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Ministrante: Nathalia Belmonte

Psicopedagoga e Terapeuta ABA

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Módulo V

Intervenção ABA e ensino de Habilidades

Elaboração do PEI –Plano Educacional Individualizado

A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº


3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos
humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como
discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa
impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades
fundamentais. Este Decreto tem importante repercussão na educação, exigindo
uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto da
diferenciação, adotado para promover a eliminação das barreiras que impedem
o acesso à escolarização.

O Brasil aderiu à política educacional de Inclusão, apresentada,


inicialmente, em nosso país pela constituição da República Federativa do Brasil,
homologada em 1988. A carta Magna, em seu Capítulo III, da Educação , da
Cultura e do Desporto. Seção I, artigo 208, inciso III, proclama o dever do Estado
com a Educação, estabelecendo que o atendimento educacional especializado
a pessoas com deficiência deva ser exercido preferencialmente na rede regular
de ensino.

Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que


estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores
da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever,
em sua organização curricular, formação docente voltada para a atenção à
diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.

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Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva:
direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de
ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo
de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia
do direito de acesso de todos à escolarização, à oferta do atendimento
educacional especializado e à garantia da acessibilidade.

Em 2004, o Ministério Público Federal publica o documento O Acesso de


Estudantes com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular,
com o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão,
reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de estudantes com e sem
deficiência nas turmas comuns do ensino regular.

Com a finalidade de orientar a organização dos sistemas educacionais


inclusivos, o Conselho Nacional de Educação – CNE publica a Resolução
CNE/CEB, 04/2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento
Educacional Especializado – AEE na Educação Básica. Este documento
determina o público alvo da educação especial, define o caráter complementar
ou suplementar do AEE, prevendo sua institucionalização no projeto político
pedagógico da escola. O caráter não substitutivo e transversal da educação
especial é ratificado pela Resolução CNE/CEB n°04/2010, que institui Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica e preconiza em seu artigo 29, que
os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado
- AEE, complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em salas de
recursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. O Decreto
n°7084/2010, ao dispor sobre os programas nacionais de materiais didáticos,
estabelece no artigo 28, que o Ministério da Educação adotará mecanismos para
promoção da acessibilidade nos programas de material didático destinado aos
estudantes da educação especial e professores das escolas de educação básica
públicas. A fim de promover políticas públicas de inclusão social das pessoas
com deficiência, dentre as quais, aquelas que efetivam um sistema educacional

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inclusivo, nos termos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, instituiu-se, por meio do Decreto n°7612/2011, o Plano Nacional dos
Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite.

A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do


espectro Autista é criada pela Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, Lei
Berenice Piana, que passa a considerar a pessoa com autismo como pessoa
com deficiência para todos os efeitos legais. No artigo segundo da mesma
norma, inciso III, há menção sobre a necessidade do diagnóstico precoce, do
atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos a nutrientes. Além de
consolidar um conjunto de direitos, esta lei em seu artigo 7º, veda a recusa de
matrícula a pessoas com qualquer tipo de deficiência e estabelece punição para
o gestor escolar ou autoridade competente que pratique esse ato discriminatório.
Ancorada nas deliberações da Conferência Nacional de Educação – CONAE/
2010, a Lei nº 13.005/2014, que institui o Plano Nacional de Educação – PNE,
no inciso III, parágrafo 1º, do artigo 8º, determina que os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios garantam o atendimento as necessidades específicas
na educação especial, assegurado o sistema educacional inclusivo em todos os
níveis, etapas e modalidades. Com base neste pressuposto, a meta 4 e
respectivas estratégias objetivam universalizar, para as pessoas com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento
educacional especializado. O AEE é ofertado preferencialmente na rede regular
de ensino, para garantia do mesmo a elaboração do Plano de Educacional
Individualizado tem como finalidade atender a todo e qualquer sujeito que
apresente empecilho em sua aprendizagem, quer sejam dificuldades,
transtornos específicos ou globais do desenvolvimento.

