em salas de
Valorização dos Profissionais da Educa- recursos multifuncionais ou em centros
ção - FUNDEB, estabelecendo o duplo de AEE da rede pública ou de institui-
cômputo das matriculas dos estudan- ções comunitárias, confessionais ou fi-
tes com deficiência, transtornos globais lantrópicas sem fins lucrativos.
do desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação. Visando ao desenvolvi- O Decreto n°7084/2010, ao dispor so-
mento inclusivo dos sistemas públicos bre os programas nacionais de mate-
de ensino, este Decreto também define riais didáticos, estabelece no artigo 28,
o atendimento educacional especiali- que o Ministério da Educação adotará
zado complementar ou suplementar à mecanismos para promoção da aces-
escolarização e os demais serviços da sibilidade nos programas de material
educação especial, além de outras me- didático destinado aos estudantes da
didas de apoio à inclusão escolar. educação especial e professores das
escolas de educação básica públicas.
Com a finalidade de orientar a orga-
nização dos sistemas educacionais in- A Política Nacional de Proteção dos
clusivos, o Conselho Nacional de Edu- Direitos da Pessoa com Transtorno do
cação – CNE publica a Resolução CNE/ espectro Autista é criada pela Lei nº
CEB, 04/2009, que institui as Diretri- 12.764/2012. Além de consolidar um
zes Operacionais para o Atendimento conjunto de direitos, esta lei em seu
Educacional Especializado – AEE na artigo 7º, veda a recusa de matrícula à
Educação Básica. Este documento de- pessoas com qualquer tipo de deficiên-
termina o público alvo da educação es- cia e estabelece punição para o gestor
pecial, define o caráter complementar escolar ou autoridade competente que
ou suplementar do AEE, prevendo sua pratique esse ato discriminatório.
institucionalização no projeto político
pedagógico da escola. O caráter não Ancorada nas deliberações da Confe-
substitutivo e transversal da educação rência Nacional de Educação – CONAE/
especial é ratificado pela Resolução 2010, a Lei nº 13.005/2014, que institui o
CNE/CEB n°04/2010, que institui Dire- Plano Nacional de Educação – PNE, no
trizes Curriculares Nacionais da Educa- inciso III, parágrafo 1º, do artigo 8º, de-
ção Básica e preconiza em seu artigo 29, termina que os Estados, o Distrito Fe-
que os sistemas de ensino devem ma- deral e os Municípios garantam o aten-
tricular os estudantes com deficiência, dimento as necessidades específicas na
transtornos globais do desenvolvimen- educação especial, assegurado o siste-
to e altas habilidades/superdotação nas ma educacional inclusivo em todos os
classes comuns do ensino regular e no níveis, etapas e modalidades. Com base
Atendimento Educacional Especializado neste pressuposto, a meta 4 e respec-
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tivas estratégias objetivam universali-
zar, para as pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimen- PARA SABER MAIS:
to e altas habilidades/superdotação, na
faixa etária de 04 a 17 anos, o acesso à TEXTOS
educação básica e ao atendimento edu-
cacional especializado.. Nesta página, você poderá conferir toda a legis-
lação e documentos que embasam a Política de
Educação Inclusiva no Brasil: disponível em https://
De fato, convém reiterar que o ordena- inclusaoja.com.br/legislacao/
mento jurídico de estados e municípios, SANTOS, Marisa Apª. Pereira. & BROCANELLI, Cláu-
ocorre em consonância com a legisla- dio Roberto. Marcos legais da Educação Inclusiva
ção federal, podendo complementá-la no estado de São Paulo. Acervo digital UNESP EAD.
Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bits-
ou ampliar seu limite de ação. tream/unesp/155256/1/unesp-nead_reei1_ei_d02_
texto01.pdf
A inclusão do estudante com deficiên- OLIVEIRA, Anna Augusto Sampaio & DRAGO, Silvana
cia na escola regular é um desafio rela- Lucena dos Santos. A gestão da inclusão escolar na
tivamente recente, instituída pelo artigo rede municipal de São Paulo: algumas considera-
ções sobre o Programa Inclui. Ensaio: aval. pol. públ.
205 da Constituição Federal de 1988, o Educ., Rio de Janeiro, v. 20, n. 75, p. 347-372, abr./
qual define “que a escola é um direito jun. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
ensaio/v20n75/07.pdf
de todos e um dever do Estado, da fa-
mília e da comunidade”. Nesse sentido,
a legislação apresentada veio, na estei- VÍDEOS
ra da constituição, sedimentar os direi- CAMINHOS DA ESCOLA - Educação Inclusiva: Es-
tos das pessoas com deficiência. En- cola e Espaço de Todos. Disponível em: http://tves-
cola.mec.gov.br/tve/video/caminhos-da-escola-e-
tretanto, como sabemos, não bastarão ducacao-inclusiva-escola-e-espaco-de-todos
leis para oportunizar a participação e o Atualidades - Lei da inclusão da pessoa com defi-
aprendizado de todos. Os desafios ain- ciência (Humanas em Foco). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=HsAcOtGwwRc
da são imensos, e há muito a ser feito. Educação e Inclusão Social - Aula 01 - Educação
especial, desigualdade e diversidade – UNIVESP.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-
Enfim, sobre a questão que esse curso v=BWHMd8FsfiA
busca responder: Políticas de inclusão, Educação e Inclusão Social - Aula 03 - Marcos ju-
onde estão? É possível afirmar que a rídicos e conceituais – UNIVESP. Disponível em: ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=e0jbrQwAbDQ
legislação contempla as políticas de in- A Educação Inclusiva no Plano Nacional de Educa-
clusão, em especial, no que se refere ao ção - Brasilianas.org. TV Brasil. Disponível em: ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=pvrxM_EDtzs
acesso de todos na escola pública regu-
lar. Já no que se refere à permanência,
participação e aprendizado... Bem, nes-
sas situações, ainda há muito a ser feito
(por todos).

