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EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

1961 – Lei Nº 4.024 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDBEN) fundamentava o atendimento educacional às pessoas com
deficiência, chamadas no texto de “excepcionais” (atualmente, este termo está
em desacordo com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência).
Segue trecho: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível,
enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na
comunidade.”

1971 – Lei Nº 5.692 A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil


foi feita na época da ditadura militar (1964-1985) e substituiu a anterior. O texto
afirma que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se
encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os
superdotados deverão receber tratamento especial”. Essas normas deveriam
estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de Educação. Ou seja,
a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola especial
como destino certo para essas crianças.

1988 – Constituição Federal O artigo 208, que trata da Educação Básica


obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do Estado garantir
“atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se,
respectivamente, “a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno
desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o
trabalho” e “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”.

1989 – Lei Nº 7.853 O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com
deficiência. Na área da Educação, por exemplo, obriga a inserção de escolas
especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e
gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino.
Também afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula
compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares
de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema
regular de ensino”. Ou seja: excluía da lei uma grande parcela das crianças ao
sugerir que elas não são capazes de se relacionar socialmente e,
consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, merenda escolar
e bolsas de estudo também é garantido pelo texto.

1990 – Lei Nº 8.069 Mais conhecida como Estatuto da Criança e do


Adolescente, a Lei Nº 8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento
educacional especializado às crianças com deficiência preferencialmente na
rede regular de ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e
prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e
proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa condição.
1994 – Política Nacional de Educação Especial

Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a


chamada “integração instrucional”, um processo que permite que ingressem em
classes regulares de ensino apenas as crianças com deficiência que “(…)
possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares
programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos “normais”
(atualmente, este termo está em desacordo com os direitos fundamentais das
pessoas com deficiência). Ou seja, a política excluía grande parte dos alunos
com deficiência do sistema regular de ensino, “empurrando-os” para a
Educação Especial.

1996 – Lei Nº 9.394 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em vigor


tem um capítulo específico para a Educação Especial. Nele, afirma-se que
“haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial”.
Também afirma que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas
ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas
dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de ensino
regular”. Além disso, o texto trata da formação dos professores e de currículos,
métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades das crianças com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação.

1999 – Decreto Nº 3.298 O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe


sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo
principal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no
“contexto socioeconômico e cultural” do País. Sobre o acesso à Educação, o
texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a todos os
níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento do ensino
regular.

2001 – Lei Nº 10.172 O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado


por ser muito extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e
jovens com deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como
modalidade de Educação escolar”, deveria ser promovida em todos os
diferentes níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para
os diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante.

2001 – Resolução CNE/CEB Nº 2 O texto do Conselho Nacional de Educação


(CNE) institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica. Entre os principais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem
matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o
atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais,
assegurando as condições necessárias para uma Educação de qualidade para
todos”. Porém, o documento coloca como possibilidade a substituição do
ensino regular pelo atendimento especializado. Considera ainda que o
atendimento escolar dos alunos com deficiência tem início na Educação
Infantil, “assegurando- lhes os serviços de educação especial sempre que se
evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a
necessidade de atendimento educacional especializado”.

2002 – Resolução CNE/CP Nº1/2002 A resolução dá “diretrizes curriculares


nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em nível
superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Sobre a Educação
Inclusiva, afirma que a formação deve incluir “conhecimentos sobre crianças,
adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as especificidades dos alunos com
necessidades educacionais especiais”.

2002 – Lei Nº 10.436/02 Reconhece como meio legal de comunicação e


expressão a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

2005 – Decreto Nº 5.626/05 Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002

2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Documento


elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e
Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inclusão de
temas relacionados às pessoas com deficiência nos currículos das escolas.

2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) No âmbito


da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da infraestrutura das
escolas, abordando a acessibilidade das edificações escolares, da formação
docente e das salas de recursos multifuncionais.

2007 – Decreto Nº 6.094/07 O texto dispõe sobre a implementação do Plano


de Metas Compromisso Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com
deficiência, o documento reforça a inclusão deles no sistema público de ensino.