O Plano Educacional Individualizado é oferecido à família para firmar


parceria com a escola na tentativa de colaborar para o pleno desenvolvimento
do aluno e este somente será executado a partir da autorização dos
responsáveis. Compete à Equipe técnica Pedagógica a condução do programa,
que juntamente à coordenação professores e responsáveis, darão sequência às
ferramentas cabíveis para potencializar a aprendizagem do aluno.

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Definido pelo Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, o atendimento
educacional individualizado “é gratuito aos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, e
deve ser oferecido de forma transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino”.
Ainda este decreto no Art. 3º apresenta os seguintes objetivos:
I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino
regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as
necessidades individuais dos estudantes;
II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino
regular;
III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que
eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e
IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis,
etapas e modalidades de ensino.
Sendo assim, este documento compreende um conjunto de atividades,
recursos de acessibilidade e pedagógicos, organizados institucional e
continuamente, prestados de forma complementar a formação de estudantes
que se enquadram nas características já aqui citadas.
Durante a construção deste plano educacional individualizado não é
obrigatório a exigência de laudo médico, visto que o atendimento Educacional
Especializado caracteriza-se por um atendimento pedagógico e não clínico.
Suas metas e objetivos devem estar centrados na avaliação pedagógica e
comportamental do sujeito, podendo se necessário articular com outros
profissionais da área da saúde. O importante é que o direito das pessoas com
deficiência à educação não poderá ser cerceado pela exigência de laudo médico,
sobretudo não causando uma barreira ao acesso aos programas de ensino
especializados.
Em 6 de julho de 2015, é instituída a Lei Brasileira de Inclusão que é a
adaptação da Convenção sobre os direitos da Pessoa com Deficiência da ONU
à legislação brasileira e trata da acessibilidade e da inclusão em diferentes
aspectos da sociedade. Ela está dividida em três grandes partes:

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I- Direitos fundamentais das pessoas com deficiência, como educação,
transporte e saúde;
II- Garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso à informação
e a comunicação;
III- O acesso à justiça e o que acontece com quem infringe as demais
exigências.

A Educação Infantil vem assumindo, a cada ano, maior espaço no sistema


educacional brasileiro, reflexo da mudança na legislação e da pressão dos
movimentos sociais em busca da expansão e qualidade do atendimento a esses
educandos. Pesquisas em diversas áreas, especialmente da Psicologia, no que
diz respeito ao desenvolvimento humano, formação da personalidade e
construção da inteligência e da aprendizagem apontam para a importância e a
necessidade dessa etapa do ensino para a constituição do sujeito. O Plano
Nacional de Educação (PNE – 2011/2020) teve como meta universalizar, até
2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco)
anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a
atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos
até o final da vigência deste PNE. Mesmo que o direito à matrícula das crianças
de 0 a 5 anos pareça estar assegurado do ponto de vista legal, ainda é
necessário promover uma ampla discussão acerca das propostas pedagógicas
que estão sendo implementadas nas Unidades Escolares espalhadas pelo país,
a fim de garantir uma Educação de Qualidade. Historicamente, a Educação
Infantil tem assumido diferentes funções: ora assistencialista, ora preparatória.
O atendimento às crianças de 0 a 3 anos tinha como foco os cuidados com a
saúde, higiene e alimentação. Já o atendimento às crianças de 4 e 5 anos tinha
uma função preparatória para o Ensino Fundamental, principalmente à
alfabetização. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a
Educação Infantil assume nova função educativa, que visa atender as
necessidades e especificidades dessa faixa etária e contribuir para a construção
e o exercício da cidadania. A função educativa das práticas pedagógicas deve
envolver dois aspectos indissociáveis: educar e cuidar. No entanto, essa

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mudança de concepção/paradigma é difícil e lenta. Ainda hoje, após a
promulgação da LDB 9.394/96, muitas creches e escolas ainda pautam suas
propostas pedagógicas apenas no cuidar.