012
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SIMULADO

1. A Constituição Federal (1988) em seu Artigo 2. Observe:


205 institui:

a) A educação básica, direito de todos e dever


do Estado, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho.
b) A educação, direito de todos e dever do Es-
tado e da família, será promovida e incentivada O conceito de educação inclusiva surgiu a par-
com a colaboração da sociedade, visando ao tir de 1994, com a Declaração de Salamanca. A
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo ideia da educação inclusiva é que as crianças
para o exercício da cidadania e sua qualificação com necessidades educativas especiais sejam
para o trabalho. incluídas em
c) A educação, direito de todos e dever do Es-
tado e da família, visando ao pleno desenvolvi- a) quaisquer escolas de ensino regular.
mento da pessoa com deficiência, seu preparo b) apenas institutos de atendimentos especiais.
para o exercício da cidadania e sua qualificação c) somente escolas específicas para crianças
para o trabalho. com deficiências.
d) A educação básica, dever do Estado e da d) quaisquer unidades de atendimento para
família, será promovida e incentivada com a educação especial.
colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa com deficiência,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

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3. A inclusão escolar de alunos com deficiên- IV O atendimento educacional será feito em
cia em escolas regulares tem suscitado debates classes, escolas ou serviços especializados,
entre profissionais, tanto da área de educação, sempre que, em função das condições espe-
como de saúde. Sabe-se que é um direito ga- cíficas dos alunos, não for possível a sua inte-
rantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educa- gração nas classes comuns de ensino regular.
ção Nacional (Lei n. 9.394/96), a oferta da edu-
cação especial enquanto dever constitucional V A oferta de educação especial, dever cons-
do Estado, devendo ter início na Educação In- titucional do Estado, tem início com a educa-
fantil, na idade de zero a seis anos. Entretanto, ção fundamental.
mesmo com esse direito garantido, parece es-
casso o processo de atenção a essa faixa etá-
ria, apesar da política de inclusão caminhar no Sobre as proposições é CORRETO afirmar:
sentido da universalização. Retomando a LDB
9.394/96, sobre a educação especial, analise as a) Todas as proposições são falsas.
proposições: b) Somente as proposições II, III e IV são ver-
dadeiras.
I Entende-se por educação especial, para os c) Todas as proposições são verdadeiras.
efeitos desta Lei, a modalidade de educação d) Somente a proposição V é falsa.
escolar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos portadores
de necessidades especiais.

II Os sistemas de ensino assegurarão aos edu-


candos com necessidades especiais: currículos,
métodos, técnicas, recursos educativos e orga-
nização específica, para atender às suas neces-
sidades.

III Os sistemas de ensino assegurarão aos


educandos com necessidades especiais: pro-
fessores com especialização adequada em nível
médio ou superior, para atendimento especiali-
zado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educan-
dos nas classes comuns.

014 GABARITO: 1 - B ; 2 - A ; 3 - D
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contato
Rudá Ricci Franciele Alves Juliana Velasco contato@cultiva.org.br
| Direção Geral | Direção Adjunta | Secretária Executiva www.institutocultiva.com.br

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