2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da


Educação Inclusiva Documento que traça o histórico do processo de inclusão
escolar no Brasil para embasar “políticas públicas promotoras de uma
Educação de qualidade para todos os alunos”.

2008 – Decreto Nº 6.571 Dispõe sobre o atendimento educacional


especializado (AEE) na Educação Básica e o define como “o conjunto de
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados
institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à
formação dos alunos no ensino regular”. O decreto obriga a União a prestar
apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino no oferecimento da
modalidade. Além disso, reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto
pedagógico da escola.

2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB O foco dessa resolução é orientar o


estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE) na
Educação Básica, que deve ser realizado no contraturno e preferencialmente
nas chamadas salas de recursos multifuncionais das escolas regulares. A
resolução do CNE serve de orientação para os sistemas de ensino cumprirem
o Decreto Nº 6.571.

2011 – Decreto Nº 7.611 Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece


novas diretrizes para o dever do Estado com a Educação das pessoas público-
alvo da Educação Especial. Entre elas, determina que sistema educacional
seja inclusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a
vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de
deficiência. Também determina que o Ensino Fundamental seja gratuito e
compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as
necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio
individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento
acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta
de Educação Especial deve se dar preferencialmente na rede regular de
ensino.

2011 – Decreto Nº 7.480 Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva


eram definidos na Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da
Educação (MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).

2012 – Lei nº 12.764 A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) A meta que trata do tema no atual
PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é:
“Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à
educação básica e ao atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema
educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
serviços especializados, públicos ou conveniados”. O entrave para a inclusão é
a palavra “preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para
que as crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas
especiais.

2019 – Decreto Nº 9.465

Cria a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, extinguindo


a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(Secadi). A pasta é composta por três frentes: Diretoria de Acessibilidade,
Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas
de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades
Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras.

2020 – Decreto N°10.502 – Política Nacional de Educação Especial

Institui a chamada a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa,


Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Para organizações da
sociedade civil que trabalham pela inclusão das diversidades, a política
representa um grande risco de retrocesso na inclusão de crianças e jovens
com deficiência, e de que a presente iniciativa venha a substituir a Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (listada nesse
material, no ano de 2008), estimulando a matrícula em escolas especiais, em
que os estudantes com deficiência ficam segregados. Veja o posicionamento
completo da Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

INTERNACIONAL

1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos No documento da


Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), consta: “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas
portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar
medidas que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores de
todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema
educativo”. O texto ainda usava o termo “portador”, hoje não mais utilizado.

1994 – Declaração de Salamanca O documento é uma resolução da


Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na Conferência
Mundial de Educação Especial, em Salamanca (Espanha). O texto trata de
princípios, políticas e práticas das necessidades educativas especiais, e dá
orientações para ações em níveis regionais, nacionais e internacionais sobre a
estrutura de ação em Educação Especial. No que tange à escola, o documento
aborda a adminstração, o recurtamento de educadores e o envolvimento
comunitário, entre outros pontos.

1999 – Convenção da Guatemala A Convenção Interamericana para a


Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala,
resultou, no Brasil, no Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro afirma que as
pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e liberdades
fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de
não ser submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da
dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano”. No vamente,
o texto ainda utiliza a palavra “portador”, hoje não mais utilizado.

2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência A


convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários.
Ela afirma que os países são responsáveis por garantir um sistema
de Educação Inclusiva em todos as etapas de ensino.

2015 – Declaração de Incheon O Brasil participou do Fórum Mundial de


Educação, em Incheon, na Coréia do Sul, e assinou a sua declaração final, se
comprometendo com uma agenda conjunta por uma Educação de qualidade e
inclusiva.
2015 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Originada da Declaração de Incheon, o documento da Unesco traz 17 objetivos


que devem ser implementados até 2030. No 4º item, propõe como objetivo:
assegurar a Educação Inclusiva, equitativa e de qualidade, e
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

Fonte: Site do Movimento Todos pela Educação.


https://todospelaeducacao.org.br/noticias/conheca-o-historico-da-legislacao-
sobre-educacao-inclusiva/

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