Da Educação Infantil Art. 29º. A educação infantil, primeira etapa da educação básica,
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade. Art. 30º. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades
equivalentes, para crianças de até 3 (três) anos de idade; II - pré-escolas, para as
crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Art. 31º. Na educação infantil a avaliação
far-se-á mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. (Lei de Diretrizes
e Bases 9.394/96)

A fim de resolver esse problema o Ministério da Educação (MEC) A BASE


NACIONAL COMUM CURRICULAR – BNCC - aprovada em dezembro de 2017,
passa a ser uma referência nacional para orientar as Unidades integrantes do
sistema de ensino a elaborarem seus currículos, criou para Educação Infantil o
desafio de manter sua especificidade e identidade em construção dentro de uma
concepção curricular que difere das demais etapas da educação básica, embora
se integre a elas. Tem como propósito definir os direitos e objetivos de
aprendizagem das crianças, sendo necessário ressaltar que a mesma não se
constitui em currículo, embora deva orientá-lo. A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) ao estabelecer competências e habilidades a serem
desenvolvidas pelos alunos ano a ano, demanda a (re)elaboração curricular e,
para isso, exige que nós, educadores, pensemos coletivamente sobre como é a
nossa escola e o que queremos garantir as crianças e jovens para que os
usufruam os direitos de aprendizagens expressos por essas competências e
habilidades. Entendemos que a abordagem por competências e habilidades,
conforme expressa na BNCC, defende a formação de um estudante que aprenda
a aprender continuamente, que se envolva e se entusiasme pela vida, que
valorize as interações com os outros, que faça conexões entre conhecimentos
teóricos adquiridos e suas vivências práticas e que compreenda questões cada
vez mais complexas ao longo de se seu processo formativo.

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“Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e sócio
emocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. As
competências gerais da BNCC inter-relacionam-se e desdobram-se no
tratamento didático proposto para as três etapas da Educação Básica (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção de
conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e
valores, nos termos da LDB.” BNCC, 2017

O currículo da Educação Infantil precisa estar centrado nas interações e


brincadeiras como meio privilegiado de aprendizagem e desenvolvimento das
crianças pequenas. A criança, um ser ativo desde o nascimento, as interações
que a criança estabelece com seus parceiros, propiciam significativas
aprendizagens e desenvolvimento. Assim as crianças pequenas necessitam ter
muitas oportunidades para interagir com parceiros diversos, adultos e, em
especial, outras crianças, e manter uma comunicação face a face em seu
cotidiano. Já a brincadeira é reconhecida enquanto ludicidade, como processo
pelo qual a criança deixa de reagir ao mundo com base apenas em suas
percepções e afetos, e passa a ser capaz de lidar com imagens e fazer de conta
que um determinado objeto, personagem ou ambiente representa outras coisas.

Contudo os dois eixos norteadores - as interações e as brincadeiras são


elementos básicos na construção de cada criança como um ser único, sendo
formas privilegiadas para ela ampliar seus afetos, suas sensações, percepções,
memórias, linguagem e sua identidade e é com base nisso que todo currículo se
efetiva.

Pensando em brincadeiras e interações possíveis dentro do espaço da


Educação Infantil, citamos o brincar interativo com o professor e com as crianças,
como uma possibilidade que permite o exercício contínuo do aprender, pois
brincando a criança conhece o mundo com as múltiplas interações que
estabelece com ele.

Para que o brincar infantil ganhe centralidade e significância, o professor


precisa desenvolver o olhar atento e a escuta disponível para a maneira como a
criança aprende e experimenta o mundo. Isso se dá por meio do planejamento,
da pesquisa e da intencionalidade, porque o brincar não é “perda de tempo”, mas

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possibilidade de aprender, crescer, descobrir, explorar. Isso se torna possível a
partir dos direitos de aprendizagem definidos pela BNCC, são eles:

CONVIVER com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos,


utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o
respeito em relação à cultura e as diferenças entre às pessoas.

BRINCAR de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes


parceiros (crianças e adultos) de forma a ampliar e diversificar suas
possibilidades de acesso a produções culturais. A participação e as
transformações introduzidas pelas crianças nas brincadeiras devem ser
valorizadas, tendo em vista o estímulo ao desenvolvimento de seus
conhecimentos, sua imaginação, criatividade, experiências, emocionais,
corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

PARTICIPAR ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento


da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da
realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das
brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes
linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

EXPLORAR movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,


emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da
natureza. Na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura em suas
diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

EXPRESSAR como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,


emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões,
questionamentos, por meio de diferentes linguagens.

CONHECER-SE e construir sua identidade pessoal, social, e cultural,


constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas
diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens
vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar.

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A Base Nacional Comum Curricular, aprovada em dezembro de 2017,
passa a ser uma referência nacional obrigatória para processos de elaboração
de currículos e materiais didáticos, de políticas de formação de docentes. Assim,
para a Educação Infantil os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão
organizados por Campos de Experiências.

O Currículo por Campos de Experiências defende a necessidade de se


conduzir o trabalho pedagógico por meio da organização de práticas abertas às
iniciativas, desejos e formas próprias de agir das crianças, e que são mediadas
pelos educadores, constituindo um rico contexto de significativas aprendizagens,
apontando para a imersão da criança em situações em que constroem noções,
afetos, habilidades, atitudes e valores.

Os Direitos Gerais propostos para a Educação Infantil serão retomados


em cada Campo de Experiência. São eles:

O eu , o outro, e o nós

É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão


constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que
existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vistas.
Conforme vivem suas primeiras experiências sociais, na família, na creche, na
sociedade, constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros,
diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e
sociais. A mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados
pessoais, as crianças constroem sua autonomia e seu senso de autocuidado,
reciprocidade e interdependência com o meio.

Corpo, gestos e movimentos

As primeiras formas de comunicação são pelo corpo; por meio de gestos as


crianças apontam, rolam, sentam, engatinham, balançam a cabeça dando sinal
de descontentamento, demonstram desconforto ou satisfação.

Assim, aprender sobre o corpo, seus limites, possibilidades e contorno,


propiciam a consciência da corporeidade, pois é pelo corpo que se processam
as primeiras aprendizagens sensoriais. Assim, as Unidades Escolares precisam

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promover oportunidades ricas para que as crianças possam sempre animadas
pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar, vivenciar um amplo
repertório de movimentos, gestos, olhares, sons, mímicas, para descobrir
diversas possibilidades com o seu corpo.

Traços, sons, cores e formas

Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas,


locais e universais no cotidiano da Instituição de Educação Infantil, possibilita às
crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de
expressão e linguagens, como artes visuais (pintura, modelagem, colagem,
fotografia, etc), a música, o teatro, a dança e o audiovisual. Essas experiências
contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso
estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que
a cerca.

Os pequenos nos convidam a experimentar. Eles têm a arte dentro de si. Eles criam
arte. Eles nos dizem algo. Algo que perdemos. Algo atraente e sedutor. Algo que
reconhecemos. E que não podemos explicar. Tudo é muito maior. Para as crianças
pequenas existe uma conexão direta entre vida e obra. Essas são coisas inseparáveis”
(HOLM,2007)

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Na Educação infantil a criança tem a possibilidade de ampliar e se


apropriar da língua oral, enriquecendo seus recursos de expressão e de
compreensão, seu vocabulário, o que possibilidade a internalização de
estruturas linguísticas mais complexas. Ouvir a leitura de textos pelo professor é
uma das possibilidades mais ricas de desenvolvimento da oralidade, pelo
incentivo à escuta atenta, pela formulação de perguntas e respostas, de
questionamentos, pelo convívio com novas palavras e novas estruturas
sintáticas, além de incluir a criança no universo da escrita. A presença da
literatura na Educação Infantil introduz a criança na escrita: além do
desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação
do conhecimento de mundo, a leitura de histórias, contos, fábulas, poemas e
cordéis, entre outros, realizada pelo professor, o mediador entre textos e as

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crianças, propicia a familiaridade com os livros e materiais impressos, diferentes
gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e textos, direcionalidade da
escrita e formas convencionais de manipulação dos livros.

Espaços, Tempos, quantidades, relações e transformações

As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões,


em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito
pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade e
etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã). Demonstram curiosidade
sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais,
as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as
possibilidades de sua manipulação e etc.) e o mundo sociocultural ( as relações
de parentescos e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem; e em que
trabalho essas pessoas; quais suas tradições e costumes; a diversidade entre
elas e etc.) Além disso, nessas experiências e muitas outras, as crianças
também se deparam, frequentemente com conhecimentos matemáticos,
contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas,
comparação de pesos e comprimento, avaliação de distância, reconhecimento
de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais
e ordinais, que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil
precisa promover interações e brincadeiras nas quais as crianças possam fazer
observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar
hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas as suas
curiosidades e indagações. Assim, a Instituição está criando oportunidades para
que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e
possam utilizá-los no seu cotidiano.

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Intervenção ABA na redução de comportamentos inadequados

Pensando em um espaço coletivo de sala de aula, onde se torna


necessário uma rotina estruturada, com horários definidos, e atividades
coletivas, isso pode ser um desencadeador para comportamentos disruptivos
uma vez que o ambiente está com excesso de estímulos e nem sempre com
variáveis controláveis, o que nos leva a entender que é extremamente importante
intervir nos antecedentes para minimizar os comportamentos inadequados
dentro do ambiente escolar.

Com tudo a prática de redução de comportamentos inadequados deve


estar centrada na prevenção dos comportamentos. Quando bem planejadas as
ações e se tem um controle das variáveis no ambiente conseguimos evitar que
tais comportamentos sejam manifestados. É preciso se atentar aos
antecedentes pois sabemos que o ambiente é um disparador de gatilho para tais
comportamentos.

• Controle de estímulos- Aquilo que está fora da vista, está fora da mente.
Essa é uma expressão metafórica para explicar que se a criança por
exemplo não pode ter acesso a algo, esse “algo” não deve estar a
amostra, não deve estar disponível no ambiente. Pois a criança com
autismo tem dificuldade na flexibilização cognitiva, se ela está vendo e
quer, terá dificuldade de compreender o porquê não pode receber agora.
Ou se muitas vezes já foi reforçada e agora porquê não está sendo mais.
• Observa a linha de base da criança. O que ela já sabe fazer? O que ela
precisa saber mais? O que ela ainda precisa desenvolver? Assim
evitaremos demandas de alto custo de resposta, o que tornará o contexto
aversivo e desestimulador para a criança. Lembre-se a intervenção ABA
é uma intervenção que evita o erro, prioriza a aprendizagem por base da
hierarquia de dicas e ajudas que irão potencializar a aprendizagem da
criança.
• Anteceder a criança sobre o que irá acontecer, o que você espera dela, o
que ela pode ou não fazer. O uso de quadro de rotinas e o quadro de

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economia de fichas estimulam a previsibilidade e a motivação para
realização das tarefas esperadas.
• Observar, observar e observar! A observação não é exclusividade do
processo de avaliação. A observação deve ser de práxis no contexto
educacional, familiar e terapêutico. A criança está sempre
experimentando ações, e aquelas que mais impactam o outro acabam
sendo mais utilizadas pelas crianças.
• E quando for preciso dizer não, sempre diga não e sustente o não! Nunca
mude de ideia. Pois senão você estará fortalecendo o comportamento
inadequado.
• Os comportamentos adequados devem ser reforçados e fortalecidos.
Quando você não valoriza os pequenos avanços da criança, você
enfraquece esse comportamento adequado, podendo até entrar em
extinção e ser substituído pelo comportamento inadequado.
• Siga a liderança da criança.
• Evite ser muito intrusivo na brincadeira da criança, busque ser o centro
das atenções, imite o comportamento da criança na brincadeira, utilize as
onomatopeias para narrar a brincadeira da criança.
• Estimule o contato visual através das brincadeiras sensório social.
• O ambiente deve ser livre de distratores, para evitar a distração da
criança, os eletrônicos não devem ficar competindo com a sua atenção.
• Utilize brinquedos variados, mas não deixe todos os brinquedos ao
alcance da criança. Faça um rodízio de brinquedos por semana.
• Estimule a brincadeira com funções diferentes com o mesmo objeto, isso
ajuda a criança a ter mais criatividade e a imaginar.
• Evite brinquedos eletrônicos.
• Estimule atos comunicativos através das brincadeiras sensório sociais.
• Mantenha a criança motivada na atividade e evite alto custo de resposta,
vá deixando a brincadeira mais sem graça antes de terminar de vez a
brincadeira.

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Estratégias para ensino de Habilidade básicas

Sabemos que ganhar a atenção de uma criança com TEA


parece não ser tão fácil assim. Devido os prejuízos na
comunicação e interação social e as vezes a presença de
comportamentos e interesses fixos, a criança com autismo
pode ter dificuldade para aceitar estímulos novos e tender a
blindar novas aprendizagens. Por isso se torna um desafio ser
o centro das atenções para a criança. É preciso algumas
estratégias para isso. Como por exemplo seguir a liderança da
criança. Se seu aluno ou filho gosta muito de brincar com
carrinhos, por exemplo, comece uma aproximação imitando o
comportamento da criança. Faça alguns sons, como
onomatopeias, dando uma narrativa para a brincadeira da
criança, mas cuidado para não ser intrusiva demais, e deixar a
criança desmotivada para a brincadeira. Evite fazer demandas,
com instruções, mesmo que sejam comandos simples, como
“coloca aqui”, “pega”. No primeiro momento, você quer ganhar
atenção da criança, então é preciso imitar o que a criança faz
e validar a brincadeira dela. Você perceberá que irá conseguir
tirar contato visual e o sorriso da criança.

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Anexo I

Plano Educacional Individualizado- Educação Infantil

Unidade: _______________________________________________________

Nome:_______________________________________________ Idade: ____

Turma: ___________ Data: ___/____/____

TERMO DE CIÊNCIA: PARTICIPAÇÃO NO PLANO EDUCACIONAL


INDIVIDUALIZADO - PEI

Eu, __________________________________________ portador do


RG:________________________, responsável pelo (a) aluno (a)

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_________________________________________________________, turma
_______, recebi as informações e orientações a respeito do Plano de Ensino
Individualizado (PEI) para melhor atender as necessidades do (a) aluno (a) e assim
promover o seu aprendizado.
Sendo assim, decidi:
( ) AUTORIZAR o (a) aluno (a) a participar PEI ( ) NÃO AUTORIZAR o (a) aluno (a) a
participar PEI

Vale ressaltar que a participação da família é de suma importância no processo de


ensino aprendizagem, a parceria entre escola e família auxilia os profissionais a
estimularem a criança de forma mais proficiente, a família deve atualizar as informações
médicas do (a) aluno (a) e informar as necessidades específicas deste (desta), firmando
parceria com esta instituição educacional, como também acompanhar e promover o
desenvolvimento do (a) aluno (a) em suas áreas de desenvolvimento.
Cientes, assinam nesta data:

Assinatura dos Responsáveis:


_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

1- Acompanhamento Clínico:
Medicação:_______________________________________________
Tem laudo médico:_________________________________________
Faz acompanhamento clínico:
__________________________________________________________
__________________________________________________________

2- Acompanhamento Pedagógico:

Déficit na
aprendizagem:_________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________

Excessos comportamentais:
_______________________________________________________________

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_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

3- Capacidades e interesses:
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

Motivadores:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________________

4- Proposta de Intervenção:

( ) Mediação individual nas atividades.


( ) Trabalhar os conceitos/conteúdos no concreto.
( ) Proporcionar tempo estendido para realização de atividades.
( ) Adaptação curricular
( ) Adaptação dos recursos / materiais
Objetivos:

Curto prazo:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Médio Prazo:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Longo Prazo:

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_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Prazo: ( ) Bimestral ( ) Trimestral ( ) Semestral

Instrumentos de Avaliação:

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional. LDB 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. LDB 5.692, de 11 de agosto de 1971.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa
Oficial, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº.
7.853, de 24 de outubro de 1989.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990.

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